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1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 2 2. CONCEITOS BÁSICOS DE HIGIENE E REQUISITOS DE HIGIENE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS ............................................................................................... 3 2.1 A limpeza das superfícies ................................................................................. 5 2.2 A sanificação na indústria de alimentos ........................................................... 9 3. Princípios de processos de higienização da indústria de alimentos ............... 12 4. Conceitos de pontos críticos de controle de higiene, princípios de limpeza ... 15 5. Fundamentos da toxicologia: histórico e terminologia especifica .................... 21 5.1 Definições e termos toxicológicos .................................................................. 23 5.2 Aspectos que determinam a finalidade da toxicologia .................................... 24 5.3 Segurança como conceito ........................................................................... 26 5.4 Divisões da toxicologia ................................................................................ 27 5.5 Toxicologia industrial (ocupacional) ............................................................. 29 5.6 Controle ou monitoramento ambiental ......................................................... 30 6. Metodologias para avaliação da toxicidade e biocompatibilidade: Técnica HET- CAM, Vermelho neutro, MTT, Caenorhabditis elegans e Artemia salina. ........................... 32 7. Produtos tóxicos ou veiculados nos alimentos: Metais em alimentos, Aditivos, micotoxinas e radicais livres ............................................................................................... 35 7.1 Avaliação do risco .......................................................................................... 38 7.1 Regulamentos técnicos e sanitários: como evoluíram e se configuram na atualidade ....................................................................................................................... 42 7.2. Os aditivos alimentares e a toxicologia ......................................................... 44 8. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 49 2 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2. CONCEITOS BÁSICOS DE HIGIENE E REQUISITOS DE HIGIENE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Fonte: betelassessoria.com.br A higiene é parte das condições sanitárias exigidas, que a inspeção sanitária deve verificar. A higiene pessoal e ambiental é, ainda, finalidade de determinadas classes de produtos. O termo higiene sempre aparece nas normas de alimentos, seja como requisito dos produtos, seja dos locais onde são produzidos, manipulados ou envasados; e a noção atual de higiene nesse campo contempla, além dos padrões microbiológicos, parâmetros em relação aos resíduos de pesticidas e outros contaminantes (MARINS et al., 2014). A higiene da alimentação é preceito normativo que fundamenta o cancelamento, temporário ou definitivo, do registro de um dado alimento e a interdição ou apreensão de alimentos e bebidas, de acordo com Costa (2000). A higiene ou as condições higiênicas fundamentam também a permissão de funcionamento dos locais de preparo, consumo ou comércio dos alimentos, uma vez que a não obediência a esse preceito, quando citada nos autos de infração, pode acarretar legalmente a interdição parcial ou total, em caráter temporário, até que sejam cumpridas as exigências sanitárias de forma definitiva (TANCREDI, 2004). A higiene e a fiscalização dos alimentos constituem um setor fundamental da saúde pública, complementar da nutrição, que estuda os processos de conservação dos produtos alimentícios e as alterações, adulterações e falsificações que eles podem sofrer, tanto in 4 natura quanto depois de preparados, e estabelece normas práticas de apreciação e vigilância. Assim, a higiene alimentar corresponde ao conjunto de medidas adequadas para assegurar as características dos alimentos, desde a sua segurança no aspecto do acesso e da inocuidade, salubridade e conservação, no plantio, produção ou fabrico, até o consumo (MARINS et al., 2014). De acordo com a Comissão do Código Sanitário da Junta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, do inglês Food and Agriculture Organization of the United Nations) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a higiene dos alimentos compreende as medidas preventivas necessárias na preparação, manipulação, armazenamento, transporte e venda de alimentos, para garantir produtos inócuos, saudáveis e adequados ao consumo humano (Organización Mundial de la Salud, 1968. Apud MARINS et al., 2014). A ideia de higiene está pautada na necessidade de garantir a inocuidade sanitária por meio da diminuição ou exclusão das influências que possam prejudicar a qualidade dos alimentos. Segundo Castro (2008), o conceito de higiene, embora tenha tido a sua origem na Grécia antiga, adquiriu maior importância nos finais do século XIX, após o reconhecimento de que os microrganismos poderiam ser a causa de inúmeras doenças. De acordo com o Codex Alimentarius (2006), para que sejam atingidos critérios hígidos relativos aos gêneros alimentícios, é necessária a implantação de programas de qualidade como pré- requisitos do Sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nos serviços de alimentação (MARINS et al., 2014). Em qualquer tipo de processamento industrial de alimentos a manutenção de condições higiênico-sanitárias se constitui em requisito essencial. Sabe-se que a carga microbiana contaminante do produto final é a somatória dos micro-organismos presentes na matéria-prima e daqueles que se agregam ao produto ao longo das várias etapas do processo, principalmente em função do contato com superfícies e equipamentos, intensidade e condições de manuseio, qualidade da água e do ar, bem como fatores ambientais diversos (COELHO, 2014). A sanitização pode ser entendida como sendo um conjunto de procedimentos higiênico-sanitários visando garantir a obtenção de superfícies, equipamentos e ambientes com características adequadas de limpeza e baixa carga microbiana residual. A higiene na indústria de alimentos visa basicamente à preservação da pureza, da palatabilidade e da qualidade microbiológica dos alimentos. Assim, a higiene industrial auxilia na obtenção de um produto que, além das qualidades nutricionais e sensoriais, tenha uma boa condição 5 higiênico-sanitária não vindo a oferecer quaisquer riscos à saúde do consumidor (COELHO, 2014). A adoção de práticas higiênicas nas indústrias de alimentos e o uso adequado dos agentes de limpeza e sanitizaçãotêm como finalidade obter produtos alimentícios de qualidade satisfatória. Especialmente, no caso de alimentos perecíveis, a aplicação de técnicas apropriadas de higiene e sanitização permitirá obter produtos de boa qualidade, do ponto de vista de saúde pública, atendendo exigências de padrões microbiológicos e permitindo obter produtos com uma vida de prateleira mais longa. A higiene e a sanitização dos equipamentos são, sem dúvida, operações fundamentais no controle sanitário em indústrias alimentícias, entretanto, frequentemente são negligenciadas ou efetuadas em condições inadequadas (COELHO, 2014). O resultado de uma sanitização vai depender principalmente da qualidade do produto utilizado, ou seja, um produto que apresenta como característica um determinado grau de pureza no rótulo, pode na realidade não estar nas condições descritas e o responsável técnico pela higienização e sanitização da indústria deve ter conhecimento prévio da condição de pureza, ou seja, da concentração do princípio ativo da substância a ser utilizada, inclusive para poder recusá-la, devolvendo o produto à firma responsável por sua fabricação, pois o mesmo não satisfaz as condições descritas no rótulo (COELHO, 2014). Para isto, existem metodologias de análises físico-químicas para verificar a “idoneidade” do produto a ser utilizado para a sanitização. O uso de água sanitária comercial (hipoclorito de sódio) para a higienização de equipamentos e matérias-primas não é o mais recomendado, pois contém, além do agente clorado propriamente dito, outras substâncias como alvejantes e outros. Antes de prosseguir, é necessário diferenciar higienização (limpeza) de sanitização (COELHO, 2014). 2.1 A limpeza das superfícies Os detergentes, utilizados na remoção dos resíduos aderidos às superfícies, exercem sua função atuando de várias maneiras, a saber (COELHO, 2014): • Poder dissolvente, principalmente sobre resíduos minerais; • Ação peptizante sobre resíduos proteicos; • Ação saponificante e emulsificante sobre resíduos gordurosos; 6 • Ação sequestraste ou quelante, principalmente sobre minerais (Ca, Mg) responsáveis pela dureza das águas • Poder molhante, penetrante, de suspensão, lavagem e dispersante, propriedades conferidas aos detergentes pelo uso de substâncias tensoativas. Além destas propriedades, um bom detergente deve apresentar um baixo custo, ser atóxico e pouco poluente. Com base nestas considerações, é evidente que nenhum composto, isoladamente, poderá preencher em grau ótimo todas as características desejáveis acima enumeradas. É por isso que a formulação de detergentes industriais é assunto complexo, desenvolvido apenas em indústrias especializadas do setor de limpeza industrial. Em linhas gerais, os principais detergentes poderiam ser divididos nos seguintes grupos (COELHO, 2014): Fonte: br.stockfresh.com • Detergentes alcalinos fortes, com elevado poder dissolvente sobre resíduos orgânicos (de carne, leite, pescado) sendo alta ou moderadamente irritantes, tóxicos e corrosivos (Ex.: Hidróxido de sódio, orto e sesquisilicatos de sódio); • Detergentes alcalinos suaves ou de uso geral (general purpose cleaners) – têm moderada ação dissolvente sobre resíduos orgânicos, pouco irritantes e corrosivos. (Ex.: formulações complexas envolvendo o uso de sesquilicatos, fosfato trissódico, carbonato de sódio, tensoativos e sequestrastes); 7 • Detergentes neutros – não corrosivos, não irritantes, indicados para limpeza de superfícies delicadas e com resíduos fracamente aderidos. (Ex.: tensoativos, geralmente aniônicos, adicionados ou não de polifosfatos); • Detergentes ácidos suaves – moderados ou pouco corrosivos, pouco irritantes; indicados para remoção de resíduos inorgânicos (pedras) e alguns orgânicos (amido, oxalato de cálcio) – (Ex.: ácidos orgânicos como hidroxiacético e inibidores de corrosão); • Detergentes ácidos fortes – tóxicos, corrosivos, indicados para limpeza mecânica (CIP – Cleaning In Place) de equipamentos de aço inoxidável. Revelam elevado poder dissolvente sobre resíduos minerais (pedras) e alguns orgânicos. (Ex.: Ácido nítrico, fosfórico, acrescido de inibidores de corrosão) (COELHO, 2014). • Independentemente do tipo de detergente, a ação de limpeza se desenvolve numa série de etapas que poderiam ser assim resumidas (COELHO, 2014): • Contato direto e intenso da solução de detergente com o resíduo a ser removido (ação molhante ou penetrante); • Deslocamento dos resíduos sólidos ou líquidos da superfície a ser limpa (ação saponificante, peptizante, dissolvente, emulsificante, etc.); • Dispersão completa do resíduo na solução de limpeza (ação de suspensão e dispersante); • Prevenção da redeposição do resíduo disperso na superfície do equipamento (ação lavagem) (COELHO, 2014). Inúmeros fatores afetam o desempenho da solução de detergente aplicada a uma superfície, os principais são enumerados a seguir. Concentração do princípio ativo - a eficiência aumenta com o incremento na concentração, até um limite, acima do qual a eficiência estaciona, com o aumento de custo e efeito corrosivo. Período de contato do detergente com o resíduo - em linhas gerais, a remoção dos resíduos é incrementada com o aumento do tempo de contato, até um limite a partir do qual o benefício será mínimo (COELHO, 2014). Temperatura da solução - a eficiência é aumentada pelo aumento da temperatura, devido à menor ligação dos resíduos às superfícies, menor viscosidade das soluções, maior turbulência, maior solubilidade dos resíduos e maior velocidade das reações. 8 Agitação ou turbulência da solução - assegura um melhor desempenho, garantindo maior remoção dos resíduos. Com o objetivo maior de garantir uma superfície adequadamente limpa, a formulação ou seleção de um detergente deve levar em consideração os seguintes aspectos: • Natureza do resíduo a ser removido; • Tipo de material utilizado na construção dos equipamentos, utensílios e superfícies; • Método a ser empregado na limpeza (manual ou mecânico); • Características químicas, principalmente dureza, da água utilizada no preparo das soluções e na limpeza. Levando em consideração aspectos como a natureza do resíduo a ser removido e suas características de solubilidade, os seguintes tipos de detergentes poderiam ser recomendados (COELHO,2014): 9 2.2 A sanificação na indústria de alimentos Conforme enfatizado anteriormente, o objetivo maior em um programa de sanificação industrial não é a esterilização de superfícies ou equipamentos, mas sim a redução da carga microbiana residual a valores muito baixos e compatíveis com a obtenção de produtos em boas condições higiênico-sanitárias. O êxito num programa de sanificação depende, fundamentalmente, da execução adequada da operação preliminar de limpeza, pelos seguintes motivos (COELHO, 2014): • Os micro-organismos remanescentes são protegidos pela matéria orgânica do efeito letal do sanificante; • A eficiência do sanificante é bastante reduzida pelo contato com a matéria orgânica; • O uso eventual do calor torna o resíduo remanescente mais fortemente aderido às superfícies; • Os micro-organismos sobreviventes multiplicam-se utilizando os resíduos aderentes como substrato. A seleção do sanificante a utilizar deve ser precedida de uma análise detalhada, levando em conta os seguintes aspectos (COELHO, 2014): • Há legislação pertinente, permitindo o uso do sanificante? • Qual a toxicidade? • Poder corrosivo • Efeito residual no alimento • O eventual efeito residual é desejável? • Manchas na superfície de equipamentos e utensílios? • Efeito ambiental e nos efluentes • Custo (COELHO, 2014). Um sanificante ideal deveria preencher,em grau ótimo, os seguintes requisitos: • Provocar rápida destruição dos microrganismos contaminantes; • Ser seguro, atóxico e não irritante aos manipuladores; • Ser aprovado por órgãos oficiais de registro e fiscalização; • Ser lavável; • Sem efeitos prejudiciais aos alimentos; 10 • Econômico; • Ser facilmente dosável e analisável; • Ser estável na forma concentrada e em solução; • Não ser corrosivo; • Compatível com outros produtos e equipamentos; • Ser hidrossolúvel (COELHO, 2014). Fonte: gazetadopovo.com.br Um sanificante ideal deveria preencher, em grau ótimo, os seguintes requisitos: • Provocar rápida destruição dos microrganismos contaminantes; Ser seguro, atóxico e não irritante aos manipuladores; • Ser aprovado por órgãos oficiais de registro e fiscalização; • Ser lavável; • Sem efeitos prejudiciais aos alimentos; • Econômico; • Ser facilmente dosável e analisável; • Ser estável na forma concentrada e em solução; • Não ser corrosivo; • Compatível com outros produtos e equipamentos; • Ser hidrossolúvel (COELHO, 2014). 11 Com base nestas exigências, existem inúmeras alternativas para uso de sanificantes na indústria de alimentos. Basicamente, as opções de produtos ou procedimentos poderiam ser subdivididas nos seguintes grupos (COELHO, 2014): • Agentes físicos: compreendendo o uso do calor, na forma de vapor ou água aquecida e, mais raramente, o emprego da radiação UV, em comprimento de onda germicida (240-280 nm); • Agentes químicos: pelo emprego de compostos de cloro (gás cloro, hipoclorito de sódio ou cálcio, compostos orgânicos de cloro e dióxido de cloro), compostos de iodo orgânico (iodóforos), compostos de amônia quaternária, compostos ácido aniônicos, ácido peracético e biguanidas poliméricas (COELHO, 2014). Agentes químicos A eficiência do desempenho dos agentes químicos está sujeita a uma série de fatores, entre eles os seguintes: • Concentração de uso; • Tempo de contato; • pH da solução; • Dureza da água; • Temperatura da solução; • Presença de detergente residual; • Limpeza da superfície; • Número e tipos de micro-organismos contaminantes e presença de esporos (COELHO, 2014). 12 3. PRINCÍPIOS DE PROCESSOS DE HIGIENIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Fonte: jornalcontabil.com.br A higienização na indústria de alimentos visa basicamente a preservação da pureza, da palatabilidade e da qualidade microbiológica dos alimentos. Auxilia, portanto, na obtenção de um produto que, além das qualidades nutricionais e sensoriais, tenha uma boa condição higiênico-sanitária, não oferecendo riscos à saúde do consumidor. Além de contribuir decisivamente para a produção de alimentos dentro dos padrões microbiológicos recomendados pela legislação, a higienização correta tem papel relevante quando se observam os aspectos econômicos e comerciais (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). A produção de alimentos seguindo normas adequadas de controle de qualidade viabiliza os custos de produção e satisfaz aos anseios dos consumidores. Uma das consequências mais graves da má higienização nas indústrias alimentícias é a possível ocorrência de doenças de origem alimentar. Este é um dos problemas que mais preocupa os responsáveis pela qualidade dos alimentos comercializados. As bactérias representam o grupo de maior importância, sendo responsáveis pela ocorrência de cerca de 70% dos surtos e 90% dos casos de intoxicação de origem alimentar (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Alguns exemplos de bactérias patogênicas responsáveis por doenças de origem alimentar são: Staphylococcus aureus, Clostridium botulinum, Bacillus cereus, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, Salmonella e Shigella. A higienização divide-se em duas etapas muito bem definidas: a limpeza e a sanificação. O objetivo primordial da limpeza é a remoção de resíduos orgânicos e inorgânicos também e minerais aderidos às superfícies, 13 constituídas principalmente por proteínas, gorduras e sais minerais (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Já, a sanificação objetiva eliminar microrganismos patogênicos e reduzir o número de deteriorantes a níveis considerados seguros. A limpeza, sem dúvida, reduz a carga microbiana das superfícies, mas não a índices satisfatórios. Por isso, a sanificação é indispensável. Uma higienização eficiente depende de um conjunto de fatores referentes às energias química, mecânica e térmica, além do tempo de contato usado no procedimento (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). A otimização destes fatores implicará numa maior eficiência da higienização. A energia química se refere à ação de agentes alcalinos, ou ácidos ou mesmo agentes sanificantes, que eliminam substâncias orgânicas, minerais e microrganismos, respectivamente. A ação química é necessária para a remoção de resíduos aderidos às superfícies, particularmente aqueles insolúveis na água; é normalmente, usada na etapa de pré-lavagem do procedimento de higienização (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). A energia mecânica é responsável pelo contato eficiente entre os resíduos e os microrganismos com os agentes de higienização, o que pode ser obtido, esfregando-se os agentes contra as superfícies, como acontece em limpezas manuais ou imprimindo velocidade às soluções como ocorre no processo CIP (“cleaning in place”), muito aplicado em equipamentos industriais tubulares. Quanto à ação térmica, sabe-se que à medida que se aumenta a temperatura das soluções obtém-se uma maior eficiência da higienização (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Por outro lado, a temperatura máxima utilizada é limitada por outros fatores como o método de higienização e o resíduo a ser removido. Finalmente, é necessário um tempo de contato entre os sanificantes e os resíduos para que as reações químicas ocorram. A princípio, quanto maior o tempo de contato, mais eficiente será a higienização. No entanto, as reações químicas ocorrem com mais eficiência nos minutos iniciais da aplicação dos agentes químicos (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Por outro lado, as soluções tornam-se saturadas com materiais resultantes das reações e, as etapas de higienização muito prolongadas aumentam o custo do procedimento. Para procedimentos de higienização eficientes nas indústrias de alimentos, é fundamental a escolha correta dos agentes de limpeza e sanificação. Nesta seleção, deve- se analisar o tipo e grau dos resíduos aderidos às superfícies, a qualidade da água 14 empregada, a natureza da superfície a ser higienizada, os métodos de higienização aplicados e, os tipos e níveis de contaminação microbiológica (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Fonte: grupostarservice.com.br A legislação brasileira sobre alimentos é regulamentada pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a qual prevê uma série de normas técnicas que englobam os mais variados assuntos referentes aos alimentos. Por exemplo, as Boas Práticas de Fabricação (BPF) de Alimentos são regulamentadas pela Portaria nº 326 de 30/07/1997, assim como os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO) estão estabelecidos na Resolução RDC nº275 de 21/10/2002. Também, o uso de saneantes está regularizado pela ANVISA através de Informes Técnicos (INF), e os Padrões Microbiológicos Sanitários de Alimentos estão estabelecidos na RDC nº 12 de 2001 (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). Na indústria de alimentos, a higienização é frequentemente negligenciada ou efetuada em condições inadequadas. Esta situação pode e deve ser revertida pelos profissionais que atuam na área, cuja postura deve ser eminentemente preventiva. Para isso, é fundamental um sólido conhecimento de processamento de alimentos, controle de qualidade microbiológico e de higienização industrial. Alémdisso, aquisição de novas técnicas e o desenvolvimento de agentes químicos mais adequados na indústria de alimentos é fundamental (PRATI, HENRIQUE, PARISI, 2015). 15 4. CONCEITOS DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE DE HIGIENE, PRINCÍPIOS DE LIMPEZA Fonte: limpafossaem.com.br A cada dia que passa a preocupação com a higiene e segurança dos alimentos aumenta, os órgãos reguladores estão fiscalizando fortemente indústrias e locais onde alimentos possam ser processados para consumo de terceiros. Mas apesar de as indústrias e órgãos reguladores trabalharem pela produção e sistemas de processamento que garantam que todos os alimentos sejam seguros e saudáveis, a isenção completa do risco é um objetivo inatingível. A segurança e a saúde estão relacionadas a níveis de risco que a sociedade considera razoáveis em comparação com outros riscos da vida cotidiana (ELIAS, MADRONA, 2008). A segurança dos alimentos pode ser assegurada pelos seguintes fatores: controle do fornecedor, desenvolvimento e controle do processo, aplicação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Boas Práticas de Higiene (BPH) durante a produção, processamento, manuseio, distribuição, estocagem, venda, preparação e uso, todos estes itens somados à aplicação do sistema de Análise e Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) (ELIAS, MADRONA, 2008). 16 Os fatores de segurança alimentar precisam ser aplicados a toda a cadeia alimentícia, da produção do alimento na fazenda ou equivalente, até o consumidor. Com o objetivo de aplicar diretrizes e limites que garantam esta segurança, surgiu na década de 30, o controle de qualidade nos Estados Unidos juntamente com o início da Era Industrial, onde foram criadas as linhas de produção que necessitavam de produtos com as mesmas características, ou seja, um produto padrão (TERRA, BRUM, 1988. Apud ELIAS, MADRONA, 2008). Dentro do Controle da Qualidade existem as ferramentas de qualidade: Boas Práticas de Fabricação (BPF), Boas Práticas de Higiene (BPH), APPCC, Avaliação do Risco Microbiológico (ARM), Gerenciamento da Qualidade (Série ISO) e o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM). Estas ferramentas contêm pontos e outras ferramentas que regem a produção, como exemplo podemos citar uma ferramenta chamada de PPHO (Procedimentos Padrão de Higiene e Operacional), que se encontra dentro das BPH´s. O DIPOA, através da DCI (Circular nº272/97 DIPOA), resolveu que até 31 de dezembro de 1998, as indústrias de produto de origem animal, habilitadas ao comércio internacional, devem desenvolver e implantar o PPHO (ELIAS, MADRONA, 2008). Estes procedimentos representam um programa escrito, a ser desenvolvido, implantado e monitorado pelos estabelecimentos e envolvem procedimentos Pré- operacionais e Operacionais executados diariamente e específicos para cada linha de produção (TERRA e BRUM, 1988). Os procedimentos Pré-operacionais devem fazer referência aos procedimentos de limpeza e sanificação das instalações, equipamentos e instrumentos industriais; frequência com que estes procedimentos serão executados (no mínimo diariamente); as substâncias detergentes e sanificantes utilizadas, com as respectivas concentrações; as formas de monitoramento e as respectivas frequências; os modelos dos formulários de registros do monitoramento e as medidas corretivas a serem aplicadas no caso da constatação de desvios dos procedimentos (ELIAS, MADRONA, 2008). Os procedimentos Operacionais devem contemplar a descrição de todas as etapas dos processos de obtenção, transformação e estocagem dos produtos de origem animal executados pelas indústrias; a identificação de eventuais perigos biológicos, químicos ou físicos, decorrentes destas operações; os limites para cada perigo identificado; as medidas de controle que previam a materialização destes perigos; as medidas corretivas no caso de identificação de desvios; o estabelecimento da forma e a frequência do monitoramento; os formulários de registro das atividades de monitoramento e todas as medidas educativas e eventos adotados pelos estabelecimentos, visando àqueles pontos que não devem deixar de ser inseridos no programa (ELIAS, MADRONA, 2008). 17 O PPHO, desenvolvido pela empresa, além de conter a assinatura do gerente do estabelecimento, deve indicar: o nome do profissional responsável pela implementação do mesmo; o nome do funcionário responsável pela execução das atividades e limpeza e sanificação das instalações e equipamentos e o nome dos funcionários responsáveis pelas atividades de monitoramento. A Circular nº369/2003/DCI/DIPOA, regulamenta os programas genéricos de PPHO e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), a serem utilizados pelos estabelecimentos de Carne e Derivados para exportação para Canadá, Estados Unidos, União Europeia, Arábia Saudita e China (ELIAS, MADRONA, 2008). Fonte: weinberger.com.br Estas ferramentas devem ser implantadas mundialmente para facilitar a comunicação dos distribuidores de alimentos e autoridades reguladoras especialmente nos portos de entrada. O objetivo do Controle de Qualidade e quando aplicado ao PPHO é de fornecer uma segurança alimentar no mercado. No princípio era objetivo de poucas empresas, em sua maioria multinacionais que haviam se instalado no Brasil e que buscavam esta aprovação (habilitação) ao comércio internacional. Em seguida as empresas que tinham interesse de crescer economicamente se depararam com a necessidade de qualificação na produção para concorrer com as empresas internacionais, assim começaram a se adequar à concorrência (ELIAS, MADRONA, 2008). Hoje as empresas mesmo que de pequeno porte, buscam qualidade de produção para entrarem no mercado nacional e até mesmo no internacional da concorrência, dependendo do nível de aceitação e qualidade do produto. A concorrência no mercado leva 18 a um aumento na qualidade do produto e ao aperfeiçoamento de técnicas e maquinários utilizados na produção, tudo isso para evitar as contaminações. A minimização da contaminação microbiológica só é possível com o conhecimento do perigo e investimento em pessoal, material e divulgação, para uma conscientização e comprometimento de todos que participam do processo, devido a isso surgem programas de higiene que almejam a segurança alimentar (ELIAS, MADRONA, 2008). As BPF abordam os princípios, os procedimentos e os meios fundamentais favoráveis para a produção de alimentos com qualidade aceitável. Já as BPH descrevem as medidas básicas de higiene que estabelecimentos devem manter, as quais os pré-requisitos para outros sistemas, em particular o APPCC. As BPF/BPH foram desenvolvidas por governos, pelo comitê de higiene de alimentos do Codex Alimentarius (FAO/WHO) e por indústrias de alimentos, muitas vezes em colaboração com outros grupos de inspeção e controle (ELIAS, MADRONA, 2008). Os requerimentos gerais de BPH usualmente abordam os seguintes itens: o projeto e as instalações que favoreçam a higiene das fábricas de alimentos; o projeto, a construção e o uso higiênico apropriado da maquinaria; os procedimentos de limpeza e desinfecção (incluindo o controle de pragas) e as práticas higiênicas e de segurança alimentar no processamento de alimentos, incluindo: a qualidade microbiológica das matérias primas, a operação higiênica de cada etapa do processo e a higiene do pessoal e o seu treinamento em higiene e segurança alimentar. As BPF/BPH apresentam as condições relevantes para a fabricação higiênica de alimentos, as quais devem sempre ser aplicadas e documentadas. Nenhum método de processamento de alimentos deve ser usado em substituição às BPF na produção e manuseio de alimentos (GERMANO e GERMANO, 2001). O programa que melhor está assegurando os alimentos é o APPCC, a dificuldade está em envolvere comprometer todos os envolvidos na empresa. Para um programa APPCC ser implantado outras implantações devem ser feitas, como Boas Práticas de Fabricação, Programas Operacional Padrão, Procedimentos Padrão de Higiene Operacional. MANTOVANI E MARTINE (2006) diz que a resolução da Vigilância Sanitária (RDC nº216, de 15 de setembro de 2004), estabelece procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado (ELIAS, MADRONA, 2008). 19 Fonte: sanityconsultoria.com Esta resolução aplica-se aos serviços de alimentação que realizam algumas das atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo. Abrange os seguintes itens: alimentos preparados, antissepsia (visando a redução da carga microbiana), boas práticas, contaminantes (químico, físico ou microbiológico), controle integrado de vetores e pragas urbanas (sistema que incorpora ações preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas), higienização (limpeza e sanificação), limpeza, manipulação de alimentos (qualquer manuseio ou operação efetuada na matéria-prima), os manipuladores de alimentos (ELIAS, MADRONA, 2008). O manual de boas práticas de fabricação, as medidas de controle, produtos perecíveis (in natura), registro (planilhas de anotações), resíduos (qualquer rejeito produzido), saneantes (produtos químicos utilizados durante a higienização), o serviço de alimentação (estabelecimento onde a matéria-prima é manipulada) e os POP´s que consistem em Programas Operacionais Padronizados, contendo procedimentos que descrevem de forma objetiva e estabelecem instruções sequenciais para a realização de operações rotineiras e específicas na manipulação de alimentos (ELIAS, MADRONA, 2008). Para uma higienização correta e eficiente, que envolve limpeza – remoção de sujidades grosseiras e sanificação – eliminação de micro-organismos, é necessário um responsável que entenda e conheça pontos críticos para limpeza, pontos onde pode haver acúmulo de sujidades, proliferação de micro-organismos e de difícil acesso que vai depender 20 da responsabilidade da equipe de limpeza. Existem diversos tipos de detergentes com diferentes compostos ativos, ou seja, a primeira recomendação é de não misturar sabões porque são compostos químicos que mal manuseados podem liberar gases e gerar calor levando a explosão (ELIAS, MADRONA, 2008). Sabões ácidos, básicos e mistos são utilizados, os detergentes básicos normalmente são utilizados na limpeza de superfícies, paredes, pisos e na higienização das mãos que contêm sujidades de origem orgânica, assim sendo ácidas. Os detergentes para limpeza de para uso em funcionários deve ter um caráter levemente básico, devido à ação agressiva do hidróxido de sódio. Sabões ácidos são utilizados em situações de sujidades de origem inorgânica (caso das incrustações), que se desenvolve em tubulações devido à dureza da água e outros compostos. Em indústrias de presunto pode haver incrustações nos tanques de cozimento e nas formas de prensagem das peças, devido a ação do calor e substâncias inorgânicas na água (ELIAS, MADRONA, 2008). É importante observar que os agentes ácidos possuem uma ação corrosiva em superfícies de pedra, o que não torna viável a higienização com agentes ácidos nos pisos com frequência, uma alternativa é a de uma diluição do agente químico. Os sabões podem ser clorados para ter ação germicida nas superfícies. Todo produto químico precisa de um tempo para reagir, então durante o processo de higienização de uma indústria deve haver primeiramente a limpeza da superfície a ser limpa (remoção de sujidades grosseiras, que podem ser pedaços de carne) (ELIAS, MADRONA, 2008). Esta limpeza pode ser feita por ação mecânica, ou seja, a utilização de pressão nos jatos de água, após esta limpeza o detergente deve ser aplicado sobre a superfície e um tempo de reação do produto deve ser respeitado, normalmente demoram em torno de 5 a 15 minutos, após este período é aplicada novamente ação mecânica, mas agora por atrito (esfregar a superfície). Com esta operação realizada deve se remover a sujidade juntamente com todo o sabão com água, enxaguar a superfície. O sabão deve ser o mínimo residual possível, para que após os enxágues realizados não sobre nada com ação básica no ambiente, se isto não for respeitado a sanificação será ineficiente (ELIAS, MADRONA, 2008). Sanificação normalmente é realizada por agentes ácidos, que eliminam micro- organismos patogênicos, um exemplo amplamente conhecido é o ácido peracético 0,5%. Para uma sanificação eficiente, não deve haver resíduos básicos na superfície e ausência 21 de água, pois o agente possuiu ação sanificante em concentrações ideais, se a concentração for elevada pode corroer o ambiente e se for baixo não terá ação bactericida. A água residual que fica sobre mesas pode diluir o produto inativando o princípio ativo. Não é necessário secar as mesas ou qualquer ponto onde foi aplicado o sanificante se este não for residual, ou seja, deixa resíduos que podem contaminar os alimentos quimicamente (ELIAS, MADRONA, 2008). O quaternário de amônio é um exemplo de sanificante ótimo, mas que necessita de enxágue após utilização, o ácido peracético, muito utilizado, é volátil e em poucos minutos é eliminado. A água por suas propriedades de “varrer” superfícies, de dissolver substâncias e de manter em solução elementos heterogêneos, é talvez o elemento mais importante para o funcionamento da indústria; sendo assim devemos conhecer sua origem, seus diferentes tipos e condições de utilização. Para o atendimento desse desempenho, ela deve apresentar dois importantes requisitos: qualidade e quantidade. Sendo que o primeiro se refere ao conteúdo microrgânico e as características organolépticos de sua composição, já o segundo diz respeito ao seu suficiente volume para suprir os diversos gastos (ELIAS, MADRONA, 2008). 5. FUNDAMENTOS DA TOXICOLOGIA: HISTÓRICO E TERMINOLOGIA ESPECIFICA Fonte: minhasaude.proteste.org.br 22 A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações das substâncias químicas com o organismo, com a finalidade de prevenir, diagnosticar e tratar a intoxicação. A toxicologia abrange uma vasta área do conhecimento em que atuam profissionais de formações diversas: química toxicológica, toxicologia farmacológica, clínica, forense, ocupacional, veterinária, ambiental, aplicada a alimentos, genética, analítica, experimental e outras áreas (CHASIN; LIMA, 2010). Segundo Sprada (2013), “o conceito de Toxicologia se orienta através dos efeitos tóxicos que uma substância química é capaz de provocar em um organismo vivo, ou seja, tem como finalidade principal prevenir o aparecimento de efeitos indesejáveis ao organismo, estabelecendo assim o uso seguro das substâncias químicas”. Uma segunda parte da definição de Toxicologia diz respeito a "agentes químicos ou físicos". Os agentes químicos podem ser naturais ou sintéticos (fabricados). Os agentes naturais perigosos produzidos por organismos vivos são chamadas toxinas, enquanto os agentes industrializados perigosos são chamados de tóxicos. Os agentes que ocorrem naturalmente podem ser tão benignos e essenciais como a água ou tão mortal como o veneno de uma cobra coral. Plantas, animais e bactérias produzem uma variedade de substâncias químicas ou toxinas que geralmente ajudam na sua sobrevivência ou defesa. Humanos e até outros animais aprenderam a usar esses agentes para curar doenças, além de envenenar outras plantas e animais (PERUZZO, 2018). Várias plantasdiferentes produzem cafeína, um composto amargo, principalmente suscetível a protegê-las de insetos. Digitalis, também chamada de Foxglove, é uma planta venenosa, os químicos extraídos desta planta são utilizados na preparação de um medicamento usado no tratamento de doenças cardíacas. Nossa sociedade aprendeu a produzir uma ampla gama de produtos químicos projetados para fins industriais específicos. Grande parte do nosso abastecimento de alimentos depende do uso de pesticidas. Nossos domicílios, escolas e locais de trabalho contêm inúmeros produtos químicos que são potencialmente perigosos. O computador portátil, essencial para escrever este livro, contém milhares de produtos químicos diferentes (PERUZZO, 2018). Os agentes físicos representam um conjunto diferente de desafios para um toxicólogo e são muitas vezes relacionados a questões de saúde ocupacional. A temperatura e o ruído são os dois agentes físicos mais comuns que devem ser considerados. Nos últimos tempos, 23 houve um crescente reconhecimento dos efeitos nocivos do ruído alto na audição e, ainda mais importante, a regulamentação do uso de protetores auditivos. Excesso de temperatura no ambiente de trabalho pode diminuir o desempenho. Tanto o ruído quanto a temperatura podem aumentar o estresse no ambiente e interagir com outros agentes para produzir um declínio significativo no desempenho do trabalhador (PERUZZO, 2018). A Toxicologia progrediu, com as ciências biológicas, para colocar uma maior ênfase na compreensão do mecanismo de ação de um agente, na resposta do organismo e no reconhecimento da sensibilidade dos indivíduos. Portanto, a Toxicologia afastou-se da morte como ponto final para se concentrar no desempenho do trabalho e na qualidade de vida. De acordo com Passagli e Rodrigues (2011), “trata-se de uma Ciência multidisciplinar, onde os conhecimentos estão inter-relacionados. Envolvendo assim, especialistas com diferentes formações profissionais” (PERUZZO, 2018). Fonte: mdsaude.com 5.1 Definições e termos toxicológicos A seguir, serão apresentadas algumas definições e termos relevantes para o entendimento da Toxicologia (PERUZZO, 2018). Toxina: substância tóxica produzida por um organismo vivo, uma planta, um animal ou um microrganismo. As toxinas são classificadas como: • Fitotoxinas – derivadas de plantas. • Endotoxinas – encontradas dentro de bactérias. 24 • Exotoxinas – liberada por bactérias. • Micotoxinas – de fungos. • Zootoxinas – de animais inferiores – cobra, abelha, escorpião (PERUZZO, 2018). Veneno: de acordo com Rodrigues et al. (2009), “veneno é a substância que incorporada ao organismo vivo, produz por sua natureza, e em determinadas concentrações, alterações da físico-química celular, transitórias ou definitivas, incompatíveis com a saúde ou a vida” (PERUZZO, 2018). Tóxico: é qualquer produto químico que pode ferir ou matar seres humanos, animais ou plantas. O termo "tóxico" é usado quando se fala de substâncias tóxicas que são produzidas por ou são um subproduto de atividades feitas pelo homem. Por exemplo, a dioxina (2,3-7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina {TCDD}), produzida como subproduto de certos produtos químicos clorados, é tóxica. Por outro lado, o arsênio, um metal tóxico, pode ocorrer como um contaminante natural das águas subterrâneas ou pode contaminar as águas subterrâneas como um subproduto das atividades industriais. Se o segundo caso for verdadeiro, tais substâncias tóxicas são referidas como substâncias tóxicas, ao invés de toxinas (PERUZZO, 2018). Toxicidade: é a capacidade de um agente químico causar lesões. É um termo qualitativo que depende da quantidade de produto químico absorvido, da severidade da exposição, da dose, entre outros (PERUZZO, 2018). Risco: é definido como a frequência esperada de ocorrência de um efeito indesejável decorrente da exposição a um agente químico ou físico (PERUZZO, 2018). Xenobiótico: é o termo geral que é usado para uma substância “estranha” absorvida pelo corpo. É derivado do termo grego xeno, que significa "estrangeiro". Os xenobióticos podem produzir efeitos benéficos (como produtos farmacêuticos) ou podem ser tóxicos (como o chumbo) (PERUZZO, 2018). 5.2 Aspectos que determinam a finalidade da toxicologia Nosso organismo fica exposto diariamente a substâncias químicas. Estas substâncias estão presentes em várias de nossas atividades diárias, no trabalho e em casa, são usadas para prevenir e controlar doenças, na construção dos objetos, nos alimentos, no ar, enfim, 25 em inúmeras coisas que facilitam e até permitem a vida. Porém, além dos benefícios que elas podem trazer, elas podem também provocar danos à saúde, ao meio ambiente. É neste sentido que a Toxicologia atua podendo ser preventiva, curativa e repressiva (FREITAS, 2000). Aspectos que determinam a finalidade da Toxicologia: Aspecto preventivo: segundo Sprada (2013), “o aspecto preventivo permite através do reconhecimento dos riscos que uma dada substância oferece, é possível estabelecer padrões de segurança em relação à exposição”. Por exemplo: o controle de concentrações máximas e mínimas de aditivos e contaminantes que um alimento pode conter; o controle terapêutico de medicamentos de uso prolongado etc. Aspecto curativo: trata o indivíduo de acordo com o tipo de intoxicação. Através de diagnóstico clínico ou laboratorial. Oferece meios de recuperação do intoxicado através da observação de sinais, sintomas ou alterações ocorridas no organismo, podendo ser fisiológicas ou bioquímicas. Por exemplo, o caso do pintor Cândido Portinari, que por anos trabalhou com tinta óleo tóxica, e teve com o tempo a doença denominada “saturnismo”, devido à exposição ao chumbo, uma intoxicação crônica (SPRADA, 2013). Aspecto repressivo: estabelece responsabilidade penal aos indivíduos envolvidos em situações ilegais no uso de substâncias químicas. Exemplos: uso de aditivos químicos nos alimentos, utilização de agentes de dopagem em competições esportivas, a emissão de poluentes atmosféricos acima dos limites permitidos etc. (SPRADA, 2013). Fonte: farmale.com.br 26 5.3 Segurança como conceito Geralmente é fácil dizer que a dose de um produto químico é tóxica ou prejudicial, mas muito mais difícil de prever é a segurança. Na verdade, não é fácil provar a questão “É seguro?". É efetivamente impossível responder afirmativamente, pois os indivíduos sensíveis podem responder de maneiras diferentes mesmo em níveis baixos de concentração de uma substância química, enquanto a maioria pode não ser afetada. Embora o conceito de "veneno" tenha sido entendido, por exemplo, no século XVII, como um excesso de algo, o conceito de segurança foi pouco explorado (PERUZZO, 2018). Contudo, é geralmente aceito que, para prever a segurança, dado que não existe um produto químico "seguro" ou uma existência livre de risco, é necessário primeiro demonstrar qual dose do químico é tóxica e como essa toxicidade se desenvolve à medida que a dose aumenta. No contexto moderno há reconhecimento público de que existem produtos químicos aos quais as pessoas estão expostas voluntariamente (por exemplo, fumaça de cigarro, remédios e álcool) e aqueles em que a exposição é involuntária (pesticidas em vegetais, fumaça de cigarro de outras pessoas, poluição, alimentos, conservantes etc.) (PERUZZO, 2018). Há um debate público sobre muitas dessas substâncias, que muitas vezes causam efeitos extremos por falta de conhecimento, desinformação ou má interpretação pelas partes interessadas. É um fato que a promoção do tabaco foi interrompida no Reino Unido em 1965, então, quais são os anúncios? Para que os fumantes mudem de marca. É de responsabilidade da Toxicologia definir doses seguras oulimites de inclusão para estes vários produtos químicos. Acima de tudo, isso deve ser feito de forma confiável, dentro de regulamentações e comportamento ético (PERUZZO, 2018). Além disso, há um crescente número de trabalhos científicos investigando os efeitos de produtos químicos que ocorrem naturalmente em nossos alimentos. Por exemplo, foi demonstrado em vários artigos que alguns constituintes de cogumelos podem causar câncer em camundongos quando administrados em doses elevadas. A relação entre a dosagem e os efeitos nocivos é crucial na avaliação de produtos químicos. É importante lembrar que a maioria dos testes é realizada em substâncias isoladas, enquanto que a maior parte da exposição a estas substâncias ocorre como misturas (PERUZZO, 2018). 27 5.4 Divisões da toxicologia A Toxicologia responde a uma variedade de perguntas. Por exemplo, na agricultura, a Toxicologia determina os possíveis efeitos para a saúde decorrentes da exposição a pesticidas ou herbicidas, ou o efeito de aditivos na alimentação animal, tais como fatores de crescimento nas pessoas. A Toxicologia também lida com a forma como produtos químicos e resíduos afetam a saúde de um indivíduo. A Toxicologia é uma ciência multidisciplinar que compreende um vasto campo de conhecimentos básicos e aplicados, relacionando-se estritamente com diversas outras ciências (PERUZZO, 2018). É desenvolvida por especialistas com diferentes formações profissionais: Química Toxicológica, Toxicologia Farmacológica, Clínica, Forense, Ocupacional, Veterinária, Ambiental (Eco Toxicologia), Aplicada a Alimentos, Genética, Analítica, Experimental e outras áreas que oferecem contribuições específicas em uma ou mais áreas de atividade, permitindo assim o aperfeiçoamento dos conhecimentos e o desenvolvimento de áreas de atuação, de acordo com a natureza do agente tóxico ou a maneira pela qual este alcança o sistema biológico (PASSAGLI, RODRIGUES, 2011). Fonte: lavidalucida.com Toxicologia Ocupacional (Industrial): está preocupada com os efeitos da saúde da exposição a produtos químicos no local de trabalho. Este campo surgiu da necessidade de proteger os trabalhadores de substâncias tóxicas e de tornar seu ambiente de trabalho seguro. Estima-se que no mundo ocorram 35 milhões anuais de casos de doenças 28 relacionadas ao trabalho por exposição a substâncias químicas com a ocorrência de 439.000 mortes, incluindo, entre outras causas relacionadas, 36.000 óbitos por pneumoconioses, 35.500 óbitos por doenças respiratórias crônicas, 30.700 óbitos por doenças cardiovasculares e 315.000 óbitos por câncer (ILO, 2004). Toxicologia Ambiental: estuda os danos causados ao organismo pela exposição a substâncias tóxicas encontrados no meio ambiente. O objetivo principal da Toxicologia ambiental é avaliar os impactos que têm sobre a saúde pública a exposição da população a substâncias tóxicas presentes em um local contaminado. Além dos efeitos sobre os seres humanos a Toxicologia ambiental também estuda outros alvos de substâncias tóxicas, tais como microrganismos, plantas, animais etc. (PEÑA, CARTER, AYALA-FIERRO, 2001). Toxicologia Regulatória: está voltada à formulação de leis e regulamentos, que visam minimizar o efeito de produtos químicos tóxicos à saúde humana e ao meio ambiente. Reúne e avalia as informações toxicológicas existentes para estabelecer padrões baseados na concentração de exposição "segura". O padrão é o nível de um produto químico que uma pessoa pode ser exposta sem efeitos nocivos para a saúde (ALEMU, WOLDE, 2007). Toxicologia de Alimentos: de acordo com Passagli (2011), “a Toxicologia dos alimentos é a área da Toxicologia que estuda os efeitos adversos produzidos por agentes químicos presentes nos alimentos, sejam estes contaminantes ou substâncias químicas usadas especificamente como conservantes, edulcorantes, flavorizantes, sintéticos ou de origem natural”. A adição de substâncias químicas no alimento é realizada com diversas finalidades, visando oferecer à população um alimento em abundância em qualquer época do ano e em qualquer parte do mundo, outras vezes, é para conferir-lhe cor, odor ou sabor. Seja qual for a finalidade a que se propõe, a adição de substâncias naturais ou artificiais nos alimentos requer leis específicas e um programa de toxico vigilância capaz de controlar o alimento em todas as fases de sua produção e monitorizar a população usuária, com ações preventivas à intoxicação (PERUZZO, 2018). Toxicologia Forense: de acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2008), “no aspecto forense as análises toxicológicas são usadas na detecção e identificação de agentes tóxicos para fins médico-legais em material biológico ou em outros materiais, como alimentos, drogas comercializadas no mercado ilícito, entre outras, envolvidas em ocorrências policiais/legais” (PERUZZO, 2018). 29 Toxicologia Clínica: está preocupada com doenças associadas à exposição de produtos químicos tóxicos a curto ou longo prazo. Os toxicologistas clínicos incluem médicos de emergência que devem estar familiarizados com os sintomas associados à exposição a uma grande variedade de substâncias tóxicas, a fim de administrar o tratamento adequado. Toxicologia Social: estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso médico de drogas ou fármacos, causando prejuízo ao próprio indivíduo e à sociedade (OGA, CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Toxicologia Ambiental: tem como objetivo estudar os efeitos nocivos produzidos pela interação dos contaminantes químicos ambientais com os organismos humanos. 5.5 Toxicologia industrial (ocupacional) De acordo com Farza (2014), a Toxicologia industrial é a área da Toxicologia que identifica e quantifica as substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho e os riscos que elas oferecem com o objetivo de prevenir a saúde do trabalhador. Com o desenvolvimento da indústria e o constante aumento do uso de produtos químicos, nem um tipo de ocupação está inteiramente livre da exposição, há uma variedade de substâncias capazes de produzirem efeitos indesejáveis sobre os sistemas biológicos (DEUS, 2013). Fonte: g1.globo.com 30 De acordo com Sprada (2013): No ambiente de trabalho muitas substâncias químicas podem ser encontradas isoladas ou combinadas, e estas substâncias devem ser controladas em relação à exposição dos trabalhadores. Você sabia que na indústria existem mais de 60 mil substâncias químicas diferentes? Imagine agora que isso só aumenta a cada ano, e que nós trabalhadores estamos diariamente expostos a elas. Pois bem, é a Toxicologia ocupacional que tem a finalidade de controlar essas substâncias químicas no ambiente ocupacional. Cabe à Toxicologia Industrial a prevenção da deterioração do estado de saúde dos indivíduos que manipulam ou estão expostos a substâncias químicas na indústria. Este objetivo só pode ser alcançado se as condições de exposição ou as normas de manipulação definidas não originarem riscos inaceitáveis para a saúde dos indivíduos. Na maior parte dos casos não é necessário renunciar ao emprego de substâncias potencialmente tóxicas, se forem aplicadas rigorosamente certas medidas de proteção (SANTOS, 1990. Apud PERUZZO, 2018). 5.6 Controle ou monitoramento ambiental A maioria dos agentes químicos e físicos encontrados na indústria, hoje, são potencialmente prejudiciais se não forem manipulados corretamente ou estiverem presentes em quantidades excessivas no ambiente de trabalho. O objetivo da Toxicologia ocupacional é prevenir ou reduzir a exposição a tais agentes. Os padrões de limites de exposição ocupacional (LEO) são medidos úteis com as quais as exposições a agentes químicos e físicos no ambiente de trabalho podem ser comparados comreferências apropriadas. Existem alguns pontos chave que devem ser lembrados sobre os padrões de exposição ocupacional (PERUZZO, 2018): • Não é um índice de toxicidade; • São baseados nas melhores informações atuais disponíveis e são suscetíveis de mudanças; • Se não houver um padrão de exposição definido para uma substância química, isso não significa que a substância seja segura; • Uma boa prática é manter contaminantes no ar ao nível mais baixo possível, e não apenas abaixo do(s) padrão(s) de exposição relevantes; 31 • Eles se aplicam à exposição ocupacional de adultos. Não são aplicáveis à exposição ambiental onde existam grupos mais suscetíveis, por exemplo, mulheres grávidas, crianças, enfermos. • Para produtos químicos, eles geralmente se relacionam com concentrações no ar, isto é, eles apenas levam em consideração a via de entrada por inalação. • Eles geralmente se referem a substâncias individuais, embora algumas orientações possam ser dadas em exposições mistas (PERUZZO, 2018). O monitoramento ambiental tem como objetivo determinar os níveis de agentes químicos presentes no ambiente de trabalho, para avaliar a quantidade do agente químico que pode alcançar os organismos vivos. De acordo com Deus (2013), pode-se definir monitoramento ambiental como “a medida e a avaliação, qualitativa e quantitativa, de agentes químicos no ambiente ocupacional para estimar a exposição ambiental e o risco à saúde, comparando os resultados com referências apropriadas” (DEUS, 2013). É essencial que sejam fornecidas medidas adequadas para controlar o uso destas substâncias e, em particular, assegurar que nenhuma quantidade de contaminação perigosa possa escapar para a atmosfera dos processos industriais. O monitoramento rotineiro das concentrações atmosféricas fornece uma verificação mais útil sobre a eficiência das medidas de segurança adotadas. Se esta exposição se aproximar dos valores limites aceitáveis, deve sempre ser considerada como um sinal de alerta para que medidas de proteção adotadas sejam melhoradas (PERUZZO, 2018). Segundo Deus (2013), “as fixações dos limites permissíveis são complexas e dispendiosas, e apenas alguns países como EUA, Alemanha, Suécia e Tchecoslováquia determinam esses limites, enquanto outros países, como a Inglaterra, Argentina, Peru, Noruega, Brasil etc., adotam os limites dos EUA com as adaptações necessárias às condições de trabalho em cada país”. A NR-15 (Norma Regulamentadora nº 15, 1978, Ministério do Trabalho, utiliza os valores adaptados da ACGIH-USA de 1977). De acordo com Buschinelli (2014), nos EUA, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) publica limites de exposição ocupacional – LEOs denominados Threshold Limit Values (TLV), e define como sendo as concentrações de substâncias químicas no ar, às quais, acredita-se, a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida de trabalho sem sofrer efeitos adversos à saúde (PERUZZO, 2018). 32 6. METODOLOGIAS PARA AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE E BIOCOMPATIBILIDADE: TÉCNICA HET-CAM, VERMELHO NEUTRO, MTT, CAENORHABDITIS ELEGANS E ARTEMIA SALINA. Fonte: fiems.com.br Com o controle cada vez mais rigoroso em relação ao uso de animais de laboratório, há a necessidade de desenvolver e padronizar testes in vitro que possam detectar a toxicidade de dispositivos para uso em seres humanos, principalmente aqueles de aplicação clínica, como os biomateriais que não devem causar reações adversas e nem lesar o organismo do paciente. De acordo com o Órgão Internacional de Padronização (International Standard Organization), ISO 10993, o ensaio de citotoxicidade in vitro é o primeiro teste para avaliar a biocompatibilidade de qualquer material para uso em dispositivos biomédicos e depois de comprovada a sua não toxicidade é que o estudo da biocompatibilidade do produto pode ter continuidade realizando-se os ensaios necessários em animais de laboratório (ROGERO et al., 2003). Vários métodos in vitro, para avaliar a toxicidade de biomateriais, foram padronizados utilizando-se culturas celulares. Estes testes de citotoxicidade consistem em colocar o material direta ou indiretamente em contato com uma cultura de células de mamíferos, verificando-se as alterações celulares por diferentes mecanismos, entre os quais a incorporação de corantes vitais ou a inibição da formação de colônias celulares. O parâmetro mais utilizado para avaliar a toxicidade é a viabilidade celular, que pode ser evidenciada com auxílio de corantes vitais como o vermelho neutro, solúvel em água e que passa através da 33 membrana celular, concentrando-se nos lisossomos, fixando-se por ligações eletrostáticas hidrofóbicas em sítios aniônicos na matriz lisossomal (ROGERO et al., 2003). Muitas substâncias danificam as membranas resultando no decréscimo de captura e ligação do vermelho neutro. Portanto é possível distinguir entre células vivas e danificadas ou mortas, pela medida de intensidade de cor da cultura celular. Os métodos in vitro apresentam vantagens em relação aos in vivo tais como poder limitar o número de variáveis experimentais, obter dados significativos mais facilmente além do período de teste ser, em muitos casos, mais curto. O problema da extrapolação dos dados obtidos in vitro para a aplicação clínica dos biomateriais pode ser superado pelo uso de materiais de referência apropriados, atualmente em uso em clínicas (ROGERO et al., 2003). Estudos com estes métodos demonstraram que os testes com culturas celulares podem ser utilizados com sucesso, pois são reprodutíveis, rápidos, sensíveis e financeiramente acessíveis para a execução do estudo de biocompatibilidade in vitro. Como a variedade de produtos a serem avaliados tem crescido e muito, há necessidade de se estudar novas metodologias e escolher entre elas a que possa responder melhor quanto à presença de possíveis elementos tóxicos. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a toxicidade de diferentes biomateriais, comparando duas metodologias: difusão em ágar e incorporação do corante vital vermelho neutro (ROGERO et al., 2003). A caracterização da citotoxicidade in vitro é uma prática comum na avaliação biológica de produtos para a saúde e fundamental para a análise inicial da biocompatibilidade dos mesmos. Pela exposição de uma cultura celular a determinado biomaterial de interesse, é possível caracterizar reações adversas de citotoxicidade resultantes MASSON, LOMBELLO, 2016). Segundo norma ISO 10993-5 (2009) há três categorias de ensaios de citotoxicidade, a saber: contato direto, por extrato e difusão em ágar, os quais diferem quanto à forma pela qual as células são expostas ao material em análise. Além disso, enquanto os ensaios de contato direto e por extrato possibilitam a avaliação qualitativa e quantitativa da presença e severidade de efeito citotóxico, o teste de contato indireto permite apenas a avaliação qualitativa da citotoxicidade após ensaio (MASSON, LOMBELLO, 2016). Estudos relacionados à comparação de sensibilidade dos diferentes tipos de ensaios de citotoxidade são escassos na literatura, especialmente quando produtos para saúde, como biomateriais, são alvos de análise. Vale ressaltar, no entanto, que a variedade de 34 produtos e novos biomateriais, bem como sua finalidade de aplicação gera uma demanda pelo estudo de novas metodologias de avaliação biológica e um melhor entendimento e/ou aperfeiçoamento das já existentes, para que se possam escolher os ensaios que irão resultar na melhor resposta quanto à presença de possíveis elementos citotóxicos (MASSON, LOMBELLO, 2016). Para ser aprovado no teste de citotoxicidade in vitro, um produto não deve ocasionar a morte das células nem afetar suas funções celulares.Assim sendo, com o uso de técnicas de cultura de células, os testes podem detectar a ocorrência de das células, de inibição do crescimento celular e de outros efeitos que possam ser desencadeados nas mesmas (DAGUANO et al., 2007). Os testes in vitro de sensibilidade, a compostos antivirais, diferem significativamente daqueles destinados a agentes antibacterianos. Como os vírus precisam de células para se replicar, os sistemas indicadores de sensibilidade fazem uso de culturas de células. Em geral, uma redução maior que 50% na formação da monocamada celular, por uma determinada concentração, classifica um agente como ativo contra determinado vírus (SAFRIN, 2001). Os lentivírus de pequenos ruminantes (SRLV – small ruminant lentivirus), que incluem os vírus da artrite encefalite caprina (CAEV) e Maedi-Visna (MVV), são causadores de doença progressiva, multissistêmica, afetando, principalmente, articulações, úbere, pulmões e sistema nervoso central (HAASE, 1986). Esses retrovírus possuem a enzima transcriptase reversa (RT), permitindo ao RNA viral dar origem à dupla fita de DNA proviral capaz de incorporar ao genoma celular, além da enzima protease, responsável pela produção de vírions infecciosos maduros durante a replicação (HAASE, 1986. Apud DE ARAUJO et al., 2008). Essas enzimas funcionam como alvos potenciais dos agentes antivirais (SAFRIN, 2001). Apesar disso, até o presente momento as vacinas e os tratamentos instituídos para essas enfermidades têm se mostrado ineficazes, fazendo com que o controle tenha como base a eliminação dos animais soropositivos. Por outro lado, drogas utilizadas com êxito no tratamento de infecções por vírus DNA e RNA podem proporcionar um resultado satisfatório contra os SRLV. Dentre essas estão os nucleosídeos inibidores da enzima RT como a zidovudina, lamiduvina; os não nucleosídeos inibidores da RT como o efavirenz; os inibidores da enzima protease como o lopinavir/r e o atazanavir. No tratamento de lentiviroses animais, a zidovudina tem demonstrado resultados positivos contra o vírus da imunodeficiência felina (HARTMANN, 1998). 35 Trabalhos que objetivam avaliar o potencial das drogas com atividade antiviral contra os SRLV ainda são escassos. Há trabalhos que demonstram agentes com ação anti- HIV comprovada contra a replicação do MVV através da análise do efeito citopático em cultivo de células do plexo coróide, verificando que os análogos nucleosídeos acíclicos bem como o 2’,3’- dideoxinucleosídeos apresentaram ação antiMVV significativa. Análogos da citidina e outros fármacos com potencial de ação antiviral e/ou antileucêmico foram testados sobre a replicação do MVV, observando as que estas classes de drogas desempenharam uma efetiva inibição do MVV (THORMAR et al., 1995. Apud SALVATORI et al., 2001). A avaliação da citotoxicidade é essencial na fase inicial de desenvolvimento de drogas antivirais, uma vez que permite determinar, a priori, a concentração a ser utilizada bem como fornece informações quanto aos danos celulares. A citotoxicidade é normalmente verificada pelos testes de viabilidade celular. A prova do brometo de 3-(4,5) -dimetiltialzolil -2,5 difeniltetrazólio (MTT) é uma das mais empregadas como indicadora colorimétrica da viabilidade celular, avaliando-se a função mitocondrial da célula. Nesse sentido, objetivou- se avaliar o efeito citotóxico de drogas antivirais em cultivos de fibroblastos (DE ARAUJO et al., 2008). 7. PRODUTOS TÓXICOS OU VEICULADOS NOS ALIMENTOS: METAIS EM ALIMENTOS, ADITIVOS, MICOTOXINAS E RADICAIS LIVRES Fonte: portaldoagronegocio.com.br "Todas as pessoas tem o direito de esperar que os alimentos que irão consumir sejam inócuos e aptos para o consumo. As enfermidades e os danos provocados por alimentos 36 são, no melhor dos casos, desagradáveis e no pior podem ser fatais. Mas há, além disso, outras consequências: os surtos de enfermidades transmitidas pelos alimentos podem prejudicar o comércio e o turismo e provocar absenteísmo, desemprego e questões judiciais. A deterioração dos alimentos ocasiona perdas, é custosa e pode interferir negativamente no comércio e na confiança dos consumidores" Assim como o Codex Alimentarius inicia sua introdução aos Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos (CODEX. 1997). O consumidor quer produtos inócuos com garantia demonstrável dessa inocuidade. E. por que se exige isso dos alimentos? A razão é simples: os alimentos oferecem riscos potenciais para a saúde. E a inocuidade, é a meta a ser alcançada, por meio da redução dos riscos potenciais, tanto quanto o conhecimento científico e tecnológico o permita (BOARATTI, 2004). " A segurança microbiológica dos produtos tem recebido atenção de regulamentos, consumidores, pesquisadores e mídia, assim como, com base no enorme potencial para Irradiação de Alimentos no Brasil" (Villavicencio,2000). Os processos de irradiação podem ser usados como um valioso método de preservação dos alimentos. Sendo assim, irradiação quando usada em conjunto com processamento de alimento e técnicas de preparação, reduz a probabilidade de patogênicos ocasionarem doenças veiculadas por alimentos (BOARATTI, 2004). A partir da década de 80, as Indústrias de Alimentos vêm redirecionando seus sistemas de gestão da qualidade para tomá-los cada vez mais preventivos e menos corretivos. Esta tendência, tem se fortalecido tanto pela constatação de que os sistemas tradicionais de inspeção e Controle de Qualidade não têm sido capazes de garantir a inocuidade dos alimentos, bem como pela necessidade cada vez maior de racionalizar recursos e otimizar processos. Além disso, a crescente globalização dos mercados tem exigido das empresas a adoção de sistemas de controle reconhecidos internacionalmente (BOARATTI, 2004). A questão da segurança alimentar tem sido tema pertinente não apenas em estudos científicos, como também nas questões de ordem político-econômico dos países de todo o mundo. Os últimos debates sobre segurança alimentar têm demonstrado uma grande preocupação com o estudo de alternativas mais eficientes para controle e garantia da inocuidade dos alimentos, especialmente na eliminação de microrganismos patogênicos da cadeia alimentar, já que os métodos convencionais, de inspeção e análises microbiológicas, têm-se mostrado insuficientes para garantir a segurança do alimento (NACMCF, 1997. Apud NACMCF, 1998). 37 Fonte: crbm5.gov.br As últimas notificações de DTA's (Doenças Transmitidas por Alimentos), no mundo, indicam o surgimento de um novo cenário epidemiológico, caracterizado principalmente pela rapidez de propagação, alta patogenicidade e caráter cosmopolita dos agentes patogênicos, com especial destaque aos infecciosos, como Lisleriu monociíogenes e SalmoneUu sp. E necessário dar ênfase à adoção de medidas preventivas para o controle de riscos de situações que caracterizem os perigos de origem microbiológica presentes nas várias etapas do processo de produção de alimentos (FRANCO, 1996. Apud ALMEIDA, 1998). A qualidade e a quantidade de alimentos, a busca de alimentos alternativos efetivos, os problemas ambientais relativos à utilização de agrotóxicos e a preservação de alimentos são temas que cada vez mais nos interessam. Neste contexto, a irradiação de alimentos, tem se destacado como um processo alternativo de estudos e de conservação. Este processo apresenta diversas vantagens em relação aos métodos usuais. Dentre elas pode- se destacar: requerer um tempo relativamente pequeno para aplicação; não alterar a temperatura do alimento que de acordo com sua característica, pode ser estocado sem refrigeração e não oferecer risco toxicológico. O u.so da irradiação de alimentos foi aprovada em 1983 pela Comissão CODEX Alimentarius (HUNTER, 2000). Dentremuitas técnicas de esterilização, a irradiação gama vem sendo reconhecida como um método eficiente na redução de microrganismos patogênicos e deteriorantes dos alimentos. Esta técnica, quando aplicada em alimentos, apresenta uma série de efeitos benéficos, incluindo o retardo no amadurecimento e prevenção de deterioração. Elimina insetos, parasitas, bactérias patogênicas, mofos e leveduras; e, com altas doses, esteriliza 38 o produto permitindo a estocagem em ambiente não refrigerado por longos períodos. A vida de prateleira de muitas frutas, vegetais e carnes podem ser estendidas (BOARATTI, 2004). O tipo de irradiação utilizado no tratamento de alimentos se limita às radiações provenientes dos raios gama de alta energia, os raios X e os elétrons acelerados. Essas radiações .se denominam radiações ionizantes, porque sua energia é suficientemente alta para remover os elétrons dos átomos e moléculas, para convertê-los em partículas carregadas eletricamente, que se denominam íons (BOARATTI, 2004). As radiações ionizantes produzem mudanças químicas que podem matar ou inativar microrganismos. Muitas aplicações são realizadas com o intuito de apenas causar redução dos microrganismos presentes em número e variedade, fundamentalmente eliminar o risco de incidência de doenças transmitidas por produtos alimentícios. A aplicação de doses entre 2 e 7 kGy de radiação de Cobalto-60 resulta em uma destruição considerável de microrganismos presentes nos alimentos, praticamente eliminando patógenos. A vida de prateleira de alimentos pode. Deste modo, ser estendida, eliminado ou reduzindo a ameaça de doenças causadas por organismos patogênicos (BOARATTI, 2004). 7.1 Avaliação do risco O risco é uma função da probabilidade de um efeito adverso e da magnitude deste efeito, resultante de um perigo em um alimento (IDEXX, 1998). O risco é a probabilidade de um perigo ocorrer em um processo e afetar a inocuidade do alimento, o que supõe uma análise estatística. A avaliação do risco potencial de um perigo (HARTOG, 2003) deve considerar a frequência com que ele ocorre nos consumidores e a severidade dos sintomas. Apesar de existirem dados sobre a avaliação quantitativa do risco de alguns perigos químicos e biológicos, sua determinação numérica nem sempre está disponível. A estimativa do risco é, em geral, qualitativa, obtida pela combinação de experiências, dados epidemiológicos locais ou regionais e informação bibliográfica específica. E importante destacar que para o mesmo tipo de produto, os perigos e riscos podem variar devido a fatores como fontes diferentes de ingredientes e matéria-prima, pequenas variações na formulação, tipo de equipamento usado, tempo de duração do processo ou armazenamento, além da experiência e conhecimento dos funcionários da linha de 39 produção. Em resumo, uma análise de perigos pode ser dividida nas seguintes etapas (BOARATTI, 2004): • Análise detalhada dos perigos possíveis na matéria-prima; • Avaliação das etapas do processo e sua influência na disseminação de um perigo e no aumento do risco; • Observação, no local, das condições de processamento; • Realização de análises (físicas, químicas e microbiológicas) para orientação e coleta de dados, e • Análise final dos resultados. Fonte: ictq.com.br O risco pode ser classificado em graus, que variam de alto a moderado, baixo ou insignificante. Esses dados podem ser usados para determinar os locais apropriados para estabelecer os pontos críticos de controle, o grau de vigilância necessário e qualquer mudança no processo ou nos ingredientes que possa reduzir a intensidade do perigo existente. Um método para analisar a significância do perigo pode ser feito considerando a probabilidade de ocorrência (inversa ao grau de controle) e a severidade das consequências, a significância do perigo pode ser diferenciada como satisfatória (Sa), menor (Me), maior (Ma) ou crítica (Cr) (BRYAN, 1992. Apud WWINGOLD, 1994). Perigos biológicos Os microrganismos são seres vivos invisíveis a olho nu, que podem ser encontrados em qualquer parte, e alguns podem ser benéficos ao homem. Determinados microrganismos são usados na produção de alimentos com funções específicas, como fermentação, sendo, portanto, úteis. Outros causam a deterioração de alimentos, tornando-os impróprios ao 40 consumo humano, lá os microrganismos patogênicos podem causar enfermidade ou danos aos seres humanos (BOARATTI, 2004). Os perigos biológicos de origem alimentar incluem organismos como bactérias, vírus e parasitas. Estes organismos estão frequentemente associados a manipuladores e produtos crus contaminados em um estabelecimento. Muitos desses microrganismos ocorrem naturalmente no ambiente onde os alimentos são produzidos. Vários são inativados pelo cozimento e muitos podem ser controlados por práticas adequadas de manipulação e armazenamento, como higiene, controle de temperatura e tempo (KNUBLEY et al., 1995). As bactérias patogênicas causam a maioria dos surtos e casos de doenças transmitidas por alimentos (DTA). É normal encontrar um certo nível desses microrganismos na maioria dos alimentos crus. O armazenamento ou a manipulação inadequada desses alimentos crus contribui para um número significativamente maior desses microrganismos antes do cozimento, aumentando o risco de se obter um alimento perigoso, caso haja falha no processo ou se esse alimento for consumido cru. Mesmo os alimentos cozidos fornecem um meio fértil para crescimento rápido de microrganismos se não forem manipulados e armazenados adequadamente (MONROE, 1990. Apud BOARATTI, 2004). Perigos químicos Os contaminantes químicos em alimentos podem ser de ocorrência natural ou serem adicionados durante o processamento do alimento. Produtos químicos prejudiciais, em altos níveis, têm sido associados com casos agudos de enfermidades de origem alimentar e podem ser responsáveis por enfermidades crônicas em níveis mais baixos. A contaminação química pode acontecer em qualquer etapa da produção e do processamento de alimentos. Os perigos químicos em alimentos incluem os compostos químicos que, quando consumidos em quantidades suficientes podem inibir a absorção assim como destruir nutrientes; possuírem características carcinogênicas, mutagênicas ou teratogênicas; ou são tóxicos e podem causar enfermidade severa e inclusive a morte devido ao seu efeito biológico no corpo humano (BOARATTI, 2004). Algumas vezes uma substância tóxica em alimentos pode ser controlada (reduzida a um risco mínimo) se o alimento é lavado ou aquecido (cozido) suficientemente. Entretanto, a melhor estratégia para o processador de alimentos é manter as substâncias perigosas fora do alimento adquirindo ingredientes e matérias primas de fornecedores controlados ou conhecendo as condições de produção, colheita, processamento e armazenamento. O maior grupo de químicos usados no processamento de alimentos é a categoria dos aditivos 41 alimentares diretos. Pela definição, este são produtos químicos que são adicionados intencionalmente ou incorporados diretamente nos alimentos. Fonte: timeout.pt.com Eles são classificados nas seguintes categorias funcionais (BOARATTI, 2004): • Conservantes de alimentos; • Coberturas, películas e substâncias relacionadas; • Aditivos dietéticos e nutritivos especiais; • Agentes anticoagulantes; • Agentes aromatizantes, saborizantes e substâncias relacionadas; • Gomas, bases para chicle e substâncias relacionadas; • Outros aditivos específicos; • Aditivos multifuncionais. Perigos físicos Objetos estranhos no alimento podem causar enfermidades ou lesões. Estes perigos físicos resultam de contaminação e/ou práticas deficientes em vários pontos da cadeia produtiva,
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