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Copyright © 2016 por John Cortines e Gregory Baumer Publicado originalmente por Rose Publishing, Inc., Carson, Califórnia, EUA. Os textos das referências bíblicas foram extraídos da Nova Versão Transformadora (NVT), da Editora Mundo Cristão (usado com permissão da Tyndale House Publishers), salvo indicação específica. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora. _____________________________________________________________________ Edição Daniel Faria Revisão Natália Custódio Produção e diagramação_ Felipe Marques Colaboração Ana Luiza Ferreira Diagramação de e-book Calil Mello Serviços Editoriais CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ __________________________________________________________________________ C859d Cortines, John Deus e o dinheiro [recurso eletrônico]: como descobrimos a verdadeira riqueza na Harvard Business School / John Cortines, Gregory Baumer ; tradução Cecília Eller. - 1. ed. - São Paulo : Mundo Cristão, 2019. Recurso digital Tradução de: God and money: how we discovered trueriches at harvard business school Sumário INTRODUÇÃO ....................................................................... 4 CAPÍTULO 1 – De Anjo a Demônio ......................................10 CAPÍTULO 2 – Céu e inferno .............................................. 36 CAPÍTULO 3 – Os Planos de Lúcifer .................................. 60 CAPÍTULO 4 – Arrenpedimento ......................................... 89 CAPÍTULO 5 – Cuidado para Não Cair ............................ 116 CAPÍTULO FINAL – Novos Céus e nova terra .................. 144 4 INTRODUÇÃO A Experiência com o Espírito Santo Na madrugada do dia 23 de Setembro de 2009, às quatro e meia da manhã exatamente, fui, delicadamente, acordado pelo Espírito Santo. E, ainda sonolento, o ouvi pedir para que eu estivesse atento ao que Ele iria dizer. Levantei-me, rapidamente, lavei o rosto e retornei à cama. Lá me deitei com os olhos bem fechados e comecei a ouvir sua mansa e suave voz que falava, claramente, à minha mente de maneira reveladora. Para a minha surpresa e aumento da expectativa, o Espírito Santo me fazia perguntas que Ele mesmo respondia, pois sabia que eu não tinha as respostas. Comecei, então, a anotar. E a cada pergunta, uma nova resposta. Logo me levantava, escrevia num bloco de papel tudo que ouvia e retornava depressa pra cama para continuar a ouvi-lo palestrar comigo. Esta ação se seguiu até às seis horas da manhã. E eu não conseguia mais dormir. Minha cabeça estava um turbilhão, e, preocupado em não perder algo do que me fora revelado, corri para o computador a fim de registrar tudo o que ouvira. Neste tempo, entendi que Suas instruções dirigiam-se àqueles que, de alguma forma, exercem liderança, seja ela espiritual ou, até mesmo, no meio secular. Essa revelação era um despertar para os “anjos” de Deus humanizados, a todos os Seus profetas, pastores, àqueles que exercem o ministério ou possuem um designo ministerial, homens e mulheres 5 chamados e vocacionados para anunciar que Cristo é o caminho, a verdade e a vida (João 14.6). Era, então, uma mensagem de alerta para preservar Seus filhos, especialmente os líderes. As cinco perguntas que o Espírito Santo me fez e Suas devidas respostas apontavam para a queda de Satanás. Elas comparam as características e comportamento de Lúcifer, descritos na Palavra, ao de líderes que, se não mantiverem suas intenções no centro da vontade de Deus, cairão como ele. E este é o conteúdo deste livro, a revelação que o instigará, leitor, a refletir sobre sua posição como líder e sua vida espiritual diante do Senhor. 6 Líderes: anjos ou demônios? Os anjos são mensageiros de Deus, são seres designados a cumprir a vontade do Altíssimo. E o diabo é um anjo caído que já esteve no céu. Seu lugar nem sempre foi maligno, mas celeste. Seu lugar não era adversário a Deus, mas sim junto a Ele, fazendo Sua vontade. Até que suas intenções mudaram, e, convencido, convenceu a terça parte dos anjos a se rebelarem contra o Senhor. Por isso, afirmo ser possível alguém, mesmo reluzindo a glória de Deus, num instante, tornar-se um diabo. Um líder no Reino de Cristo e para a sociedade em geral é de vital relevância. Um bom líder tem influência e pode mudar o destino de muitas pessoas, também é fonte de inspiração e referência. Através de líderes, Deus pode levantar um grande povo. Lembra-se da proposta feita a Moisés? (…) Farei de ti povo maior e mais forte do que este (Números 14.12). Sim! É grandioso ver o que Deus pode fazer através de um líder. O bom líder é uma raridade, uma preciosidade. Deus rege destinos através de bons líderes. O Senhor levanta líderes para serem “anjos” na vida de outros, mas os anjos também podem cair. Se um líder cai, erra, perde o foco e se desvia de seus propósitos, o povo sofre, Deus sofre. O líder quando cai é de um lugar onde não deveria estar, pois ninguém cai de onde partiu, ou seja, do seu lugar de origem. Sendo assim, todo líder estará seguro enquanto se mantiver na “cidade de refúgio”, chamada: humildade e submissão. 7 Por isso, o Espírito Santo fez arder, em meu coração, o anseio de instruir os “anjos” de Deus a que não se tornem “demônios”. Os anjos de Deus aqui na terra são todos aqueles que ouvem a Sua voz e entendem seu chamado e propósito no servir Jesus. E nós assumimos este papel levando a mensagem do Reino (Mateus 11.10). Oposto a isso, existem os demônios, anjos caídos, aqueles que se rebelaram e têm características contrárias ao Altíssimo. Sendo assim, também podemos ser comparados aos demônios, se nós nos comportarmos com essas atitudes. Agindo desse modo, admitimos um comportamento satânico, diabólico, de quem é mentiroso, acusador, caluniador, rebelde… um ser abominável… um diabo. Contudo, não me propus a definir, teologicamente, o que são esses seres celestiais e as entidades espirituais — anjos e demônios —, mas, sim, a comparar a ideia de que indivíduos chamados por desposarem os princípios divinos, como pastores, profetas, discípulos, líderes ministeriais, entre outros, e que, aparentemente, estariam dotados de bom caráter, podem vir a tornar-se sujeitos a negarem os princípios divinos. Tudo isso por questões de interesse próprio, revolta, ganância, vaidade, inveja ou qualquer outro motivo audaz. Dentre muitas outras questões, estes passam a usar o Nome de Deus em vão, revelando uma natureza maligna no seu caráter porque foram obstinados a realizarem os intentos de seus próprios corações orgulhosos. Sim, os “anjos” estão sujeitos a virarem “demônios”. Sim, podem tornar-se tão vaidosos e ainda convencer a tantos outros a seguirem sua visão desobediente. Você pode perguntar a si mesmo: “Como um anjo 8 torna-se um demônio”? Foi esta uma das perguntas que ouvi do Espírito Santo acompanhada das respostas de Deus para mim. Nesta visita do Espírito Santo, recebi esta orientação, à luz da Palavra, de que, assim como Lúcifer se tornou Satanás, um mensageiro de Deus aqui na terra também pode tornar-se um diabo. Deus o chamou para ser um mensageiro dele. Deus o chamou para ser usado por Ele. Deus o chamou para fazer diferença na terra. Deus o chamou como profeta do Altíssimo. E Deus não quer que você se transforme num demônio. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosaluz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. 1 Pedro 2.9-10 Este, sim, é o legado de Cristo para nós! E para isto nos chamou, e nisto devemos manter nossa visão, nosso propósito, nossa mente, nosso coração, entendendo que o privilégio é ser usado por Ele, ser instrumento dele, ser servo, ser amigo, ser filho. Não porque pensamos que somos bons, mas porque o melhor é ter Jesus em nós. Que haja reflexão a ponto de haver mudança em sua vida. Que a Palavra acenda como um clarão nas trevas dos seus pensamentos. Que toda a inclinação maligna em seu comportamento seja dissipada. Que todo 9 inchaço de vaidade e orgulho seja esvaecido do seu ser. E que o anseio de ser mais e mais parecido com o Mestre suplante a vontade de ser adorado como quis o diabo. Seja um líder sensível à voz do Espírito Santo e, assim, sua própria altivez não será ouvida e seus pés estarão sempre firmes no centro da vontade de Deus. Pr. Josué Gomes 10 CAPÍTULO 1 DE ANJO A DEMÔNIO Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo. Isaías 14.12-14 (ARA) Através da Palavra, Deus sempre mostrou a Seu povo que características de Satanás eram possíveis aos homens. Nesses versículos, do livro de Isaías, vemos o orgulho do rei da Babilônia equivalente ao que fez Lúcifer cair. Sonhar grande nunca foi problema, porém o intento do coração é conhecido pelo Senhor (Romanos 8.27). O propósito onde se firma o coração de quem deseja subir e ser maior e cada vez maior é um caminho muito perigoso e precede à ruína (Provérbio 16.18). Só cai o que está de pé. Anjos caíram, que dirá humanos. Não existem homens que não corram o risco de cair. E nós começamos a cair quando acreditamos que não podemos cair. Quando achamos ser alguma coisa e, na verdade, nada temos ou significamos. E cair, embora não pareça, é uma escolha. Lúcifer teve a chance de escolher e a desprezou. Seu ego estava, demasiadamente, inflamado. E quantos não estão assim? 11 Altivos demais, julgam-se intransponíveis, poderosos e inabaláveis. Mas a Palavra garante que cai. Não prevalece. O lugar de onde o diabo caiu era santo. Ele caiu do lugar de princípios — de santidade, de regras, normas e condutas — para onde estavam suas conveniências e ambições. Desenfreado e obstinado, caiu. PRIMEIRA PERGUNTA DO ESPÍRITO SANTO E A RESPOSTA A primeira pergunta feita para mim, na experiência que tive com o Espírito Santo, foi esta: — Quanto tempo leva para acontecer a metamorfose entre anjo de luz e demônio? E Ele mesmo me respondeu: — O tempo em que o sentimento errado o leva a tomar a decisão er rada. Fiquei impactado com essa revelação. O que Deus queria me ensinar com essa pergunta? O que precisava aprender ainda com essa afirmação? Envolvido pelo temor e a presença do Espírito Santo, entendi que era um alerta designado a todos os líderes e aqueles separados para a obra do Senhor. Percebi que a necessidade de se ensinar e chamar a atenção para esse acontecimento era grande, pois o ego de muitos tem crescido e o fim desses é a queda. E o Pai não quer que sequer um dos filhos se perca (João 6.39). Nesta primeira pergunta e resposta — foram cinco no total —, há reflexões profundas que vamos explanar e delas extrair o máximo de lições para aplicar em nossas vidas. Este conhecimento cabe tanto ao 12 convívio secular como ao eclesiástico. Ao pensar sobre estas questões, estaremos mais atentos aos mínimos sinais que fazem o exaltado cair. Pois Deus traz à luz o relevante fato de que um anjo pode virar um demônio, e o tempo dessa transformação é determinante para nos livrar da queda. Assim, ao analisar a primeira pergunta, observamos nela duas afirmações: uma é que pode acontecer metamorfose de anjo de luz para demônio, ou seja, um anjo pode virar um diabo; e a outra é que existe um tempo para acontecer tal transformação. Já na resposta dada a mim pelo Espírito Santo à pergunta que Ele mesmo me fez, há questões profundas sobre o sentimento errado e a decisão errada. Por isso vamos destrinchar cada ponto dessas lições: 1º) Um anjo pode virar um demônio; 2º) Em quanto tempo um anjo vira um demônio; 3º) O sentimento errado e a decisão errada. PRIMEIRA LIÇÃO: UM ANJO PODE VIRAR UM DEMÔNIO Então, a primeira sentença a ser considerada é que um anjo pode virar um demônio. Você pode pensar: como isto é possível? Um ser de luz, perto de Deus, cumprindo Seus intentos, de repente virar um diabo? Como? Por quê? Ora, a Bíblia revela o que fazia Lúcifer e qual era sua posição, seu cargo e seu propósito. Em Ezequiel 28.12b, 13-15, diz: 13 Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Es tiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Um modelo de perfeição e beleza. Imponente, tinha autoridade. Seus adornos eram os mais suntuosos. Os seus caminhos eram os mais aclamados e pomposos. Tinha muita sabedoria e habitava em ambiente santo. Mas o que mudou? Como alguém de aparência imaculada perde o esplendor? Foi até q ue se achou iniquidade em ti (Ezequiel 28.15b). A fissura do paredão de sucesso foi a maldade, o intento maligno. E aquela formosura de criatura virou um diabo. Perdeu a luz, que era sua referência, para ser o estereótipo da maldade e tudo o que é contrário a Deus. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor. Ezequiel 28.17a A Bíblia diz que Ele foi tornando-se, não era, mas foi ficando orgulhoso. Elevou-se o teu coração, ou seja, a altivez foi tomando conta 14 dos seus pensamentos. Os motivos? Sua beleza e aparência que são aspectos que destacavam Satanás dos demais seres celestiais. Sua formosura trouxe-lhe fama e isso virou sua cabeça. Ele “corrompeu” (estragou, deteriorou, perverteu, apodreceu, adulterou) a própria “sabedoria” (justo conhecimento da verdade, discernimento) por causa do seu “esplendor” (brilho, luminosidade intensa, fulgor, resplandecência, suntuosidade). A essência divina que nele havia foi sendo extirpada no seu interior por causa da sua vaidade. Sua aparente perfeição tornou-se mais importante que o Eu Sou (Êxodo 3.14). Será que já não vimos ou conhecemos alguém assim? Será que nós não estamos ficando assim? Será que já não está passando da hora de observarmos nossa conduta infame e clamar, como o salmista, que Deus vasculhe nossos corações e analise nossas intenções (Salmo 139.23)? Atenção! Aquele que está de pé deve ter cuidado para não cair, diz a Palavra em 1 Coríntios 10.12; é plenamente possível um ser de luz cair em trevas. Um anjo virar um demônio é mais real e concreto do que se imagina. Por isso, não perca o brilho. Humilhe-se e arrependa-se, reconheça seus maus caminhos, pois é isso que o distingue do diabo. 15 SEGUNDA LIÇÃO: EM QUANTO TEMPO UM ANJO VIRAUM DEMÔNIO Segunda questão observada ainda na pergunta é a respeito do temp o de mudança. Quanto tempo leva essa mutação? Será que demora? Pois bem, o tempo de transformação de um ser iluminado para um ser que vive nas trevas fica entre o momento em que brota na alma uma soberba tal e a ação de desejar ser adorado por isso. Veja o texto: Tu dizias no teu coração: ‘Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deu s exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremi dades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo’. Isaías 14.13-14 (ARA) Era o topo mais alto o seu desejo. Queria subir obstinadamente. Queria um espaço só seu. E, nesse momento, a ambição torna-se desenfreada, torna-se sem limite; os anseios pelo pódio ultrapassam a moralidade. Nessa saga, só se tem ações como: “subir”, “exaltar”, “assentar” e “ser”. Os patamares e títulos são simplesmente: “céu”, “estrelas”, “trono”, “monte” e “altas nuvens”. E como se não bastassem todas essas coisas, ser semelhante ao Altíssimo era o ápice d a sua carreira. Pensa que acabou? Ele tentou Jesus, o Filho de Deus, no deserto e planejou fazer Cristo adorá-lo (Mateus 4.8-10). A audácia cega, e o obstinado acha que ninguém pode detê-lo, nem Deus. Parece não haver limites para tamanha desmedida ambição. Afronta, desonra, e o único 16 alvo é fazer sua própria vontade. É neste tempo que aquele que refletia a luz do Senhor, que era mensageiro do Senhor, que era anjo, passa a expelir e a exteriorizar escuridão, desejos sombrios, e é o próprio Deus quem o lança por terra. Acontece como está escrito no versículo 12 de Isaías 14: Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lanç ado por terra, tu que debilitavas as nações! Ou seja, na velocidade que subiu, na arrogância, caiu abatido. Não que ninguém possa conquistar lugares altos, mas o coração deve preservar-se humilde, reconhecendo que todas as coisas provêm de Deus e são para Ele (Romanos 11.36). Um anjo só vai tornar-se um demônio se a sua mente for nutrida por pensamentos que garantam a si mesmo a ideia de merecimento: “Realmente, eu mereço tamanha repercussão”, “eu sou irresistível”, “não há alguém como eu” etc. Lúcifer convenceu-se de que merecia um lugar igual ao de Deus. Ele perdeu a noção da sua posição e de quem era. E é aí que a metamorfose acontece, de anjo para caído. - Somos apenas espelho de Deus Lúcifer era o padrão, o exemplo de perfeição, o aferidor da medida, era a referência do certo a se fazer. Porém, tudo isso era o reflexo de Deus. Ele era um espelho e o espelho não é a imagem, e sim o reflexo da imagem. O espelho propaga a imagem, reflete a imagem, mas não é o que se revela em seu reflexo. O único que era, que é e que há de vir é o Senhor Jesus, o Princípio e o Fim, o Todo-Poderoso Deus (Apocalipse 1.8)! Aleluia! 17 Satanás nunca foi majestoso; ele refletia a majestade de Deus. Ele não tinha luz própria; ele refletia a glória de Deus. O que o fazia especial era o que se podia ver de Deus refletido nele. Os seres espirituais olhavam para ele; e não viam propriamente Lúcifer; quando olhavam para ele, viam o Senhor. Porém, essa invisibilidade, porque viam nele Deus e não ele mesmo, era a cura para seu egocentrismo e soberba. Pois, enquanto ele refletisse Deus, ele teria Deus. A partir do momento em que a sua identidade e a sua pretensão colocaram-se à frente de Deus, ele deixou de ser um querubim e passou a ser apenas um diabo. Assim como nós, embora feitos à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26-27), não somos Deus. Quando olham para nós, as pessoas devem ver a luz do mundo (Mateus 5.14), assim como Cristo é a Luz do mundo (João 8.12). Mas uma vida de pecado, imediatamente, corta a emissão dessa luz em nós. O Altíssimo o chamou para ser um espelho. E é maravilhoso quando as pessoas olham para nós e veem a glória de Deus. Mas, muitas vezes, somos tentados a achar que somos bons, que estamos com a “bola cheia”: “Olha o que Deus faz da minha vida”. Começamos a exibir um poder que não é nosso, um poder que é de Deus. E, pouco a pouco, deixamos de ser espelho e passamos a ser nós mesmos. Deixamos de ser espelho e as pessoas, ao invés de olharem Deus em nós, começam a nos ver como “deus”. Pensam que nós é que temos a Deus e não é Deus quem nos tem. Enquanto formos instrumentos usados pelo Senhor, as pessoas vão reconhecer-nos e saber o meu e o seu nome. Mas, antes do meu e do seu 18 nome, é o nome dele que está acima de todo nome (Filipenses 2.9). Somos, simplesmente, representantes de Deus, e, para Ele, isso tem muito valor. É triste quando o Espírito Santo olha para alguém amado, alguém que Ele levantou, alguém que Ele construiu, alguém que Ele formou, alguém que foi comprado por um alto preço, alguém a quem foi dada uma mensagem, alguém que foi colocado como espelho para refletir a glória de Deus, de repente começa a encher-se, começa a envaidecer-se, começa a inflar-se de um sentimento tão equivocado e passa a não se parecer mais com Deus, deixando até de falar no nome de Deus. Se Deus não operar, Ele opera. Se o fogo não cair, ele faz o fogo cair. Se o Espírito Santo não convencer, ele convence. Faz milagre no nome do Senhor, e não atribui a Ele o milagre, mas, sim, ao seu próprio nome ou ao da sua instituição. Parece-se com Deus do lado de fora, apresenta-se como pastor, como anjo, como homem de Deus, mas, fora da igreja, é um verdadeiro diabo. Vida torta, bebe, fuma, prostitui-se, faz uso de drogas, mas tudo sorrateiramente, escondido e camuflado. É Deus no púlpito e diabo lá fora. Tem cara de Deus, mas, por dentro, é um Satanás. Tem cara de quem é de Deus, mas não vale um centavo. Entretanto, não ficarão impunes. Nada há encoberto que não haja de ser descoberto (Lucas 12.2). E o fim é a consequência pela escolha da vaidade e arrogância. O destino, se não houver arrependimento, é o profundo abismo. Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Por que do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Mateus 15.18-19 19 A Palavra, no entanto, garante que há um brilho naqueles que andam segundo a Sua vontade. Há uma luz que irradia nos filhos de Deus. Há um reflexo glorioso que permanece naqueles que mantém seus corações inclinados ao Sol da Justiça. Em Provérbios 4.18 (NVI) diz: A vereda do justo é como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até à plena claridade do dia. Não é preciso confiar na obscuridade, sendo que há um Deus que quer ver Seu povo brilhando e sendo luz. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. Mateus 5.16 (NVI) Não intente achar que pode haver qualquer glória sem o Rei da Glória. Dependemos dele para luzir, pois Ele é o Sol da Justiça! “Deuses” querendo ser Deus Quando o símbolo quis ser maior do que aquele que figurava, caiu. Tem anjo virando demônio porque se torna um deus visível, considerando ser maior do que o Invisível. Ora, vou repetir: parecemo-nos com Deus, Deus está em nós, mas não somos Deus. Pensar o contrário disso foi o que induziu Lúcifer a achar que poderia ser Deus (Isaías 14.14).] Pode parecer nada, e eu bem sei que é uma força de expressão o termo “minha igreja”, mas o hábito, quando repetido, torna-se uma 20 verdade para quem diz. E, às vezes, sem perceber, de tanto repetir determinadas coisas, passamos a acreditar que aquilo é o que afirmamos. Então, quando se acostuma a dizer “minha igreja”, “minhas ovelhas”, “eu mando aqui”, “quem sabe sou eu”, o coração do homem, que é enganoso, se ensoberbece com essas “verdades”. Você estava no Éden, no jardim de Deus; todas as pedras preciosas oenfeitavam: sárdio, topázio e diamante, berilo, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda. Seus engastes e guarnições eram feitos de ouro; tudo foi preparado no dia em que você foi criado. Ezequiel 28.13 (NVI) Determinados elogios são enfeites para alma, massageiam o ego e fazem-nos acreditar que a glória é nossa. Lúcifer era cravejado de pedras preciosas, assim como alguns são cheios de bajulações que destacam sua personalidade. Mas nem as pedras eram dele, então, do mesmo modo, não dá para se gabar de condecorações, conquistas, diplomas, títulos, pois tudo o que somos ou fazemos vem do Senhor (2 Coríntios 5.18). Porém, reconhecer que era de Deus tudo o que viam nele foi uma dificuldade para Satanás. Ele era um querubim com carência no ego. Olhavam para ele e viam Deus, e, no momento de se prostrarem, só o faziam diante do Criador. Não era dele a glória, nem a honra e, muito menos, a adoração. E há muito pastor, líder e até chefe assim também: anjo carente. Ele precisa ser amado. Ele precisa ser olhado. Ele precisa ser admirado. Ele precisa ser elogiado, bajulado, reverenciado. Precisa do 21 destaque, das cadeiras da frente, da foto oficial com o famoso etc. No em tanto, elogio e reconhecimento por algo realizado não é a questão — “ah, pastor, que mensagem linda”, “que discurso maravilhoso” —, mas, sim, a necessidade de receber louvor constantemente — “palestrei tão bem e ninguém falou nada?”. Tudo isso acaba por massagear o ego e fomentar a sede de ser adorado. Deus não tem problema com ego. Veja em Filipenses 2.5-8 (NVI): Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Jesus Cristo era humilde e estava disposto a renunciar Seus direitos para obedecer a Deus e servir ao povo. Devemos copiar esse exemplo e servir aos nossos irmãos pelo amor que temos a Deus. E ter uma atitude assim é uma questão de decisão. Podemos optar pela oportunidade de servir aos outros ou ficar na expectativa de sermos servidos. Todavia, muitos querem justificar seu egoísmo, orgulho ou maldade como se tivessem direito a tais sentimentos: “sou autoridade neste lugar, os lucros são meus”, “eu mando aqui, então gasto como quiser”. No entanto, não tem um posicionamento assim quem tem por modelo Jesus. Os cristãos verdadeiros deixam suas próprias vontades de lado e, como servos, em amor, fazem o bem, mesmo que sem reconhecimento. 22 E o contrário — por isso é adversário seu nome — é o diabo. Ele tem muita dificuldade em lidar com o ego. Ele não consegue, diferente de Deus, abrir mão do prestígio, da posição superior, dividir prêmios e refletir a grandeza do Pai. Jesus era o próprio Deus e, ainda assim, não se apropriou desse privilégio a fim de não passar pela humilhação. Cristo foi fiel ao Seu propósito e o concretizou não por si, mas por nós. E o maravilhoso é ver que sempre haverá exaltação para os humildes, lugares altos para os que consideram seus semelhantes, reconhecimento para os obedientes e uma vida crescente e abundante rumo à eternidade com o Senhor para os que são fiéis. Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Filipenses 2.9-11 (NVI) O adverso disso é a queda, é a ruína, é o pó da terra, é a condenação, é tombar e cair. Pois, enquanto os líderes ficarem na posição de “aqui ninguém vai olhar para ninguém, não”, “se tiver que olhar, será pra mim”, “auxiliar aqui não prega”, “Deus aqui sou eu, cara”, “o povo tem que amar a mim, que isso?”, o precipício os aguarda. Você pode ser admirado, irmão, mas cuidado para não ser idolatrado. Você pode ser admirado, mas cuidado para você não achar que é melhor que todo mundo. Você pode ser elogiado, mas cuidado para 23 não achar que só você é o dono da verdade. O profeta Elias passou por esse problema, e Deus disse: “deixa de ser besta, meu camarada, tem mais sete mil que não dobraram os joelhos diante de Baal” (veja 1 Reis 19.14- 18). Há líderes, há homens, há profetas que são vistos como homens de Deus, mas se perdem quando o povo começa a adorá-los. Eles são incentivados a se sentirem como Deus. Imagine alguns anjos do lado dizendo: “Você tem potencial, hein?”, “está na hora de se promover”, “está na hora de ir mais longe”. Mas o apóstolo Paulo tem um conselho para manter a cabeça no lugar e não surtar na vaidade, que é: Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Filipenses 2.1-7 (NVI) O egoísmo precisa sair do nosso meio, a autopromoção precisa acabar. O filósofo Thomas Hobbes afirmou: A natureza humana é baseada no interesse próprio e no desejo pelo poder. No entanto, Jesus veio para 24 provar o contrário, que a graça de Deus dá poder ao homem de vencer a si mesmo. Jesus não teve problema em esvaziar-se, em fazer-se igual aos homens e, depois, colocar-se na condição de servo. E, às vezes, a gente se torna tão importante que não pode mais servir. Deixa eu lhe dizer uma coisa, se você perdeu a capacidade de servir, deixou de ser mensageiro de Deus, deixou de ser anjo para ser mensageiro do diabo. Jesus foi tão espiritual que se tornou homem, enquanto há homens tão “espirituais” que se tornam deuses. Jesus não serviu para ter poder, mas teve poder porque serviu. A servidão torna-nos mais humildes porque promove unidade. No egoísmo, tem discórdia, mas, na comunhão, tem presença do Senhor. E como diz em Efésios 4.22-24 (NVI): Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Transforme-se, renove-se, revista- se do novo de Deus e abandone a velha vida iníqua e pecaminosa vinda do maligno. 25 TERCEIRA LIÇÃO: O SENTIMENTO ERRADO E A DECISÃO ERRADA Quando o Espírito me fez a primeira pergunta sobre quanto tempo leva a metamorfose de anjo para demônio, o que mais me impressionou foi a imediata resposta: o tempo em que o sentimento errado o leva a tomar a decisão errada. Essa afirmativa é muito reveladora; traz à reflexão o perigo sobre os pensamentos que temos a respeito de nós mesmo. O que sentimos é capaz de nortear decisões de ações que mudam nosso destino. E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Isaías 14.13-14 O sentimento errado levou Satanás a tomar a decisão errada; pensamentos impregnados de desejos deturpados e uma constante alimentação do ego: E tu dizias no teu coração: eu subirei. Sentimento equivocado, decisão ruidosa. O sentimento corrompido a respeito de si o fez intentar tomar o lugar de Deus. Uma das consequências dessa decisão gerada por sentimentos escusos foi que ele deixou de se parecer com Deus na essência para se parecer apenas na aparência.Se parecia com Deus por fora, mas se tornou um diabo por dentro. 26 Sentimento errado leva a tomar decisão errada. Lúcifer estava tão acostumado a ser olhado como deus que achou mesmo que era Deus… Cuidado, irmão, cuidado, profeta, cuidado líder, cuidado, pastor, quando as pessoas deixarem de buscar a Deus em sua casa para buscarem o “deus” da sua casa, quando as pessoas deixarem de ir para a Casa de Deus para irem à igreja do “deus” com letra minúscula. Cuidado quando você achar que pode falar tudo em nome de Deus, usando jargões como: “Deus manda te dizer”, quando, na verdade, Ele não disse nada. Controle sua empolgação, porque, se você é de Deus, tem controle sobre o seu espírito (1 Coríntios 14.32). Cuidado para não transformar a sua Igreja na sua própria igreja. Cuidado para não virar o ser adorado do lugar. O sentimento errado levou Lúcifer a pensar que era Deus. Você pode estar cheio de Deus, mas não é Deus. Parecemos com Deus, somos semelhantes a Deus, Deus está em nós, mas nós não somos Deus. Perguntaram-me uma vez: — Quantas igrejas o senhor tem? — Nenhuma. — Respondi. — Mas como é que o senhor prega? — Eu prego para a Igreja de Jesus, o que é bem diferente. — Mas, e quantos membros o senhor tem? — Nenhum. — Quantas ovelhas? — Aí é que não tenho nenhum mesmo. É tudo de Cristo!!! 27 O sentimento errado pode levá-lo a querer apropriar-se de status, posições, condições que não são próprias a você. Sentimento errado! Lúcifer já tinha o espaço dele dado por Deus. Ele havia sido criado para ser um anjo de luz, querubim ungido, aferidor da medida do Senhor. Ele não podia ser mais, nem menos, do que isso. Atenção ao que vou dizer: Deus o criou para um propósito específico. Se você tentar ser mais do que Deus projetou para você, o sentimento do seu coração estará errado. Cuidado com o que você alimenta no seu coração! Um exemplo são as palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja (1 Timóteo 3.1). A Bíblia não afirma que quem deseja o episcopado vai ser bispo. Desejar ser não significa, necessariamente, que você vá ser. Desejo vem e passa, mas também pode virar uma grande cobiça de poder. “Ah, eu queria tanto ser pastor”, “eu queria tanto liderar os casais da igreja”, “eu queria tanto ser o líder dos jovens”. No entanto, se Deus não abrir a porta para você entrar, não “meta o pé”, não, pois será uma decisão errada. Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos. Provérbio 4.23 (NTLH) Se Deus lhe prometeu fazer algo, espere que Ele o faça. Deus promete e cumpre! E ninguém vai roubar o que é seu. No entanto, tem gente que “força a barra” em querer as coisas. Convida-se para os 28 compromissos, ataca quem está lá, põe defeitos, diz que conseguiria fazer melhor etc. Sentimentos errados! Cuidado com os sentimentos que estão no seu coração! Se Deus prometeu uma grande obra em sua vida, então espera até que Ele mande os tijolos, o cimento e o concreto! Ele vai preparar tudo à sua frente! Não atropele, não, pois o sentimento errado leva-nos a tomar decisões erradas. Se pararmos para pensar, veremos que os projetos de Lúcifer não eram muito diferentes dos nossos, porém os sentimentos dele estavam errados. E você, com que sentimento está projetando suas atividades no Reino de Deus? Você quer ser um brilhante pregador? Ok! Está tudo certo! Porém, você não precisa ficar cavando oportunidades a qualquer custo. Não precisa ficar fazendo “marketing” de si mesmo. O que tem de pregador se autopromovendo nas redes sociais é uma festa. Tem uns que querem ser mais famosos do que Jesus Cristo. Vamos aprender com Paulo: Dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente (Romanos 11.36). É Jesus quem tem que estar na frente e não nosso ego! Você pode falar bem, mas não significa que vá ser um pastor. Você pode amar as pessoas, mas não quer dizer que vá liderá-las. Fica na sua “praia”, irmão! Cuidado, pois, na hora em que sair do centro da vontade de Deus, você vai virar um demônio. E pior, o próprio Senhor vai passar a tratá-lo como tal. Um exemplo dos sentimentos errados que levam a decisões erradas é Davi neste episódio: 29 Satanás levantou-se contra Israel e levou Davi a fazer um recenseamento do povo. 1 Crônicas 21.1 (NVI) O censo de Davi, em si, não era pecado, mas a sua intenção, sim. Esse ato pretendia provar o poderio militar de Davi. Tudo foi feito para que ele pudesse orgulhar-se da força de seu exército. Embora confiasse em Deus, ele sentia-se orgulhoso por ter sido usado para grandes conquistas. Davi caiu na tentação do diabo, que jogou com a sua própria arrogância de querer saber quão poderosos eram seus homens. Uma série de batalhas bem-sucedidas fez o coração de Davi se gabar e esquecer-se de que suas vitórias provinham de Deus. A motivação errada faz o homem pensar que é autossuficiente. Para evitar decisões erradas, é preciso examinar como estão nossos desejos interiores e entender por que a tentação exterior tornou-se tão atraente, pois somos tentados e presas fáceis das nossas próprias vaidades. Só o Espírito Santo pode constranger-nos ao arrependimento, mas isso não nos livra dos resultados. Davi arrependeu-se, Deus o perdoou e o livrou, mas seu ato teve duras consequências (1 Crônicas 21). Satanás tentou Davi numa ideia que já estava em seu coração. E o seu coração, como está? Quais intenções permeiam seus pensamentos? A faculdade, o seminário teológico, o mestrado, o doutorado tem qual finalidade mesmo? A aquisição de bens é para o quê, hein? Não permita o sentimento errado levá-lo à decisão errada, ou você quer ser um diabo? 30 - O sentimento certo e a decisão certa Então, Jesus disse à multidão e aos seus discípulos: ‘Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas; gostam do lugar de honra nos banquetes e dos assentos mais importantes nas sinagogas, de serem saudados nas praças e de serem chamados ‘rabis’. Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’; um só é o mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados ‘chefes’, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo. O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado’. Mateus 23.1-12 (NVI) Jesus desaprova falsa aparência: esnobar que é uma coisa e agir de outra. Estereótipo de santidade, e por dentro podridão. “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” não é divino, é maligno. Deus não se agrada de pessoas cujas ações, das mais simples, como servir um copo 31 com água, até às mais árduas, sejam apenas para aparecer. Ele considera grande aquele que sabe servir o menor. E eu vou dizer mais uma coisa: você sabe que tipo de pessoa Deus gosta de usar? Eu respondo: Ele adora chamar aquele que não quer ou que não tenha pretensão de ser. Ele é especialista em mudar circunstâncias, moldar caráter e transformar em algo novo. Ele levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se com príncipes, com os príncipes do seu povo (Salmo 113.7-8; NVI). E Cristo fez isso comigo! O Senhor quis a minha vida. Ele me escolheu quando nem imaginava segui-lo e fazer integralmente a Sua vontade. Meusplanos eram as minhas vaidades, mas esses não eram os intentos do Senhor comigo. Ele não desistiu de mim e cismou comigo. Na minha ótica humana, Ele me agarrou no pior momento possível. Eu era um garotão, carro novo, jeitoso, boa lábia e tal, mas Deus sabe de todas as coisas… Um dia estava eu numa festa, em um apartamento de frente para o mar, ao lado de uma linda mulher, quando o Espírito Santo chegou lá, rompeu aquele ciclo da minha vida e acabou com a minha trajetória mundana. Eu tentei resistir: “Ô, larga do meu pé!”. Aí o Espírito Santo respondeu: “Não dá! O Pai mandou convocá-lo!”. E eu pensei na hora: “Espera aí! Tem tanta gente que quer ser pastor de igreja, bispo, mas eu só quero me dar bem, ganhar bastante dinheiro!”, porém Deus me quis ainda assim. 32 Irmãos pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele. É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: ‘Quem se gloriar, glorie-se no Senhor’. 1 Coríntios 1.26-31 (NVI) Deus, quando nos convoca e nos chama, não leva em conta nossas aparências, influências, riquezas e bens. Ele sempre vai avaliar a intenção do coração, até porque é Cristo quem agrega valor à nossa vida vil. No padrão humano, uma pessoa humilde em todos os aspectos jamais poderia chegar à nobreza ou a patamares de honra, e ninguém acreditaria na humildade do rico. Porém, é o Senhor quem exalta quem quer. É Ele quem chama para a intimidade a fim de ter uma relação pessoal. Quando chama, não se baseia na sabedoria humana, tampouco no status, mas é Sua graça que faz com que o desprezível envergonhe o que é prezado pelo mundo. Deus ama investir na criação, porque Ele acredita que dará certo. Mas o Senhor detesta os orgulhosos de coração (Provérbios 16.5; NVI). 33 Deus quer que o amemos de todo o coração, de todo o entendimento e com todas as nossas forças. E esse mesmo empenho deve ser ao próximo, pois nem sacrifícios e ofertas são mais importantes que amar ao próximo como a nós mesmos (Marcos 12.33). Nossa vida está atrelada às outras pessoas. E é no relacionamento com o Altíssimo e, principalmente, com as pessoas que nosso caráter vai revelar-se. Portanto, que haja em nós o anseio de agradar a Deus com nossos sentimentos e decisões, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (João 4.23-24). Deus não quer parte das nossas vidas, Ele a quer por inteiro. Ele não abre mão de uma adoração verdadeira, não fingida, não estereotipada e que flua de dentro do ser, onde ninguém vê, só o Espírito Santo. Assim, a gente se mantém agradável a Deus, com sentimentos equilibrados a ponto de tomar decisões acertadas! 34 APLICAÇÃO: •Não existem homens que não corram o risco de cair. •Satanás era apenas um “espelho” que refletia a grandeza de Deus, isso o tornava “invisível”. Porém, sua invisibilidade era a cura para o seu egocentrismo e soberba. Enquanto refletisse Deus, teria Deus. •Quando o símbolo quis ser maior do que Aquele que figurava, caiu. •Tem anjo virando demônio porque se torna um deus visível, considerando-se maior do que o Invisível. •Parecemo-nos com Deus, Deus está em nós, mas não somos Deus. •O sentimento errado levou-o a tomar a decisão errada, deixou de parecer-se com Deus na essência, para parecer-se apenas na aparência; parecia-se com Deus por fora, mas tornou-se um diabo por dentro. •Um querubim com carência no ego: todos olhavam para ele e viam Deus, mas, no momento de se prostrarem, só o faziam diante de Deus. Exceto alguns que passaram a massagear o seu ego e a fomentar a sua sede de ser adorado. •Cuidado quando o seu nome ou o da igreja for maior do que o nome de Jesus. •Jesus não teve problema em esvaziar-se, em fazer-se igual aos homens e, depois, colocar-se na condição de servo. Às vezes, tornamo-nos tão “importantes” que não podemos mais servir. 35 •Se você perdeu a capacidade de servir, deixou de ser mensageiro de Deus, deixou de ser anjo para ser um diabo. •Jesus foi tão espiritual que se tornou homem, enquanto há homens tão “espirituais” que se tornam deuses. •Jesus não serviu para ter poder, mas Jesus teve poder porque serviu. 36 CAPÍTULO 2 CÉU E INFERNO Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! (…) serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo. Isaías 14.12-15 (ARA) O céu é o ápice e representa o lugar onde Deus está. Nele há santidade, separação e segurança de estar com o Salvador. E a dimensão oposta é o inferno, que se refere à condenação, “ao mais profundo abismo”, ao fim. Nenhum desses dois lugares é aqui, mas é aqui que definimos aonde iremos passar a eternidade. É daqui também que chegamos ao céu, mas se houver descuido caímos para o inferno. Dentro desse contexto é que vou explanar sobre a distância entre céu e inferno, baseado na segunda pergunta que o Espírito Santo me fez. Céu e inferno são reais, e nossa breve trajetória humana definirá a vida ou morte eterna que teremos. Assim, neste capítulo, vamos aprender um pouco mais sobre os lugares preparados para a eternidade: céu e inferno, mas com uma aplicação voltada para a vivência terrena e os aspectos da vida cristã, especialmente da liderança. 37 SEGUNDA PERGUNTA DO ESPÍRITO SANTO E A RESPOSTA A segunda pergunta que o Espírito Santo me fez foi a seguinte: — Qual a distância a ser percorrida entre o céu e o inferno? Como também não sabia a resposta, Ele mesmo me respondeu: — A mesma de um raio que cai do céu e toca a terra. Perplexo, entendi que tem uma velocidade incrível partir do céu ao inferno. É muito rápido! E para compreender melhor, precisaremos discorrer sobre essa distância, a velocidade e o impacto entre o céu e o inferno. Na pergunta e resposta do Espírito Santo, há algumas constatações que serão discutidas, no capítulo, em três questões: 1ª questão: a distância percorrida entre céu e inferno; 2ª questão: a velocidade da queda do céu para o inferno; 3ª questão: os aspectos entre o céu e o inferno na dimensão espiritual. Compreender essas questões servirá como um método preventivo. É um aprendizado que trará uma forte instrução, a fim de abrir nossos olhos espirituais. Quem estiver disperso, vai atentar-se. E quem estiver dormindo, vai acordar! Que o Espírito Santo o surpreenda, revelando o que for preciso para evitar a sua queda. 38 PRIMEIRA QUESTÃO: A DISTÂNCIA PERCORRIDA ENTRE CÉU E INFERNO Quando ouvi do Espírito Santo a segunda pergunta sobre a distância percorrida entre o céu e o inferno, Ele me fez lembrar o texto que está em Lucas 10.17-20. Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome. Lucas 10.17 Jesus ficou ali ouvindo, e devia sentir-se feliz, pois que líder não gostaria de ouvir um relatório desses? Mas, como Ele não esboçava reação alguma, os discípulos foram ficando meio sem jeito. Foi quando Jesus lhes disse: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos farádano algum. Lucas 10.18-19 Antes que eles exultassem novamente, Jesus disse: Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome nos céus. Lucas 10.20 39 Cristo estava, claramente, ensinando aos Seus discípulos que o sucesso ministerial deles não estava na autoridade sobre demônios, mas, sim, na alegria da salvação. E Jesus usou o próprio exemplo de Satanás para ilustrar o que acontece com quem se gaba de realizações poderosas, pois, nessa passagem, Ele conta que viu a queda de Lúcifer como um raio caindo do céu. O querubim ungido caiu por conta de sua arrogância. E os discípulos, se não fosse a orientação de Jesus, já estavam indo pelo mesmo caminho de vaidade, daqueles que acreditam que é o que fazem no nome de Jesus que importa. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muito s me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Mateus 7.21-23 Não são as obras que salvam, não é a projeção ministerial que dita quem tem ou não relacionamento com Deus. Jesus deixa evidente que: pregar, expulsar demônios, operar milagres e outras maravilhas no nome de Deus não garantem a ninguém a salvação. São as intenções que o 40 Senhor considera a todo instante. É a quem você dirige a glória pelos feitos que o Senhor quer saber: a Ele ou a si mesmo? Já falamos sobre a intenção errada, no capítulo anterior, e averiguamos que é a partir dela que se inicia o processo da decisão errada. E agora vamos ver que a distância da decisão errada para a queda se percorre na velocidade de um raio caindo ao chão. É, num momento, céu e, no outro, inferno. -A distância entre céu e inferno Então, qual é a distância entre o céu e o inferno? É um piscar de olhos! Você está no “céu” e, se bobear, quando se der conta, já estará entrando no “inferno”. Quando Lúcifer percebeu, já tinha despencado do céu como um raio. Não se sinta seguro em sua poltrona santificada nem se sinta confortável e acomodado no seu estágio de espiritualidade. Este suposto “céu” não é garantia de estada permanente nem de intocabilidade. Muito mais espírito ou espiritual do que nós, era Lúcifer, mas, numa fração de tempo, virou um diabo. A distância a ser percorrida? Mínima, imperceptível. Deus quer que nosso nome continue escrito no Livro da Vida e não tem interesse algum em riscá-lo de lá (Apocalipse 3.5). A nossa maior alegria não deve ser o cargo que ocupamos, não é a obra que fazemos, não é o carro que Deus dá para a gente, não é a boa casa que ganhamos dele, 41 nem restaurantes, nem viagens… Para Deus nos dar essas coisas é moleza! A questão é que Ele nos dá isso tudo, porque o nosso nome está escrito lá. Nós só temos autoridade sobre demônios, porque o nosso nome está lá! No dia em que nosso nome não estiver mais lá, nós teremos deixado de ser “anjo” por ter virado “demônio” (Apocalipse 20.15)! Não deixe a euforia pelas vitórias alcançadas ou testemunhadas através do poder de Deus suplantar a maior alegria, que é ter o nome registrado no livro da vida. Podemos maravilhar-nos pelas obras feitas em nós e através de nós — como os discípulos —, mas o maior triunfo deverá sempre ser nossa cidadania celestial. Quando houver dificuldades em entender a prioridade, o Mestre estará sempre pronto a nos ensinar que o mais importante não são as realizações, mas, sim, ter conexão com o céu. Por isso, não perca o foco do céu, senão, num segundo, estará no inferno. SEGUNDA QUESTÃO: A VELOCIDADE DA QUEDA DO CÉU PARA O INFERNO E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão 42 Barjonas, porque isso não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo. Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê- lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens. Mateus 16.13-23 Aqui está Jesus interrogando os discípulos a respeito do que o povo considerava sobre Ele. E Cristo também quis saber o que os Seus discípulos pensavam dele, e Pedro, num impulso, tomado pelo Espírito, fez uma linda e contundente declaração de fé, revelada pelo próprio Deus: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo! Minutos depois, Jesus continua a conversa, agora explanando a respeito de Sua morte. Quando o mesmo Pedro toma a palavra, novamente, e, num tom exortativo, diz que não 43 convinha o Mestre cometer tal ato. Jesus, imediatamente, repreende-o, chama-o de Satanás, fala que ele é uma pedra de tropeço e ainda completa dizendo que ele não discerne as coisas que são de Deus. Nem parece o referido Pedro do início do diálogo… O que aconteceu com o homem usado por Deus no princípio do episódio? Como alguém que fala cheio do Espírito, num momento, empresta, no outro, a boca para o diabo? Como pode Pedro, que recebeu uma revelação vinda do céu, depois ser usado por Satanás, que não compreende as coisas do alto? É o mesmo Pedro através do qual, minutos antes, estava Jesus revelando Seus propósitos para a Igreja? O próprio a quem Jesus falou que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja, pouco depois, estava proferindo os intentos malignos para impedir a execução dos planos de Deus? Como pode acontecer tão rápido? Num momento ele era um homem espiritual, e, no momento seguinte, Jesus o chamava de Satanás? O discernimento livra da queda Se você não vigiar, dança num segundo. Cuidado para não exercer a malignidade logo após ter sido instrumento de Deus. Isso aconteceu com Pedro. Não se acostume a ser usado por Deus, mas peça ao Senhor discernimento (Provérbios 2.3-11). Discernir significa saber fazer distinção — apesar da grande semelhança entre ambos os termos. O discernimento é uma ferramenta 44 espiritual que coíbe o engano e é a capacidade de poder enxergar através dos “olhos” do Espírito Santo. O homem natural visualiza o que está diante dos olhos, porém o dom do discernimento o habilita a ver na dimensão do sobrenatural, pois discerne intenções do coração e antevê aquilo que está restrito no âmbito dos pensamentos. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm doEspírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois ‘quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo’? Nós, porém, temos a mente de Cristo. 1 Coríntios 2.12-16 A única ferramenta capaz de retirar a camuflagem do engano e da dissimulação do maligno é o discernimento. As nuvens que encobrem as verdadeiras intenções se dissipam diante do discernimento que é capaz de desmascarar o espírito de encantamento. Vejo citado na Bíblia apenas uma vez este espírito enganador que Paulo repreendeu depois de levar certo tempo para identificá-lo (Atos 45 16.16-18). É um espírito que não é fácil de ser identificado. Ele atua de forma que não altera o comportamento de quem está sob o seu efeito. Mas, com discernimento, identifica-se o demônio e no nome de Jesus a pessoa é liberta! Sem discernimento, o indivíduo é uma presa fácil do grande enganador. O discernimento faz distinção entre as vozes semelhantes e identifica de quem elas procedem: se de Deus ou do diabo. Alguns indivíduos podem escandalizar-se com essa afirmação, porque acreditam que a voz meiga e suave deva vir do Senhor, e a rouca e ruidosa, do inimigo. Ora, já viu alguém que é chamado de enganador não saber imitar? Satanás conhece muito bem a voz de Deus e é tão hábil que a maioria não sabe fazer a distinção entre quem é quem. E, para isso, só há uma saída: ou temos o dom do discernimento, ou seremos enganados. Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal. Hebreus 5.14 (NVI) TERCEIRA QUESTÃO: OS ASPECTOS ENTRE O CÉU E O INFERNO NA DIMENSÃO ESPIRITUAL É preciso tomar muito cuidado também para não falar, uma hora, como “voz de Deus” e, em outra, como diabo. É preciso reconhecer, na 46 boca de alguém, a voz do demônio e repreender. Não podemos acovardar-nos, pois o pior demônio é aquele que tem aparência de anjo. Ou você pensa que o mundo espiritual está nesta dimensão natural? Quando entramos no mundo espiritual, há duas esferas de domínio: a esfera de Deus e a esfera do diabo. Quando você entra no mundo espiritual guiado pelo Espírito Santo de Deus, você está no mundo de Deus. Agora, se você entra no mundo espiritual sem o respaldo de Deus — onde parece ser de Deus, mas não é —, você terá problemas, pois estará entrando no mundo do diabo. Não brinque com coisas espirituais, porque estão acima de nós. Não brinque com o Espírito Santo, não brinque de profecia e não brinque de fazer “gracinhas” das coisas espirituais e colocar o que está na sua cabeça. Invenção não é revelação, e, quando há invenção, a revelação cessa. Esse tipo de ‘sabedoria’ não vem do céu, mas é terrena, não é espiritual e é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males. Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. Tiago 3.15-17 (NVI) Entrar na dimensão espiritual sem o respaldo de Deus é um perigo. Você faz isso para ver o que acontece? Entra no âmbito espiritual e começa a brincar para ver o que acontece? Entra na esfera espiritual e começa a 47 achar que é normal atabaques na igreja em ritmos afros, por exemplo, e alguém rodando como um pião sem ficar tonto? Porque capeta não fica tonto. Depois vai usar vestes esquisitas, andando com fogo no meio da igreja, inibindo o povo e criando símbolos? Sabe o porquê disso tudo? Puro “invencionismo”. As pessoas precisam inventar fogo e tocha onde não está o Espírito Santo. Mas, onde Deus está, o fogo desce sem invenções. Certa vez, precisei interferir, lamentavelmente, na igreja de um amigo pastor, com título, mas sem autoridade. No púlpito, subiu uma profetisa, dizendo à igreja e falando em línguas, e a igreja, em polvorosa. Mas sabe quando você olha e diz “tem alguma coisa errada”? Então, perguntei ao pastor: — Quem é essa aí? E ele respondeu: — Não… é uma irmã de Deus, muito ungida. — Então, você peça a dois irmãos para a levarem ao gabinete, pois eu quero falar com ela. — O que houve? O que aconteceu? — Disse ele. — Deixa que eu vou lá. — Respondi. 48 Quando cheguei, com mais duas irmãs, comecei a expulsar os demônios que, por mais incrível que pareça, falavam em línguas. Infelizmente, é mais comum do que se imagina! Há igrejas cheias de “santos” endemoniados. Jesus lhes disse: “Cuidado, que ninguém os engane. Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e enganarão a muitos”. Marcos 13.5-6 (NVI) Outro exemplo bíblico de alguém cheio do Espírito é Sansão. Num momento, acostumado com guerra e com luta, habituado a vencer — aonde chegava, destruía os filisteus e tudo o mais. Até que, depois, chamaram-no mais uma vez, dizendo: Sansão, os filisteus vêm contra você. E ele pensou: Vou levantar de novo e vou derrotá-los. E eis o trecho mais triste da Bíblia: Não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele (Juízes 16.20). Sansão, então, passou do céu ao inferno. Não podemos deixar o Espírito sair da nossa vida. Porque, se Ele sair, a casa estará limpa e adornada, e virão sete demônios piores que o primeiro (Mateus 12.43-45). Isto é Bíblia. Foi Jesus quem falou! Vigie e cuide para não cair. Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! 1 Coríntios 10.12 (NVI) 49 - Checar se é de Deus ou do diabo Num segundo, Pedro, andando com Jesus, coloca a palavra errada, a intenção errada, o pensamento errado, e nele é detectado: Satanás. Às vezes o líder estará tão comprometido consigo mesmo e com seu ministério, que não poderá dizer para o outro que caminha com ele: você está sendo usado pelo diabo. É preciso coragem e autoridade para isso. Quem é denunciado pode agir de maneira hostil. E se nada for feito, surgirão os “politicamente corretos” do evangelho: nem denunciam, nem são denunciados. Também há quem não queira ser confrontado. Se você inquire o indivíduo, ele fica com raiva: “quem é você para julgar”, “não julgueis para que não sejais julgados”, “tira primeiro o arqueiro do teu olho e a trave”, usa até a Palavra para se defender. Mas o mesmo é muito orgulhoso para assumir fraquezas e desvios de conduta; altivo, considera- se perfeito. Uma pessoa assim não aceita ser verificado pelo líder, por exemplo, porque quem confronta hoje no nome do Senhor é questionado: “Quem é você para falar assim comigo?”. Deus não tem problema em ser checado e verificado, porque Ele mesmo diz que, quando a profecia chegar até nós, devemos julgá-la (1 Coríntios 14.29-33). Deus não tem problema em ser checado, porque Ele é a verdade (João 14.6). Mas experimente checar alguém que diz falar “em nome de 50 Deus” e não é de Deus: ele não gosta, não aceita. Pessoas assim não suportam o confronto e estão sempre encobrindo pecados… Fique em alerta, pois Deus não o chamou para que caia mais tarde como um raio, mas, sim, para ser levantado como um verdadeiro sol da justiça (Mateus 13.43). Tristeza do Espírito Santo E lhes disse: ‘A minha alma está profundamente triste, numa tristez a mortal. Fiquem aqui e vigiem’. Marcos 14.34 (NVI) Nesta experiência vivida com o Espírito Santo — de perguntas e respostas feitas a mim —, pude perceber, nitidamente, a preocupação de Deus com o destino dos líderes, de homens e mulheres que foram chamados e vocacionados para serem “anjos humanizados”. E eu quero ressaltar essa preocupação de Deus. Falar que o Senhor fica preocupado pode até parecer uma aberração ou uma grave infração teológica. No entanto, procure entender isso da melhor maneira possível. Posso, ainda, acrescentar que o EspíritoSanto não apenas se preocupa, mas se entristece de uma forma inimaginável. Na verdade, poucos se importam com os motivos pelos quais Ele se entristece. Eu, por exemplo, nunca ouvi alguém sequer mencionar sobre 51 as tristezas do Espírito de Deus. Afinal, Ele é Deus; “isso é um problema dele e não devemos intrometer-nos”, deve ser o que a maioria pensa… No entanto, é muito comum, no nosso meio, pedir e buscar a alegria do Espírito, e, em alguns casos, até se extrapola no chamado “gozo do Espírito” — que eu acredito e sinto, porém sem excessos. Mas, a questão é: por que ninguém pede para sentir a Sua tristeza? Será que nós nos importamos apenas com que Deus se preocupe conosco? Será que não precisamos saber se estamos agradando ao Senhor? Pois eu vou compartilhar com você uma experiência. Certo dia, eu estava no banho, e, como de costume, conversava com o meu amigo Espírito Santo. Enquanto a água fresca escorria pela minha cabeça, massageando o meu couro quase cabeludo, relaxei de tal maneira que esqueci onde estava. Estranhamente, percebi, assim como ocorre entre amigos, que Ele estava triste. Ora, isso era novidade para mim; como Ele, Deus, Espírito Santo, pode estar triste? Não perdi tempo, e, correndo o risco de cometer uma enorme gafe, perguntei-lhe: — Você está triste ou é impressão minha? Ele me respondeu, acredito que meio satisfeito com a minha percepção e curiosidade: — Você percebeu? Respondi logo: 52 — Claro que sim. Só não entendo como e por quê… A Sua resposta me atordoou: — Ah, esse povo que se chama pelo nome de Deus… Bem, a resposta não foi muito clara, mas acho que posso entender pelo menos uma parte do que quis dizer e um pouco dos motivos desse sentimento. É isso mesmo: o Espírito Santo fica triste com as pessoas. No entanto, o imprevisível aconteceu — e não seria para menos, afinal é impossível prevermos o que Deus vai fazer. E, sem mais nem menos, assim de supetão, Ele me perguntou: — Você quer experimentar a minha tristeza? Sem parar para pensar ou refletir nas consequências, se é que existiam, respondi apressadamente: — Claro, eu quero experimentar isso. No mesmo instante, parece que Ele pegou um fardo enorme e pesado de tristeza e colocou dentro do meu peito. Meu Deus! Desabei a chorar compulsivamente e a soluçar sem controle. Parece que todas as tristezas de uma vida inteira vieram sobre mim num instante. Era uma tristeza indescritivelmente dolorosa. Inexplicável. Tive a sensação de que sofreria um mal súbito. Se aquilo durasse um pouco mais, acho que morreria. E tão rápido quanto veio, foi retirado de mim. Fui recompondo- me lentamente, estarrecido, perplexo… Não havia mais o que dizer… 53 Foi então que percebi a preocupação do Espírito de Deus com o destino dos seus líderes na Terra. A maioria está alegre com Jesus, mas não faz ideia se Ele está contente com eles. Para muitos, isto basta: saber que Cristo os satisfaz. E, por isso, nunca se deram ao trabalho de perguntar se Jesus está satisfeito com elas. Na verdade, penso que a maioria teme ouvir uma resposta… Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Efésios 4.30 (NVI) Entristecemos o Espírito Santo quando nossas atitudes não condizem com o que Deus quer de nós. O Espírito Santo é um Ser que pode sentir uma imensa tristeza pelos atos que praticamos contrários à Sua instrução. Ouvir a Sua voz e sentir a Sua presença é a garantia de estar fazendo o que é certo. Enquanto Ele estiver em nós, estaremos ligados a Deus. - O rebelde cai como um raio Um raio é, tremendamente, poderoso, tem uma concentração absurda de energia, e, mesmo assim, cai. Do mesmo modo, é o rebelde. Sua atitude afasta, e até extingue, o Espírito Santo (1 Tessalonicenses 5.19). A rebelião tira o rebelde do céu. O rebelde é imponente, sedutor, atrai 54 atenção para si; é reluzente como um relâmpago! Mas cai com a descarga de sua própria energia. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra. Apocalipse 12.9(NVI) Não há lugar no céu para rebelde, rebeldia ou rebelião. Lúcifer e seus seguidores, muitos outros anjos, foram expulsos do lugar junto a Deus. Esse anjo de luz transformou-se, ainda, no jardim de Deus, ou seja, mostrou-se antes de rebelar-se. A rebelião vem depois que o rebelde revela-se. Às vezes, saímos da cidade da humildade e submissão para a cidade da soberba e rebelião. O Senhor está preocupado com que não viremos um demônio ou um diabo. Para isso, a obediência deve ser nossa marca. Quando chegarmos diante dele, precisamos ter a confiança de que Ele se lembrará de Jesus e não de Satanás. Já o rebelde é insubmisso e tenta justificar sua postura usando o nome de Deus em vão. Lembra-se de Saul? Quando indagado por Samuel sobre o porquê de ter desobedecido a Deus, respondeu: Mas eu obedeci ao Senhor! Cumpri a missão que o Senhor me designou (1 Samuel 15.20). 55 Disse isso alegando ter ficado com os despojos porque iria “sacrificar ao Senhor”. Imediatamente, Samuel lhe falou: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei. 1 Samuel 15.22-23 (NVI) Queda de Saul. Rebelde, desobediente, obstinado, achava que não precisava cumprir o que disse o Senhor. O rebelde sempre acha que possui uma autoridade legítima: “eu sei o que estou fazendo”, “depois é só ofertar, e Deus me perdoa”. Saul pensou assim e logo quis desculpar-se. Mas, note, a justificativa do rebelde é evitar sucumbir com sua aparência de poder. O rebelde não tem arrependimento sincero; ele apenas quer livrar-se da punição: Saul repetiu: ‘Pequei. Agora, honra-me perante as autoridades do meu povo e perante Israel; volte comigo, para que eu possa adorar o Senhor seu Deus’. 1 Samuel 15.30 56 Cuidado com o sentimento que entra no coração. A mudança começa não por atitudes, mas por desejos. Esse desejo não é dito para pessoa alguma, está apenas no coração, porém é nele que o Espírito Santo habita. Portanto, Ele sabe bem quais são as nossas intenções. O culto ou qualquer outra forma de louvor não tem valor se não for acompanhado de obediência. Expressões exteriores de adoração nunca substituirão um coração submisso à vontade de Deus. Quem obedece prova amar ao Senhor e não ao seu próprio ego. - Alcançando o céu A crença no céu é bastante consoladora e reconfortante, e fortalece a errônea ideia modernista de que a maioria das pessoas de bom coração vai para lá. Já o inferno é um destino bastante assustador, é um lugar de tormentos terríveis, e as pessoas deixam de acreditar nele por acharem que não o merecem. A teologia liberal acredita que, pelo fato de Deus ser amor, não há motivos para julgamentos severos ou demonstrações de justiça. A crença de alguns sobre o destino no céu baseia-se em uma perspectiva otimista da irrestrita bondade de Deus, que perdoa pecados com facilidade. Os defensores desse pensamento acreditam que todo indivíduo de “bom coração” tem uma vaga cativa no céu, independente de ter aceitado a Jesus Cristo ou não. 57 Diante da tragédia, ainda é comum encontrarmos pessoas — que se consideram merecedoras do céu — perguntando a Deus a razão dos infortúnios que lhes sucedem. Isso ocorre porque o entendimento deste século, sobre a bondade humana, forma o conceito de que Deus é obrigado a ser um protetor de tempo integral. O otimismo acerca da natureza humana fez o homemautopriorizar-se e tornar a relação com Deus mesquinha e interesseira. O homem voltou-se tanto para si mesmo que faz do Senhor o seu “mordomo exclusivo”. Mas não, não é assim que alcançaremos o céu. E essa postura tampouco nos manterá lá. Não será servindo a Deus na condição dEle nos servir primeiro que seremos cidadãos do céu. Não… Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Mateus 7.21 (NVI) Ganhamos o céu não por mérito, mas por relacionamento com Jesus. Não é por ser “bonzinho”, mas por reconhecer a Cristo como Senhor; Ele, sim, é capaz de limpar-nos e ligar-nos de volta a Deus. Não basta falar do céu; é preciso viver o céu. Nosso comportamento deve ser santo, como Santo é o que lá no céu habita. Assim, nessa fé e prática, alcançaremos o céu! 58 APLICAÇÃO: •Céu e inferno são lugares reais, porém não são aqui. •A distância entre céu e inferno é percorrida na velocidade da queda de um raio. •Jesus ensinou que o sucesso não se mede pelas obras, mas pela ligação que um homem de Deus tem com o céu. •Não se acomode ou se sinta seguro com sua espiritualidade e santidade; esse não é um aspecto intocável. •Lúcifer era muito mais espiritual do que nós, mas, numa pequena fração de tempo, virou um diabo. •Só temos autoridade sobre demônios, porque o nosso nome está escrito no Livro da Vida. O dia em que nosso nome não estiver mais lá, teremos deixado de ser “anjo” por ter virado “demônio”. •Cuidado para não exercer a malignidade logo após ter sido instrumento de Deus, como aconteceu com Pedro. •Não se acostume a ser usado por Deus; peça ao Senhor discernimento. •Discernir significa saber fazer distinção — apesar da grande semelhança entre ambos os termos. •O discernimento é uma ferramenta espiritual que coíbe o engano; é a capacidade de enxergar através dos “olhos” do Espírito Santo. 59 •É preciso tomar muito cuidado para não falar, uma hora, como “voz de Deus” e, em outra, como diabo. •Não brinque com questões espirituais. •Deus não tem problema em ser checado, porque Ele é a verdade, mas alguns homens, sim, principalmente aqueles que encobrem pecados. •Acovardamo-nos porque, às vezes, reconhecemos a voz do demônio na boca de alguém e não o repreendemos. •O Espírito Santo pode sentir uma imensa tristeza devido aos atos que praticamos contrários à Sua instrução. •O rebelde não tem lugar no céu. •A rebelião tira o rebelde do céu. •Não basta falar do céu; é preciso viver o céu. 60 CAPÍTULO 3 OS PLANOS DE LÚCIFER Aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo vem pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo. 1 João 3.8 (NVI) Criatura tão cheia de qualidades, no céu elaborou um projeto mau, e foi malsucedido mas o que deu errado se ele tinha uma ideia tão promissora? Sob esse prisma, vamos analisar os planos de Satanás, que continuam malignos: roubar, matar e destruir (João 10.10). Do seu insuce sso, vamos trazer aplicações para nossa vida, pois conhecer o que não fazer também nos ensina. TERCEIRA PERGUNTA DO ESPÍRITO SANTO E A RESPOSTA A terceira pergunta do Espírito Santo a mim foi uma explanação sobre o plano arquitetônico de Lúcifer. Um convite a refletir sobre as suas ideias, não sob um aspecto demoníaco, mas, sim, sob a ótica de quem tem uma perspectiva de ascensão, de progresso, como qualquer um que tem anseios por objetivos maiores e tem ambição de querer “vencer na vida”. 61 Eu nunca pensei em olhar a sagacidade de Satanás por esse ângulo. Mas o Espírito Santo me revelou esta pergunta seguida da resposta: — Afinal, o que estava errado com o plano de Lúcifer? E Ele me respondeu: — Lúcifer usou ferramentas que estavam em suas mãos mas não lh e pertenciam. Elas eram uma concessão de Deus e não uma propriedade p essoal dele. E, baseado nessa pergunta e resposta reveladora do Espírito Santo, vamos tirar lições para nossas vidas no âmbito do crescimento, das ambições, do ministério, da liderança e de tantas outras posições, atribuições e até funções que ansiamos. Pensando assim, a primeira lição será refletir sobre: o que dá errado n um plano perfeito? A segunda lição será pensar que: os planos são meus, mas as ferramentas são de Deus. E a terceira será entender que: temos uma conces são de Deus e não uma propriedade. Neste capítulo, seremos confrontados ao nos depararmos com características comportamentais semelhantes às nossas. E saber isso vai preparar-nos a fim de evitar uma queda. 62 PRIMEIRA LIÇÃO: O QUE DÁ ERRADO NUM PLANO PERFEITO? (…) E tu dizias no teu coração: ‘Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo’. Isaías 14.13-14 Olha que coisa interessante essa colocação do Espírito Santo: Ele considerou o plano de Lúcifer ousado, de crescimento, de novidade, de novas oportunidades, de mudança. Plano este que consistia em: exaltar a si mesmo, assentar-se na congregação do lado norte, subir às mais altas nuvens, ser semelhante ao Altíssimo, entre outras coisas. Afinal, quem não gostaria? Quem não quer crescer, viver em novidade, experimentar mudanças e novas oportunidades? Mas a questão é: por que será que esse projeto de Lúcifer não deu certo? E perceba que estamos sempre dizendo a nós mesmos: “precisamos, cada vez mais, parecer-nos com Deus…”. E era o que ele queria afinal. Mas será essa uma má ideia? Pois bem, vamos por partes… Dá errado esquecer-se de quem é Primeiro, Lúcifer esqueceu-se de que era o que era, não por mérito próprio, mas pelas características que Deus lhe atribuiu, quando o criou. 63 Explicando melhor: Lúcifer achou que era alguma coisa, que era bom demais, que estava palmo a palmo com Deus. Mais ou menos assim: “se o pastor bobear, eu prego melhor do que ele”, “já não sou o mesmo garoto de antes, agora eu entendo as coisas”, “agora eu sou ´fera´”, “já cresci”, “isso aqui está ficando pequeno demais para mim” etc. Lúcifer esqueceu- se de que as ferramentas que tinha nas mãos — talentos e características — não eram dele, mas uma concessão de Deus e não uma propriedade pessoal. Amigo, não se esqueça: a razão da sua vitória não é a sua capacidade, mas a unção que o Senhor colocou sobre você. Se Ele resolver tirá-la, você não será mais nada! Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro o ensinou? Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento? (…) A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis? Isaías 40.13-14,18 Esse é o nosso incomparável Deus… Não há outro como Ele… Mas Lúcifer não considerou isso… 64 - Dá errado sentar-se no lugar que não é seu Quando Lúcifer diz que se “assentará no trono”, está querendo dizer que aquele lugar passaria a ser seu. Cuidado quando você tenta ocupar um lugar que não é seu, não tente cobiçar a cadeira errada, não construa um “trono”, porque Deus adora abater aquele que se exalta. Quando alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior honra do que você. Se for assim, aquele que convidou os dois virá e lhe dirá: ‘Dê o lugar a este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos importante. Mas quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma que, quando vier aquele que o convidou, diga-lhe: ‘Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado na presença de todos
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