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Sistema tampão 1 Sistema tampão Introdução Os sistemas biológicos são, em sua maioria, dependentes do pH. O pH extracelular (fisiológico) é 7,35 - 7,45 e o intracelular é 7. O metabolismo celular, por meio da respiração celular e liberação de CO2 (estresse celular), acidifica o pH fisiológico constantemente CO2 + H20 → H2CO3 → H + HCO3 e, logo, há necessidade de substância que o mantenham, um tampão. obs.: anidrase carbônica participa da reação CO2 + H20 → H2CO3. obs.: CO2 livre = 7%; HCO3 = 70%; Hb(CO2) = 23%. No espaço intracelular, quem atua são proteínas e fosfatos - H2PO4 e HPO42-(proteína atua como ácido fraco). No espaço extracelular, são HCO3 e CO2 CO2 é ácido fraco), além da hemoglobina HHb/Hb-). Neste último caso, o H é um ligante fisiológico e não é tóxico. Definição Sistema tampão é toda substância/componente celular orgânico/inorgânico capaz de impedir variações bruscas no valor do pH, mesmo com a adição de ácidos ou bases. O tamponamento resulta do equilíbrio entre duas reações reversíveis ocorrendo em uma solução de concentrações quase iguais de doadores de prótons e seu aceptor conjugado. CO2 + H20 → H2CO3 → H + HCO3 Para estimar a eficácia de um tampão: Concentração do tampão no meio; Distribuição; Perfil de ionização (pKa). Composição É composto por um ácido fraco + base conjugada (par conjugado ácido-base). Sua função é neutralizar H. A constante de ionização (Ka) trata da constante de equilíbrio para reações de ionização. Quanto mais forte o ácido, maior o Ka e menor o pKa (pKa = -logKa). ÁCIDO FRACO → libera H em solução aquoso em baixa quantidade (possui baixa constante de equilíbrio). Trata-se de uma reserva de H, que é liberado quando há adição de base OH. Nesse momento, o pH que deveria subir pela adição de OH se mantém, porque o ácido fraco, ao ter seu equilíbrio deslocado (diminuição de H, consumido pelo OH, ioniza-se e libera a reserva de H, mantendo o pH constante. obs.: no caso de ácido polipróticos, há diferentes pKa. BASE CONJUGADA → porção negativa do reagente. Captura H adicionados ao sistema e funciona de maneira semelhante ao ácido fraco. Com a adição de H, o equilíbrio é deslocado e há liberação de base conjugada, fato que mantém o pH constante e não permite sua queda. O decréscimo na concentração de um componente do sistema é equilibrado exatamente pelo aumento do outro. ex.: BICARBONATO → quando H é adicionado ao sangue à medida que passa pelos tecidos, a reação caminha para um novo equilíbrio, no qual a H2CO3 aumenta. Isso, por sua vez, aumenta a CO2 no sangue, aumentando assim a pressão parcial de CO2(g) no ar dos pulmões; o CO2 excedente é exalado. A taxa de respiração é controlada pelo tronco encefálico, no qual a detecção de aumento de pCO2 sanguíneo ou de diminuição do pH sanguíneo aciona uma respiração mais profunda e mais frequente. São fundamentais a albumina, hemoglobina e histidina. O HCO3 é o principal eletrólito que atua como base conjugada que prevalece no líquido extracelular. obs.: pKa da solução tampão de bicarbonato = 6,8 obs.: Zona de tamponamento do HCO3 = 5,8 → 7,8 Sistema tampão 2 O pH de um tampão de bicarbonato exposto a uma fase gasosa é determinado pela concentração de HCO3 na fase aquosa e pela pCO2 na fase gasosa. ↑H ↑pCO2 ↑taxa de respiração ↓H ↓pCO2 CENTROS REGULADORES → tronco encefálico (ponte e bulbo) Faixa tamponante Faixa de pH tamponante = pKa - 1 < x < pKa 1 pH da solução será: pH = pKa + log[base]/[ácido] se: pH = pKa → [base]=[ácido] → força máxima de tamponamento. Mecanismo de transporte A fim de se manter a homeostase (equilíbrio dinâmico do meio interno), há o transporte de íons. PROTEÇÃO CONTRA ACIDEZ: Ocorre em tecidos extrapulmonares TEP. Transportadores: NBC (cotransportador de Na+ e HCO3 NCBE (transportador de Na+, Cl- e HCO3 NHE (transportador de H e Na+) PROTEÇÃO CONTRA ALCALINIDADE: Ocorre em tecidos pulmonares TP. Transportadores: AE (transportador de ânions) NBC Tampões fisiológicos EXEMPLOS: Tampão bicarbonato: H2CO3/HCO3 (pKa = 6,1 Tampão fosfato: H2PO4/HPO42 (pKa = 7,2 Histidina: HHis/His- (pKa = 7 Hemoglobina (contém muita His): HHb/Hb- Para se estimar a eficácia do tampão, observa-se em qual região de pH ele se torna eficaz, isto é, seu pKa. Hemoglobina Hemoproteína (grupo heme). Proteína globular composta por 4 cadeias de globina 2 alfa e 2 beta, em adultos) e um grupo heme ligado a cada uma delas. As cadeias laterais ligam-se ao H, sendo esse um ligante fisiológico, dado que o O2 ocupa local diferente desse na estrutura. HEME → protoporfirina + Fe2 → nesse estado, o ferro liga o O2 de forma reversível. Quando se liga, as propriedades eletrônicas do ferro são alteradas, o que leva a uma alteração na cor do sangue venoso, pobre em oxigênio, roxo-escuro, para vermelho-brilhante no sangue arterial, rico em oxigênio. obs.: CO possui mais afinidade com o Fe2 do que o O2 Hemácias e o Efeito Bohr HHB → H + Hb- Sistema tampão 3 EFEITO BOHR → tendência da hemoglobina, principal proteína da hemácia, de liberar O2 em pH ácidos. A principal contribuição para o efeito Bohr é feita pela histidina. Em pH7, a hemoglobina encontra-se em estado relaxado R, com predominância de Hb- OH consome H, o qual liga- se ao O2. Assim, quanto maior o pH, maior a afinidade com O2. Em ph<7, a hemoglobina encontra-se em estado tenso T, com predominância de HHb H em excesso desloca o equilíbrio) e menos Hb- e, logo, há liberação de O2. obs.: a acidose metabólica ocorre com o aumento da [ácido lático] e da [corpos cetônicos], pode ocorrer com diabetes, devido à metabolização de ácidos graxos pelos tecidos na ausência de glicose. Proteínas tamponantes As proteínas plasmáticas atuam como tamponantes e tem elevada concentração no interior das células. Por conta da facilidade de difusão do CO2 na MP, as proteíNas do plasma sanguínEo são fundamentais para prevenir mudanças no pH. A enzima responsável por colaborar com a manutenção do pH do sangue é a anidrase carbônica, muito abundante nos eritrócitos e muito presentes nas células do tubulo controcido proximal do glomérulo renal (reabsorção do HCO3. A albumina é uma das principais proteínas que determinam a pressão oncótica (junto à globulina) do sangue, dado que possui elevada concentração de histidina em sua composição, cujo pKa é o mais próximo do pH sanguíneo. Distúrbios ácido-base Os desequilíbrios ácido-base são alterações patológicas da pressão parcial de dióxido de carbono Pco2 ou de bicarbonato sérico HCO3 que tipicamente produzem valores de pH arterial anormais. ACIDOSE → processo fisiológico que causa acúmulo de ácidos ou perda de álcalis. ALCALOSE → processo fisiológico que causa acúmulo alcalino ou perda de ácidos. O pH determina o processo primário (acidose ou alcalose), as alterações da Pco2 refletem o componente respiratório e as alterações do HCO3 refletem o componente metabólico. ACIDOSE METABÓLICA → ocorre quando o HCO3 24 mEq/L no soro. As causas são: Aumento da produção de ácido; Ingestão de ácidos; Diminuição da excreção renal de ácidos; Perdas GI ou renais de HCO3 → desinteria, vômito, insuficiência real etc; Diabetes melito (cetogênese), hipoxemia (ex. excesso de ácido lático) e metabolismo de xenobióticos (produzem ácidos). EFEITOS: Hiperventilação ALCALOSE METABÓLICA → caracteriza-se por HCO3 24 mEq/L no soro. As causas são: Perda de ácidos; retenção de HCO3; Diurese e vômito; Excesso de aldosterona. EFEITOS: Hiperventilação ACIDOSE RESPIRATÓRIA → acontece quando a Pco2 é 40 mmHg (hipercapnia). A causa é: Diminuição da ventilação minuto (hipoventilação) → pode ser causada por condições patológicas que lesam os centros respiratórios ou diminuem a capacidade dos pulmões de eliminar CO2 (lesão no centro respiratório do bulbo, alteração da permeabilidade da membrana dos alvéolos pulmonares, ácúmulo de líquido nos pulmões- efisema ou asma -, restrição respiratória - traumas, poliomelite e obesidade severa). Sistema tampão 4 EFEITOS: Depressão do SNC - desorientação e coma, em casos mais severos. ALCALOSE RESPIRATÓRIA → ocorre quando a Pco2 a 40 mmHg (hipocapnia). A causa é Aumento da ventilação minuto (hiperventilação) → perda de CO2 (histeria ou tensão, overdose e febre). EFEITOS: Hiperexcitabilidade (diminuem os níveis de Ca2 Um distúrbio ácido-base simples consiste em uma alteração única acompanhada de sua resposta compensatória. Já os distúrbios ácido-base complexos ou mistos envolvem mais de um processo primário. Nesses distúrbios mistos, os valores podem ser enganosamente normais. Assim, ao avaliar distúrbios ácido-base é importante determinar se as mudanças em Pco2 e HCO3, que mostram a compensação esperada. Se não mostrarem, então deve-se suspeitar de um segundo processo primário causando a compensação anormal. A interpretação deve considerar as condições clínicas (p. ex., doença pulmonar crônica, insuficiência renal, overdose de drogas). Mecanismos compensatórios começam a corrigir o pH sempre que ocorre algum desequilíbrio ácido-base. Distúrbios ácido-base metabólicos resultam em compensação respiratória (alteração no Pco2 e distúrbios ácido-base respiratórios resultam em compensação metabólica (alteração no HCO3. A avaliação laboratorial dos desequilíbrios ácido-base é feita por gasometria, dosagem dos eletrólitos séricos e cálculo do intervalo aniônico. O intervalo aniônico (ânion gap) sempre deve ser calculado; seu aumento quase sempre indica acidose metabólica. Intervalo de ânions normal com HCO3 baixo (p. ex., < 24 mEq/L com cloro Cl−) sérico elevado indica acidose metabólica sem intervalo de ânions (hiperclorêmica). Regulação do equilíbrio ácido-base Sangue Tampão bicarbonato, Hb e proteínas. Pulmões Controle na concentração de CO2 no sangue (bulbo lê o pH. Rins Tampão bicarbonato e fosfato (reabsorção de bicarbonato e excreção de amônio).
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