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FUNDAMENTOS-DA-EDUCAÇÃO-RELIGIOSA

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1 
 
SUMÁRIO 
1 O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO ................. 3 
2 LEGISLAÇÃO QUE DEFINE O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE 
CONHECIMENTO ..................................................................................................... 4 
2.1 Objetivo do Ensino Religioso .............................................................. 6 
2.2 Eixos e Conteúdo do Ensino Religioso............................................... 6 
2.3 Culturas e Tradições Religiosas ......................................................... 6 
3 ESCRITURAS SAGRADAS E/OU TRADIÇÕES ORAIS .......................... 7 
4 Teologias .................................................................................................. 8 
4.1 Ritos ................................................................................................... 8 
4.2 Ethos .................................................................................................. 9 
5 COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGENS ................................................ 11 
5.1 O Que São Textos Sagrados ........................................................... 13 
6 ALGUNS ENSINAMENTOS ÉTICOS NOS TEXTOS SAGRADOS ........ 15 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 20 
7 ARTIGO COMPLEMENTAR ................................................................... 22 
8 AS DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO RELIGIOSO DO ESTADO 
DO PARANÁ COMO DOCUMENTO DE CONCEPÇÃO E ORIENTAÇÃO ............. 22 
9 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 23 
10 AS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS PARA O ENSINO 
RELIGIOSO ............................................................................................................. 24 
11 FORMAÇÃO CONTINUADA – DEB ITINERANTE .............................. 27 
11.1 A aula simulada: ............................................................................ 30 
12 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................. 33 
 
2 
 
13 ENSINO RELIGIOSO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA 
PESSOA 33 
13.1 RESUMO ...................................................................................... 33 
14 Introdução ............................................................................................ 33 
15 Aspiração religiosa no desenvolvimento do ser humano ..................... 38 
16 Reflexões finais ................................................................................... 44 
 
 
 
3 
 
1 O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO 
 
Fonte: vestibular.uol.com.br 
O Ensino Religioso é uma das dez áreas de conhecimento definidas pelas 
Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas em 1998 pelo Conselho Nacional de 
Educação. A Diretriz nº. 04 afirma que: 
“IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para 
alunos a uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade 
da ação pedagógica na diversidade nacional, a Base Nacional Comum e sua Parte 
Diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise 
estabelecer a relação entre a Educação Fundamental e: 
A) Vida Cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos 
como: a Saúde, a Sexualidade, a Vida Familiar e Social, o Meio Ambiente, o Trabalho, 
a Ciência e a Tecnologia, a Cultura as Linguagens; 
B) as Áreas de Conhecimento: Língua Portuguesa, Língua Materna (para 
populações indígenas e migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua 
Estrangeira, Educação Artística, Educação Física e Educação Religiosa (na forma do 
art. 33 da LDB) [Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental/ CNE]”. 
As áreas do conhecimento são marcos estruturados de leitura e interpretação 
da realidade, essenciais para garantir a possibilidade de participação do cidadão na 
 
4 
 
sociedade de forma autônoma. Cada uma das dez áreas contribui para que os 
estudantes compreendam a sociedade em que vivem e possam interferir no espaço e 
na história que ocupam; pois uma das preocupações da Educação Básica é a 
formação do cidadão e que os estudos que as crianças e adolescente realizam 
contribuam para os estudos e o trabalho que exercerão posteriormente. Ou seja, é 
uma relação do presente, uma releitura do passado e uma construção do futuro. 
2 LEGISLAÇÃO QUE DEFINE O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE 
CONHECIMENTO 
 
Fonte: coolturadventista.com/ 
As Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental no Brasil, após a sanção 
da LDBN, ou seja, da Lei nº 9394/96, são instituídas através da Resolução nº 2 de 7 
de abril de 1998, pela Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de 
Educação (CNE). Essas Diretrizes incluem o ensino religioso no conjunto das dez 
áreas de conhecimento que integram o currículo escolar do ensino fundamental, cf. 
art. 3º, item IV, alínea “a”. 
 
5 
 
O art. 2º da referida Resolução define o que são Diretrizes Curriculares 
Nacionais, a saber: “Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições 
doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica 
expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que 
orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, 
desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas”. 
O art. 3º estabelece como “Diretrizes” o que deve ser colocado em prática 
diretamente pelas Escolas, incluindo: a definição dos marcos norteadores de suas 
ações pedagógicas, entre os quais, os princípios éticos, os princípios dos Direitos e 
Deveres, os princípios estéticos, a forma de definir suas propostas pedagógicas, o 
que devem considerar como aprendizagens e suas múltiplas relações, seus níveis de 
abrangência e natureza. É no item IV que estabelece uma base nacional comum, para 
se garantir a unidade na diversidade nacional. Esta é complementada pela parte 
diversificada, integrando-se ao “paradigma curricular” para estabelecer a relação entre 
educação fundamental, incluindo a vida cidadã, com seus vários aspectos, e as áreas 
de conhecimento. 
As áreas de conhecimento, segundo a Resolução 02/98, estão agrupadas em: 
Língua Portuguesa, Língua Materna para populações indígenas e migrantes, 
Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, 
Educação Física, Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9394/96, de 20 de 
dezembro de 1996, alterado pela Lei nº 9475 de 22 de julho de 1997. 
A referida Resolução nº 02/98 é precedida do Parecer nº 04, aprovado em 29 
de janeiro de 1998, estabelecendo as normas a serem observadas pelos sistemas de 
ensino sobre os aspectos considerados fundamentais na implantação das Diretrizes 
Curriculares para o Ensino Fundamental. A disciplina Ensino Religioso não perdeu a 
sua configuração primeira como tal, mas foi absorvida e ampliada, em sua natureza e 
em toda extensão, pela Educação Religiosa enquanto área de conhecimento, nos 
termos da citada Resolução, após o pronunciamento do Parecer 04/98 sobre a matéria 
em pauta. 
 
6 
 
2.1 Objetivo do Ensino Religioso 
Promover a compreensão da Religiosidade e a identificação do Fenômeno 
Religioso em suas diferentes manifestações, linguagens e paisagens religiosas 
presentes nas culturas e nas sociedades. 
2.2 Eixos e Conteúdo do Ensino Religioso 
O Ensino Religioso na sua articulação destaca alguns aspectos fundamentais 
para a sua concretização, tais como: as contribuições das áreas afins, como a 
antropologia, psicologia, pedagogia, sociologia, ciências da religião e teologias; a 
busca permanente do sentido da vida; a superação da fragmentação das experiências 
e da realidade; o pluralismo religioso; a compreensão do campo simbólico; e a 
necessidade de evitar o proselitismo. Tendo presente a riqueza e a complexidade do 
campo religioso, o FórumNacional Permanente do Ensino Religioso, para a efetivação 
desta área do conhecimento, definiu cinco eixos e os respectivos conteúdo: Culturas 
e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais, Teologias, Ritos e 
Ethos. 
2.3 Culturas e Tradições Religiosas 
É o estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana, analisando questões 
como: função e valores da tradição religiosa, relação entre tradição religiosa e ética, 
teodiceia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino do ser humano 
nas diferentes culturas. Esse estudo reúne o conjunto de conhecimentos ligados ao 
fenômeno religioso, em um número reduzido de princípios que lhe servem de 
fundamento e lhe delimitam o âmbito da compreensão. Assim, não se separa das 
ciências que se ocupam com o mesmo objeto como: filosofia da tradição religiosa, 
história e tradição religiosa, sociologia e tradição religiosa, psicologia e tradição 
religiosa, nem delimita, de maneira absoluta e definitiva, um critério epistemológico 
unívoco. 
 
7 
 
Conteúdos estabelecidos a partir de: 
Filosofia da tradição religiosa: a ideia do Transcendente, na visão tradicional 
e atual; 
História e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas 
organizações humanas no decorrer dos tempos; 
Sociologia e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas; 
Psicologia e tradição religiosa: as determinações da tradição religiosa na 
construção mental do inconsciente pessoal e coletivo. 
3 ESCRITURAS SAGRADAS E/OU TRADIÇÕES ORAIS 
São os textos que transmitem, conforme a fé dos seguidores, uma mensagem 
do Transcendente, onde pela revelação, cada forma de afirmar o Transcendente faz 
conhecer aos seres humanos seus mistérios e sua vontade, dando origem às 
tradições. E estão ligados ao ensino, à pregação, à exortação e aos estudos eruditos. 
Contém a elaboração dos mistérios e da vontade manifesta do Transcendente 
com objetivo de buscar orientações para a vida concreta neste mundo. Essa 
elaboração se dá num processo de tempo-história, num determinado contexto cultural, 
como fruto próprio da caminhada religiosa de um povo, observando e respeitando a 
experiência religiosa de seus ancestrais, exigindo a posteriori uma interpretação e 
uma exegese. Nas tradições religiosas que não possuem o texto sagrado escrito, a 
transmissão é feita na tradição oral. 
Conteúdos estabelecidos a partir de: 
Revelação: a autoridade do discurso religioso fundamentada na experiência 
mística do emissor que a transmite como verdade do Transcendente para o povo; 
História das narrativas sagradas: o conhecimento dos acontecimentos 
religiosos que originaram os mitos e segredos e a formação dos textos; 
Contexto cultural: a descrição do contexto sociopolítico-religioso 
determinante na redação final dos textos sagrados; 
Exegese: a análise e hermenêutica atualizada dos textos sagrados. 
 
8 
 
4 Teologias 
É o conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados pela religião e 
repassados para os fiéis sobre o Transcendente, de um modo organizado ou 
sistematizado. 
Como o Transcendente é a entidade ordenadora e o senhor absoluta de todas 
as coisas, se expressa esse estudo nas verdades de fé. E a participação na natureza 
do Transcendente é entendida como graça e glorificação, respectivamente no tempo 
e na infinidade. Para alcançar essa infinidade o ser humano necessita passar pela 
realidade última da existência do ser, interpretada como ressurreição, reencarnação, 
ancestralidade, havendo espaço para a negação da vida além-morte. 
Conteúdos estabelecidos a partir de: 
Divindades: a descrição das representações do Transcendente nas tradições 
religiosas; 
Verdades de fé: o conjunto de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida 
do fiel em cada tradição religiosa; 
Vida além-morte: as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: a 
ressurreição, a reencarnação, a ancestralidade e o nada. 
4.1 Ritos 
É a série de práticas celebrativas das tradições religiosas formando um 
conjunto de: 
a) Rituais que podem ser agrupados em três categorias principais: 
Os propiciatórios que se constituem principalmente de orações, sacrifícios e 
purificações; 
Os divinatórios que visam conhecer os desígnios do Transcendente em 
relação aos acontecimentos futuros; 
Os de mistérios que compreendem as várias cerimônias relacionadas com 
certas práticas limitadas a um número restrito de fiéis, embora também haja uma 
forma externa acessível a todo o povo; 
 
9 
 
 
Fonte: www.institutoibe.com.br 
b) Símbolos que são sinais indicativos que atingem a fantasia do ser, levando-
o à compreensão de alguma coisa; 
c) Espiritualidades que alimentam a vida dos adeptos através de 
ensinamentos, técnicas e tradições, a partir de experiências religiosas e que permitem 
ao crente uma relação imediata com o Transcendente. 
Conteúdos estabelecidos a partir de: 
Rituais: a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos 
diferentes grupos religiosos; 
Símbolos: a identificação dos símbolos mais importantes de cada tradição 
religiosa, comparando seu (s) significado (s); 
Espiritualidades: o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições 
religiosas no relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e 
o mundo. 
4.2 Ethos 
É a forma interior da moral humana em que se realiza o próprio sentido do ser. 
É formado na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão 
 
10 
 
da consciência e como resposta do próprio "eu" pessoal. O valor moral tem ligação 
com um processo dinâmico da intimidade do ser humano e, para atingi-lo, não basta 
deter-se à superfície das ações humanas. 
Essa moral está iluminada pela ética, cujas funções, por sua vez, são muitas, 
salientando-se a crítica e utópica. A função crítica, pelo discurso ético, detecta, 
desmascara e pondera as realizações inautênticas da realidade humana. A função 
utópica projeta e configura o ideal normativo das realizações humanas. 
Essa dupla função concretiza-se na busca de "fins" e de "significados", na 
necessidade de utopias globais e no valor inalienável do ser humano e de todos os 
seres, onde ele não é sujeito nem valor fundamental da moral numa consideração 
fechada de si mesmo. 
Conteúdos estabelecidos a partir de: 
Alteridade: as orientações para o relacionamento com o outro, permeado por 
valores; 
Valores: o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa 
apresentado para os fiéis no contexto da respectiva cultura; 
Limites: a fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições 
religiosas. 
Baseando-se no pressuposto de que o Ensino Religioso é um conhecimento 
humano e, enquanto tal, deve estar disponível à sociabilização, os conteúdos do 
Ensino Religioso, não servem ao proselitismo, mas proporcionam o conhecimento dos 
elementos básicos que compõem o fenômeno religioso. Com esses pressupostos, o 
tratamento didático dos conteúdos realiza-se em nível de análise e conhecimento, na 
pluralidade cultural da sala de aula, salvaguardando-se assim a liberdade da 
expressão religiosa do educando. 
O tratamento didático subsidia o conhecimento. Assim, o Ensino Religioso 
pelos eixos de conteúdo – Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou 
Tradições Orais, Teologias, Ritos e Ethos – vai sensibilizando para o mistério, 
capacitando para a leitura da linguagem mítico-simbólica e diagnosticando a 
passagem do psicossocial para a metafísica/ Transcendente. O tratamento didático 
dos conteúdos do Ensino Religioso prevê, ainda, como nas outras disciplinas, a 
 
11 
 
organização social das atividades, organização do espaço e do tempo; seleção e 
critérios de uso de materiais e recursos. 
Os eixos e conteúdo do Ensino Religioso foram elaborados a partir da 
concepção de que a atuação do ser humano não se limita às relações com o meioambiente e as relações sociais, mas sim, está sempre em busca de algo que 
transcende estas realidades. Os eixos e conteúdo do Ensino Religioso em muito 
podem contribuir para que o ser humano inacabado, inquieto e aberto ao 
Transcendente, siga na busca e encontre o sentido para a vida e seja feliz. 
5 COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGENS 
Competência é a capacidade de expressão, de compreensão de fenômenos, 
de resolução de problemas, de construção de argumentos para viabilizar uma 
interação comunicativa, de articulação entre o individual e o coletivo, por meio da 
elaboração de propostas de intervenção na realidade (MACHADO, 2000). 
Habilidades são modalidades estruturais da inteligência; decorrem das 
competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do “saber fazer”. 
Há diferentes níveis de habilidades: 
Básico: se refere ao conhecimento dos conteúdos. São ações que possibilitam 
a apreensão das características e propriedades permanentes dos objetos 
comparáveis, ou seja, propiciam a construção de conceitos. São realizadas, 
principalmente, pelas seguintes atividades: identificar, indicar, localizar, descrever, 
discriminar, apontar, constatar, nomear, ler, observar, perceber, posicionar, 
reconhecer, representar e suas correlatas. 
Operacional: se refere à aplicação dos conteúdos apreendidos. São ações que 
pressupõem o estabelecimento de relações entre os objetos. Essas competências 
atingem o nível da compreensão e a explicação; mais que o saber fazer, supõem 
alguma tomada de consciência dos instrumentos e procedimentos utilizados, 
possibilitando sua aplicação a outros contextos. São realizadas, principalmente, pelas 
seguintes atividades: associar, classificar, comparar, conservar, compreender, 
compor, decompor, diferenciar, estabelecer, estimar, incluir, interpretar, justificar, 
 
12 
 
medir, modificar, ordenar, organizar, quantificar, relacionar, representar, transformar 
e suas correlatas. 
Global: os conteúdos se relacionam entre si para a interpretação da realidade. 
São ações e operações mais complexas, que envolvem a aplicação de conhecimentos 
a situações diferentes e a resolução de problemas inéditos. São realizadas, 
principalmente, pelas seguintes atividades: analisar, antecipar, avaliar, aplicar, 
abstrair, construir, criticar, concluir, supor, deduzir, explicar, generalizar, inferir, julgar, 
prognosticar, resolver, solucionar e suas correlatas. 
Competências e habilidades referentes ao Ensino Religioso 
Competência Aprendizagem fundamental 
Investigação e compreensão Compreensão dos elementos que 
constituem a identidade religiosa das 
diversas culturas. 
Compreensão e interpretação da 
história religiosa. 
Compreender o desenvolvimento das 
Tradições Religiosas na sociedade 
através do processo de ocupação de 
espaços físicos e as relações da vida 
humana, em seus desdobramentos 
políticos, culturais, econômicos e 
humanos. 
Ético-valorativa Respeito à diversidade religiosa. 
Expressão da espiritualidade. 
Criação das relações com o 
Transcendente. 
Alteridade 
Representação e comunicação Releitura e interpretação do fenômeno 
religioso. 
Decodificação dos símbolos 
religiosos. 
Ressignificação do fato religioso nas 
culturas. 
Entender o significado e diferença 
entre o discurso religioso e os demais, 
a fim de estabelecer uma 
comunicação eficaz e eficiente nos 
diferentes ambientes e culturas. 
Contextualização sociocultural-
religiosa 
Compreensão da produção e do papel 
histórico das instituições religiosas, 
associando-as às práticas dos 
diferentes grupos e atores. 
 
13 
 
Tradução dos conhecimentos 
religiosos em condutas e atitudes de 
indagação, análise, problematização 
e protagonismo diante dos contextos 
pessoais e coletivos. 
5.1 O Que São Textos Sagrados 
Os povos fazem religião, cada um à sua maneira. Este jeito de fazer religião 
acaba sendo registrado, guardado e transmitido para as pessoas que virão no futuro, 
através de livros, histórias contadas, músicas, danças, poesias, pinturas, desenhos, 
esculturas. 
Imagine se você se tornasse repentinamente um santo, as pessoas de sua 
religião iriam querer contar sobre você para todos os outros, para seus filhos e netos. 
Gostariam de passar para outras gerações o seu exemplo de vida e ensinamentos. 
Deste modo alguém poderia escrever em um livro a sua história, seus pensamentos, 
e este livro seria a memória viva do que você foi. Poderiam fazer peças de teatro, 
músicas cujas letras transmitissem seus ensinamentos. Nos templos, ou lugares 
sagrados poderiam pintar a sua experiência. Todas estas formas estariam buscando 
transmitir às pessoas a sua mensagem. 
Bem, vamos cair na real Você não é um personagem religioso importante, pelo 
menos por enquanto. Mas, já pode compreender o que é um texto sagrado e qual a 
sua função. As pessoas são diferentes e as religiões também. Sendo assim, cada 
religião tem os seus próprios textos sagrados. 
As diversas tribos indígenas, que não utilizavam à escrita, tinham a sua religião 
valorizada e transmitida para as futuras gerações por meio das histórias que eram 
contadas. Estes povos não só narravam seus textos sagrados, como os desenhavam, 
dançavam, teatralizavam, etc. Com esta forma eles conseguiram preservar suas 
tradições religiosas. Do mesmo modo, os povos africanos, trazidos à força para o 
trabalho escravo, assim o fizeram. Esses homens e mulheres negros buscaram 
manter viva a sua religião através da arte de seus costumes e de sua forma própria 
de cultuar. 
Vamos conhecer agora alguns textos sagrados escritos: 
 
14 
 
A religião chamada Hinduísmo, a qual surgiu na Índia, país localizado no 
Oriente, possui muitos livros sagrados, muitos mesmo, chamados Vedas. Vedas 
significa “conhecimento” em sânscrito, uma das línguas dos indianos. 
 
 
Fonte: umbandauthis.blogspot.com.br 
Os adeptos da religião chamada Islamismo, a qual se originou na Arábia, 
seguem os preceitos contidos no livro sagrado Corão. Este livro, conforme o Islamismo 
é uma forma de louvar o Deus Único, chamado Alá. Por isso, certas vezes este livro 
é denominado de Alcorão. Este “Al” colocado no início, é uma forma de prestar 
homenagem a Alá. 
Para o Judaísmo, religião que surgiu no Oriente Médio, um dos textos sagrados 
é chamado de Torá. Torá significa “a Lei” para os judeus. Para os cristãos, o livro 
sagrado é a Bíblia. Nela estão contidos os principais ensinamentos para seus 
seguidores. O Cristianismo também surgiu no Oriente Médio. Atualmente essas 
religiões têm seus representantes nos mais diferentes pontos do planeta. 
Cada tradição religiosa tem os seus próprios textos sagrados, os quais são 
considerados como fruto de inspiração divina. 
 
15 
 
6 ALGUNS ENSINAMENTOS ÉTICOS NOS TEXTOS SAGRADOS 
O ensinamento religioso na maioria das vezes, é transmitido para as pessoas 
por meio dos textos, estes textos muitas vezes são escritos e formam os livros 
sagrados. Outras vezes, ele é contado verbalmente: são as histórias sagradas de 
transmissão oral. As ideias sagradas podem ser também pintadas, como por exemplo, 
as pinturas encontradas nas paredes das igrejas, templos, vitrais, etc. 
Existem muitas religiões no mundo, todas elas com ensinamentos éticos que 
orientam os seus seguidores quanto às formas de se viver em comunidade e em 
sintonia com o Transcendente. 
Vamos ver agora alguns destes ensinamentos: 
Uma mensagem hinduísta: “Não faças aos outros aquilo que, se a você fosse 
feito, causar-lhe-ia dor. ” 
Uma mensagem budista: “De cinco maneiras um verdadeiro líder deve tratar 
os seus amigos e dependentes: com generosidade, cortesia, benevolência, dando o 
que deles espera receber e sendo fiel à sua própria palavra. 
Uma mensagem judaica: “Não faça ao seu semelhante aquilo que para você 
é doloroso. 
Uma mensagem taoísta: “Considera o lucro do seu vizinho como seu próprio 
e o prejuízo dele como se também fosse seu. ” 
Uma mensagem cristã: “Tudoquanto quer que os outros façam para você 
faça-o também para eles. ” 
Uma mensagem muçulmana: “Ninguém pode ser um fiel até que ame o seu 
irmão como a si mesmo. ” 
O Hinduísmo - surgiu aproximadamente há 4000 anos antes de Cristo na Índia. 
Preocupa-se muito com o aprimoramento espiritual das pessoas. Seus adeptos 
acreditam que o Hinduísmo não teve começo, é o Caminho Eterno para a evolução 
espiritual dos seres. 
O Budismo – seu surgimento também se deu na Índia com a experiência de Sidarta 
Gautama, o Buda (560 a C.) e tem como preocupação principal a compaixão por todos 
os seres. Compaixão significa sentir piedade quando alguém sofre algum tipo de mal 
 
16 
 
e fazer o possível para ajudar. A palavra Buda significa, iluminado, desperto ou auto 
realizado. 
 
Fonte: religiao.culturamix.com 
O Judaísmo surgiu no Oriente Médio (1800 a C.). Abraão é considerado pelos 
judeus como o primeiro dos patriarcas, a quem o Deus único se revelou. Moisés é o 
grande profeta e legislador a quem Deus entregou a Torá. O Judaísmo tem como 
ponto chave a justiça, isto significa viver de forma justa não prejudicando seus 
companheiros e praticando a caridade. 
 
Fonte: espiritodevida.com.br 
 
17 
 
O Taoísmo é uma antiga religião que começou na China. Seus seguidores 
buscam compreender a vida de forma bastante profunda, percebendo qual é a 
essência de todas as coisas. 
 
 
Fonte: natrilhadotao.com.br 
O Confucionismo é também uma das importantes religiões da China, Confúcio 
(551-479 a C.) foi um famoso mestre e filósofo, organizou esta religião baseado na 
ética social. O Confucionismo a qual chegou a ser uma religião oficial na China antiga. 
 
Fonte: jornalismocolaborativo.com 
 
18 
 
O Xintoísmo é a antiga religião nacional do Japão, existe desde os tempos 
mais remotos da história deste país. O culto aos espíritos naturais e aos antepassados 
é o principal fundamento para o Xintoísmo. A cerimônia e o ritual desta religião 
contribuíram para a organização política e estabilidade nacional do Japão. 
 
Fonte: peroratio.blogspot.com.br 
O Cristianismo – surgiu a mais de 2000 mil anos no Oriente Médio assim como 
o Judaísmo. Sofreu forte influência do pensamento judaico, se organizou e se 
diferenciou deste após os ensinamentos de Jesus Cristo. Para os cristãos o amor 
fraterno é o principal fundamento de vida. O Cristianismo como outras religiões, 
separou-se em diversos grupos ou igrejas. Essas separações se devem a vários 
fatores históricos, mas principalmente, à diferentes maneiras de interpretar os 
ensinamentos de Jesus e dos seus Apóstolos. 
 
19 
 
 
Fonte: www.scrapsdinamicos.com.br 
O Islamismo - organizado por Maomé (630 d. C.) também surgiu no Oriente 
Médio. O ponto principal desta religião é a crença e a submissão à um único Deus, 
Alá. 
 
Fonte: www.missaoatenas.com.br 
A Fé Bahá’í - é uma religião de caráter universal. É a mais recente das grandes 
religiões do mundo. Fundada por Baha’u’llah (1817-1892), surgiu na Pérsia, hoje Irã. 
Prega a unicidade de Deus, de todas as religiões e culturas, um dos seus pontos 
 
20 
 
chaves é a cooperação mútua para a construção da paz no mundo. A palavra bahá’í 
significa luz. Luz no sentido de conhecimento. 
 
Fonte: povodebaha.blogspot.com.br 
BIBLIOGRAFIA 
BOWKER, John. Para entender as religiões. São Paulo, Ática, 1997. 
 
CELANO, Sandra. Corpo e mente na educação - Uma Saída de Emergência. 
Petrópolis, Vozes, 1999. 
 
FINE, Dorren. O que sabemos sobre o judaísmo. São Paulo, Callis, 1998. 
 
GANERI, Anita. O que sabemos sobre o budismo. São Paulo, Callis, 1999. (Ver 
comentário sobre o volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?). 
 
_____O que sabemos sobre o hinduísmo. São Paulo, Callis, 1998. (Ver comentário 
sobre o volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?). 
 
GHAI, O P. Unidade na diversidade – Coleção herança espiritual. Petrópolis – Vozes, 
1990. 
 
HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDER, Justein. O livro das religiões. São 
Paulo, CIA das Letras, 2000. 
 
MARCHON, Benoit e KIEFFER, Jean-François. As grandes religiões do mundo. São 
Paulo, Paulinas, 1995 
 
21 
 
 
 
22 
 
7 ARTIGO COMPLEMENTAR 
DISPONÍVEL EM: http://www.pucpr.br/eventos/educere 
/educere2009/anais/pdf/2393_1633.pdf 
AUTORES: NIZER, Carolina do Rocio 
 VIEIRA, Wilson José 
ACESSO EM: 18/07/2016 
8 AS DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO RELIGIOSO DO ESTADO DO 
PARANÁ COMO DOCUMENTO DE CONCEPÇÃO E ORIENTAÇÃO 
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas. Agência 
Financiadora: Secretaria da Educação do Estado do Paraná. 
 
As Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso da Secretaria de Educação do 
Estado do Paraná foi um documento construído coletivamente com a participação dos 
professores da rede estadual de ensino, de professores de instituições superiores e 
de diferentes organizações religiosas com o objetivo de desenvolver uma proposta 
para o Ensino Religioso que superasse a “tradicional aula de religião”, ou seja, que 
desenvolvesse uma perspectiva laica do Ensino Religioso. Após a elaboração desse 
documento houve a necessidade de uma efetiva implementação e tal ação, foi 
desenvolvida através do processo de formação continuada denominada “DEB 
Itinerante”. Nome que se dá à ida dos técnicos do Departamento de Educação Básica 
aos 32 Núcleos Regionais de Ensino do Estado do Paraná para desenvolver oficinas 
nas quais se discutiam as Diretrizes Curriculares e práticas oriundas de tal 
perspectiva. Um dos principais elementos presentes nesse documento é a definição 
do objeto de estudo o Sagrado que possibilita o tratamento das diferentes 
manifestações religiosas sem que ocorra o tratamento privilegiado de uma religião em 
detrimento de outra. Neste documento o Ensino Religioso tem como intenção superar 
o próprio processo histórico de proselitismo ao apresentar a disciplina enquanto forma 
de abordar a religião como conteúdo escolar. 
 
23 
 
 
Palavras-chave: Diretrizes Curriculares, Ensino Religioso, Sagrado. 
9 INTRODUÇÃO 
 O Ensino Religioso em boa parte da história da educação brasileira foi 
desenvolvido de forma confessional e catequética. Existiram outras concepções, 
porém mesmo que as orientações tenham um cunho a confessional a prática não 
acompanhava, e em muitos lugares ainda não acompanha, tais orientações. Uma 
orientação importante no processo de constituição de um Ensino Religioso laico é a 
concepção presente nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e 
correção, em 1997, pela Lei 9.475 que em seu artigo 33 da LDBEN, diz: 
 
 Art. 33 – O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da 
formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de Educação Básica assegurado o respeito à diversidade 
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. 
§1º – Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a 
definição dos conteúdos do Ensino Religioso e estabelecerão as normas para 
a habilitação e admissão de professores. 
§2º – Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas 
diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do 
ensino religioso. 
Assim com o intuito de atender a LDB, os profissionais responsáveis pela 
disciplina na rede pública estadual do Paraná, com demais entidades que se 
preocupam com o Ensino Religioso, repensaram as fundamentações 
teóricas, os conteúdos desenvolvidos em sala de aula, a metodologia de 
ensino, e elaboraram as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. 
Esse artigo tem como objetivo apresentar o processo de construção e o início 
da implementação das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso nas escolas 
públicas do Estado do Paraná. O recorte parte da aprovação da Deliberação 03/02 do 
Conselho Estadual de Educação, em 2002 aprovou e regulamentou o Ensino 
Religioso nas Escolas Públicasdo Sistema Estadual de Ensino do Paraná. 
A partir daquela deliberação o Ensino Religioso passou a ser uma disciplina de 
oferta obrigatória nos horários normais em sala de aula nas escolas públicas do 
Estado do Paraná, mas de frequência facultativa ao aluno. A Secretaria de Estado da 
 
24 
 
Educação (SEED), por sua vez, elaborou a Instrução Conjunta n. 001/02 do 
DEF/SEED, que estabeleceu normas para o ensino desta disciplina. 
Em 2003 iniciou-se o processo de repensar a proposta curricular da disciplina 
de Ensino Religioso de modo a superar a tradicional aula religião. Um dos 
encaminhamentos utilizados para superar a tradicional catequese foi o processo de 
formação continuada de professores envolvidos em encontros, simpósios e grupos de 
estudos para desenvolver uma proposta que contemplasse o respeito a diversidade 
religiosa. As discussões realizadas nesses eventos fundamentaram o processo de 
construção coletiva das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. 
A partir desses encontros e discussões foi encaminhado ao Conselho Estadual 
de Educação um questionamento que propiciou a aprovação da Deliberação 01/06 de 
10 de fevereiro de 2006 estabelecendo normas para a disciplina de Ensino Religioso, 
o repensar no objeto de estudo, como também, o compromisso do Estado na formação 
continuada dos docentes. (DCE de Ensino Religioso, 2008 p. 45) 
10 AS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS PARA O ENSINO RELIGIOSO 
Na perspectiva de trabalhar o Ensino Religioso superando a tradicional aula de 
religião e consolidar a proposta de uma disciplina que possibilite a identificação, o 
conhecimento e o entendimento da diversidade cultural e religiosa do ser humano, 
nas Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso apresentam como objeto de estudo o 
Sagrado. 
Tal concepção de Sagrado apresentado nas Diretrizes Curriculares de Ensino 
Religioso possibilita ao professor trabalhar as diferentes manifestações religiosas 
inclusive com as religiões que não se organizam como instituições. 
“Etimologicamente, o termo Sagrado se origina do termo latim sacrátus e do 
ato sagrar. Como adjetivo, refere-se ao atributo de algo venerável, sublime inviolável 
e puro”. (DCE, 2008 p. 48). Para Eliade, que fundamenta teoricamente as Diretrizes 
Curriculares de Ensino Religioso, o Sagrado é uma experiência denominada de 
hierofania, ou seja, “a manifestação de algo “diferente' – de uma realidade que não 
 
25 
 
pertence ao nosso mundo – em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo 
“natural”, “profano”. (ELIADE, 2001 p. 17). 
Assim, ao definir o Sagrado como objeto de estudo o professor tratará as 
manifestações religiosas como conhecimento e a sua função nos diversos grupos 
humanos, pois, a religião contribui para o processo civilizatório da humanidade. 
O espaço e o sentido do Sagrado, não se constituem, no entendimento dessas 
diretrizes, omo um a priori. Ao contrário, no contexto da educação laica e republicana, 
as interpretações e experiências do Sagrado devem ser compreendidas 
racionalmente como resultado de representações construídas historicamente no 
âmbito das diversas culturas e tradições religiosas e filosóficas. Não se trata, portanto, 
de viver a experiência religiosa ou a experiência do Sagrado, tampouco de aceitar 
tradições, ethos, conceitos, sem maiores considerações, trata-se antes. De estudá-
las para compreendê-las e problematiza-las. (DCE p. 48). 
A partir do esquema abaixo, podemos compreender de que maneira a disciplina 
de Ensino Religioso se apresenta como área de conhecimento, pois os conteúdos são 
a própria expressão do Sagrado e são nesses conteúdos que o Sagrado se manifesta. 
 
 
26 
 
 SAGRA
 
DCE Ensino Religioso, 2008. 
O esquema acima ilustra que o tratamento a ser dado aos conteúdos 
estruturantes nunca deve ser estanque. Portanto, os conteúdos estruturantes: 
Paisagem Religiosa, Universo Simbólico Religioso e Texto Sagrado não devem ser 
entendidos isoladamente, pois quando o professor prepara aula pensando nos 
conteúdos básicos ele estará automaticamente trabalhando com esses três conteúdos 
estruturantes. Podemos citar como exemplo as pirâmides, que tiveram a função de 
paisagem religiosa porque em tal local foram enterrados os faraós, além de todo um 
significado simbólico pela sua própria forma estruturada para ascensão ao céu e de 
texto sagrado por ser o local onde se encontram os registros. 
No 5ª/6º ano, o primeiro conteúdo básico trabalhado é organização religiosa o 
aluno estuda a estrutura da religião e o seu processo de institucionalização. Também, 
os papéis dentro do sistema religioso, para depois avançar para lugares sagrados 
onde ocorre as diferentes manifestações religiosas, os textos sagrados orais ou 
DO 
Conteúdos ntes Estrutur
a 
O 
SIMBÓLI UNIVERSO 
GIOSO R
ELI 
P
AIS 
AGEM 
R
ELI 
GIOSA 
TEXTO SAGRADO 
Conteúdo 
s 
s Básic 
 5ª série 
 Organizações Religiosas 
Lugares Sagrados 
Textos Sagrados orais ou 
 Escritos 
Símbolos Religiosos 
ª série 
 Temporalidade Sagrada 
Festas Religiosas 
 Ritos 
Vida e Morte 
 
27 
 
escrito expressam, asseguram e guardam os ensinamentos da religião e como último 
conteúdo o aluno conhecerá os aspectos simbólicos que envolve as diferentes 
manifestações religiosas. 
Na 6ª/ 7º ano, o conteúdo inicial é a temporalidade sagrada, onde o aluno 
entenderá de que maneira as religiões explicam a criação do mundo. Ainda neste 
conteúdo o professor poderá compreender as diferentes formas de contagem do 
tempo através dos calendários de comemorações, as festas religiosas e sua função 
social, os ritos que aproximam o homem religioso com o divino e fazem reviver as 
manifestações sagradas e o conteúdo vida e morte em que as religiões dão 
explicações do que acontecerá com o homem após a morte. 
Todos os conteúdos apresentados podem ser desenvolvidos em qualquer 
manifestação religiosa. Assim, o professor desenvolverá os conteúdos do Ensino 
Religioso em consonância com o processo histórico. 
11 FORMAÇÃO CONTINUADA – DEB ITINERANTE 
A Secretaria de Estado da Educação (SEED) conforme previsto na LDB tem o 
dever de propiciar aos professores da rede estadual pública momentos de formação 
continuada, nesse artigo relataremos o que foi o DEB Itinerante de Ensino Religioso 
que aconteceu entre os anos de 2007 a 2008. Essa formação continuada foi um 
momento em que as escolas estaduais pararam suas atividades normais, durante dois 
dias, para refletir e discutir possibilidades de implementação das Diretrizes 
Curriculares. 
O DEB Itinerante foi realizado nas próprias escolas e estruturado em oficinas 
com máximo de 40 professores. Era de responsabilidade dos técnicos pedagógicos 
do Departamento de Educação Básica (DEB) ministrarem as oficinas que tinham 
como foco estudar conteúdos de fundamentação da disciplina, possibilidades de 
práticas pedagógicas e colocar as Diretrizes Curriculares em ação. 
O DEB Itinerante foi um projeto de formação continuada descentralizada, com 
os eventos sediados nos 32 Núcleos Regionais de Educação, possibilitando 
o contato direto da Secretaria de Estado da Educação por meio do 
Departamento de Educação Básica com todos os professores de todas as 
 
28 
 
disciplinas da Rede Estadual de Educação, o formato foi realizado através de 
oficinas disciplinares e oficinas com equipes pedagógicas. As oficinas 
disciplinares trabalham na perspectiva da efetivação das Diretrizes 
Curriculares Estaduais nos Projetos Político Pedagógicos e nos Planos de 
Trabalho Docente. Nesse sentido, são discutidos os conteúdos estruturantes, 
básicos e específicos de cada disciplina, além de se abordarem o uso e a 
produção de materiais didáticos e a utilização das novas tecnologias em sala 
de aula. Contribuindo assim, para a qualidade do ensino das Escolas Públicas 
do Estado do. 
Paraná.(http://www.diaadia.pr.gov.br/deb/modules/conteudo/conteudo.php?O DEB Itinerante de Ensino Religioso apresentou características específicas, 
pois na maioria dos casos, os professores não possuíam formação e não eram 
concursados na disciplina de Ensino Religioso. 
As oficinas de Ensino Religioso eram iniciadas com a discussão das Diretrizes 
Curriculares de Ensino Religioso através da problematização: “Se o fenômeno 
religioso pertence a vida, e portanto, deve participar da formação básica do cidadão 
de que forma ela deve ser trabalhado e estudado em sala de aula? ” 
Em primeiro momento os professores entendiam e aceitavam que a nossa 
sociedade é composta pela diversidade cultural e religiosa, porém, na sua prática 
escolar nem sempre isso era possível perceber, pois a justificativa se dava “meus 
alunos 99% são cristãos” primeiramente a compreensão de cristão estava limitada 
entre católicos e evangélicos, segundo o 1% dos demais alunos eram excluídos. 
Como forma de fortalecimento as DCE de Ensino Religioso e para os 
professores perceberem que tal proposta não está em desacordo com as demais 
discussões nacionais, era apresentado o vídeo “Diversidade religiosa e direitos 
humanos”. Neste vídeo, um dos aspectos centrais tratado era a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, promulgada em 1948, que afirma em seu XVIII artigo o 
seguinte: 
Toda a pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e 
religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a 
liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo 
culto e pela observância isolada ou coletivamente, em público ou em 
particular. 
Após apresentação inicial das leis que garantem o respeito à diversidade 
religiosa, os professores tiveram então contato com as Diretrizes Curriculares de 
 
29 
 
Ensino Religioso. A discussão em torno deste documento seguiu a seguinte ordem: 
dimensão histórica da disciplina, fundamentos teórico-metodológicos, conteúdos 
estruturantes e conteúdos básicos, encaminhamentos metodológicos e sistema de 
avaliação. 
Na discussão relativa a dimensão histórica foi dada a possibilidade ao 
professor de compreender que a disciplina de Ensino Religioso sempre esteve 
presente nos currículos escolares mesmo assumindo posturas legais e pedagógicas 
diferentes. Mesmo não tendo essa denominação, o Ensino Religioso se faz presente 
na educação brasileira no período jesuítico. É a primeira forma de uma educação 
catequética e de imposição de uma religião através do documento Ratio Studiorum. 
Em seguida foram apresentados outros períodos para o entendimento do 
processo de constituição da disciplina de Ensino Religioso até as orientações atuais. 
Ao estudar o processo histórico o professor pode entender os motivos da disciplina 
ser facultativa para o aluno e não ser objeto de aprovação ou reprovação. 
Na fundamentação teórica encontramos os motivos pelos quais a religião e o 
conhecimento religioso devem estar presentes no espaço escolar e assim 
desenvolvidos como conteúdo não dissociados da cultura, da economia, da política e 
do social. Segundo Costella, 
 [...] não pode prescindir da sua vocação de realidade institucional aberta ao universo da 
cultura, ao integral acontecimento do pensamento e da ação do homem: a experiência religiosa faz 
parte desse acontecimento, com os fatos e sinais que a expressam. O fato religioso, como todos os 
fatos humanos, pertence ao universo da cultura e, portanto, tem uma relevância cultural, tem uma 
relevância em sede cognitiva. (2004, p. 104) 
Os conteúdos estruturantes e básicos possibilitaram desenvolver trabalhos 
relacionados com a própria prática pedagógica do professor, pois, além da definição 
de cada um dos conteúdos eram apresentadas possibilidades de desenvolvimentos 
em sala de aula, sempre contemplando a diversidade religiosa. 
Os técnicos pedagógicos possíveis recursos para a efetivação dessa proposta, 
como por exemplo, o Caderno Pedagógico de Ensino Religioso (“O Sagrado no 
Ensino Religioso”), a Biblioteca do Professor, os Folhas Publicados, o Portal da 
Educação e também o Livro Didático Público de Ensino Religioso em processo de 
finalização. 
 
30 
 
No encaminhamento metodológico era apresentada as possibilidades de 
trabalho relativos aos conteúdos básicos e a necessidade de se partir do 
conhecimento prévio dos alunos. 
A avaliação gerava polêmica pela particularidade da disciplina que não 
constitui objeto de aprovação ou reprovação. Nesse momento era necessário fazer 
menção ao próprio processo histórico da disciplina que legalmente afirma ser o Ensino 
Religioso parte da formação do cidadão, porém de frequência facultativa para o aluno 
mesmo sendo ministrada em horários normais nas escolas públicas. 
As orientações dos procedimentos avaliativos ocorriam mesmo a disciplina não 
sendo objeto de reprovação, pois isso, não tira a responsabilidade do professor em 
avaliar e de estabelecer critérios de avaliação e o registro das práticas escolares. 
Após todo o estudo das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso entendendo 
que depois dessa discussão os professores passaram a ter conhecimento do 
documento que concebe e orienta a disciplina de Ensino Religioso no estado, partimos 
para o momento de implementação e efetivação das Diretrizes Curriculares de Ensino 
Religioso através da aula simulada. 
A aula simulada foi produzida somente com materiais disponíveis ao professor 
da rede, Folhas publicado no portal, Caderno Pedagógico de Ensino Religioso, TV 
Multimídia (música, vídeos e imagens) que foram baixados através do Paraná Digital. 
Aula simulada foi desenvolvida a partir do Folhas “Onde podemos encontrar 
o Sagrado? ” Com a intenção de propor um material possível de utilização em sala 
de aula e que segue as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. 
11.1 A aula simulada: 
Primeiramente, era apresentada, através da TV multimídia, a imagem baixo: 
Em seguida com a imagem na TV Multimídia era contada a história de 
Mariazinha: 
Toda vez que alguém bronqueava com Mariazinha, ela saía correndo e subia 
no “morro da pedra bonita”. Era um lugar no alto de um morro em que havia uma pedra 
grande de onde podia se ver toda a cidadezinha. Para ela, aquele lugar era sagrado. 
 
31 
 
Lá ela se sentia segura, ficava observando de cima toda a cidade e parecia que estava 
olhando para si mesma e aos poucos ia se acalmando. 
Após a historinha trabalhamos com as seguintes problematizações: 
Mas o que é um lugar sagrado? Quais são as características de um lugar 
sagrado? O que faz com que um lugar seja considerado como sagrado? 
A partir desses questionamentos os professores explicitavam suas 
compreensões desses conceitos e o grupo aprofundava as discussões sobre os 
lugares sagrados para algumas manifestações religiosas. Entre os lugares sagrados 
foram trabalhadas as pirâmides para o Egito, as cidades sagradas como Meca e 
Jerusalém, o Terreiro, o rio Ganges e os cemitérios. 
Após a apresentação desses Lugares Sagrados os professores concluíam que 
Lugares Sagrados são diferentes nas manifestações religiosas, mas o que torna um 
lugar sagrado é a identificação e o valor que o grupo atribui a ele. Para encerrar essa 
parte da oficina apresentava-se a música a Casinha Branca e os professores tinham 
que articular o conteúdo Lugares Sagrados com a letra dessa música. Depois tinham 
que pensar em encaminhamentos metodológicos para o trabalho desse conceito com 
os alunos. 
Além desse recurso foram também passados vídeos sobre Lugares Sagrados, 
todos devidamente explorados de acordo com o tema dos filmes. 
O Ensino Religioso no seu processo histórico passou por diversos períodos que 
muitas vezes não se levava em conta à diversidade religiosa existente no Brasil. A 
partir da separação do Estado da Igreja no período da República é que se começam 
movimentos para um Ensino Religioso a confessional. 
Essa separação ea tentativa de superar as aulas tradicionais de religião se 
concretizam no artigo 33 da LDBEN que estabelece o Ensino Religioso como uma 
disciplina escolar nos horários normais das escolas públicas estaduais. Por isso a 
Secretaria do Estado do Paraná a partir de 2003 vem trabalhando na construção e 
implementação das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso a fim de consolidar os 
conteúdos escolares dessa disciplina como conhecimento sobre o sagrado nas mais 
diversas manifestações religiosas. 
 
32 
 
A disciplina de Ensino Religioso é componente do currículo escolar no Estado 
do Paraná e é tratada, pedagogicamente como qualquer outra disciplina de maior 
tradição. Isso se comprova na importância dada à construção do documento de 
orientação, como também, no processo de formação continuada e elaboração de 
materiais didáticos voltados aos professores que ministram essa disciplina. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
BRASIL, Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997. 
COSTELLA, D. O fundamento epistemológico do ensino religioso. In: JUNQUEIRA, 
S.; WAGNER, R. (Orgs.) O ensino religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. 
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Ensino 
Religioso. Curitiba, 2008. 
ELIADE, M. O Sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 
GIL FILHO, S. F.; ALVES, L. A. S. O Sagrado como foco do Fenômeno Religioso. In: 
JUNQUEIRA, S. R. A.; OLIVEIRA, L. B. de (Org.). Ensino Religioso: memórias e 
Perspectivas. 1 ed. Curitiba: Editora Champagnat, 2005, v. 01, p. 51-83. 
 
 
33 
 
12 LEITURA COMPLEMENTAR 
13 ENSINO RELIGIOSO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PESSOA 
Maria Judith Sucupira da Costa Lins 
Professora adjunta da Faculdade de Educação da UFRJ 
mariasucupiralins@terra.com.br 
13.1 RESUMO 
Este artigo focaliza o ensino religioso nas escolas como um fator do 
desenvolvimento pessoal. Não há intenção de descrever nenhuma religião em 
particular. O objetivo deste artigo é mostrar como é importante para as crianças e para 
os jovens que tenham a oportunidade de receberem ensino religioso nas escolas. 
Referências bibliográficas mostram que o ensino religioso é um tópico de interesse 
aos educadores em diferentes países. Foi descrito que o ensino religioso é também 
um componente para o desenvolvimento social, cognitivo, emocional e moral dos 
estudantes. É também sugerido que este artigo deva ser continuado por pesquisas. 
Palavras-chave: Ensino religioso; Desenvolvimento humano; Formação da 
pessoa; Escola; Religião 
14 INTRODUÇÃO 
Dentre os diversos fatores referentes ao desenvolvimento integral da pessoa, 
consideraremos neste artigo apenas a questão da aspiração a uma religião. Supondo 
que a adesão a uma religião seja um dos fatores do desenvolvimento integral da 
pessoa, passamos a pensar sobre o ensino religioso e seu papel neste 
desenvolvimento. 
Por que ensino religioso? Esta é a pergunta fundamental que norteará nossa 
reflexão. Procuraremos analisar o papel da religião no desenvolvimento de uma 
mailto:mariasucupiralins@terra.com.br
 
34 
 
pessoa, buscando entender o significado desta para a sua vida. O que significa a 
religião na totalidade do ser humano? Uma vez considerando o papel da religião, 
entende-se que se faz necessário o ensino religioso? 
Poderíamos iniciar tomando como referência estudos teóricos e especulativos 
sobre o assunto, mas preferimos começar pela observação das idéias presentes no 
documento sobre ensino religioso da Secretaria de Estado de Educação e Cultura do 
Rio de Janeiro, elaborado na gestão da professora Myrthes Wenzel (Secretaria s/d) 
no final da década de 70, destacando a seguinte: “A Educação Religiosa é um grande 
fator de liberação e de humanização dos educandos, pois contribui essencialmente 
para a compreensão do mundo e da vida à luz da fé” (Secretaria, p.15). 
Partimos da hipótese de que, além de outros fatores, para que aconteça o 
desenvolvimento integral da pessoa, pressupõe-se a existência da religião, e, para 
que esta aconteça, faz-se necessário o ensino religioso. Este artigo resulta de 
pesquisa bibliográfica, não sendo resultado de investigações de campo. 
Consideramos o desenvolvimento da pessoa tendo em conta a religião como 
um de seus componentes, conforme autores de psicologia infantil e da adolescência, 
entre os quais podemos citar Erikson (1971), Hurlock (1979) e Giussani (1995). Na 
realidade, quando afirmamos que o ensino religioso é um dos fatores presentes no 
desenvolvimento integral da pessoa, estamos apontando o voltar-se para a religião 
como este fator. Assim é que afirma Giussani, em outra obra (1998, p. 26): 
O aspecto da experiência que melhor indica isto está no fenômeno da exigência 
(grifo do A.) humana, indestrutível, seja como busca e afirmação do questionamento 
intelectual último (que sentido tem o mundo? Qual é o destino do homem e de tudo?), 
seja como urgência existencial (amor, justiça e felicidade). 
Como alguém chega a perceber a presença da religião em sua vida? Qual o 
reconhecimento da importância da vivência religiosa na vida de uma pessoa? 
A fé é o elemento primordial, no entanto esta não sobrevive sem um contínuo 
fortalecimento, o qual será, em parte, favorecido pelo ensino religioso. Lembremo-nos 
ainda de que “a razão humana, considerada sem alguma relação com Deus, não é 
suficiente por suas forças naturais apenas para procurar o bem dos homens e dos 
povos”, conforme explica Maritain (1930, p. 52). 
 
35 
 
Tratando-se de um artigo especificamente de educação, não faremos aqui 
nenhum estudo de cunho teológico, pois este é outro campo de estudo. Além disso, 
nenhuma religião em particular será analisada. Estamos também longe de qualquer 
discurso sobre a fé. O que está sendo posto como problema é a importância do ensino 
religioso no desenvolvimento integral da pessoa, tomando-se como hipótese a 
resposta positiva. 
A idéia básica está exatamente na relação entre educação e ensino religioso, 
sempre se entendendo este como organização sistemática visando a aprendizagem 
de uma religião que já está anteriormente presente, mesmo que de forma primária, na 
criança e no jovem, principalmente por imitação do que acontece na família. Na 
criança, que ainda não tem a capacidade de decidir, a religião está presente por 
orientação dos seus pais. Não é uma criança que escolhe uma religião, de modo que 
é possível que a partir da juventude esta venha a abandonar a religião dos pais, 
trocando-a por outra ou deixando de ter fé em qualquer religião. 
As verdades consideradas essenciais de cada religião são apresentadas pelos 
pais ou outros parentes, incluindo-se os próprios ritos de iniciação, particulares a cada 
credo professado por estes. Na adolescência ocorre o contrário, quando o jovem 
começa a se descobrir como alguém independente, iniciando-se um período de 
grandes controvérsias (ERIKSON, 1976). Em seus estudos sobre a personalidade do 
jovem, incluiu a questão da religião ao analisar a construção da identidade. 
Nosso objetivo é discutir se existe a presença de uma aspiração religiosa que 
faça parte integrante do desenvolvimento da pessoa. Como estaremos restritos a este 
objetivo, não abordaremos o conteúdo do ensino religioso, nem suas modalidades, 
prescrições, métodos, especificações ou qualquer outro tema específico. Nosso 
interesse está na preocupação que o ser humano tem com as perguntas sobre sua 
vida, suas indagações, na medida em que estas ultrapassam o plano filosófico e 
ganham uma outra dimensão, exatamente, a dimensão religiosa. Que dimensão é 
esta? 
Quais são as inquietações do ser humano que podem ser identificadas como 
religiosas? Que inquietações são estas? Ou mais concretamente, há estas 
inquietações? 
 
36 
 
Todas estas perguntas surgem na introdução de modo a levar o leitor ao cerne 
do nosso debate. Encontramos, no levantamentobibliográfico realizado, elementos 
que são trabalhados nesta reflexão de modo a nos encaminhar para a análise da 
presença do ensino religioso no desenvolvimento integral da pessoa. Se há uma 
busca do fenômeno religioso, faz-se necessário o ensino religioso. 
A educação utiliza processos de aprendizagem. Uma pessoa se educa por 
meio de práticas de aprendizagem, intencionais ou não, sistematizadas ou não. É 
impossível se pensar em educação sem que haja aprendizagem, embora nem toda 
aprendizagem seja educação. A aprendizagem se expressa pela aquisição, retenção 
e generalização, conforme Lins (2004). 
Aprender a manipular uma seringa pode ter como finalidade a auto-aplicação 
de insulina, no caso de pessoas diabéticas, ou o uso de drogas. Neste caso, a 
finalidade da aprendizagem define o seu tipo. Isto se deve à aplicação de critérios de 
valores que modificam o significado de uma aprendizagem, tornando-a ou não 
educativa. Assim é que valores, princípios e outros critérios determinarão quais são 
as aprendizagens necessárias e pertinentes ao processo de educação, em oposição 
àquelas que desviam a pessoa do processo de aperfeiçoamento típico da atividade 
educativa. 
Esta explicação, fundamental para todos que se iniciam no problema da 
aprendizagem humana, por ser simples e clara, nos permite continuar a reflexão 
específica de nosso tema, entendendo-se que, ao se falar em ensino religioso, 
estamos necessariamente implicando uma aprendizagem religiosa. Dentro desta 
perspectiva, consideramos que a educação integral da pessoa se faz por meio de 
diferentes aprendizagens, incluindo-se entre as mais importantes aquelas 
proporcionadas pelo ensino religioso. 
Como o ensino religioso deve ou não ser proposto não é tema de nossa 
discussão neste artigo. A discussão está limitada ao desejo que nasce no ser humano 
de se voltar para um ser superior que o criou, Deus, o qual responde a diferentes 
denominações. Esta ligação estabelecida entre o ser humano e um Deus é a base, 
inclusive etimológica, da idéia de religião. Entende-se então que a reflexão própria a 
este artigo se limita à compreensão da aspiração do ser humano num plano que é 
 
37 
 
superior às suas capacidades mais elevadas, cognitivas, afetivas e sociais, ou seja, o 
plano da fé. Sim, porque fundamental a uma vontade religiosa está a fé. No ser 
humano a fé e a razão estão intimamente relacionadas, de modo que não se pode 
falar de uma sem outra. Por que fé? Porque toda religião pressupõe em primeiro lugar 
uma fé. 
O ensino religioso não tem a pretensão de fornecer fé, de espécie alguma, a 
ninguém. Entende-se a fé, segundo diferentes credos religiosos, como dom. É algo 
recebido gratuitamente. Há no ser humano um movimento de correspondência à fé, o 
que torna necessária a aprendizagem, e por isto o ensino. Deste modo, o ensino 
religioso se submete à fé. Razão e fé têm que estar vinculadas, pois o ser humano 
tem como característica a sua capacidade cognoscitiva. É na racionalidade que 
encontrará o caminho que será completado pela fé. Sobre estes aspectos veja- se a 
Encíclica de João Paulo II (1998), intitulada Fé e Razão. 
Partimos da hipótese de que o ser humano, mesmo que não tenha ainda 
claramente compreendido qual é o objeto da sua busca, volta-se para caminhos que 
lhe mostrem a fé em Deus. A partir desta hipótese, consideramos, em segundo lugar, 
que o ensino religioso fará parte integrante de seu desenvolvimento pleno, pois terá 
um papel central na consolidação desta fé. 
O tema aqui proposto é extremamente complexo. Trabalhando filosoficamente, 
permaneceremos muito mais no plano dos questionamentos do que de afirmativas, 
pois o espanto e a indagação nos guiarão nesta perspectiva. Se tivéssemos optado 
por uma metodologia teológica, a linha de pensamento seria outra, pois, mesmo 
havendo os questionamentos, a fé estaria como base para fornecer as respostas. 
A presente discussão é realmente uma das mais atuais, no plano filosófico, 
assim como em outras áreas, como a antropologia e a psicologia. Pessoas de todas 
as idades se referem à religião, de um modo ou outro, seja em conversas informais 
ou em estudos mais profundos. Crescem os grupos religiosos, as iniciativas sociais 
religiosas e diferentes denominações religiosas recentes mostram esta dinâmica em 
plano mundial. 
Trata-se de um assunto presente nas discussões contemporâneas, no mundo 
inteiro, no qual aumenta o número de pessoas que se auto- identificam como 
 
38 
 
seguidoras de uma religião. E ainda, mesmo os que não seguem uma religião 
estabelecida se definem como interessados em assuntos de religião para a sua 
própria vida. Há uma preocupação cada vez maior com a religiosidade, mesmo que a 
pertença e a obediência desta derivada não estejam presentes nos comportamentos 
das pessoas. 
Manifestações de diversas religiões conseguem agregar multidões. Meios de 
comunicação divulgam temas de religião; nos espaços reconhecidamente 
dispendiosos de rádios, jornais, revistas e TV assuntos de religião estão sempre 
presente. É inegável um movimento de busca de alguma coisa transcendental, mesmo 
que muitas vezes não se tenha consciência clara do que se quer. Por isso, o 
esclarecimento a ser dado pelo ensino religioso vem corresponder a esta ânsia do 
ser humano. Apesar disso, “A Europa, cristã apenas de nome, afinal de contas, já há 
quatrocentos anos tornou-se o berço de um neopaganismo que cresce sem solução 
de continuidade”. Como observava o então Cardeal Ratzinger (1974, p. 297) 
As controvérsias sobre o assunto evidenciam a necessidade de uma contínua 
discussão, de modo que não pretendemos com este artigo chegar a uma afirmativa 
conclusiva. 
15 ASPIRAÇÃO RELIGIOSA NO DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO 
O que mais chama a atenção no momento em que alguém se dispõe a analisar 
o problema aqui focalizado é a justificação da discussão sobre este por conta de sua 
abrangência, na medida em que visamos a análise do ser humano enquanto alguém 
que está em processo de desenvolvimento. A formação da pessoa, ou o tornar-se 
pessoa, incluirá a aprendizagem da questão religiosa. 
Nesta formação fornecida pelo ensino religioso não se pretende que uma 
pessoa se torne um teólogo, ou mesmo um especialista em religião, teórico ou 
pesquisador de categorias religiosas. Trata-se de não privar o sujeito de subsídios que 
devem fazer parte de sua formação visando o pleno desenvolvimento. Por que 
devem? Esta pergunta se volta para a questão da natureza humana e para as 
indagações filosóficas. 
 
39 
 
Analisando a filosofia da religião, Penna (1999, p. 27) faz o seguinte 
comentário: 
Sobre os efeitos produzidos pela presença da religiosidade na cultura e no 
próprio indivíduo, tanto os apontam os que operam no estrito domínio da 
filosofia da religião como os que se situam nas áreas da psicologia, da 
sociologia e de outras ciências sociais. Não custa recordar o registro, em 
espaço anterior, da função integradora especialmente realçada pelos 
sociólogos, bem como, num plano estritamente ético, a célebre advertência 
de Dostoievski quando apontou para o fato de que “se Deus não existe, então 
tudo se torna permitido”, consequência terrível, dado que, se tudo é permitido, 
a convivência humana se tornará impossível (1999, p. 27). 
Existe na natureza humana algo que faça a pessoa se voltar para uma religião? 
E se assim fosse, seria este um comportamento instintivo, mecânico, reativo a algum 
estímulo ou condicionado de qualquer forma? Ou qual seria a inspiração? Trata-se de 
uma atitude resultante de uma reflexão ou apenas de uma ação aleatória? 
Na natureza humana se insere uma busca por algo que o sujeito não 
compreende de imediato. Há que lhe ser ensinado o caminho, embora mistérios 
permaneçam sem solução, pois mistérios fazem parte da relação do ser humano com 
o divino. “Quanto mais o homem é religioso, mais ele é real”, afirma Mircesa Eliade(1959, p. 392), concluindo extensos estudos sobre as mais diversas religiões, 
comparando elementos míticos e de fé, analisando budistas e cristãos, observando 
manifestações profanas e sacras. Há valores fundamentais de espiritualidade que 
conferem ao ser humano uma forma especial de ser, manifestada em diferentes 
culturas. 
Quando nos perguntamos “por que o ensino religioso?”, “para que tal ensino?”, 
buscando motivos e finalidades, pensamos neste ser real que se desenvolve e que 
aperfeiçoa as suas capacidades iniciais, que transforma em capacidades suas 
virtualidades. Ensina-se algo que se considera importante para o educando aprender. 
A inclusão de um conteúdo de saber, de qualquer área, num currículo escolar deve 
ser consequência de uma rigorosa avaliação de sua importância. Quais são as 
contribuições que este conteúdo traz para o desenvolvimento da criança e do jovem? 
Também para o ensino religioso está pergunta deve ser feita. 
A escola é uma instituição social que tem, entre outras características, a 
promoção da formação e da informação dos alunos. Não pode fugir à sua vocação 
 
40 
 
específica de instituição social que busca o desenvolvimento pleno de todas as 
crianças, visando primordialmente sua socialização. O ensino religioso faz parte deste 
elenco, principalmente se entendermos a educação inserida numa cultura e a religião 
como um dos elementos da cultura. 
O que se faz preciso para se formar uma pessoa? O que promove seu 
desenvolvimento? 
A psicologia do desenvolvimento infantil nos informa, com abundantes 
pesquisas, tornando-se até mesmo um conhecimento já popularizado, que o bebê 
humano é dos mais frágeis, se não for mesmo o mais frágil, necessitando para sua 
sobrevivência de atenção e cuidados especiais. Do ponto de vista biológico, social, 
psicológico e espiritual, se faz necessário o encaminhamento de aprendizagens para 
que a criança se desenvolva plenamente. 
O que significa desenvolvimento espiritual? 
Como entendemos de desenvolvimento espiritual e religião? Ensino religioso 
promove desenvolvimento espiritual? 
Há uma participação do desenvolvimento espiritual no desenvolvimento pleno 
da pessoa? Em que o desenvolvimento espiritual interfere no desenvolvimento pleno 
da pessoa? 
Que tipo de pessoa se deseja? Quais são as finalidades da educação? 
Todas estas perguntas, e muitas outras mais, nos levam a prosseguir na 
análise do tema. Antes mesmo de chegarmos às respostas, observamos que o 
conteúdo das indagações se referem a estilos de vida das pessoas, ao seu 
comportamento e a sua maneira de ser. 
A religião pode ser entendida como o resultado de uma busca pela felicidade 
empreendida pelo ser humano. Maritain (1972, p. 122) dá o exemplo de uma religião, 
mostrando que o Bramanismo “é uma religião no sentido estrito de palavra (...) uma 
religião unicamente em virtude da sede do Absoluto”. Esta sede do Absoluto se 
manifesta de diferentes formas e algumas vezes não é compreendida pelo ser 
humano, que tenta então se satisfazer com outras respostas. 
Muitas vezes, procurando compreender o significado da religião na vida 
humana, se tende a buscar respostas que na realidade são muito mais ligadas à ética 
 
41 
 
e à educação moral do que ao ensino religioso. Há diferenças entre educação moral 
e ensino religioso? Por que educação moral não é suficiente? A aprendizagem das 
virtudes, do ponto de vista ético, já não seria suficiente? Um ensino de ética não 
substituiria o ensino religioso? 
Ética é uma prática social importante, considerando-se a sua origem no Ethos 
grego descrito por Aristóteles (utilizamos a tradução francesa de 1965), de modo que 
seja possível uma vida em harmonia. Tem uma enorme importância na vida política 
(polis) e resulta do exercício da virtude, como se pode aprender em sua obra básica 
sobre este tema, A Ética a Nicômaco. 
Uma religião, no entanto, não se resume à ética. Viver uma religião pressupõe 
uma adesão consciente que ultrapassa o cumprimento das virtudes e a vivência de 
valores que constituem a ética, compreendendo não só o aspecto místico, mas aliando 
a este a transcendência da relação com o divino. A religião, além de ser um fato 
integrante da formação plena da pessoa, estabelece ainda esta ligação com o ser 
divino, criador, de tal modo que as coisas passam a ser entendidas numa outra 
perspectiva. Mesmo que não queiramos aqui abordar esta outra perspectiva, 
consideramos importante afirmá- la para caracterizar a distinção entre ética e religião. 
Viver eticamente pressupõe um tipo de exigência diverso do que a vida entendida 
numa perspectiva religiosa, como salienta Bert (2000), comentando a relação entre as 
duas instâncias. 
Não desenvolveremos esta comparação, pois o tema específico aqui é outro; 
apenas tocamos neste ponto porque freqüentemente surge esta dúvida. De modo 
geral se observa uma confusão entre ética e religião, mesmo no meio de pessoas com 
níveis de escolarização mais altos. 
Voltando à nossa hipótese inicial, perguntamos: há um papel do ensino 
religioso no desenvolvimento do ser humano? 
A experiência religiosa se faz necessária, tanto do ponto de vista espiritual 
como do cognitivo, afetivo, social e moral, para que uma criança se desenvolva, é o 
que apontam pesquisas que analisaram escolas religiosas e não-religiosas, 
destacando-se a discussão apresentada por McKinney (2006). Vale também lembrar 
que as escolas públicas na Inglaterra, Alemanha, Canadá e França oferecem ensino 
 
42 
 
religioso, e as escolas particulares religiosas nestes países recebem subsídios do 
governo. No caso da Inglaterra, observe-se que “escolas Britânicas Anglicanas e 
Católicas são financiadas pelo estado e são parte do sistema escolar do estado” 
(IFNEC@ADMIN.HUMBERC.ON.CA). Pode-se também consultar a 
página: http://www.ofsted.gov.uk/publications, na qual se encontra informação sobre 
o ensino religioso na Inglaterra. 
Quanto ao Canadá, mesmo havendo as províncias de origem inglesa e 
francesa, a informação que se tem é de que “religião é freqüentemente parte de todas 
as escolas no Canadá”, segundo Goodman (1999). 
Também na Holanda, país reconhecidamente de atitudes laicas, isto acontece, 
de modo que: 
O sistema escolar holandês atual consiste de escolas públicas e 
predominantemente neutras ao lado de escolas privadas e amplamente 
confessionais. Ambas as formas de educação são totalmente subsidiadas 
pelo governo desde a revisão da Constituição em 1917 e a Lei de Educação 
de 1920 (WINGERDEN, 2003, p.27). 
Estudo de Gardner, Cairns e Lawton (2005) discute a questão das chamadas 
escolas religiosas, os posicionamentos da sociedade em relação a estas, o que há 
de consenso e o que existe de conflito, mostrando sua importância no 
desenvolvimento da pessoa. O ensino religioso aparece como uma preocupação das 
famílias a ser garantida nas escolas que estas escolhem. 
Mesmo que alguém, chegando à idade adulta, resolva abandonar a fé de sua 
infância, ou mesmo que na adolescência deixe para trás os ensinamentos, a sua 
personalidade poderá ser mais ampla em sua construção pelo que recebeu no ensino 
religioso, é o que se pode inferir dos citados estudos. De maneira geral se tende a 
pensar que os jovens estão arredios à Religião, ou que não têm preocupação religiosa, 
mas as pesquisas atuais mostram que uma mudança neste aspecto está ocorrendo. 
Citamos, por exemplo, que: 
(...) adolescentes americanos não são tão hostis em relação à religião 
organizada como os pesquisadores pensavam, de acordo com um recente estudo 
conduzido na Universidade de Norte Carolina em Chapel Hill. O Estudo Nacional de 
Juventude e Religião descobriu que cerca de dois terços dos norte-americanos da 12a 
http://www.ofsted.gov.uk/publications
 
43 
 
série escolar dizem que não se sentem alienados em relação à religião organizada. 
Somente 15% disseram que se sentem hostisem relação à religião estabelecida, 
enquanto outros 15% disseram que não têm nenhum sentimento sobre o assunto 
(RELIGION JOURNAL, 2004). 
Uma das principais idéias apontando para o fato de que o ensino religioso tem 
sentido para a vida do ser humano se expressa na afirmativa da existência de Deus 
feita por cientistas de diferentes áreas do conhecimento. Em um documento alemão, 
são muitos os citados, mas não nos estenderemos repetindo a enorme lista de 
cientistas e seus depoimentos, apenas alguns, como Max Planck (1858-1947) 
relatando a relação entre religião e ciência natural, afirma que não há oposição, “pelo 
contrário, elas se completam e se ligam. Deus está no início de tudo para quem crer, 
e para o físico, no fim de todas as reflexões”. Ou ainda o cientista Von Braun (1912-
1977): “Ciência e Religião são irmãs e não oponentes” (Katholik Junge Gemeid, s./d., 
p.6). 
Muitos estudos estão em progresso atualmente sobre a importância do ensino 
religioso no desenvolvimento da pessoa, tais como o realizado por Nicholas 
Commons-Miller, James Day and Michael Lamport CommonsI (2006), referente aos 
estágios neoPiagetianos do desenvolvimento cognitivo e o comportamento religioso. 
(Commons@tiac.net - http://dareassociation.org/). 
A dinâmica entre a escola e a cultura, principalmente no sentido de que a 
cultura é a premissa educativa e não resultado desta, traz também a reflexão sobre o 
lugar das formas culturais no âmbito do ensino, de modo que a educação responda a 
estas exigências, como bem destaca Giussani, “é o itinerário de experiência que a 
educação propõe” (1995, p. 136). E este itinerário de experiência, é para o autor, a 
experiência completa de vida a partir do encontro fundamental com a pessoa divina, 
origem da perspectiva religiosa. Uma escola não pode se furtar a esta missão. Dentre 
suas responsabilidades, tanto de informação como de forma ção, o ensino religioso 
se faz presente. 
mailto:(Commons@tiac.net
http://dareassociation.org/)
 
44 
 
16 REFLEXÕES FINAIS 
Quando se pretende estabelecer a importância do ensino religioso, de modo 
algum o proselitismo está presente. Como lembra Santoro (2003, p.9): 
Afirmar a natureza confessional do ensino religioso, longe de ser um 
obstáculo, é um fator de crescimento do movimento ecumênico e do diálogo 
inter- religioso. Todas as confissões religiosas têm o direito de comunicar a 
sua visão cultural às novas gerações por meio do ensino, desde que sejam 
reconhecidas e credenciadas. 
A questão do ensino às novas gerações reflete os problemas do 
desenvolvimento humano. 
Erikson, do ponto de vista psicanalítico e cultural, realizou extensas pesquisas 
sobre os progressivos estágios do desenvolvimento da maturidade da pessoa, desde 
a infância até a idade adulta. Dentre suas conclusões, observa o seguinte: “Temos 
relacionado a confiança básica com a instituição da religião” (1971, p.234). 
Lembremo-nos que, para este autor, a expressão “confiança básica” designa a 
primeira etapa psicossocial a ser construída pela personalidade, além de que não 
significa um degrau abandonado posteriormente, mas algo fundamental 
continuamente conquistado pela personalidade madura. 
Indo mais além, vejamos as contundentes anotações de Viktor Frankl, médico, 
psiquiatra, sobrevivente de Auschwitz, que, narrando os horrores do campo de 
concentração e observando o comportamento dos prisioneiros, afirma que o 
significado que se confere à própria vida fazia diferença entre estes homens e 
mulheres torturados e humilhados. O aspecto religioso da vida de cada um deles 
sobressaia em sua maneira de enfrentar as situações extremas contra a dignidade 
humana as quais eram obrigados a suportar. A leitura de sua obra fundamental nos 
leva a inferir a necessidade crucial do ensino religioso, não como uma história da 
religião ou como uma doutrinação, mas como uma possibilidade que se abre ao aluno 
para sua reflexão pessoal. Como um horizonte novo que se lhe oferece caminhos 
abertos à sua escolha. Esta é a idéia do autor, principalmente por ter constatado que 
“uma vez que a busca de sentido por parte do indivíduo é bem sucedida, isto não só 
 
45 
 
o deixa feliz, mas também lhe dá capacidade de enfrentar sofrimento” (Frankl, 1987, 
p.151). 
Os conhecidos estudos realizados por Kohlberg (1981) sobre o 
desenvolvimento da ética e da moralidade e as perspectivas da educação moral, 
elaborados principalmente a partir de pesquisas empíricas com a aplicação de 
problemas que se constituíam em dilemas levaram o autor a estabelecer um quadro 
evolutivo com níveis que se superpõem hierarquicamente. Estes níveis partem do 
mais elementar, no qual a criança age para fugir da punição ou para obter uma 
recompensa até o sétimo nível do exercício livre da justiça e da preocupação 
social/ética/moral, com a conotação religiosa bastante forte. 
Seus últimos estudos apontam para um oitavo nível, que seria caracterizada 
por uma espiritualidade e que resultaria da aprendizagem decorrente da percepção 
religiosa da vida. O ensino religioso encontra nas pesquisas de Kohlberg um forte 
respaldo, salientando-se que em nenhum momento este aponta para alguma religião 
em particular, mas para o papel da religião na capacidade do indivíduo de resolver 
dilemas da vida diária. 
Podemos concluir que o ensino religioso tem um lugar importante no 
desenvolvimento integral da pessoa, principalmente quando se sabe que se faz 
necessário o pleno desabrochar vocacional de cada indivíduo. Neste sentido é que 
mais se entende a proposta de que há uma vocação da humanidade para transformar 
o mundo e há uma vocação de todo ser humano para a vida divina. As duas, como 
vimos, são intimamente ligadas: a transformação do mundo condiciona para um 
grande número, numa ampla medida, o acesso à vida divina, e, sem uma vida de fé, 
a humanidade desespera pela transformação do mundo (SUAVET, 1959, p. 101) 
Não podemos, no entanto, nos esquecer da liberdade das pessoas, de modo 
que “A pluralidade da sociedade nos mostra a necessidade da convivência das 
pessoas filiadas a diferentes grupos religiosos. Não se pode pretender a arbitrariedade 
de um ensino religioso único para todos” (LINS, 2004, p. 3). Esta é uma exigência 
fundamental para que não se caia numa intolerância e numa forma de preconceitos e 
também de perseguições. O respeito à consciência livre da cada um é portanto fim e 
base do ensino religioso. 
 
46 
 
O compromisso da escola com o desenvolvimento pleno da pessoa engloba 
diferentes aspectos, desde os especificamente individuais a todos os relacionamentos 
sociais. Além da excelência de ensino, do ponto de vista científico-técnico, da 
informação atualizada e das pesquisas das diferentes áreas de conteúdo do saber, há 
que se proporcionar ao indivíduo em formação o ensino religioso, como um dos 
pontos fundamentais de sua escolarização. O ensino religioso não é algo distanciado 
desta realidade, pois sua proposta coincide exatamente com esta dupla formação para 
a criança e para o jovem, não excluindo a alta qualidade que deve ser meta da escola. 
Devido à complexidade do tema deste artigo, observa-se que na maioria das 
vezes as perguntas ficaram sem resposta. É importante, pois, que pesquisas 
abordando a questão do ensino religioso possam continuar a proposta aqui 
apresentada. De modo algum pretendíamos concluir este estudo de forma fechada, 
pelo contrário, abrimos novos caminhos para reflexão e constante indagação. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ARISTÓTELES – tradução de 1963 – Ethique a Nicomaque – Ed. Flammarion 
- Paris BERT,Jonathan – 2000 - Como poderia a ética depender da religião ? in 
SINGER,Peter (ed) – How could Ethics depend on Religion? Companion to Ethics - p. 
525- 533Part VII – Challenge and Critique TRADUÇÃO: Maria Judith Sucupira da 
Costa Lins- Revista ETHICA - Cadernos Acadêmicos - v. 7- n.2 - 2000 - UGF - p.21-
36 
ELIAD, Mircea – 1959 – Traité

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