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Sangramento Uterino Anormal (SUA) Definição Distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado: quantidade, duração ou frequência. Perda menstrual excessiva, tendo repercussões física, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher. Na prática: queixa de sangramento anormal justifica investigação. É importante afastar o diagnóstico de gravidez como causa, pois abortamento, mola hidatiforme e gravidez ectópica cursam com sangramentos e são causas potencialmente fatais. Para a avaliação do fluxo menstrual, criou- se um método de avaliação que leva em consideração o tempo entre a troca de ab- sorventes, o tipo de absorvente usado e se há coágulos no sangue menstrual; é denominado PBAC (Pictorial Blood Assessment Chart). Termos Hipermenorreia: menstruação por mais de 7 dias; Hipomenorreia: menstruação por menos de 2 dias; Menorragia: aumento do fluxo; Hipermenorragia: aumento do fluxo e da duração; Polimenorreia: 2 menstruações por mês; Metrorragia: sangramento vaginal fora do período menstrual. obs: Proposta de abandonar o uso desses termos, passando a se descrever o padrão do sangramento. Epidemiologia Principais causas em cada faixa etária de SUA: 1. Infância: qualquer sangramento anterior à menarca deve ser tratado como achado anormal. As causas mais comuns são: vulvovaginite, doenças dermatológicas, crescimento neoplásico, trauma por acidente, abuso sexual ou corpo estranho, puberdade precoce, ingestão exógena acidental ou neoplasias ovarianas. 2. Adolescência (13-18 anos): anovulação (imaturidade do eixo), coagulopatias, gravidez, ISTs, abuso sexual, SOP. o Beta-HCG, hemograma (se plaquetas normais e anemia: ampliar investigação para coagulopatias). 3. Idade reprodutiva (19-39 anos): leiomiomas, pólipos endometriais, gravidez, ISTs, SOP (sangramento não cíclico, sinais de hiperandrogenismo, obesidade). o Fatores de risco CA de endométrio: >40 anos, peso >90kg, ciclos anovulatórios, nuliparidade, infertilidade, uso de tamoxifeno, CA de cólon familiar não polipoide. 4. Período perimenopausa: anovulação, neoplasias benignas e malignas. o Descartar hiperplasia endometrial e CA; o Biópsia endometrial. 5. Climatério: atrofias do endométrio e da vagina, neoplasias benignas e malignas. Avaliação inicial e classificação Tendo um SUA, é necessário, primeiramente, excluir gravidez, por meio do exame beta-hCG. Emergências: sangramento agudo e intenso estabilizar a paciente hemodinamicamente com o uso de soluções coloide e cristaloide, estancar o sangramento e, se necessário, realizar transfusão sanguínea. Criou-se o mnemônico PALM-COEIN para guiar médicos na etiologia do SUA, sendo causas estruturais (PALM) e não-estruturais (COEIN): Deve-se realizar uma história clara do sangramento, anamnese detalhada e avaliação inicial com exame físico geral, abdominal e pélvico. Para investigação complementar, um hemograma, dosagem de ferritina e USG pélvica. ólipos: proliferações epiteliais com grandes variações dos tecidos glandular, vascular, fibromuscular e conjuntivo. Podem ser assintomáticos e frequentemente benignos. Características: quantidade menor e fora do período menstrual. Conduta: histeroscopia com visualização direta e polipectomia (retirada do pólipo por meio da histeroscopia). SUS: curetagem (raspagem de todo endométrio na tentativa de retirar o pólipo) – os pólipos pediculados são mais fáceis de serem retirados. Pólipo de colo uterino: mais fácil de visualizar (rotaciona e puxa). denomiose: presença de endométrio no miométrio (camada muscular) com vários graus de profundidade. Características: sangramento menstrual excessivo, dismenorreia grave e progressiva. DG: USTV + clínica. Conduta: estrogênio-dependentes (Danazol, Gestrinona e análagos ou antagonistas de GnRH). Principal método terapêutico: histerectomia. eiomiomas: tumores benignos compostos por tecido fibroso e muscular. Miomatose = múltiplos miomas. Maioria assintomáticos (achado incidental em exames de imagem). Características: aumento do fluxo e duração menstrual e dismenorreia. Classificação: US e histeroscopia. Subseroso, intramural e submucoso: altera sintomatologia. Principal causa de histerectomia no Brasil. Estrogênio-dependentes: mulheres na menacme. FR: histórico familiar, negras, menarca precoce, nuliparidade (“útero que não dá filho, dá galho), HAS, álcool e obesidade. Fatores protetores: AC hormonais, tabagismo (nicotina compete com os receptores de estrogênio), primiparidade tardia. Conduta: conservadora, medicamentosa ou cirúrgica. # Considerar: manifestações clínicas, idade da paciente (menopausa?), desejo reprodutivo, risco cirúrgico e vontade da mulher. o Conservadora: assintomáticas ou sintomas leves-moderados em mulheres na perimenopausa; o Medicamentoso: alívio dos sintomas, Danazol, Gestrinoma e análogos ou antagonistas de GnRH; o Cirúrgico: mulheres com boas condições cirúrgicas e sintomas moderados/intensos, principalmente que não estão na perimenopausa. alignidade e hiperplasia: Lesões atípicas; Tumores; Adenocarcinoma: mais comum; CA de endométrio (mais grave): sangramento após menopausa USTV (avaliar espessura endometrial endométrio espesso > 4-5 mm). oagulopatias: investigação diagnóstica pelo hemograma e testes de coagulação (tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativada e tempo de trombina). Principais causas: Doença de Von Willebrand (deficiência do fato VIII) e trombocitopenias. vulatórios: irregularidade menstrual, comum em pacientes nos extremos da idade reprodutiva e naquelas com síndrome do ovário policístico (SOP) ou distúrbios endócrinos. Características: ciclos menstruais se alargam ou se encurtam, fluxo abundante; Perimenarca: imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano; Perimenopausa: baixos níveis de estradiol; Obesidade e DM: aumento da aromatização de androgênios. ndometriais: infecções e inflamações que acometem o endométrio, por meio de variados agentes patológicos, formando o grupo das doenças inflamatórias pélvicas. Características: sangramento menstrual excessivo e cíclico; O uso de anticoncepcional oral combinado por mais de um ano é um fator protetor para câncer de endométrio. Causas moleculares locais do endométrio: endometrites, endometriose (dor está associada à profundidade). atrogênicas: causadas por medicações como anticoagulantes ou contraceptivos hormonais ou pelo uso de DIU. ão classificadas. Métodos Diagnósticos 1º Anamnese + BHCG: excluir gravidez; 2º Exame físico + USTV: excluir causa estrutural (PALM) o Se anormal ampliar investigação: histeroscopia e histerossonografia; o Biópsia endometrial quando indicada. 3º Investigar causas não estruturais (COEIN): o SUA-O: história, sangramentos imprevisíveis; o SUA-C: história, hemograma, testes hematológicos se screening positivo; o SUA-I: DIU, hormônios esteroidais e drogas que interferem no metabolismo de serotonina e dopamina. 4º SUA-E: diagnóstico de exclusão o Deficiência na produção local de vasoconstritores; o Infecção ou inflamação do endométrio. Tratamento Clínico AINES: diminuição da dismenorreia e do sangramento; Ácido tranexâmico: antifibrinolítico preserva o coágulo; CHC (contraceptivo hormonal combinado): diminui o fluxo menstrual e o nº de dias de sangramento; Contraceptivos só de progestagênio: o DIU – LNG: altamente eficaz (eficácia comparável à ablação endometrial e à histerectomia), melhora dismenorreia e sintomas pré-menstruais. Tratamento Cirúrgico Ablação endometrial; Miomectomia por viaabdominal; Embolização de artérias uterinas; Histerectomia.
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