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Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional Campos dos Goytacazes – RJ Gabrielly Caroline Carvalho1 “O Capital” 1º capítulo Questões respondidas: 1, 2 , 3 ,4 ,5 e 6 Campos dos Goytacazes, RJ, 2020 1 Graduanda em Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. KARL MARX: Karl Marx nasceu em 1818 em meio a uma família judia. Foi um sociólogo, historiador, economista e revolucionário socialista e um pensador dos elementos fundamentais do capitalismo. Considerado um dos principais pesquisadores do sistema econômico e suas formas de desenvolvimento, analisando a mercadoria, a moeda, o capital, o trabalho, a mais-valia, a acumulação de capital e as crises. A visão central de Marx considera o homem como ser natural, social, como um ser histórico, vendo a história como se desenvolvendo através da luta de classes, numa visão dialética. O Capital, é um conjunto de três volumes publicados entre 1867 e 1883. No livro, Marx propõe uma interpretação crítica do sistema econômico capitalista. Junto de “O Manifesto Comunista”, O Capital é considerado um dos livros mais importantes para a introdução do pensamento social marxista. No primeiro livro de “O Capital” Marx tem como objetivo revelar a lei econômica do movimento da sociedade moderna e compreender todo o processo, que o autor nos apresenta em no decorrer dos três livros. Marx defendia que o capitalismo como sistema era um modo de produção historicamente transitório cujas contradições internas o levariam à queda, sendo inevitavelmente substituído. CAPÍTULO 1: A MERCADORIA: "A riqueza das sociedades onde reina o modo de produção capitalista aparece como uma "enorme coleção de mercadorias"(MARX, 2017, p.97). Com esta frase, Karl Marx inicia o primeiro capítulo de uma de suas maiores obras "O Capital" publicado em 1867 o que seria o seu ponto de partida para a análise de uma sociedade capitalista. Segundo Marx, as mercadorias seriam a determinação mais singular do modo de produção capitalista e o que a define como tal. As mercadorias podem ser usadas diretamente como produtos a serem consumidos, ou como meios de produção de outras mercadorias, o que as fazem serem imprescindíveis para a reprodução humana e com isso, devem ser analisadas sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade. Assim, Marx analisa dois aspectos do mesmo em unidade dialética. A mercadoria em seu aspecto qualitativo é associada as suas características físicas, é o que permitem que uma determinada mercadoria atenda a uma necessidade social, ou seja, são seus conjuntos de características, suas qualidades, que vão permitir que se atenda a uma necessidade social a partir do consumo da mesma. Essa necessidade social pode ser, segundo Marx, do estômago ou da fantasia. Portanto, a mercadoria necessita e ter valor-de-uso para se tornar mercadoria, e esse valor-de-uso precisa ser baseado em uma necessidade social. Apesar de terem valores de uso essa não é uma característica única das mercadorias. Existem coisas que têm valores-de-uso e que não são, necessariamente, mercadorias, como por exemplo o ar. Já o aspecto quantitativo determina o quanto uma mercadoria vale, com isso é necessário sempre uma outra unidade de medida, ou seja a quantidade é o que ele associa ao valor de troca. O valor para Marx é esta unidade dialética entre valor-de-uso e valor-de-troca. O que distingue as mercadorias do ponto de vista do valor-de-uso são as características concretas e o próprio corpo da mercadoria, ou seja, é o corpo das mercadorias que determina as necessidades sociais que elas são capazes de atender. "Esse seu caráter não depende do fato de a apropriação de suas qualidades úteis custar muito ou pouco trabalho aos homens."(MARX, 2017, p. 97) Ou seja, uma mercadoria não tem mais ou menos valor-de-uso que outra. "O valor-de-troca aparece inicialmente como a relação quantitativa, a proporção na qual valores de so de um tipo são trocados por valores de uso de outro tipo." (MARX, 2017, p. 97) O valor-de-troca apenas se expressará na troca. Só saberemos quanto vale uma mercadoria se tivermos uma unidade de medida. O valor-de-troca é sempre quantitativo, ou seja uma unidade do valor-de-uso será medida em uma quantidade de alguma outra coisa. Portanto, a troca tem que ser entre valores de uso diferentes entre si, porém valores-de-troca iguais, ou seja, uma troca equivalente. Se distintos valores-de-uso, que possuem diferentes características físicas e atendem a diferentes necessidades sociais podem se igualar nestas relações, é porque existe al em comum entre eles. Durante suas relações de troca de mercadorias o que implica são as quantidades e não seu aspecto qualitativo: Prescindindo do valor de uso dos corpos das mercadorias, resta nelas uma única propriedade: a de serem produtos do trabalho. Mas mesmo o produto do trabalho já se transformou em nossas mãos. Se abstraímos seu valor de uso, abstraímos também os componentes [Bestandteilen] e formas corpóreas que fazem dele um valor de uso. O produto não é mais uma mesa, uma casa, um fio ou qualquer outra coisa útil. Todas as suas qualidades sensíveis foram apagadas. E também já não é mais o produto do carpinteiro, do pedreiro, do fiandeiro ou de qualquer outro trabalho produtivo determinado. Com o caráter útil dos produtos do trabalho desaparece o caráter útil dos trabalhos neles representados e, portanto, também as diferentes formas concretas desses trabalhos, que não mais se distinguem uns dos outros, sendo todos reduzidos a trabalho humano igual, a trabalho humano abstrato. (MARX, 2017, p. 98-99) Para ser considerada socialmente uma igualdade no valor (equivalente), é necessário haver uma base de medida comum, e esta base comum, segundo Marx, é o trabalho humano entendido enquanto gasto de energia, isso Marx chama de trabalho abstrato. Ou seja, o valor, que é comum a todas as mercadorias e está presente nas relações de troca. E esta troca se mede pela quantidade de trabalho abstrato contido na mercadoria, que por sua vez se mede em horas, minutos etc. O trabalho abstrato de referência ou de tempo de trabalho não todo e qualquer tempo de trabalho gasto na produção da mercadoria, mas sim o gasto usual de força de trabalho na atividade. Ou seja, o gasto de energia em média preciso para produzir determinada mercadoria. Nisso, Marx cama de “tempo de trabalho socialmente necessário”. Assim, o tempo e trabalho socialmente necessário é a medida do valor, aquela característica comum a todas as mercadorias, que se manifesta durante a relação de troca. “O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra, assim como o tempo de trabalho necessário a produção de uma está para tempo de produção necessário à outra” (MARX, 2017, p. 100) Ao analisar o valor, o compreendemos em sua sua dupla dimensão, tanto enquanto o valor de uso quanto o valor de troca vem do trabalho, pois o trabalho é o que confere a dupla dimensão do valor às mercadorias. Sendo assim, o trabalho também pode ser analisada em dupla dimensão: trabalho útil e o trabalho concreto. Para entender o trabalho enquanto gasto de energia humana é preciso abstrair todas as características qualitativas de todos os processos específicos. São as características particulares do processo de trabalho particular que permite que tenha um produto com determinadas características particulares, que portanto vão atender a determinadas necessidades sociais particulares. São as particularidades qualitativas de cada processo de trabalho específico que permitem conferir valor de uso a uma mercadoria. Isto é o que Marx chama de trabalho útil. Abstraindo essas particularidades obtemos apenas uma "massa indefinida" de trabalho, ou seja o gasto de energia humana, independente da forma que essa energia é gasta. Com isso, pode-se comparar as quantidades, e portanto, teremos uma unidade de medida socialmente reconhecida, uma base para a determinaçãode troca na nossa sociedade. Quando observamos o caráter útil, concreto do trabalho, isolamos sua capacidade de gerar valor, sua forma abstrata. O trabalho útil era valor de uso, que transforma seu material em algo que tenha utilidade social, enquanto o gasto de energia nessa produção é apenas substância do valor. Portanto, se em relação ao valor de uso o trabalho contido na mercadoria vale apenas qualitativamente, em relação à grandeza de valor ele vale apenas quantitativamente, depois de ter sido reduzido a trabalho humano sem qualquer outra qualidade. Lá, trata-se do “como” e do “quê” do trabalho; aqui, trata-se de seu “quanto”, de sua duração. Como a grandeza do valor de uma mercadoria expressa apenas a quantidade de trabalho nela contida, as mercadorias devem, em dadas proporções, ser sempre valores de mesma grandeza. (MARX, 2017, p. 104) Analisando o duplo caráter do trabalho pode-se compreender o que é produtividade do trabalho. Segundo Marx, o aumento da produtividade se refere à capacidade de em um certo período de tempo, produzir mais valores-de-uso, ou seja, produzir duas mercadorias no período em que se produzia apenas uma. Isto certamente implica no valor de cada mercadoria, que diminui, pois a quantidade de trabalho abstrato, antes utilizada para produzir uma mercadoria agora produz duas. Se ao colocarmos duas mercadorias lado a lado e forem possíveis de haver troca entre si, é porque, apesar de suas diferentes características, existe algo em comum entre elas, o trabalho humano abstrato. Com isto é possível afirmar que seu valor de troca é equivalente. A forma equivalente representa o valor da mercadoria na forma relativa. A primeira propriedade da forma equivalente é que seu valor de uso se torna a expressão do valor, apesar de parecer uma relação de igualdade. Para expressar esse valor de troca temos então o dinheiro. O dinheiro é uma mercadoria particular que assumiu, historicamente, a capacidade de representar valor de troca. Com isso, o dinheiro representa valor. Durante a troca dinheiro x mercadoria, o dinheiro deixa de ter valor na forma de dinheiro e passa a ter valor na forma da mercadoria. Com isto, a mercadoria historicamente se desprende da quantidade de trabalho que está incorporada em si mesma e passa a representar a quantidade de trabalho das outras mercadorias. O dinheiro agora representa a quantidade de trabalho que está incorporado na mercadoria e não em si. Ou seja, dinheiro é uma mercadoria que socialmente e historicamente assume o papel de representar trabalho humano em sentido geral, trabalho em sentido abstrato. Com isso, a mercadoria oculta as características sociais dos trabalhos, e revela-se como características sociais dos produtos aos quais os seres humanos parece não ter conhecimento. A isso Marx chama de fetichismo. Ou seja, o dinheiro torna ainda mais difícil que enxerguemos que as mercadorias são fruto do trabalho humano. O ocultamento das relações sociais, ocultamento da história no processo de mercantilização dado o grau da divisão social do trabalho. É não enxergar as relações sociais que estão por trás da mercantilização. O que leva a reificação das pessoas, ou seja a objetificação das pessoas e a subjetificação dos objetos. CONCLUSÃO: A partir do primeiro livro de O Capital, Karl Marx nos apresenta a forma das relações sociais na nossa sociedade a partir da análise da questão primordial, que mais tarde, irá se desenvolver as demais questões discutidas por Marx, a mercadoria. Ao analisar a mercadoria, Marx determina que seu valor-de-troca não está na própria mercadoria, o que se encontra na mercadoria é o seu valor-de-uso, pois é produzida para atender a uma necessidade social. A mercadoria possui valor derivado a partir do trabalho utilizado para a sua produção, isto é, o gasto de força humana, com isto teremos o valor das mercadorias. Portanto, a mercadoria possui valor-de-uso e valor, sendo o valor-de-troca presente apenas comparado a outra mercadoria. Marx faz uma apresentação crítica do funcionamento do processo capitalista, processo este que construiu e ainda constrói as sociedades ocidentais modernas. Ao longo de sua análise, Marx desenvolve as demais categorias essenciais ao processo capitalista, tais como valor, trabalho abstrato e dentre outros, até conseguir reproduzir conceitualmente a realidade capitalista. BIBLIOGRAFIA: MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política: livro I : o processo de produção do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2017.
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