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Cultura Corporal do Movimento - Unidades 3 e 4 - Brincadeiras, Jogos e Esportes - Imagem Corporal - PDF Pesquisável

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Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
Unidade 3: Brincadeiras, jogos e esportes 
 
O corpo que brinca 
Desde que nasce, a criança já brinca para conhecer seu corpo e suas possibilidades, e 
com isso perceber o mundo ao seu redor. A partir de reproduções e situações 
imaginárias, é possível “simular” o mundo real para aprender por meio de processos 
de imitação e experiências práticas da realidade. Brincadeiras como “polícia e ladrão” 
e “casinha” nada mais são do que representações de papéis da vida real. 
 
A forma mais completa de aprendizado é por meio das experiências que vivenciamos. 
Se for possível repeti-las mais vezes, melhor. Os jogos e as brincadeiras oportunizam 
isso, porém de forma a replicar situações, nas quais é possível separar alguns de seus 
atributos que envolvam, por exemplo, momentos de perigo ou de maior dificuldade 
para determinadas idades. 
 
Alguns estudiosos definem a brincadeira e os jogos, porém não há um consenso com 
relação a esses conceitos. O que se apresenta por diferenciação é em relação às 
brincadeiras apresentarem um caráter mais flexível em suas regras (quando elas 
existem) e, na maioria das vezes, não há um vencedor, como nos jogos, os 
participantes continuam a atividade enquanto existir motivação. O jogo se apresenta 
como uma atividade de natureza voluntária, tendo um fim em si mesmo e com regras 
obrigatórias, as quais podem ser combinadas previamente. 
 
O jogo favorece o desenvolvimento de vínculos afetivos e sociais positivos. Huizinga 
(1980) traz o jogo como característica essencial da cultura, afirmando que as 
civilizações surgem e se desenvolvem por meio dele. O autor também o apresenta 
como um fenômeno cultural, em uma perspectiva histórica, trazendo diversos 
elementos sociais construídos pelos jogos e, ao mesmo tempo, que fazem parte da sua 
construção. 
 
Uma característica que prevalece nos jogos e nas brincadeiras são as emoções e os 
sentimentos envolvidos. A vivência proporciona, além dos momentos de prazer, 
situações que propiciam diversas manifestações de sentimentos. Vale ressaltar que 
algo que favorece essa exteriorização de sentimentos é o fato de que a participação 
nestas atividades lúdicas é voluntária, o que também oportuniza a iniciativa dos 
participantes. 
 
Dentre os principais atributos dos jogos e das brincadeiras, podem ser destacados a 
expressão de sentimentos e ideias; a sensação de prazer e diversão, facilitados pelo 
caráter lúdico e não-sério; a imaginação e o faz de conta; a flexibilidade das regras; e 
a espontaneidade na participação. Essas peculiaridades precisam ser levadas em 
conta durante o planejamento de qualquer atividade na área. 
 
Ao planejar uma intervenção profissional com um grupo que tem maior resistência à 
participação, considerado de “difícil envolvimento”, como é o caso de adultos que não 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
se conhecem, o profissional de Educação Física deve se lembrar das características 
mais descontraídas das atividades lúdicas e da escolha por aquelas que parecem se 
encaixar melhor nessa situação. A espontaneidade na participação, a diversão, o 
caráter não-sério e a sensação de prazer presente nos jogos e nas brincadeiras 
apontam para uma boa escolha nesse caso. Este grupo pode, inclusive, brincar com 
danças, esportes, lutas, ginásticas e práticas corporais de aventura. 
 
Brincando e jogando na Educação Física 
Profissionais das áreas de animação/recreação, turismo/hotelaria, apresentadores de 
televisão e praticamente todo o setor de entretenimento também utilizam jogos e 
brincadeiras em suas profissões. Em todos esses casos, eles são utilizados apenas 
explorando o caráter lúdico das atividades, visando à diversão dos participantes. 
 
Diversos autores já trouxeram esse tema para a área da educação, porém o foco será 
específico para os profissionais de Educação Física que utilizam os jogos e as 
brincadeiras como uma ferramenta de educação. Esse “aprender brincando” é 
partilhado com outros setores da educação, pois facilita o aprendizado ao torná-lo 
mais prazeroso. 
 
Quando são propostas atividades que não recebem a adesão dos participantes, o 
profissional de Educação Física costuma utilizar algumas estratégias, dentre elas, 
jogos e brincadeiras, aproveitando suas principais características e o fato de essas 
atividades não comprometerem a imagem social das pessoas, pois são apenas 
“representações” que permitem sua execução de diversas formas diferentes, sem que 
haja julgamentos ou falhas. 
 
A criança também usa os jogos e as brincadeiras como forma de linguagem, conforme 
observado na unidade anterior, para expressar o que tem certa dificuldade para 
comunicar em palavras. Ela aproveita esse universo que a deixa mais à vontade para 
realmente se expressar. 
 
Os jogos e as brincadeiras, por suas características “mais leves”, são utilizados, na 
maioria das vezes, com crianças, e há pouco tempo também começaram a ser usados 
com pessoas idosas, também chamadas de terceira idade. Essas atividades lúdicas 
também apresentam um grande potencial com pessoas adultas. Talvez por uma 
afirmação social de que “brincadeira é coisa de criança”, muitos adultos estão 
perdendo a oportunidade de vivenciar bons e descontraídos momentos. 
 
O corpo que compete 
A definição mais abrangente do termo “esporte” é a do Prof. Valdir Barbanti, da Escola 
de Educação Física e Esporte da USP, o qual afirma que: 
 
Esporte é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço 
físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores 
intrínsecos e extrínsecos. (BARBANTI, 2006, p. 57) 
 
Talvez, a única observação com relação a essa definição é retirar o termo “motora” 
após habilidades, pois conseguiríamos englobar nessa mesma definição os chamados 
“jogos mentais”, considerados modalidades esportivas, como o xadrez, o pôquer e os 
eSports (esportes eletrônicos). 
 
Existem diversos tipos de esportes com diferentes características, como: individuais 
e coletivos; que exigem muito preparo físico ou praticamente nenhum; que envolvem 
estratégias ou não; que utilizam equipamento ou não; que enfrentam adversários 
(direta ou indiretamente) ou apenas o cronômetro; que envolvem contato ou ele é 
proibido; entre outras variáveis. Por isso suas características são bem variáveis e, 
embora seja mais difícil de agrupá-los, oportuniza uma gama maior de 
possibilidades. Dificilmente, você encontrará alguma pessoa que não se interesse por 
nenhum esporte. 
 
Dentre as mais diversas variáveis, existem algumas características que as 
modalidades têm em comum, como é o caso da institucionalização. Esta, inclusive, é 
uma das principais diferenças apresentadas em relação aos jogos: a utilização de 
regras padronizadas (na maioria das vezes, internacionalmente) e a fiscalização do 
cumprimento delas (e suas contravenções punidas) por entidades oficiais. 
 
Como exemplo de institucionalização, podemos utilizar a natação, a qual é um 
esporte bem difundido no mundo e que segue as mesmas regras oficiais estabelecidas 
pela Federação Internacional de Natação (FINA) em competições oficiais realizadas 
em qualquer país. As regras são as mesmas em países da Europa ou da América, da 
África ou da Oceania. Além disso, existe uma equipe oficial de arbitragem 
previamente associada à competição. 
 
Outra característica importante dos esportes é a competição, que ainda é muito 
criticada por causa de algumas atitudes, como a busca da vitória a qualquer custo, a 
frustação e decepção com as derrotas, ou as pressões e cobranças internas e externas 
(geradoras de estresse). Porém, se bem utilizada, traz a ideia de superação, o 
sentimento de dever cumprido, o aprendizadode atitudes, como o respeito pelo 
adversário e o saber lidar com as diferentes sensações que o esporte causa – o que 
alguns profissionais da área esportiva costumam chamar de “saber ganhar” e “saber 
perder”. 
 
Em alguns casos, o esporte também pode ser caracterizado pela cooperação, seja ela 
com o próprio time nos esportes coletivos (como os atletas, no caso do futebol), ou até 
mesmo dentro de uma equipe nos esportes individuais (como os pilotos e toda a 
equipe em uma corrida automobilística). 
 
Conforme a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 (BRASIL, 1998), o esporte pode se 
manifestar como educacional (praticado nos sistemas de ensino, objetivando o 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
desenvolvimento integral do indivíduo), de participação (ocorre de modo 
voluntário), de rendimento (praticado seguindo regras internacionais, visando obter 
resultados) e de formação (que fomenta a prática inicial do esporte, promovendo o 
aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva). 
 
O mesmo esporte pode assumir características diferentes, conforme sua 
manifestação: 
 
Educacional: objetiva o desenvolvimento escolar. 
Participação: objetiva a participação voluntária na atividade. 
Rendimento: objetiva vencer competições nacionais e internacionais. 
Formação: objetiva promover o aperfeiçoamento da prática desportiva em 
termos recreativos, competitivos ou de alta competição. 
 
Praticando esportes na Educação Física 
Infelizmente, ainda é muito comum vermos pessoas que gostam do esporte ou que já 
o vivenciaram (como ex-atletas ou ex-técnicos) se responsabilizando por ele sem a 
formação necessária. Isso pode levar a diversos problemas a curto e a longo prazo. 
Não se trata da questão de “reserva de mercado” para os formados na área, mas da 
complexidade da sua formação, a qual o prepara para utilizar o esporte com os 
conhecimentos necessários. A Educação Física traz uma compreensão de seu aluno, 
atleta, paciente ou cliente de forma completa, evitando, assim, lesões, distúrbios de 
imagem e outros problemas emocionais e de atitude e complicações sociais. Também, 
traz uma visão mais ampla do esporte, com toda sua bagagem cultural e sua função 
administrativa. 
 
A prática esportiva pode ser um fim nela mesma, mas também pode ser utilizada 
como um meio para se alcançar determinadas finalidades. Existem pessoas que 
praticam esportes apenas porque gostam, e outras que os usam para atingirem 
objetivos relacionados à saúde, à qualidade de vida, entre outros. Nesses casos, é 
possível vermos o esporte como uma ferramenta para ganhar dinheiro, abandonar 
vícios, representar uma imagem social, etc. 
 
Temos, também, o esporte presente nas instalações esportivas, nas diversas mídias e 
em vários formatos, que são consumidos pelas pessoas não para sua prática direta, 
mas para assistir, torcer, colecionar, entre diversas outras formas de consumo. 
Nestes casos, os profissionais de Educação Física também deveriam atuar, agregando 
mais conhecimentos para estas intervenções. 
 
Ao pensarmos no esporte de alto rendimento, com as diversas lesões dos atletas, suas 
curtas carreiras e toda a dificuldade que a maioria dos esportistas (salvo alguns 
jogadores de futebol da primeira divisão) tem em conseguir financiamentos para 
desempenhar suas práticas ao longo de suas curtas carreiras, o que você acha do 
jargão “Esporte é saúde”, ou “Esporte é vida”? Você acredita que nesse meio existam 
profissionais capacitados, independentemente da formação? 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
 
O corpo que dança 
Dançar é realizar movimentos ritmados, na maioria das vezes, acompanhados por 
música. Esses movimentos podem ser livremente improvisados, ou pré-definidos 
conforme o estilo da música, ou ainda contar com coreografias completas ensaiadas 
previamente. 
 
A dança pode ser realizada individualmente ou acompanhada de mais uma ou 
diversas pessoas. Ela é uma forma de expressão através do corpo, podendo ser 
realizada como uma manifestação artística (performática), um cerimonial 
ritualístico ou simplesmente por diversão. Desde a Antiguidade, percebe-se a 
utilização da dança para diversas finalidades, dentre as principais, destacam-se: 
 
• Homenagem a pessoas importantes e divindades religiosas. 
• Comemoração e festejos de bons resultados nas colheitas, vitórias em batalhas 
ou etapas da vida (passagem para a vida adulta, casamentos e até morte). 
• Forma de entretenimento por meio da prática, ou consumindo-a como 
espectador, principalmente nos momentos de lazer. 
• Terapia, autoconhecimento e desenvolvimento global. 
• Identidade cultural, forma de interação social. 
• Disputas e competições esportivas. 
• Movimento social; instrumento político e reflexivo; forma de protesto. 
• Promoção da saúde como atividade física. 
• Instrumento pedagógico; ferramenta de educação. 
 
Apesar de ser universal e estar totalmente globalizada, a dança também pode guardar 
características culturais locais, como é possível observar nas diversas danças típicas 
das regiões, geralmente, associadas a músicas específicas folclóricas dessas 
localidades. 
 
Outra peculiaridade da dança se refere à sua complexidade, que pode variar de 
movimentos bem simples até os mais difíceis, acompanhando ritmos musicais mais 
rápidos ou mais lentos, criando, assim, uma gama enorme de possibilidades para sua 
prática, não sendo desmotivante por ser muito fácil e nem por ser muito difícil. 
 
Diversas culturas (como aquelas presentes em algumas regiões do nosso país) 
carregam um preconceito social com a dança, estimulado por momentos 
historicamente construídos que a associam a momentos de lazer (em oposição aos 
homens sérios e trabalhadores da época da Revolução Industrial) e ao “medo” de 
exposição e julgamento, por conta de alguns tipos de dança vindas de pessoas de 
classes sociais menos favorecidas. Alguns movimentos, ao serem associados a 
determinados gêneros ou à sexualidade, também colaboram para a “preservação” do 
corpo rígido, quando em exposição a outras pessoas. 
 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
A vergonha de dançar com outras pessoas assistindo (principalmente, atrelada aos 
homens) destoa da imagem de “festeiros” que os brasileiros têm, principalmente 
quando se associa às danças folclóricas, como o samba e o frevo do Carnaval, ao forró 
e às quadrilhas das festas juninas e às toadas do Festival de Parintins. 
 
Mesmo assim, com um pouco de vergonha e preconceito, encontram-se “pistas” 
destinadas às danças em diversos locais para lazer, como baladas, danceterias, boates, 
bailes, discotecas (nomes diferentes conforme a região e a época) e shows (a maioria 
dos lugares destinados à pessoas em pé). A dança da noiva, com o padrinho/madrinha 
de formatura e os bailes de debutantes, além de contarem com um local específico 
nestas tradicionais festas, ainda trazem as novas coreografias para eventos, 
apresentando outro ramo de intervenção profissional. Além desses locais, ainda tem 
os palcos, principalmente de teatros, para a contemplação de grandes públicos. 
 
Existem algumas “atitudes” que contribuem para propagar a discriminação desta 
atividade natural do ser humano, o dançar, como associar a dança a um castigo em 
algumas brincadeiras, usar o termo “dançar” em momentos em que algo deu errado, 
ou ainda a implicância com homens que praticam balé. 
 
Dançando na Educação Física 
Existem diversas técnicas específicas na dança, que são ensinadas por profissionais 
de Educação Física ou formados em Dança (que conta, hoje, com todos os graus 
acadêmicos e tem procura, principalmente, por pessoas mais velhas, que já tem ou 
tiveram uma carreira profissional no universo da dança). Além disso, os 
conhecimentos de dança também são transmitidos por pessoas que já praticaram 
anteriormente, porém sem nenhumapreparação pedagógica e sem a mínima noção 
do funcionamento corporal e de todas as informações relativas a ele. 
 
Um dos grandes debates da nossa área é sobre as competências para saber quem está 
mais preparado para “ensinar” a dança: o profissional formado em Educação Física, 
ou a pessoa que dançou e fez aulas durante toda sua vida? Qual sua opinião? Existem 
casos diferentes, em que uma opção é melhor que a outra? Qual seria a situação ideal 
do seu ponto de vista? 
 
Além das técnicas dos movimentos, também existem diversos métodos de ensino da 
dança defendidos por alguns estudiosos, dentre os quais, destacam-se: Merce 
Cunningham, Martha Grahan, Ted Shawn, Isadora Duncan, Rudolf Laban, o casal 
Klauss e Angel Viana, entre muitos outros. 
 
Uma atividade muito interessante dentro da dança é a de percussão corporal, que 
mescla movimentos coordenados com sons produzidos no próprio corpo, sendo 
usada para acompanhar uma música, com muito pouco ou nenhum instrumento. 
Essa atividade exige grande desenvolvimento de percepção corporal, agilidade, ritmo 
e coordenação. 
 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
No Brasil, é muito comum encontrar escolas e academias de dança (na maioria dos 
casos, tendo o balé como carro chefe) e estas oferecerem postura e disciplina como 
destaques. Já as aulas de danças realizadas em academias de ginástica são muito 
procuradas (principalmente por mulheres) pelos benefícios de perda calórica dessa 
atividade aeróbia. Nos últimos anos, a dança de salão também começou a ser muito 
requisitada por pessoas de várias idades (após um passado recente de associação a um 
público mais velho) e surgiram diversos locais especializados nesse tipo de dança, que 
atrai, além de casais, pessoas desacompanhadas. Outra área da dança muito 
requisitada é a de dança para pessoas com deficiência. 
 
O corpo que luta 
As lutas são práticas corporais nas quais se enfrentam dois ou mais competidores que 
tentam vencer seus oponentes, principalmente, através de submissão, retirada de 
determinada área, nocaute ou realizando uma maior pontuação. Para isso, os 
lutadores utilizam golpes com diversas partes do corpo (socos, chutes, joelhadas, 
cabeçadas e cotoveladas), além de diversos movimentos, visando tirar o equilíbrio do 
adversário (quedas, arremessos e derrubadas), ou ainda movimentos para fazê-lo 
desistir da luta (imobilizações, estrangulamentos, chaves e torções). Essas técnicas 
são permitidas conforme os diversos estilos diferentes de luta existentes. 
 
Algumas lutas utilizam implementos ou armas (como espadas, facões e bastões) e 
proteções (como capacete, coquilha e protetor bucal), enquanto outras usam apenas 
o próprio corpo para realização dos movimentos de ataque e de defesa. Na maioria 
das vezes, a meta da luta é atingir a outra pessoa, e como se realizam ações 
simultaneamente para atacar e defender, o alvo é considerado móvel. 
 
As lutas trazem, ainda, uma grande bagagem histórica, existindo diferentes tipos de 
lutas conforme as regiões e seus históricos de enfrentamentos em combates. A 
maioria das lutas surgiu para treinar e preparar os soldados dos exércitos para o 
confronto durante as guerras. 
 
Apesar da confusão, existe uma grande diferença entre lutas e brigas: as lutas são 
baseadas em regras que variam conforme a modalidade, diferente das brigas, nas 
quais há violência e são práticas realizadas contra adversários que almejam apenas a 
superação esportiva. 
 
Brigas: predominam ações de raiva, indiferença ao outro, agressividade e 
conflitos. 
Lutas: predominam atitudes de respeito pelo outro e ações baseadas em regras 
esportivas definidas previamente. 
 
O fato de ser uma atividade na qual o lutador se opõe fisicamente ao outro traz para 
essa prática um conjunto de atitudes, como a disciplina e o respeito ao outro. 
Contribuindo com esses valores, tem-se a filosofia encontrada na maioria das 
modalidades de lutas. 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
 
Lutando na Educação Física 
No Brasil, existem muitos atletas que se destacam nos mais diversos estilos de lutas, 
como no boxe, judô, taekwondo e jiu-jitsu, mas o maior destaque é o MMA (artes 
marciais mistas). O UFC (Ultimate Fight Championship) é considerado o maior 
evento de MMA do mundo e reúne os melhores lutadores de diversos países. Esse 
evento é tão grande que não é incomum as pessoas chamarem o esporte 
erroneamente de UFC. O Brasil esteve por muito tempo em destaque, com lutadores 
como Vitor Belfort, Rodrigo Minotauro, Wanderlei Silva, José Aldo, Amanda Nunes, 
Anderson Silva, Junior Cigano, Lyoto Machida e Mauricio Shogun. Esse destaque dos 
brasileiros nos octógonos ajudou a alavancar muitas academias de lutas pelo país e a 
obter um aumento significativo da prática desse esporte. 
 
Ao mesmo tempo que existe uma preocupação por parte de pais e de alguns gestores 
educacionais em trabalhar com lutas, ele, junto à natação, é um dos esportes 
individuais mais procurados pelos responsáveis para matricularem suas crianças, 
além de ser o esporte extracurricular de contraturno mais procurado pelos garotos 
nas escolas. 
 
Esse fato alerta para outra situação nas lutas, que é a predominância masculina no 
esporte. Assim como na dança (porém, em relação às meninas), durante o passar dos 
anos, foram se criando preconceitos históricos em relação à prática de modalidades 
de lutas por mulheres. Em uma sociedade machista, na qual as meninas foram 
criadas para se tornarem delicadas damas, não cabe a luta como atividade feminina. 
Esse pensamento, junto a concepções leigas de “masculinização” do corpo motivadas 
pelas lutas e à falta de liberdade das mulheres na prática de esportes até certo tempo, 
tornam a prática feminina neste esporte algo bem recente e ainda detentor de 
discriminação. 
 
Outras possibilidades dentro das lutas são as sequências coreografadas (como katis 
do kung-fu ou os katas do karatê), nas quais se realizam movimentos de ataque e 
defesa em coreografias pré-determinadas, conforme as respectivas graduações dos 
atletas. Também, podem ser realizados com implementos (armas). Para aqueles que 
gostam de algo menos agitado, existem práticas corporais de lutas em ritmos bem 
lentos, como é o caso da arte milenar chinesa Tai chi chuan. 
 
Os lutadores também são graduados conforme seu desempenho. Na maioria dos 
casos, o atleta utiliza uma faixa ou cordão representando o “nível” em que está; 
durante as competições, esses atletas disputam com adversários que estão no mesmo 
estágio de graduação daquela modalidade. Os lutadores demoram anos para alcançar 
as graduações mais altas e, talvez, este tempo de aprendizado e prática seja a maior 
justificativa na qual se apoia o grupo que considera melhor o aprendiz ser “guiado” 
pelo seu “mestre” mais graduado naquele estilo específico de luta do que por um 
profissional formado em Educação Física. 
 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
Pensando em toda a experiência cultural presente nas danças e lutas e em todo o 
preconceito enraizado, que classifica as danças para as meninas e as lutas para os 
meninos, é melhor arriscar e utilizar as danças para os homens e as lutas para as 
mulheres, mesmo existindo a possibilidade de eles não se sentirem “confortáveis” 
durante essas atividades (por conta de todo o histórico existente), ou não realizar tais 
atividades e continuar perpetuando essa discriminação com as mulheres lutadoras e 
os homens dançarinos? Como profissional de Educação Física, qual seria sua postura 
mais ética? 
 
O corpo que faz ginástica 
A definição de ginástica é tão abrangente que as diversas tentativas de conceituação 
acabam diminuindo toda a sua dimensão. Para se ter uma ideia dessa abrangência, 
não é incomum as pessoas usarem esse termo como um sinônimo de exercício físico. 
 
As ginásticas podem ser divididasde diversas formas, mas a maneira com maior 
amplitude a secciona em cinco áreas de desenvolvimento: 
 
• Ginástica de condicionamento físico: são as modalidades realizadas com o 
objetivo de melhora ou manutenção da condição física da pessoa, por exemplo, 
a ginástica de academia (aulas de step, de jump e de ginástica localizada). 
• Ginástica fisioterapêuticas: representadas por todas as modalidades que são 
utilizadas para prevenir ou tratar lesões e doenças, dentre elas, podem ser 
destacadas RPG (Reeducação Postural Global), ginástica laboral e o Método 
Pilates. 
• Ginástica de demonstração: são aquelas cujo foco principal foco é a interação 
social, trazendo o caráter não competitivo, como a ginástica geral e a ginástica 
circense. 
• Ginástica de conscientização corporal: traz a busca para o conhecimento do 
corpo e suas possibilidades, tentando resolver problemas físicos e de postura. 
Como exemplos, podem ser citadas a antiginástica, a ginástica de compensação 
e a ioga. 
• Ginástica de competições: são as modalidades competitivas, podendo ser 
divididas nas principais categorias: ginástica acrobática, ginástica artística, 
ginástica rítmica e ginástica de trampolim. 
• Ginástica artística: também chamada de ginástica olímpica, consiste em 
séries de movimentos ginásticos feitos no solo ou sobre aparelhos (argolas, 
cavalo com alça, barras fixas/assimétricas/paralelas, trave e saltos). 
• Ginástica acrobática: traz acrobacias em rotinas realizadas com o 
acompanhamento de músicas, dividindo as tarefas entre os ginastas bases, 
intermédios e volantes. 
• Ginástica rítmica: chamada anteriormente de ginástica rítmica desportiva, ou 
apenas GRD, utiliza movimentos ginásticos mesclados com movimentos de 
dança em consonância com a música e os equipamentos específicos (bola, 
corda, arco, fita e maça). 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
• Ginástica de trampolim: os atletas realizam saltos e acrobacias sobre um 
trampolim (cama elástica). 
 
Algumas ginásticas podem pertencer a mais de uma categoria, como é o caso da 
hidroginástica, que pode ser indicada para melhora do condicionamento físico, 
prevenção ou tratamento de lesões e como meio de interação social. 
 
Uma característica de destaque das ginásticas é que, por existir um vasto leque de 
diferentes oportunidades, elas podem ser realizadas apenas com o uso do corpo, como 
também com música, implementos (equipamentos) e até no meio líquido, 
ampliando, assim, as possibilidades de interesse das pessoas. 
 
Fazendo ginástica na Educação Física 
A Educação Física pode trabalhar com as modalidades competitivas de ginástica na 
realização de treinamentos, ou adaptá-las conforme as necessidades, com foco no 
lazer e na promoção da saúde. Já as modalidades não competitivas da ginástica 
trazem um aporte sólido para intervenções em qualquer área. 
 
Os diferentes níveis de dificuldade oportunizam a realização de atividades da 
ginástica em qualquer faixa etária, desde os mais novos até as pessoas com mais 
idade. 
 
O corpo que realiza práticas corporais de aventura 
As Práticas Corporais de Aventuras, ou simplesmente PCA, são práticas esportivas 
com características diferentes dos esportes tradicionais. Na maioria das vezes, não 
buscam competições e são realizadas em momentos de lazer (embora existam 
algumas competições que almejam a performance e alguma pessoas as utilizam, 
ainda, para promover a saúde). 
 
Na maioria das vezes, as PCA são realizadas na natureza, em um ambiente menos 
controlado. Por isso, alguns dos diversos nomes utilizados para descrever essas 
práticas usam o termo natureza, por exemplo: Práticas Corporais de Aventura na 
Natureza (PCAN), Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN), Esportes na 
Natureza, Prática Alternativa na Natureza ou Esportes de Aventura na Natureza. 
Além desses nomes, são conhecidos diversos outros que não trazem o termo 
natureza, mas que se referem a ela ou à aventura: esportes de aventura, esportes de 
risco, esportes radicais, esportes californianos, esportes ao ar livre, atividades 
outdoor, esportes urbanos, entre outros. 
 
Ao procurar essas práticas, algumas características associadas à aventura 
sobressaem, como a fuga da rotina, a experimentação sem rodeios (sem muito treino 
e repetições), a presença de risco (controlado) e de outras emoções encontradas, como 
superação de limites e enfrentamento de medos. Já as características associadas à 
interação com a natureza apresentam um ambiente mais adverso e imprevisível. 
Também, fortalece uma relação com a educação ambiental. 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
 
O ambiente onde são praticadas as atividades de aventura são bem relevantes, pois 
reforçam o caráter de imprevisibilidade, característico desse tipo de atividade. As 
PCA costumam ser classificadas levando em consideração o ambiente onde são 
praticadas, podendo ser: na terra, na água ou no ar. 
 
Algumas das PCA são praticadas na terra, como trekking e skate, le parkour; outras 
são praticadas na água, como rafting, surfe e mergulho; e outro grupo, ainda, são 
atividades praticadas no ar, como paraquedismo, asadelta e balonismo. 
 
Por mais que existam PCA que podem ser realizadas com poucos equipamentos, em 
sua maioria, utilizam instrumentos acessórios e equipamentos para segurança e 
proteção, que podem elevar o custo (e os cuidados) da atividade. 
 
Realizando práticas corporais de aventura na Educação Física 
Algumas atividades, ao se associarem ao termo aventura, podem carregar o estigma 
de dificuldade e perigo atribuído a ele, mesmo sendo um tranquilo trekking, 
portanto, dependendo do objetivo e do público-alvo, essa terminologia pode ser 
utilizada para atrair algumas pessoas e, ao mesmo tempo, deve-se tomar cuidado 
para não afastar outras pessoas. 
 
O turismo tem utilizado essas PCA como uma ferramenta para atrair mais turistas, 
oferecendo um escape da rotina e um maior contato com a natureza, o que pode gerar 
mais oportunidades de trabalho ao profissional de Educação Física. 
 
A área de Educação Física Escolar também está apostando no fator inovação para 
conquistar seus alunos com essas práticas. Isso é um excelente investimento também 
ao campo do bacharel, pois, ao conhecer e criar esse gosto pela prática, tornam-se 
futuros praticantes quando adultos, além de divulgadores dessas modalidades. 
 
Outra área que já vislumbrou pontos fortes nestas modalidades foi o setor 
empresarial, que utiliza essas atividades em busca do fortalecimento de conteúdos, 
como trabalho em equipe, liderança e superação de desafios. 
 
Adaptações nas atividades são observadas para que pessoas com alguma deficiência 
ou mobilidade reduzida também possam participar. Outras adaptações com 
equipamentos e simulações também são utilizadas, principalmente, para que 
crianças tenham acesso a uma experiência referente à prática, sem precisarem correr 
riscos (mesmo que controlados). 
 
Sabe-se do descaso pelo meio ambiente que muitas pessoas têm hoje em dia. Uma das 
alternativas para a sensibilização dessa causa é por meio de Práticas Corporais de 
Aventura na Natureza. O profissional de Educação Física deve realizar intervenções 
que envolvam estas duas áreas do conhecimento? Ele tem competência para isso? 
Existem outras formas para se trabalhar isso? 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
 
Unidade 4: Imagem Corporal 
 
Imagem corporal e representação mental 
Vimos então que a imagem corporal é, de maneira geral, uma representação mental. 
Mas o que vem a ser isso? Representação mental é quando criamos, em nossa mente, 
uma representação da realidade externa, um modelo do mundo real; é quando 
imaginamos algo que não está presente. De maneira genérica, é um “desenho” que 
fazemos em nossa imaginação, um símbolo. Ela é um fator muito importante para a 
memória e, consequentemente,para a aprendizagem. 
 
Conforme abordagem da psicologia cognitiva, há três estágios do processamento da 
memória: a codificação, que é a transformação dos dados sensoriais em 
representação mental, seguido do armazenamento, quando mantemos as 
informações codificadas na memória, e a recuperação, quando acessamos essas 
informações (STERNBERG, 2018). 
 
A representação mental é composta por quatro níveis de atividades mentais 
(FONSECA, 1995): 
 
• Primeiro vem a percepção, que é quando decodificamos a informação. Nesse 
momento a atenção seletiva é muito importante, podendo impactar no 
processamento de imagens. 
• Em seguida há a elaboração de imagens, que trazem informações já recebidas 
pelas experiências e percepções vividas. 
• No terceiro nível, está a simbolização, que é a representação dessas imagens, 
uma função cognitiva, na qual o cérebro representa a realidade e as 
experiências vivenciadas. 
• E por último temos a conceitualização, que permite a realização de uma 
aprendizagem abstrata através da classificação de experiências. 
 
Conti (2008) confirmou a multidimensionalidade do conceito "imagem corporal" em 
uma pesquisa realizada com adolescentes, destacando aspectos perceptivos, afetivos, 
cognitivos e sociais. Os aspectos perceptivos referem-se a tamanho, formato, peso 
corporal e características físicas (como cor dos olhos e cabelos). Já os aspectos afetivos 
trazem informações referentes à maneira como você se sente com a aparência de seu 
corpo, se está satisfeito ou não com ele ou com partes dele. Os aspectos cognitivos 
apontam o que você pensa sobre seu corpo e no quê acredita em relação a ele. E, por 
fim, os aspectos sociais refletem uma percepção corporal que varia conforme a 
situação. 
 
Existem alguns padrões de corpos socialmente construídos, conforme a cultura em 
que estão inseridos, e bem difundidos pela mídia. Por vezes, esses corpos são feitos 
com base em produtos que precisam ser vendidos e é quase impossível alcançá-los 
(visto que precisam continuar “vendendo” outras soluções). Esses corpos, 
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considerados perfeitos, dificilmente são alcançados, o que gera insatisfação com o 
próprio corpo. Isso nos leva ao consumo de produtos que “prometem” nos ajudar a 
alcançar tal objetivo, mas que, na maioria das vezes, não são saudáveis, de modo que 
esse hábito nos passa a ser lesivo e perigoso. 
 
Além disso, tal insatisfação traz o sentimento de fracasso quando não se alcançam os 
prometidos “milagres”, gerando um sofrimento que pode trazer problemas de baixa 
autoestima, transtornos alimentares, depressão e outras psicopatologias associadas. 
Em nossa cultura é muito comum as mulheres buscarem a magreza (oportunizando 
o surgimento de anorexia e bulimia) e os homens, corpos musculosos (facilitando a 
incidência de vigorexia), principalmente em adolescentes, que estão passando pela 
fase de aceitação social. 
 
Aspectos de Paul Schilder (fisiológicos, libidinais, sociais) 
O psiquiatra e psicanalista austríaco Paul Schilder, um dos maiores pesquisadores 
sobre imagem corporal, explica que ela pode ser modificada a cada nova experiência 
da pessoa e que essas mudanças são contínuas e sofrem influência de fatores 
relacionados entre si: fisiológicos, libidinais e sociais. 
 
Entendemos fatores fisiológicos como os responsáveis pelas organizações 
anatomofisiológicas. Já os libidinais são as experiências vivenciadas nos 
relacionamentos ao longo da vida. Esses dois fatores ocorrem o tempo todo em nosso 
corpo e estão em constante transformação. Eles também trazem a ideia de imagem 
corporal mais básica pela associação com o físico e o biológico. 
 
Enquanto isso, os fatores sociais, que são baseados na aprendizagem de valores 
socioculturais, gerados principalmente pelas interações entre as pessoas, trazem 
diversos pontos importantes para construção da imagem corporal (SCHILDER, 
1994). 
 
A partir de Schilder (década de 1930), passamos a ter uma definição de imagem 
corporal mais ampliada, mais completa, que levava em consideração aspectos 
neurofisiológicos, sociais e afetivos. Apesar da relação da imagem corporal com o 
corpo, ela não está presa nos limites dele e vai, portanto, além dele, apresentando-a 
como um fenômeno social (SILVA; VENDITTI JR.; MILLER, 2004). 
 
Sensações corporais 
O corpo usa os sentidos para conhecer o mundo: visão, audição, olfato, paladar e tato. 
Todas as informações e estímulos captados pelos órgãos sensoriais são transmitidos 
até o sistema nervoso central, onde são processados e geram uma resposta. Além 
dessas sensações corporais periféricas, o corpo ainda adquire informações de 
sensações mais profundas do corpo, vindas de músculos, inervações e vísceras. Essas 
informações são chamadas de proprioceptivas. 
 
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Propriocepção é a capacidade de reconhecer a localização espacial do nosso corpo e de 
cada parte dele em relação às outras partes, através da posição, da orientação e da 
quantidade de força usada na contração dos músculos. Ela ajuda na postura e na 
posição correta quando estamos parados ou em movimento. Essas informações são 
enviadas por células chamadas de proprioceptores (que se encontram 
principalmente em músculos, tendões e ligamentos) ao sistema nervoso central. 
 
A vivência das sensações corporais, ainda que baseadas na subjetividade humana, 
permite a construção da imagem corporal (TAVARES, 2003) através do 
desenvolvimento de nossa identidade corporal. A percepção corporal é influenciada 
a todo momento em que há uma nova postura, um novo movimento ou a realização 
destes de forma diferente, garantindo, assim, novas informações sensitivas para o 
desenvolvimento da imagem corporal. 
 
A relevância das sensações corporais para a identidade pode ser percebida nesse 
trecho apresentado por Tavares (2003, p. 81): 
 
Toda sensação é individual, singular, pertinente a um sujeito determinado. O 
sujeito constrói sua identidade corporal baseado na vivência de suas sensações. 
Como a imagem corporal é a representação mental dessa identidade corporal, se 
ampliarmos nossa compreensão sobre a dimensão de cada percepção no contexto 
existencial do homem, podermos olhar sob novas perspectivas o 
desenvolvimento da identidade corporal e de sua imagem. 
 
Identidade e imagem corporal 
Nosso corpo permite que nos conheçamos e que nos relacionemos com as pessoas e 
com o mundo ao nosso redor, gravando todo esse aprendizado em nossa identidade 
corporal, que serve como base para a construção de nossa identidade. Nesse “processo 
de construção da identidade, a imagem corporal assume o papel de principal veículo 
da identificação” (FERREIRA, 2008, p. 476). 
 
A imagem corporal está em constante modificação, quer seja por fatores intrínsecos, 
com possíveis alterações do corpo (como engordar, engravidar, perder um membro, 
envelhecer) ou com o aprendizado de diferentes movimentos, quer seja por fatores 
extrínsecos, como alterações em padrões de beleza na sociedade ou, ainda, o início de 
um relacionamento. Além disso, a imagem corporal pode ser alterada por roupas e 
adornos (como colares, brincos, pulseiras, enfeites para o cabelo), que estão 
diretamente ligados ao status e à sensação de pertencimento conforme a cultura. 
 
Esse corpo socialmente construído pode carregar consigo informações sobre a 
cultura em que a pessoa está inserida, através das vestimentas, de marcas no corpo, 
de cortes e cores de cabelo, de alongadores de orelha, utilizando assim o corpo como 
um objeto de interação e adaptação ao meio social. Os movimentos que esse corpo 
realiza também se baseiam no contexto sociocultural, como a maneira de falar e de se 
expressar, de se movimentar, de se entreter e tantas outras. 
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O contexto socioculturalinfluencia o corpo, estando ele parado ou em movimento. 
Podemos ver exemplos disso ao compararmos movimentos de pessoas de países 
diferentes, como as gesticulações dos espanhóis e italianos quando falam, ou a 
discrição dos japoneses nessas ocasiões. Também podemos observar, como exemplo, 
as possibilidades de lazer para um garoto que vive num meio rural, comparadas às 
para um outro que raramente sai de seu apartamento. 
 
No entanto, a identidade é o que permite distinguirmos as pessoas, é algo individual. 
Mesmo sofrendo a influência constante dos meios sociais, essas marcas de distinção 
trazem a importante individualidade para o ser social. Seja na busca pelo 
pertencimento social, seja pela diferenciação individual, algumas vezes o corpo acaba 
sendo submetido a medidas extremas na busca por determinada aparência, como 
dietas exageradas, treinos além da capacidade. Por conta dessa “pressão” gerada pela 
busca de padrões sociais de beleza, acaba sendo comum haver distorções na imagem 
corporal, o que leva a doenças como a anorexia nervosa ou a vigorexia. Da mesma 
forma, na busca por alteração na identidade ou por uma nova forma de encarar o 
mudo, é muito comum que isso seja representado por reais modificações em seu 
corpo. 
 
Outro constructo que está diretamente ligado à imagem corporal é a autoestima, que 
traz valoração positiva ou negativa com relação à satisfação do indivíduo com ele 
mesmo. Diversos estudos vêm sendo realizados com diferentes populações, como 
idosos (CHAIM et al., 2009; MAZO et al., 2006), adolescentes (DEL CIAMPO; DEL 
CIAMPO, 2010; RENTZ-FERNANDES et al., 2017) e obesos (SILVA et al., 2009; 
FERRIANI et al., 2005), afim de compreender essa relação da autoestima com a 
imagem corporal. 
 
Foi possível notar que a imagem corporal é composta pelas sensações corporais 
(superficiais e profundas) juntamente com aspectos afetivos e sociais, conforme a 
cultura na qual um indivíduo está inserido. Pensando nisso, reflita sobre a 
possibilidade de utilizar, durante a fase de crescimento da criança, enquanto ela está 
criando sua identidade, alguns estímulos para que ela consiga ter uma imagem 
corporal que a deixe satisfeita e não venha a ter futuros problemas com relação a isso. 
 
Distorções da imagem corporal 
As distorções na percepção da imagem corporal podem levar as pessoas a diversos 
distúrbios, dentre eles os Transtornos Alimentares (TAs), como a anorexia, a bulimia 
e a vigorexia, que interferem no estado nutricional das pessoas. 
 
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar grave, no qual o paciente tem muita 
perda de peso por causa da restrição alimentar feita por ele mesmo por medo de 
ganhar peso. É muito comum que pessoas nessa condição façam atividade física em 
excesso, chequem suas medidas constantemente, realizem grandes períodos de jejum 
ou diminuam consideravelmente a quantidade de alimentos, passando a escolher 
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determinados alimentos com base na quantidade de calorias (ALCKMIN-CARVALHO 
et al., 2020). 
 
É um problema de saúde mental considerado grave e crônico, o qual traz comumente 
queixas de fadiga, fraqueza, tonturas e visão turva. Além disso, também são 
associados a ele diversos outros problemas como: inanição, anemia, hipotermia, 
bradicardia e erosão no esmalte dentário (APA, 2014). 
 
Esse transtorno alimentar também impacta as relações sociais, pois é acompanhado 
de relatos de solidão e isolamento, além de dificuldades para conceber e manter 
relações amorosas e de amizade. O tratamento da anorexia é complexo e de difícil 
manejo clínico, exigindo, portanto, uma equipe multidisciplinar. Está associada 
também a altas taxas de morbidade e de mortalidade (ALCKMIN-CARVALHO et al., 
2020). 
 
A bulimia nervosa é outro transtorno alimentar caracterizado pela compulsão 
alimentar (geralmente em um curto período de tempo), que é acompanhando pela 
sensação de perda de controle, culpa e remorso seguidos de comportamentos 
compensatórios inadequados, como indução de vômitos e abuso de laxantes e 
diuréticos (APA, 2014). 
 
A ocorrência desses episódios bulímicos é causada pela preocupação excessiva com o 
peso e com a imagem do corpo, devido a uma grande insatisfação com relação a ele. O 
excesso de exercícios, além da realização deles em horários e contextos inapropriados 
também a caracterizam. A bulimia traz ainda um desconforto interpessoal, pois a 
pessoa sente a necessidade de esconder esse comportamento para não ser julgada. 
 
Apesar de ambas as doenças apresentarem pacientes muito preocupados com seu 
peso e com a forma de seu corpo, é possível percebermos diferenças entre eles no 
modo de agir, pois enquanto na bulimia o paciente come demasiadamente e depois 
realiza os comportamentos compensatórios, na anorexia o paciente ingere pouca ou 
nenhuma quantidade de alimento. 
 
Apesar da anorexia nervosa e da bulimia nervosa serem Transtornos Alimentares, 
nos quais seus pacientes carregam o mesmo medo de engordar, elas trazem 
características que as diferem. Elas podem ser visualizadas no corpo, pois na anorexia 
os pacientes apresentam corpos demasiadamente magros, diferentemente da 
bulimia, em que os corpos são, em sua maioria, eutróficos, por vezes até com 
sobrepeso. 
 
Esses dois transtornos acometem predominantemente mulheres, enquanto que os 
indivíduos do sexo masculino desenvolvem com mais frequência a vigorexia, que é 
outro transtorno alimentar cuja origem é a distorção da imagem corporal. Porém, ao 
contrário da anorexia, na qual os pacientes se consideram acima do peso, neste caso 
os pacientes se consideram abaixo da forma, magros e sem músculos (mesmo com a 
musculatura desenvolvida acima da média). 
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A Síndrome de Adônis, como também é conhecida a vigorexia, é uma obsessão pela 
boa forma física do corpo a um nível considerado patológico. O paciente pratica 
atividade física excessivamente (menos atividades aeróbias, com medo de perder 
massa muscular). Boa parte desses pacientes também consomem suplementos 
alimentares em excesso (mesmo esteroides anabolizantes) e fazem dietas 
hiperproteicas visando a um maior ganho de massa muscular. 
 
O fato de ficar muito tempo praticando atividade física pode trazer um impacto em 
seu convívio social. Outra característica social é que esse paciente costuma esconder 
seu corpo utilizando diversas roupas (mesmo estando calor) (CAMARGO et al., 2008). 
 
Além dos diversos distúrbios causados pela distorção da imagem corporal, é preciso 
também lembrar que existem diferentes perspectivas sobre o corpo, cujo 
entendimento e cujas relações podem se alterar conforme o momento e o local, o que 
interfere também na construção dessa imagem corporal. Nem toda sociedade vê o 
corpo da mesma maneira. 
 
O olhar filosófico sobre o corpo nas diferentes culturas 
 
O corpo também pode ser visto sob a perspectiva da filosofia, segundo a qual já foi 
considerado como prisão da alma e objeto de poder e de prazer, além de outros. No 
debate filosófico sobre o corpo, encontramos os modelos antropológicos monistas e 
dualistas. 
 
Os defensores dualistas, que nos dividem em corpo e alma, além de apresentarem 
duas dimensões para o ser humano, ainda nos mostram uma hierarquia, com a alma 
sobrepondo-se ao corpo ou, como afirmava Platão, com o corpo como cárcere da alma. 
Nessa perspectiva, o corpo carregava tudo o que era considerado mal, como as 
paixões, as loucuras, as patologias e a discórdia. Em oposição ao dualismo, temos o 
monismo, que “unifica” as substâncias, eliminando a dicotomia entre corpo e mente. 
 
A visão sobre o corpo também vem sendo redefinida com o passar dos tempos. 
Durante a Idade Média, eram comuns as penitências corporais, as mortificações e até 
a mutilação do corpo, desprezando-o e reforçando a ideia de que ele atrapalhaa 
relação com Deus. Na Idade Moderna, o corpo já passa a ser visto como uma máquina. 
Já na Idade Contemporânea, entende-se que o corpo tem diversas funções dentro de 
um contexto social, intervindo de várias maneiras no mundo e ainda trazendo a 
noção de finitude (é preciso cuidar do corpo para ele não adoecer e perecer). 
 
Atualmente, o grande desafio é a formação desse corpo através da autonomia de suas 
próprias experiências vividas em detrimento da dependência do meio, da cultura e da 
sociedade em que vive, esta última sob forte influência midiática (FLORENTINO; 
FLORENTINO, 2007). 
 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
Padrões de beleza e o culto ao corpo 
Em diversas sociedades, utiliza-se um modelo ideal como referência de beleza e isto é 
o que chamamos de padrão de beleza. A construção social desse padrão vem se 
modificando há muito tempo através das mais diversas formas de aceitação e 
também de repúdio social. Em uma época não muito distante, o padrão de beleza 
estabelecido para as mulheres enaltecia as mulheres mais gordas, diferente do que 
acontece hoje. 
 
(...) por trás da construção dos padrões de boa forma e beleza esconde-se uma 
ideologia política, elitista e social (...) a estética corporal serve como divisor social, na 
medida em que exclui os que não estão de acordo com os arquétipos difundidos 
principalmente pelos meios de comunicação de massa. 
(FLOR, 2009, p. 298) 
 
Cada vez mais é possível visualizarmos a crescente preocupação com o corpo, com a 
alimentação e com o consumo excessivo de cosméticos, principalmente pela 
massificação das mídias, na década de 1980 no Brasil, do estilo de vida glamoroso e 
dos novos padrões de beleza difundidos por Hollywood através do cinema, 
reafirmando essa ditadura de comportamentos padronizados e difundidos pela 
sociedade. Tal padronização dos corpos e da beleza surge como um meio de estímulo 
do consumismo exacerbado de diversos produtos relacionados a essa enorme 
indústria da beleza. 
 
A indústria corporal através dos meios de comunicação encarrega-se de criar desejos 
e reforçar imagens, padronizando corpos. Corpos que se veem fora de medidas, 
sentem-se cobrados e insatisfeitos (...) existe então uma grande batalha pessoal em 
busca do corpo ideal, pois a estética corporal passou a ter diversos valores 
impregnados a este. (BARBOSA, 2016, p. 684) 
 
Essa busca exacerbada pelo corpo ideal, que pretende aproximar-se dos padrões de 
beleza divulgados pela mídia, é chamada de culto ao corpo e compreende a prática de 
atividades físicas, dietas e cirurgias plásticas estéticas. 
 
No Brasil, o culto ao corpo impulsionou diversos mercados, como o de cosméticos, de 
vestuário, de equipamentos fitness, de suplementos alimentares, ente outros. Vale 
lembrar que somos influenciados principalmente pelos Estados Unidos, considerado 
o berço do corpo magro e com músculos aparentes, o qual surgiu na década de 1980. 
Além desse mercado estar bem aquecido, ainda tem todo um aparato de mídia de 
alcance internacional, reforçando o tempo todo a “necessidade” desse corpo. 
 
Podemos ver diversos estudos mostrando o alcance do culto ao corpo, como a relação 
com o status nas pesquisas de Flor (2009), ou, ainda, associados com as redes sociais 
no trabalho de Rigoni, Nunes e Fonseca (2017). 
 
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Quando esse culto ao corpo é transformado no principal foco da vida da pessoa, 
recebe o nome de corpolatria. A preocupação com o embelezamento sem foco na 
saúde pode ser considerada um transtorno. Existem algumas profissões que 
reforçam essa ideia da busca pelo corpo perfeito, como é o caso de modelos, hostess e 
promoters. Nelas ocorre o “uso” do corpo para ganhar dinheiro, de modo que ele passa 
a ser visto como um corpo-mercadoria. 
 
Mercadorização do corpo 
A sociedade do consumo promove o corpo como uma mercadoria, tornando-o um 
objeto e submetendo-o às leis da economia. Agora, como um produto, precisa atender 
aos padrões preestabelecidos e precisa ter investidos nele tempo e dinheiro. Esse 
corpo terá grandes chances de realizar atividade física, regimes e cirurgias estéticas, 
procedimentos que nem sempre estarão alinhados com práticas saudáveis. 
Junto com o corpo “ideal”, a mídia vende a ideia de saúde, sucesso e felicidade, que 
logo acaba gerando uma frustação nas pessoas que consomem diversos produtos 
“tentando” atingir determinado perfil, o qual, se fosse fácil alcançar, acabaria com 
todo esse comércio que gira ao redor do corpo “perfeito”. Além dessa decepção, ao 
definir um modelo de corpo como sendo o ideal para uma sociedade inteira (às vezes 
mais de uma sociedade, por conta da globalização), passa-se a não respeitar as 
diferenças individuais, iniciando assim uma perigosa e velada atitude 
discriminatória com todos aqueles que não atendem aos requisitos impostos. 
 
Os poucos que conseguem a façanha de alcançar determinado objetivo também ficam 
insatisfeitos, pois, após todo o investimento (financeiro, em atividades e abrindo mão 
de outras coisas), a falsa promessa não é atendida. Por vezes a meta acaba sendo 
extremamente oposta àquela “vendida” e idealizada, pois, nessa busca descontrolada, 
o risco de lesão, de consumo de produtos ilícitos e de grandes aportes financeiros e de 
dedicação ampliada (deixando outras coisas e pessoas para trás) feitos em vão é muito 
grande. 
 
O corpo bem cuidado pode garantir ao indivíduo melhor performance e aceitação 
social, podendo ser considerado um capital social, cultural e simbólico. Como a posse 
de uma mercadoria identifica status, grupo social, bom ou mau gosto, a beleza 
também faz este papel. A sensação de possuir um corpo de acordo com os padrões 
impostos pela mídia se assemelha às sensações e esforços para adquirir um produto 
que satisfaça as necessidades emocionais, físicas e sociais, tal como uma necessidade 
(...) que associa a felicidade não somente a simples satisfação das necessidades 
básicas, mas a um volume e uma intensidade de desejos sempre crescentes, o que por 
sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a 
satisfazê-la. (SOUZA et al., 2011, [s.p.]) 
 
O profissional de Educação Física, ao atuar com a cultura corporal do movimento, 
precisa conhecer essas relações, que envolvem a imagem corporal e suas distorções, 
para atuar na sua prevenção e no auxílio ao tratamento; precisa saber que existem 
padrões mercadológicos de beleza, a mercadorização do corpo e a corpolatria, os quais 
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andam praticamente juntos e, na maioria das vezes, bem afastados de hábitos 
salutares; e, ainda, precisa compreender que existem diversas perspectivas sobre o 
corpo, as quais podem influenciar a compreensão e a sua relação com ele, alterando a 
imagem corporal. 
 
Ao encontrar com um aluno corpólatra, existe uma grande possibilidade de ele estar 
exagerando na quantidade/volume do treino. Qual seria sua postura diante disso, já 
que é um profissional da saúde? Você o alertaria mesmo sabendo que existe a 
possibilidade de perder esse aluno caso ele não goste da abordagem e ache que você o 
está criticando? O que você faria nesse caso? 
 
O papel da mídia na Educação Física: prós e contras 
Partindo da compreensão que a mídia influencia diversos aspectos da vida das 
pessoas, desde o jeito de pensar e enxergar o mundo até seus hábitos e o modo de agir, 
devemos entender que com a Educação Física não poderia ser diferente. A mídia nos 
oferece um estilo de vida “ideal” e nos insere nessa roda de consumo de produtos e 
serviços. 
 
Apesar dessa perniciosa “missão”, algumas vezes, mesmo sem querer, a mídia acaba 
favorecendo a nossa área. Talvez isso não ocorra pelos motivos certos, porém ela cria 
uma oportunidade para que o profissional de Educação Física tenha contato com o 
alunoe possa aproveitar esse momento para realizar uma intervenção, agora, de 
forma ética. 
 
Com relação ao corpo, a mídia se apropria de um modelo midiático padronizado. Não 
é algo evidente, para o qual se olhe e se diga: “Este é o modelo padrão!”, no entanto os 
personagens de séries, novelas e filmes que são considerados os mocinhos e heróis, as 
modelos que são capas de revista, os perfis que são utilizados para encenar as 
propagandas comerciais trazem implicitamente essa mensagem, sempre associando 
esse perfil ao sucesso e à felicidade. 
 
É preciso que o profissional de Educação Física haja sempre pensando no aluno, 
mostrando para ele toda essa lógica de mercado e incentivando-o a enfrentar esses 
desafios, partindo de uma contextualização crítica e reflexiva. Vimos anteriormente 
o quanto é frustrante e desanimador para a maioria das pessoas que tentam a todo 
custo alcançar o modelo dito “ideal” de corpo, mas que não conseguem. Esse 
comportamento gera uma pressão que traz apenas problemas sociais, afetivos, físicos 
e cognitivos. Por isso, é muito significativo quando o profissional de Educação Física 
consegue “abrir os olhos” de seus alunos e ensinar-lhes como (re)conhecer, aceitar e 
modificar (caso queiram e seja possível) seus corpos de forma que possam se sentir 
bem com eles. Sentir-se bem consigo mesmo é o primeiro passo para resolver 
problemas externos. 
 
No universo esportivo, pensando principalmente no alto rendimento, o fato de a 
mídia colocar diversos esportes em evidência é muito proveitoso, pois atrai mais 
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marcas/empresas para patrocinar equipes, atletas, competições e até algumas 
instalações esportivas. Essa exposição ajuda a promover algumas modalidades e, 
consequentemente, a atrair mais público. Parte desse grupo pode se dedicar à prática 
da modalidade, mesmo que de forma recreativa. Assim, quando se aumenta a prática 
esportiva (profissional ou por lazer), são mais pessoas exercendo um estilo de vida 
mais ativo e, em consequência, expandindo o campo de atuação do profissional de 
Educação Física. 
 
Um exemplo de esporte em evidência foi o tênis de campo no Brasil. No final dos anos 
1990 e início dos anos 2000, quando Gustavo Kuerten, o Guga, sagrou-se campeão 
em torneios internacionais importantes e passou a aparecer mais na mídia, 
despertou em muitos jovens a vontade de iniciarem a prática do esporte. Esse foi o 
período em que o tênis mais ganhou adeptos: nessa época abriram-se muitas 
escolinhas de tênis e foi o momento em que mais se transmitiram partidas de tênis 
em canal aberto na TV. 
 
Outra faceta do esporte diz respeito à atribuição da imagem de sucesso e riquezas à 
maioria dos atletas, sendo que, na verdade, os grandes salários só vão para uma 
pequena parcela deles, restando para a maioria dos atletas o básico necessário, que 
muitas vezes recebem apenas a ajuda de custo do patrocinador (em caso de término 
do contrato, o atleta é dispensado ou paga do próprio bolso para competir). Essa 
informação falsa pode causar frustação em pessoas que desejam seguir tal carreira. 
Outro fato a que devemos ficar atentos é a associação de atletas com algumas marcas, 
com as quais apenas há um contrato comercial (muitas vezes o atleta não é um real 
consumidor do produto). 
 
Antes de sair do esporte e ir para a escola, vamos analisar algumas situações que 
acontecem na escola, mas que trazem o problema original do esporte. Da mesma 
forma que as crianças começam a praticar alguns esportes por conta de seus ídolos, 
eles também passam a replicar algumas das atitudes inadequadas deles. Um exemplo 
são as crianças pequenas que acham normal “simular” uma falta (atitude muito 
valorizada no Brasil, pois reflete a imagem do “malandro”). Ou, ainda, desrespeitar os 
árbitros, ofendendo-os e enfrentando-os (tal qual algumas estrelas do nosso esporte 
bretão). Cabe ao professor de Educação Física mostrar aos alunos os valores e atitudes 
que valem a pena ou não repetir. 
 
Apesar da reprodução de algumas situações inadequadas, a mídia também traz para 
dentro da escola a admiração, o interesse e o encorajamento de conteúdos a serem 
trabalhados em aula. O professor tem mais um instrumento atrativo para conquistar 
o aluno. 
 
Pensando na saúde, apesar de a mídia nem sempre mostrar o caminho certo, ela acaba 
por direcionar as pessoas para uma busca por qualidade de vida, por cuidar melhor 
de si e isso leva mais pessoas a procurarem um estilo de vida ativo. Porém, o acesso 
fácil à informação, não necessariamente de qualidade, cria oportunidades para 
compra e uso de substâncias ilegais, como esteroides anabolizantes, por exemplo. 
Cultura Corporal do Movimento – Educação Física – Pitágoras 
 
Ainda sobre Saúde, é muito comum pessoas não qualificadas ficarem trocando dietas 
e treinos entre si, principalmente pela internet. Sob a “argumentação” de que 
funcionou para “fulano”, reproduzem, de forma arriscada, algo que foi preparado 
para uma pessoa específica. Além disso, é muito comum a pessoa querer resolver seu 
problema mais rápido e, como não conhece as características anatomofisiológicas, 
biomecânicas e de periodização de exercícios, decide aumentar seu treino por conta 
própria, seja na dificuldade do exercício, seja no volume e/ou na intensidade, 
facilitando assim o risco de lesões. 
 
O uso de produtos e de equipamentos com promessas milagrosas também atenta 
contra a saúde, uns porque são de acesso ilegal, outros porque não apresentam o 
acompanhamento correto de um profissional da saúde. A mídia ainda influencia 
negativamente nos distúrbios cognitivos referentes à imagem corporal, como 
anorexia nervosa, bulimia nervosa e vigorexia nervosa, por indiretamente sugerir e 
reforçar padrões estéticos. 
 
Quando a mídia, no reflexo que apresenta da sociedade, não mostra pessoas com 
corpos “normais” praticando esportes ou fazendo exercícios, acaba criando a falsa 
ideia de que é errado indivíduos com corpos fora desse padrão midiático realizarem 
suas atividades. Isso chega ao ponto de as pessoas terem vergonha de colocar uma 
roupa mais confortável para se exercitarem ou até de se privarem de ir a espaços 
destinados a essas práticas. Tal situação acaba virando um ciclo, no qual a pessoa não 
pratica atividade física, consequentemente aumenta seu sedentarismo e, como 
resultado, precisa cada vez mais se tornar ativa. 
 
Além da limitação de opções de atividade física para essas pessoas, o efeito emocional 
também pesa sobre elas. A sensação de impotência, culpa e não pertencimento 
acompanha grande parte delas, que acabam se excluindo de diversas atividades, 
aumentando as chances de apresentarem transtornos como a ansiedade e a 
depressão. 
 
O momento para relaxar desse desgaste mental e buscar alívio para o estresse é o 
lazer. Porém, diversas opções de lazer estão ligadas à prática de atividade física e 
esportes. Apesar de, também, afastar algumas pessoas por acharem que não podem 
participar desse tipo de atividade, o caráter mais lúdico dessas atividades auxilia a 
trazer mais pessoas para essas práticas. 
 
A partir do momento que menos pessoas são atraídas para essas práticas, pode-se 
pensar que esse mercado está perdendo dinheiro. Entretanto, a indústria esportiva 
conseguiu enxergar outras formas de consumo, ganhando tanto com os 
consumidores ativos (aqueles que praticam o esporte) quanto com os passivos 
(aqueles que assistem ao esporte). Um exemplo são as disputas esportivas 
transmitidas pela mídia, às quais diversos produtos e serviços são atrelados, pois a 
prioridade dela não é o bem-estar da pessoa e sim seu próprio lucro. 
 
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A indústria esportiva lucra, com os praticantes de atividades físicas, principalmente 
com aluguel de espaços esportivos, equipamentos, vestimentas e competições (pagas,patrocinadas ou ambas). Porém, ela não deixa de ganhar com aqueles que não 
praticam, pois assistem às práticas tanto na instalação esportiva quanto através da 
mídia e consomem equipamentos, souvenires, títulos de sócio torcedor, jornalismo 
especializado e até vestimentas. Você já parou para pensar que ninguém disse que era 
preciso usar a camisa do time para assistir a jogos em casa? Entretanto, foi criada essa 
“cultura” e boa parte das pessoas que assistem aos jogos em casa usam, inclusive, as 
camisas “oficiais”, as quais, além de carregar a marca do patrocinador, ainda têm o 
custo bem mais elevado por serem feitas com uma tecnologia especial 
antitranspirante e que facilita o movimento, aspectos pensados para a prática do 
esporte. 
 
Cultura do consumo e a Educação Física 
Carvalho (2016) reforça a importância da criticidade na formação do estudante de 
Educação Física para que o futuro profissional atenda à real necessidade de seus 
alunos e não à lógica de mercado. A autora questiona corajosamente a relação entre 
saúde e atividade física, apresentada como verdade absoluta, mostrando, por 
exemplo, o incentivo da mídia para o aumento no número de praticantes de 
exercícios físicos influenciados, dentre outros, pela indústria cultural e pela da 
beleza, além da sociedade do consumo (CARVALHO, 2016). 
 
A cultura do consumo não faz uma crítica ao consumo, que é algo cultural e existe há 
muito tempo, mas ao consumismo, que é o consumo excessivo e geralmente alienado, 
por meio do qual as pessoas consomem mais do que precisam. As indústrias, através 
da mídia, criam a “necessidade” de obter diversos produtos e serviços, sugerindo que, 
quando você age igual a toda a “massa”, você tem uma maior sensação de 
pertencimento; criam também a fantasia de que será através do consumo que iremos 
preencher nossa sensação de vazio. 
 
Atrelada a essa cultura, temos ainda a cultura do supérfluo, também chamada de 
cultura do desperdício, cuja característica principal é o consumo excessivo, que 
resulta em grande quantidade de descarte ou, às vezes, em acúmulo de itens sem 
utilização. O consumo compulsivo e o hábito de acumular são considerados 
transtornos, respectivamente chamados de oneomania (ou transtorno de compra 
compulsiva) e acumulação compulsiva (ou transtorno de acumulação), ambas 
trazendo diversos problemas para as pessoas, principalmente sociais. 
 
Além disso, contribuindo também para esta sociedade do lixo, temos a obsolescência. 
Conforme vimos anteriormente, a obsolescência programada apresenta um desgaste 
programado para os produtos e uma falta de compatibilidade deles com tecnologias 
mais novas, diminuindo assim seu ciclo de vida. Além dela, também existe a 
obsolescência técnica, que é quando um novo produto substitui outro anterior, 
“aposentando-o”, como o CD fez com os discos de vinil e as fitas K-7, logo depois como 
o DVD fez com o CD e como as músicas em formato digital fizeram com o DVD. Ela 
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também ocorre quando o custo-benefício não vale mais a pena. E, por último, ainda 
existe a obsolescência percebida, a qual ocorre com os produtos que ainda funcionam, 
mas que apresentam modelos novos mais bonitos e melhores. Ela pode ser vista na 
constante substituição de smartphones por outros mais modernos, um hábito que 
muitas pessoas têm nos dias de hoje. 
 
Na contramão da cultura do consumo, apareceram alguns movimentos como a 
cultura do minimalismo, também conhecida como cultura da eficiência, que nada 
mais é do que consumir (principalmente os bens materiais) de forma mais consciente 
e sustentável. Ela defende a ideia de que podemos manter apenas as coisas 
necessárias, eliminando os excessos. Isso não quer dizer que a pessoa deva abrir mão 
de sua qualidade de vida, mas que comece a prestar mais atenção ao que realmente 
tem valor para ela, onde e com o que ela prefere gastar seu dinheiro. Donatelli (2019, 
p. 24) afirma que “em uma cultura onde o consumo é condicionado, tanto pela 
economia quanto pela mídia, surgem movimentos de contracultura anti-
consumistas”. 
 
Nessa sociedade consumista, imediatista e que desperdiça muito, surgem diversos 
problemas que afetam o mercado de trabalho do profissional de Educação Física. Um 
exemplo é a ausência de hábitos saudáveis como a boa alimentação e a prática de 
atividade física, o que leva ao estresse, ao sedentarismo e a outros problemas 
associados. 
 
A importância dada ao acúmulo de riquezas faz o ser humano trabalhar cada vez mais 
e, consequentemente, ter menos tempo de descanso e de lazer. Geralmente sua 
alimentação não é a mais adequada e a prática de exercícios físicos é comprometida. 
A pressa oportuniza o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados, 
geralmente não saudáveis, altamente calóricos e com muito sal e/ou gorduras. 
 
O crescimento das cidades diminui cada vez mais os espaços de lazer e coloca em 
evidência a violência e a criminalidade, que acabam se apresentando como 
motivações para ficar mais tempo dentro de casa. Unindo isso ao avanço tecnológico, 
as pessoas dedicam cada vez mais tempo para TV, videogames, computadores e 
celulares, além de se movimentarem cada vez menos por conta das automações (por 
exemplo, controle remoto e sensores). O tipo de trabalho também está ficando cada 
vez menos braçal (uso de máquinas) e com menos esforços físicos para os 
deslocamentos devido ao uso de carros. 
 
O bacharel em Educação Física deve se preparar para compreender os prejudiciais 
efeitos que essa sociedade do consumo deposita em seus futuros clientes/pacientes 
para que, assim, possa lutar diariamente contra isso. Além disso, o professor de 
Educação Física, tem a crucial tarefa de conscientizar seus alunos, a fim de que eles 
possam agir criticamente nesse mecanismo cultural, evitando agir de forma 
alienada. 
 
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O corpo outdoor 
A cultura do consumo destaca a importância da aparência e estabelece a imagem do 
corpo considerado “bonito”. Na busca por esse corpo, descartam-se características 
físicas individuais, as quais as pessoas não apreciam, independentemente se forem 
biológicas ou genéticas, incentivando as cirurgias para modificar o corpo e aproximá-
lo dos padrões midiáticos. Através dos meios de comunicação de massa, são 
divulgadas desde rotinas de exercícios e dietas, até o uso de cosméticos e de algumas 
terapias, cujo foco é a imagem da pessoa que utilizará esse corpo para propagar 
tendências mercadológicas, expondo um tipo de corpo outdoor (SILVA; CARVALHO, 
2019). 
 
Esse tipo de estrutura física também representa a identidade cultural de indivíduos 
que expõem, em seus corpos, principalmente suas memórias, suas pertenças e suas 
escolhas para um grupo, conforme apresentam Pavan e Silva (2010) referindo-se a 
tatuagens. Porém, podemos ampliar um pouco mais esse entendimento ao 
pensarmos em outras modificações corporais permanentes, como alargamentos de 
orelha (também de lábios e de pescoço) e implantes subcutâneos. Além destes, 
existem outras modificações como as escarificações (cicatrizes produzidas com 
instrumentos cortantes), as mutilações (perda total ou parcial de um membro do 
corpo) e o branding corporal (marcação com ferro quente), que podem também estar 
associadas ao Transtorno de Identidade de Integridade Corporal. 
 
Manipulação midiática na construção de ideologias de corpo 
Ao falarmos em manipulação midiática, que são as estratégias utilizadas para 
apresentar as informações veiculadas pelos meios de comunicação em massa, 
favorecendo interesses específicos, não podemos deixar de abordar as dez estratégias 
sugeridas pelo francês Sylvain Timsit em 2002, usadas por poderes políticos e 
econômicos para controlar massivamente as pessoas. São elas: 
 
• Distração – apresentar muitas informações sem importância e relevânciaao 
público para desviar a atenção dele de problemas significativos e de decisões 
políticas e econômicas que o afetam. Dessa forma, o público não se interessa 
por áreas importantes e, como consequência, não reflete sobre elas nem 
questiona ninguém sobre os problemas sociais. 
• Criar problema para oferecer a solução – criando um problema, é possível 
aparecer com a resolução salvadora e fomentar a própria imagem, além da 
possibilidade de conseguir a aceitação de medidas não populares. 
• Gradualidade – é o ato de progressivamente conquistar a concordância do 
público com decisões injustas, para que passem praticamente despercebidas. 
• Adiar – apresentando antecipadamente uma decisão futura, as pessoas vão se 
acostumando com resignação ao “pior que está por vir” e vão fazendo 
“sacrifícios” para tentar alterar o quadro lá na frente, o que se torna um hábito. 
• Infantilizar o público – dirigir-se ao público como se não tivesse maturidade 
ou como se tivesse alguma debilidade mental, usando argumentos, 
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personagens e/ou entonações doces, buscando, através da sugestionabilidade, 
uma reação submissa, sem traços de senso crítico. 
• Usar o aspecto emocional – basear-se no registro afetivo das pessoas, para que 
não façam uma análise racional, usando as emoções para introduzir facilmente 
ideias, desejos, temores, compulsões ou para induzir comportamentos. 
• Manter o público na ignorância – distantes da intelectualidade e da cultura, as 
pessoas são incapazes de reconhecer os métodos usados para controlá-las, fato 
que as torna mais fáceis de serem manipuladas. 
• Estimular a continuidade da mediocridade – é incentivar as pessoas a 
viverem na superficialidade (banalidade e consumismo), sem quererem se 
aprofundar em nada (propagando a imagem de que as pessoas que 
argumentam são chatas e mal-humoradas). Isso é bem representado pela 
mídia através das pessoas que, apesar das dificuldades sociais, como pobreza e 
exclusão, estão sempre alegres. 
• Autoculpabilidade – quando a pessoa acredita que é culpada pela própria 
desgraça devido à falta de capacidade ou de esforço próprio, usando a lógica da 
meritocracia e individualizando problemas que na verdade são sociais, ela se 
sente a culpada e sua mobilização social passa a ser inativa. 
• Conhecimento total do público – graças aos avanços tecnológicos e das áreas 
psicobiológicas, as grandes empresas sabem muito sobre as pessoas, às vezes 
até mais do que elas mesmas, de modo que conseguem manipulá-las como lhes 
convêm. 
 
O profissional de Educação Física deve estar preparado para atuar no mercado de 
trabalho não apenas munido com as competências técnicas da área. Sua atividade 
não se restringe à reprodução de um sistema ideológico social (baseado na mídia e no 
mercado), com foco apenas na aparência (pautados em ícones de beleza e referências 
de supremacia) e com o objetivo voltado exclusivamente ao lucro, pois acabaria 
apenas replicando preconceitos e desigualdades sociais. Sua atuação deve ser 
pensada eticamente, buscando toda a integralidade do ser humano, baseando-se nas 
dimensões psicossocial e física, apoiando diretamente o bem-estar e a saúde das 
pessoas. 
 
Alguns clichês são utilizados pela mídia para atrair o público consumidor. Dentre 
eles, talvez os mais famosos em nossa área dizem: Esporte é saúde! e O importante é 
competir! Você concorda com eles? O esporte sempre é saúde? É acessível a todos? O 
competir é mais valorizado que o vencer? Você acredita que são frases motivadoras 
ou existe alguma intenção (boa ou não) por trás destes chavões e modismos? 
 
 Referências: 
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