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1 Catarina Viterbo Rotura Prematura de Membranas Prof. Licemary Lessa – Emergências Obstétricas – 19/05/2021 Importância do líquido amniótico Tem momentos que no seguir na formação desse bebê, que esse líquido é importante e se não tiver a presença dele, o bebê não vai formar para sobreviver. • Facilita movimentação fetal: Para entender a importância do líquido, basta se imaginar numa piscina, fazendo uma hidroginástica, vamos estar nos mexendo. o O bebê quando está dentro da bolsa, também vai se mexer, o líquido vai facilitar isso. Nessa facilidade, vou desenvolver melhor as articulações. • Desenvolvimento muscular e de crescimento → Se não consegue se movimentar, vai gerar uma atrofia muscular. • Permite o desenvolvimento pulmonar → Precisa de líquido na construção desse pulmão, do parênquima. o Se eu não consigo desenvolver esse pulmão vou ter uma hipoplasia pulmonar e o bebê não respira direito quando nasce. • Proteção contra traumas externos • Gera um ambiente estéril: A não ser que algo entre ali, por exemplo, na rotura de membrana. • Possui fatores imunológicos A produção da líquido, no momento que surge o embrião, com o aparecimento do saco gestacional, já vai ter um pouco de líquido ali. Só que esse líquido passa passivamente, em um determinado momento, em torno de 15 semanas¸ há queratinização da pele e daí não tem como mais passar pela pele. • O rim passa a produzir e excretar o líquido. (16-17 semanas) • Os fetos que têm agenesia renal bilateral não produzem líquido. Definição Ruptura espontâneas das membranas fetais antes de completarem 37 semanas e antes do início do trabalho de parto. É quando essa membrana se rompe. O nome prematuro não é pela prematuridade, vem porque a bolsa rompeu no momento que não era para romper. O ideal era chegar nos 9 meses, ela parir, se puder a bolsa sair íntegra com o bebê, melhor, o chamado empelicado. A bolsa rompe espontaneamente ou o obstetra para ajudar na dinâmica, na contração ou no ajuste das distocias do parto acaba tendo que romper (amniotomia) • RPM-PT (Pré-termo) → Antes de 37 semanas • RPM-T (Termo) → Depois de 37 semanas A rotura ocorre de 2 a 3% das gravidezes. Muitas delas ocorrem antes de 37 semanas, que também não é o momento, seria um prematuro. Nessa rotura, muitas acabam entrando em trabalho de parto. • 30 a 40% dessas bolsas que romperam prematuras são responsáveis pelo TPP. • Ao romper aumenta a chance de infecção, a liberação de mediadores inflamatórios que também vão contrair esse útero. Período de latência → Do momento que a bolsa rompe até entrar em TPP • > IG > Período de latência. O contrário também é verdade. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 2 Catarina Viterbo o Ao romper bolsa com 16, 20 semanas, demora muito para entrar em trabalho de parto. o Quando rompe com <20 semanas, não faz muita coisa. Apenas acompanhar e rastrear infecção. • Cuidado: Não é fase de latência (uma fase do trabalho de parto). Fatores de risco para RPPM • Trabalho de parto pré-termo ou RMP prévios • Tabagismo • Sangramento genital • Incompetência cervical • Vaginose bacteriana • Útero distendido (polidrâmnio, gemelaridade, macrossomia) • Procedimentos invasivos (biópsia de vilo corial, amniocentese, cardiocentese) • Deficiências nutricionais (Vitamina c e cobre) • Doenças maternas como deficiência de alfa-1- antitripsina, drepanocitose, síndrome de Ehlers- Danlos. → Não tem tanta maleabilidade na bolsa e pode fazer romper. Passado de parto prematuro, bolsa rota, evoluindo para parto prematuro. Isso faz a gente pensar em incompetência de colo. • Começa justamente com perdas tardias e vai diminuindo a idade gestacional. Perdeu primeiro com 24, depois com 22 e por fim com 20 semanas. Fisiopatologia 1. Degradação do colágeno → Pode ser por um processo inflamatório, infecção, tensão ou não fabricação criar essa fragilidade. 2. Alteração da síntese do colágeno 3. Morte celular 4. Enfraquecimento do âmnio a. Tudo isso com a tensão de uma barriga muito grande leva a RPM. 5. RPM Sobrevida Quanto maior a idade gestacional, maior a sobrevida. O parto deveria ocorrer mais ou menos em 34 semanas, não só pela maturidade pulmonar, mas também pelo peso, tenho mais chance de sobreviver esse bebês. No gráfico, os bebês que nasceram com 24 semanas, logo morreram (bolinhas pretas). Quanto mais prematuro precoce, menor chance de sobrevida. Quando é muito precoce, nem o pulmão consegue formar, pois o pulmão só começa a se formar a partir de 20 semanas, não tem ainda os pneumócitos tipo II para a formação de surfactante. • Nesse período, em termos de conduta, não tem muito o que fazer. • Por isso, que mesmo que a bolsa rompa, vamos tentar adiar o parto para aquela faixa com maior chance de sobrevida (entre 32 e 36 semanas) Classificação de acordo com a IG • RPMO a termo, se > 37 semanas • RPMO pré-termo, se <37 semanas, subdivide-se em: o RPMO pré-viável (<24 semanas), estando relacionada com os piores prognósticos fetais, diante da possibilidade de interferências no processo de maturação fetal e risco de infecção. o RPMO precoce (24 a 34 semanas) → Consegue ter uma chance maior. o RPMO próxima do termo (34 a 37 semanas) Exame físico e complementar Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 3 Catarina Viterbo • Exame especular → Ver o líquido saindo. • Teste do fenol vermelho → Pega um pedaço de gaze coloca na vagina da paciente com fenol. Quando essa substância entra em contato com algo básico (importante que paciente não tenha uma vulvovaginite que altere o pH) e o fenol muda cor. • Presença de cristalização em folha de samambaia → Pega o líquido e coloca em um lâmina e vê se formam essas imagens em folha de samambaia. • Papel de Nitrazina: Com esse líquido podem ser feitos outros testes como pH. O pH da vagina é ácido e o do líquido básico, se fizer o teste e der neutro ou básico, vamos pensar que quem neutralizou foi o líquido amniótico. • Pesquisa de elementos fetais • Teste de IGFBP-1e PAMG-1→ São proteínas que estão na membrana e ao romper elas são liberadas. Quando estão no líquido ao cruzar com o reagente, tem uma positividade, ou seja, essa proteína foi perdida e essa bolsa está rota. o O nome do teste é Aminosure. o Mais específico → Quando não tem muito líquido esse é um exame que pode nos ajudar. Quando tem dois tracinhos pode ser que esteja invalidado, mas quando temos dois é positivo. Exame complementar Depois do diagnóstico, é necessário rastrear infecção, já que a bolsa está rasgada tem risco infeccioso. • Hemograma completo • Urina rotina • Urocultura o Se não tiver nem o sumário, nem urocultura, tem que pedir, porque a principal causa de bolsa rota e infecção é a de urina. • Pesquisa para estreptococo do grupo B em swab anal e vaginal → Saber se tem contaminação no períneo. Mas isso não altera os antibióticos que vamos fazer. • Ultrassonografia para vigilância, junto com a Cardiotocografia. Fluxograma de decisões para manejo de RMP - 2012 Diagnóstico: História e LA visível pelo orifício cervical ou na vagina, teste de nitrazina, teste de cristalização. Avaliação 1. USG para avaliação de IG, crescimento, posição e ILA; 2. Hemograma, urina rotina, gram de urina, urocultura; 3. Monitorização do estado fetal e trabalho de parto. Corioamnionite clínica, descolamento de placenta, morte fetal, trabalho de parto avançado. Não e >34s e SIM. → O pulmão já tinha líquido, já está formado. Não tem ganhos manter essa gravidez paraaumentar o risco de infecção. • Parto → Pode ser induzido, normal ou ter indicação de cesárea. o Profilaxia para EGB → Bebê com <37 semanas tem que fazer. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 4 Catarina Viterbo ▪ Penicilina Cristalina 5 milhões de unidades. o Antibióticos de amplo espectro se corioamnionite. Não e <34 semanas • <24 semanas o Discutir com familiares e gestante → Que é um bebê que não tem muito o que ser feito, que vai rastrear infecção. Vai basicamente discutir. ▪ Pode dar alta, mas tem que ter alguns cuidados, como morar próximo do hospital, mediar a temperatura a cada 6h, ir a cada 2 dias no hospital para fazer um hemograma. ▪ Manejo ambulatorial (ver texto) • 24 a 33:36s→ Não sabemos como vai ser. Se vai evoluir para trabalho de parto antes. o Manejo conservador ▪ Repouso relativo ▪ Corticoides → Serve para a maturidade pulmonar, ajuda na produção do surfactante estimulando o pneumócito tipo II. • Depois de 34 semanas não precisa tanto. ▪ Antibióticos → Não é pensando em matar uma bactéria, não tem ação terapêutica. É como se fosse uma profilaxia. Foi observado, que usando a o ATB aumentava o período de latência (momento que rompe a bolsa até o trabalho de parto). ▪ Tocólise de curta duração se necessária. → Hoje é contraindicada. ▪ Avaliação seriada para amnionite, trabalho de parto, DPP, bem-estar e crescimento fetal. ▪ Parto se amnionite ou comprometimento fetal ou 34 semanas. Antibióticoterapia para Corioamnionite Tem por objetivo reduzir a chance de sepse e morte materna. Introduzir sempre que ocorrer presença dos critérios de Gibbs e colaboradores. • Febre (Temperatura axilar ≥38ºC) + 2 ou mais dos seguintes sinais (de infecção): o Sensibilidade uterina anormal o Líquido amniótico purulento ou com odor → Precisa realizar exame especular, pelo menos, 2x na semana. o Taquicardia materna >100 bom o Taquicardia fetal >160 bpm o Leucocitose >15.000/mm3 o Aumento da contratilidade uterina o Dor pélvica à movimentação O marcador clássico, que mais chama atenção é a febre. Protocolos da Maternidade Climério de Oliveira, 2018. Antibióticoterapia Entre 24-34 semanas, vamos vigiar os critérios de infecção com exames, com a clínica. Se for corio vai ter um destino Profilaxia: Seria aquela paciente que está entre 24-34 semanas, que você quer dar mais tempo para que ela consiga chegar mais perto de 34 semanas, que melhora a sobrevida dos prematuros. Existem ATB que aumentam o período de latência (da rotura da bolsa até o trabalho de parto) Existe um estudo que a ampicilina tem uma boa resposta nesse período de latência, então ela é a escolha. No estudo, associava com eritromicina, porém não tem esse medicamento venoso no Brasil. Foi substituída então associou com a azitromicina. • Ampicilina 1g, IV, 6/6H por 48h, passar para o Dose de ataque → 2g, IV, 6/6H. Associa com 2 comprimidos de azitromicina o Nos próximos dias passa para: ▪ Amoxacilina 500mg, VO, 6/6h, POR 5 DIAS • Azitromicina 1g, VO, dose única. → São os dois comprimidos de 500 que toma junto com a ampicilina da dose de ataque. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 5 Catarina Viterbo Ampi por 2 dias mais amoxacilina por 5 dias → Total 7 dias Profilaxia para SGB – “2ª Gavetinha” É aquela paciente que você esperou aumenta o período de latência, vigiando e ela evolou em TPP, ou chegou em 34 semanas, e você vai induzir. Pacientes em trabalho de parto <37 semanas tem que instituir penicilina cristalina, 5 milhões dose de ataque passando para 2,5 milhões a cada 4h. Tratamento para Corioamnionite Paciente estava na enfermaria a apresentou um dos critérios de Gibbs (Febre + 2 daqueles critérios). Aqui não pode esperar porque a paciente vai morrer. Tem que agir. Não vai fazer a profilaxia de strepto, porque é corio, que pode ter flora até ampliada, tem ampliar o espectro de antibiótico. Quando falar de infecção seja endometrite no puerpério, seja aborto infectado. Usa esse mesmo esquema, para infecção dentro da cavidade uterina. Porque se eu tenho uma bolsa e uma placenta já com infecção, óbvio que o útero e o endométrio também estarão. Não pode esperar, tem que ser mais agressivo. Corticoterapia Se é um paciente que eu tenho tempo, não tem infecção e que eu quero melhorar a evolução desse quadro. Vou aumentar o período de latência, porque eu ganho tempo aumentando a IG, ganhando peso desse bebê, vigiando a infecção. Tem como ajudar o pulmão fetal. Se é um parto que eu penso que pode ocorrer nos primeiros 7 dias, a ação desse remédio é melhor. Corticoterapia para maturidade pulmonar. Se depois de 34 semanas já tem maturidade, não tem porque usar isso aqui. Menos de 24, não tem nem parênquima, então não tem porque usar. Indicação → 24 a 34 semanas • Betametasona 12mg, IM, dia, por 2 dias. o Primeira escolha → Melhor ação nesse contexto. o Para lembrar, “b” vem antes de “d”. • Dexametasona 6mg, IM, dia, 12/12h, por 2 dias o Dexa com D de dois, dois dias e de doze em doze. Kkkk Esses medicamentos também servem para pré-eclâmpsia nessa fase gestacional e trabalho de parto prematuro. Também tentamos segurar o trabalho de parto um pouquinho com a tocólise. • Serve também para aquele bebê que teve alguma situação que teve que nascer entre 24-34 semanas. Sepse Não vai cobrar na prova! Caso a paciente tenha um quadro de infecção, temos que atentar para sepse, porque é um evento muito grave, porque quando evolui para o choque pode ter 50% de morte. Quick-SOFA → São os critérios rápidos que podem ser dados a beira leito, para agir logo. • Enquanto você está vendo os exames para ver lesão de órgão, para adentrar ao SOFA. Verificar: o Redução PaO2/FiO2 o Se está usando droga para melhorar a pressão o Redução das Plaquetas o Aumento da bilirrubina Resumindo – “Gavetinha” do período de latência 1. Dose de ataque → Ampicilina 2g, IV, 6/6h + Azitromicina 1g (2comp de 500mg). 2. Ampicilina 1g IV, 6/6h, por 48h 3. Amoxicilina 500mg, VO, 6/6h, por 5 dias Tratamento – 3ª Gavetinha Esquema tríplice → Não porque são 3 ATBs, e sim para tentar atingir as 3 formas de bactérias, as gram-positivas, gram- negativa e anaeróbio. • Clindamicina 600mg, IV, 6/6h o Proteção para gram-positivo e anaeróbio. • Gentamicina 240mg, IV, dia o Proteção para gram-negativo. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo 6 Catarina Viterbo o Rim → Aumento da creatinina e oligúria o Queda na escala de coma de Glasgow ▪ Alteração de 2 desses já classifica como sepse. ▪ Amplia o ATB. A Clindamicina talvez não seja mais suficiente, porque não tem apenas a corioamnionite. SOFA Sequential organ failure assessement score Critérios clínicos sepse Sepse: suspeita ou certeza de infecção e um aumento agudo de ≥2 pontos no SOFA em resposta a uma infecção (representando disfunção orgânica) Choque séptico: sepse + necessidade de vasopressor para elevar a pressão arterial média acima de 65mmHg e lactato > 2 mmol/L (18mg/Dl) após reanimação volêmica adequada. Conduta • Ampliar a cobertura de antibiótico • Encaminhar para UTI Critérios Sepsis-3 Qsofa • Frequência respiratória ≥ 22/minuto • PA sistólica ≤ 100mmHg • Alteração do estado de consciência Choque séptico: Hipotensão arterial necessitando de vasopressores para manter uma PAM ≥ 65mmHg e lactacidemia >18mg/dl (2mmol/L), apesar de adequado preenchimento vascular.
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