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Murilo Paiola Marques Moura¹ José Eduardo Quaresma² Resumo: O estudo objetivou verificar a correta utilização das normas regulamentadoras de segurança relacionadas a incêndios, citando como exemplo a tragédia da Boate Kiss, no ano de 2013, no Rio Grande do Sul. A pesquisa buscou abordar o contexto relacionado à Ergonomia-Segurança do trabalho, ou seja, as medidas de segurança que facilitariam controlar ou até evitariam o acidente ocorrido. Para isso, verificou-se o uso de tecnologias para prevenção de incêndios disponíveis, tendo como instrumento a revisão de literatura relacionada às normas regulamentadoras, uma vez que, se tivessem sido instituídas pelos donos da boate, muitos acontecimentos, como o pânico que predominou no momento do ocorrido, poderia ter sido evitado. A fim de atingir os objetivos propostos, o estudo realizou-se por intermédio de pesquisa bibliográfica e documental, de modo a assegurar a confiabilidade das informações utilizadas. Palavras-chave: Incêndio. Segurança do trabalho. NR 23. Tecnologia. NR 23: FIRE PROTECTION Abstract: The present study aimed to verify the use of fire safety regulatory standards, based on the tragedy of Boate Kiss, in the year 2013, in Rio Grande do Sul. The research sought to address the context related to Ergonomics-Occupational Safety, the security measures that would make it easier to control or even prevent the accident. For this, the use of available fire prevention technologies was verified, having as a tool the revision of the literature related to the norms regulating, since, had they been instituted by the owners of the nightclub, many events, such as the panic that predominated in the could have been avoided. In order to achieve the proposed objectives, the study was carried out through bibliographical and documentary research, in order to ensure the reliability of the information used. Keywords: Fire. Workplace safety. NR 23. Technology. ¹ Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara- UNIARA. Araraquara-SP. E-mail: muri_paiola@hotmail.com ² Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo. Docente do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara - UNIARA. Araraquara-SP. E-mail: quaresma@gmail.com NR 23: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS mailto:quaresma@gmail.com 2 INTRODUÇÃO A gestão de segurança de saúde e do trabalho são ferramentas utilizadas com o propósito de reduzir o índice de acidentes e aumentar conscientização relacionada à segurança e à saúde de todos (OLIVEIRA, 2010). Para Oliveira (2010), poder contar com a implementação da Segurança e Saúde no Trabalho é fundamental, já que este sistema diminui consideravelmente os riscos de acidentes, propicia a saúde, a satisfação e o bem-estar dos envolvidos. Segundo Freire (2009), os casos relacionados aos incêndios tomaram maiores proporções ao passo que as cidades evoluíram, fazendo com que fosse necessário dispensar mais atenção às situações de risco e, sobretudo, às maneiras de fuga quando isso ocorria, as popularmente conhecidas como saídas de emergência. Em janeiro do ano de 2013, um grave incêndio aconteceu na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Um local destinado às atividades noturnas, onde aconteciam eventos tais como shows e discotecas, frequentado pelo público jovem. Na noite do incêndio, de acordo com o policiamento local, havia, em média, 1000 pessoas dentro da boate (REBELLO; CAVALHEIRO, 2013). Segundo o alvará de prevenção contra incêndio do Corpo de Bombeiros, a capacidade máxima suportada naquele local seria de 691 pessoas. O acidente ocasionou 241 vítimas fatais, sendo todas elas por asfixia decorrente da fumaça do incêndio. (PERONDI, 2013). Outro fator que vale ser ressaltado é a queima de fogos de artifício dentro da boate, local fechado, sem que, no momento, estivesse presente uma equipe qualificada em apagar incêndios. Além disso, os extintores de incêndio não estavam em boas condições de uso, pois não funcionavam, nem, tampouco, havia trabalhadores treinados para evitar o pânico daqueles indivíduos, sinalizando a saída, por exemplo. (REBELLO; CAVALHEIRO, 2013). Os mesmos autores relatam que, após o acidente, foram descobertas falhas de caráter seríssimo no Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio e Pânico do local (PSCIP), as quais foram consideradas as principais causas da tragédia. Desta forma, o estudo buscará responder à seguinte questão problema: quais seriam as formas de minimizar as consequências de incêndios ou mesmo evitá-los? 3 A pesquisa buscou abordar o contexto relacionado à NR 23 - Segurança do trabalho, ou seja, as medidas de segurança que facilitam controlar ou até evitar os acidentes relacionados à incêndios em ambientes fechados. 1 OBJETIVOS 1.1 Objetivo geral A pesquisa apresenta como principal objetivo discutir acerca dos erros que fazem com que ocorram acidentes em ambientes fechados e a forma de evitá-los utilizando a NR 23. 1.2 Objetivos específicos Relatar, por meio de bibliografia referente ao tema, quais seriam as condutas corretas para evitar acidentes em ambientes fechados de acordo com a NR 23; Definir as classes e as causas dos incêndios; Verificar os principais métodos de retirada das pessoas da área. 2 JUSTIFICATIVA Justifica-se a relevância ao tema proposto devido ao fato de que acidentes, como por exemplo o ocorrido na boate Kiss ocasionam mortes de pessoas por condutas que não estão de acordo com as normas regulamentadoras de segurança, mas, sobretudo, por uma grande falha humana, quer seja por falta de treinamento relacionado à segurança do trabalho ou por falta de conhecimentos relacionados aos princípios ergonômicos. 4 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Ergonomia: definição A International Ergonomics Association (IEA) define ergonomia como a disciplina que, fazendo uso de teorias, princípios e métodos são responsáveis por compreender a relação entre o ser humano e o sistema operacional como um todo, e também de elaborar projetos de melhoria das condições de trabalho em prol do bem-estar dos trabalhadores e do desempenho do sistema. A abrangência e aplicação da ergonomia vão além de propor objetivos ou mobiliários ditos “ergonômicos”, nem deve ser associada unicamente a DORT (Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho), já que ergonomia visa, em primeiro lugar, entender o trabalho e o agente que o exerce. O ser humano é influenciado por diversos fatores externos, tais como ambiente de trabalho, rotina, relacionamentos interpessoais etc., e por fatores internos como personalidade, estado de ânimo, satisfação pessoal, entre outros. Todos estes fatores tornam o estudo do ser humano muito complexo e variável, portanto, assim como Salomone (2008) afirma, a ergonomia não possui um único modelo de ação e sim conhecimentos gerais que serão utilizados como base para realizar uma análise e propor ações particulares de cada caso de estudo. O ser humano, ao realizar um trabalho, estabelece uma relação com uma empresa que, por sua vez, fornece ao seu trabalhador todos os meios e ferramentas para desenvolver o trabalho e atingir a qualidade e quantidade desejadas dos produtos e/ou serviços. Paralelamente, esses meios e ferramentas causam impactos à saúde, podendo também desencadear doenças ou acidentes (DUL J, WEERDMEESTER B, 2014). Elaborando uma junção dos termos e conceitos abordados, pode-se concluir que os escritórios com o ser humano são parte essencial do fluxo do trabalho (já que sem o ser humano, nenhum trabalho é realizado). Os cargos têm suas próprias características e condições de trabalho que podem acarretar desconfortos, caso estas condições não sejam adequadas para o trabalhador. Para avaliaras condições de trabalho, a ergonomia, que é a disciplina que estuda essa relação entre homem- máquina em prol do bem-estar, segurança e eficiência, foi proposto o estudo das percepções de variáveis ergonômicas de trabalhadores de um escritório de serviços. 5 No âmbito dessas informações, a aplicação da Ergonomia no planejamento e organização das diversas áreas faz-se essencial, não apenas pelo aspecto normativo, mas, principalmente, por conter princípios de utilização coletiva, consistindo em uma metodologia que analisa e concilia o trabalho aos trabalhadores, bem como aos objetivos pretendidos pela empresa. O foco da Ergonomia são o bem-estar, a segurança do ser humano, a produtividade e a qualidade da organização. O objetivo de ergonomia é identificar e propor um ponto de equilíbrio dos cinco pilares: tarefas, produtos, postos de trabalho, organização e meio ambiente, em relação à compatibilidade com o ser humano e suas necessidades, habilidades e limitações. Os cinco pilares da ergonomia são representados pela figura 1. Figura 1– Pilares da Ergonomia Fonte: (DUL J, WEERDMEESTER B., 2014) Nesse contexto, a engenharia está presente em todas as etapas de um programa de segurança do trabalho, sendo essencial no reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais, análise dos agentes agressivos nos pontos de trabalho, podendo prevenir riscos operacionais capazes de gerar acidentes, conforme será abordado no decorrer deste estudo. 6 3.2 Segurança do trabalho: Prevenção contra incêndios (Histórico) De acordo com SILVEIRA (1995), as primeiras técnicas e leis em relação a prevenção de incêndio, tiveram após as tragédias que ocorreram nos edifícios Andraus e Joelma, nos anos 70, época em que se iniciaram os estudos com a finalidade de adaptar itens de segurança, assim como as maneiras corretas de abandonar locais de incêndio. Em 1974, publicou-se, por meio do CB 24 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a norma brasileira NB 208, designada como “Saída de emergência em edifícios”, estabelecendo normas que executassem escadas seguras, caso houvesse a necessidade de evacuar a área em incêndios. Porém, a norma foi reformulada em 1985 para NBR 9077, pois devido aos avanços tecnológicos e pesquisas mais aprofundadas, atualizou-se no de 1993 e, mais adiante, em 2001 (ABDALA, 2015). Segundo Silveira (1995) muitas das normas de prevenção que existem no Brasil, são adaptações de normas estrangeiras e, como se pretendia pesquisar acerca do desenvolvimento do fogo, em 1979 criou-se o Laboratório de Ensaios de Fogo, estabelecendo o desenvolvimento de novas normas. Já em 1995 criou-se um grupo de trabalho no sentido de desenvolver normas relacionadas ao período de resistência ao fogo em edifícios, e no ano de 2000 foi publicada a NBR 14323, recebendo o nome de “Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento” (ABDALA, 2015). O autor ainda ressalta que, após anos de pesquisas, no fim de 2011, concluiu-se o Código de Segurança contra Incêndio e Pânico do CBPMPR, o qual estabelecia diversos conceitos atuais, mas mantinha aqueles que se consolidaram. As mudanças mais relevantes foram relacionadas ao total planejamento das edificações, ou seja, o Código não estabelecia somente a aprovação de um Projeto de Incêndio, mas atuava desde a sua construção. 7 3.3 Classes de incêndio Segundo Pozzobon (2010), os incêndios classificam-se em quatro classes, quais sejam: Classe A: Nessa classe são caracterizados os incêndios que ocorrem em materiais comuns, como por exemplo, madeira, papel, tecidos etc. Esses materiais são do tipo que queimam em superfície e em profundidade e após sua combustão deixam resíduos (brasas e cinzas). A forma mais eficaz é pela água, pois esse tipo de material necessita resfriar para apagar o fogo. Classe B: Nessa classe, os incêndios ocorrem com a mistura de ar e vapores formados nas superfícies dos líquidos que são inflamáveis, como óleos, gasolina, entre outros, que só existe a combustão na superfície, sem deixar resíduos, e os gases inflamáveis como gás liquefeito do petróleo (GLP), o gás natural (GN), hidrogênios etc. Para apagar esse tipo de incêndio precisa ser por abafamento, por conta da quebra da reação química em cadeia ou pela retirada do material combustível. Para os agentes extintores tem que ser produtos químicos secos, líquidos vaporizantes, CO2, água nebulizada e espuma química, que é considerado o melhor agente extintor. Classe C: Nessa classe, os incêndios são provenientes de equipamentos elétricos energizados, para esse tipo tem que ser utilizado um agente não condutor de eletricidade, os materiais usados normalmente são os pós químicos secos, líquidos vaporizantes e o CO2. Classe D: Nessa classe, os incêndios são ocorridos por conta de metais combustíveis, que são chamados de pirofóricos, como por exemplo magnésio, titânio, lítio, entre outros. Nesse tipo de incêndio a combustão dos metais são mais rápidas, pois eles reagem com o oxigênio atmosférico alcançando temperaturas muito elevadas, sendo mais altas do que outros tipos de materiais combustíveis. Para combater o incêndio precisa de equipamentos, 8 técnicas e agentes extintores especiais, porque cada tipo de metal precisa de um agente extintor diferente. 3.3.1 Causas de incêndio Em uma obra de construção civil, um incêndio é propiciado, na maioria das vezes, com a ocorrência simultânea dos seguintes fatores, à saber: 1) tem que haver uma fonte de calor; 2) há necessidade de um combustível; e, 3) existência de uma falha por ação humana. Dentre os fatores acima elencados, as falhas humanas podem ser detectadas através das análises e localização de falhas no projeto e/ou na sua execução, como também, podem ocorrer comportamentos inadequados dos ocupantes do prédio, que o torna vulnerável ao incêndio. Estas duas situações atreladas äs reações químicas em cadeia e exposição ao oxigênio, propiciam o aparecimento, manutenção e alastramento do fogo. Segundo o autor, quando se estudam as causas de um incêndio, procura-se saber como, porque e onde iniciou o processo de combustão, se a sua origem é proveniente da ação direta do homem ou não. 3.3.2 Principais métodos de prevenção contra incêndio Para se obter êxito na prevenção de incêndios, é preciso considerar e respeitar as normas técnicas e legislações vigentes referentes às medidas de proteção. Essas normas devem ser analisadas e inseridas no planejamento do estabelecimento. Desta forma, CONCEIÇÃO et al (2006, p. 49) ressalta: A preocupação de prevenir incêndios deve sobrevir ainda na fase de planejamento da edificação, no projeto de arquitetura. Nessa fase, podem ser pensadas as rotas de saída de emergência, acesso ao corpo de bombeiros, controle do emprego de materiais combustíveis e da propagação da fumaça. Anterior ao projeto de arquitetura, nas cidades planejadas, tem-se o urbanismo. A distribuição de quadras, ruas, destinação de lotes etc. pode ser acompanhada da prevenção de incêndios. O projeto de instalações contra incêndio e pânico 9 também revelará medidas de proteção eficientes nos casos de sinistro. Nesse caso, de acordo com FAGUNDES (2013, p. 27) a prevenção pode ser ativa e passiva. As medidas de proteção podem ser divididas em: Passivas ou preventivas: Estas medidas têm por objetivo minimizar as possibilidades da eclosão de um princípio de fogo, bem com reduzir a probabilidade de seu alastramento. Ativas ou de combate: Estas medidas visam agir sobre o fogo já existente, para extingui-lo ou, então, controlá-lo até à chegada do corpo de bombeiros ao local, criando facilidades para que este combate seja o mais eficaz possível. Ainda nesse sentido a proteção passiva é definida de acordocom a NBR nº 14.432, que estabelece como, conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da edificação e que reage passivamente ao desenvolvimento do incêndio, não estabelecendo condições propícias ao seu crescimento e propagação, garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos usuários e a aproximação e o ingresso no edifício para o desenvolvimento das ações de combate. Brentano (2005 apud CONCEIÇÃO 2006, p. 13) esclarece que: A proteção passiva envolve todas as formas de proteção que devem ser consideradas no projeto arquitetônico para que não haja o surgimento ou, então, a redução da probabilidade de propagação e dos efeitos do incêndio já instalado (...) com o objetivo de evitar a exposição dos ocupantes e da própria edificação ao fogo. CONCEIÇÃO (2006, p. 21) discrimina as medidas de proteção passiva de acordo com o Regulamento de Segurança contra Incêndio e Pânico do CBMDF (RSIP): a) Meios de prevenção contra incêndio e pânico: – correto dimensionamento das instalações elétricas; – sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA); – sinalização de segurança; – sistema de iluminação de emergência; – uso adequado de fontes de ignição; e – uso adequado de produtos perigosos. b) Meios de controle do crescimento e da propagação do incêndio e pânico: – controle de quantidade de materiais combustíveis incorporados aos elementos construtivos, decorativos e de acabamentos; – controle das características de reação ao fogo dos materiais incorporados aos 10 elementos construtivos; – controle da fumaça e dos produtos da combustão; – compartimentação horizontal e vertical; – afastamentos; e – aceiros. c) Meios de detecção e alarme1: – sistema de alarme; – sistema de detecção de incêndio; – sistema de comunicação de emergência; e – sistema de observação e vigilância. d) Meios de escape: – saídas de emergência; e – aparelhos especiais para escape. e) Meios de acesso e facilidade para operação de socorro: – vias de acesso; – acesso à edificação; – dispositivos de fixação de cabos para resgate e salvamento; – hidrantes urbanos; e – mananciais. f) Meios de proteção contra colapso estrutural: – correto dimensionamento das estruturas à ação do fogo. g) Meios de administração da proteção contra incêndio e pânico: – brigada de bombeiros particulares (brigada de incêndio). Já a norma de proteção ativa é definida pela NBR nº 14.432 sendo um “tipo de proteção contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente em resposta aos estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalações prediais de proteção contra incêndio”. Proteção ativa é aquela que se torna funcional na presença do incêndio ou de suas consequências, como o calor e a fumaça. Durante o projeto e a construção de um edifício, a prevenção de incêndios é completada pela instalação de um sistema de equipamentos e de aparelhos de combate a incêndio, montado racionalmente em pontos devidamente estudados, ou montado dentro de normas ou regulamentos nacionais ou estrangeiros que regem os equipamentos utilizados; tais equipamentos devem ser adequados à extinção de fogo do tipo que possa ocorrer na sua zona de ação; ao mesmo tempo devem proteger o patrimônio, limitando, sempre que possível, os estragos que possam ocorrer pelo seu emprego (CAMILO JR.,1999). Estas medidas ativas estão representadas por equipamentos que de alguma forma necessitam de acionamento manual/automático para seu manuseio, como por exemplo, Sistemas de detecção e de alarme de incêndio, Sinalização de emergência, chuveiros automáticos (“sprinklers”), para combater alguns tipos de riscos existe a espuma mecânica, existe também o sistema fixo de gases limpos ou CO2 que combate incêndios em alguns tipos de riscos. As medidas principais para proteger preventivamente ou passivamente nas edificações são: Afastamento entre edificações; Segurança estrutural das edificações; 11 Compartimentações horizontais e verticais; Saídas de emergência; Sistema de controle e detecção da fumaça de incêndio; Sistema de detecção de calor; Instalação de sistema DRR-disjuntor referencial residual; Controle dos materiais de revestimento e acabamento; Controle das possíveis fontes de incêndio; Sistema de proteção contra descargas atmosféricas; Central de gás; Acesso de viaturas do corpo de bombeiros junto à edificação; Brigada de incêndio. As principais medidas de proteção ativa ou de combate a focos de fogo são: Sistemas de detecção e de alarme de incêndio; Sistema de sinalização de emergência; Sistema de iluminação de emergência; Sistema de extintores de incêndio; Sistema de hidrantes ou de mangotinhos; Sistema de chuveiros automáticos (“sprinklers”); Sistema de espuma mecânica para combate em alguns tipos de riscos; Sistema fixo de gases limpos ou CO2 para combate a incêndios em alguns tipos de riscos. A vida humana tem que ser o principal objetivo, sendo assim, sempre tem que pensar como sendo de maior importância e delineador para todos os parâmetros que determinam os projetos de edificações. Os projetos dos meios de proteção para os ocupantes da edificação dependem do tipo de sua ocupação, quais sejam: Quais são as atividades desenvolvidas na edificação? Quais são as possíveis fontes de fogo na edificação? Que produtos combustíveis são usados ou existem na edificação? Que características físicas ou mentais possuem seus ocupantes? 12 Como pode ser o comportamento das pessoas que ali estão durante uma emergência de incêndio? O projeto que previne incêndios é qualquer medida tomada para prevenir incêndios em qualquer edificação, sendo passivas ou ativas, precisando ser encaminhado para órgãos públicos para analisar e aprovar o projeto, os projetos são constituídos por documentos gráficos e escritos. 3.4 Planos de retirada das pessoas da área O plano de segurança deve contemplar uma forma de retirada das pessoas do estabelecimento. Para realizar a evacuação de forma segura é necessário que o plano de emergência seja conhecido por todos e que seja respeitado o que foi estabelecido. Embora esse conhecimento seja fundamental, a maioria dos estabelecimentos não se preocupam em treinar seus funcionários. Sob estes aspectos, SILVA e COELHO (2007 p. 37) mencionam que “os ocupantes na maioria dos tipos de edificações não recebem treinamento de como se comportar durante uma emergência. A capacidade de desocupação ou a habilidade dos ocupantes em abandonar um local determinam o conceito de evacuação”. Saber o que fazer em caso de incêndio é fundamental para tentar controlar o pânico entre as pessoas que nessas condições podem ferir ou mesmo matar outras pessoas por não saber como agir. Em momento de desespero as pessoas reagem imediatamente, cada pessoa surge com uma trajetória para a fuga e em uma situação de pânico as pessoas são egoístas, pensam somente em salvar a si mesmas, desenvolvendo comportamentos sem muito pensar. Os indivíduos se preocupam tanto com a ideia de escapar que não levam em consideração os resultados de suas ações, apresentando um comportamento baseado em estímulo/resposta. O término da fuga em pânico ocorre somente quando as pessoas percebem que estão fora da área de perigo. (SIMIDA; MACAO, 2004). 13 3.5 Detalhamentos das medidas de proteção contra incêndio 3.5.1 Isolamento de riscos A propagação entre edifícios isolados ocorre por conta da radiação térmica, da cobertura da edificação, das aberturas das fachadas também pelas chamas que alcançam as edificações em volta. Quando os gases quentes emitidos por uma edificação atingem a edificação vizinha, isso é chamado de convecção e quando as chamas se propagam de um prédio para o outro é chamado de condução.Para que haja o isolamento, deve-se se ter afastamentos mínimos entre edificações e compartimentações horizontais e verticais na própria edificação para confinar o fogo durante um determinado período, de maneira que permita a saída segura de seus ocupantes, e que também o combate possa ser iniciado evitando a propagação do fogo. Para facilitar as operações de resgate, evitar ou retardar o colapso parcial ou total da edificação e para minimizar os danos às edificações vizinhas e à infraestrutura pública (BRENTANO, 2010). 3.5.2 Compartimentação vertical e horizontal Para o fogo não se propagar, será preciso compartilhar fisicamente a edificação, sendo assim tem que dividir em células para ter a capacidade de suportar a queima dos materiais, sendo assim, impede e minimiza seu alastramento. Para elaborar uma compartimentação corretamente é resultado dos elementos construtivos que foi utilizado e as características físicas que consegue determinar o tempo que consegue resistir à ação do fogo. Ela tem que possuir as três características construtivas básicas, que são, isolamento térmico por tempo determinado, estabilidade estrutural e a estanqueidade às chamas, gases e fumaça. Essas compartimentações devem possuir isolamento, e estes, devem apresentar-se sob dois tipos, à saber: a horizontal e a vertical, sendo que na horizontal ela se apresenta de forma a impedir que o fogo se propague no plano horizontal do pavimento para outros de seus ambientes, evitando, assim, que passe por aberturas ou até mesmo para impedir que o fogo atinja os prédios vizinhos, através de suas aberturas, como janelas e portas existentes no local. E para impedir a propagação do fogo, deve-se utilizar registros corta-fogo, portas e paredes corta-fogo etc. 14 (registros corta-fogo são dutos que passam pelas paredes ditas como paredes corta- fogo). Já, a compartimentação vertical, é feita para não deixar o fogo se propagar do pavimento inferior para o superior ou vice e versa, considerando-se os pavimentos em sua linha vertical. Nesta compartimentação deve se utilizar as lajes corta-fogo, o enclausuramento de escadas através de paredes e portas corta-fogo, selagem de abas verticais e/ou abas horizontais projetando as para além da fachada e registro corta-fogo em dutos que comunicam um pavimento ao outro. 3.5.3 Resistência das estruturas ao fogo Quando a edificação tem um incêndio de forma generalizada, a temperatura do local alcança níveis muito elevados e geralmente a estrutura não aguenta. Para não acontecer isso as edificações têm que ser projetadas de forma correta, dentro dos padrões mínimos de desempenho, com os objetivos de: Os acabamentos e revestimentos não podem propagar o fogo e não podem contribuir para isso; As paredes de compartimentação têm que evitar e retardar a propagação do calor, fumaça e das chamas’; Tem que evitar colapsos na estrutura parcial ou total da construção; A edificação deve ter uma estrutura que seja capaz de resistir ao fogo e possibilitar que quem esteja nela consiga sair em segurança, tendo assim condições para combater o incêndio pela parte externa e minimizar as perdas materiais, incluindo as construções em sua volta. 3.6 Saídas de emergência A saída de emergência ou rota de saída de emergência tem que ser um caminho contínuo, corretamente protegido, com sinalizações e iluminações indicando o caminho correto, portas corta fogo, passagens externas etc., para que caso ocorra uma emergência ou incêndio, os ocupantes tem que conseguir atingir a parte externa ou a via pública estando em qualquer ponto da edificação. 15 Segundo a NBR 9077/2001, os objetivos básicos das saídas de emergência são possibilitar que os seus ocupantes se desloquem com segurança por seus próprios meios, de qualquer ponto da edificação para um lugar livre da ação do fogo, calor, fumaça e gases, independente da origem do fogo. Deve-se permitir o acesso externo do corpo de bombeiros, para efetuar de forma rápida e segura o salvamento dos ocupantes. As saídas de emergência devem atender às determinações legais de acessibilidade às edificações dispostas na NBR 9050/2004. Deve possuir, uma rota desobstruída e sinalizada, acessível com um trajeto contínuo, que assim tem que conectar os ambientes do local, que deve ser utilizada de forma autônoma e segura para todo mundo, incluindo os que tem deficiência física ou possui mobilidade reduzida, as rotas de saídas de emergência compreendem de forma geral: No plano horizontal, estão inclusos os caminhos ou espaços localizados no interior dos pavimentos, que de acesso a algum tipo de refúgio ou encaminha diretamente às escadas, rampas ou elevadores que são de emergência, as rotas que podem ser utilizadas são os corredores, passarelas, varandas etc. O plano vertical é considerado uma rota para os ocupantes se deslocarem entre níveis da edificação e essas rotas podem levar em áreas de refúgios ou pavimentos de descargas, as rotas são escadas, rampas e elevadores de emergência. Para dimensionar as rotas de saídas de emergência de uma de edificação precisam utilizar esses elementos: Calcular a população conforme a ocupação; O cálculo dos números de unidades de passagem essenciais; Calcular a distância máxima para ser percorrida; Determinar a quantidade mínima de saídas de emergência; O tempo que é necessário para desocupar todo o prédio. 16 3.6.1 Cálculo do número de unidades de passagem Conforme a NBR 9077/2001, a largura das saídas deve ser dimensionada de acordo com a população que por ela transitar, sendo que os acessos são dimensionados em função da população de cada pavimento, porém as escadas, rampas e descargas são dimensionadas em função do pavimento de maior população, considerando-se o sentido da saída. Para o cálculo do número de unidades de passagem necessário nas rotas de saída de emergência usa-se a formula: N = P / C Onde: N = Número de unidades de passagem, P = População do ambiente, pavimento ou edificação, em nº de pessoas, C = Capacidade da unidade de passagem, em nº de pessoas por minuto/ unidade de passagem, de acordo com a ocupação da edificação, de acordo com a tabela 5 da NBR 9077/2001. As larguras mínimas das saídas de emergência estipuladas pela NBR 9077/2001, são as seguintes: a) 1,10 m, correspondendo a duas unidades de passagem e 55 cm, para as ocupações em geral, ressalvado o disposto a seguir; b) 2,20 m, para permitir a passagem de macas, camas, e outros, nas ocupações do grupo H, divisão H-3. As larguras das saídas deve ser medida na sua parte mais estreita, não sendo admitidas saliências de pilares e outros, com dimensões maiores que 10x25 cm.a 3.6.2 Número mínimo de saídas de emergência Para obter um número mínimo de saídas de emergência tem que levar em consideração a altura, dimensões em planta, características de cada edificação e depende do tipo de ocupação é esse edifício. Se caso não tiver mais de quatro 17 unidades autônomas por pavimento em habitações multifamiliares, pode ter apenas uma única saída. 3.6.3 Distâncias máximas a serem percorridas As distancias máximas a serem percorridas, significa a distância entre um ponto afastado até a saída de emergência mais segura, e tem que considerar sempre o risco que exista para a vida humana por conta do fogo, essa distância pode variar de acordo com a ocupação, características de construções das edificações e a existência de chuveiros automáticos para conter os incêndios. Considerando que preconiza na instrução técnica n 11 de 2019, as saídas de emergência, bem como as escadas, estão localizadas de forma a propiciar aos ocupantes da edificação a melhor rota de fuga. 3.6.4 Descarga Descarga ou área de descarga é o trecho da rota de saída de emergência de uma edificação constituídapelo espaço entre o término de uma escada, rampa ou elevador de emergência e uma porta, que dá acesso a uma área externa protegida ou para a via pública (BRENTANO, 2010). 3.6.5 Tempo necessário para a desocupação Um importante dado sobre as saídas de emergência, que é muito importante neste estudo, se trata da tragédia que aconteceu na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria, se trata do tempo necessário que foi para que todo o prédio foi evacuado na situação de incêndio, levando em conta todas as variantes de possibilidades na locomoção e a velocidade do deslocamento das pessoas que estavam no local. Segundo Brentano (2010), recomenda-se para as velocidades médias de deslocamentos e o tempo máximo de desocupação a seguir: Velocidade de deslocamento: 18 Trajetos horizontais = 20 m/min. Escadas = 5 m/min. Tempo máximo para a desocupação total de uma edificação = 20 min. 3.6.6 Portas As portas do trajeto de saída e as das salas que tem capacidade acima de 50 pessoas e elas devem abrir no sentido do trânsito de saída e elas não podem ser trancadas de maneira alguma. Em locais com capacidade acima de 200 pessoas, caso da boate Kiss, as portas de comunicação com os acessos, escadas e descarga devem ser dotadas de ferragem do tipo antipânico, conforme NBR 11785/1997. Segundo Brentano (2010), as portas de saídas de emergência devem ter as seguintes dimensões mínimas de vão de luz: 80 cm, valendo por uma unidade de passagem; 1,00 m, valendo por duas unidades de passagem; 1,50 m, em duas folhas, valendo por três unidades de passagem; 2,00 m, com duas folhas, valendo por quatro unidades de passagem. Acima de 2,20 m de vão de luz é exigida a divisão do vão por uma coluna central. As portas de saída de emergência incluídas na rota de fuga são elementos importantes para a contenção e proteção contra o fogo, sendo definidas como corta- fogo (PCF), resistentes ao fogo (PRF) e à prova de fumaça pressurizada (PF), conforme a NBR 11742/2003. 4 METODOLOGIA Pesquisa realizada por intermédio de revisão bibliográfica, a partir da base de dados de sites eletrônicos, bem como livros relacionados ao tema, porém os principais materiais referenciados foram encontrados em artigos científicos relacionados à NR 23. 19 Lakatos (2007) ressalta a importância da metodologia aplicada a um trabalho científico, uma vez que é imprescindível realizar uma revisão bibliográfica correta, assim como também escolher a abordagem de pesquisa que seja ideal para resolver a questão de pesquisa, com o melhor planejamento e desenvolvimento. Pesquisas qualitativas são fundamentadas, principalmente, em análises qualitativas dos dados. Além disso, a principal distinção destas para as pesquisas quantitativas encontra-se na ênfase dada ao indivíduo alvo dos estudos (LAKATOS, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso e a finalidade das propriedades fechadas devem obedecer a alguns critérios legais. Diante disso, os proprietários das edificações, assim como aqueles que são responsáveis pelo seu uso, devem buscar garantir que todas as medidas sejam tomadas. É observável que algumas empresas, destacando-se as de menor porte, optem por consultorias que desenvolvem esses programas como pacotes economicamente mais viáveis e que atendam as normas regulamentadoras, haja visto que pela própria NR, não se há exigência de profissionais da segurança e saúde do trabalho nessas empresas destacadas. Para a Ergonomia, as condições de trabalho definem-se por um conjunto de fatores relacionados com a qualidade de vida das pessoas e nos resultados das tarefas que elas desenvolvem, de modo que, muitos problemas que ocorrem no ambiente de trabalho dos profissionais são por falta das medidas ergonômicas nesse ambiente, ou seja, falta uma análise ergonômica do trabalho. A ergonomia tem sido cada vez mais abordada no sentido de intervir na avaliação de processos de reformas produtivas, principalmente nas questões acerca da definição da atividade e dos postos de trabalho inapropriados, pois definir a atividade é fator de extrema importância para operacionalizar o desempenho dos sistemas de produção, de modo a conseguir uma estabilidade no que se refere à qualidade e quantidade. 20 No âmbito dessas informações, a aplicação da Ergonomia no planejamento e organização das diversas áreas faz-se essencial, não apenas pelo aspecto normativo, mas, principalmente, por conter princípios de utilização coletiva. Sobre esses aspectos, torna-se necessária a implementação de padrões de segurança e proteção contra incêndio nos imóveis (NR 23), bem como em áreas de risco de incêndio. REFERÊNCIAS ABDALA, M. M. Comparação das medidas de segurança contra incêndio exigidas para uma edificação com boate e agência bancária segundo o CPI (2001) e o CSCIP (2015). Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Construção Civil. Campo Mourão, 2015. ACOSTA, E. S. Tecnologias para prevenção de incêndios: a tragédia da boate kiss. Universidade Federal de Santa Catarina. Araranguá, 2015. ALVES, P. M. Aplicação da NR17 em uma enfermaria de uma santa casa de misericórdia: um estudo de caso, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10898: Sistema de iluminação de emergência. Rio de Janeiro, 1999. 24 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12693: Sistemas de proteção por extintor de incêndio. Rio de Janeiro, 2013. 22 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14100: Proteção contra incêndio - Símbolos gráficos para projeto. Rio de Janeiro, 1998. 18 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saídas de Emergências em Edifícios. Rio de Janeiro, 2001. 35 p. 21 BRENTANO, T. A proteção contra incêndio ao projeto de edificações. 2º ed. 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