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Psicopatologia Psicopatologia Centro Universitário Barão de Mauá Disciplina: Psicopatologia E-mail: euagustonascimento@gmail.com Aula: 04 de fevereiro de 2021. Definição de Psicopatologia DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ª Ed Porto Alegre Artmed, 2008. Capítulo 2: Definição de Psicopatologia e ordenação de seus fenômenos; Capítulo 3: O conceito de normalidade em psicopatologia; Capítulo 5: Princípios gerais do diagnóstico psicopatológico. Psico → psique/psiquismo Pato → paixão/excesso de sofrimento Logia → discurso/lógica ➔ Estudo sobre o adoecimento mental “Psicopatologia é o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela, suas formas de manifestação (Campbell).” ▪ Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental; ▪ Conhecimento sistemático e desmistificante; ▪ Não admite critérios de valor, morais Jaspers: Psicopatologia Geral (1913), corporifica a nova ciência (autônoma). → considerado o pai da psicopatologia. Objetivo da psicopatologia: estudo descritivo dos fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apresentam à experiência imediata. Limites: nunca se pode reduzir por completo o ser humano à conceitos psicopatológicos. No homem, há um oculto não apreensível. Psicopatologia é um transtorno psicológico que apresenta disfunção psicológica, sofrimento ou prejuízo e produz uma resposta atípica. O que é normal? O conceito de normalidade em psicopatologia é muito controverso; Quais são os limites? O que é saúde/doença mental? Concepções e conceitos sobre o que é normalidade: Normalidade é a ausência de doenças, processo, funcional, liberdade, subjetiva, ideal, estatística, bem estar (OMS). Ao pensar sobre normalidade e patologia, é importante considerar: ▪ Regras sociais; ▪ Expectativas do meio; ▪ Limites ao denvolvimento e funcionamento; ▪ Excesso e insuficiência; ▪ Nível de sofrimento. Implicações do conceito de normalidade ▪ Legais → psiquiatria forense ▪ Científicas → Epidemiologia psiquiátrica ▪ Etnopsiquiatria → importância do c ontexto sociocultural; ▪ Planejamento em saúde mental e políticas de saúde ▪ Orientação e capacitação profissional (para atuar em determinada função); ▪ Prática clínica. Estudando os transtornos psicopatológicos Origem: causas e etiologia Foco: descrição clínica Tratamento mailto:euagustonascimento@gmail.com Psicopatologia Conceitos fundamentais: Sinais: comportamentos observáveis, verificáveis pela observação. Sintomas: vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, aquilo que o paciente experimenta e, de alguma forma, comunica. Forma: Estrutura básica Que tipo de sintoma é esse? (ex.: alucinação, delírio) Conteúdo A que se refere o sintoma? Caráter pessoal, histórico e cultural Temas centrais da existência Ordenação dos fenômenos em psicopatologia Observar: produzir, definir, classificar, interpretar, ordenar. Três tipos de fenômenos humanos Fenômenos semelhantes: comum à todos, como medo de algo perigoso, ansiedade frente uma situação, desejo por alguém. Fenômeno em partes semelhantes e em partes diferentes: tristeza profunda, depressão com lentidão psicomotora, apatia. Fenômenos qualitativamente novos: diferentes, próprios do transtorno mental fenômenos psicóticos, como alucinações, delírios. Diagnóstico psiquiátrico Diagnósticos são ideias (constructos); “O diagnóstico é imprescindível” assim como nas outras especialidades médicas fundamental.” “Diagnóstico não tem valor” a pessoa é única e inclassificável classificar rotula e só atende ao poder médico e controle social.” “Diagnóstico tem seu valor” pois possibilita compreender o sofrimento e pensar no tratamento adequado.” Particular x universal ▪ Não se restringir a um rótulo; ▪ Servir para entender o conhecimento sobre o transtorno traçar o tratamento (ações preventivas e terapêuticas); ▪ Conhecer prognóstico (o cálculo da evolução do paciente); ▪ Comunicação entre profissionais. Características dos diagnósticos psiquiátricos: ▪ Baseados nos dados clínicos perfil dos sintomas e sinais); ▪ Inespecificidade de sinais ou sintomas psicopatológicos ▪ Integração de dados clínicos, momentâneos (exame psíquico) e evolutivos anamnese história dos sintomas e evolução do transtorno); ▪ Necessitam da observação do curso da doença; ▪ Pluridimensionalidade. O profissional da saúde mental ▪ Consumidor da ciência; ▪ Aprimora a prática; ▪ Avaliador da ciência; ▪ Determina a afetividade da prática; ▪ Criador da ciência; ▪ Conduz pesquisas que levam a novos procedimentos úteis na prática. Aula: 08 de fevereiro de 2021. A entrevista psiquiátrica Livro: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, cap. 8, A entrevista com o paciente O profissional de saúde mental ▪ Técnica e habilidade em realizar a entrevista; ▪ Perguntas formuladas, momento de falar ou calar; ▪ Capacidade de estabelecer relação empática, acolher o sofrimento; ▪ Capacidade de estabelecer limites a pacientes invasivos/agressivos. Psicopatologia A entrevista Uma entrevista (posição ativa/passiva entrevistador), pode variar em função: ▪ Do paciente; ▪ Do contexto institucional; ▪ Dos objetivos da entrevista; ▪ Da personalidade do entrevistador. Condutas do entrevistador ▪ Evitar posturas muitos rígidas; ▪ Atitude excessivamente neutra/fria; ▪ Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas; ▪ Comentários valorativos/julgamento; ▪ Reações emocionais intensas; ▪ Responder com hostilidade ou agressão; ▪ Entrevistas excessivamente prolixas; (falar demais, redundante). ▪ Fazer muitas anotações durante a entrevista; ▪ Fazer pausas, silêncios prolongados Entrevista inicial ▪ Momento crucial no diagnóstico e tratamento; ▪ Instalar confiança e esperança de alívio de sofrimento; ▪ Comunicação verbal e não verbal; ▪ Permite identificar o perfil dominante de sintomas e formular a hipótese dignóstica. ▪ Influências: experiência clínica do entrevistador, processos transferenciais, valores pessoais e preconceitos. Apresentação ▪ Apresentação profissional; ▪ Confidencialidade, privacidade, sigilo; ▪ Necessidade de colaboração mútua; ▪ Dados sociodemográficos; ▪ Queixa principal; ▪ Observar: o estilo, a aparência, as atitudes. ▪ Deixar livre para falar, escuta ativa; ▪ Papel do profissional: conduzir a entrevista, saber interromper. Conduzindo a entrevista ▪ Entrevista aberta. Porém, há um roteiro de áreas de vida que precisam ser investigadas; ▪ Avaliação inicial: número variável de sessões; ▪ Faça perguntas e colocações breves que mostrem interesse; ▪ Evite perguntas muito direcionadas, fechadas; ▪ Estimulam o paciente a falar: como foi isso? Fale mais? Conte? Por quê? ▪ Observar os momentos de silencio – tipos ▪ Intervenções particularidades para cada paciente; Perspectiva transversal x Perspectiva longitudinal Longitudinal: histórica, pessoal Transversal: momentânea, atual As três regras “de ouro” da entrevista em saúde mental Pacientes organizados: (inteligência normal, escolaridade boa/razoável, não psicótico) entrevista mais aberta,aberta,“conte a sua história” Pacientes desorganizados: (nível intelectual baixo, estado psicótico/paranoide, inibidos por ansiedade) entrevista mais estruturada, com perguntas mais simples e dirigidas Pacientes muito tímidos ansiosos ou paranoides: iniciar com perguntas neutras (onde mora, profissão, estado civil, nome de familiares, etcgradativamente, se aprofundando, como Qual o seu problema? Por que foi trazido ao hospital? O que aconteceu para que você agredisse seus familiares? Avaliação do paciente ▪ Apresentação geral ▪ Anamnese ▪ Exame psíquico (exame estado mental) ▪ Exame físico geral e neurológico ▪ Exames complementares testes de personalidade, cognição, laboratoriais (bioquímico) e neurofisiológico. Apresentação Geral ▪ Corpo e postura corporal, vestimenta, produção, higiene, porte e atitudes psicológicas; Psicopatologia ▪ Revelam o estado mental, é recurso diagnóstico ▪ Relatar/descrever o que se observou detalhadamente e de forma objetiva, sem inferências. Aparenta a idade, postura, estado geral saúde, deformidades físicas evidentes Marcha: lenta, rígida, rápido, com movimentos bruscos, se ampara nas paredes/pessoas, maneirismos (1 passo traz a cada 5 frente; Corpo/higiene: asseado, zeloso, exagero, negligente, cabelos limpos/cosméticos, maquiagem; Vestes: adereços; roupa própria clima/ocasião, cores, botões fora de ordem; Expressão facial: pobre, variável, mordedura lábios, risos (i)motivados, gargalhadas inapropriadas, caretas, tiques, solilóquios, contato visual, comportamento ocular (fixo ponto, dilatação pupila), cabisbaixo; Comportamento: Agitação, tremores, rigidez, olha relógio, rói unhas, não fica sentado, comportamento sugere sintomas, responde ao solicitado. Aula: 11 de fevereiro de 2021 Apresentação Geral Depressão (com variações a depender do grau): evita contato visual, expressão triste, pouca/lenta, atividade gestual, contração muscular, boca curvada para baixo, cabeça abaixada, cuidado sobre o corpo (cabelos sujos, sem corte, poucos acessórios, odor), voz baixa; Ansiedade: tensão/contração muscular, inquietação pernas/mãos, suor frio, tremores, mãos/dedos/lábios, voz tensa/ hesitante; Esquizofrenia: expressão facial e gestos assustados, comportamento ocular sugestivo de alucinação, comportamentos bizarros. Se mais crônicos: pouca expressão, pouca linguagem, baixo cuidado pessoal Mania: excesso maquiagem/perfume/acessórios, roupas coloridas, inquietação e alta atividade motora, voz alta e acelerada, desinibido (sexualmente, canta, abraça), expressão facial exagerada, podendo chegar a irritabilidade/ hostilidade; Demência: pode apresentar higiene e roupas descuidadas, dentes sujos, ausência de senso crítico em relação à aparência, botões abotoados em desordem; Anorexia nervosa: roupas largas e escuras TOC e T personalidade obsessiva: roupas e acessórios “muito certinhos” (roupas passadas deroupas e acessórios “muito certinhos” (roupas passadas de forma impecável, cabelos penteados de modo ultracuidado). Atitude Psicológica Qual é a impressão que o paciente nos passa, qual a forma que ela se relaciona, o jeito do paciente no primeiro contato! Arrogante: coloca se como superior, ironiza e critica constantemente; Confusa: parece não entender e não estar na situação de entrevista; Deprimida: paciente triste e desanimado; Desconfiada ou suspicaz: pelo olhar, postura, modo de ouvir e responder, revela desconfiança/medo; Desinibida: próximo fisicamente, trata como se conhecesse, fala e pergunta sobre intimidades; Dramática ou teatral: hiperemocional, quer chamar atenção, grande expressão à banalidades; Solicitante: “grudenta”, difícil de encerrar a conversa, quer atenção; faz pedidos; Lamuriosa ou queixosa: queixa se o tempo todo de seus problemas, demonstra autopiedade; Manipuladora: tenta obrigar o entrevistador a fazer o que ele quer, com chantagens, ameaças; Sedutora: elogia e tenta agradar o examinador, às vezes sexualmente; Evasiva: evita responder a perguntas, dá respostas gerais e inespecíficas; Hostil: provoca, irrita, ameaça; Indiferente: não parece estar na entrevista, não gosta, nem se sente incomodado na entrevista; Inibida ou contida: não encara o examinador, demonstra estar pouco à vontade; Não cooperante: não colabora com solicitações básicas na entrevista. Anamnese ▪ Dados sociodemográficos ▪ Queixa ou problema principal ▪ História da doença atual ▪ Antecedentes mórbidos somáticos e psíquicos ▪ História da vida ▪ Interações familiares e sociais ➔ Avaliar necessidade de outro informante. Psicopatologia ➔ Verificar: os sintomas objetivos e a vivência subjetiva em relação aos sintomas, cronologia dos fenômenos e dados pessoais e familiares; as reações do paciente. Exame psíquico: estado mental Avaliação das funções psíquicas e possíveis alterações (sinais e sintomas); Avaliação das manifestações no momento atual. ▪ Consciência ▪ Atenção ▪ Orientação ▪ Sensopercepção ▪ Afeto/humor ▪ Vontade ▪ Linguagem ▪ Pensamento ▪ Juízo de realidade ▪ Memória ▪ Inteligência Avaliação do JUIZO/CRÍTICA (JCR: juízo crítico da realidade) Paciente compreende a gravidade de seus sintomas, percebe que está alterado... Acha que tem uma doença física, mental, “nervosa”? Acha que precisa de tratamento? Percebe as implicações dos seus sintomas na sua vida? JCR Preservado/Prejudicado - “sem”/Parcial Crítica do paciente e insight em relação a sintomas e transtornos ▪ Grande parte de pacientes graves não reconhecem a gravidade do seu caso; ▪ Insight composto por 3 componentes: consciência da doença, modo de nomear ou renomear os sintomas, adesão a tratamentos propostos; ▪ Prejuízo quanto ao insight: psicóticos, mania, dependentes químicos, deficiência intelectual. Confiabilidade dos dados Dissimulação: esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas psicopatológicos; Simulação: tentativa do paciente de criar, apresentar voluntariamente um sintoma, sinal ou vivência. Relato/Registro do caso ▪ De preferência, usar as palavras do paciente; ▪ Usar: termos técnicos, caligrafia legível, estilo claro, preciso, com frases e parágrafos curtos; ▪ Organizado e coerente, mesmo em caso confuso; ▪ Fornecer compreensão ampla da personalidade do paciente, da dinâmica familiar e sociocultural; ▪ Valor profissional e legal; ▪ Relato pormenorizado, mas não prolixo; ▪ Cuidado: com linguagem exageradamente técnica e interpretação precoce dos dados. Exemplos de observação/anotação Paciente R estava dormindo/em visita/em consulta médica, não participou da atividade. Paciente D se recusou a participar da atividade Paciente C V participou da atividade, apresentou se com humor exaltado, linguagem com fluxo acelerado e ininterrupto, dificuldades de se concentrar na atividade e ouvir os demais Maquiada em excesso, carrega consigo um desodorante que usa todo momento Ideias de grandeza, referindo “todos me amam, sou muito rica e inteligente”inteligente”(Atenção dispersa e agitada psicomotoramente) Saiu antes do término da atividade Juízo crítico da realidade prejudicado. Paciente E após insistência, aceitou participar da atividade Verbaliza somente quando estimulada Não faz contato visual, não interage com os demais Sonolenta Faz o trabalho manual com dificuldade e se recusa comentá-lo. Afeto rebaixado, expressão entristecida. Cabelos e roupas sujos e com odor forte Perguntas na Entrevista: 1. Como posso ajudá lo? O que o trouxe até aqui? 2. Como começaram esses problemas? Há quanto tempo apresenta determinada queixa? Já apresentou algo parecido antes? 3. De onde você acha que vem esses problemas? À que você atribui eles? Psicopatologia 4. Alguém da família apresenta/apresentou sintomas semelhantes? 5. Há outra doença (psíquica ou física)? 6. Toma medicamento? Faz/fez tratamento psiquiátrico/psicológico? Quais foram, equais os efeitos deles? 7. Usa drogas (incluindo álcool, nicotina)? MODELO DE ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA I. IDENTIFICAÇÃO II. QUEIXA PRINCIPAL III.HISTÓRIA DA DOENÇA/MOLÉSTIA ATUAL IV. HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA/ANTECEDENTES MÓRBIDOS CLÍNICOS E PSIQUIÁTRICOS V. HISTÓRIA PESSOAL VI. HISTÓRIA FAMILIAR VII. PERSONALIDADE PRÉ MÓRBIDA VIII. EXAME PSÍQUICO/EXAME DO ESTADO MENTAL Apresentação geral/global (Aparência/ Atitude psicológica/Situação da entrevista) ▪ Consciência ▪ Atenção ▪ Orientação ▪ Sensopercepção ▪ Afeto/humor ▪ Psicomotricidade/vontade ▪ Linguagem ▪ Pensamento ▪ Juízo de realidade ▪ Memória ▪ Capacidade cognitiva Caso clínico: Frank foi encaminhado para avaliação com queixa inicial de ansiedade e angústias graves, cujo foco era seu casamento. Ele chegou impecavelmente vestido com seu uniforme de trabalho muito limpo e bem passado (era mecânico, trabalhava em uma oficina de funilaria há 4 anos). Tinha o cabelo bem penteado; com lábios cerrados, testa franzida e expressão séria que lhe aparentava mais idade. Relatou que tinha 24 anos e que era a primeira vez que visitava um profissional de saúde mental. Não estava certo de que realmente precisava (ou quisesse) estar lá, mas sentia que estava começando a “desmoronar”, em razão de suas dificuldades matrimoniais. Terapeuta: Que tipo de problemas vêm perturbando você? Frank: Estou começando a ter vários problemas matrimoniais. Eu me casei cerca de nove meses atrás; tenho estado tenso em meu lar e temos discutido muito. Terapeuta: Isso é algo recente? Frank: Bem, não era tão ruim no início, mas ultimamente vem piorando. Terapeuta: Como começam essas discussões? Frank: Não consigo me concentrar, muitas vezes eu me perco no que minha esposa está dizendo, o que a deixa magoada e então nós discutimos. Terapeuta: Você pensa em alguma coisa quando perde a concentração? Frank: Ah, eu não sei; eu só me preocupo muito. Terapeuta: Com o que você se preocupa na maioria do tempo? Frank: Na maior parte do tempo me sinto como se fosse sofrer alguma coisa, como ficar doente e não ser capaz de trabalhar. Acho que estou com medo de ficar doente, ser demitido e de fracassar em meu trabalho e em meu casamento e os meus pais e os pais dela me dizerem o quão estúpido eu fui por ter me casado. Essas ideias não tem lógica nenhuma, sei disso... mas, não consigo evitar; alias, só evito quando faço algumas coisas que também não fazem sentido. Durante a entrevista, Frank parecia estar bastante tenso e ansioso. Olhava para o chão enquanto falava. Para o terapeuta, olhava apenas ocasionalmente. Era possível notar que, quando ele olhava para baixo, Frank também fechava os olhos com força por um período de dois ou três segundos enquanto também balançava a perna direita. A entrevista continuou por mais meia hora, explorando assuntos relacionados ao casamento e ao trabalho. Àquela altura, ele estava mais à vontade e olhava um pouco mais para o terapeuta, mas continuava a fechar os olhos e a balançar a perna direita. Psicopatologia 1) Descreva a apresentação geral, incluindo a atitude psicológica, de Frank? Aparência física impecável, limpo, bem vestido, vestes impecáveis, uniforme muito limpo e bem passado, aparência envelhecida. 2) Quais são os sinais e sintomas por ele apresentados? Sinais: movimentação das pernas, fechar os olhos com força, mania. Sintomas: queixa de ansiedade, angústia, tensão, pensamento obsessivo, comportamento ritualístico de fechar os olhos com força. 3) O que se pode dizer sobre o exame do estado mental de Frank? De maneira geral, gradativamente o paciente foi colaborando gradativamente com o terapeuta e ficando mais à vontade. 4) Quais seriam as possíveis perguntas de avaliação para continuidade da entrevista? ▪ Como começaram os problemas? ▪ Quanto tempo vem fazendo isto? ▪ Que tipo de coisa ele diz fazer que não faz sentido? Que coisas ilógicas? Quando acontece? ▪ Sempre apresentou falta de concentração, ou só após o casamento? ▪ Você tem consciência de às vezes você mexe os olhos e mexe as pernas enquanto fala? Poderia falar mais sobre isso? É perceptório da sua parte? Existe alguma situação que isso se acentua? ▪ Esses sintomas afetam outras partes da sua vida? Aula: 22 de fevereiro de 2021. DALGALARRONDO, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ª Ed Porto Alegre Artmed, 2008. Capítulo 10: A consciência e suas alterações Capítulo 11: A atenção e suas alterações Capítulo 12: A orientação e suas alterações Avaliação psicopatológica → Anamnese → perspectiva longitudinal (antes) ▪ História do episódio atual ▪ Histórica de vida ▪ (desenvolvimento gestação vida/adulta) ▪ Personalidade pré mórbida ▪ História pregressa de doença física e transtorno mental ▪ Antecedências familiares ▪ Relações sociofamiliares Avaliação psicopatológica → apresentação geral → perspectiva transversal (no momento) ▪ Aspectos/aparência física ▪ Atitude psicológica Avaliação psicopatológica → exame do estado mental / exame psíquico → perspectiva transversal (no momento) Avaliação do funcionamento das funções psíquica. Avaliação da ausência ou presença de alterações das funções psíquicas. Se houver presença de alterações: sinais e sintomas. ESSES TRÊS ASPECTOS LEVAM A HIPOTESE DIAGNÓSTICA → TRATAMENTO ▪ Função psíquica ou função mental: Atividades mentais; ▪ Função psíquica alterada: Sinais e Sintomas ▪ Avaliação das funções psíquicas: Exame do estado mental/Exame psíquico A separação das diferentes atividades mentais (funções psíquicas) é um procedimento artificial, artifício para o estudo; Os sintomas são ligados estruturalmente entre si; “Não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece” Funções psíquicas Transtornos psico orgânicos Transtornos de humor e da personalidade Transtornos psicóticos Consciência Afeto Sensopercepção Atenção Vontade Pensamento Orientação Psicomotricidade Juízo de realidade Memória Personalidade Vivência do eu Inteligência Atenção Linguagem Psicopatologia Exame do estado mental ▪ Aspectos do paciente ▪ Apresentação geral ▪ Atitude psicológica frente ao observador ▪ Comunicação verbal e não verbal ▪ Sentimentos despertados no entrevistador Funções psíquicas ▪ Consciência ▪ Atenção ▪ Orientação ▪ Sensopercepção ▪ Afeto/humor ▪ Vontade ▪ Linguagem ▪ Pensamento ▪ Juízo de realidade ▪ Memória ▪ Inteligência Consciência é o estado de lucidez ou alerta no qual o indivíduo se apresenta, variando em níveis que vão da vigilância ou alerta até o coma (TISSER COIMBRA, 2019). Definição neuropsicológica: estado vígil estar desperto, acordado, lúcido. Definição psicológica: soma de todas as experiências conscientes, dimensão subjetiva da atividade psíquica que se volta para a realidade, capacidade de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os objetos. ➔ Primeira função a se avaliar! Sem alteração: Lucidez → Estado em que a pessoa está consciente, alerta e vigilante, com sua capacidade de interagir e de responder aos estímulos internos e externos preservada. Alterações normais da consciência Sono normal → estado especial da consciência estado comportamental e fisiológico necessário; Sono Não REM: marca o início do sono, sem movimentos oculares; Sono REM: 70 120 min após adormecer, com movimentos oculares rápidos, profundo relaxamento muscular → Sonhos; Sonho → São vivências predominantemente visuais e que acontecem com frequência (muitas vezes não recordados); Alterações psicopatológicas da consciência Alterações quantitativas 1. Obnubilação ou turvação 2. Supor 3. Coma Alterações qualitativas 1. Estados crepusculares 2. Transe 3. Estadohipnótico 4. Dissociação Alterações quantitativas da consciência Obnubilação/turvação: rebaixamento em grau leve a moderado do nível da consciência. Pode parecer sonolento ou desperto. Diminuição do grau de clareza do sensório, lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Perplexo, pouco confuso. Sopor: estado marcante de turvação, o paciente é despertado somente com estímulo, sobretudo doloroso. (beliscão, por exemplo). Paciente claramente sonolento, incapaz de ação espontânea. Psicomotricidade inibida. Coma: grau mais profundo de rebaixamento do nível da consciência. Abolição completa da consciência. Ausência atividade voluntária. Síndromes associadas Delirium (síndromes confusionais agudas): Quadros com rebaixamento leve a moderado do nível da consciência, com desorientação tempo espacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade, agitação/lentificação psicomotora, ilusões/alucinações. Estado onírico: além da turvação da consciência e confusão mental (obnubilação), há um estado semelhante a sonho vívido. Pode ter alucinação visual, com caráter cênico. Se manifesta por gritos, terror, angústia; amnésia do evento, posteriormente. Decorre das psicoses tóxicas, síndrome de abstinência (delirium tremens) e quadros febris. Atualmente, incorporado no quadro de Delirium. ➔ Sintoma positivo: tudo que é florido, que vem a mais: ➔ Sintoma negativo: relativo à perda, defasagem, prejuízos, quedas em função; Psicopatologia Alterações qualitativas da consciência Representam uma alteração parcial/focal da função Estados crepusculares: estreitamento transitório da consciência, certo rebaixamento conservação da atividade psicomotora global coordenada, com atos automáticos. Aparece e desaparece abruptamente, duração variável (horas semanas). Possível haver atos explosivos, descontrole emocional. Dissociação da consciência: fragmentação/divisão do campo da consciência, ocorre perda da unidade psíquica. Quadros histéricos. Estado semelhante ao sonho, desencadeado por acontecimentos psicologicamente significativos (inconscientes ou conscientes gerando ansiedade). Dura min-horas A pessoa ‘ da realidade. Transe: parece sonho acordado, mas tem atividade motora automática estereotipada e movimentos voluntários. Transe religiosos ocorre em contextos religiosos culturais. Estado hipnótico: consciência reduzida e atenção concentrada, que pode ser induzido. Cenas podem ser lembradas e fatos esquecidos. ▪ Alteração na consciência implica outras alterações (especialmente desorientação tempo espacial); ▪ Observar face e atitude parece desperto ou sonolento; ▪ Verificar se aparenta perplexidade dificuldade em integrar os estímulos. Investigando consciência ▪ Onde você está agora? ▪ Como se chama esse lugar? ▪ Onde fica? ▪ Qual é o dia da semana? ▪ Em que mês estamos? ▪ Qual o ano? ▪ Qual sua idade? ▪ Qual sua profissão? Atenção é a direção da consciência, o estado de concentração sobre determinado objeto. Tomar posse na mente, de um entre outros objetos. Prosexia: ato de prestar atenção. Natureza da atenção: voluntária (concentração ativa e intencional, por exemplo a aula) x espontânea (suscitada incidentalmente, por exemplo caiu um raio); Direção da atenção: externa (projetada para fora do mundo subjetivo, usa os órgãos do sentido) e interna (voltada para os próprios processos mentais, reflexiva); Amplitude da atenção: focal (mantém concentrada sobre um campo determinado) e dispersa (não concentra em um campo determinado). Atenção seletiva: capacidade de seleção de estímulos e objetos específicos, determinando uma orientação atencional focal, um estado de concentração das funções mentais e estabelecimento de prioridades. Atenção sustentada: manutenção da atenção seletiva sobre um objeto. Tenacidade é a capacidade de fixar atenção sobre determinado objeto. A atenção se prende em determinado objeto (Teste). Escolher algo específico. Vigilância é a qualidade da atenção que permite mudar o foco de um objeto para outro. Existem exageros nos dois. Alterações psicopatológicas da atenção ▪ Aprosexia ▪ Hipoprosexia ▪ Hiperprosexia ▪ Distração ▪ Distratibilidade Hipo → rebaixamento Hiper → Exaltação A → abolição Aprosexia: total abolição da capacidade de atenção Hipoprosexia: diminuição global da atenção perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, dificultando a percepção dos estímulos ambientais e a compreensão; Psicopatologia Hiperprosexia: atenção exacerbada, mantém se indefinidamente sobre certos objetos; Distração: é um sinal, não um déficit Superconcentra num ponto e inibe toda atenção do resto hipertenacidade e hipovigilância; Distraibilidade: estado patológico com instabilidade e mobilidade acentuada de atenção voluntária, desvia a atenção hipervigilância e hipotenacidade. Síndromes Associadas ▪ Transtorno depressivo: queda da atenção influenciada pela queda do afeto; ▪ Transtorno bipolar: se estiver num episódio maníaco, hipervigilância, saltitante, pretando atenção em várias coisas; ▪ Transtorno obsessivo compulsivo: hipertenacidade nos pensamentos, muito atenta nos pensamentos, com dificuldade de mudar o foco; ▪ Esquizofrenia: durante o episódio delirante a pessoa fica focada no sintoma e possui dificuldade em prestar atenção. ▪ Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: o indivíduo possui prejuízo na capacidade de prestar atenção. Hiperatividade. Investigando atenção ▪ Tem dificuldade para se concentrar? ▪ Distrai se com facilidade? ▪ Não escuta quando lhe falam? ▪ Tem problemas para terminar tarefas? ▪ Tem dificuldade com organização? ▪ Perde coisas com facilidade? Orientação é a capacidade de situar se a si mesmo e ao ambiente. Autopsíquica: Orientação em relação a si próprio. Sabe quem é, nome, idade, profissão, nacionalidade. Alopsíquica: Orientação em relação ao mundo, quanto ao tempo (temporal) e espaço (espacial). ➔ Temporal: mais sofisticada que as demais. Saber momento cronológico em que está. (facilmente prejudicada nos TM). ➔ Espacial: Paciente sabe onde ele se encontra? O bairro? Onde mora? O país? Alterações da Orientação Desorientação autopsíquica Desorientação alopsíquica espacial Desorientação alopsíquica temporal Desorientação (alopsíquica) tempoespacial Origens das alterações da orientação Desorientação por redução do nível de consciência: desorienta se pela turvação da consciência Impede a apreensão da realidade de forma precisa; Desorientação por déficit da memória de fixação: (desorientação amnésica) não consegue fixar na memória informações ambientais, perde noção do tempo/espaço; Desorientação por apatia/desinteresse profundo (abúlica): devido a alteração do humor e volição Paciente deprimido, sem motivação, não se atém aos estímulos externos; Desorientação delirante: nos estados delirantes Pode haver “dupla orientação” a orientação falsa (delirante) coexistente com a orientação correta; Desorientação oligofrênica: em pacientes com graves déficits intelectuais, por dificuldade de compreender o ambiente e interpretar as normas; Desorientação histérica: histeria grave acompanhada de alterações da identidade pessoal, dissociação. Investigando orientação ▪ Orientação autopsíquica ▪ Quem é você? ▪ Como se chama? ▪ O que faz? ▪ Qual sua cidade? ▪ Estado civil? Orientação alopsíquica temporal ▪ Que dia é hoje? ▪ Que dia da semana? ▪ Que dia do mês? ▪ Em que mês/ ano ▪ estamos? ▪ Em que estação do ▪ ano estamos? ▪ Que horas são? Psicopatologia Orientação alopsíquica espacial ▪ Onde estamos? ▪ Em que cidade? ▪ Qual bairro? Experiência de Aprendizagem: orientaçãoe atenção 1. Paciente não fica sentada durante a entrevista. Apresenta dificuldades para se concentrar nas perguntas, distraí se com barulhos externos, com objetos pessoais e objetos do entrevistador. Refere estar em uma emissora de tv sendo entrevistado para uma seleção de modelos. Se diz uma modelo famosa. Alteração da orientação: desorientação alopsíquica do tipo espacial e autopsíquica. Alteração da atenção: hipotenacidade e hipervigilância. 2. Paciente olha fixamente para a TV da sala de espera, não responde mesmo quando eu o chamo 4 vezes Quando, finalmente, vai a minha sala, sabe dizer seu nome, idade e informações sociodemográficas. Ao preencher o formulário, assina com seu nome e escreve 25/dez/1999 (hoje é dia 12 de fevereiro de 2018). Alteração da atenção: paciente se encontra hipertenaz e hipervigilante, além disso apresenta alteração da orientação, estando, portanto, com sintomas de desorientação alopsíquica do tipo temporal. 3. L C M 25 anos, segundo grau incompleto, solteira, primeira internação. Ao ser admitida na enfermaria de urgência psiquiátrica, a paciente refere “meu lugar não é aqui”, verbalizando aos gritos “eu já fiz minha faculdade, não preciso mais vir aqui nessa universidade” Quando interrogado o seu nome, diz “Agatha Christie, nunca me viu nos retratos dos meus livros?” Paciente apresenta problemas na função psíquica orientação e sintoma de desorientação autopsíquica e desorientação alopsíquica do tipo espacial. Aula: 25 de fevereiro de 2021. Sensopercepção DALGALARRONDO, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ª Ed. Porto Alegre Artmed, 2008. Capítulo 14: A sensopercepção e suas alterações Sensação é um fenômeno gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos, produzindo alterações nos órgãos receptores. (dimensão neuronal). Percepção é a tomada de consciência do estímulo sensorial transforma os estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes. (dimensão neuropsicológica ou psicológica). ➔ Há quem não diferencie percepção e interpretação. Imagem: características nitidez, corporeidade, estabilidade, extrojeção (vem de fora), completitude. Representação: revive uma imagem sensorial, sem que esteja presente seu objeto original. Características: pouca nitidez, pouca corporeidade, instável, introjeção (a representação é percebida no espaço interno), incompletude. Alterações da sensopercepção Alterações quantitativas ▪ Hiperestesia ▪ Hipoestesia Alteração qualitativas ▪ Ilusão ▪ Alucinação Alterações quantitativas da sensopercepção Hiperestesia: percepção aumentada. Ouve amplificado, vê cores mais vivas. Alucinógenos, esquizofrenia aguda e mania. Hipoestesia: percepção rebaixada. Cores percebidas pálidas, mundo mais escuro, alimentos sem sabor, odores sem intensidade. Depressão. Psicopatologia Alterações qualitativas da sensopercepção Ilusão: percepção deformada de um objeto/estímulo real e presente; Rebaixamento nível consciência (percepção imprecisa); Fadiga grave (ilusões transitórias); Estados afetivos acentuados (ilusões catatímicas); Tipos de ilusão visual (mais comum), auditiva; ➔ Percebo o objeto, ele está presente, porém há uma deformação do mesmo, por exemplo: a caneta derrete, se torna uma lança, porém o estilo realmente existe. Alucinação: percepção clara e definida de um objeto/estímulo sem a presença deste. Tipos de alucinações Auditivas (mais comum): sons nítidos sem presença do estímulo externo. Esquizofrenia, depressões graves com conteúdo de ruína/culpa, manias com conteúdo de grandeza/poder. Se o som percebido for uma voz: (Audioverbais) ▪ Percepção de voz(es) sem a presença do estímulo real; ▪ Voz(es) que comenta(m) sobre o paciente (o que ele está pensando/fazendo/é); ▪ Voz(es) que fala(m) com o paciente. Se dá ordem voz de comando, alucinação imperativa. ▪ Conteúdo pode ser congruente com o humor, exemplo: ▪ Depressão: “Você deveria se envergonhar, traidor, covarde!” ▪ Mania: “Você vai ficar milionário, dê seu dinheiro a quem precise” Visuais são visões nítidas sem estímulo externo presente. Fotopsias: simples, pontos brilhantes, bolas, cores. Em epilépticos, esquizofrenia, enxaqueca. Complexas/configuradas: figuras, imagens, partes do corpo, olhos, caveiras, entidades, demônio. Podem incluir cenas completas (alucinações cenográficas psicose). Liliputiana: personagens minúsculos, diminutos entre as pessoas/objetos reais). Geralmente por conta de álcool. Uso de substâncias. Olfativas e gustativas: percepção de um estímulo olfativo e/ou gustativo. ▪ Sentir cheiro de coisas podres, cadáver, fezes, pus (crises epilépticas, histeria); ▪ Sentir gosto de alimentos ácidos, urina, sangue na boca (esquizofrenia, histeria). Podem vir juntas. Táteis: sente espetadas, choques, insetos correndo na pele. Frequente na esquizofrenia, delirium tremens e psicoses tóxicas. Musicais: descrita como audição de tons musicais e melodias sem estímulo externo. Raro. CEnestésica: sensações/Sentir realmente incomuns em partes do corpo, como cérebro encolhendo, fígado despedaçando, cobra dentro do abdômen. CInestésica: Sensações/sentir alteradas de movimento do corpo, como corpo afundando, pernas encolhendo. ➔ Ambas comuns na Síndrome de Cotard (síndrome do cadáver, o indivíduo acredita que está morto por dentro). Combinadas (sinestesia): várias modalidades ao mesmo tempo (exemplo: audiovisual, gustativa olfativa). Funcionais: desencadeada por um estímulo externo (não é ilusão porque não é deformação do objeto), exemplo: fecha a porta, ouve vozes. Extracampinas: fora do campo sensorial, vê alguém nas costas, atrás da parede. Alucinação autoscópica: enxerga a si mesmo, vê seu corpo, como se estivesse fora dele. Raro. Epilepsia, esquizofrenia. Fenômeno do duplo: sensação que há outro eu dentro do próprio corpo. Sensação de uma presença: sensação que um ser invisível o acompanha. Alucinação hipnagógica (adormecendo) e hipnopômpicas (despertando): alucinações auditivas, visuais ou táteis, relacionadas à transição sono vigília. Não são incomuns nem patológicas, surge na transição vigília sono. Alteração da representação Alucinose: percebe a alucinação como estranha a sua pessoa. Vê, ouve, mas não crê totalmente no que vê, ouve. É consciente que aquilo é um fenômeno estranho. Psicopatologia Pseudo-alucinação: não tem os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva. Exemplo: a voz percebida é pouco nítida, imprecisa, sem vida, sem corporeidade. “Como se fosse uma voz... Parece uma voz” Pode ocorrer em psicose funcional e orgânica em estados afetivos intensos, na fadiga e em quadros de rebaixamento do nível de consciência e em intoxicação. Alucinações psíquicas (confundido com pseudo alucinação) imagens alucinatórias sem verdadeiro caráter sensorial Exemplo: “palavras sem som”, “vozes sem ruído”. Comunicação pensamento-pensamento Não deveriam chamar alucinação, pois falta o caráter de sensorialidade. Imagem pós óptica: Exemplo: quando está muito debruçado numa atividade e à noite, persistem as imagens da atividade. Não é patológico. Alucinação negativa: ausência de visão de objetos reais por meio de um processo inconsciente, abole a imagem do campo perceptivo. Há quem considere errado chamar de alucinação, seria uma “cegueira histérica”. ➔ Alucinação é um sintoma Nem sempre o paciente relata uma alucinação. Observar outros sinais: solilóquio, risos imotivados, movimento ocular, comportamentos bizarros (tampar ouvidos/olhos, ferir ouvidos/olhos, ficar à “caça” de supostos insetos). Aula: 04 de março de 2021 Checagem de aprendizagem sobre Afeto (vídeos); 1. Afeto rebaixado,relata isolamento, demonstra apatia, não sente vontade, anedonia, quadro depressivo, pobreza na linguagem. 2. Afeto exaltado, sociabilidade aumentada, falante, fala produtiva, alta, acelerada, relata que antes era boba, no final demonstra hostilidade, energia aumentada, critica da realidade prejudicada. 3. Labilidade, dissociação, transbordamento, oscilação do humor, rindo e chorando. 4. Afeto rebaixado, hipotimia, postura, expressão facial. Investigando a sensopercepção Alucinações auditivas: você ouve sons ( assovios, apitos, sirenes, sinos) ou vozes que as outras pessoas não ouvem? Essas vozes comentam sobre o que você está fazendo ou sobre você? Elas ordenam que você faça algo? Você responde/conversa com essas vozes? investigar vozes, tipo, frequência, o que dizem? Alucinações visuais: você vê objetos/vultos/pessoas/animais que as outras pessoas não veem? investigar visões, o que vê, sente se assustado, cores, momento em que aparecem? Alucinações olfativas e gustativas investigar cheiros, gostos estranhos, desagradáveis; Alucinações tatéis investigar se paciente sente formigamento, beliscões, agulhadas seu corpo; Alucinações cenestésicas investigar se paciente fenômenos estranhos dentro do corpo; Alucinações cinestésicas investigar se paciente sente que seu corpo tem movimentado sem sua vontade. Experiência de Aprendizagem 1. Paciente relata que o barulho do motor da moto que passa na rua é escutado como insultos. ➔ Ilusão auditiva. 2. Paciente diz ouvir vozes que não existem o chamando de porco. ➔ Alucinação auditiva (audioverbal). 3. Paciente sente cheiro de cadáver ➔ Alucinação olfativa do tipo 4. Paciente relata ver o diabo na sua frente e este o chama de covarde ➔ Alucinação audiovisual. 5. Paciente, ao olhar seu cunhado, diz que este se transforma no “ser das trevas” ➔ Ilusão visual 6. Um fumante de ópio imaginou estar dormindo de repente ter se á acordado Apalpando em torno de si na escuridão da noite, sentiu algo de fio e duro era um cadáver Sem se amedrontar, tomou o morto em seus braços e o levou para o quarto vizinho fechou a porta, trancou a à chave e voltou a deitar se em sua cama. Mal havia adormecido, ouviu um rumor que o despertou. Psicopatologia A porta se abriu e o cadáver tornou a entrar no quarto, cambaleando como se por trás da carne lhe faltasse a ossatura Dirigiu se para a cama do parceiro deitado e, sem dizer palavra, se estendeu com todo peso sobre o infeliz vidente este sentiu passar pelo seu rosto a barba e os cabelos do morto como também o seu hálito cadavérico. ➔ Alucinação visual, tátil, auditiva e olfativa. 7. "Parecia-me, embora estivesse acordado, que ora ouvia gemidos no meu cárcere, ora ouvia risadas contidas. Desde a infância, nunca acreditei em bruxas e duendes, mas na prisão aqueles gemidos e aquelas risadas me apavoraram eu não sabia como os explicar, de modo que eu era levado a perguntar se não estava sendo infestado por potências malignas desconhecidas. Muitas vezes acendi, tremendo, a lamparina e gritei indagando se não havia alguém debaixo da cama a caçoar de mim Sentado à mesa de leitura, parecia me que alguém me estava puxando pela roupa ou que estavam empurrando um livro de modo a fazê-lo cair no chão ou ainda parecia me que um indivíduo atrás de mim estava soprando no fogo da lamparina para apaga-lo. Então eu me levantava e pulava, olhava em torno de mim, circulava desconfiado pelo recinto e perguntava a mim mesmo se eu tinha enlouquecido ou se estava coma a mente lúcida” ➔ Alucinose. 8. Paciente diz ver um leão de asas, um caracol que cavalga um ouriço. ➔ Alucinação visual 9. Paciente refere ouvir uma espécie de linguagem dos espíritos, feita de vozes sem ruído, de palavras interiores que não soam. ➔ Alucinações psíquicas 10. “Vejo uma serpente atrás de mim” ➔ Alucinação Extracampinas. 11. “Meu corpo está apodrecendo, meu estômago encolhendo “Estou afundando profundamente” Alucinação cenestésica e cinestésica. Aula: 01 de março de 2021 DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ª Ed. Porto Alegre Artmed, 2008. A afetividade e suas alterações Vida afetiva: dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor às vivências humanas; ▪ Não há consenso sobre a etiologia das emoções (neurobiológica, cultural); ▪ Afetividade: “genérico, compreende várias modalidades de vivências afetivas (emoções, sentimentos); ▪ Quanto mais a pessoa é afetada por fatos/estímulos, mais há uma alteração e menos a objetividade; ▪ Quanto mais próximo (real ou virtual) do estímulo, mais se confunde o objeto da percepção com a percepção. A experiência AFETA o ser. Vida afetiva Cinco tipos básicos: Humor (estado de ânimo): tônus afetivo, estado emocional basal e difuso Lente afetiva; Emoções: Reações afetivas agudas, momentâneas desencadeadas por estímulos importantes. Estado afetivo intenso, de curta duração; Sentimentos: estados afetivos estáveis menos intensos/reativos (saudade); Afetos: tônus emocional que acompanham uma ideia Dão colorido às ideias, acoplando se a elas Componente emocional da ideia; Paixão: estado afetivo extremamente intenso que domina a atividade psíquica, captando a atenção/interesse em uma só direção; Na avaliação do humor, considerar a tonalidade de sentimentos durante a entrevista ▪ Conteúdo verbalizado; ▪ O que se deduz do tom e da expressão facial e corporal; ▪ A maneira COMO o paciente relata os sentimentos; ▪ Oscilações e variações do humor durante o relato. Psicopatologia Observar/investigar: ▪ Ideias planos suicidas e homicidas ▪ Autoestima ▪ Volição (energia investida disposição) ▪ Equivalentes orgânicos Tonalidade emocional: expressividade presença/intensidade ansiedade, tristeza, apatia, desconfiança, exaltação, embotamento; Modulação: controle sobre os afetos; Adequação da manifestação: associação afeto pensamento, intensidade, duração; Equivalentes orgânicos: apetite, sono, libido. CATATIMIA: influência que a vida afetiva exerce sobre as demais funções psíquicas. Reação afetiva A vida afetiva ocorre sempre em contexto de relações: Reatividade (resposta/reação afetiva). Sintonização afetiva: capacidade do indivíduo ser influenciado afetivamente por estímulos externos; Irradiação afetiva: capacidade de transmitir, irradiar, contaminar os outros com seu estado afetivo momentâneo; Alteração: rigidez afetiva que é a incapacidade de sintonizar e irradiar afetivamente. Alterações psicopatológicas do humor DISTIMIA: alteração básica do humor Hipotimia: inibição Hipertimia: exaltação O “sintoma” distimia é diferente do “transtorno Distímico” (CID 10: transtorno depressivo leve e crônico). Hipertimia: humor exaltado, presente no taquipsiquismo (base afetiva das síndromes maníacas); ▪ Euforia: alegria patológica, desproporcional às circunstâncias, morbidamente exagerado ▪ Elação/expansão do eu: ultrapassa a euforia patológica, sensação subjetiva de grandiosidade e/ou poder. Hipotimia: humor rebaixado, presente no bradipsiquismo (base afetiva das síndromes depressivas); ▪ Humor triste: inclui sentimento de desvalia, baixa autoestima, desesperança Pode ocorrer com ideia de morte (desejo de estar morto) e ideias suicidas (pensa em se matar). Disforia: distimia de tonalidade desagradável, mal- humorada. Síndromes depressivos/maníacas disfórica: quadro depressão/mania acompanhado de forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade. Puerilidade: humor com aspecto infantil, simplório, regredido. Ri ou chora por motivos banais, vida afetiva superficial, sem afetos consistentes e duradouros. Estados de êxtase: experiência de beatitude, sensação dedissolução do eu, pode ter colorido hipertímico e expansivo. Contexto místico, considerado fenômeno cultural e não psicopatológico. Irritabilidade patológica: hiperatividade desagradável, hostil (a estímulos, mesmo pequenos (crítica, pessoas no local) Ocorre na depressão, Transtorno Disfórico Pré menstrual, mania. Ansiedade: estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna Inclui manifestações somáticas e fisiológicas (falta de ar, taquicardia, sudorese, aumento/diminuição pressão sanguínea) e manifestação psíquica (inquietação interna, apreensão). Angústia: sensação aperto no peito e nó na garganta, sufocamento. Tem conotação mais corporal e relacionada ao passado. Medo: refere-se a um objeto mais ou menos preciso. Medo de algo. Alterações das emoções e sentimentos Hipomodulação dos afetos: incapacidade de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial, indicando rigidez afetiva. Fixidez. Hipermodulação: (associada à labilidade afetiva) é a oscilação do humor manifesto. Inadequação do afeto (paratimia): reação completamente incongruente a situações existenciais ou à conteúdos ideativos, revelando desarmonia entre vida psíquica. (Dissociação entre afeto e pensamento relação conteúdo do pensamento e afeto manifesto). Psicopatologia Apatia: diminuição da excitabilidade afetiva Não sente, apesar de saber da importância da situação Hiporreativo. Quadro depressivos. Pobreza de sentimentos e distanciamento: perda progressiva das vivências afetivas, empobrecimento na vivência de variações na esfera afetiva. Síndromes psicorgânicas demências e algumas esquizofrenias. Embotamento afetivo, devastação afetiva: perda profunda da vivência afetiva. Observável, constatável pela postura e atitude Formas negativas da esquizofrenia. Sentimentos de falta de sentimento: incapacidade de sentir, experimentada de forma penosa Há clara percepção, com queixa de sentir se morto/vazio. “Não sentir” é sofrido. Quadros depressivos graves. Anedonia: incapacidade total ou parcial de sentir prazer em determinadas atividades ou experiências da vida. Quadros depressivos, esquizofrenia, transtorno de pê neuroses graves. Labilidade afetiva: mudanças súbitas e imotivadas do humor Oscila abrupta e inesperadamente de um estado afetivo para outro. Incontinência afetiva: não consegue conter suas reações afetivas. São apropriadas aos estímulos, mas desproporcional. ▪ Labilidade e incontinência afetivas: hiperestesia emocional (excesso de sensibilidade), indicam exagero nas reações. Ambivalência afetiva: sentimentos opostos e simultâneos em relação a um mesmo objeto/estímulo. Ao mesmo tempo, apresenta sentimentos opostos; Neotimia: sentimentos e experiências afetivas completamente novas vivenciadas nos quadros psicóticos Afetos muito bizarros e estranhos para a própria pessoa que experimenta (elação, terror). Experiência peculiar e radicamente diferente da esquizofrenia. Pode antecipar o surto (trema/prodrômico). Medo: não é uma emoção psicopatológica, mas universal Estado de progressiva insegurança e impotência crescente frente à impressão iminente de que sucederá algo que a pessoa gostaria de evitar e não pode. Fobia: medo patológico, desproporcional ao perigo real desencadeante (objeto/situação fóbico) O contato com o estímulo/circunstância/objeto fóbico desencadeia intensa crise de ansiedade. Pânico: reação de medo intenso/pavor, relacionado ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole e desintegração Início abrupto, duram minutos e tendem repetir-se, muitas vezes sem identificar o fator desencadeante. Algumas emoções/sentimentos considerados normais, podem ter implicações psicopatológicas, a depender da intensidade/contexto. Ciúme: receio diante da ideia/certeza/sensação que a pessoa amada vai abandoná-lo, trocá-lo, preteri-lo Sem crítica, intenso, pode ser difícil de diferenciar do delírio de ciúmes. Inveja: sensação de desconforto perante a constatação q o outro possui qualidade que ele deseja ter e não tem. Casos de neurose grave e transtorno de personalidade. Investigando o afeto ▪ Humor ansioso ▪ Humor irritado ▪ Humor triste, apático, inibido ▪ Humor hipertímico (alegre) ▪ Emoções e sentimentos Experiência de Aprendizagem Humor 1. Paciente se apresenta com humor exagerado, rapidamente, em meio ao seu relato, passa de um estado de alegria intensa a um profundo aspecto triste acompanhado de choro. ➔ Hipermodulação 2. L. de 24 anos, chega ao serviço com aparência infantilizada, rindo e chorando por motivos banais. Mostra se superficial, sem afetos profundos, consistentes ou duradouros. ➔ Puerilidade 3. Marcos, 30 anos, relata diferentes situações da vida, situações positivas e negativas, com a mesma expressão facial e o mesmo tom de voz. ➔ Hipomodulação Psicopatologia 4. Segundo a mãe, Jaci está aos poucos “esfriando emocionalmente”, explica que a filha parece distante e fria a situações da vida. ➔ Pobreza de sentimento ou distanciamento afetivo. 5. Jorge demonstra não apresentar nenhum sentimento, é visualmente fechado, não se envolve ou se relaciona com as pessoas, não tem sem expressão afetiva, sua voz monótona e tem a face imóvel. ➔ Embotamento afetivo. 6. Jaci diz “não sentir” nada, embora essa percepção a faça sofrer terrivelmente. ➔ Falta de sentimento. 7. Fernando, 23 anos, há seis meses, vem se queixando de não sentir prazer nas atividades e envolvidos que antes sentia satisfação. ➔ Anedonia. 8. Joice chega à internação apresentando se instável, sendo que bruscamente mudava de humor de maneira imotivada. De uma hora pra outra, oscilava inesperadamente de um estado afetivo triste para um estado eufórico. ➔ Hipermodulação e labilidade afetiva. 9. Renato diz sentir um medo absurdo quando se depara com a necessidade de atravessar ruas. ➔ Fobia. 10. Luiza diz “preferia estar morta” 1º (pensamento de morte). Após mais conversas, fala “penso em me matar, em acabar com a minha vida” 2ª (ideação suicida) e continua “vou comprar remédio para tomar a caixa toda” 3º (plano suicida). 11. Paciente encontra se, diferentemente do comportamento habitual, com alegria “exagerada”, rindo imotivadamente e cumprimentando a todos com inadequado contato físico Fala e se mexe sem parar. → Humor exaltado, alegria patológica, euforia (Hipertímico). 12. Paciente refere que aquilo tudo que a equipe faz é muito fácil, que ela poderia assumir todas as funções com tranquilidade, uma vez que é muito competente e inteligente. ➔ Elação do eu. 13. Paciente fala que é melhor do que os “incompetentes” membros da equipe. Apresenta se desafiadora e com agressões verbais. ➔ Irritabilidade e hostilidade. Aula: 01 de março de 2021 A vontade, psicomotricidade e suas alterações Vontade: esfera complexa da vida mental, relaciona se com o instinto, afetividade, intelectualidade (capacidade de julgar, avaliar, decidir) e conjunto de valores socioculturais. Pode ser entendida como desejo (consciente ou inconsciente. Ato volitivo/ato de vontade (ação voluntária) - 4 fases ▪ Intenção ou propósito → Se esboçam as tendências ▪ básicas e interesses; ▪ Deliberação (ponderação) → Ponderação, análise pontos positivos/negativos Apreciação das ▪ implicações da decisão; ▪ Decisão → Momento culminante do processo volitivo, demarca o começo da ação; ▪ Execução (Psicomotricidade) → Fase final, conjunto de atos psicomotores simples e complexos decorrentes da decisão postos em funcionamento. Psicopatologia Vontade: Hipobulia → dimunuição Abulia → ausência Hiperbulia → aumento Alterações da vontade: Ato impulsivoDéficit no ato volitivo, predominam as ações psicomotoras automáticas e incontroláveis; “curto- circuito no ato volitivo” Egossintônico: sem crítica, não tenta evitar. Exemplo: ato de agressividade, sempre envolver-se em brigas de ordem físicas, ou uso de substâncias. Ato compulsivo Atos repetitivos que ocorrem na tentativa de neutralizar um desconforto, produzindo um alívio imediato Egodistônico: há crítica, tenta resistir. Exemplo: quando o sujeito esquece que desligou o fogo do fogão. Impulsos e compulsões patológicos: Autoagressivos e heteroagressivos: ▪ Automutilação: impulso/compulsão de comportamento de autolesão voluntaria (tricotilomania → tirar cabelo, se morde, se corta, se morde, se bate). ▪ Frangofilia impulsos de destruir objetos, quebrar coisas, detruir coisas de maneira geral; ▪ Piromania impulso de atear fogo, colocar fogo, são episódios repetidos, pode estar dentro de um quadro psicopatológico; ▪ Impulso/ato suicida: ato de tentar/matar se. Relacionados à ingestão de drogas/alimentos ▪ Dipsomania: impulso/compulsão periódicos de ingerir grandes intensidades de álcool bebe seguidamente até ficar inconsciente; ▪ Potomania: impulso/compulsão de beber água sem sede proporcional, perde a noção de saciedade ▪ Bulimia: impulso/compulsão de ingerir rapidamente grande quantidade de comida, sente culpa, medo de engordar, provoca vômito, toma laxante. Relacionados ao desejo/comportamento sexual (“perversos sexuais”) Fetichismo: impulso e desejo sexual concentrados em tipos de vestimentas ou partes do corpo; Exibicionismo: impulso de mostrar genitais ou ato sexual, geralmente contra a vontade da outra pessoa; Voyeurismo: impulso de obter prazer pela observação de uma pessoa no ato sexual ou nua. Relacionados ao desejo/comportamento sexual (“perversos sexuais”) Pedofilia: desejo sexual por crianças, adolescentes; Pederastia: desejo por criança/adolescente do mesmo sexo; Necrofilia: por cadáveres Ninfomania/satiríase: desejo sexual aumentado hipersexualizada/o. Outros Poriomania: impulso de andar a esmo; Cleptomania/roubo patológico: compulsão de roubar, precedido de ansiedade e apreensão, que alivia quando rouba; Compulsão a comprar: necessidade de obter coisas, sem utilidade/necessidade. Alívio imediato, depois culpa. Jogo patológico: compulsão por jogos de azar, apostas, apesar de prejuízos; Compulsão por internet e vídeo games. Negativismo: oposição às solicitações Resistência automática a pedidos Nega se a colaborar nas condutas terapêuticas. ➔ Quando se pede e o paciente se nega a fazer e atender as condutas terapêuticas. Mutismo: (linguagem) forma de negativismo verbal. (tipo de negativismo verbal) Sitiofobia: (recusa a alimentos quadros delirantes/depressivos); Obediência automática: Obedece a tudo automaticamente (‘robô teleguiado’) Perde autonomia e capacidade de conduzir seus atos volitivos. ➔ É quando precisa-se conduzir o paciente a fazer tarefas rotineiras. Psicopatologia Fenômenos em eco: repete de forma automática (atos, mímicas), perda do controle da atividade voluntária e substituição por atos automáticos sugeridos pelo meio. Ecopraxia: movimentos Ecolalia: linguagem ➔ O paciente repete aquilo que o outro faz. Automatismo motor: Sintomas psicomotores (movimento lábios, abotoar/desabotoar blusa, deambular). ➔ O paciente fica andando de um lado para o outro sem nenhum objetivo. Psicomotricidade: Ato motor, componente final do ato volitivo. Suas alterações são a expressão final da alteração da volição. Alterações da psicomotricidade: Agitação psicomotora: aceleração e exaltação da atividade motora (reflete a agitação da atividade psíquica taquipsiquismo), secundariamente vem a taquicardia. Em geral, associada à heteroagressividade e hostilidade. Lentificação psicomotora: lentidão da atividade psicomotora (reflete a lentificação da atividade psíquica bradipsiquismo). ➔ Movimentação voluntária lenta, difícil, pesada. Inibição psicomotora: estado acentuado e profundo de lentificação psicomotora. Estupor: perda de atividade espontânea (nível de consciência aparentemente preservado e capacidade física para reagir), envolve a comunicação verbal (não verbal, mímica, olhar, gesticulação e marcha Restrito ao leito, acordado, mas sem reagir. Não se alimenta/faz necessidades voluntariamente; Catalepsia: acentuado exagero do tônus postural, com redução da mobilidade; Flexibilidade cerácea: quando coloca parte do corpo numa posição e ao soltar, o paciente mantém; Cataplexia: perda abrupta do tônus muscular, levando à queda. ➔ O paciente fica fraco a ponto de cair. Estereotipias motoras: repetições automáticas e uniformes de determinado ato motor complexo, perda do controle voluntário; ➔ Maneirismo: é um tipo de estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e repetidos geralmente complexos e que buscam certo objetivo. Posturas e movimentos estranhos, bizarros, afetados, exagerados; Tiques: atos coordenados, repetidos, resultantes de contrações súbitas, breves e intermitentes de um grupo muscular. Acentuam se com a ansiedade; Conversão: surgimento abrupto de um sintoma físico (anestesia, cegueira), após situações estressantes ou de conflito. Para psicanálise expressão simbólica de um conflito. Apragmatismo/hipopragmatismo: incapacidade dificuldade de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente complexas higiene, limpar quarto; ➔ Quadros afetivos rebaixados, crônicos, demência (pragmático: de ordem prática). Apraxia: perda da atividade gestual complexa por lesão neuronal incapaz/dificuldade realizar atos intencionais, voluntários falta entendimento da ordem como fazê-los. Apraxia da vestimenta, apraxia da marcha, ideativa (uso de objetos). ➔ Demência (praxia: movimento motor intencional) Alterações da psicomotricidade Marcha ▪ Marcha do paciente histérico: irregular, mutável, movimentos supérfluos, balançado exagerado, arremessos de pernas e tremores nas extremidades Dá impressão que vai cair, mas só cai na presença dos outros/não se machuca. No exame físico, tudo parece normal; ▪ Marcha de pacientes esquizofrênicos: bizarra, com maneirismos e estereotipia. Com uso de neurolépticos congelamentos dos movimentos devido contração muscular de tronco/membro, revelando marcha bizarra. Psicopatologia Considerar ▪ Alterações psicomotoras associadas ao uso de psicofármacos antipsicóticos típicos produzem alteração do tônus muscular, postura e movimentação voluntária e involuntária; ▪ Alterações psicomotoras decorrentes de doenças neurológicas (lesões neuronais). ▪ Iniciativa para vir à consulta; ▪ Atitude geral (por ex.:passiva, ativa, colaborativa); ▪ Movimentos espontâneos; ▪ Tom de voz; ▪ Fala; ▪ Gestual; ▪ Dificuldade no controle das emoções; ▪ Impulsividade (contra si/outros; perguntar a terceiros também); ▪ Julgamento e sentimento moral (questionar reações diante de dilemas). Comentários vídeos: Alteração da psicomotricidade 1. Apraxia da Marcha, o indivíduo desaprendeu a andar; 2. Praxia vestimenta 3. TOC 4. Tiques Aula: 11 de março de 2021. Pensamento PAIM, I Curso de psicopatologia São Paulo EPU, 2002 Capítulo 5 Alterações do raciocínio Pensamento se constitui de elementos sensoriais (imagens perceptivas e representações, não intelectivos), que formam substrato para o processo de pensar. Elementos constitutivos do pensamento: Conceito: elimina aspectos sensoriais, mediante abstração e generalização reduz o múltiplo a uma unidade exprime os caracteres mais gerais dos objetos/fenômenos. Juízo: advém do estabelecimento de relações entre conceitos estabelece relação entresujeito e predicado. (objeto e sua utilidade, relações entre conceitos). Raciocínio: função de relacionar juízos. (elemento mais sofisticado, relação entre juízos). Dimensões do Processo do pensar: Curso: modo como o pensamento flui, velocidade, ritmo. Forma: estrutura básica, “arquitetura do pensamento”; Conteúdo: preenche a forma; dá substância, temas, assuntos. Alterações do raciocínio (estilo de pensar) Pensamento inibido: ▪ Diminuição da produção (em termos quanti e qualitativos) pensamento pouco produtivo; ▪ Pensam com muito esforço, com sensação de incapacidade; ▪ Revelam dificuldade de compreensão; ▪ Reflexos na linguagem sem iniciativa na conversa, demoram a falar, latência pergunta/resposta; ▪ Quadros depressivos, demenciais, estupor. Fuga de ideias ▪ Variação incessante no tema e incapacidade para concluir Tendência incontrolável de falar (pode chegar à logorréia); 1) Desordem e aparente falta de finalidade/sentido 2) Associação das palavras por assonância 3) Facilidade em desvios por distraibilidade (atenção) 4) Aceleração do ritmo verbal ▪ Resulta de excitação interna, revela hipervigilância ▪ Confusão ideofugitiva (palavras não emitidas por completo) ▪ Há uma ligação entre os elementos! ▪ Quadros de mania. Pensamento vago ▪ (dissociado, desagregado, ambíguo vaicuidade impreciso indefinido); Psicopatologia ▪ As relações conceituais e a formação de juízos são imprecisos (não pobres), ambíguos, pouco claro; ▪ Disfunção na expressão do pensamento; ▪ Esquizofrenia, Demências iniciais, transtorno de personalidade. Bloqueio/interceptação ▪ Parada no curso do pensamento ▪ O paciente, ao relatar algo, no meio do que fala, tem seu pensamento bloqueado, brusca e repentinamente, sem motivo aparente. O pensamento para. As vezes, retoma o pensamento outras vezes, inicia outro pensamento; A interrupção responde a uma excitação interna/externa (pode ser seguido de Roubo de pensamento delírio); Esquizofrenia. Compulsão a pensar Pensamentos que surgem na mente do sujeito independente de sua vontade coação interna a pensar sente se forçado a pensar Esgotamento “acumulam pensamentos em mim” “as ideias se atropelam na minha mente” “alguém está me obrigando a pensar (blasfêmia, sexo)” Esquizofrenia. Pensamento derreísta (mágico) Manifesta se como um devaneio, o pensamento volta se ao mundo interno (sonhos) O pensamento obedece à lógica que satisfaz o sujeito, distorcendo a realidade Se opõe à realidade Esquizofrenia, transtorno de personalidade, crianças normais. Pensamento concreto Não há distinção entre dimensão abstrata e concreta Não consegue entender metáforas Não entende as entrelinhas (o duplo sentido e outras abstrações Deficiência intelectual, esquizofrenia grave. Ideias prevalentes ou supervalorizadas Conjunto de ideias, com importante tom afetivo, que predominam sobre os demais pensamentos e se mantém; Exercem forte ação sobre a vida mental; Egossintônico. Hipocondria, anorexia Pensamento obsessivo Ideias que, apesar de serem reconhecidas com conteúdo absurdo ou repulsivo, impõem se à consciência de modo persistente e absurdo; Luta constante contra o pensamento obsessivo, o que resulta muita angústia; Incapacidade de concluir, estado de dúvida permanente; Apreensão e ansiedade; Egodistônico TOC Pensamento prolixo Leva muito tempo e esforço, dá longas voltas sobre o tema; Mistura o essencial com o supérfluo; Há dificuldade de obter a construção direta, clara e acabada, falta síntese, superinclui assuntos. Tangencialidade: responde à pergunta de forma oblíqua e irrelevante, apenas margeiam o perguntando, nunca chega ao objetivo final; Circunstancialidade: fica rodando em volta do tema, superinclui com muitos detalhes chega ao objetivo final. Transtorno de personalidade, TOC grave Incoerência Confuso, contraditório, ilógico Não há coerência interna do pensamento Pensamento demencial Empobrecimento desigual do pensamento Em certos pontos, pode ter elaborações mais ou menos sofisticadas, embora sejam imperfeitas Ainda há resquício de conceitos abstratos e raciocínio complexo, mas com o progredir da síndrome vai predominando o pensamento pobre, concreto e desorganizado No início, tenta dissimular há dificuldade de encontrar palavras, o que o faz usar termos mais genéricos. Transtorno neurocognitivo (demência); Pensamento deficitário (oligofrênico) Estrutura pobre e rudimentar Tende ao raciocínio concreto, os conceitos são escassos e utilizados literalmente; Psicopatologia A memorização pode ser extensa, porém mecânica e rígida (ilhotas de memória), mas não compreendem fatos da vida (filme Rain Main); Deficiência intelectual Alterações do curso do pensamento Lentificação do pensamento; Velocidade de produção do pensamento diminuída Aceleração do pensamento Velocidade de produção do pensamento acelerada Alterações do conteúdo do pensamento Persecutoriedade (conexão com conteúdo de poder, riqueza, ruína, culpa). Sexualidade Temas religiosos/místicos Hipocondríacos Investigando pensamento “Qual a semelhança entre carro, trem e avião?” Que diferença há entre dizer uma coisa errada e uma mentira? Avaliar a bstração Generalização Sofisticação da resposta Como flui o pensamento Compreensão do raciocínio Desorganização do fluxo do pensamento Concretude Conteúdos mais recorrentes Experiência de Aprendizagem 1. Fernando diz as ideias se atropelam em minha cabeça parece que tenho uma urgência em pensar tenho pressa de pensar o tempo todo acabo ficando esgotado de tanto pensar, pensar, pensar... Compulsão a pensar. 2. A paciente ao ouvir que determinada situação estava “cheirando mal”, passou a exibir comportamentos de quem fica a cheirar procurando pelo mau cheiro. Pensamento concreto. 3. Marcos afirma que vive a pensar que sua mulher pode cair pela janela de sua casa embora saiba da impossibilidade e da estranheza desse pensamento Ainda assim, não consegue afastar essa ideia de sua mente. Pensamento obsessivo 4. E: Quantos anos você tem? P: Ah, minha idade Sabe que quando nasci minha mãe me contou que foi uma grande festa. Meus tios vieram de longe me ver. Fomos todos pra casa La minha avó fez arroz com frango, cheio de salsinha sabe? Tooooodddooo mundo lembra desse arroz Minha vó deixa o arroz queimar o fundinho, então fica bem marronzinho e aqueleeee cheiro bom Todo mundo comeu um monte Menos eu, ne. Eu só no peito Minha mãe me amamentou até os dois anos Ela conta que eu não queria largar do peito dela. E: Ta, interessante, mas quantos anos você tem? P: Iiiii sou nova não Imagina! Se fosse hoje em dia já não dava mais pra amamentar tanto tempo, ne? Porque cê sabe hoje mulher tem que trabalhar Eu mesma tive que voltar a trabalhar logo que tive meus filhos Meus filhso tem 4 6 9 anos. Todos eles já estão na escola Sabe, eles estudam lá no bairro onde moro ➔ Pensamento prolixo tangencial P: Eu mesma tenho 35 anos e nunca fui à escola. ➔ Pensamento prolixo do tipo circunstancial. Aula: 15 de março de 2021 Juízo crítico de realidade DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais 2 ª Ed. Porto Alegre Artmed, 2008. Capítulo 19 O juízo crítico de realidade e suas alterações (o delírio). Algumas definições importantes: Ajuizar: produzir juízos; Juízo: processo que conduz ao estabelecimento das relações entre conceitos Julgar: estabelecer relação entre conceitos. Psicopatologia Erro simples ▪ O rigina se do julgamento apressado e baseado em premissas falsas (preconceitos); ▪ São passíveis de correção pela experiências/provas▪ Normalmente se acentuam em situações com emoções fortes, que impedem a análise dos fatos Tipos mais comuns: preconceito, crenças culturais, superstições, ideias prevalentes. Jaspers: erros são compreensíveis. Alterações psicopatológicas do JCR Delírio 3 características: 1. convicção extraordinária/certeza subjetiva absoluta; 2. impossível modificar o delírio pela experiência objetiva, por provas da realidade, por argumentação é irremovível seu conteúdo é impossível; 3. Ainda é uma produção associal (não compartilhável). Jaspers: “ideias delirantes ou juízos patologicamente falseados” Indicadores de gravidade do delírio Kendler Delírio: ✓ Convicção ✓ Bizarrice ✓ Desorganização ✓ Pressão ✓ Resposta afetiva ✓ Comportamento desviante Delírio primário: (Ideias delirantes verdadeiras) ▪ Jaspers: o verdadeiro delírio é um fenômeno primário. ▪ É psicologicamente incompreensível, impenetrável e inteiramente novo. Delírio secundário (idéias deliróides): ▪ Manifesta se como o delírio primário, mas decorre de alterações profundas de outras funções psíquicas; ▪ São produtos de condições psicologicamente rastreáveis e compreensíveis. Classificação dos delírios – estrutura Simples: ideias que se desenvolvem em torno de um só conteúdo, de um tema único; Complexos: englobam vários temas, com múltiplas facetas, conteúdos variados; Não sistematizados: sem consistência, o conteúdo/detalhes variam de momento para momento mais comum em paciente com baixo nível intelectual/ demenciados; Sistematizados: consistência, ricos, organizados, que se mantém ao longo do tempo em pessoas intelectualmente mais desenvolvidas, nos transtornos delirantes (paranoia). Surgimento e evolução dos delírios ▪ Os delírios, em geral, surgem depois de um período pré-delirante (Jaspers: humor delirante); ▪ Período prodrômico: período com conjunto de sinais e sintomas (sintomas prodrômicos) que prenunciam o transtorno mental; ▪ Experimenta aflição e ansiedade intensas, sente que algo terrível vai acontecer, sem saber o que, perplexidade, sensação de fim de mundo, estranheza radical. ▪ Cessa quando o paciente configura o delírio, é uma revelação inexplicável. Após essa “revelação” (delírio) o paciente se acalma. Curso Agudo: Surgem e desaparecem rapidamente; Curso Crônico: Persistentes, contínuos, de longa duração, pouco mudam. Mecanismos constitutivos do delírio: Multifatorial: (fatores cerebrais, psicológicos, afetivos, personalidade pré mórbida sociocultural) Importante: é uma construção subjetiva, uma tentativa de reorganizar o funcionamento mental, um esforço do aparelho psíquico para lidar com a desorganização psicopatológica. Psicopatologia Construção/formação dos delírios Interpretação: atividade interpretativa, mecanismo que está na base de todos os delírios distorção radical na interpretação dos fatos/vivências a partir de múltiplas interpretações, a pessoa tece um delírio geralmente respeita determinada lógica interna. Alteração da senso-percepção: constituído a partir de experiências alucinatórias conta com uma atividade interpretativa. Percepção delirante: parte de uma percepção normal que recebe uma significação delirante (ex: vê alguém de roupa branca, entende que trata de um complô contra ele ao ver uma mobília fora do lugar, crê que foi escolhido para anunciar a chegado do Messias), uma revelação abrupta, ‘passa a entender tudo’. Memória: delírio construído por elementos da memória (verdadeiros lembranças reais ou falsas lembrança de alucinações). Intuição: a pessoa intui repentinamente, capta imediatamente um novo sentido para as coisas, formando nova realidade, convicto e irredutível Não precisa fundamentar, não busca provas para checar veracidade, ele “sabe” como uma revelação. Afetividade (delírio catatímico): em estados afetivos intensos (depressão e mania grave), a pessoa passa a viver um mundo fortemente marcado por tal estado afetivo. Alteração da consciência: (associados à turvação da consciência, ricos em vivências oníricas, com certa confusão do pensamento Não houve a crítica com relação às vivências oníricas. Tipos (conteúdo) de delírio ▪ Persecutório ▪ Megalomaníaco ▪ Religioso/místico ▪ Depressivo/melancólico Delírios de cunho persecutório Delírios de perseguição: Crença de que os outros (as vezes, vago eles) estão perseguindo. Crença de estar sendo vítima de conspiração, traição, espionagem, perseguição, envenenamento, alvo de comentários maldosos e assédio Pode haver ideias bizarras. “Minha mãe está tentando me envenenar com elementos radioativos que coloca na água” Delírios de referência: Um evento ambiental neutro é visto como tendo um significado especial e pessoal. Entende que fatos cotidianos têm relação com ele. “O repórter da TV está falando de mim” Delírio de relação: Constrói conexões entre fatos, sem motivação compreensível. “As chuvas do verão e o inverno atual indicam que o fim do mundo se iniciará” Delírio de influência/controle: Crença de estar sendo controlado, dominado por forças ou pessoas. Inclui: Roubo pensamento/pensamento subtraído: delírio de que os pensamentos foram extraídos por pessoas/forças (alienígena, antenas, rádio). “A CIA está roubando meus pensamentos” Irradiação do pensamento: delírio de que os próprios pensamentos podem ser ouvidos (transmitidos por ondas eletromagnéticas). “Meus pensamentos estão sendo transmitidos” Inserção de pensamento/Controle de pensamento/pensamentos feitos: delírio de que os pensamentos estão sendo implantados delírio de que os pensamentos estão sendo controlados. “Alguém está plantando pensamentos na minha cabeça” “O controle remoto controla meu pensamento” Delírio de reivindicação: Crença de que é vítima de injustiça e se coloca como defensor dos injustiçados; Delírio de identificação/substituição: Crê que as pessoas estão adotando identidades falsas (o médico é um policial disfarçado impostor tomou o lugar do cônjuge ou de parente próximo); Delírio cenestopático: Crê que animais ou objetos estão dentro do seu corpo “Tem uma laranja podre no cérebro, cobra na barriga” Delírio de infestação: Crê que tem pequenos animais infestando corpo. Psicopatologia Delírio de infidelidade (ciúme delirante): Crê na infidelidade de sua esposa(o) de forma irracional e extrema. Percebe se traído de forma vil e cruel, ciúme intenso e desproporcional. Delírios de cunho megalomaníaco Delírios de grandeza: Crença de que é uma figura famosa ou importante extremamente especial, dotado de poderes e dotes superiores e incomuns (inteligência, beleza, capacidade de voar Pode ter poderes místicos e religiosos) Delírios eróticos / erotomaníacos: Acredita ser amado, em especial por pessoas famosas ou importantes. Delírio de descoberta / invenção: Completamente leigo e crê saber sobre algo, que descobriu uma cura de doença, inventou algo que salvará o mundo. Delírio de reforma / reformador / de missão / salvacionista: Crê ser destinados a salvar/redimir o mundo, ter uma missão. Delírios de cunho religioso/místico Delírio místico ou religioso: Crê ser um santo poderoso, poderes místicos, que entrou em contato com Deus, que tem uma missão mística Pode ter um tom grandioso “Sou o terceiro elemento da Santíssima Trindade” Delírios de cunho depressivo/melancólico Delírio de negação de órgãos: Crê que experimenta alterações corporais. Relata que o corpo está destruído ou morto, que não tem mais um ou vários órgãos. “Meu coração deixou de funcionar, sinto que meu fígado e estômago estão ficando doentes, deixaram de funcionar” “Não tenho coração” Delírios de ruína niilista: Crê que está ameaçado
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