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1 SUMÁRIO 1 O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO ................. 3 2 LEGISLAÇÃO QUE DEFINE O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO ..................................................................................................... 4 2.1 Objetivo do Ensino Religioso .............................................................. 6 2.2 Eixos e Conteúdo do Ensino Religioso............................................... 6 2.3 Culturas e Tradições Religiosas ......................................................... 6 3 ESCRITURAS SAGRADAS E/OU TRADIÇÕES ORAIS .......................... 7 4 Teologias .................................................................................................. 8 4.1 Ritos ................................................................................................... 8 4.2 Ethos .................................................................................................. 9 5 COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGENS ................................................ 11 5.1 O Que São Textos Sagrados ........................................................... 13 6 ALGUNS ENSINAMENTOS ÉTICOS NOS TEXTOS SAGRADOS ........ 15 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 20 7 ARTIGO COMPLEMENTAR ................................................................... 22 8 AS DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO RELIGIOSO DO ESTADO DO PARANÁ COMO DOCUMENTO DE CONCEPÇÃO E ORIENTAÇÃO ............. 22 9 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 23 10 AS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS PARA O ENSINO RELIGIOSO ............................................................................................................. 24 11 FORMAÇÃO CONTINUADA – DEB ITINERANTE .............................. 27 11.1 A aula simulada: ............................................................................ 30 12 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................. 33 2 13 ENSINO RELIGIOSO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PESSOA 33 13.1 RESUMO ...................................................................................... 33 14 Introdução ............................................................................................ 33 15 Aspiração religiosa no desenvolvimento do ser humano ..................... 38 16 Reflexões finais ................................................................................... 44 3 1 O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO Fonte: vestibular.uol.com.br O Ensino Religioso é uma das dez áreas de conhecimento definidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas em 1998 pelo Conselho Nacional de Educação. A Diretriz nº. 04 afirma que: “IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional, a Base Nacional Comum e sua Parte Diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise estabelecer a relação entre a Educação Fundamental e: A) Vida Cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos como: a Saúde, a Sexualidade, a Vida Familiar e Social, o Meio Ambiente, o Trabalho, a Ciência e a Tecnologia, a Cultura as Linguagens; B) as Áreas de Conhecimento: Língua Portuguesa, Língua Materna (para populações indígenas e migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física e Educação Religiosa (na forma do art. 33 da LDB) [Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental/ CNE]”. As áreas do conhecimento são marcos estruturados de leitura e interpretação da realidade, essenciais para garantir a possibilidade de participação do cidadão na 4 sociedade de forma autônoma. Cada uma das dez áreas contribui para que os estudantes compreendam a sociedade em que vivem e possam interferir no espaço e na história que ocupam; pois uma das preocupações da Educação Básica é a formação do cidadão e que os estudos que as crianças e adolescente realizam contribuam para os estudos e o trabalho que exercerão posteriormente. Ou seja, é uma relação do presente, uma releitura do passado e uma construção do futuro. 2 LEGISLAÇÃO QUE DEFINE O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DE CONHECIMENTO Fonte: coolturadventista.com/ As Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental no Brasil, após a sanção da LDBN, ou seja, da Lei nº 9394/96, são instituídas através da Resolução nº 2 de 7 de abril de 1998, pela Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação (CNE). Essas Diretrizes incluem o ensino religioso no conjunto das dez áreas de conhecimento que integram o currículo escolar do ensino fundamental, cf. art. 3º, item IV, alínea “a”. 5 O art. 2º da referida Resolução define o que são Diretrizes Curriculares Nacionais, a saber: “Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas”. O art. 3º estabelece como “Diretrizes” o que deve ser colocado em prática diretamente pelas Escolas, incluindo: a definição dos marcos norteadores de suas ações pedagógicas, entre os quais, os princípios éticos, os princípios dos Direitos e Deveres, os princípios estéticos, a forma de definir suas propostas pedagógicas, o que devem considerar como aprendizagens e suas múltiplas relações, seus níveis de abrangência e natureza. É no item IV que estabelece uma base nacional comum, para se garantir a unidade na diversidade nacional. Esta é complementada pela parte diversificada, integrando-se ao “paradigma curricular” para estabelecer a relação entre educação fundamental, incluindo a vida cidadã, com seus vários aspectos, e as áreas de conhecimento. As áreas de conhecimento, segundo a Resolução 02/98, estão agrupadas em: Língua Portuguesa, Língua Materna para populações indígenas e migrantes, Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física, Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, alterado pela Lei nº 9475 de 22 de julho de 1997. A referida Resolução nº 02/98 é precedida do Parecer nº 04, aprovado em 29 de janeiro de 1998, estabelecendo as normas a serem observadas pelos sistemas de ensino sobre os aspectos considerados fundamentais na implantação das Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental. A disciplina Ensino Religioso não perdeu a sua configuração primeira como tal, mas foi absorvida e ampliada, em sua natureza e em toda extensão, pela Educação Religiosa enquanto área de conhecimento, nos termos da citada Resolução, após o pronunciamento do Parecer 04/98 sobre a matéria em pauta. 6 2.1 Objetivo do Ensino Religioso Promover a compreensão da Religiosidade e a identificação do Fenômeno Religioso em suas diferentes manifestações, linguagens e paisagens religiosas presentes nas culturas e nas sociedades. 2.2 Eixos e Conteúdo do Ensino Religioso O Ensino Religioso na sua articulação destaca alguns aspectos fundamentais para a sua concretização, tais como: as contribuições das áreas afins, como a antropologia, psicologia, pedagogia, sociologia, ciências da religião e teologias; a busca permanente do sentido da vida; a superação da fragmentação das experiências e da realidade; o pluralismo religioso; a compreensão do campo simbólico; e a necessidade de evitar o proselitismo. Tendo presente a riqueza e a complexidade do campo religioso, o FórumNacional Permanente do Ensino Religioso, para a efetivação desta área do conhecimento, definiu cinco eixos e os respectivos conteúdo: Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais, Teologias, Ritos e Ethos. 2.3 Culturas e Tradições Religiosas É o estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana, analisando questões como: função e valores da tradição religiosa, relação entre tradição religiosa e ética, teodiceia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino do ser humano nas diferentes culturas. Esse estudo reúne o conjunto de conhecimentos ligados ao fenômeno religioso, em um número reduzido de princípios que lhe servem de fundamento e lhe delimitam o âmbito da compreensão. Assim, não se separa das ciências que se ocupam com o mesmo objeto como: filosofia da tradição religiosa, história e tradição religiosa, sociologia e tradição religiosa, psicologia e tradição religiosa, nem delimita, de maneira absoluta e definitiva, um critério epistemológico unívoco. 7 Conteúdos estabelecidos a partir de: Filosofia da tradição religiosa: a ideia do Transcendente, na visão tradicional e atual; História e tradição religiosa: a evolução da estrutura religiosa nas organizações humanas no decorrer dos tempos; Sociologia e tradição religiosa: a função política das ideologias religiosas; Psicologia e tradição religiosa: as determinações da tradição religiosa na construção mental do inconsciente pessoal e coletivo. 3 ESCRITURAS SAGRADAS E/OU TRADIÇÕES ORAIS São os textos que transmitem, conforme a fé dos seguidores, uma mensagem do Transcendente, onde pela revelação, cada forma de afirmar o Transcendente faz conhecer aos seres humanos seus mistérios e sua vontade, dando origem às tradições. E estão ligados ao ensino, à pregação, à exortação e aos estudos eruditos. Contém a elaboração dos mistérios e da vontade manifesta do Transcendente com objetivo de buscar orientações para a vida concreta neste mundo. Essa elaboração se dá num processo de tempo-história, num determinado contexto cultural, como fruto próprio da caminhada religiosa de um povo, observando e respeitando a experiência religiosa de seus ancestrais, exigindo a posteriori uma interpretação e uma exegese. Nas tradições religiosas que não possuem o texto sagrado escrito, a transmissão é feita na tradição oral. Conteúdos estabelecidos a partir de: Revelação: a autoridade do discurso religioso fundamentada na experiência mística do emissor que a transmite como verdade do Transcendente para o povo; História das narrativas sagradas: o conhecimento dos acontecimentos religiosos que originaram os mitos e segredos e a formação dos textos; Contexto cultural: a descrição do contexto sociopolítico-religioso determinante na redação final dos textos sagrados; Exegese: a análise e hermenêutica atualizada dos textos sagrados. 8 4 Teologias É o conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados pela religião e repassados para os fiéis sobre o Transcendente, de um modo organizado ou sistematizado. Como o Transcendente é a entidade ordenadora e o senhor absoluta de todas as coisas, se expressa esse estudo nas verdades de fé. E a participação na natureza do Transcendente é entendida como graça e glorificação, respectivamente no tempo e na infinidade. Para alcançar essa infinidade o ser humano necessita passar pela realidade última da existência do ser, interpretada como ressurreição, reencarnação, ancestralidade, havendo espaço para a negação da vida além-morte. Conteúdos estabelecidos a partir de: Divindades: a descrição das representações do Transcendente nas tradições religiosas; Verdades de fé: o conjunto de mitos, crenças e doutrinas que orientam a vida do fiel em cada tradição religiosa; Vida além-morte: as possíveis respostas norteadoras do sentido da vida: a ressurreição, a reencarnação, a ancestralidade e o nada. 4.1 Ritos É a série de práticas celebrativas das tradições religiosas formando um conjunto de: a) Rituais que podem ser agrupados em três categorias principais: Os propiciatórios que se constituem principalmente de orações, sacrifícios e purificações; Os divinatórios que visam conhecer os desígnios do Transcendente em relação aos acontecimentos futuros; Os de mistérios que compreendem as várias cerimônias relacionadas com certas práticas limitadas a um número restrito de fiéis, embora também haja uma forma externa acessível a todo o povo; 9 Fonte: www.institutoibe.com.br b) Símbolos que são sinais indicativos que atingem a fantasia do ser, levando- o à compreensão de alguma coisa; c) Espiritualidades que alimentam a vida dos adeptos através de ensinamentos, técnicas e tradições, a partir de experiências religiosas e que permitem ao crente uma relação imediata com o Transcendente. Conteúdos estabelecidos a partir de: Rituais: a descrição de práticas religiosas significantes, elaboradas pelos diferentes grupos religiosos; Símbolos: a identificação dos símbolos mais importantes de cada tradição religiosa, comparando seu (s) significado (s); Espiritualidades: o estudo dos métodos utilizados pelas diferentes tradições religiosas no relacionamento com o Transcendente, consigo mesmo, com os outros e o mundo. 4.2 Ethos É a forma interior da moral humana em que se realiza o próprio sentido do ser. É formado na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão 10 da consciência e como resposta do próprio "eu" pessoal. O valor moral tem ligação com um processo dinâmico da intimidade do ser humano e, para atingi-lo, não basta deter-se à superfície das ações humanas. Essa moral está iluminada pela ética, cujas funções, por sua vez, são muitas, salientando-se a crítica e utópica. A função crítica, pelo discurso ético, detecta, desmascara e pondera as realizações inautênticas da realidade humana. A função utópica projeta e configura o ideal normativo das realizações humanas. Essa dupla função concretiza-se na busca de "fins" e de "significados", na necessidade de utopias globais e no valor inalienável do ser humano e de todos os seres, onde ele não é sujeito nem valor fundamental da moral numa consideração fechada de si mesmo. Conteúdos estabelecidos a partir de: Alteridade: as orientações para o relacionamento com o outro, permeado por valores; Valores: o conhecimento do conjunto de normas de cada tradição religiosa apresentado para os fiéis no contexto da respectiva cultura; Limites: a fundamentação dos limites éticos propostos pelas várias tradições religiosas. Baseando-se no pressuposto de que o Ensino Religioso é um conhecimento humano e, enquanto tal, deve estar disponível à sociabilização, os conteúdos do Ensino Religioso, não servem ao proselitismo, mas proporcionam o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso. Com esses pressupostos, o tratamento didático dos conteúdos realiza-se em nível de análise e conhecimento, na pluralidade cultural da sala de aula, salvaguardando-se assim a liberdade da expressão religiosa do educando. O tratamento didático subsidia o conhecimento. Assim, o Ensino Religioso pelos eixos de conteúdo – Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais, Teologias, Ritos e Ethos – vai sensibilizando para o mistério, capacitando para a leitura da linguagem mítico-simbólica e diagnosticando a passagem do psicossocial para a metafísica/ Transcendente. O tratamento didático dos conteúdos do Ensino Religioso prevê, ainda, como nas outras disciplinas, a 11 organização social das atividades, organização do espaço e do tempo; seleção e critérios de uso de materiais e recursos. Os eixos e conteúdo do Ensino Religioso foram elaborados a partir da concepção de que a atuação do ser humano não se limita às relações com o meioambiente e as relações sociais, mas sim, está sempre em busca de algo que transcende estas realidades. Os eixos e conteúdo do Ensino Religioso em muito podem contribuir para que o ser humano inacabado, inquieto e aberto ao Transcendente, siga na busca e encontre o sentido para a vida e seja feliz. 5 COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGENS Competência é a capacidade de expressão, de compreensão de fenômenos, de resolução de problemas, de construção de argumentos para viabilizar uma interação comunicativa, de articulação entre o individual e o coletivo, por meio da elaboração de propostas de intervenção na realidade (MACHADO, 2000). Habilidades são modalidades estruturais da inteligência; decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do “saber fazer”. Há diferentes níveis de habilidades: Básico: se refere ao conhecimento dos conteúdos. São ações que possibilitam a apreensão das características e propriedades permanentes dos objetos comparáveis, ou seja, propiciam a construção de conceitos. São realizadas, principalmente, pelas seguintes atividades: identificar, indicar, localizar, descrever, discriminar, apontar, constatar, nomear, ler, observar, perceber, posicionar, reconhecer, representar e suas correlatas. Operacional: se refere à aplicação dos conteúdos apreendidos. São ações que pressupõem o estabelecimento de relações entre os objetos. Essas competências atingem o nível da compreensão e a explicação; mais que o saber fazer, supõem alguma tomada de consciência dos instrumentos e procedimentos utilizados, possibilitando sua aplicação a outros contextos. São realizadas, principalmente, pelas seguintes atividades: associar, classificar, comparar, conservar, compreender, compor, decompor, diferenciar, estabelecer, estimar, incluir, interpretar, justificar, 12 medir, modificar, ordenar, organizar, quantificar, relacionar, representar, transformar e suas correlatas. Global: os conteúdos se relacionam entre si para a interpretação da realidade. São ações e operações mais complexas, que envolvem a aplicação de conhecimentos a situações diferentes e a resolução de problemas inéditos. São realizadas, principalmente, pelas seguintes atividades: analisar, antecipar, avaliar, aplicar, abstrair, construir, criticar, concluir, supor, deduzir, explicar, generalizar, inferir, julgar, prognosticar, resolver, solucionar e suas correlatas. Competências e habilidades referentes ao Ensino Religioso Competência Aprendizagem fundamental Investigação e compreensão Compreensão dos elementos que constituem a identidade religiosa das diversas culturas. Compreensão e interpretação da história religiosa. Compreender o desenvolvimento das Tradições Religiosas na sociedade através do processo de ocupação de espaços físicos e as relações da vida humana, em seus desdobramentos políticos, culturais, econômicos e humanos. Ético-valorativa Respeito à diversidade religiosa. Expressão da espiritualidade. Criação das relações com o Transcendente. Alteridade Representação e comunicação Releitura e interpretação do fenômeno religioso. Decodificação dos símbolos religiosos. Ressignificação do fato religioso nas culturas. Entender o significado e diferença entre o discurso religioso e os demais, a fim de estabelecer uma comunicação eficaz e eficiente nos diferentes ambientes e culturas. Contextualização sociocultural- religiosa Compreensão da produção e do papel histórico das instituições religiosas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores. 13 Tradução dos conhecimentos religiosos em condutas e atitudes de indagação, análise, problematização e protagonismo diante dos contextos pessoais e coletivos. 5.1 O Que São Textos Sagrados Os povos fazem religião, cada um à sua maneira. Este jeito de fazer religião acaba sendo registrado, guardado e transmitido para as pessoas que virão no futuro, através de livros, histórias contadas, músicas, danças, poesias, pinturas, desenhos, esculturas. Imagine se você se tornasse repentinamente um santo, as pessoas de sua religião iriam querer contar sobre você para todos os outros, para seus filhos e netos. Gostariam de passar para outras gerações o seu exemplo de vida e ensinamentos. Deste modo alguém poderia escrever em um livro a sua história, seus pensamentos, e este livro seria a memória viva do que você foi. Poderiam fazer peças de teatro, músicas cujas letras transmitissem seus ensinamentos. Nos templos, ou lugares sagrados poderiam pintar a sua experiência. Todas estas formas estariam buscando transmitir às pessoas a sua mensagem. Bem, vamos cair na real Você não é um personagem religioso importante, pelo menos por enquanto. Mas, já pode compreender o que é um texto sagrado e qual a sua função. As pessoas são diferentes e as religiões também. Sendo assim, cada religião tem os seus próprios textos sagrados. As diversas tribos indígenas, que não utilizavam à escrita, tinham a sua religião valorizada e transmitida para as futuras gerações por meio das histórias que eram contadas. Estes povos não só narravam seus textos sagrados, como os desenhavam, dançavam, teatralizavam, etc. Com esta forma eles conseguiram preservar suas tradições religiosas. Do mesmo modo, os povos africanos, trazidos à força para o trabalho escravo, assim o fizeram. Esses homens e mulheres negros buscaram manter viva a sua religião através da arte de seus costumes e de sua forma própria de cultuar. Vamos conhecer agora alguns textos sagrados escritos: 14 A religião chamada Hinduísmo, a qual surgiu na Índia, país localizado no Oriente, possui muitos livros sagrados, muitos mesmo, chamados Vedas. Vedas significa “conhecimento” em sânscrito, uma das línguas dos indianos. Fonte: umbandauthis.blogspot.com.br Os adeptos da religião chamada Islamismo, a qual se originou na Arábia, seguem os preceitos contidos no livro sagrado Corão. Este livro, conforme o Islamismo é uma forma de louvar o Deus Único, chamado Alá. Por isso, certas vezes este livro é denominado de Alcorão. Este “Al” colocado no início, é uma forma de prestar homenagem a Alá. Para o Judaísmo, religião que surgiu no Oriente Médio, um dos textos sagrados é chamado de Torá. Torá significa “a Lei” para os judeus. Para os cristãos, o livro sagrado é a Bíblia. Nela estão contidos os principais ensinamentos para seus seguidores. O Cristianismo também surgiu no Oriente Médio. Atualmente essas religiões têm seus representantes nos mais diferentes pontos do planeta. Cada tradição religiosa tem os seus próprios textos sagrados, os quais são considerados como fruto de inspiração divina. 15 6 ALGUNS ENSINAMENTOS ÉTICOS NOS TEXTOS SAGRADOS O ensinamento religioso na maioria das vezes, é transmitido para as pessoas por meio dos textos, estes textos muitas vezes são escritos e formam os livros sagrados. Outras vezes, ele é contado verbalmente: são as histórias sagradas de transmissão oral. As ideias sagradas podem ser também pintadas, como por exemplo, as pinturas encontradas nas paredes das igrejas, templos, vitrais, etc. Existem muitas religiões no mundo, todas elas com ensinamentos éticos que orientam os seus seguidores quanto às formas de se viver em comunidade e em sintonia com o Transcendente. Vamos ver agora alguns destes ensinamentos: Uma mensagem hinduísta: “Não faças aos outros aquilo que, se a você fosse feito, causar-lhe-ia dor. ” Uma mensagem budista: “De cinco maneiras um verdadeiro líder deve tratar os seus amigos e dependentes: com generosidade, cortesia, benevolência, dando o que deles espera receber e sendo fiel à sua própria palavra. Uma mensagem judaica: “Não faça ao seu semelhante aquilo que para você é doloroso. Uma mensagem taoísta: “Considera o lucro do seu vizinho como seu próprio e o prejuízo dele como se também fosse seu. ” Uma mensagem cristã: “Tudoquanto quer que os outros façam para você faça-o também para eles. ” Uma mensagem muçulmana: “Ninguém pode ser um fiel até que ame o seu irmão como a si mesmo. ” O Hinduísmo - surgiu aproximadamente há 4000 anos antes de Cristo na Índia. Preocupa-se muito com o aprimoramento espiritual das pessoas. Seus adeptos acreditam que o Hinduísmo não teve começo, é o Caminho Eterno para a evolução espiritual dos seres. O Budismo – seu surgimento também se deu na Índia com a experiência de Sidarta Gautama, o Buda (560 a C.) e tem como preocupação principal a compaixão por todos os seres. Compaixão significa sentir piedade quando alguém sofre algum tipo de mal 16 e fazer o possível para ajudar. A palavra Buda significa, iluminado, desperto ou auto realizado. Fonte: religiao.culturamix.com O Judaísmo surgiu no Oriente Médio (1800 a C.). Abraão é considerado pelos judeus como o primeiro dos patriarcas, a quem o Deus único se revelou. Moisés é o grande profeta e legislador a quem Deus entregou a Torá. O Judaísmo tem como ponto chave a justiça, isto significa viver de forma justa não prejudicando seus companheiros e praticando a caridade. Fonte: espiritodevida.com.br 17 O Taoísmo é uma antiga religião que começou na China. Seus seguidores buscam compreender a vida de forma bastante profunda, percebendo qual é a essência de todas as coisas. Fonte: natrilhadotao.com.br O Confucionismo é também uma das importantes religiões da China, Confúcio (551-479 a C.) foi um famoso mestre e filósofo, organizou esta religião baseado na ética social. O Confucionismo a qual chegou a ser uma religião oficial na China antiga. Fonte: jornalismocolaborativo.com 18 O Xintoísmo é a antiga religião nacional do Japão, existe desde os tempos mais remotos da história deste país. O culto aos espíritos naturais e aos antepassados é o principal fundamento para o Xintoísmo. A cerimônia e o ritual desta religião contribuíram para a organização política e estabilidade nacional do Japão. Fonte: peroratio.blogspot.com.br O Cristianismo – surgiu a mais de 2000 mil anos no Oriente Médio assim como o Judaísmo. Sofreu forte influência do pensamento judaico, se organizou e se diferenciou deste após os ensinamentos de Jesus Cristo. Para os cristãos o amor fraterno é o principal fundamento de vida. O Cristianismo como outras religiões, separou-se em diversos grupos ou igrejas. Essas separações se devem a vários fatores históricos, mas principalmente, à diferentes maneiras de interpretar os ensinamentos de Jesus e dos seus Apóstolos. 19 Fonte: www.scrapsdinamicos.com.br O Islamismo - organizado por Maomé (630 d. C.) também surgiu no Oriente Médio. O ponto principal desta religião é a crença e a submissão à um único Deus, Alá. Fonte: www.missaoatenas.com.br A Fé Bahá’í - é uma religião de caráter universal. É a mais recente das grandes religiões do mundo. Fundada por Baha’u’llah (1817-1892), surgiu na Pérsia, hoje Irã. Prega a unicidade de Deus, de todas as religiões e culturas, um dos seus pontos 20 chaves é a cooperação mútua para a construção da paz no mundo. A palavra bahá’í significa luz. Luz no sentido de conhecimento. Fonte: povodebaha.blogspot.com.br BIBLIOGRAFIA BOWKER, John. Para entender as religiões. São Paulo, Ática, 1997. CELANO, Sandra. Corpo e mente na educação - Uma Saída de Emergência. Petrópolis, Vozes, 1999. FINE, Dorren. O que sabemos sobre o judaísmo. São Paulo, Callis, 1998. GANERI, Anita. O que sabemos sobre o budismo. São Paulo, Callis, 1999. (Ver comentário sobre o volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?). _____O que sabemos sobre o hinduísmo. São Paulo, Callis, 1998. (Ver comentário sobre o volume: O que sabemos sobre o Judaísmo?). GHAI, O P. Unidade na diversidade – Coleção herança espiritual. Petrópolis – Vozes, 1990. HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDER, Justein. O livro das religiões. São Paulo, CIA das Letras, 2000. MARCHON, Benoit e KIEFFER, Jean-François. As grandes religiões do mundo. São Paulo, Paulinas, 1995 21 22 7 ARTIGO COMPLEMENTAR DISPONÍVEL EM: http://www.pucpr.br/eventos/educere /educere2009/anais/pdf/2393_1633.pdf AUTORES: NIZER, Carolina do Rocio VIEIRA, Wilson José ACESSO EM: 18/07/2016 8 AS DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO RELIGIOSO DO ESTADO DO PARANÁ COMO DOCUMENTO DE CONCEPÇÃO E ORIENTAÇÃO Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas. Agência Financiadora: Secretaria da Educação do Estado do Paraná. As Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso da Secretaria de Educação do Estado do Paraná foi um documento construído coletivamente com a participação dos professores da rede estadual de ensino, de professores de instituições superiores e de diferentes organizações religiosas com o objetivo de desenvolver uma proposta para o Ensino Religioso que superasse a “tradicional aula de religião”, ou seja, que desenvolvesse uma perspectiva laica do Ensino Religioso. Após a elaboração desse documento houve a necessidade de uma efetiva implementação e tal ação, foi desenvolvida através do processo de formação continuada denominada “DEB Itinerante”. Nome que se dá à ida dos técnicos do Departamento de Educação Básica aos 32 Núcleos Regionais de Ensino do Estado do Paraná para desenvolver oficinas nas quais se discutiam as Diretrizes Curriculares e práticas oriundas de tal perspectiva. Um dos principais elementos presentes nesse documento é a definição do objeto de estudo o Sagrado que possibilita o tratamento das diferentes manifestações religiosas sem que ocorra o tratamento privilegiado de uma religião em detrimento de outra. Neste documento o Ensino Religioso tem como intenção superar o próprio processo histórico de proselitismo ao apresentar a disciplina enquanto forma de abordar a religião como conteúdo escolar. 23 Palavras-chave: Diretrizes Curriculares, Ensino Religioso, Sagrado. 9 INTRODUÇÃO O Ensino Religioso em boa parte da história da educação brasileira foi desenvolvido de forma confessional e catequética. Existiram outras concepções, porém mesmo que as orientações tenham um cunho a confessional a prática não acompanhava, e em muitos lugares ainda não acompanha, tais orientações. Uma orientação importante no processo de constituição de um Ensino Religioso laico é a concepção presente nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e correção, em 1997, pela Lei 9.475 que em seu artigo 33 da LDBEN, diz: Art. 33 – O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Educação Básica assegurado o respeito à diversidade religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. §1º – Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do Ensino Religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão de professores. §2º – Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. Assim com o intuito de atender a LDB, os profissionais responsáveis pela disciplina na rede pública estadual do Paraná, com demais entidades que se preocupam com o Ensino Religioso, repensaram as fundamentações teóricas, os conteúdos desenvolvidos em sala de aula, a metodologia de ensino, e elaboraram as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. Esse artigo tem como objetivo apresentar o processo de construção e o início da implementação das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso nas escolas públicas do Estado do Paraná. O recorte parte da aprovação da Deliberação 03/02 do Conselho Estadual de Educação, em 2002 aprovou e regulamentou o Ensino Religioso nas Escolas Públicasdo Sistema Estadual de Ensino do Paraná. A partir daquela deliberação o Ensino Religioso passou a ser uma disciplina de oferta obrigatória nos horários normais em sala de aula nas escolas públicas do Estado do Paraná, mas de frequência facultativa ao aluno. A Secretaria de Estado da 24 Educação (SEED), por sua vez, elaborou a Instrução Conjunta n. 001/02 do DEF/SEED, que estabeleceu normas para o ensino desta disciplina. Em 2003 iniciou-se o processo de repensar a proposta curricular da disciplina de Ensino Religioso de modo a superar a tradicional aula religião. Um dos encaminhamentos utilizados para superar a tradicional catequese foi o processo de formação continuada de professores envolvidos em encontros, simpósios e grupos de estudos para desenvolver uma proposta que contemplasse o respeito a diversidade religiosa. As discussões realizadas nesses eventos fundamentaram o processo de construção coletiva das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. A partir desses encontros e discussões foi encaminhado ao Conselho Estadual de Educação um questionamento que propiciou a aprovação da Deliberação 01/06 de 10 de fevereiro de 2006 estabelecendo normas para a disciplina de Ensino Religioso, o repensar no objeto de estudo, como também, o compromisso do Estado na formação continuada dos docentes. (DCE de Ensino Religioso, 2008 p. 45) 10 AS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS PARA O ENSINO RELIGIOSO Na perspectiva de trabalhar o Ensino Religioso superando a tradicional aula de religião e consolidar a proposta de uma disciplina que possibilite a identificação, o conhecimento e o entendimento da diversidade cultural e religiosa do ser humano, nas Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso apresentam como objeto de estudo o Sagrado. Tal concepção de Sagrado apresentado nas Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso possibilita ao professor trabalhar as diferentes manifestações religiosas inclusive com as religiões que não se organizam como instituições. “Etimologicamente, o termo Sagrado se origina do termo latim sacrátus e do ato sagrar. Como adjetivo, refere-se ao atributo de algo venerável, sublime inviolável e puro”. (DCE, 2008 p. 48). Para Eliade, que fundamenta teoricamente as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso, o Sagrado é uma experiência denominada de hierofania, ou seja, “a manifestação de algo “diferente' – de uma realidade que não 25 pertence ao nosso mundo – em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo “natural”, “profano”. (ELIADE, 2001 p. 17). Assim, ao definir o Sagrado como objeto de estudo o professor tratará as manifestações religiosas como conhecimento e a sua função nos diversos grupos humanos, pois, a religião contribui para o processo civilizatório da humanidade. O espaço e o sentido do Sagrado, não se constituem, no entendimento dessas diretrizes, omo um a priori. Ao contrário, no contexto da educação laica e republicana, as interpretações e experiências do Sagrado devem ser compreendidas racionalmente como resultado de representações construídas historicamente no âmbito das diversas culturas e tradições religiosas e filosóficas. Não se trata, portanto, de viver a experiência religiosa ou a experiência do Sagrado, tampouco de aceitar tradições, ethos, conceitos, sem maiores considerações, trata-se antes. De estudá- las para compreendê-las e problematiza-las. (DCE p. 48). A partir do esquema abaixo, podemos compreender de que maneira a disciplina de Ensino Religioso se apresenta como área de conhecimento, pois os conteúdos são a própria expressão do Sagrado e são nesses conteúdos que o Sagrado se manifesta. 26 SAGRA DCE Ensino Religioso, 2008. O esquema acima ilustra que o tratamento a ser dado aos conteúdos estruturantes nunca deve ser estanque. Portanto, os conteúdos estruturantes: Paisagem Religiosa, Universo Simbólico Religioso e Texto Sagrado não devem ser entendidos isoladamente, pois quando o professor prepara aula pensando nos conteúdos básicos ele estará automaticamente trabalhando com esses três conteúdos estruturantes. Podemos citar como exemplo as pirâmides, que tiveram a função de paisagem religiosa porque em tal local foram enterrados os faraós, além de todo um significado simbólico pela sua própria forma estruturada para ascensão ao céu e de texto sagrado por ser o local onde se encontram os registros. No 5ª/6º ano, o primeiro conteúdo básico trabalhado é organização religiosa o aluno estuda a estrutura da religião e o seu processo de institucionalização. Também, os papéis dentro do sistema religioso, para depois avançar para lugares sagrados onde ocorre as diferentes manifestações religiosas, os textos sagrados orais ou DO Conteúdos ntes Estrutur a O SIMBÓLI UNIVERSO GIOSO R ELI P AIS AGEM R ELI GIOSA TEXTO SAGRADO Conteúdo s s Básic 5ª série Organizações Religiosas Lugares Sagrados Textos Sagrados orais ou Escritos Símbolos Religiosos ª série Temporalidade Sagrada Festas Religiosas Ritos Vida e Morte 27 escrito expressam, asseguram e guardam os ensinamentos da religião e como último conteúdo o aluno conhecerá os aspectos simbólicos que envolve as diferentes manifestações religiosas. Na 6ª/ 7º ano, o conteúdo inicial é a temporalidade sagrada, onde o aluno entenderá de que maneira as religiões explicam a criação do mundo. Ainda neste conteúdo o professor poderá compreender as diferentes formas de contagem do tempo através dos calendários de comemorações, as festas religiosas e sua função social, os ritos que aproximam o homem religioso com o divino e fazem reviver as manifestações sagradas e o conteúdo vida e morte em que as religiões dão explicações do que acontecerá com o homem após a morte. Todos os conteúdos apresentados podem ser desenvolvidos em qualquer manifestação religiosa. Assim, o professor desenvolverá os conteúdos do Ensino Religioso em consonância com o processo histórico. 11 FORMAÇÃO CONTINUADA – DEB ITINERANTE A Secretaria de Estado da Educação (SEED) conforme previsto na LDB tem o dever de propiciar aos professores da rede estadual pública momentos de formação continuada, nesse artigo relataremos o que foi o DEB Itinerante de Ensino Religioso que aconteceu entre os anos de 2007 a 2008. Essa formação continuada foi um momento em que as escolas estaduais pararam suas atividades normais, durante dois dias, para refletir e discutir possibilidades de implementação das Diretrizes Curriculares. O DEB Itinerante foi realizado nas próprias escolas e estruturado em oficinas com máximo de 40 professores. Era de responsabilidade dos técnicos pedagógicos do Departamento de Educação Básica (DEB) ministrarem as oficinas que tinham como foco estudar conteúdos de fundamentação da disciplina, possibilidades de práticas pedagógicas e colocar as Diretrizes Curriculares em ação. O DEB Itinerante foi um projeto de formação continuada descentralizada, com os eventos sediados nos 32 Núcleos Regionais de Educação, possibilitando o contato direto da Secretaria de Estado da Educação por meio do Departamento de Educação Básica com todos os professores de todas as 28 disciplinas da Rede Estadual de Educação, o formato foi realizado através de oficinas disciplinares e oficinas com equipes pedagógicas. As oficinas disciplinares trabalham na perspectiva da efetivação das Diretrizes Curriculares Estaduais nos Projetos Político Pedagógicos e nos Planos de Trabalho Docente. Nesse sentido, são discutidos os conteúdos estruturantes, básicos e específicos de cada disciplina, além de se abordarem o uso e a produção de materiais didáticos e a utilização das novas tecnologias em sala de aula. Contribuindo assim, para a qualidade do ensino das Escolas Públicas do Estado do. Paraná.(http://www.diaadia.pr.gov.br/deb/modules/conteudo/conteudo.php?O DEB Itinerante de Ensino Religioso apresentou características específicas, pois na maioria dos casos, os professores não possuíam formação e não eram concursados na disciplina de Ensino Religioso. As oficinas de Ensino Religioso eram iniciadas com a discussão das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso através da problematização: “Se o fenômeno religioso pertence a vida, e portanto, deve participar da formação básica do cidadão de que forma ela deve ser trabalhado e estudado em sala de aula? ” Em primeiro momento os professores entendiam e aceitavam que a nossa sociedade é composta pela diversidade cultural e religiosa, porém, na sua prática escolar nem sempre isso era possível perceber, pois a justificativa se dava “meus alunos 99% são cristãos” primeiramente a compreensão de cristão estava limitada entre católicos e evangélicos, segundo o 1% dos demais alunos eram excluídos. Como forma de fortalecimento as DCE de Ensino Religioso e para os professores perceberem que tal proposta não está em desacordo com as demais discussões nacionais, era apresentado o vídeo “Diversidade religiosa e direitos humanos”. Neste vídeo, um dos aspectos centrais tratado era a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948, que afirma em seu XVIII artigo o seguinte: Toda a pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Após apresentação inicial das leis que garantem o respeito à diversidade religiosa, os professores tiveram então contato com as Diretrizes Curriculares de 29 Ensino Religioso. A discussão em torno deste documento seguiu a seguinte ordem: dimensão histórica da disciplina, fundamentos teórico-metodológicos, conteúdos estruturantes e conteúdos básicos, encaminhamentos metodológicos e sistema de avaliação. Na discussão relativa a dimensão histórica foi dada a possibilidade ao professor de compreender que a disciplina de Ensino Religioso sempre esteve presente nos currículos escolares mesmo assumindo posturas legais e pedagógicas diferentes. Mesmo não tendo essa denominação, o Ensino Religioso se faz presente na educação brasileira no período jesuítico. É a primeira forma de uma educação catequética e de imposição de uma religião através do documento Ratio Studiorum. Em seguida foram apresentados outros períodos para o entendimento do processo de constituição da disciplina de Ensino Religioso até as orientações atuais. Ao estudar o processo histórico o professor pode entender os motivos da disciplina ser facultativa para o aluno e não ser objeto de aprovação ou reprovação. Na fundamentação teórica encontramos os motivos pelos quais a religião e o conhecimento religioso devem estar presentes no espaço escolar e assim desenvolvidos como conteúdo não dissociados da cultura, da economia, da política e do social. Segundo Costella, [...] não pode prescindir da sua vocação de realidade institucional aberta ao universo da cultura, ao integral acontecimento do pensamento e da ação do homem: a experiência religiosa faz parte desse acontecimento, com os fatos e sinais que a expressam. O fato religioso, como todos os fatos humanos, pertence ao universo da cultura e, portanto, tem uma relevância cultural, tem uma relevância em sede cognitiva. (2004, p. 104) Os conteúdos estruturantes e básicos possibilitaram desenvolver trabalhos relacionados com a própria prática pedagógica do professor, pois, além da definição de cada um dos conteúdos eram apresentadas possibilidades de desenvolvimentos em sala de aula, sempre contemplando a diversidade religiosa. Os técnicos pedagógicos possíveis recursos para a efetivação dessa proposta, como por exemplo, o Caderno Pedagógico de Ensino Religioso (“O Sagrado no Ensino Religioso”), a Biblioteca do Professor, os Folhas Publicados, o Portal da Educação e também o Livro Didático Público de Ensino Religioso em processo de finalização. 30 No encaminhamento metodológico era apresentada as possibilidades de trabalho relativos aos conteúdos básicos e a necessidade de se partir do conhecimento prévio dos alunos. A avaliação gerava polêmica pela particularidade da disciplina que não constitui objeto de aprovação ou reprovação. Nesse momento era necessário fazer menção ao próprio processo histórico da disciplina que legalmente afirma ser o Ensino Religioso parte da formação do cidadão, porém de frequência facultativa para o aluno mesmo sendo ministrada em horários normais nas escolas públicas. As orientações dos procedimentos avaliativos ocorriam mesmo a disciplina não sendo objeto de reprovação, pois isso, não tira a responsabilidade do professor em avaliar e de estabelecer critérios de avaliação e o registro das práticas escolares. Após todo o estudo das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso entendendo que depois dessa discussão os professores passaram a ter conhecimento do documento que concebe e orienta a disciplina de Ensino Religioso no estado, partimos para o momento de implementação e efetivação das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso através da aula simulada. A aula simulada foi produzida somente com materiais disponíveis ao professor da rede, Folhas publicado no portal, Caderno Pedagógico de Ensino Religioso, TV Multimídia (música, vídeos e imagens) que foram baixados através do Paraná Digital. Aula simulada foi desenvolvida a partir do Folhas “Onde podemos encontrar o Sagrado? ” Com a intenção de propor um material possível de utilização em sala de aula e que segue as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. 11.1 A aula simulada: Primeiramente, era apresentada, através da TV multimídia, a imagem baixo: Em seguida com a imagem na TV Multimídia era contada a história de Mariazinha: Toda vez que alguém bronqueava com Mariazinha, ela saía correndo e subia no “morro da pedra bonita”. Era um lugar no alto de um morro em que havia uma pedra grande de onde podia se ver toda a cidadezinha. Para ela, aquele lugar era sagrado. 31 Lá ela se sentia segura, ficava observando de cima toda a cidade e parecia que estava olhando para si mesma e aos poucos ia se acalmando. Após a historinha trabalhamos com as seguintes problematizações: Mas o que é um lugar sagrado? Quais são as características de um lugar sagrado? O que faz com que um lugar seja considerado como sagrado? A partir desses questionamentos os professores explicitavam suas compreensões desses conceitos e o grupo aprofundava as discussões sobre os lugares sagrados para algumas manifestações religiosas. Entre os lugares sagrados foram trabalhadas as pirâmides para o Egito, as cidades sagradas como Meca e Jerusalém, o Terreiro, o rio Ganges e os cemitérios. Após a apresentação desses Lugares Sagrados os professores concluíam que Lugares Sagrados são diferentes nas manifestações religiosas, mas o que torna um lugar sagrado é a identificação e o valor que o grupo atribui a ele. Para encerrar essa parte da oficina apresentava-se a música a Casinha Branca e os professores tinham que articular o conteúdo Lugares Sagrados com a letra dessa música. Depois tinham que pensar em encaminhamentos metodológicos para o trabalho desse conceito com os alunos. Além desse recurso foram também passados vídeos sobre Lugares Sagrados, todos devidamente explorados de acordo com o tema dos filmes. O Ensino Religioso no seu processo histórico passou por diversos períodos que muitas vezes não se levava em conta à diversidade religiosa existente no Brasil. A partir da separação do Estado da Igreja no período da República é que se começam movimentos para um Ensino Religioso a confessional. Essa separação ea tentativa de superar as aulas tradicionais de religião se concretizam no artigo 33 da LDBEN que estabelece o Ensino Religioso como uma disciplina escolar nos horários normais das escolas públicas estaduais. Por isso a Secretaria do Estado do Paraná a partir de 2003 vem trabalhando na construção e implementação das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso a fim de consolidar os conteúdos escolares dessa disciplina como conhecimento sobre o sagrado nas mais diversas manifestações religiosas. 32 A disciplina de Ensino Religioso é componente do currículo escolar no Estado do Paraná e é tratada, pedagogicamente como qualquer outra disciplina de maior tradição. Isso se comprova na importância dada à construção do documento de orientação, como também, no processo de formação continuada e elaboração de materiais didáticos voltados aos professores que ministram essa disciplina. BIBLIOGRAFIA BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL, Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997. COSTELLA, D. O fundamento epistemológico do ensino religioso. In: JUNQUEIRA, S.; WAGNER, R. (Orgs.) O ensino religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. Curitiba, 2008. ELIADE, M. O Sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992. GIL FILHO, S. F.; ALVES, L. A. S. O Sagrado como foco do Fenômeno Religioso. In: JUNQUEIRA, S. R. A.; OLIVEIRA, L. B. de (Org.). Ensino Religioso: memórias e Perspectivas. 1 ed. Curitiba: Editora Champagnat, 2005, v. 01, p. 51-83. 33 12 LEITURA COMPLEMENTAR 13 ENSINO RELIGIOSO NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PESSOA Maria Judith Sucupira da Costa Lins Professora adjunta da Faculdade de Educação da UFRJ mariasucupiralins@terra.com.br 13.1 RESUMO Este artigo focaliza o ensino religioso nas escolas como um fator do desenvolvimento pessoal. Não há intenção de descrever nenhuma religião em particular. O objetivo deste artigo é mostrar como é importante para as crianças e para os jovens que tenham a oportunidade de receberem ensino religioso nas escolas. Referências bibliográficas mostram que o ensino religioso é um tópico de interesse aos educadores em diferentes países. Foi descrito que o ensino religioso é também um componente para o desenvolvimento social, cognitivo, emocional e moral dos estudantes. É também sugerido que este artigo deva ser continuado por pesquisas. Palavras-chave: Ensino religioso; Desenvolvimento humano; Formação da pessoa; Escola; Religião 14 INTRODUÇÃO Dentre os diversos fatores referentes ao desenvolvimento integral da pessoa, consideraremos neste artigo apenas a questão da aspiração a uma religião. Supondo que a adesão a uma religião seja um dos fatores do desenvolvimento integral da pessoa, passamos a pensar sobre o ensino religioso e seu papel neste desenvolvimento. Por que ensino religioso? Esta é a pergunta fundamental que norteará nossa reflexão. Procuraremos analisar o papel da religião no desenvolvimento de uma mailto:mariasucupiralins@terra.com.br 34 pessoa, buscando entender o significado desta para a sua vida. O que significa a religião na totalidade do ser humano? Uma vez considerando o papel da religião, entende-se que se faz necessário o ensino religioso? Poderíamos iniciar tomando como referência estudos teóricos e especulativos sobre o assunto, mas preferimos começar pela observação das idéias presentes no documento sobre ensino religioso da Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, elaborado na gestão da professora Myrthes Wenzel (Secretaria s/d) no final da década de 70, destacando a seguinte: “A Educação Religiosa é um grande fator de liberação e de humanização dos educandos, pois contribui essencialmente para a compreensão do mundo e da vida à luz da fé” (Secretaria, p.15). Partimos da hipótese de que, além de outros fatores, para que aconteça o desenvolvimento integral da pessoa, pressupõe-se a existência da religião, e, para que esta aconteça, faz-se necessário o ensino religioso. Este artigo resulta de pesquisa bibliográfica, não sendo resultado de investigações de campo. Consideramos o desenvolvimento da pessoa tendo em conta a religião como um de seus componentes, conforme autores de psicologia infantil e da adolescência, entre os quais podemos citar Erikson (1971), Hurlock (1979) e Giussani (1995). Na realidade, quando afirmamos que o ensino religioso é um dos fatores presentes no desenvolvimento integral da pessoa, estamos apontando o voltar-se para a religião como este fator. Assim é que afirma Giussani, em outra obra (1998, p. 26): O aspecto da experiência que melhor indica isto está no fenômeno da exigência (grifo do A.) humana, indestrutível, seja como busca e afirmação do questionamento intelectual último (que sentido tem o mundo? Qual é o destino do homem e de tudo?), seja como urgência existencial (amor, justiça e felicidade). Como alguém chega a perceber a presença da religião em sua vida? Qual o reconhecimento da importância da vivência religiosa na vida de uma pessoa? A fé é o elemento primordial, no entanto esta não sobrevive sem um contínuo fortalecimento, o qual será, em parte, favorecido pelo ensino religioso. Lembremo-nos ainda de que “a razão humana, considerada sem alguma relação com Deus, não é suficiente por suas forças naturais apenas para procurar o bem dos homens e dos povos”, conforme explica Maritain (1930, p. 52). 35 Tratando-se de um artigo especificamente de educação, não faremos aqui nenhum estudo de cunho teológico, pois este é outro campo de estudo. Além disso, nenhuma religião em particular será analisada. Estamos também longe de qualquer discurso sobre a fé. O que está sendo posto como problema é a importância do ensino religioso no desenvolvimento integral da pessoa, tomando-se como hipótese a resposta positiva. A idéia básica está exatamente na relação entre educação e ensino religioso, sempre se entendendo este como organização sistemática visando a aprendizagem de uma religião que já está anteriormente presente, mesmo que de forma primária, na criança e no jovem, principalmente por imitação do que acontece na família. Na criança, que ainda não tem a capacidade de decidir, a religião está presente por orientação dos seus pais. Não é uma criança que escolhe uma religião, de modo que é possível que a partir da juventude esta venha a abandonar a religião dos pais, trocando-a por outra ou deixando de ter fé em qualquer religião. As verdades consideradas essenciais de cada religião são apresentadas pelos pais ou outros parentes, incluindo-se os próprios ritos de iniciação, particulares a cada credo professado por estes. Na adolescência ocorre o contrário, quando o jovem começa a se descobrir como alguém independente, iniciando-se um período de grandes controvérsias (ERIKSON, 1976). Em seus estudos sobre a personalidade do jovem, incluiu a questão da religião ao analisar a construção da identidade. Nosso objetivo é discutir se existe a presença de uma aspiração religiosa que faça parte integrante do desenvolvimento da pessoa. Como estaremos restritos a este objetivo, não abordaremos o conteúdo do ensino religioso, nem suas modalidades, prescrições, métodos, especificações ou qualquer outro tema específico. Nosso interesse está na preocupação que o ser humano tem com as perguntas sobre sua vida, suas indagações, na medida em que estas ultrapassam o plano filosófico e ganham uma outra dimensão, exatamente, a dimensão religiosa. Que dimensão é esta? Quais são as inquietações do ser humano que podem ser identificadas como religiosas? Que inquietações são estas? Ou mais concretamente, há estas inquietações? 36 Todas estas perguntas surgem na introdução de modo a levar o leitor ao cerne do nosso debate. Encontramos, no levantamentobibliográfico realizado, elementos que são trabalhados nesta reflexão de modo a nos encaminhar para a análise da presença do ensino religioso no desenvolvimento integral da pessoa. Se há uma busca do fenômeno religioso, faz-se necessário o ensino religioso. A educação utiliza processos de aprendizagem. Uma pessoa se educa por meio de práticas de aprendizagem, intencionais ou não, sistematizadas ou não. É impossível se pensar em educação sem que haja aprendizagem, embora nem toda aprendizagem seja educação. A aprendizagem se expressa pela aquisição, retenção e generalização, conforme Lins (2004). Aprender a manipular uma seringa pode ter como finalidade a auto-aplicação de insulina, no caso de pessoas diabéticas, ou o uso de drogas. Neste caso, a finalidade da aprendizagem define o seu tipo. Isto se deve à aplicação de critérios de valores que modificam o significado de uma aprendizagem, tornando-a ou não educativa. Assim é que valores, princípios e outros critérios determinarão quais são as aprendizagens necessárias e pertinentes ao processo de educação, em oposição àquelas que desviam a pessoa do processo de aperfeiçoamento típico da atividade educativa. Esta explicação, fundamental para todos que se iniciam no problema da aprendizagem humana, por ser simples e clara, nos permite continuar a reflexão específica de nosso tema, entendendo-se que, ao se falar em ensino religioso, estamos necessariamente implicando uma aprendizagem religiosa. Dentro desta perspectiva, consideramos que a educação integral da pessoa se faz por meio de diferentes aprendizagens, incluindo-se entre as mais importantes aquelas proporcionadas pelo ensino religioso. Como o ensino religioso deve ou não ser proposto não é tema de nossa discussão neste artigo. A discussão está limitada ao desejo que nasce no ser humano de se voltar para um ser superior que o criou, Deus, o qual responde a diferentes denominações. Esta ligação estabelecida entre o ser humano e um Deus é a base, inclusive etimológica, da idéia de religião. Entende-se então que a reflexão própria a este artigo se limita à compreensão da aspiração do ser humano num plano que é 37 superior às suas capacidades mais elevadas, cognitivas, afetivas e sociais, ou seja, o plano da fé. Sim, porque fundamental a uma vontade religiosa está a fé. No ser humano a fé e a razão estão intimamente relacionadas, de modo que não se pode falar de uma sem outra. Por que fé? Porque toda religião pressupõe em primeiro lugar uma fé. O ensino religioso não tem a pretensão de fornecer fé, de espécie alguma, a ninguém. Entende-se a fé, segundo diferentes credos religiosos, como dom. É algo recebido gratuitamente. Há no ser humano um movimento de correspondência à fé, o que torna necessária a aprendizagem, e por isto o ensino. Deste modo, o ensino religioso se submete à fé. Razão e fé têm que estar vinculadas, pois o ser humano tem como característica a sua capacidade cognoscitiva. É na racionalidade que encontrará o caminho que será completado pela fé. Sobre estes aspectos veja- se a Encíclica de João Paulo II (1998), intitulada Fé e Razão. Partimos da hipótese de que o ser humano, mesmo que não tenha ainda claramente compreendido qual é o objeto da sua busca, volta-se para caminhos que lhe mostrem a fé em Deus. A partir desta hipótese, consideramos, em segundo lugar, que o ensino religioso fará parte integrante de seu desenvolvimento pleno, pois terá um papel central na consolidação desta fé. O tema aqui proposto é extremamente complexo. Trabalhando filosoficamente, permaneceremos muito mais no plano dos questionamentos do que de afirmativas, pois o espanto e a indagação nos guiarão nesta perspectiva. Se tivéssemos optado por uma metodologia teológica, a linha de pensamento seria outra, pois, mesmo havendo os questionamentos, a fé estaria como base para fornecer as respostas. A presente discussão é realmente uma das mais atuais, no plano filosófico, assim como em outras áreas, como a antropologia e a psicologia. Pessoas de todas as idades se referem à religião, de um modo ou outro, seja em conversas informais ou em estudos mais profundos. Crescem os grupos religiosos, as iniciativas sociais religiosas e diferentes denominações religiosas recentes mostram esta dinâmica em plano mundial. Trata-se de um assunto presente nas discussões contemporâneas, no mundo inteiro, no qual aumenta o número de pessoas que se auto- identificam como 38 seguidoras de uma religião. E ainda, mesmo os que não seguem uma religião estabelecida se definem como interessados em assuntos de religião para a sua própria vida. Há uma preocupação cada vez maior com a religiosidade, mesmo que a pertença e a obediência desta derivada não estejam presentes nos comportamentos das pessoas. Manifestações de diversas religiões conseguem agregar multidões. Meios de comunicação divulgam temas de religião; nos espaços reconhecidamente dispendiosos de rádios, jornais, revistas e TV assuntos de religião estão sempre presente. É inegável um movimento de busca de alguma coisa transcendental, mesmo que muitas vezes não se tenha consciência clara do que se quer. Por isso, o esclarecimento a ser dado pelo ensino religioso vem corresponder a esta ânsia do ser humano. Apesar disso, “A Europa, cristã apenas de nome, afinal de contas, já há quatrocentos anos tornou-se o berço de um neopaganismo que cresce sem solução de continuidade”. Como observava o então Cardeal Ratzinger (1974, p. 297) As controvérsias sobre o assunto evidenciam a necessidade de uma contínua discussão, de modo que não pretendemos com este artigo chegar a uma afirmativa conclusiva. 15 ASPIRAÇÃO RELIGIOSA NO DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO O que mais chama a atenção no momento em que alguém se dispõe a analisar o problema aqui focalizado é a justificação da discussão sobre este por conta de sua abrangência, na medida em que visamos a análise do ser humano enquanto alguém que está em processo de desenvolvimento. A formação da pessoa, ou o tornar-se pessoa, incluirá a aprendizagem da questão religiosa. Nesta formação fornecida pelo ensino religioso não se pretende que uma pessoa se torne um teólogo, ou mesmo um especialista em religião, teórico ou pesquisador de categorias religiosas. Trata-se de não privar o sujeito de subsídios que devem fazer parte de sua formação visando o pleno desenvolvimento. Por que devem? Esta pergunta se volta para a questão da natureza humana e para as indagações filosóficas. 39 Analisando a filosofia da religião, Penna (1999, p. 27) faz o seguinte comentário: Sobre os efeitos produzidos pela presença da religiosidade na cultura e no próprio indivíduo, tanto os apontam os que operam no estrito domínio da filosofia da religião como os que se situam nas áreas da psicologia, da sociologia e de outras ciências sociais. Não custa recordar o registro, em espaço anterior, da função integradora especialmente realçada pelos sociólogos, bem como, num plano estritamente ético, a célebre advertência de Dostoievski quando apontou para o fato de que “se Deus não existe, então tudo se torna permitido”, consequência terrível, dado que, se tudo é permitido, a convivência humana se tornará impossível (1999, p. 27). Existe na natureza humana algo que faça a pessoa se voltar para uma religião? E se assim fosse, seria este um comportamento instintivo, mecânico, reativo a algum estímulo ou condicionado de qualquer forma? Ou qual seria a inspiração? Trata-se de uma atitude resultante de uma reflexão ou apenas de uma ação aleatória? Na natureza humana se insere uma busca por algo que o sujeito não compreende de imediato. Há que lhe ser ensinado o caminho, embora mistérios permaneçam sem solução, pois mistérios fazem parte da relação do ser humano com o divino. “Quanto mais o homem é religioso, mais ele é real”, afirma Mircesa Eliade(1959, p. 392), concluindo extensos estudos sobre as mais diversas religiões, comparando elementos míticos e de fé, analisando budistas e cristãos, observando manifestações profanas e sacras. Há valores fundamentais de espiritualidade que conferem ao ser humano uma forma especial de ser, manifestada em diferentes culturas. Quando nos perguntamos “por que o ensino religioso?”, “para que tal ensino?”, buscando motivos e finalidades, pensamos neste ser real que se desenvolve e que aperfeiçoa as suas capacidades iniciais, que transforma em capacidades suas virtualidades. Ensina-se algo que se considera importante para o educando aprender. A inclusão de um conteúdo de saber, de qualquer área, num currículo escolar deve ser consequência de uma rigorosa avaliação de sua importância. Quais são as contribuições que este conteúdo traz para o desenvolvimento da criança e do jovem? Também para o ensino religioso está pergunta deve ser feita. A escola é uma instituição social que tem, entre outras características, a promoção da formação e da informação dos alunos. Não pode fugir à sua vocação 40 específica de instituição social que busca o desenvolvimento pleno de todas as crianças, visando primordialmente sua socialização. O ensino religioso faz parte deste elenco, principalmente se entendermos a educação inserida numa cultura e a religião como um dos elementos da cultura. O que se faz preciso para se formar uma pessoa? O que promove seu desenvolvimento? A psicologia do desenvolvimento infantil nos informa, com abundantes pesquisas, tornando-se até mesmo um conhecimento já popularizado, que o bebê humano é dos mais frágeis, se não for mesmo o mais frágil, necessitando para sua sobrevivência de atenção e cuidados especiais. Do ponto de vista biológico, social, psicológico e espiritual, se faz necessário o encaminhamento de aprendizagens para que a criança se desenvolva plenamente. O que significa desenvolvimento espiritual? Como entendemos de desenvolvimento espiritual e religião? Ensino religioso promove desenvolvimento espiritual? Há uma participação do desenvolvimento espiritual no desenvolvimento pleno da pessoa? Em que o desenvolvimento espiritual interfere no desenvolvimento pleno da pessoa? Que tipo de pessoa se deseja? Quais são as finalidades da educação? Todas estas perguntas, e muitas outras mais, nos levam a prosseguir na análise do tema. Antes mesmo de chegarmos às respostas, observamos que o conteúdo das indagações se referem a estilos de vida das pessoas, ao seu comportamento e a sua maneira de ser. A religião pode ser entendida como o resultado de uma busca pela felicidade empreendida pelo ser humano. Maritain (1972, p. 122) dá o exemplo de uma religião, mostrando que o Bramanismo “é uma religião no sentido estrito de palavra (...) uma religião unicamente em virtude da sede do Absoluto”. Esta sede do Absoluto se manifesta de diferentes formas e algumas vezes não é compreendida pelo ser humano, que tenta então se satisfazer com outras respostas. Muitas vezes, procurando compreender o significado da religião na vida humana, se tende a buscar respostas que na realidade são muito mais ligadas à ética 41 e à educação moral do que ao ensino religioso. Há diferenças entre educação moral e ensino religioso? Por que educação moral não é suficiente? A aprendizagem das virtudes, do ponto de vista ético, já não seria suficiente? Um ensino de ética não substituiria o ensino religioso? Ética é uma prática social importante, considerando-se a sua origem no Ethos grego descrito por Aristóteles (utilizamos a tradução francesa de 1965), de modo que seja possível uma vida em harmonia. Tem uma enorme importância na vida política (polis) e resulta do exercício da virtude, como se pode aprender em sua obra básica sobre este tema, A Ética a Nicômaco. Uma religião, no entanto, não se resume à ética. Viver uma religião pressupõe uma adesão consciente que ultrapassa o cumprimento das virtudes e a vivência de valores que constituem a ética, compreendendo não só o aspecto místico, mas aliando a este a transcendência da relação com o divino. A religião, além de ser um fato integrante da formação plena da pessoa, estabelece ainda esta ligação com o ser divino, criador, de tal modo que as coisas passam a ser entendidas numa outra perspectiva. Mesmo que não queiramos aqui abordar esta outra perspectiva, consideramos importante afirmá- la para caracterizar a distinção entre ética e religião. Viver eticamente pressupõe um tipo de exigência diverso do que a vida entendida numa perspectiva religiosa, como salienta Bert (2000), comentando a relação entre as duas instâncias. Não desenvolveremos esta comparação, pois o tema específico aqui é outro; apenas tocamos neste ponto porque freqüentemente surge esta dúvida. De modo geral se observa uma confusão entre ética e religião, mesmo no meio de pessoas com níveis de escolarização mais altos. Voltando à nossa hipótese inicial, perguntamos: há um papel do ensino religioso no desenvolvimento do ser humano? A experiência religiosa se faz necessária, tanto do ponto de vista espiritual como do cognitivo, afetivo, social e moral, para que uma criança se desenvolva, é o que apontam pesquisas que analisaram escolas religiosas e não-religiosas, destacando-se a discussão apresentada por McKinney (2006). Vale também lembrar que as escolas públicas na Inglaterra, Alemanha, Canadá e França oferecem ensino 42 religioso, e as escolas particulares religiosas nestes países recebem subsídios do governo. No caso da Inglaterra, observe-se que “escolas Britânicas Anglicanas e Católicas são financiadas pelo estado e são parte do sistema escolar do estado” (IFNEC@ADMIN.HUMBERC.ON.CA). Pode-se também consultar a página: http://www.ofsted.gov.uk/publications, na qual se encontra informação sobre o ensino religioso na Inglaterra. Quanto ao Canadá, mesmo havendo as províncias de origem inglesa e francesa, a informação que se tem é de que “religião é freqüentemente parte de todas as escolas no Canadá”, segundo Goodman (1999). Também na Holanda, país reconhecidamente de atitudes laicas, isto acontece, de modo que: O sistema escolar holandês atual consiste de escolas públicas e predominantemente neutras ao lado de escolas privadas e amplamente confessionais. Ambas as formas de educação são totalmente subsidiadas pelo governo desde a revisão da Constituição em 1917 e a Lei de Educação de 1920 (WINGERDEN, 2003, p.27). Estudo de Gardner, Cairns e Lawton (2005) discute a questão das chamadas escolas religiosas, os posicionamentos da sociedade em relação a estas, o que há de consenso e o que existe de conflito, mostrando sua importância no desenvolvimento da pessoa. O ensino religioso aparece como uma preocupação das famílias a ser garantida nas escolas que estas escolhem. Mesmo que alguém, chegando à idade adulta, resolva abandonar a fé de sua infância, ou mesmo que na adolescência deixe para trás os ensinamentos, a sua personalidade poderá ser mais ampla em sua construção pelo que recebeu no ensino religioso, é o que se pode inferir dos citados estudos. De maneira geral se tende a pensar que os jovens estão arredios à Religião, ou que não têm preocupação religiosa, mas as pesquisas atuais mostram que uma mudança neste aspecto está ocorrendo. Citamos, por exemplo, que: (...) adolescentes americanos não são tão hostis em relação à religião organizada como os pesquisadores pensavam, de acordo com um recente estudo conduzido na Universidade de Norte Carolina em Chapel Hill. O Estudo Nacional de Juventude e Religião descobriu que cerca de dois terços dos norte-americanos da 12a http://www.ofsted.gov.uk/publications 43 série escolar dizem que não se sentem alienados em relação à religião organizada. Somente 15% disseram que se sentem hostisem relação à religião estabelecida, enquanto outros 15% disseram que não têm nenhum sentimento sobre o assunto (RELIGION JOURNAL, 2004). Uma das principais idéias apontando para o fato de que o ensino religioso tem sentido para a vida do ser humano se expressa na afirmativa da existência de Deus feita por cientistas de diferentes áreas do conhecimento. Em um documento alemão, são muitos os citados, mas não nos estenderemos repetindo a enorme lista de cientistas e seus depoimentos, apenas alguns, como Max Planck (1858-1947) relatando a relação entre religião e ciência natural, afirma que não há oposição, “pelo contrário, elas se completam e se ligam. Deus está no início de tudo para quem crer, e para o físico, no fim de todas as reflexões”. Ou ainda o cientista Von Braun (1912- 1977): “Ciência e Religião são irmãs e não oponentes” (Katholik Junge Gemeid, s./d., p.6). Muitos estudos estão em progresso atualmente sobre a importância do ensino religioso no desenvolvimento da pessoa, tais como o realizado por Nicholas Commons-Miller, James Day and Michael Lamport CommonsI (2006), referente aos estágios neoPiagetianos do desenvolvimento cognitivo e o comportamento religioso. (Commons@tiac.net - http://dareassociation.org/). A dinâmica entre a escola e a cultura, principalmente no sentido de que a cultura é a premissa educativa e não resultado desta, traz também a reflexão sobre o lugar das formas culturais no âmbito do ensino, de modo que a educação responda a estas exigências, como bem destaca Giussani, “é o itinerário de experiência que a educação propõe” (1995, p. 136). E este itinerário de experiência, é para o autor, a experiência completa de vida a partir do encontro fundamental com a pessoa divina, origem da perspectiva religiosa. Uma escola não pode se furtar a esta missão. Dentre suas responsabilidades, tanto de informação como de forma ção, o ensino religioso se faz presente. mailto:(Commons@tiac.net http://dareassociation.org/) 44 16 REFLEXÕES FINAIS Quando se pretende estabelecer a importância do ensino religioso, de modo algum o proselitismo está presente. Como lembra Santoro (2003, p.9): Afirmar a natureza confessional do ensino religioso, longe de ser um obstáculo, é um fator de crescimento do movimento ecumênico e do diálogo inter- religioso. Todas as confissões religiosas têm o direito de comunicar a sua visão cultural às novas gerações por meio do ensino, desde que sejam reconhecidas e credenciadas. A questão do ensino às novas gerações reflete os problemas do desenvolvimento humano. Erikson, do ponto de vista psicanalítico e cultural, realizou extensas pesquisas sobre os progressivos estágios do desenvolvimento da maturidade da pessoa, desde a infância até a idade adulta. Dentre suas conclusões, observa o seguinte: “Temos relacionado a confiança básica com a instituição da religião” (1971, p.234). Lembremo-nos que, para este autor, a expressão “confiança básica” designa a primeira etapa psicossocial a ser construída pela personalidade, além de que não significa um degrau abandonado posteriormente, mas algo fundamental continuamente conquistado pela personalidade madura. Indo mais além, vejamos as contundentes anotações de Viktor Frankl, médico, psiquiatra, sobrevivente de Auschwitz, que, narrando os horrores do campo de concentração e observando o comportamento dos prisioneiros, afirma que o significado que se confere à própria vida fazia diferença entre estes homens e mulheres torturados e humilhados. O aspecto religioso da vida de cada um deles sobressaia em sua maneira de enfrentar as situações extremas contra a dignidade humana as quais eram obrigados a suportar. A leitura de sua obra fundamental nos leva a inferir a necessidade crucial do ensino religioso, não como uma história da religião ou como uma doutrinação, mas como uma possibilidade que se abre ao aluno para sua reflexão pessoal. Como um horizonte novo que se lhe oferece caminhos abertos à sua escolha. Esta é a idéia do autor, principalmente por ter constatado que “uma vez que a busca de sentido por parte do indivíduo é bem sucedida, isto não só 45 o deixa feliz, mas também lhe dá capacidade de enfrentar sofrimento” (Frankl, 1987, p.151). Os conhecidos estudos realizados por Kohlberg (1981) sobre o desenvolvimento da ética e da moralidade e as perspectivas da educação moral, elaborados principalmente a partir de pesquisas empíricas com a aplicação de problemas que se constituíam em dilemas levaram o autor a estabelecer um quadro evolutivo com níveis que se superpõem hierarquicamente. Estes níveis partem do mais elementar, no qual a criança age para fugir da punição ou para obter uma recompensa até o sétimo nível do exercício livre da justiça e da preocupação social/ética/moral, com a conotação religiosa bastante forte. Seus últimos estudos apontam para um oitavo nível, que seria caracterizada por uma espiritualidade e que resultaria da aprendizagem decorrente da percepção religiosa da vida. O ensino religioso encontra nas pesquisas de Kohlberg um forte respaldo, salientando-se que em nenhum momento este aponta para alguma religião em particular, mas para o papel da religião na capacidade do indivíduo de resolver dilemas da vida diária. Podemos concluir que o ensino religioso tem um lugar importante no desenvolvimento integral da pessoa, principalmente quando se sabe que se faz necessário o pleno desabrochar vocacional de cada indivíduo. Neste sentido é que mais se entende a proposta de que há uma vocação da humanidade para transformar o mundo e há uma vocação de todo ser humano para a vida divina. As duas, como vimos, são intimamente ligadas: a transformação do mundo condiciona para um grande número, numa ampla medida, o acesso à vida divina, e, sem uma vida de fé, a humanidade desespera pela transformação do mundo (SUAVET, 1959, p. 101) Não podemos, no entanto, nos esquecer da liberdade das pessoas, de modo que “A pluralidade da sociedade nos mostra a necessidade da convivência das pessoas filiadas a diferentes grupos religiosos. Não se pode pretender a arbitrariedade de um ensino religioso único para todos” (LINS, 2004, p. 3). Esta é uma exigência fundamental para que não se caia numa intolerância e numa forma de preconceitos e também de perseguições. O respeito à consciência livre da cada um é portanto fim e base do ensino religioso. 46 O compromisso da escola com o desenvolvimento pleno da pessoa engloba diferentes aspectos, desde os especificamente individuais a todos os relacionamentos sociais. Além da excelência de ensino, do ponto de vista científico-técnico, da informação atualizada e das pesquisas das diferentes áreas de conteúdo do saber, há que se proporcionar ao indivíduo em formação o ensino religioso, como um dos pontos fundamentais de sua escolarização. O ensino religioso não é algo distanciado desta realidade, pois sua proposta coincide exatamente com esta dupla formação para a criança e para o jovem, não excluindo a alta qualidade que deve ser meta da escola. Devido à complexidade do tema deste artigo, observa-se que na maioria das vezes as perguntas ficaram sem resposta. É importante, pois, que pesquisas abordando a questão do ensino religioso possam continuar a proposta aqui apresentada. De modo algum pretendíamos concluir este estudo de forma fechada, pelo contrário, abrimos novos caminhos para reflexão e constante indagação. BIBLIOGRAFIA ARISTÓTELES – tradução de 1963 – Ethique a Nicomaque – Ed. Flammarion - Paris BERT,Jonathan – 2000 - Como poderia a ética depender da religião ? in SINGER,Peter (ed) – How could Ethics depend on Religion? Companion to Ethics - p. 525- 533Part VII – Challenge and Critique TRADUÇÃO: Maria Judith Sucupira da Costa Lins- Revista ETHICA - Cadernos Acadêmicos - v. 7- n.2 - 2000 - UGF - p.21- 36 ELIAD, Mircea – 1959 – Traité
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