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Disturbios respiratorios no Periodo neonatal INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO PULMONAR • Fase embrionária: organogênese • Fase pseudoglandular (5-16 sem): vias de condução • Fase canalicular (17-26 sem): forma os tubos que irão dar origem aos brônquios ► Membrana alveolocapilar ► Surfactante: diminuí a tensão superficial e impede que os alveolos colabem • Fase sacular (24-37 meses): ► Troca gasosa ► Surfactante ► Fibras elásticas • Fase alveolar (37-18 meses): ► Alveolização ► Fibras elásticas e colágenas Durante o desenolvimento pulmonar temos todas essas fases: embrionária, pseudoglandular (na qual as vias aéreas praticamente ainda não existem), canicular (aqui já vão se formando as membranas alveolocapilar e o surfactante), sacular e alveolar. O surfactante é uma substância química que impede o colapso alveolar, sua produção máxima começa por volta da 24 semana e termina em torno da 37 semana, na onde temos a fase histológica denominada alveolização. Essa maturidade irá até 1 ano e 6 meses. O pulmão do bebê está apto ao nascimento a partir da 37 semana, e a produção de surfactante é progressiva a partir da 24 semana. Podemos concluir que bebês pré-termos (antes da 37 semana) não tem uma arvore brônquica preparada para a condução do ar, por ausência de surfactante. COMPOSIÇÃO DO SURFACTANTE ENDÓGENO São os pneumócitos tipo II os responsáveis por produzir o surfactante, que é rico em proteínas, fosfolíoides e DPPC (componente principal) A lecitina e outras glicoproteínas são compostos do surfactante e estão presentes durante o desenvolvimento embrionário; essas substancias são produzidas no pneumatócitos II (25% do surfactante é de lecitina) e a partir de 37 semana já estão preparadas para o momento do nascimento, na qual o bebe chora e há entrada de ar nos pulmões devido a pressão negativa, necessitando dessas substancias para diminuir a tensão superficial dos alvéolos A doença de membrana hialina, ocorre em prematuros predominantemente, porque não há surfactante suficiente, os alvéolos serão colabados, culminando na insuficiência respiratória. FISIOLOGIA • Pulmão fetal → 20 a 30ml/kg de líquido • Capacidade residual funcional • Taxa de produção de líquido – 2 a 4 ml/kg/ hr O pulmão fetal, constantemente, tem ar em circulação → logo, a taxa de produção de líquido é de 20-30 ml/kg → isso é eliminado pela boca e cai no líquido amniótico → então podemos dosar o DPPC nesse líquido → altas taxas de DPPC indicam um pulmão maduro PROVAS DE MATURIDADE E RISCO DE DMH Se tenho uma relação de lecitina e esfingomielina maior que 2 denota uma produção muito grande de DPPC, indicando < 0,5% de risco de apresentar alguma doença respiratória, principalmente doença de membrana hialina, (ou seja, a criança está pronta para nascer) A quantidade dessas duas glicoproteínas (leticina e esfingomielina) são parâmetros de prematuridade. Se L/S é maior que 2 a criança está pronta para nascer, já se L/S está menor que 1 isso mostra que não tem produção suficiente de surfactante, então o risco é 100% de ter a doença de membrana hialina, pois logo que ela chorar, ela vai entrar em um quadro de insuficiência respiratória, com tiragem intercostal, batimento da asa de nariz e gemência logo após o nascimento. COMPOSIÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO O pico de produção ocorre entre a 20 e 32** semanas. Acredita- se que a parada de produção de surfactante tenha relação com estímulos hormonais. Observe que a concentração de proteína é muito pequena se comparada ao interstício e plasma A doença de membrana hialina é caracterizada pelo recém- nascido que não tem surfactante suficiente e ocorre o colabamento dos alvéolos. A Composição do líquido amniótico tem pouca proteína quando comparado ao nível de proteína do plasma. FATORES PREDISPONENTES E DE RISCO • Diagnóstico diferencial ► Antecedentes maternos ▪ Patologias maternas ▪ ANCE: Recebeu corticóide ► Trabalho de parto e parto ► Trabalho parto prematuro ► Trabalho parto prolongado ► Sofrimento fetal agudo ► Corioamnionite – tempo bolsa rota ► Parto cesárea sem trabalho de parto Corticoide estimula a produção de surfactante, por isso que mães que entram em trabalho de parto prematuro por qualquer determinante, um dos protocolos é receber corticoide o mais rápido possível Observe que na grande maioria são cesáreas previamente marcadas, sem a gestante ter iniciado contrações e trabalho de parto. Ou a criança está em sofrimento fetal agudo, ou tem infecção grave, ou ainda tem cesárea marcada previamente, antes do bebê estar pronto. Todos esses itens predispõem aos distúrbios neonatais. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Condições de nascimento: ► Sofrimento fetal ► Manobras de reanimação • Características do recém-nascido ► Peso do nascimento: quanto menor o peso, pior ► Idade gestacional: quanto menor, pior ► Sexo do bebê: predominante em meninos 2:1 • Exame físico • Exames laboratoriais • Exames radiológicos De uma maneira prática: se estou mediante a um RN nascido, que logo após o nascimento começa a ter gemência, batimento de asa de nariz, tiragens intercostais, cianose de extremidades → é um bebê que está apresentando um distúrbio respirtatório no período neonatal FISIOPATOLOGIA DOS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS Posso ter prematuridade, imaturidade pulmonar, imuturidade bioquímica ou líquido intrapulmonar. Alguns autores mais atuais denominam a síndrome da membrana hialina como síndrome do desconforte respiratório (é a mesma coisa). Se eu tenho imaturidade pulmonar → naturalmente tenho baixa secreção de surfactante → tenho colapso alveolar. Também pode ser o contrário: criança a termo que no momento do nascimento ou intra-útero → a criança elimina mecônio → o mecônio vai para a via área → síndrome de aspiração do mecônio. Ainda, pode não ter presença de mecônio e ter a taquipneia do recém nascido É mais frequente a síndrome do pulmão úmido do que a doença de membrana hialina. SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR) OU DOENÇA DE MEMBRANA HIALINA (DMH) • Predominante em prematuros com idade gestacional < 34 semanas → primeira condição para se pensar em doença de membrana hialina, ela não ocorre em crianças nascidas a termo FATORES PREDISPONENTES *Segundo gemelar: pois as vezes pode demorar muito para retirar o segundo gemelar. Cesárea eletivas (agendadas) é um fator predisponente, por isso a luta para o fim dessas cesáreas eletivas com incentivo ao trabalho de parto normal. Tudo isso é explicado porque tenho um aumento do cortisol endógeno → tendo então aumento da produção de surfactante Batimento de asa de nariz, gemência, tiragem intercostal, aumento da FR, aumento da FC, o bebê desidrata só pelo aumento do esforço respiratório, gera um desequilíbrio ácido- básico e metabólico, culminando em uma hipoxia, acidose metabólica e em um aumento da concentração de C02 Se eu tenho deficiência de surfactante, eu vou aumentar a tensão superficial, culminando em um colapso alveolar, ou seja, vai ter um maior esforço respiratório, que vai necessitar de um maior gasto energético, evoluindo para hipóxia, acidose metabólica e hipercapnia. Ou também pode evoluir após o colapso alveolar para quadro de atelectasia, aumentando o shunt intrapulmonar, diminuindo a complacência e culminando também em hipóxia, acidose metabólica e hipercapnia QUADRO CLÍNICO • Insuficiência respiratória progressiva • Inicio precoce (até 2h de vida): porém na prática, os sintomas ocorrem logo após o nascimento • Sinais clínicos: ► Taquipneia; ► Tiragem intercostal ► Tiragem subdiafragmática ► Batimento de asa de nariz ► Gemido expiratório e cianose • Piora do quadro de até 48h de vida • Radiografia de tórax mostra o aspecto de vidro quebrado, porque não tem ar nospulmões → confirma o quadro (rx totalmente opaco sem aeração pulmonar) Tem que aquecer esse bebê imediatamente (incubadora), acesso venoso e oxigenioterapia para melhorar esse quadro. Geralmente ou CPAP ou se quadro intenso: ventilação mecânica. Material hialino responsável pelo colabamento pulmonar PADRÃO INFILTRADO RETICULOGRANULAR DIFUSO COM BRONCOGRAMAS AÉREOS: Padrão reticular difuso com broncogramas aéreos: observe as áreas esbraquiçadas, infiltrado reticulo-granular bem característico de doença de membrana hialina. A primeira foto é logo após o nascimento e a segunda foto é 5 horas depois A história clínica sempre será mandatória para o diagnóstico, sempre lembrar das semanas de gestação, pois é fator determinante para a produção de surfactante. O rx de tórax fecha o diagnóstico de DMH. Hoje já existe surfactante para podermos adminitrar a essas crianças, existem todo um protocolo de admnistração, o que diminuiu a mortalidade nos serviços de neonatologia, principalmente em prematuros extremos. É uma medicação administrada de forma endovenosa, de alto custo, porém todos os hospitais fornecem até que a criança consiga produzir sozinha (geralmente é adm por cerca de 1 semana) Quando a gente escuta que a mãe está tomando um remédio para fortalecer o pulmão do bebê, esse remédio é corticoide Doença da membrana hialina: Principal causa de óbito neonatal, a doença da membrana hialina ocorre devido à ausência de surfactante pulmonar. Estimativas mostram que essa condição acomete 60-80% dos prematuros de até 28 semanas e até 30% dos com 32 a 36 semanas. Os principais fatores de risco são: prematuridade (fator mais prevalente), asfi xia perinatal, mãe diabética, diabetes gestacional, sexo masculino e raça branca, hemorragia materna, parto cesáreo e gestações múltiplas. A fisiopatologia é a seguinte: entre a 20ª e a 24ª semanas de gestação, começa a diferenciação do tecido pulmonar em pneumócitos tipo I (células de revestimento) e pneumócitos tipo II (células que produzem o surfactante). A estabilidade alveolar oferecida pelo surfactante adquire maturidade por volta da 33ª semana. Perfeito, mas o que é surfactante? O surfactante é uma substância que diminui a aderência das paredes alveolares, impedindo que essas colabem e mantendo a superfície de troca gasosa ativa. Portanto, sabendo disso, podemos imaginar qual o quadro clínico que o paciente apresentará, não é mesmo? Esse consiste em: taquipneia, esforço respiratório moderado a grave, retração subcostal, batimento de asa de nariz, palidez cutânea e gemência. Pode evoluir para cianose e apneia. Geralmente, dura três dias começando a apresentar melhora após esse período. Entretanto situações como barotrauma, infecções, displasia broncopulmonar e persistência do canal arterial podem complicar e retardar a recuperação. A radiografia de tórax pode se apresentar, inicialmente, normal. Entretanto, em 6 a 12 horas, poderá surgir infiltrado retículo-granular fino com aspecto de “vidro moído” ou “esmerilhado” associado a broncogramas aéreos (mais proeminentes em lobos superiores). O tratamento consiste em estabilização inicial, controle de temperatura, hidratação parcimoniosa (65-75mL/Kg/dia) com glicose a 10% + aminoácidos e oxigenioterapia com o intuito de manter a PaO2 entre 50-70 mmHg. O uso de surfactante exógeno é preconizado em prematuros com DMH que estejam em ventilação mecânica invasiva com necessidade de FiO2 > 40%. A prevenção dessa doença pode ser feita com emprego de medidas como: pré-natal adequado, acompanhamento de gestação de alto risco e relação de Lecitina/esfi ngomielina > 2. O que é esse último item? A lecitina é o fosfolipídio mais abundante na composição do surfactante, com sua concentração aumentando de 28 semanas até o parto. Já a esfi ngomielina tem dosagem constante durante o terceiro trimestre. Dessa forma, realiza-se uma amniocentese e é realizada a cromatografi a do líquido. A técnica tem ótima sensibilidade e baixa especifi cidade. O valor preditivo negativo varia de 95 a 100%. Entretanto caso todas essas medidas tenham sido tentadas e, ainda assim, o parto se desenvolva prematuro, deve-se empregar betametasona intramuscular na mãe por 2 dias, com o objetivo de estimular os fibroblastos pulmonares a produzirem o Fator fibroblasto do pneumócito, fazendo com que o pneumócito tipo II aumente seu ritmo e taxa de produção de surfactante. Atualmente, é aplicada entre 23 e 36 semanas e 6 dias de idade gestacional. Antigamente realizava-se até 34 semanas. Complicações possíveis na doença da membrana hialina: broncodisplasia, a qual contará com a necessidade de suplementação de oxigênio por um prazo maior do que 28 dias; possíveis complicações da intubação orotraqueal e da cateterização de veia umbilical, além de persistência do canal arterial. SÍNDROME DO PULMÃO ÚMIDO (SPU) OU TAQUIPNÉIA TRANSITÓRIA DO RECÉM NASCIDO • Fisiopatologia: demora na reabsorção do líquido intra- alveolar • 26 – 32 semanas Bebê nasce bem a gestação está tudo ok, mãe não apresentou nenhuma intercorrência neonatal, o apgar deu 9-10. Passou 1 a 2 h e a enfermagem avisa que o bebê não para de gemer. Você examina e vê batimento de asa de nariz, tiragem intercostal, então vou precisar colocar o bebê na incubadora, pois o mesmo não mantem a temperatura ambiente, pois tem líquido no pulmão. Em 6h no máximo esse líquido é absorvido, quando esse bebê vai para incubadora e lá é ofertado oxigênio a ele; então o bebê volta a respirar e manter a temperatura normal fisiologicamente → volta para a mãe APÓS O NASCIMENTO PARA JUSTIFICAR ESSA PATOLOGIA: • Parada da secreção • Gradiente de pressão osmótica-proteica • Aumento da circulação sanguínea pulmonar • Acelera a remoção pelos linfáticos para reabsorver esse líquido Gradiente de pressão osmótica-proteica: lembre da diferença de concentração de proteína no pulmão e no interstício celular. Quando eu não estou preparado para todo esse mecanismo fisiológico → terá maior quantidade de líquido no pulmão EPIDEMIOLOGIA • Uso de coricoide antenatal → minimiza a doença • Parto cesárea sem TPP → favorece a doença • Sedação materna → favorece a doença • Asfixia perinatal → favorece a doença • Prematuridade menos de 32 semanas → favorece a doença • Trabalho de parto precoce – idade gestacional de 34 a 38 semanas → favorece a doença Quase todas as taquipneias transitórias do recém nascido ocorrem na prática clínica devido a cesáreas marcadas. Quanto menor a idade gestacional maior a chance de ser doença de membrana hialina, quanto mais semanas a possibilidade de ser doença do pulmão úmido é maior. A resposta a terapêutica em doença do pulmão úmido também é mais rápida, já a doença de membrana hialina não melhora rápido e sim piora nas primeiras 48h. QUADRO CLÍNICO • Início: ao nascimento • Desconforto respiratório • Cianose em ar ambiente • Necessidade de ventilação mecânica/ CPAP É o mesmo quadro clínico da DMH, vai ter gemência, tiragem intercostal, cianose de extremidades, porém aqui na grande maioria das vezes é uma criança a termo, que não teve indicação para cesáriana. RAIO-X DE TÓRAX • Hiperinsuflação • Aumento da trama peri-hilar • Líquido na cissura • Infiltrado retículo-granular • Difuso grosseiro • Efusão pleural A evolução na maioria das vezes é satisfatória, esse líquido é reabsorvido em 24-48 horas se não tiver complicação. Na grande maioria das vezes utilizamos apenas o CPAP, e após algumas horas o líquido se reabsorve Observe a opacificação no padrão radiológico e após 48 horas o raio-x está praticamente normal. Ventilação, aquecimento e hidratação → a criança vai melhorando Conclusão: Maior incidência em RN a termo, prevalendo em gestantes que não entram emtrabalho de parto, com cesáreas agendadas que favorecem a taquipneia transitória. Dificilmente isso acontece em hospitais escolas, pois esses não intervém antes do programado ou fazem cesáreas agendadas. Taquipnéia transitória do RN: Desconforto respiratório evidenciado por taquipneia ou dispneia surgidos logo após o parto. É decorrente de um déficit na absorção do líquido pulmonar após o nascimento. Pode ocorrer devido a parto cesáreo sem trabalho de parto; pois o RN não tem tempo de expelir o líquido intrapulmonar previamente ao parto e não sofre a compressão torácica no canal de parto – que supostamente ajuda a expelir esse líquido e favorece a respiração aérea após o nascimento; demora no clampeamento do cordão e hidratação excessiva da mãe. São fatores de risco o parto cesariano (como exposto acima), o diabetes ou asma maternos, policitemia e asfixia perinatal. A evolução clínica é autolimitada em até 72 horas, com quadro clínico de taquipneia/dispneia e, muito raramente, gemência e retrações. Não é um quadro grave, tendo pouca repercussão na gasometria, de maneira que, em casos com alterações bastante exuberantes, deve-se pensar nos principais diagnósticos diferenciais: doença de membrana hialina, síndrome de aspiração meconial ou pneumonia estreptocócica (apresentada na aula de pneumonia). O tratamento é suporte ventilatório com oferta de oxigênio por cateter nasal ou CPAP (com fração inspirada de O2 (FiO2) < 40%). Caso o RN esteja muito taquipneico, sugere-se a alimentação via cateter orogástrico, pois é perdida a capacidade de coordenar deglutição e respiração, podendo causar broncoaspiração SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL Mecônio → fezes escuras enegrecidas que os bebês eliminam nas primeiras 48h e infelizmente no século 21 vemos crianças que aspiram o mecônio na hora do nascimento, ou ainda intra- útero devido ao sofrimento fetal, por falta de um bom atendimento gestacional. INCIDÊNCIA: • Mecônio em líquido amniótico: 10-20% • Mecônio abaixo das cordas vocais: 35-56% • Destes cerca de 20% apresentam desconforto respiratório • Ocorre mais em termo e pós-termo, principalmente. Por isso que o final de gravidez é tão significativo e de risco como o início: devemos ficar atento para que não ocorra sinais de sofrimento fetal Até o nascimento é líquido amniótico que circula em boca, pulmão e anus, sendo ele estéril. Quando vou fazer amnioscopia e vejo líquido amniótico é sinal que eu faça um cardiotoco; vi diminuição de FC fetal e mecônio → faz cesárea de urgência. FISIOPATOLOGIA A SAM vai gerar uma pneumonia química, pois terá uma substância estranha dentro das vias respiratórias → isso vai gerar obstrução da via aérea superior (causando atelectasias ou efeito valvular) → tudo isso se agrava gerando hipóxia → como mecanismo compensatório terá um shunt D-E levando a SHPP O que vai diferenciar o diagnóstico/quadro clínico é a idade gestacional, as intercorrências que ela teve, e se tem eliminação de mecônio. • A obstrução pode levar a atelectasias que vai diminuir a complacência pulmonar • A deficiência de surfactante leva a microatelectasias que pode diminuir a complacência pulmonar bem como alterar a ventilação/perfusão • O mecanismo de válvula acarreta (ficou mecônio obstruído no brônquio) na hiperinsuflação que vai aumentar a resistência de expiração Tem-se todo um quadro obstrutivo, metabólico e fisiológico alterado levando a hipertensão pulmonar. QUADRO CLÍNICO • Recém-nascido termo ou pós termo • RCIU (restrição de crescimento intra-uterino) • Sinais de impregnação de mecônio • Sinais de insuficiência respiratória: ► Taquipneia ► Cianose ► Gasping (agonia de respirar) ► Hiperinsuflação torácica ► Estertores crepitantes Criança em sala de parto com sinais de mecônio é de “arrepiar”, pois ela pode ter aspirado ele! RAIO-X DE SAM RX: Hiperinsuflação pulmonar, velamento, infiltrado difuso, heterogêneo e grosseiro, pneumotórax, pneumomediastino e cardiomegalia - ICC. Claro que esses casos serão tratados em UTI neonatal, com monitorização constante *A fibrose cística só vai ser suspeitada na primeira infância e olhe lá ainda, no período neonatal é quase que impossível fazer diagnóstico diferencial com fibrose cística COMPLICAÇÕES • pneumotórax : 20-50% dos casos • SHPP: síndrome de hipertensão pulmonar persistente • Óbito: 10 a 15% de todos os casos e de 30-50% em casos de ventilação mecânica Hoje um serviço que não tem UTI neonatal dificilmente ela vai sobreviver → uma transferência de serviços já pode ser fatal para essa criança, ela desequilibra muito rápido Praticamente 30-50% dessas crianças terão que ser entubadas. Síndrome da aspiração meconial: É uma síndrome derivada, como o próprio nome diz, da aspiração do líquido meconial expelido em um trabalho de parto de longa duração e difícil. Os principais grupos de risco são RN a termo ou pós-termo, com asfixia, RN com CIUR, RN pélvicos e macrossômicos. Aparentemente, a diminuição da chegada de oxigênio pelo cordão umbilical leva a hipoxemia, gerando aumento do peristaltismo intestinal, relaxamento do esfíncter e eliminação do mecônio. Esse por sua vez, ao ser aspirado, acumula-se nas vias aéreas, obstruindo-as e podendo gerar uma pneumonite química. Isso pode gerar: • Um mecanismo valvular (no qual o ar entra e não sai), resultando muitas vezes em pneumotórax, enfi sema intersticial e pneumomediastino; • Atelectasias, • Shunt intrapulmonar (ocorre vasoespasmo e aumento da pressão arterial pulmonar) levando a aumento do shunt direita-esquerda através do forame oval e do ducto arterial; • Hipoxemia. Ao exame físico encontramos um RN com pele seca e enrugada, apresentando impregnação meconial em cordão umbilical. Sua ausculta respiratória consiste em estertores grosseiros e tempo de expiração aumentado devido à diminuição das vias aéreas. Os sinais de insuficiência respiratória podem ocorrer nas primeiras horas de vida e a hiperdistensão torácica pode ser importante (lembra do mecanismo valvular que falamos antes?). A síndrome de aspiração meconial pode ser classificada em: a) Leve: quando necessita de FiO2 < 40% por 48h; b) Moderado: quando necessita de FiO2 > 40% por mais de 48 horas; c) Grave: necessita de ventilação mecânica ou desenvolve hipertensão arterial pulmonar. Parte desses pacientes pode ficar dependente de O2 por mais de um mês ou apresentar pneumonias de repetição. O diagnóstico é feito por meio do relato de líquido amniótico meconial, com presença de aspirado meconial em traqueia de RN rebaixado, insuficiência respiratória após o nascimento e radiografia com achados compatíveis. Perfeito, porém quais são esses achados? Infiltrado grosseiro associado a áreas de hiperinsuflação e hipotransparência. O diâmetro ântero-posterior pode aumentar e ocorrer aplanamento do diafragma. Importante avaliar se há áreas de atelectasia, enfisema intersticial e pneumotórax Tratamento: a avaliação do estado do RN banhado em mecônio direcionará os primeiros cuidados que ele deverá receber. • Se o RN nascer termo, com tônus em flexão, chorando, respirando bem: levar ao colo da mãe para primeiros cuidados (secagem, remoção dos campos úmidos e aspiração de vias aéreas se necessário). • Se o RN nascer prematuro, sem bom tônus, sem chorar ou em apneia devemos levar para mesa de reanimação, colocar sob fonte de calor radiante, posicionar a cabeça e pescoço em leve extensão, aspirar secreção de boca e narinas, secar, remover campos úmidos e avaliar frequência cardíaca e respiração. Se estiver em apneia, respiração irregular ou FC < 100 bpm, iniciar ventilação com máscara facial e pressão positiva. Se após um ciclo de VPP a FC for < 100 com técninca e material checados e sehouver forte suspeita de aspiração mecaonial, pode-se realizar uma vez a aspiração da hipofaringe sob visualização direta e retornar para a reanimação. Os cuidados após as primeiras medidas consistem em: • Antibioticoterapia: o diagnóstico diferencial com pneumonia é muito difícil, de maneira que são empregadas ampicilina e gentamicina em primeiro momento. •Surfactante pulmonar: o mecônio inativa o surfactante endógeno, de maneira que devemos repor surfactante em casos com evolução progressivamente pior. NÃO É EMPREGADO ROTINEIRAMENTE EM TODOS OS CASOS. É administrado via tubo orotraqueal. • Ventilação: pode ser feita com uso de CPAP nasal em crianças com necessidade de FiO2 > 40% ou por meio de ventilação mecânica em casos de doença pulmonar grave, PaCO2> 60 mmHg ou PO2 < 50 mmHg. É necessário manter oxigenação adequada, visando não apresentar episódios de hipóxia, uma vez que esses levam à vasoconstrição pulmonar e podem ocasionar hipertensão arterial pulmonar. Caso apresente hipertensão arterial pulmonar, devemos manter a PaO2 acima de 100 mmHg. SÍNDROME DE HIPERTENSÃO PULMONAR PERSISTENTE DO RECÉM NASCIDO Temos que sempre orientar as gestantes sobre a necessidade de conversar com seus ginecologistas, pois a grande maioria desses casos ocorre em bebês pós termos, que já estão em sofrimento fetal e com eliminação de mecônio. Essas crianças deverão ser acompanhadas com cardiologista, FAZER seguimento ecocardigráfico e sempre realizar monitorização da pressão arterial CIRCULAÇÃO FETAL Circulação fetal: tem 3 comunicações (ducto venoso, canal arterial e forame oval) que vão manter a oxigenação dessa criança e lembrar que 10% do fluxo sanguíneo sistêmico é que passa pelo feto, e esse ductos é que fazem as comunicações entre arterial e venoso para que seja oxigenado novamente. Logo após o nascimento tenho o fechamento dessas comunicações, o que demora um pouquinho mais é o forame oval (até 3 meses), mas em termos tem o fechamento, porque aí o neném chora, entra ar nos pulmões e dai tem a reabsorção do líquido amniótico das vias aéreas superiores e inferiores. Existem vasoconstritores importantes (endotelina 1 e tromboxane). O ducto venoso, forame oval e canal arterial são shunts determinantes para manter uma boa oxigenação do bebê. Logo após o nascimento esses Shunts se fecham (com excessão do forame oval que demora um pouquinho mais) Só para lembrar: O ducto venoso é uma ligação da veia da placenta com a veia cava inferior CIRCULAÇÃO TRANSICIONAL • RVP < RV sistêmica • 50% DC → pulmões • Vasodilatadores pulmonares ► Distensão alveolar ► pO2 ► óxido nítrico • Fluxo de shunts: ► Ducto venoso: 24-36 horas ► Forame oval: até 3 meses ► Canal arterial: 48-72 horas (7 dias anatomicamente) Quando o bebê nasce e tem o clampeamento do cordão umbilical, a resistencia vascular periférica que era enorme, se torna menor que a resistência vascular sistêmica. O que era 10% do débito cardíaco torna-se 50% Além disso, existem vários vasodilatadores pulmonares que irão causar distensão alveolar, aumento do p02 e óxido nítrico. Essa distensão alveolar irá ocorrer com o choro do bebê. Existe um tempo ideal para o clampeamento do cordão, existe um protocolo. Tem os minutos corretos em crianças prematuras e em crianças pré-termo, visto toda a repercussão hemodinâmica que ocorre a pós o nascimento HIPERTENSÃO PULMONAR PERSISTENTE DO RECÉM NASCIDO • Caracterizado pela tríade: ► Falência vasodilatação das artérias pulmonares (↑ RVP) ► Shunt direita – esquerda → canal arterial e/ou forame oval ► Hipoxemia • Ocorre em cerca de 1-2:1000 nascidos vivos QUADRO CLÍNICO • Pode ocorrer em termo, pré-termo ou pós termo contanto que tenha antecedentes de asfixia perinatal aguda ou crônica; • Sinais clínicos sugestivos ► Taquipneia ► desconforto respiratório ► cianose progressiva e desproporção a complacência pulmonar ► ausculta normal ou estalido sistólico, B2 hiperfônica, sopro sistólico em foco tricúspide ► alterações cardiovasculares. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Doença de parênquima pulmonar grave • Cardiopatia congênita DIAGNÓSTICO: • É clínico - mas confirma com ecocardiograma! • Diferença de saturação em MMSS direito e MMII (pré e pós-ductal) • Labilidade ou menor saturação de oxigênio à manipulação • Gasometria pré e pós ductal diferente da saturação de oxigênio ou pressão de oxigênio maior que 10% • RX de tórax pode estar normal ► pneumonia e SAM • Ecocardiograma: Shunt D-E; Pressão arterial maior que 2/3 sistêmica ➔ esse exame dá o diagnóstico ! Vai ter o mesmo caso clínico das doenças respiratórias Um raio-x incompatível com quadro clínico é um sinal de SHPP Quando a criança é manipulada cai muito sua saturação → então hoje o diagnóstico é clinico, envolvendo principalmente a diferença de oxigenação em MSD e MMII, e a queda da saturação ao movimento a criança. Essa gasometria é mais raro de se realizar na prática clínica devido a sua dificuldade de coleta Quem acompanha essa criança é o cardiologista infantil • Doença de membrana hialina → exclusivamente em menores de 34 semanas • Síndrome do pulmão úmido → crianças preferencialmente a termo que nasceram bem e começam a ter quadro respiratório após o nascimento • Síndrome de hipertensão pulmonar → qualquer faixa etária, de diagnóstico com ecocardiograma. • Posso ter uma síndrome de pressão hialina e hipertensão pulmonar ➔ pode ! PREVENÇÃO • SAM: orientar gestantes a fazer pré-natal e acompanhamento, minimizando a ocorrência de síndrome de hipertensão pulmonar • Pneumonia Estreptococo B • Asfixia: seja intra-útero ou na hora do nascimento • Pós-termo / PT tardio: feto que entra em sofrimento fetal • Cesáreas eletivas CUIDADOS GERAIS: • Manutenção da temperatura corpórea • Aporte hídrico adequado • Aporte calórico adequado • Controle dos distúrbios metabólicos • Controle dos distúrbios hidroeletrolíticos • Correção da anemia - porque elas tem grande chance de infecção e junto com essa vem a anemia. OBJETIVOS: • Manutenção da: ► PaO2 entre 50 e 70mmHg ► PaCO2 entre 35 e 45mmHg ► pH entre 7,5 e 7,45 • Indicações gerais para: ► Melhorar a hipoxemia ► Diminuir o trabalho respiratório ► Diminuir o trabalho do miocárdio - tem que manter essa pressão para diminuir hipoxemia e esforço do miocárdio.
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