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PERIODO COLONIAL ETEC

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A questão da terra no Brasil.
POLÍTICA E EXPANSÃO TERRITORIAL A extração do pau-brasil, além de predatória, não incentivava a ocupação efetiva do território, que só passou a ser objetivo central do empreendimento colonial português a partir de 1530. Antes de tudo, a Coroa queria assegurar a posse do território, constantemente ameaçada pela presença estrangeira, em especial francesa. Para tanto, se fazia necessária uma solução econômica para sustentar a ocupação e resolver a questão da mão de obra. O estado português não tinha recursos e muito menos população numerosa que o capacitasse para assumir sozinho essa função. Em 1530, o rei d. João III resolveu iniciar o processo de colonização, pois as pressões francesas aumentavam, especialmente por meio do rei Francisco I (1515-1547), que justificava as investidas ao território brasileiro alegando o direito do uti possidetis — posse pelo uso. Além disso, a descoberta de metais na América espanhola impulsionou as iniciativas colonizadoras por parte de Portugal, pressionado também pela decadência do comércio oriental, resultado da concorrência e da falta de infraestrutura. O impasse econômico da colonização resultou na escolha do açúcar como atividade econômica principal, o que se explica de diversas maneiras. Em primeiro lugar, porque os portugueses já conheciam o processo de plantio, colheita e processamento da cana, da qual extraíam o açúcar, mas também outros produtos como o álcool, mais especificamente a aguardente. Eles já produziam açúcar nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde desde o final do século XV. Em segundo lugar, porque havia um mercado consumidor em expansão na Europa, abastecido mais facilmente pela associação com os holandeses, financiadores de fazendas e engenhos e encarregados do refino e da distribuição na Europa. Embora presente em diversos vegetais, apenas a cana-de-açúcar e a beterraba fornecem o açúcar em forma de sacarose. A extração do açúcar da beterraba somente se desenvolveu depois de 1780. Assim, até o século XVIII, predominava a cana-de-açúcar, cuja cultura para obtenção de açúcar já se conhecia desde o século II, na índia, onde se descobriu o processo de refinamento, que passou, bem como o cultivo da cana, para a Pérsia e os árabes, por intermédio de quem os europeus conheceram o método. Até o século XVIII, o açúcar era artigo de luxo no mercado europeu, muito apreciado pelos nobres, que os portugueses procuraram abastecer com o cultivo da cana no Brasil. Atualmente, a produção mundial é obtida por meio do açúcar da cana e da beterraba. As Grandes Navegações e a expansão colonial, com a introdução do açúcar na Europa, popularizaram as bebidas destiladas, como o rum (feito do bagaço da cana) e a aguardente, consideradas ideais para os marinheiros envolvidos em longas viagens oceânicas. O rum se popularizou na América do Norte e no Caribe. No Brasil, prevaleceu a aguardente, conhecida à época por vários nomes, como jeribita, usada inclusive como moeda de troca. Muitos traficantes de pessoas escravizadas pagavam suas “mercadorias” com aguardente. Somente no século XVIII, malefícios da bebida passaram a ser debatidos. A ideia de alcoolismo, por exemplo, só apareceu no discurso da medicina no século XIX. No seu lugar, outra bebida para tornar as pessoas mais despertas, sobretudo no momento de difusão do trabalho industrial, começou a se popularizar — o café.
A expedição comandada por Martim Afonso de Souza — fidalgo e amigo do rei d. João III — pode ser considerada o ponto de partida da indústria açucareira no Brasil. Depois de percorrer as terras do litoral, desde o nordeste em direção ao sul, Martim Afonso fundou, em 1532, no litoral do atual estado de são Paulo, a Vila de são Vicente — a primeira da colônia — e deu início à construção do engenho do Governador, associando-se a acionistas holandeses. Anos mais tarde, após a partida de Martim Afonso para as índias, o engenho foi adquirido pela família schetz, passando a ser conhecido como “dos erasmos”. Entretanto, temendo as incursões francesas, d. João III decidiu que deveria ocupar a colônia mais efetivamente e criou as capitanias hereditárias, entregando-as a membros da burocracia do reino. Martim Afonso recebeu duas capitanias, a de são Vicente e a do Rio de Janeiro.
O sistema de capitanias foi uma tentativa do governo português de transferir para a iniciativa privada os custos da colonização. Dividindo sua posse em 15 faixas paralelas que se estendiam da linha de Tordesilhas até o litoral atlântico e distribuindo-as a 13 donatários, escolhidos em geral entre membros da pequena nobreza, o governo português pretendia fomentar a ocupação do território e torná-lo viável economicamente, sem lançar mão de grandes investimentos.
Os donatários ou capitães escolhidos achavam-se vinculados juridicamente ao rei pela Carta de doação e pela Carta Foral. A Carta de doação era um documento que cedia o direito de administrar e explorar uma “província do reino”, sem implicar propriedade privada da terra dessa forma, concedia o usufruto e a posse da terra, mas não sua propriedade, o que impedia o direito de herança. Apesar disso, a Carta de doação previa a transmissão hereditária, além de estabelecer os limites e a localização da terra. A Carta Foral, ou simplesmente Foral, representava a terceirização da empreitada colonial, baseada em tradições feudais. estabelecia basicamente direitos e deveres do donatário, a saber: garantir a colonização e defesa da capitania; enviar 10 por cento de todas as riquezas e 20 por cento dos metais encontrados à metrópole; zelar pelo monopólio real do pau-brasil; e direito de fundar vilas e engenhos, doar sesmarias, exercer plena autoridade e administrar a justiça, cobrar impostos, como a vigésima (20% da renda obtida com o comércio do pau -brasil, explorado via arrendamento do monopólio estatal), escravizar indígenas de acordo com o preceito das “guerras justas”, ou seja, das guerras contra os indígenas que ameaçassem vilas e engenhos, justificativa muitas vezes empregada pelos colonos para obter mão de obra barata. Ou seja, havia uma relação de poder semelhante àquela do sistema feudal clássico, mas não podemos dizer que a colônia brasileira era feudal, uma vez que, economicamente, falamos de um sistema de produção capitalista e mercantilista. Museu do Louvre, Paris A doação de sesmarias pelos capitães donatários, como no caso de Pernambuco, incentivou a formação de engenhos produtores de açúcar, consolidando a ocupação do nordeste do Brasil por Portugal. POST, Frans. Engenho de açúcar no Brasil, século XVII. Óleo sobre tela. A tradição feudal do sistema de capitanias e do Foral, que concedia autonomia aos capitães donatários e enorme descentralização das decisões, foi responsável em boa parte pelo fracasso das capitanias. Também contribuíram para isso a falta de recursos dos donatários, o pouco apoio que receberam da metrópole, o isolamento do território, a distância da metrópole e os ataques indígenas e franceses. A Capitania de são Vicente atingiu um progresso relativo e momentâneo, porque Martim Afonso, seu donatário, possuía alguns recursos. Além disso, na área dessa capitania se fizeram as primeiras descobertas de ouro no Brasil, embora extraído de aluvião e em pequena quantidade. O fracasso da produção açucareira e da mineração, e a distância entre são Vicente e a metrópole determinaram em breve a estagnação e o empobrecimento dessa capitania. No caso de Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, a produção açucareira avançou graças à qualidade do solo (o famoso massapê, presente também em outras regiões nordestinas), à associação com os holandeses e à maior proximidade com a metrópole, o que facilitava a comunicação e o transporte das mercadorias. dessa forma, do conjunto de 15 capitanias, seguramente apenas a de Pernambuco apresentou progresso e desenvolvimento econômico razoáveis. A ameaça de perder o território mantinha-se, diante do insucesso da maioria das capitanias em promover a ocupação territorial. Assim, d. João III, o “reicolonizador”, resolveu implantar o governo-geral em 1548, buscando diminuir as autonomias regionais e centralizar a administração do território colonial. em 1549, aportou no Brasil, mais exatamente na Capitania da Bahia de Todos os santos, o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa. Trazia consigo os primeiros jesuítas, liderados pelo padre Manoel da Nóbrega, com o intuito de evangelizar os indígenas; também carpinteiros, pedreiros, ferreiros, auxiliares administrativos e militares, num total de aproximadamente mil pessoas. Com ele vieram mantimentos, ferramentas, armas, enfim, o necessário para fundar a primeira cidade do país, salvador. Na condição de governador-geral, Tomé de Sousa tinha maiores poderes que os donatários, além de prerrogativas jurídicas, administrativas e militares sobre todo o território colonial. deveria coordenar a colonização e assegurar os interesses da metrópole, exercendo controle sobre a extração de pau-brasil, o tráfico negreiro e a produção do açúcar. Também estava encarregado de defender a costa, estimular as atividades agropecuárias, apoiar os jesuítas e implantar núcleos de povoamento. O governo-geral coexistiu com as capitanias, incorporando as atribuições públicas dos donatários — justiça, fazenda e questões militares. Um dos principais direitos do capitão era a doação de sesmarias aos colonos, ou seja, de grandes áreas dentro da capitania, que correspondiam a propriedades privadas. O capitão donatário não podia doar sesmarias para sua esposa e seus filhos, bem como para estrangeiros e judeus, o que impedia a transformação da capitania em imensa sesmaria de propriedade do Com o passar do tempo, muitas sesmarias se organizaram na forma de engenhos, e os primeiros colonos formaram a oligarquia dos “senhores de engenho”, principal força política do Brasil em boa parte do período colonial. Isso porque o engenho propriamente dito, entendido como estrutura necessária para moer a cana e fabricar o açúcar, só podia instalar-se sob ordens do donatário, que não raramente vendia seu direito ao sesmeiro ou colono, futuro senhor de engenho. Segundo as ordenações portuguesas, as vilas tinham o direito de erguer o pelourinho, símbolo da autoridade real, e organizar câmaras municipais ou Câmara dos Homens Bons. Povoações que surgissem ao redor das vilas eram suas freguesias. Cidades se distinguiam das vilas pelo tamanho da população e pela importância econômica ou política. Dessa forma, Salvador já surgiu como cidade, não como vila, pois funcionaria como sede do governo-geral.
Incumbido de implantar uma administração centralizada, Tomé de Sousa veio acompanhado de capitão-mor (defesa marítima), ouvidor-mor (justiça), provedor-mor (abastecimento e finanças), alcaide-mor (defesa terrestre), além de inúmeros outros profissionais. Seu poder, no entanto, não alcançava em absoluto toda a extensão do território, limitando-se à área do nordeste do Brasil. Ao longo de boa parte do período colonial, o poder político efetivo esteve concentrado na Câmara dos Homens Bons, equivalente às câmaras municipais atuais. Apesar da instauração do governo-geral, as câmaras municipais exerceram o poder efetivo no Brasil até meados do século XVII. Encarregadas da legislação apenas sobre assuntos municipais, como abastecimento, urbanização e transporte, acabaram assumindo outras funções em razão do alcance limitado do poder central, representado pelo governo-geral. Dominadas pelos chamados “homens bons”, ou seja, a oligarquia agrária que não executava atividades manuais, as câmaras não contavam com a participação de comerciantes, pelo menos até a segunda metade do século XVII, quando o domínio da metrópole sobre a colônia se tornou mais efetivo. A maior autoridade da câmara residia na figura de um juiz escolhido entre os “homens bons” da região, depois pelos juízes de fora (indicados pela Coroa), por dois juízes ordinários, um procurador, um tesoureiro e um escrivão, além de três vereadores. O predomínio das câmaras municipais na vida política brasileira deu início ao vínculo entre a propriedade fundiária e a participação política, na medida em que apenas os grandes proprietários rurais participavam da vida pública. A partir da Guerra da Restauração (1641) e da instauração do Conselho Ultramarino (1642), os juízes que presidiam as câmaras municipais passaram a ter indicação e nomeação real (a partir de 1694), ou seja, não eram mais escolhidos entre a oligarquia local, mas nomeados “de fora”, sem vínculos com esta oligarquia. A nomeação era uma tentativa da autoridade real de controlar o poder municipal, buscando maior controle sobre o Pacto Colonial. A implantação de uma justiça real, isenta e imparcial, fazia parte da montagem do Estado nacional português, ainda em curso em áreas remotas do império, como o Brasil. O governo de Tomé de Sousa (1549-1553) foi marcado ainda por uma política de incentivo à produção açucareira, com o início da produção no Recôncavo Baiano, que logo se tornaria, ao lado de Pernambuco, o centro da produção açucareira na colônia. Registrou-se a introdução das primeiras cabeças de gado e dos primeiros negros escravizados no Brasil. Importante notar: a montagem de estrutura política e administrativa em nosso país acompanhou-se de uma estrutura eclesiástica, com a criação do primeiro bispado, liderado por D. Pero Fernandes Sardinha. Em 1553, Duarte da Costa assumiu o governo-geral. Incentivou a produção açucareira, como seu antecessor, mas também facilitou a escravização dos povos indígenas, o que contrariava a política oficial do governo português e da Igreja Católica. Isso provocou conflito entre a Igreja e os colonos, que contavam com o apoio do governador. Os ataques portugueses constantes aos povos indígenas criaram uma situação de guerra. Durante esse governo, os franceses invadiram a baía de Guanabara, onde fundaram a França Antártica, em 1555. A Confederação dos Tamoios, aliança militar dos franceses com os povos tupinambás da região do rio de Janeiro, facilitou a ocupação estrangeira. Nesse contexto, outra leva de jesuítas chegou ao Brasil, incluindo José de Anchieta, para acelerar o processo de evangelização na colônia. O governo de Duarte da Costa ficou marcado ainda pelos frequentes protestos da Câmara de salvador e do bispo Sardinha contra as atitudes do governador-geral e de seu filho. Em 1556, o bispo foi chamado a Portugal para prestar esclarecimentos. Um trágico naufrágio no retorno o levou ao aprisionamento e à morte por indígenas caetés, canibais do litoral no atual estado de Alagoas. José de Anchieta, educador, é considerado o 
Introdutor do teatro no Brasil, adotado em seu esforço de evangelização e conversão de indígenas em católicos. No governo de Mem de Sá, que sucedeu a Duarte da Costa, foi o mediador da Paz de Iperoig com os indígenas da região da baía da Guanabara, o que facilitou a fundação da cidade do rio de janeiro por Estácio de Sá, em 1556, e a expulsão dos calvinistas franceses, em 1567. Em 1555, Anchieta foi também um dos responsáveis pela fundação da Vila de são Paulo. Após a morte de Mem de sá, em 1573, o governo português resolveu dividir o território em duas colônias. Surgiram assim os governos do estado do Norte, com capital em salvador, e do estado do sul, com capital no rio de Janeiro. A morte de d. Sebastião, último rei da dinastia de Avis, em 1578, determinou o fim dessa divisão. Entre 1578 e 1580, o cardeal d. Henrique, tio-avô de d. Sebastião, assumiu o poder. Em 1580, depois de prestar o Juramento de Tomar, o reino de Portugal e todas as suas colônias passaram a Filipe II da Espanha, por direito de herança. Assim teve início a união Ibérica, que se estendeu por 60 anos, entre 1580 e 1640, durante os quais o Brasil esteve sob domínio dos reis espanhóis Filipe II, Filipe III e Filipe IV. Foi um bom período para o Brasil em alguns aspectos: invalidou-se na prática o Tratado de Tordesilhas, o que facilitou a expansão portuguesa para terras espanholas, em especial por intermédio das entradas e bandeiras, fator que ajuda a explicara atual configuração do Brasil, que vai muito além da linha de Tordesilhas. Além disso, em 1621, após a ocupação francesa do Maranhão, o território foi novamente dividido nos estados do Maranhão e do Brasil, tendo em vista a proteção militar e a ocupação econômica do litoral norte. Por outro lado, houve enormes prejuízos, muitos deles ligados às invasões estrangeiras, como a dos holandeses, inimigos dos espanhóis desde o governo-geral de Duarte da Costa, o Brasil passou a conviver com as invasões estrangeiras, registradas entre os séculos XVI e XVII, com diferentes motivações, que passavam pela contestação dos termos do Tratado de Tordesilhas por parte das nações europeias, a busca do eldorado pelos fugitivos das guerras religiosas na França e o interesse pelo negócio do açúcar. Muitas vezes essas invasões não passaram de atos de pirataria, como os ataques ingleses às cidades de são Vicente e santos em 1583, 1587, 1591 e 1595. Em outros casos tratou-se de tentativas efetivas de colonização — como as invasões francesa e holandesa. Além da prática de pirataria e contrabando, os franceses empreenderam duas invasões efetivas no Brasil. Entraram na baía de Guanabara, onde fundaram a primeira colônia de povoamento da América, a França Antártica (1555-1567), no governo de Duarte da Costa. Estabeleceram relações cordiais com os indígenas e abdicaram da escravidão. Tratava-se de iniciativa privada de huguenotes, ou seja, calvinista francesa liderados pelo comandante Villegaignon, que pretendiam fundar na região uma comunidade religiosa livre das perseguições que existiam na França. Tinham a intenção de subsistir da exploração do pau-brasil, então monopólio real. Resistiram enquanto puderam, mas foram derrotados pelas tropas de Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá. Mais tarde, por iniciativa do governo francês, então liderado por Maria de Médicis, mãe do pequeno rei Luís XIII e tutora da França, criou-se a França equinocial (1612-1615), a partir do Forte de são Luís, no Maranhão. Nessa ocasião, os franceses estavam interessados na Bacia do Amazonas, mas Jerônimo de Albuquerque os derrotou. Em consequência dessa invasão, o território foi novamente dividido em dois, o estado do Brasil e o estado do Grão-Pará e Maranhão, em 1621. O litoral norte passou a contar com várias fortificações, que deram origem a vilas e cidades, incrementando o povoamento dessa região. As entradas eram expedições que se dirigiam para o interior do território, organizadas pelo governo. As bandeiras eram empreendimentos particulares. Desde o início do período colonial, as explorações em busca principalmente de metais foram desmobilizadas em virtude do fracasso em encontrar ouro e prata. Retomadas durante o período Províncias unidas dos Países Baixos (Holanda), governada sob regime republicano e com economia baseada no comércio e na produção manufatureira. Na América, a Holanda era parceira de Portugal no comércio açucareiro. Como esse era o período da união Ibérica, em retaliação, a Espanha proibiu a participação da Holanda no comércio açucareiro. Portugal, sob jugo espanhol, passou de sócio a inimigo da Holanda. Por meio da Companhia das índias Ocidentais, a burguesia holandesa organizou as invasões na Bahia (1624-1635), em Pernambuco (1630-1654) e em outras colônias na África, grandes fornecedoras de pessoas escravizadas, como Angola. Na Bahia, a capital, a ocupação foi rechaçada, mas em Pernambuco foi duradoura. Entre 1637 e 1644, o governo do Brasil holandês coube a Maurício de Nassau. A política de conciliação com os colonos portugueses — respeito à propriedade dos senhores de engenho, concessão de créditos, parcelamento de dívidas e direito de participação política (Câmara dos escabinos) — garantiu o desenvolvimento da região. Obtendo o apoio dos produtores, Nassau pôde investir na urbanização do recife. A tolerância religiosa nesse governo atraiu para cá muitos judeus perseguidos na europa. Também acabaram vindo intelectuais e artistas europeus, como Frans Post e Albert eckhout. A mudança na política da Companhia, exigindo a execução das dívidas e restringindo o crédito, motivou a demissão de Nassau. Os conflitos com os colonos começaram, e o governo de Portugal, já separado da Espanha, percebeu que o momento lhe era favorável. O decreto inglês dos Atos de Navegação, em 1651, motivou a guerra entre Inglaterra e Holanda, o que facilitou a expulsão dos holandeses em 1654, os quais logo trataram de iniciar a própria produção açucareira na região das Antilhas, pois haviam aprendido as técnicas de produção e refino durante sua permanência em Pernambuco. em breve, o açúcar holandês rivalizava com o português, determinando a queda dos preços e uma crise na produção que perduraria até o fim do período colonial.

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