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PSICOPATOLOGIA/SÚMULA PSICOPATOLÓGICA · Conceito É o resumo do exame psíquico (que faz parte da entrevista psiquiátrica associadamente à história psiquiátrica e o diagnóstico multiaxial), é a forma com a qual se identificam alguns sinais/sintomas de condições psiquiátricas. A partir da súmula, podem-se formular hipóteses diagnósticas e traçar um plano terapêutico. Além disso, a realização do exame físico é de extrema importância, uma vez que existem condições psiquiátricas secundárias a outras condições! · Diagnóstico Multiaxial A partir de um exame clínico bem realizado e do conhecimento das doenças, é possível realizar um diagnóstico com CID-10, DSM-V e em cinco diferentes eixos. EIXO 1: Síndromes ou Doenças Psiquiátricas; EIXO 2: Transtornos de Personalidade e Cognição (retardo mental); EIXO 3: Condições médicas/Perturbações orgânicas; EIXO 4: Condições socioeconômicas e culturais/estressores psicossociais; EIXO 5: GAF – Av. Global de Funcionamento/Indica o nível mais elevado do funcionamento adaptativo no período anterior ao diagnóstico. Para avaliar o eixo 4, devem ser levados em consideração tais condições: morte, separações, novo casamento de mãe/pai, abuso sexual ou físico, superproteção, negligência, disciplina inadequada, discórdia com irmão, nascimento de irmão, perda de um amigo, morar sozinho, dificuldades com aculturação, discriminação, adaptação à transição no ciclo vital, analfabetismo, ambiente escolar inadequado, problemas ocupacionais, de moradia, econômicos, acesso à saúde e outros. Quanto ao eixo 5, o GAF contém itens numerados de zero a cem e pode ser dividido em: superior, representado pelo funcionamento do desempenho ótimo de papéis sociais; médio, apresenta dificuldades moderadas no funcionamento social, ocupacional e escolar; e mínimo, o nível mais baixo de adaptabilidade social. · Elementos da Súmula Psicopatológica/Funções Mentais 1. Apresentação Aparência: cuidados higiênicos e estéticos relativos ao corpo, roupas, maquiagem e adereços – cabelo, barbas, unhas, dentes. - Alterações: Quanto à higiene: cuidada e descuidada, sendo esse último acompanhado de higiene corporal comprometida (roupas sujas, mau cheiro, barba grande, unhas sujas, dentes sujos). Quanto à aparência/estética: adequada, bizarra (qualitativamente diferente do ambiente) ou exibicionista (exposição excessiva de partes do corpo). Podem ser adequadas ou inadequadas. Atitude: comportamento com o médico e engloba a fala, gestos, mímica e movimentos corporais. - Não cooperante: “não vou ajudar em nada, não vou tomar os remédios”; - Oposição: se recusa a participar da entrevista (pode perguntar, não vou responder); - Hostil: ofende, ameaça ou agride fisicamente; - De fuga: reflete o medo do paciente (se tranca em cômodo, não fala); - Desconfiança: “Você é mesmo médico?”, “Existem microfones aqui?” - Querelante: discute ou briga por se sentir prejudicado ou ofendido; - Reivindicativa: “Quero ter alta agora!”; - Arrogante: atitude de desdém ou sentir-se superior; - Evasiva: evita responder certas perguntas se desviando do assunto; - Invasiva: deseja saber da vida do examinador, mexe em objetos sem autorização; - Esquiva: não deseja contato social; - Inibida: pouco a vontade; - Desinibida: inconveniente, sedutora; - Jocosa: constantemente fazendo piadas ou brincando; - Irônica: arrogância e agressividade; - Lamuriosa: queixa-se o tempo todo; - Dramática: hiperemocionalidade, histriônica; - Sedutora: elogia, tenta agradar ou despertar interesse sexual; - Pueril: infantil; - Gliscróide: grudento; - Simuladora: finge ter um sintoma ou doença; - Dissimuladora: esconde sintoma; - Indiferente: pode estar presente no DELIRIUM E DEMÊNCIA, autistas e déficit cognitivo, devido a não compreensão do exame; - Manipuladora; - Submissa: atende a todas as solicitações; - Expansiva: trata todos como pessoas íntimas; - Amaneirada: caricatural. “Vossa excelência”; muitas gírias, comum em esquizofrenia; - Reação de último momento: coopera de última hora. 2. Consciência ou Vigilância É a base de todas as outras funções mentais; É o dar-se conta que o indivíduo tem de suas vivências internas, de seu corpo e do mundo interno; - Alterações Quantitativas: referem-se à intensidade da clareza das vivências psíquicas; Redução da vigilância; O REBAIXAMENTO DO NC = OBNUBILAÇÃO, pode ser simples e oniroide. ▪ Obnubilação simples: não apresenta sintomas psicóticos – sonolência, hipoprosexia, desorientação tempo e espaço, hipoestesia, distúrbios de memória, apatia, inibição Psicomotora – intoxicação por álcool; ▪ Obnubilação oniróide: presença de sintomas psicóticos, principalmente ilusões e pseudoalucinações visuais → delirium tremens (abstinência de álcool) o indivíduo encontra-se agitado e assustado, sem orientação temporoespacioal, sem identificar as pessoas ao seu redor; - Obnubilação – diminuição da vigilidade, sonolência, lentificação. Desorientação. Comunica quando solicitado. Dificuldade em prestar atenção ao exterior. (qd se bebe bastante, passa-se do estado de euforia para este) - Sonolência – grande apatia, aumento da sonolência, poucos movimentos espontâneos. Linguagem escassa. Diminuição do tónus muscular. (continua a beber, neste ponto normalmente vomita e assim já não vai piorar) - Torpor – difícil despertar o doente: não há manifestações verbais. Alguns movimento de defesa em relação a estímulos dolorosos. Reflexos de deglutição e tosse muito diminuídas. (Se continuar a beber e não vomitar encontra-se já neste estado grave! Se vomitar nesta altura pode-se engasgar com o próprio vómito e este ir para os pulmões!) - Coma – impossível despertar o doente. Não reage a estímulos. Não há movimentos de defesa. Grande diminuição do tónus muscular. Diminuição dos reflexos. (normalmente são reversíveis se não houver lesões aparentes. Coma profundo pode causar lesões!) - Alterações Qualitativas: inclui o estreitamento de consciência em que o indivíduo está desperto, mas confuso, tem acesso somente a algumas vivências ou campos da consciência – ocorre na epilepsia, intoxicação alcoólica patológica, hipnose, sonambulismo. * Exemplo: Paciente que responde nome, idade, mas não lembra endereço, profissão, mesmo acordado. 3. Atenção Atenção = vontade + NC + sensopercepção + memória É o processo pelo qual a consciência é direcionada para determinado estímulo, permitindo um funcionamento organizado da mente! Interfere na sensopercepção e é importante para a fixação e evocação de memórias. é o tálamo que faz seleção da atenção. Consiste em orientar (ativa ou passivamente) a consciência para um determinado estímulo ou experiência. Permite ao indivíduo vigiar o que o rodeia. Tem pouco interesse para a patologia, uma vez que basta não estarmos em consciência vigil para haver perturbações na atenção! - Tenacidade – capacidade de concentração; - Vigilância – mobilidade da atenção. Alterações - Distraibilidade – incapacidade de manter a atenção em situações relevantes. Pode ser provocada por: Quant - Hipoprosexia – diminuição da atenção – fadiga, tédio, sonolência, DELIRIUM; - Aprosexia – abolição da atenção – no sono sem sonhos, coma; - Rigidez da Atenção – hipertenacidade e hipovigilância – TOC; Qualit - Labilidade da atenção - hipotenacidade e hipervigilância: mania, intoxicação por álcool. Exemplo: Pcte com TDAH é HIPOTENAZ e HIPERVIGILANTE, ou seja, baixa capacidade de se manter concentrado e alta capacidade de mobilidade de atenção. 4. Orientação É a capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente: tempo, espaço, quanto às pessoas, quanto à situação. - Orientação no Tempo - Orientação no Espaço - Orientação quanto as Pessoas - Orientação situacional Evolui na seguinte ordem: 1. Desorientação Temporal – o doente não sabe o dia, o mês, o ano em que se encontra. 2. Desorientação Espacial – o doente desconhece o local onde está (cidade ou país) 3. Desorientação em relação à Situação – o doente nãosabe a situação em que se encontra no momento (não percebe que está, p.e. num hospital, numa consulta médica) 4. Desorientação em relação a Si Próprio – o doente desconhece a própria identidade e não é capaz de fornecer dados acerca de si próprio Autopsíquica: paciente reconhece dados de identificação pessoal e sabe quem é; Alopsíquica: paciente reconhece os dados fora do eu; no ambiente; Confusional: rebaixamento do NC – delirium; Amnéstica: prejuízo da memória – korsakoff; Estreitamento da consciência: intoxicação; Apática: prejuízo do afeto e conação – sintomas negativos da esquizofrenia e depressão; Delirante: Síndrome de Capgras; Por déficit: deficiência intelectual; 5. Sensopercepção É a primeira parte da cognição, a percepção do mundo externo quanto a seus objetos reais. A sensação é um fenômeno passivo e objetivo decorrente da alteração produzida por estímulos externos nos órgãos sensoriais; a PERCEPÇÃO é um fenômeno ativo e subjetivo que resulta das impressões sensoriais de cada indivíduo. Qualidades Sensoriais: ▪ Exteroceptivas – visual, gustativa.. (órgãos dos sentidos) ▪ Interoceptivas – bem estar, sede, fome... (órgãos internos) ▪ Proprioceptivas – posição do corpo, barestesia. Alterações Quantitativas ▪ Agnosia – distúrbio do RECONHECIMENTO de estímulos exteroceptivos na AUSÊNCIA DE DÉFICIT SENSORIAL, as sensações são sentidas porem não percebidas / Ex: agnosia visual – capaz de descrever o objeto, sua cor, mas não sabe o que é! ▪ Hiperestesia - aumento global da intensidade perceptiva: as impressões sensoriais tornam-se mais intensas mais vívidas ou mais nítidas – Intoxicação por alucinógenos; ▪ Hipoestesia - diminuição global da intensidade perceptiva – alcoolismo; delirium; ▪ Anestesia - abolição da sensibilidade; ▪ Alucinação Negativa - aparente ausência de registro sensorial de determinado objeto presente no campo sensorial do paciente; como, por exemplo, não ver uma pessoa que está diante de seus olhos – o cérebro não enxerga a imagem; ▪ Macropsia – objetos parecem maiores; (Síndrome Guliveriana) ▪ Micropsia – objetos parecem menores; (Síndrome Liliputiana) ▪ Dismegalopsia – objetos deformados; Alterações Qualitativas ▪ Ilusão - percepção falseada, deformada, de um objeto real e presente – é dividida em por desatenção; catatímicas e oníricas ▪ Pareidolia - imagem (fantástica e extrojetada) criada intencionalmente a partir de percepções reais de elementos sensoriais incompletos ou imprecisos. Por exemplo: ver figuras humanas, cenas, animais, objetos etc., em nuvens, em manchas ▪ Alucinação - uma percepção na ausência dos estímulos externos correspondentes - Experiências perceptivas tomadas como reais na ausência de objeto real • Verdadeira - apresentam todas as características de uma imagem perceptiva real, incluindo a corporeidade e a localização no espaço objetivo externo, IRRESISTÍVELMENTE REAIS • Pseudoalucinações - Diferenciam-se das alucinações verdadeiras pela ausência de corporeidade e localização no espaço subjetivo interno • Alucinose - adequada e imediatamente criticadas pelo indivíduo, que reconhece o fenômeno como algo patológico, ocorre sob a lucidez de consciência - Alucinação Funcional: liga e desliga • Extracampina – fora do campo sensitivo • Hipnopômpicas – ocorre paralisia do sono Acorda no meio do sono REM • Hipnagógicas – ocorre na hora em que dorme • Cinestésica – falsa percepção de que o corpo está movimentando • Cesnestésicas – percepções viscerais; 6. Memória Capacidade de reter, fixar e recordar as experiências do indivíduo. · Memória Recente ou de Fixação (anterógrada – reter novas informações) · Memória Remota ou de Evocação (retrógrada – possibilidade de recordar experiências passadas) Etapas do processo mnêmico ▪ Fixação – aquisição de novas informações que depende da preservação do nível de consciência, da atenção, da sensopercepção. ▪ Conservação – manutenção das informações fixadas – ao longo do tempo, as informações sofrem um processo lento de desintegração, que segue a lei de regressão de Ribot, as informações recentes são perdidas primeiro que as mais antigas. ▪ Evocação – retorno à consciência das informações armazenadas → a EVOCAÇÃO NÃO É UMA CÓPIA FIEL DA FIXAÇÃO. Alterações Quantitativas ▪ Amnésia Anterógrada – ou DE FIXAÇÃO - Consiste na impossibilidade (ou dificuldade) de formar novas lembranças de longo prazo – quadros demenciais, transtorno amnéstico; ▪ Amnésia Retrógrada – ou DE EVOCAÇÃO - Refere-se à impossibilidade (ou dificuldade) de recordar eventos anteriores à atuação do fator causal do distúrbio mnêmico; não se consegue recuperar memórias de longo prazo, as quais tinham sido adequadamente fixadas; ▪ Amnésia Retroanterógrada – mista – mais comum, principalmente em quadros demenciais; ▪ Amnésia Generalizada - estão afetadas todas as recordações de grande parte do passado, compreendendo os últimos meses ou anos, ou mesmo a vida inteira. ▪ Amnésia Lacunar - falha de memória abrange especificamente determinado espaço de tempo, de limites relativamente precisos, durante o qual houve um prejuízo na capacidade de fixação; ▪ Amnésia Seletiva - Aqui o que as lembranças têm em comum é o seu significado afetivo; ▪ Hipermnésia Anterógrada - memorizar uma grande quantidade de números ou nomes; reproduzir na íntegra uma música ou um texto extenso após terem sido ouvidos uma única vez; ou efetuar cálculos matemáticos muito complexos - memorização se dá de forma mecânica, em geral sem que haja uma compreensão do significado do que está sendo fixado – espectro autista, déficit intelectual → SAVANT; ▪ Hipermnésia Retrógrada - Ocorre um excesso de recordações num breve espaço de tempo – mania; ▪ Hipermnésia lacunar - observada em pacientes com transtorno de pânico, especialmente em relação à rememoração do primeiro ataque; e no transtorno de estresse pós-traumático, em relação ao evento traumático; ▪ Hipermnésia seletiva – conteúdo e significado afetivo - ocorre na depressão, quanto a fatos dolorosos ou que despertem o sentimento de culpa; na mania, quanto a sucessos e realizações pessoais; e nos quadros delirantes, quanto a fatos que pareçam confirmar o seu juízo patológica; Alterações Qualitativas ▪ Alomnésia - Aqui as recordações de um evento real são deturpadas, distorcidas pelo indivíduo de forma involuntária ▪ Paramnésia - Trata-se da recordação de algo que de fato não ocorreu, de uma falsa lembrança, embora para o paciente ela seja verdadeira - Confabulações – descrições de acontecimentos passados que não aconteceram. Preenchem lacunas mnésicas (síndrome de Korsakoff) ▪ Deja vu - sensação de familiaridade diante de uma situação (ou objeto) inteiramente nova, como se ele já a houvesse vivenciado anteriormente ▪ Jamais Vu - há uma ausência da sensação de familiaridade diante de uma situação já vivenciada uma ou mais vezes no passado ▪ Criptomnésia - Recordações voltam à mente do indivíduo, mas não são reconhecidas como tais, parecendo a ele ideias novas, criações originais suas. É o mecanismo dos casos de plágio involuntário. ▪ Ecmnésia - presentificação do passado: a recordação é tão intensa, quase alucinatória, que o paciente se comporta como se o evento pretérito estivesse ocorrendo naquele momento, como se ele estivesse vivendo em uma época anterior de sua vida. 7. Pensamentos = Juízo + Raciocínio + Conceito ➔ Curso – velocidade em que o pensamento é expresso – ex.: fuga de ideias, taquipsiquismo, interrupção; ➔ Forma – forma em que o pensamento é expresso – ex.: encadeamento de ideias; ➔ Conteúdo – alterações no conteúdo do pensamento – ex.: delírio; · Delírio de Referência – relacionam conteúdos exteriores consigo próprios. · Delírio de Perseguição – sente-se perseguido, ameaçado. · Delírio de Grandeza – rico, superior, poderoso, possui privilégios. · Místicos / Fantástico – sente-se possuidor de poderes e qualidades superiores, religiosa, esotérica. · Delírio de Culpa – pensa que cometeu erro irreparável e que merece castigo. · Delírio Hipocondríaco · Delírio de Ciúme· Delírio de Prejuízo – “falam mal de mim” · Delírio de Influência – força externa controla suas ações Alterações Quantitativas ▪ Taquipsiquismo – fala mais rápida, rápida produção de ideias, maior velocidade no processo associativo; ▪ Bradipsiquismo - paciente fala mais devagar; há uma redução no número de ideias e representações, e inibição do processo associativo; ▪ Interrupção do curso – paciente deixa de completar uma ideia que foi roubada; Alterações Qualitativas ▪ Fuga de Ideias - variação rápida e incessante de tema, com preservação da coerência do relato e da lógica na associação de ideias – os pensamentos sofrem desvios por estímulos externos por meio de associações como RIMAS OU ALITERAÇÕES; ▪ Desagregação do pensamento – perda do sentido lógico na associação de ideias também pode ser chamado de pensamento desagregado, dissociado, incoerente, confuso, descarrilhado, frouxo. ▪ Prolixidade - discurso repleto de detalhes irrelevantes, o que o torna tedioso; a ideia-alvo jamais é alcançada ou só o é tardiamente. Decorre de uma incapacidade de síntese, de distinguir o essencial do acessório. ▪ Minucioseidade - discurso com um número excessivo de detalhes relevantes - É encontrada no transtorno obsessivo-compulsivo e no transtorno da personalidade obsessiva (anancástica). ▪ Perseveração - recorrência excessiva e inadequada no discurso do mesmo tema, ou uma dificuldade em abandonar determinado tema. Consiste numa perda da flexibilidade do pensamento - As ideias obsessivas (ou obsessões) podem ser consideradas uma forma especial de perseveração do pensamento; ▪ Concretismo - caracteriza-se por um discurso pobre em conceitos abstratos, em metáforas e analogias; ▪ Ideias Delirantes - juízos patologicamente falsos, que possuem as seguintes características: acompanham-se de uma convicção extraordinária, não são susceptíveis à influência e possuem um conteúdo impossível; • Delírio Primário - O delírio primário é a ideia delirante autêntica. Ele é autóctone, isto é, não deriva de nenhuma outra manifestação psíquica patológica - Classicamente, seria exclusivo da esquizofrenia. • Delírio Secundário ideias deliroides – há uma justificativa; Ele se origina de forma compreensível psicologicamente de outras manifestações psíquicas patológicas, tais como alterações do humor, da sensopercepção e da consciência - as ideias de culpa na depressão – a tristeza vital é considerada primária –, as ideias de grandeza na mania, as ideias de influência relacionadas a alucinações cenestésicas, as ideias de perseguição no delirium tremens. • Ideia sobrevalorada - uma ideia errônea por superestimação afetiva. O erro decorre do fato de a ideia estar relacionada a uma carga afetiva muito intensa, que influencia o julgamento da realidade. 8. Psicomotricidade • Alterações Quantitativas Apraxia – Como efetivamente realiza movimentos; Consiste na dificuldade ou impossibilidade de realizar atos motores intencionais, voluntários, na ausência de paresia ou paralisia, de déficit sensorial e de incoordenação motora. A apraxia representa a perda do movimento aprendido; Hipocinesia e acinesia - diminuição acentuada e generalizada dos movimentos voluntários. Os movimentos tornam-se lentos e são realizados com grande dificuldade. Hipercinesia – perturbações ansiosas, agitação psicomotora; Ecopraxia – repetição automática e despropositada das ações motoras executadas por outra pessoa, que está diante do paciente. São imitados gestos, a postura, a fala (ecolalia) ou a o expressão fisionômica (ecomimia). Estereotipias - constituem ações motoras desprovidas de finalidade e de sentido (para o próprio doente), sendo repetidas de maneira uniforme e com grande frequência – Tourette; Flexibilidade cerácea - rigidez muscular, porém esta, no caso da flexibilidade cerácea, é facilmente vencida. Isso permite que o examinador coloque um segmento do corpo do paciente – um membro, a cabeça ou o tronco – nas mais diversas posições, e o paciente irá manter a postura corporal em que foi passivamente colocado por bastante tempo, mesmo que tal postura seja desconfortável; Maneirismos - Maneirismos são movimentos expressivos – isto é, movimentos que servem a um propósito de comunicação, tais como gestos, mímicas, vocalização – que se tornam exagerados quanto à sua amplitude. 9. Humor e Afeto O afeto consiste na forma com a qual terceiros PERCEBEM as emoções, os sentimentos, as paixões e o humor do indivíduo, ou seja, a forma com a qual ele deixa transparecer principalmente o HUMOR. ➔ Humor – como ele se vê e se sente – depressivo, eutímico, mania. ➔ Afeto – como nós vemos, como ele expressa – pode estar congruente ou não com o humor Alterações Quantitativas ▪ Hipertimia – aumento da intensidade ou duração dos afetos (tristeza, alegria) ou reação afetiva esproporcional a causa; ▪ Hipotimia/Atimia – a hipotimia representa a diminuição da intensidade dos afetos. A atimia representa a incapacidade de experimentar afetos / Indivíduo indiferente ao meio = EMBOTADO. Alterações Qualitativas ▪ Labilidade Afetiva – dificuldade no controle dos afetos – mudanças frequentes e bruscas motivadas ou imotivadas – GRANDE INTENSIDADE, CURTA DURAÇÃO ; ▪ Incontinência Afetiva – consiste em um distúrbio de regulação mais GRAVE que a labilidade – nesse caso, há uma PERDA TOTAL da capacidade de controle da expressão afetiva – RISOS OU PRANTOS CONVULSIVOS; ▪ Rigidez Afetiva – perda da capacidade de MODULAR A RESPOSTA AFETIVA de acordo com a situação, i.e., é o oposto da labilidade... o afeto tende ficar fixo; ▪ Paratimia – inadequação do afeto com a situação vivenciada – esquizofrenia; humor incongruente com afeto; ▪ Ambitimia – presença de sentimentos OPOSTOS E CONCOMITANTES; ▪ Neotimia – vivência inteiramente nova e inusitada. 10. Volição/Vontade Intenção Deliberação Decisão Execução. Processo psíquico de escolha de uma entre várias possibilidades – constitui-se de 4 etapas: intenção; deliberação; decisão; execução. Alterações Quantitativas ▪ Hipoabulia/Abulia – diminuição e abolição da atividade de volição! Sensação de FRAQUEZA, DESÂNIMO, FALTA DE ENERGIA; ▪ Enfraquecimento de Impulsos Específicos – diminuição específica da vontade, como a anorexia, insônia, perda da libido; ▪ Hiperbulia – sentimento de FORÇA, DISPOSIÇÃO, ENERGIA, associado a desinibição e agitação psicomotora; ▪ Intensificação de Impulsos Específicos – bulimia (aumento patológico do apetite), potomania (sede excessiva), hipersonia, ninfomania. Alterações Qualitativas / Disbulias / Parabulias ▪ Impulsivos – súbitos, incontroláveis e inconscientes → as etapas de deliberação e decisão são puladas, indo direto pra decisão; - Frangofilia: deixar em frangalhos; ▪ Compulsivos – são atos os quais os indivíduos se sentem COMPELIDOS a realizar, mas com uma DELIBERAÇÃO E ESCOLHA consciente!! (geralmente há luta contra a sua execução)/Drogas; ▪ Ambitendência – incapacidade de decidir em função de consciências volitivas opostas; ▪ Negativismo – resistência não deliberada, imotivada e incompreensível – no negativismo passivo o indivíduo não faz o que é pedido e no ativo o indivíduo faz o oposto kkkk ▪ Reação do Último Momento – consiste no desaparecimento súbito de uma conduta negativista no momento em que o examinador desiste; ▪ Sugestionabilidade Patológica – oposto ao negativismo – tendência exagerada a atender solicitações do mundo externo (ecolalia, ecomimia); ▪ Obediência Automática – é um EXTREMO da sugestionabilidade – cumprimento passivo e imediato de qualquer ordem ou solicitação – esquizofrenia catatônica. 11. Consciência do EU Propriedade psíquica através da qual o eu se faz consciente de si mesmo, que inclui consciência da: ▪ Atividade do eu (de fora para dentro, diabo entra no corpo) - consciência de que as vivências -pensamentos, sentimentos- pertencem a nós e são realizadas por nós mesmos ▪ Existência do eu – consciência de estar vivo ▪ Unidade do eu – consciência de que o eu é ÚNICO, INTEIRO e INDIVISÍVEL ▪ Identidade do eu – consciência de ser o MESMO na sucessão do tempo ▪ Limitesdo eu (de dentro pra fora, controla coisas fora de si)– consciência da separação entre eu e o ambiente Alterações Quantitativas ▪ Alterações da Consciência da existência do eu – pct se queixa de sensações corpóreas, sentimentos, recordações diminuídas – tristeza vital que está presente na depressão ▪ Desorientação Autopsíquica – diminuição/perda da consciência da identidade do eu – pct pode esquecer até o próprio nome – dissociação, demência Alterações Qualitativas ▪ Alterações da Consciência da Atividade do Eu – pct se torna um observador passivo das suas vivências, não as reconhecendo como próprias – o que sente, pensa, faz ou quer é decidido por uma força externa, caracterizando como um delírio de influência e, as vezes, quando atribui essa passividade a pessoas ou ações malignas, como uma delírio persecutório / Esses fenômenos ocorrem principalmente na esquizofrenia e se constituem como quadros DISSOCIATIVOS ▪ Alterações da consciência da Unidade do Eu – o indivíduo vivencia uma divisão do seu eu em duas ou mais partes, as quais coexistem de forma conflituosa – Esquizofrenia!! (como vc está? Meu lado direito está bem e meu lado esquerdo não está) ▪ Alterações da Consciência da Identidade do Eu - Despersonalização – pct vive uma profunda transformação de sua personalidade ou do seu corpo, sente como se não fosse mais a mesma pessoa / Pode acreditar que os eventos passados foram vividos por outra pessoa / ▪ Alterações da Consciência dos Limites do Eu – ocorre uma fusão do eu com o mundo externo, i.e., o pct se identifica com os objetos do mundo externo e não se distingue deles → pct com esquizofrenia, durante a APROPRIAÇÃO, um pct que está fazendo um curso de informática não queria deixar que desligassem o computador porque isso iria mata-lo. 12. Linguagem É a tradução do pensamento e relaciona-se à fala e à escrita; Alterações Quantitativas ▪ Afasia motora – Broca ▪ Afasia sensorial – Wernicke ▪ Afasia global ▪ Afasia Anômica ▪ Agrafia ▪ Alexia ▪ Aprosódia ▪ Hiperprosódia ▪ Mutismo – ausência de fala, seja voluntária ou não ▪ Logorreia – verborreia – fala o tempo todo e é difícil interromper ▪ Oligolalia – expressão verbal diminuída ▪ Hiperfonia – fala alta ▪ Hipofonia – fala baixa ▪ Taquilalia – aumento na VELOCIDADE ▪ Bradilalia – diminuição da velocidade ▪ Latência da Resposta – demora a responder Alterações Qualitativas ▪ Ecolalia – repetição como um eco da última ou últimas palavras faladas pelo entrevistador ▪ Palilalia - repetição como um eco da última ou últimas palavras faladas pelo próprio pct ▪ Logoclonia - repetição como um eco da última ou ultimas SÍLABAS faladas pelo próprio pct ▪ Estereotipia Verbal/Verbigeração – repetição sem sentido de palavras ▪ Mussitação – voz sussurrada ▪ Neologismo ▪ Jargonofasia – salada de palavras ▪ Parafrasias – substituição de uma palavra por outra de significado semelhante (vaca, faca) ▪ Solilóquio ▪ Coprolalia – palavras obscenas, relativas a excrementos ▪ Glossolalia – como se estivesse falando em outra língua (vídeo de mania que o prof passou) ▪ Maneirismos – fala pouco natural, muitos maneirismos, formalidade ▪ Pedolalida – fala infantilizada ▪ Para-respostas – resposta nada a ver com a pergunta ▪ Resposta Aproximada – sabe a resposta certa, mas fala a errada (aquariano) NC --> CONSCIENTE VIGIL NC <-- OBNUBILAÇÃO SIMPLES OU ONIROIDE NC <---- COMA (alteração quantitativa patológica da consciência) Entrevista Psiquiátrica História Psiquiática e Clínica Exame Psíquico/Súmula Psicopatológica Diagnóstico Multiaxial PSICOPATOLOGIA /SÚMULA PSICOPATOLÓGICA Conceito à É o resumo do exame psíquico (que faz parte da entrevista psiquiátrica associadamente à história psiquiátrica e o diagnóstico multiaxial), é a forma com a qual se identificam alguns sinais/sintomas de condições psiquiátricas. à A partir da súmula, podem - se formular hipóteses diagnósticas e traçar um plano terapêutico. Além disso , a realização do exame físico é de extrema importância, uma vez que existem condições ps iquiátricas secundárias a outras condições! Diagnóstico Multiaxial à A partir de um exame clínico bem realizado e do conhecimento das doenças, é possível realizar um diagnóstico com CID - 10, DSM - V e em cinco diferentes eixos. à EIXO 1: Síndromes ou Doenças Psiquiátricas; à EIXO 2: Transtornos de Personalidade e Cognição (retardo mental); à EIXO 3: Condições médicas/Perturbações orgânicas; à EIXO 4: Condições socioeconômicas e culturais/estressores psicossociais; à EIXO 5: GAF – Av. Global de Funcionamento/ Indica o nível mais elevado do funcionamento adaptativo no período anterior ao diagnóstico. à Para avaliar o eixo 4 , devem ser levado s em consideração tais condições : morte, separações, novo casamento de mãe/pai, abuso sexual ou físico, superproteção , negligência, disciplina inadequada, discórdia com irmão, nascimento de irmão, perda de um amigo, morar sozinho, dificuldades com aculturação, discriminação, adaptação à transição no ciclo vital, analfabetismo, ambiente escolar inadequado, problemas ocupacionais, de mora dia, econômicos, acesso à saúde e outros. à Quanto ao eixo 5, o GAF contém itens numerados de zero a cem e pode ser dividido em : superior, representado p elo funcionamento do desempenho ótimo de papéis sociais ; médio, apresenta dificuldades moderadas no funcionamento social, ocupacional e escolar; e mínimo, o nível mais baixo de adaptabilidade social. E n t r e v i s t a P s i q u i á t r i c a História Psiquiática e Clínica Exame Psíquico/Súmula Psicopatológica Diagnóstico Multiaxial PSICOPATOLOGIA/SÚMULA PSICOPATOLÓGICA Conceito É o resumo do exame psíquico (que faz parte da entrevista psiquiátrica associadamente à história psiquiátrica e o diagnóstico multiaxial), é a forma com a qual se identificam alguns sinais/sintomas de condições psiquiátricas. A partir da súmula, podem-se formular hipóteses diagnósticas e traçar um plano terapêutico. Além disso, a realização do exame físico é de extrema importância, uma vez que existem condições psiquiátricas secundárias a outras condições! Diagnóstico Multiaxial A partir de um exame clínico bem realizado e do conhecimento das doenças, é possível realizar um diagnóstico com CID-10, DSM-V e em cinco diferentes eixos. EIXO 1: Síndromes ou Doenças Psiquiátricas; EIXO 2: Transtornos de Personalidade e Cognição (retardo mental); EIXO 3: Condições médicas/Perturbações orgânicas; EIXO 4: Condições socioeconômicas e culturais/estressores psicossociais; EIXO 5: GAF – Av. Global de Funcionamento/Indica o nível mais elevado do funcionamento adaptativo no período anterior ao diagnóstico. Para avaliar o eixo 4, devem ser levados em consideração tais condições: morte, separações, novo casamento de mãe/pai, abuso sexual ou físico, superproteção, negligência, disciplina inadequada, discórdia com irmão, nascimento de irmão, perda de um amigo, morar sozinho, dificuldades com aculturação, discriminação, adaptação à transição no ciclo vital, analfabetismo, ambiente escolar inadequado, problemas ocupacionais, de moradia, econômicos, acesso à saúde e outros. Quanto ao eixo 5, o GAF contém itens numerados de zero a cem e pode ser dividido em: superior, representado pelo funcionamento do desempenho ótimo de papéis sociais; médio, apresenta dificuldades moderadas no funcionamento social, ocupacional e escolar; e mínimo, o nível mais baixo de adaptabilidade social. E n t r e v i s t a P s i q u i á t r i c a História Psiquiática e Clínica Exame Psíquico/Súmula Psicopatológica Diagnóstico Multiaxial
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