Buscar

Período Pré-colonial: Descoberta e Exploração

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 159 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História 
Here is where your presentation begins
Table of Contents
01
Período Pré-colonial
02
Economia Açucareira
03
União Ibérica
04
Invasões Estrangeiras
Table of Contents
05
Economia mineradora
06
Revoltas nativistas
07
Processo de independência do Brasil
08
Primeiro Reinado
Table of Contents
09
Período Regencial 
10
Segundo Reinado
11
República Velha
12
Revolução de 1930
Table of Contents
13
Era Vargas 
14
República Liberal
15
Regime Militar
16
Assignments
Here you could describe the topic of the session
Período Pré-colonial
01
Período Pré-colonial
O período pré-colonial corresponde aos primeiros anos de colonização do Brasil pelos portugueses. Abrange dos anos de 1500 a 1530 e a principal atividade econômica foi a exploração do pau-brasil.
a) Resumo
Em 22 de abril de 1500, os portugueses conseguem descobrir do outro lado do oceano terras nunca antes visitadas. Nesse momento, chegou ao território a esquadra de Pedro Álvares Cabral composta por 10 naus e 3 caravelas (cerca de 1500 homens), as quais eram chefiadas pelos navegadores Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho e Duarte Pacheco Pereira.
Primeiramente, a principal ideia dos colonizadores eram explorar as terras conquistadas com o intuito de enriquecer a metrópole e sobretudo, encontrar metais preciosos.
Foi diante desse fato que o processo de colonização do Brasil foi realizado num sistema de colonialismo denominado de “Colônia de Exploração”. Nesse sentido, a exploração das terras descobertas eram o objetivo central dos portugueses.
Durante os primeiros trinta anos (1500-1530), desde que chegaram no território brasileiro, eles descobriram o pau-brasil, uma madeira nativa da Mata Atlântica, que tinha sucesso no mercado consumidor europeu.
Foi então realizado o primeiro ciclo econômico do Brasil: o ciclo do pau-brasil. Essa espécie de madeira era utilizada, já pelos índios para o tingimento de tecidos.
Período Pré-colonial
Inicialmente, eles tentaram o processo de escambo com os indígenas, ou seja, em troca da madeira lhes ofereciam espelhos, facas, moedas e diversos objetos.
Entretanto, com o passar do tempo eles começaram a explorar a população indígena que chegou a ser escravizada durante anos no Brasil. Assim, os índios eram obrigados a cortarem a madeira que depois era enviada para a comercialização em continente europeu.
Com o passar do tempo, as feitorias foram criadas para armazenar e facilitar o envio do produto. A primeira feitoria foi edificada em 1504 na região que hoje está a cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Além de servirem como pontos que marcavam a colonização portuguesa no país, as feitorias eram entrepostos comerciais fortificados e erigidos próximos ao litoral. Sendo assim, serviam para organizar toda estrutura comercial (mercado, armazém, alfândega, etc.) e ainda, eram utilizadas para defesa.
De tal modo, qualquer povo que extraísse a madeira da região tinha que pagar tributos aos portugueses, já que era um monopólio comercial deles.
Após esse período inicial, e visto a extinção da madeira que já estava sendo explorada durante anos, os portugueses já não conseguiam enriquecer.
Foi nesse contexto que as primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram ao Brasil, em 1530. Era o fim do período pré-colonial e o início do segundo ciclo econômico do país: o ciclo da cana-de-açúcar.
Período Pré-colonial
b) Capitanias Hereditárias e Governo Geral
Em 1534, com o intuito de explorar melhor o território, D. João III propôs a criação do sistema de Capitanias Hereditárias.
Assim, o território foi dividido em 15 capitanias, as quais foram concedidas a 12 donatários (nobres de confiança), que ficariam responsáveis por explorar, administrar e povoar as colônias.
Paralelo a isso, e visto fracasso das capitanias hereditárias, o governo geral foi implementado em 1549, com o intuito de descentralizar o poder.
Mapa
Período Pré-colonial
Segue abaixo o nome de cada e de seus respectivos donatários:
Capitania do Maranhão: João de Barros e Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade
Capitania do Ceará: Antônio Cardoso de Barros
Capitania do Rio Grande: João de Barros e Aires da Cunha
Capitania de Itamaracá: Pero Lopes de Sousa
Capitania de Pernambuco: Duarte Coelho Pereira
Capitania da Baía de Todos os Santos: Francisco Pereira Coutinho
Capitania de Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia
Capitania de Porto Seguro: Pero do Campo Tourinho
Capitania do Espírito Santo: Vasco Fernandes Coutinho
Capitania de São Tomé: Pero de Góis da Silveira
Capitania de São Vicente: Martim Afonso de Sousa
Capitania de Santo Amaro: Pero Lopes de Sousa
Capitania de Santana: Pero Lopes de Sousa
2. Escravidão Indígena no Brasil Colonial
A escravidão indígena existe desde os primórdios da colonização portuguesa no Brasil, sobretudo entre os anos de 1540 até 1570. Trata-se de uma alternativa à mão de obra africana durante todo o período do Brasil Colônia.
Contudo, como os indígenas eram considerados súditos da Coroa portuguesa, escravizá-los era relativamente polêmico. Mesmo assim, isso era legalmente possível e foi prática recorrente até o final do século XVIII.
Período Pré-colonial
a) Principais Causas e Características
No início da colonização, a mão de obra indígena era utilizada na extração do pau-brasil. Era recompensada pelo escambo de alguns objetos, tais como facões e espelhos ou até aguardente.
Posteriormente, os índios passaram a ser capturados e empregados em pequenas lavouras ou na coleta de “drogas do sertão”.
Como os escravos africanos eram caros demais para aqueles que possuíam terra e a demanda por mão de obra somente crescia, a escravidão indígena tornou-se uma alternativa.
Os senhores de engenho passaram a recorrer à escravização de índios por meio de expedições conhecidas como “bandeiras de apresamento”.
Entretanto, impedimentos legais foram surgindo a partir do século XVI. Conforme a lei, o índio somente poderia ser escravizado em situações de “Guerra Justa”, ou seja, quando eram hostis aos colonizadores.
Apenas o Rei poderia decretar uma “Guerra Justa” contra uma tribo, apesar de que Governadores de Capitanias também o tenham feito.
Além disso, outra forma de obter escravos indígenas era comprando os prisioneiros de conflitos entre as tribos nas guerras intertribais, na chamada “compra à corda”.
Não obstante, a mão de obra indígena era muito valorizada na povoação do território ou para ocupar fronteiras. Era utilizada em larga escala em combates, para conter escravos africanos ou para auxiliar os capitães do mato na captura de escravos fugidos.
Período Pré-colonial
Por fim, a escravidão indígena foi suplantada pela africana, pois se acreditava que os índios não suportavam o trabalho forçado e acabavam morrendo.
Isso acontecia em decorrência do trabalho pesado ou vítimas de epidemias contraídas do contato com o homem branco, gripe, sarampo e varíola.
Atualmente, sabe-se que os indígenas eram muito rebeldes, mesmo quando eram punidos, além da possibilidade de fugirem para a mata, onde conheciam o território melhor que o colonizador.
b) Coroa, Igreja e Escravidão Indígena
De partida, vale ressaltar que Coroa e Igreja se posicionavam de forma ambígua quanto à escravidão indígena.
Mesmo assim, eles eram considerados aliados valiosos pelo Rei, como quando os Tupiniquins se aliaram aos portugueses contra os Tamoios, os quais eram aliados dos invasores franceses.
A Igreja combatia a escravidão, pois tinha todo interesse em catequizar os índios, missão que ficou a cargo da Ordem Jesuíta, cujo expoente foi o Padre Antônio Vieira.
A Companhia de Jesus possuía vários assentamentos onde os indígenas já se encontravam habituados ao trabalho e ao Cristianismo.
Nesses assentamentos, os índios estavam sujeitos ao ataque de colonos e sobretudo dos bandeirantes, os quais capturavam os habitantes das missões jesuíticas para que fossem escravizados.
Período Pré-colonial
c) Contexto Histórico
A escravidão indígena foi proibida pela primeiravez por meio de Carta Régia de 1570, a qual instituiu a “Guerra Justa” e a escravidão voluntária.
Todavia, falhas na Lei e a “vista grossa” das autoridades permitiam que a sujeição dos povos indígenas fosse prática recorrente até fins do século XVII.
Em 1682 a Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão é criada para suprir a colônia com mão de obra africana e substituir o trabalho.
Mesmo assim, ela só vai ser combatida efetivamente a partir de 1757, por meio de um decreto do Marquês de Pombal (1699-1782).
Economia açucareira
02
Economia açucareira
a) Ciclo da Cana-de-Açúcar
O ciclo da cana-de-açúcar teve início no Brasil colônia, na época em que foram criadas as capitanias hereditárias. A empresa açucareira brasileira foi durante os séculos XVI e XVIII, a maior empresa agrícola do mundo ocidental.
b) Resumo
Foi no nordeste do país, que a empresa atingiu seu grau maior de desenvolvimento. A área em que se desenvolveu a cana-de- açúcar foi na Zona da Mata, que se estende numa faixa litorânea, do Rio Grande do Norte ao Recôncavo Baiano.
Com o crescimento da produção açucareira, notadamente em Pernambuco e na Bahia, o nordeste tornou-se o centro dinâmico da vida social, política e econômica do Brasil.
Portugal já tinha experiência no cultivo de cana, na produção e comércio de açúcar. Por volta de 1440, as colônias portuguesas de Açores, Madeira e Cabo Verde tinham uma produção que abastecia não só a metrópole mas ainda a Inglaterra, portos de Flandres e algumas cidades da Itália.
Em 1530 as primeiras mudas de cana-de-açúcar foram trazidas da Ilha da Madeira, na expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa.
Em 1532, Martim Afonso fundou o primeiro núcleo de povoamento do Brasil, a vila de São Vicente, onde instalou o primeiro engenho, a que deu o nome de engenho do Governador.
Economia açucareira
c) Engenho de Açúcar no Brasil Colonial
O engenho de açúcar no Brasil colonial designa o local onde foi produzido o açúcar durante o período colonial. Ou seja, eram as fazendas que representavam a unidade de produção de açúcar.
Vale lembrar que os engenhos coloniais surgem no século XVI, quando tem início o segundo ciclo econômico do Brasil: o ciclo da cana-de-açúcar.
As primeiras mudas chegaram da Europa em meados do século XVI. Os portugueses, colonizadores das terras pertencentes ao Brasil, já possuíam técnicas de plantio na medida que já cultivavam e produziam o produto em outras partes do mundo.
Economia açucareira
d) Estrutura dos Engenhos Coloniais
O engenho colonial era um grande complexo que apresentava uma estrutura básica, o qual era dividido em diversas partes, a saber:
Canavial: onde o açúcar era cultivado nas grandes extensões de terra denominadas de latifúndios. Ali começava o processo, ou seja, o plantio e a colheita do produto.
Moenda: local para moer ou esmagar o produto utilizado principalmente, pela tração animal, onde era esmagado o caule e extraído o caldo da cana. Podiam também ter moendas que utilizavam a energia proveniente da água (moinho) ou ainda ela força humana: dos próprios escravos.
Casa das Caldeiras: aquecimento do produto em tachos de cobre.
Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.
Casa de Purgar: local onde era refinado o açúcar e finalizado o processo.
Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram cultivados outros tipos de produtos (frutas, verduras e legumes) destinados à alimentação da população.
Casa Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde habitava os senhores do engenho (ricos proprietários de terras) e sua família.
Economia açucareira
Senzala: locais que abrigavam os escravos. Apresentam condições muito precárias, donde os escravos dormiam no chão de terra batida. Durante a noite, eles eram acorrentados para evitar a fuga.
Capela: erigida para representar a religiosidade dos habitantes do engenho, sobretudo, dos portugueses. Local onde ocorriam as missas e as principais manifestações católicas (batismo, casamento, etc.). Vale lembrar que os escravos muitas vezes, eram obrigados a participarem dos cultos.
Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam outros trabalhadores do engenho que não eram escravos, geralmente os fazendeiros que não possuíam recursos.
Curral: local que abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas), nas moedas de tração animal ou para alimentação da população.
e) O Funcionamento dos Engenhos Coloniais
Primeiramente, as canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois eram colhidas e levadas para a moenda, local em que era retirado o caldo da cana.
Após esse processo, o produto era levado para as caldeiras e depois, para a fornalha. Por conseguinte, o melaço da cana era refinado na casa de purgar. Por fim, o produto era ensacado para ser transportado.
Parte dele, e sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era enviada para abastecer o mercado consumidor europeu.
Economia açucareira
Vale lembrar que os engenhos eram considerados “pequenas cidades” e no final do século XVII já contavam com quase 500 no Brasil, sobretudo na região nordeste do país.
A partir do século XVIII, o ciclo do açúcar entrou em decadência, com a concorrência externa e a queda da produção do produto.
Além disso, foram descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil. Sendo assim, aos poucos, os engenhos de açúcar foram sendo desativados.
f) O Trabalho dos Escravos nos Engenhos
Os escravos representavam a principal mão de obra do trabalho nos engenhos açucareiros (cerca de 80%) e não recebiam salários.
Além de trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos, eram açoitados pelos capatazes e ainda, comiam o resto da comida. Trabalhavam tanto na produção da cana, como nas casas senhorias, fazendo o trabalho de cozinheiras, faxineiras, amas de leite, etc.
Alguns trabalhadores livres que recebiam salários, trabalhavam nos engenhos, por exemplo, o feitor, capatazes, ferreiros, carpinteiros, mestre do açúcar e lavradores da terra.
Economia açucareira
g) O Fim do Ciclo da Cana-de-Açúcar
Até o começo do século XVII, a produção açucareira no Brasil não parou de crescer, alcançando o apogeu nas três primeiras décadas desse século. As principais causas do fim do ciclo da cana-de-açúcar foram:
Em 1580, Portugal passou para o domínio da Espanha;
A Espanha estava em guerra com a Holanda;
No início do século XVII, os holandeses controlavam o comércio marítimo dos países europeus;
Portugal perdeu para a Holanda a melhor parte de sua colônia, que eram as terras já cultivadas e prósperas de Pernambuco;
O mercado de açúcar, para Portugal, desorganizou-se e a produção começou a cair.
Em 1640, quando Portugal se viu livre do domínio Espanhol, o Brasil já não era importante no mercado mundial de açúcar.
A produção de outras colônias europeias, principalmente das Antilhas, havia superado a produção brasileira, por encontrar mais facilidade no mercado europeu.
Durante todo o século XVII o Brasil tentou recuperar a produção, mas nada conseguiu. Com isso, findava o ciclo da cana-de-açúcar, e a colônia entrou numa estagnação com relação à metrópole que só terminou no início do século XVIII, quando começava o ciclo do ouro.
União Ibérica
03
União Ibérica
O termo União Ibérica se refere à reunião de Portugal e Espanha sob a Casa de Habsburgo por quase sessenta anos, entre 1581 e 1640. Ambos os reinos já perseguiam uma política nupcial obsessiva desde finais do século XV.
Em 1490, o príncipe D. Afonso, filho de D. João II de Portugal, casou-se com a infanta Isabel, primogênita dos Reis Católicos de Espanha. O príncipe morreria precocemente pouco depois, mas sua viúva acabaria por contrairsegundas núpcias com D. Manuel I, primo e sucessor de D. João II, em 1497. Depois da morte de Isabel, o rei se casou novamente com a irmã desta, a infanta Maria, em 1500; desta união nasceria o herdeiro do trono, D. João III, e a infanta Isabel, futura imperatriz de Carlos V e mãe do futuro Felipe II de Espanha. A ascensão de D. João III ao trono traria outra consorte vinda da dinastia reinante em Espanha, Catarina, irmã de Carlos V, que contrairia matrimônio com o monarca em 1525. Apenas duas das nove crianças que nasceriam do casal viveriam o bastante para contrair matrimônio: D. Maria, que se casou com o príncipe Felipe, morrendo do parto do príncipe Carlos, e D. João, que se casaria com a irmã de Felipe, a princesa Joana, e faleceria poucas semanas antes do nascimento de seu filho D. Sebastião.
União Ibérica
União Ibérica
O filho de D. Maria, o príncipe Carlos, faleceria em circunstâncias misteriosas em 1568, deixando apenas D. Sebastião como sobrevivente da linha principal da Casa de Avis. Meros dez anos depois, porém, o jovem rei faleceria sem ter se casado. Como seu sucessor, o tio-avô D. Henrique, era um cardeal com votos eclesiásticos de castidade, começou na prática desde então uma disputa sucessória entre aqueles que poderiam clamar descendência de D. Manuel I. No fim de janeiro de 1580, quando D. Henrique faleceu, pondo fim à dinastia dos Avis, eram três os candidatos principais ao trono de Portugal: D. Catarina, duquesa de Bragança, D. Antônio, prior do Crato, e Felipe II, rei de Espanha.
União Ibérica
União Ibérica
Sendo o candidato mais influente entre a nobreza portuguesa, Felipe II de Espanha acabou por ser oficialmente confirmado rei de Portugal como D. Felipe I através das Cortes de Tomar, ocorridas em 1581. Antes mesmo, porém, ele já conquistara o trono pela força das armas ao derrotar o primo D. Antônio na batalha de Alcântara, ocorrida em agosto de 1580 nos arredores de Lisboa.
D. Felipe I faleceu em 1598, sendo sucedido pelo filho homônimo. Diferentemente de seu pai, o jovem D. Felipe II optou por não governar diretamente, escolhendo passar todas as responsabilidades para um favorito, o duque de Lerma – inaugurando, assim, a posição de valido. Em 1621, ele morreria pouco depois de sua única visita a Portugal. Seu filho, D. Felipe III, herdaria uma grande crise econômica-militar, e acabou por concordar com o rígido ajuste fiscal proposta pelo seu próprio valido, o duque de Olivares. Tais medidas atingiriam fortemente Portugal. Em meio a revoltas populares pela degradação das condições de vida, a nobreza voltou a pensar nos reis Habsburgo como tiranos que haviam desrespeitado as condições das Cortes de Tomar. Em 1640, na sequência de um golpe de Estado, seria aclamado como novo rei de Portugal D. João, duque de Bragança.
União Ibérica
2. Ocupação e Expansão Territorial Brasileira
A expansão territorial brasileira está associada à diversidade de atividades que foram se desenvolvendo no Brasil Colônia à medida em que foi ocorrendo a expansão demográfica e também em decorrência da crise do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste.
Após a União Ibérica (1580-1640), houve a anulação do Tratado de Tordesilhas, que possibilitou que as terras mais afastadas do litoral brasileiro pudessem ser ocupadas pelos colonos, e ainda mais porque eram áreas que não interessavam na colonização espanhola. Então, ocupado de maneira desigual e por diferentes motivos, podemos resumir a expansão territorial brasileira assim:
Região Nordeste: o litoral foi o primeiro local da ocupação portuguesa, devido ao interesse econômico da cana-de-açúcar e também por motivo da defesa militar do território. Podemos observar que a maioria das capitais nordestinas, com exceção de Teresina-PI, são cidades litorâneas. Já o interior do Nordeste foi povoado pela expansão da pecuária, tendo como principal eixo o Rio São Francisco, e outros povoamentos que eram cortados pelos rios, como o Rio Jaguaribe, no Ceará. A pecuária torna-se o principal meio econômico do Nordeste, que traz até hoje a figura do vaqueiro como representante de sua cultura.
União Ibérica
Região Sudeste e Centro-Oeste: essas regiões foram povoadas pela atuação dos bandeirantes, em busca de ouro e no apresamento dos índios. Na verdade, a figura do bandeirante é decisiva para a expansão territorial brasileira, já que foi através das bandeiras que o interior do Brasil foi sendo penetrado, na corrida do ouro, no início do século XVIII. As cidades mineiras onde se concentraram a extração mineradora, também foi onde mais se concentrou a população, contribuíndo para o desenvolvimento das cidades, construção de estradas, surgimento de vilas e a urbanização do Sudeste brasileiro.
Região Norte: teve como processo de povoamento também a atuação dos bandeirantes que foram em busca das drogas do sertão (as especiarias da floresta Amazônica brasileira) para comercialização.
Região Sul: foi colonizada por incentivo da Metrópole para assegurar o controle das fronteiras com a América espanhola, além de ter desenvolvido um grande centro de ação jesuítica com os Sete Povos das Missões. A Região Sul também se desenvolveu economicamente através da pecuária e charqueadas;
Invasões Estrangeiras
04
Invasões Estrangeiras
01. Invasões Estrangeiras no Brasil
Piratas e corsários ingleses e invasores franceses e holandeses ameaçaram o domínio português no território colonial. Ao longo do século XVI e no início do século XVII, disputaram o poder invadindo a colônia ou comercializando mercadorias.
a) Piratas e corsários ingleses
Durante o período colonial, as incursões inglesas no Brasil restringiram-se a ataques de piratas e corsários. Foram saques ocasionais, que tornaram a presença inglesa na colônia bem menos intensa que a francesa e a holandesa. Embora tanto a pirataria quanto o corso se caracterizassem pela pilhagem e pelo saque, o pirata agia por conta própria, enquanto o corsário tinha o apoio oficial de uma entidade ou governo.
O primeiro corsário inglês a aportar na colônia foi o traficante de escravos William Hawkins. Entre 1530 e 1532, percorreu alguns pontos da costa e fez escambo de pau-brasil com os índios. Outro foi Thomas Cavendish, que atracou em Santos, em 1591. Conhecido como “lobo-do-mar”, Cavendish estava a serviço da rainha inglesa Elizabeth I.
O corso realizado pelos ingleses, entretanto, intensificou-se apenas na segunda metade do século XVI, quando os conflitos entre católicos e protestantes tomaram-se intensos na Inglaterra e os mercadores empolgaram-se com as possibilidades comerciais abertas pelas novas rotas marítimas.
A primeira incursão pirata dos ingleses ao litoral brasileiro foi em 1587. Em 1595, o inglês James Lancaster conseguiu tomar o porto do Recife. Retirou grande volume de pau-brasil, que levou para a Inglaterra depois de realizar saques na capitania durante mais de um mês.
Invasões Estrangeiras
b) Os invasores franceses
Os franceses invadiram o Brasil em duas ocasiões e estabeleceram colônias no território:
no Rio de Janeiro (1555-1567), fundaram a França Antártica;
no Maranhão (1612-1615), a França Equinocial.
Um dos motivos das invasões foi o fato de que o Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha, excluía a França e outras nações da divisão do Novo Mundo. Essas nações ficavam à margem das cobiçadas riquezas brasileiras, como o pau-brasil, a pimenta nativa e o algodão.
c) França Antártica e França Equinocial
A primeira invasão da França foi comandada por Villegaignon. Os franceses se estabeleceram na baía de Guanabara em novembro de 1555, onde fundaram a França Antártica. Para facilitar sua permanência na região, aliaram-se aos índios tamoios, apoiando-os na luta contra os portugueses.
O governador-geral Duarte da Costa empreendeu diversas tentativas de expulsar os franceses, mas não obteve sucesso. Isso só aconteceu em 1567, sob o comando de Estácio de Sá, sobrinho do terceiro governador-geral, Memde Sá. Para isso, contou com o apoio de jesuítas, colonos e algumas populações indígenas da região, além de reforços mandados pela metrópole.
Expulsos do Rio de Janeiro, os franceses voltaram-se para a região norte da colônia. Comandados por La Touche, em 1612 ergueram no Maranhão o forte de São Luís, em homenagem ao rei francês Luís XIII, e fundaram ali a França Equinocial. Foram expulsos três anos depois, graças a uma aliança luso-espanhola com o apoio dos índios tremembés.
Invasões Estrangeiras
d) Os invasores holandeses
Os holandeses invadiram e ocuparam o território do Brasil em duas ocasiões:
em 1624, invasão na Bahia;
em 1630, invasão em Pernambuco.
A Holanda, na época, era dominada pela Espanha e lutava por sua independência. As invasões constituíram um modo de atingir as bases coloniais espanholas – uma vez que, de 1580 a 1640, período conhecido como União Ibérica, o Brasil pertencia às duas Coroas: Portugal e Espanha.
A situação econômica da Holanda, além disso, era difícil, devido ao embargo imposto pela Espanha: os holandeses estavam proibidos de comerciar com qualquer região dominada pela Espanha, perdendo assim o direito de refinar e distribuir o açúcar produzido no Brasil, como vinham fazendo havia vários anos.
Com a invasão, os holandeses pretendiam estabelecer uma colônia voltada para a exploração econômica do Brasil, controlando os centros de produção açucareira. Desejavam, ainda, romper o monopólio comercial ibérico e recuperar seu papel no comércio do açúcar.
02. Invasões Holandesas
Os holandeses foram presença marcante no Brasil do século XVII, quando empreenderam várias invasões ao território. Especialmente em Pernambuco, deixaram importante contribuição cultural.
Invasões Estrangeiras
a) As primeiras incursões holandesas: 1624-1625
A primeira tentativa de invasão do território colonial brasileiro pelos holandeses ocorreu em 1624, na cidade de Salvador, Bahia, sede do governo-geral do Estado do Brasil. A reação contra a presença holandesa foi intensa. Os luso-brasileiros encurralaram os invasores e impediram seu avanço para o interior, expulsando-os definitivamente em 1625. As investidas holandesas contra Salvador, porém, não cessaram; a cidade foi ameaçada por duas vezes em 1627, quando os holandeses saquearam diversos navios aportados.
b) Os holandeses em Pernambuco: 1630-1654
Invasões Estrangeiras
Em 1630, os holandeses invadiram a capitania de Pernambuco, onde estavam os principais engenhos da colônia, e passaram a chamá-la de Nova Holanda. Matias de Albuquerque, que substituíra Diogo Furtado de Mendonça no governo-geral, não conseguiu reunir tropas suficientes para rechaçar a invasão.
Os historiadores têm dividido a invasão holandesa do território colonial em três períodos:
O primeiro período, entre 1630 e 1637, caracterizou-se pelo enfrentamento militar entre holandeses e portugueses. A partir de 1632, entretanto, os holandeses conseguiram se deslocar de Olinda e conquistaram também a Paraíba, o Rio Grande do Norte e Itamaracá, sedimentando sua ocupação na região Nordeste.
O segundo período, entre 1637 e 1645, foi marcado pelo governo de João Maurício de Nassau, mandado pelo governo holandês para organizar a nova colônia. Apesar dos conflitos constantes, esse período é considerado por alguns estudiosos como a “idade de ouro” do domínio holandês em Pernambuco.
O terceiro período da ocupação holandesa, entre 1645 e 1654, correspondeu às guerras de restauração e à derrota definitiva das forças holandesas.
Invasões Estrangeiras
c) O governo de Maurício de Nassau: 1637-1644
Em 1637, chegou ao Recife o conde João Maurício de Nassau, com o título de governador e comandante-em-chefe. Vinha a convite do governo holandês e da Companhia das Índias Ocidentais – empresa recém-criada que havia recebido do governo holandês o monopólio sobre o comércio nas colônias europeias da América.
Nassau fez acordos com os senhores de engenho, fornecendo-lhes empréstimos e adiando o pagamento de dívidas em troca de apoio político. Muitos engenhos haviam sido destruídos durante os conflitos entre luso-brasileiros e holandeses, e os senhores precisavam de recursos para reconstruí-los e modernizá-los.
Diversas medidas econômicas, político-administrativas e culturais marcaram o governo de Maurício de Nassau. Protestante da nobreza, ele exerceu uma política de tolerância cultural e religiosa, permitindo a prática dos cultos religiosos indígenas e africanos. A primeira sinagoga do Brasil data da administração holandesa no Recife. As condições de vida na cidade também melhoraram nesse período, com investimentos em saneamento básico, na abertura de ruas e construção de casas, pontes e canais e na organização das vilas.
Invasões Estrangeiras
Entre os marcos da presença holandesa no Brasil, destacam-se os aspectos científico e cultural. O grupo que Nassau trouxe da Holanda, conhecido como “missão holandesa”, incluía pintores, desenhistas, astrônomos, médicos, arquitetos, escultores e outros cientistas e artistas. Foram os primeiros a explorar e registrar sistematicamente o cenário natural e humano do Brasil colonial. Na pintura e no desenho, destacaram-se Frans Post (1612-1680), Albert Eckhout (1610-1665), Zacharias Wagener (1614-1668) e Caspar Schmalkalden (1617-1668). O livro Theatrum rerum naturalium brasiliae, reúne centenas de desenhos desses artistas.
d) A expulsão dos holandeses: 1645-1654
Os acordos de Maurício de Nassau com os senhores de engenho trouxeram prejuízos à Companhia das Índias Ocidentais, interessada apenas em obter lucros. Essa situação, agravada por outros incidentes, provocou a demissão de Nassau, que partiu do Recife em 1644. A própria Companhia assumiu a administração da colônia holandesa.
A reação contra a presença holandesa fortaleceu-se quando, ainda em 1644, os holandeses foram expulsos do Maranhão, após uma ocupação de 27 meses. No ano seguinte eclodiu a Insurreição Pernambucana, que contou, em sua etapa final, com a aliança entre os moradores de Pernambuco e os portugueses. Depois de diversas batalhas, os holandeses foram derrotados em 1654.
Em 1661, na cidade holandesa de Haia, Portugal e Holanda assinaram um acordo que estabelecia uma indenização devida aos holandeses pelos investimentos feitos no Brasil.
Invasões Estrangeiras
e) Consequências da disputa com os holandeses
As lutas contra a Holanda tinham como causa a União Ibérica (1580-1640), período em que Portugal ficou sob domínio espanhol. Com a criação da Companhia Holandesa das índias Ocidentais em 1621, os holandeses procuraram estabelecer as principais bases para seu enriquecimento: a exploração de escravos e de engenhos de açúcar.
Encerrada a ocupação holandesa no Brasil, restava à colônia a herança dos compromissos estabelecidos pela metrópole portuguesa com a Coroa inglesa, outra forma de dominação colonial. Isso porque, tanto na luta contra os holandeses quanto nas disputas contra os espanhóis pelo trono, os portugueses contaram com o apoio dos ingleses. Em consequência, Portugal e Brasil tornaram-se dependentes do capital inglês.
Outra grave consequência da expulsão dos holandeses foi a concorrência promovida por eles na produção de açúcar. Utilizando os conhecimentos acumulados no Brasil, passaram a produzir açúcar em suas possessões nas Antilhas com custos mais baixos e melhor qualidade, provocando a decadência da produção açucareira no Nordeste do Brasil.
Alguns historiadores afirmam que a expulsão holandesa também contribuiu para o surgimento do nativismo pernambucano, já que a província seria o palco de boa parte das revoltas posteriores contra a metrópole portuguesa.
Economia mineradora
05
Economia mineradora
01. Entradas e Bandeiras
As chamadas Entradas e Bandeiras foram expedições empreendidas no período colonial brasileiro que possuíam diversos objetivos, entre eles: capturar índios e descobrir minas de ouro.
No processo de colonização do Brasil, houve uma fase que pode sercompreendida sob o termo “interiorização”, isto é, o adentramento e desbravamento das regiões centrais do país. Essa fase começou efetivamente no século XVII. Os empreendimentos que levaram a cabo a “interiorização” do Brasil ficaram conhecidos como Entradas e Bandeiras.
Sabemos que, a princípio, o Brasil, enquanto colônia, forneceu a Portugal e aos aventureiros e colonos que aqui se estabeleceram apenas a extração de madeiras, como o pau-brasil, e a montagem dos engenhos de açúcar e dos latifúndios a eles associados. A prospecção de pedras e metais preciosos era algo que demorou a se fazer presente nos planejamentos dos colonizadores.
Entretanto, em meados do século XVII, sobretudo em razão de várias disputas políticas nas quais Portugal envolveu-se e que provocaram o declínio do comércio do açúcar, os colonos brasileiros foram estimulados pela coroa portuguesa a procurarem minas de ouro, prata e de pedras preciosas no interior da colônia. Antes mesmo desse “estímulo”, houve expedições, organizadas desde o século XVI, com o objetivo de reconhecer território e apresar índios para o trabalho escravo. Essas expedições eram organizadas sob orientação do Império Português e receberam o nome de Entradas.
Economia mineradora
A partir do século XVII, os próprios colonos, sobretudo da Capitania de São Vicente, passaram a organizar as suas formas de adentramento no interior da colônia, que possuíam objetivos semelhantes aos das Entradas. Entretanto, as expedições dos colonos eram feitas a partir da Vila de São Paulo (que depois se tornaria a cidade de São Paulo), de onde saíam homens armados em busca de índios, de minas ou de cumprimento de servições contratados, como destruição de Quilombos. Essas expedições, por sua vez, receberam o nome de Bandeiras; e seus protagonistas, o nome de bandeirantes.
Economia mineradora
Os historiadores costumam qualificar os bandeirantes que tinham seu serviço contratado como sertanistas de contrato. Domingos Jorge Velho, bandeirante responsável pela destruição do Quilombo de Palmares, foi um dos principais representantes desse tipo de bandeira. As expedições para encontrar minas ficaram conhecidas como Bandeiras Prospectoras, e as encarregadas de aprisionar índios, de Bandeiras de Apresamento.
O bandeirantismo, com o passar dos séculos, também se tornou um mito no imaginário paulista. O historiador Boris Fausto aponta bem isso no seu livro História do Brasil, como pode ser visto no trecho a seguir:
“A figura do bandeirante e as qualidades da sociedade paulista do século XVII foram exaltadas principalmente por historiadores de São Paulo como Alfredo Elis Jr. e Afonso de Taunay, que escreveram suas obras entre 1920 e 1950. Ellis Jr escreveu um livro intitulado Raça de Gigantes para exaltar a superioridade racial dos paulistas. Essa superioridade derivaria da existência, em número ponderável, de uma população branca, do êxito do cruzamento com o índio e da tardia entrada do negro na região. Tudo não passa de fantasias, com pretensões científicas.”
Economia mineradora
02. Economia Mineradora 
Esperada desde o início das atividades exploratórias sob terras brasileiras, a descoberta de metais preciosos pela administração colonial portuguesa só aconteceu no fim do século XVII. O anúncio dessa nova atividade de exploração inaugurou uma nova fase da história do Brasil colonial. 
Desde então, a chegada dos portugueses atraídos pelo ouro e pela prata motivou um processo de povoamento das regiões interioranas no país. Essa ocupação do interior se fez presente desde o período da União Ibérica (1580-1640), quando o domínio espanhol e a falta de escravos impulsionaram os bandeirantes a desbravarem os sertões. Foi por meio dessas empreitadas, que as primeiras regiões auríferas foram descobertas na região de Minas Gerais e, posteriormente, Mato Grosso e Goiás. 
A região, inicialmente explorada pelos bandeirantes nativos, logo assistiu a chegada de vários súditos da Coroa Portuguesa. A corrida pelo ouro chegou a provocar um conflito entre portugueses e bandeirantes, que ficou conhecida como A Guerra dos Emboabas. Depois de garantido o controle sobre tais regiões, a metrópole também teve preocupação em aprimorar seu sistema de tributação e fiscalização sobre as possessões auríferas. 
Economia mineradora
As áreas mineradoras passaram a ser cercadas por oficias do poder metropolitano e novos impostos foram criados na época. Nas casas de fundição, o ouro era fundido e marcado pelo brasão da Coroa Portuguesa. Vários impostos foram criados sobre a atividade mineradora e à medida que as reservas se escasseavam as cobranças só aumentavam. Ainda assim o contrabando era uma atividade recorrente. A opressão portuguesa recebeu forte resposta como na Revolta de Filipe do Santos e na Inconfidência Mineira. 
Além de potencializarem as tensões entre a colônia e a metrópole, a mineração também trouxe certa dinamicidade na economia interna. A pecuária e a agricultura nas regiões Sul e Nordeste cresceram com a demanda por víveres nas regiões mineradoras. Ao mesmo tempo, a mineração imprimiu outra dinâmica na trajetória econômica dessas regiões, já que o foco das atividades iniciou-se nos centros urbanos para só depois, com a decadência da mineração, se voltar para o campo.    
Economia mineradora
03. Ciclo do Ouro
O ciclo do ouro é considerado o período em que a extração e exportação do ouro figurava como principal atividade econômica na fase colonial do país e teve seu inicio no final do século XVII, época em que as exportações do açúcar nordestino decaiam pela concorrência mundial do mercado consumidor.
Resumo,
Devemos notar que entre 1750 e 1770, Portugal arcava dificuldades econômicas internas decorrentes de má administração e desastres naturais, além do que sofria pressão pela Inglaterra, a qual, ao se industrializar, buscava consolidar seu mercado consumidor, bem como sua hegemonia mundial.
Assim, a descoberta de grandes quantidades de ouro no Brasil, tornava-se um motivo de esperanças de enriquecimento e estabilidade econômica para os portugueses.
Sem espanto, notamos que os primeiros exploradores a procurarem ouro e metais valiosos no Brasil, tinham o escopo de levá-los à metrópole, onde seriam desfrutados.
Entretanto, estas incursões pioneiras no litoral e interior do país não ocasionaram muitos resultados, além do conhecido, que fora a conquista do território.
Economia mineradora
a) Ciclo do Ouro em Minas Gerais
As grandes jazidas de ouro foram descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, onde foram divididas em forma de lavras (lotes auríferos para exploração, a exemplo das sesmarias latifundiárias de monocultura).
Durante o auge deste ciclo, no século XVIII, foi gerado um grande fluxo de pessoas e mercadorias nas regiões citadas, desenvolvendo-as intelectual (chegada de ideias iluministas trazidas pela elite recém intelectualizada) e economicamente (produção alimentar para subsistência e pequenas manufaturas).
Nesse período, estima-se que a população brasileira tenha passado de 300 mil para cerca de 3 milhões de pessoas
Com o advento da exploração aurífera, esta atividade passou a ser a mais lucrativa na colônia, o que acarretou a transferência da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, de modo a assegurar a fiscalização das regiões de mineração que se acercavam.
Por fim, o ciclo do ouro perdurou até o ocaso do século XVIII, quando se esgotaram as minas, aproximadamente em 1785, em pleno desenrolar da Revolução Industrial.
Economia mineradora
b) Exploração e Administração do Ouro
Esse período representou o momento de maior abuso e dominação do Brasil pelos países europeus, posto que a Coroa portuguesa cobrava altos impostos sobre o minério extraído, os quais eram taxados nas Casas de Fundição, onde as pedras eram derretidas e transformadas em barras e receberiam um selo que dariam legitimidade para ser negociado, pois haviam desvios e sonegações que, quandodescobertos, eram penalizados duramente.
Quinto – 20% de toda a produção do ouro caberiam ao rei de Portugal;
Derrama – uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano que deveria ser atingida como meta pela colônia, caso contrário, penhoravam-se os bens dos senhores de lavras;
Capitação – imposto pago pelo senhor de lavras por cada escravo que trabalhava em seus lotes.
Percebemos que os altos impostos, as taxas, as punições e os abusos de poder político exercido pelos portugueses sobre o povo que vivia na região e no Brasil como um todo, gerava conflitos que culminariam em várias revoltas e, concomitantemente em que essa economia trouxera um crescimento demográfico ao país e desenvolvera uma economia baseada na atividade pecuária em diversas regiões isoladas do território brasileiro.
Essa economia também derivou em pobreza e desigualdade, pois ao final deste ciclo, a população ficara à margem da sociedade, tendo de se sujeitar a agricultura de subsistência para sobreviver.
Após este período, o Brasil permanecia como simples exportador de produtos primários, estancado neste ciclo vicioso e sem conseguir envergadura técnica capaz de promover o seu desenvolvimento econômico.
Revoltas nativistas
06
Revoltas nativistas
Revoltas nativistas
Quando falamos sobre a colonização no Brasil, é comum chegarmos à conclusão de que os portugueses instalaram aqui uma ordem comprometida com os interesses impostos pelo desenvolvimento mercantilista e o pacto colonial. Nesse sentido, os empreendedores que aqui apareceram estariam naturalmente ligados aos interesses que o reino português teria em nossas terras. Afinal de contas, o sucesso da exploração lusa pressupunha o enriquecimento da elite aqui formada.
Apesar de lógica, essa consideração não se faz presente a partir do momento em que avaliamos as relações travadas entre a elite colonial e as instituições políticas de Portugal. Vemos aqui o desenvolvimento de uma relação marcadamente instável, onde cooperação e conflito aconteciam na medida em que diferentes jogos de interesse aqui se davam. Desse modo, podemos afirmar que a colonização brasileira se notabilizou por situações bastante contraditórias.
No que tange ao desenvolvimento da economia interna, por exemplo, vemos que os grandes proprietários de terra pouco se importavam em articular ações econômicas que pudessem atender a demanda da população colonial. Não por acaso, vemos que a atividade pecuarista na colônia não contou com o apoio dos grandes produtores de açúcar. Interessados em ampliar as plantações de cana, o rebanho aqui formado acabou se estabelecendo no interior do território.
Somado a tal fator, vemos que o próprio reino de Portugal proibia expressamente o desenvolvimento de qualquer atividade econômica que pudesse rivalizar com os produtos manufaturados da metrópole. Sendo a elite provida de condição econômica para comprar tais produtos, o abastecimento do restante da população era um problema constante em diversas regiões do país. Dessa forma, as elites locais compactuavam com a estagnação econômica propagada pela própria metrópole.
Revoltas nativistas
Se a união era notada nesse plano, observamos que as elites coloniais, em várias situações, se colocavam contrárias aos impostos e exigências metropolitanas. No século XVIII, por exemplo, a ampliação dos impostos e da fiscalização impulsionada pela economia mineradora determinou a realização de boa parte das rebeliões dessa época. Nesse âmbito, vemos que a elite se voltava contra a metrópole sem chegar ao ponto de exigir a interrupção completa do pacto colonial.
O rompimento completo dessa situação só aconteceu no momento em que a acumulação de capitais realizada pela colonização estabeleceu a transformação do desenvolvimento capitalismo internacional. No século XIX, interessada em ampliar suas relações comerciais com os países industrializados, as elites nacionais finalmente se organizaram a fim de interromper o pacto. Entretanto, isso não configurou o desejo de se pensar o projeto de uma nação, mas no atendimento do interesse de uma minoria.
Revoltas nativistas
02. Rebeliões Nativistas
As Rebeliões Nativistas ocorreram no Brasil entre os séculos XVII e XVIII como resultado, em sua maioria, de indisposições com a Coroa Portuguesa.
Durante a colonização do Brasil, muitos problemas foram se apresentando. Tais problemas abrangiam situações como a forma de concessão de terrenos para colonos e aventureiros que vinham de Portugal para aqui se estabelecer, a extração de recursos naturais, como o pau-brasil, o apresamento e o tráfico de indígenas, entre outras coisas. Essas situações acabaram promovendo as chamadas contradições da colonização. De tais contradições, as Rebeliões Nativistas acabariam por se tornar emblemáticas.
A expressão “Rebeliões Nativistas” refere-se às revoltas e tentativas de revoluções políticas que se desenrolaram em solo brasileiro entre os séculos XVII e XVIII. Essas rebeliões aconteceram nesse período especialmente porque o sistema colonial (começado efetivamente em 1530) já estava consolidado no Brasil e a Corte Portuguesa já conseguia exercer sua autoridade na maior parte do território que dominava, sobretudo naqueles que se tornaram os grandes polos de atividade econômica: a Capitania de Pernambuco e a Capitania de Minas Gerais.
Contudo, o estabelecimento pela Coroa de regras e de exigências para os colonos, como a cobrança de impostos sobre o que se produzia, chocava-se com as perspectivas dos próprios nativos, que aqui passaram a fazer suas próprias regras, inclusive, em alguns momentos, articulando-se com outros povos europeus, como os holandeses e os espanhóis. Esse choque de perspectivas gerou situações extremas, provocando confrontos e tentativas de instituição de governos paralelos com autonomia política.
Revoltas nativistas
A chamada Aclamação de Amador Bueno, que ocorreu na Capitania de São Paulo, por exemplo, consistiu em uma tentativa dos bandeirantes paulistas de elegerem o fazendeiro e também bandeirante, Amador Bueno, governador da referida Capitania à revelia da Coroa. As razões para tanto vinham das restrições que a Coroa Portuguesa, após o fim da União Ibérica, passou a impor ao tráfico de índios na colônia (uma das atividades mais lucrativas para os bandeirantes) e, sobretudo à comercialização com os espanhóis por meio das fronteiras na região Sul.
Outro exemplo foi a Revolta de Beckman, ocorrida em 1684, na cidade de São Luís do Maranhão. Essa revolta teve como motivo central as exigências de melhorias nas relações entre Maranhão e a Coroa Portuguesa, que, segundo os revoltosos, não garantia o devido amparo à região. Os líderes da revolta eram irmãos (Tomás e Manuel) Beckman e deram nome ao evento. A rebelião durou cerca de um ano e foi debelada por tropas portuguesas em 1685.
Nas primeiras décadas do século XVIII, alguns confrontos tornaram-se notórios e todos estavam direta ou indiretamente associados à administração da Coroa Portuguesa no Brasil. Três deles são notórios e seguem abaixo:
Revoltas nativistas
A Guerra dos Mascates: Esse conflito ocorreu em meio à situação em que a Capitania de Pernambuco encontrava-se nas décadas que se seguiram após a expulsão dos holandeses em 1654. A situação financeira dos senhores de engenho, cujo centro político estava na cidade de Olinda, agravava-se, haja vista que os bancos da Holanda que os financiavam no passado não mais o faziam. Como tinham controle sobre a autoridade local, a Câmara de Olinda, esses senhores de engenho induziram o governo a aumentar os impostos que os comerciantes tributavam. A maior parte desses comerciantes estava em Recife e, em protesto, entre os anos de 1710 e 1711, rebelou-se contra Olinda. Esses comerciantes eram chamados de mascates, por isso o nome da revolta.
A Guerra dos Emboabas: Essa guerra ocorreu dois anos antes da Guerra dos Mascates, porém na Capitania de Minas de Gerais. Assim como o termo “mascate” era atribuído pejorativamenteaos comerciantes recifenses pelos senhores de Engenho de Pernambuco, o termo “emboaba” era usado pelos mineiros, em geral bandeirantes paulistas estabelecidos na Capitania de Minas Gerais, em referência aos estrangeiros que vinham a essa Capitania à procura de metais preciosos. A Guerra aconteceu, portanto, entre paulistas e os “emboabas”, tendo solução apenas no ano de 1709.
A Revolta de Vila Rica: Essa revolta, conhecida também como Revolta Felipe dos Santos, também ocorreu na Capitania de Minas Gerais, porém não entre mineiros ou prospectores de metais, mas entre líderes políticos locais e a autoridade real da Coroa Portuguesa. Os motivos da Revolta de Vila Rica (lugar onde o conflito estourou) eram semelhantes às das outras: a imposição de alta carga tributária (impostos) aos nativos pela Coroa. O conflito se deu no ano de 1720, e o seu nome secundário remete a um dos revoltosos, o tropeiro Felipe dos Santos.
A Revolta de Vila Rica, em especial, tornou-se um preâmbulo para as chamadas Rebeliões Separatistas, como a Inconfidência Mineira.
Processo de independência do Brasil
07
Processo de independência do Brasil
01. Processo de independência do Brasil
A independência do Brasil foi proclamada em 7 de setembro de 1822, o que assegurou a emancipação da ex-colônia portuguesa.
D. Pedro foi aclamado o primeiro imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I, sendo coroado no dia 1º de dezembro do mesmo ano.
Processo de independência do Brasil
a) Brasil Colônia
Foram várias as causas da Independência do Brasil e para entendê-las temos que voltar aos tempos coloniais.
Durante o período colonial, as capitanias estavam subordinadas à autoridade central do vice-rei, que governava em nome do rei de Portugal.
A situação econômica era precária. Na agricultura, a produção do tabaco e do algodão foram reduzidas e a cultura canavieira estava em fase de decadência.
A pecuária se restringia à produção charque no Rio Grande do Sul ou de subsistência.
A mineração apresentava baixo rendimento, pois as jazidas estavam esgotadas.
A indústria não se desenvolvia, por conta das proibições da metrópole. O comércio no Brasil era limitado pelas restrições impostas pelo monopólio, pois a colônia podia comerciar apenas com a metrópole.
Processo de independência do Brasil
b) A Família Real no Brasil
No início do século XIX, grande parte da Europa estava dominada pelas tropas do imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte. Seu principal inimigo era a Inglaterra.
Em 1806, o imperador decretou o Bloqueio Continental que obrigava a todas as nações da Europa continental a fecharem seus portos ao comércio inglês. Com isso, pretendia-se enfraquecer a Inglaterra e derrotá-la economicamente.
Nessa época, Portugal era governado pelo Príncipe Regente D. João. Pressionado por Napoleão, que exigia o fechamento dos portos portugueses ao comércio inglês, e ao mesmo tempo pretendendo manter as relações com a Inglaterra, D. João tentou adiar uma decisão definitiva sobre o assunto.
A Inglaterra era fornecedora dos produtos manufaturados consumidos em Portugal e também compradores de mercadorias portuguesas e brasileiras.
Para resolver a situação, o embaixador inglês em Lisboa, convenceu D. João a transferir-se com a Corte para o Brasil. Desse modo, os ingleses garantiam o acesso ao mercado consumidor brasileiro e a família real portuguesa evitava a deposição da dinastia de Bragança pelas forças napoleônicas.
No dia 29 de novembro de 1807, a família real, fidalgos e funcionários partiram para o Brasil escoltados por quatro navios britânicos. No dia seguinte, as tropas francesas invadiram Lisboa.
Processo de independência do Brasil
c) Chegada ao Brasil
No dia 22 de janeiro de 1808, D. João chega a Salvador, onde tomou a mais importante medida de caráter econômico.
Em 28 de janeiro, expediu a Carta Régia de Abertura dos Portos do Brasil às nações amigas de Portugal. Rapidamente, os produtos ingleses começaram a chegar e um grande número de firmas inglesas se instalaram no Brasil.
Em sua estadia na capital baiana, D. João também fundou a Escola de Cirurgia da Bahia, na época, equivalente a atual faculdade de medicina. Após três meses em Salvador, rumou para o Rio de Janeiro, onde desembarcou em março do mesmo ano.
Em 1810, D. João assinou o Tratado de Comércio e Navegação. Entre outros atos, este estabelecia a taxa de 15% sobre a importação de produtos ingleses, enquanto Portugal pagava 16% e as outras nações 24%.
Em 1815, após a derrota definitiva de Napoleão, as potências europeias reuniram-se no Congresso de Viena. O objetivo era restaurar o regime absolutista anterior à Revolução Francesa.
Para obter o reconhecimento da dinastia de Bragança e o direito de participar do Congresso, em 16 de fevereiro de 1815, D. João elevou o Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves.
Assim, o Brasil deixava de ser colônia, tinha o mesmo status político de Portugal e poderia participar enviando deputados às cortes de Lisboa. Era um passo importante para a emancipação política.
Processo de independência do Brasil
d) Revolução Pernambucana
No entanto, nem todos estava satisfeitos com o governo de Dom João VI no Brasil. Várias províncias brasileiras sentiam-se abandonadas e viam que as melhoras só beneficiaram a capital.
Desta maneira, em Recife, no estado de Pernambuco, estala uma revolta que pretendia fundar outro país chamado Confederação do Equador. A resposta de Dom João VI foi imediata e o movimento reprimido.
e) A Revolução do Porto
Desde a vinda da família real para o Brasil, Portugal estava à beira do caos. Além da grave crise econômica e do descontentamento popular, o sistema político era marcado pela tirania do comandante inglês, que governava o país.
Tudo isso levou os portugueses a aderirem ao movimento revolucionário que teve início na cidade do Porto em 24 de agosto de 1820.
A Revolução Liberal do Porto pretendia derrubar a administração inglesa, recolonizar o Brasil, promover a volta de D. João VI para Portugal e elaborar uma Constituição.
Diante desses acontecimentos, no dia 7 de março de 1821, D. João anunciou sua partida. No entanto, deixa no Brasil seu filho mais velho e herdeiro do trono e através de um decreto, atribuía a D. Pedro a regência do Brasil.
No dia 26 de abril de 1821, D. João parte para Portugal, com a rainha Dona Carlota Joaquina e o príncipe Dom Miguel.
Processo de independência do Brasil
02. Do Dia do Fico à Independência
O novo regente do Brasil, D. Pedro, tinha apenas 23 anos. Várias medidas das cortes de Lisboa buscam diminuir o poder do Príncipe-Regente e, desse modo, por fim à autonomia do Brasil.
A insistência das Cortes para que D. Pedro voltasse a Portugal despertou atitudes de resistência no Brasil. No dia 9 de janeiro de 1822, foi entregue ao Príncipe Regente uma petição com 8.000 assinaturas solicitando que não abandonasse o Brasil.
Cedendo às pressões D. Pedro respondeu:
“Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Diga ao povo que eu fico”
O Dia do Fico era mais um passo para a independência do Brasil.
Em algumas províncias brasileiras, os partidários dos portugueses não prestigiavam o governo de D. Pedro.
O general Avilés, comandante do Rio de Janeiro e fiel às Cortes, tentou obrigar o embarque do regente, mas foi frustrado pela mobilização dos brasileiros, que ocupavam o Campo de Santana.
Os acontecimentos desencadeavam uma crise no governo e os ministros portugueses, demitiram-se. O príncipe formou um novo ministério, sob a liderança de José Bonifácio, até então vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo. A princesa Dona Leopoldina seria a regente durante a ausência do marido.
No mês de maio, o governo brasileiro estabelecia que qualquer determinação vinda de Portugal só poderia ser acatada após a aprovação de D. Pedro.
Processo de independência do Brasil
Na Bahia, desencadeava-se a luta entre tropas portuguesas e brasileiras. Em desespero, as Cortes tomaram medidas radicais:
declararam ilegítimaa Assembleia Constituinte reunida no Brasil;
o governo do príncipe foi declarado ilegal;
o príncipe deveria regressar imediatamente a Portugal.
Diante da atitude da metrópole, o rompimento tornou-se inevitável.
03. Grito do Ipiranga: "Independência ou Morte!"
No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro se encontrava às margens do riacho Ipiranga em São Paulo, quando recebeu os últimos decretos de Lisboa, um dos quais o transformava num simples governador, sujeito às autoridades das Cortes.
Essa atitude o conduziu a dizer que estavam cortados os laços que uniam o Brasil a Portugal. Daquele momento em diante, Independência ou Morte seria o lema de todos os brasileiros.
No dia 12 de outubro do mesmo ano, D. Pedro foi aclamado como o primeiro imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1º de dezembro de 1822.
a) Dia da Independência
O Dia da Independência do Brasil é comemorada no dia 07 de setembro por ser considerado o momento simbólico que D. Pedro rompe as relações de subordinação com Portugal.
Primeiro Reinado
08
Primeiro Reinado
01. Brasil Império
O Brasil Império foi o período da História do Brasil que teve seu início com a aclamação do Imperador D. Pedro I, em 1822, e se prolongou até a Proclamação da República, em 1889.
a) Primeiro Reinado
O Primeiro Reinado corresponde ao período, de 7 de setembro de 1822 a 7 de abril de 1831, em que o Brasil foi governado por D. Pedro I, primeiro imperador do Brasil.
Esse período, que teve início com a declaração da Independência do Brasil, foi marcado pelo descontentamento e consequentes revoltas regionais, resposta da população que não aceitava o governo de D. Pedro I e a independência do Brasil.
b) Principais acontecimentos
A primeira constituição do Brasil foi elaborada em 1823, mas como ela limitava os poderes do imperador, D. Pedro I mandou fazer uma nova constituição, a qual foi outorgada em 1824. Nesta, o centralizador e autoritário imperador detinha os poderes legislativo, executivo e judiciário nas suas mãos.
Em 1824, declara guerra ao governo a Confederação do Equador, movimento formado por algumas províncias do Nordeste, que estavam descontentes com a instabilidade política do país. O objetivo era alcançar a autonomia, se separando do Brasil, mas as províncias fracassaram nessa tentativa.
A Guerra da Cisplatina, em 1825, é outro acontecimento que marcou esse período e consolidou o desagrado ao imperador. Nesta guerra, o Uruguai se torna independente do Brasil.
Primeiro Reinado
Para além de ter sido vencido, aumenta a precariedade de grande parte da população brasileira decorrente da perda do território, dos gastos financeiros com o conflito, bem como do elevado número de mortos.
b) A Constituição do Brasil Império
A Assembleia Constituinte foi convocada por D. Pedro I, no dia 3 de junho de 1822, no entanto, só se reuniu pela primeira vez no dia 3 de maio de 1823, para elaborar a primeira Constituição do Brasil.
A declaração de D. Pedro de que defenderia a pátria e a constituição desde que “fosse digna dele e do Brasil”, desencadeou vários desentendimentos entre os deputados liberais radicais e o imperador, o que levou D. Pedro a dissolver a Assembleia seis meses depois.
Depois da dissolução da Assembleia, D. Pedro escolheu uma comissão de dez pessoas de sua confiança e encarregou-as de elaborar uma Constituição para o País.
Em 16 dia estava pronta, baseada no projeto que fora elaborado pela Constituinte. No dia 25 de março de 1824, D. Pedro I jurou obedecer a Carta Magna que outorgava no Brasil.
A Constituição de 1824 concentrava grandes poderes nas mãos do imperador e reservava o exercício da atividade política para a classe privilegiada. A política absolutista e pró-lusitana recebeu críticas de diversas províncias.
Entre elas estava a Confederação do Equador, que estourou em Pernambuco em 1824. O estado era um tradicional centro revolucionário do País. A nova revolução teve adesão da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará.
Primeiro Reinado
O movimento revolucionário conseguiu por pouco tempo, manter um governo revolucionário. A repressão foi violenta e um dos líderes, o popular pernambucano, Frei Caneca (1779-1825), foi preso e fuzilado.
c) Economia do Primeiro Reinado: crise
O Brasil comercializava produtos cujo preço e exportação estavam a cair, tais como algodão, açúcar e tabaco.
A comercialização do café, por usa vez, começava a se expandir. Contudo, o desenvolvimento do “ouro preto” como era chamado, não foi suficiente para evitar a crise econômica dessa época.
Os gastos com os conflitos, especialmente com a Guerra da Cisplatina, são tão elevados que, em conjunto com outros fatores, tal como a dificuldade em cobrar os impostos, propiciam a crise financeira.
Primeiro Reinado
d) Fim do Primeiro Reinado : Abdicação de D. Pedro I
Todos os acontecimentos do período consolidaram o descontentamento da população com o governo do imperador. Para além dos acima citados, o receio de que o assassinato de um jornalista Líbero Badaró, crítico do governo, teria sido ordenado pelo império, trouxe ainda mais revolta ao povo.
O episódio conhecido como a Noite das Garrafadas, demonstra claramente o desafeto a D. Pedro I, que nessa ocasião teve garrafas e cacos de vidro lançada o sobre si, num ato de protesto.
Vencido pelos protestos em consequência da sua perda de popularidade, D. Pedro I abdica do trono em favor do seu herdeiro – D. Pedro II, que na altura não podia governar pois se tratava de uma criança com apenas 5 anos de idade. A solução era formar uma Regência até que D. Pedro II atingisse a maioridade. O período que intermeia o Primeiro e o Segundo Reinado – governo de D. Pedro II, é chamado Período Regencial.
Período Regencial 
09
Período Regencial 
01. Período Regencial
Se houve um momento em que o território brasileiro mais esteve sob ameaça de fragmentação foi no Período Regencial. Venha entender essa situação complexa nesta aula de História!
A história do Brasil enquanto nação independente já surge no contexto de intensas disputas acerca da elaboração de sua primeira Constituição no Primeiro Reinado. Desde aquele período, estava apresentado o embate entre a vontade de centralizar o poder no imperador no Rio de Janeiro, e a vontade de diluí-lo entre os deputados eleitos. Essa disputa continuaria no chamado Período Regencial, que foi da saída de D. Pedro I do Brasil, em 1831, até D. Pedro II assumir o trono, em 1840.
a) Período regencial: o império sem imperador
A questão da centralização do poder se complicava ainda mais quando se considerava os interesses das elites das províncias mais distantes, como do Grão-Pará, do Nordeste e do Sul do Brasil. Esses grupos desejavam angariar mais autonomia e poder de decisão, mas viam-se presos e submetidos à burocracia e o controle carioca. Contudo, sem o imperador presente no país, as disputas ganhavam outras possibilidades.
É deste contexto que surgem novos “partidos” políticos. Enquanto o imperador estava em Portugal recuperando seu trono que fora usurpado por seu irmão Miguel, os deputados e os ricos eleitores brasileiros formaram pelo menos 3 grupos políticos.
Os liberais moderados, ou chimangos, eram membros da elite agrária que acessavam o poder por meio do voto censitário. Desejavam aumentar seu poder de decisão ao invés de deixá-lo reservado ao imperador. Os liberais exaltados (farroupilhas ou jurujubas), membros de elites locais das mais distantes regiões do Brasil, exigiam autonomia imediata e ampla das províncias. Por fim, os Caramurus (em tupi, aquele que se curva) ansiavam o retorno de D. Pedro I.
Período Regencial 
A morte do imperador, em 1834, transformou a organização desses grupos políticos. Os caramurus, por exemplo, dissolveram-se em outros grupos. Boa parte firmou o Partido Conservador (ou Saquarema), representando aqueles que bradavam pela centralização do poder no Rio de Janeiro.
De outro lado estava o Partido Liberal (ou Luzia), reunindo aqueles deputados que estavam dispostos a negociar e fazer concessões comas elites de outras regiões. Mantinham-se ainda os liberais radicais, que continuavam defendendo maior autonomia em relação ao Rio de Janeiro.
b) Regências Trinas
Assim que o imperador abdicou de seu trono no Brasil em 1831, os parlamentares foram acionados para seguir o que a Constituição propunha naquele caso. Porém, como os magistrados encontravam-se em recesso e apenas uma parte dos representantes pôde se reunir, foi eleita uma regência trina provisória para administrar o país. Os nomes eleitos foram do senador Campos Vergueiro, Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva.
Período Regencial 
A regência trina provisória operou somente por três meses, mas aprovou importantes transformações que beneficiaram, principalmente, os liberais moderados. Dentre as mudanças destacam-se a anistia de presos políticos, readmissão do ministério dos brasileiros (que havia sido deposto por D. Pedro) e expulsão de estrangeiros do Exército.
As conquistas dos liberais continuaram com a eleição da regência trina permanente, que manteve o nome de Francisco de Lima e Silva e nomeou José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz. Cada um dos novos regentes representava uma macrorregião do Brasil, mostrando mais uma vez a ascensão dos liberais. Este formato da regência durou até 1835, quando houve a implementação do Ato Adicional.
Porém, outro nome que se destacou neste período é o do padre Diogo Antônio Feijó, nomeado ministro da Justiça. Feijó ganhou notoriedade por criar a Guarda Nacional, força miliciana que tinha como objetivo sufocar manifestações regionais, principalmente as de cunho separatista. As guardas nacionais eram, na prática, homens armados por poderosos fazendeiros que acabavam se tornando um poder coercitivo legitimado pelo governo.
Esses latifundiários ganhavam o título honorário de coronel, e seus descendentes continuaram sendo chamados desta forma até o século XX. Em muitos casos ainda se usa o termo “coronel” para se referir às elites políticas locais e regionais do interior do Brasil.
Período Regencial 
c) Ato Adicional e Regências Unas
Em 1834, foi implementada uma modificação da Constituição. Essa alteração ficou conhecida como Ato Adicional. Era mais uma conquista dos liberais, já que a nova legislação trazia maior autonomia para as províncias permitindo a existência de Assembleias Legislativas em cada uma delas. Além disso, ele extinguia o Conselho de Estado – órgão vinculado ao poder central – e transformava as regências trinas em regências unas.
No embalo de sua popularidade, o Padre Diogo Antônio Feijó foi eleito o primeiro regente uno. Porém, é justamente em sua gestão que eclodem as maiores revoltas provinciais da história da monarquia. Sob a constante ameaça de fragmentação do território nacional e a pressão dos conservadores, Feijó renuncia ao cargo em 1837. Em seu lugar quem ocupou o cargo foi Pedro de Araújo Lima, representante da oposição.
Araújo Lima formou um ministério conservador e tratou de barrar os projetos dos liberais, principalmente através da Lei Interpretativa do Ato Adicional que endurecia a atuação das Assembleias Provinciais.
Período Regencial 
d) O golpe da maioridade
A regência una conservadora teve suas atividades interrompidas por um golpe orquestrado pelos liberais e que colocou fim no Período Regencial: eles anteciparam a maioridade do jovem imperador. A intenção da oposição era ganhar o apoio do monarca com este movimento. Foi por meio do Clube da Maioridade que o apoio ao movimento ganhou força. Porém, a manobra contava também com o apoio de conservadores que temiam perder seus privilégios com tantas revoltas provinciais.
Na época, em 1840, Pedro de Alcântara tinha apenas 14 anos, e iria governar até 1889, quando a República iria ser proclamada pelos militares apoiados pela burguesia.
Dessa forma, ele entrou para a história do nosso país como o governante mais jovem e que por mais tempo esteve no poder. Há historiadores que defendem que o Brasil tenha vivido uma experiência republicana com o Período Regencial, já que os representantes estavam sendo eleitos.
Contudo, vale lembrar que apesar desta situação e das conquistas dos liberais, a vida da população mais pobre e explorada não foi prioridade. Inclusive, muitas das revoltas regenciais – que serão tratadas a seguir  – surgiram contra violências praticadas a esses grupos, como castigos físicos e recrutamento forçado, além da própria situação de pobreza e escravidão.
Período Regencial 
02. Grupos políticos do Período Regencial
Nessa altura, havia três grupos políticos a defender cada qual uma posição diferenciada de governo:
Liberais moderados (também conhecidos como ximangos) – Esses defendiam o centralismo político, a monarquia;
Liberais exaltados (também conhecidos como farroupilhas) – Defendiam a revisão da política e fim da monarquia;
Restauradores (também conhecidos como caramurus) – Eram contrários à reforma política e eram a favor do regresso de D. Pedo I.
03. Guarda Nacional
A Guarda Nacional brasileira foi criada em agosto de 1831 durante o Período Regencial.
O objetivo era ter um grupo armado para contrabalançar o poder do Exército e aumentar a autonomia das províncias.
a) Origem
Período Regencial 
Uniformes de oficiais da Guarda Nacional. Litogravuras aquareladas. Rio de Janeiro, Litografia Imperial de Heaton e Rensburg, s.d.
Após a abdicação de Dom Pedro I, vários grupos políticos como os conservadores, liberais e absolutistas tentam fazer prevalecer suas ideias dentro do governo da Regência Trina.
O Exército, por sua vez, também tinha reivindicações ao novo governo. Temerosos que os portugueses quisessem reconquistar o Brasil, alguns oficiais pediam:
A suspensão da imigração portuguesa ao Brasil,
a destituição de portugueses de cargos públicos,
a promulgação de uma nova constituição,
e a criação de um novo governo.
Passando das palavras à ação, o 26º Batalhão de Infantaria do Rio de Janeiro e o Corpo de Polícia da cidade, se rebelam.
O Ministro da Justiça, Diego Feijó, pede ajuda aos batalhões de Minas Gerais e São Paulo. Além disso, distribui armas aos seus aliados, que formaram o batalhão Sagrado, com cerca de 3000 soldados, comandado pelo então capitão Luís Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias).
b) Criação da Guarda Nacional
Período Regencial 
Assim ficou evidente que o governo não poderia confiar inteiramente no Exército que tinha suas próprias ideias políticas.
Optou-se por criar uma força armada formada pela elite, a Guarda Nacional. Seus membros eram todos os cidadãos com direito a voto e assim obterima a dispensa de servir ao Exército.
No entanto, não recebiam pagamento e eram responsáveis pelo próprio uniforme. O governo tinha a incumbência de fornecer armas e instrução.A Guarda Nacional era subordinada ao Juiz de Paz, em seguida ao Juiz de Direito, ao presidente de província, e finalmente, ao Ministro da Justiça.
A maior patente que um civil poderia alcançar era a de Coronel e o título ficou reservado aos grandes proprietários de cada região. Desta maneira, a Guarda Nacional vai gerar o fenômeno do “coronelismo” que tanto marcará a política brasileira.
Para o Exército, a criação da Guarda Nacional foi vista como desastrosa, pois o efetivo das tropas foi cortado em um terço no Rio de Janeiro e assim, a Força Armada diminuiu de importância.
Apesar das revoltas militares registradas no Rio de Janeiro e em Pernambuco, o fato é que os oficiais tinham medo de contar com o apoio da população em geral e com isso, gerar uma revolta entre os escravos. Por isso, ficaram isolados nos quartéis e suas demandas não tiveram apoio do cidadão comum.
Período Regencial 
c) Fim da Guarda Nacional
Após a proclamação da República, feita majoritariamente pelo Exército brasileiro, a Guarda Nacional vai perdendo importância. Afinal, o Exército era contra este corpo armado desde a sua criação.
Foi sendo absorvida por diferentes batalhões do Exército e seria extinta na República, em 1922, pelo presidente Artur Bernardes.
04. Revoltas do Período Regencial
Comovisto na primeira parte do conteúdo de Período Regencial (1831-1840), o Brasil estava sendo governado por regentes até D. Pedro de Alcântara atingir a maioridade, como dizia a Constituição. Além disso, desde a independência, estava instaurado no país um clima de tensão entre as elites do Rio de Janeiro e das outras províncias.
Essa tensão acontecia porque alguns procuravam centralizar a tomada de decisões para o país inteiro na capital, enquanto as elites de regiões mais distantes visavam mais autonomia. Soma-se a este quadro o fato do Brasil não ter abolido a escravidão e não ter se industrializado, o que mantinha a profunda desigualdade social pautada no duro trabalho rural. Estes fatores formaram a base das revoltas regenciais que eclodiram no Brasil do século XIX.
Observando as diversas revoltas que se iniciaram nas diferentes regiões do Brasil Império durante o período regencial, é possível traçar algumas semelhanças e diferenças entre elas. As principais revoltas regenciais foram a Cabanagem, a Guerra dos Farrapos, a Sabinada, a Balaiada e a Revolta dos Malês.
Período Regencial 
Nos casos como da Guerra dos Farrapos e da Sabinada, os grupos que iniciaram os movimentos de contestação ao governo central lutavam por maior autonomia e controle sobre seu território.
Já em revoltas regenciais como Cabanagem, na Revolta dos Malês e na Balaiada – rebeliões feitas por escravizados, libertos e camponeses –, o caso era outro. As contestações ocorriam por causa de castigos aplicados a trabalhadores, do recrutamento forçado de homens, da exploração comercial, da perda de terras para latifundiários e da própria escravidão. Era comum que as revoltas mencionadas ocorressem em um contexto de declínio econômico da sua respectiva região.
Período Regencial 
Cabanagem
O cenário desta revolta regencial é a província do Grão-Pará, no norte do Brasil, entre 1835 e 1840. Ela foi uma rebelião popular e recebeu este nome por conta do protagonismo dos ribeirinhos do norte do país, conhecidos como cabanos. Esse termo advém do fato de muitos morarem em modestas cabanas às margens dos rios. Os cabanos viviam, principalmente, da extração e coleta de produtos amazônicos, como o açaí e o guaraná.
Tais artigos eram, muitas vezes, utilizados em medicamentos, e por isso ficaram conhecidos como “drogas do sertão”. Apesar de essas matérias-primas serem valiosas para o preparo de outros produtos, os comerciantes (em especial, os portugueses) da região, que monopolizavam a economia, pagavam muito pouco por elas.
Entretanto, a revolta teve início com o protesto de fazendeiros e comerciantes da região que passaram a contestar as imposições do governo central, sobretudo em relação à indicação dos presidentes de província. Na onda dos protestos, a população cabana acabou aderindo ao movimento. Porém, eles incorporaram reivindicações específicas de sua realidade  — assim como ocorreu em outras revoltas regenciais.
Isso culminou em três grandes revoltas, chegando ao ponto de os revoltosos tomarem a cidade de Belém. Contudo, em virtude de dissidências, afastamento das elites que passaram a apoiar o governo central, traições e mesmo uma organização problemática, os cabanos acabaram massacrados. Ao final da revolta, o número de mortos foi de cerca de 30 mil.
Período Regencial 
Guerra dos Farrapos
No sul do Brasil, também em 1835, as elites latifundiárias da província de São Pedro do Rio Grande do Sul exerceram sua influência para organizar a tomada de Porto Alegre. O motivo desta revolta regencial era bem distinto dos cabanos: eles estavam insatisfeitos com a administração carioca, já que viviam em um período de declínio econômico.
Esses estancieiros (latifundiários) ganharam muito dinheiro produzindo e vendendo charque para o sudeste do país, sobretudo para a região das Minas. Mas em virtude dos impostos sobre o preço do sal, seu produto estava encarecido, fazendo com o que o charque argentino e uruguaio ganhasse proeminência no mercado brasileiro. A isso se somou a nomeação de Antônio Fernandes Braga para ocupar o cargo de presidente de província, o que não agradava em nada os ricos fazendeiros gaúchos.
A Guerra dos Farrapos (também conhecida no Sul como Revolução Farroupilha) destaca-se por algumas características específicas: foi a mais longa revolta em território brasileiro (durou dez anos) e também pelo fato de ter separado, durante este tempo, o sul do Brasil em relação ao resto do Império. Era, portanto, uma revolta separatista. Como figuras conhecidas, destacamos Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi (que também lutou na unificação italiana) e Anita Garibaldi.
Os farrapos chegaram a dominar parte de Santa Catarina (até a cidade de Laguna), onde proclamaram a República Juliana, que recebeu esse nome por ter ocorrido no mês de julho. Porém, com a perda de forças ao longo do tempo, as lideranças aceitaram um acordo com o império. Esse desfecho contrasta com aquele adotado no Pará e em outras revoltas regenciais.
Período Regencial 
Entre os acertos estavam a incorporação dos combatentes ao Exército Imperial, aumento do imposto sobre o charque uruguaio, poder eleger o próprio presidente de província e perdão aos revoltosos (pelo menos a população livre).
É equivocado acreditar que os revoltosos tinham como pauta o fim da escravidão. A ideia chegou a aparecer na organização do movimento, mas foi descartada por ir contra os interesses econômicos dos proprietários. O que efetivamente houve foi o recrutamento de escravizados em troca de liberdade no fim do conflito.
Essa prática ocorreu em outras situações da história do Brasil, inclusive por parte das próprias forças imperiais. Em relação a isso, historiadores apontam para a Batalha dos Porongos, um “conflito” acertado no fim da guerra que serviu de pretexto para o extermínio dos lanceiros negros, que eram os escravizados recrutados que esperavam liberdade.
Período Regencial 
Sabinada
O nome desse conflito, ocorrido na Bahia entre 1837 e 1838, teve origem com o líder Francisco Sabino, um médico e jornalista que estava por trás da organização do movimento.
A sabinada também está entre as revoltas regenciais separatistas, mas os participantes desejavam uma independência temporária: até que o príncipe pudesse assumir o trono do Brasil. Os rebeldes estavam ligados às elites. Eram, principalmente, profissionais liberais (advogados, médicos, entre outros) e militares (principalmente de baixa patente). Mais uma vez, a exigência de maior autonomia em relação ao governo central motivava um conflito. Seu fim ocorreu com a rendição dos revoltosos às investidas das tropas imperiais.
Balaiada
Assim como na Cabanagem, a população pobre do Maranhão entrou em ebulição contra os maus tratos aplicados pelas elites locais. Os revoltosos eram popularmente chamados de balaios por conta da utilização de cestos de palha (chamados de balaios) utilizados na colheita do algodão e outros itens. A revolta ocorreu entre 1838 e 1841.
Entre as lideranças, destacam-se Manoel dos Anjos (artesão conhecido como Balaio) e Raimundo Gomes (um vaqueiro). Os revoltosos chegam a tomar a cidade de Caxias, mas não conseguiram resistir ao ataque de Luís Alves de Lima e Silva (posteriormente conhecido como Duque de Caxias) que os massacrou. Luís Alves tornou-se o presidente de província do Maranhão e foi condecorado com o título de barão.
Período Regencial 
Revolta dos Malês
Ocorrida em Salvador no ano de 1835, a Revolta dos Malês ganhou notoriedade por ter sido orquestrada por africanos muçulmanos escravizados. Além de todo o processo de desumanização sofrido pela escravidão como sequestro, castigos e apagamento de suas identidades, eles também eram forçados a abandonar sua religião em nome do cristianismo.
No mês de janeiro daquele ano, um grupo de cerca de 1500 malês se organizou para realizar um ataque surpresa contra a guarda e as autoridades. No entanto, o plano tinha sido denunciado por uma mulher negra liberta e os revoltosos foram pegos de surpresa, resultando em diversos mortos

Continue navegando