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BACTERIOLOGIA-E-DIAGNÓSTICOS-LABORATORIAIS

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 5 
2 BACTERIOLOGIA .............................................................................. 6 
2.1 Morfologia bacteriana .................................................................. 7 
2.2 Organização do material genético bacteriano ............................. 8 
2.3 Citologia .................................................................................... 12 
3 CRESCIMENTOS BACTERIANO .................................................... 14 
3.1 Fatores ambientais que afetam o crescimento bacteriano ........ 16 
4 PATOGENICIDADE BACTERIANA ................................................. 18 
4.1 Microbiota normal ...................................................................... 19 
4.2 Propriedades patogênicas dos microrganismos ........................ 21 
4.3 Penetração dos agentes patógenos .......................................... 22 
4.4 Danos às células do hospedeiro ............................................... 24 
5 BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS E GRAM-NEGATIVAS ................ 26 
5.1 Gram-negativos fermentadores ................................................. 28 
5.2 Patologias e sintomatologia associadas aos bacilos 
fermentadores ............................................................................................... 29 
6 COLORAÇÃO DE GRAM ................................................................ 31 
7 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN ............................................... 33 
8 ENTEROBACTÉRIAS ...................................................................... 35 
8.1 Isolamento ................................................................................. 36 
8.2 Cocos Gram-positivos ............................................................... 37 
9 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS ......................... 38 
9.1 Prova da catalase ...................................................................... 41 
9.2 Prova da coagulase ................................................................... 41 
9.3 Teste da novobiocina ................................................................ 42 
9.4 Teste da bacitracina .................................................................. 42 
 
3 
 
9.5 Teste da optoquina .................................................................... 42 
9.6 Ágar bile-esculina ...................................................................... 43 
9.7 Ágar citrato Simmons ................................................................ 43 
9.8 Produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) .................................. 43 
9.9 Fermentação de carboidratos .................................................... 43 
9.10 Descarboxilação de lisina e ornitina ....................................... 44 
9.11 Produção de indol .................................................................. 44 
9.12 Teste de motilidade ................................................................ 45 
9.13 Fenilalanina desaminase ....................................................... 45 
9.14 Prova de oxidase ................................................................... 45 
9.15 Prova de urease ..................................................................... 45 
10 UROCULTURA ............................................................................. 46 
11 HEMOCULTURA .......................................................................... 48 
11.1 Procedimentos e técnicas de hemocultura............................. 49 
11.2 Método de lise-centrifugação ................................................. 51 
11.3 Método semiautomatizado ..................................................... 51 
11.4 Método automatizado ............................................................. 52 
12 CULTURA DE PONTA DE CATETER .......................................... 53 
13 ANTIMICROBIANOS .................................................................... 54 
13.1 Inibidores da síntese de parede celular ................................. 55 
13.2 Inibidores da síntese proteica ................................................ 57 
13.3 Inibição da síntese de ácidos nucleicos ................................. 57 
13.4 Danos à membrana plasmática .............................................. 58 
13.5 Inibição da síntese de metabolitos essenciais ....................... 58 
13.6 Resistência bacteriana ........................................................... 58 
13.7 Mecanismos de resistência .................................................... 59 
13.8 Inativação enzimática do fármaco .......................................... 60 
 
4 
 
13.9 Modificação do sítio alvo do fármaco ..................................... 60 
13.10 Efluxo do antibiótico ............................................................... 61 
13.11 Redução na permeabilidade do antibiótico ............................ 61 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre 
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para 
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. 
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo 
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 BACTERIOLOGIA 
 
Fonte: biologo.com.br 
Uma das primeiras hipóteses, associadas a Bacteriologia, de que se tem 
notícia foi postulada no século XIII, por Roger Bacon, que sugeriu que as 
doenças eram produzidas por seres vivos invisíveis. Foram requeridos os 
esforços de vários químicos e biólogos para provar que as bactérias, como todos 
os organismos vivos, só surgiam de outros organismos semelhantes. Este fato 
fundamental foi finalmente estabelecido em 1860, pelo cientista Francis Louis 
Pasteur (1822-1895). (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Em 1840, depois dos primeiros trabalhos de Pasteur, Friedrich Gustav 
Jacob Henle (1809-1885), em uma notável publicação, expôs as suas ideias, 
estabelecendo condições básicas para que um agente microscópico particular 
pudesse ser considerado causador de uma doença infecciosa ou 
infectocontagiosa. Estas condições correspondem aos postulados de Henle: 
(NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
 O agente causador da infeção deve ser encontrado com constância 
no corpo do doente 
 Deve ser possível isolá-lo e, com tal agente isolado, reproduzir 
experimentalmente a doenças. 
 
7 
 
Os dois postulados citados seriam aperfeiçoados e mais tarde impostos 
aos bacteriologistas pelos trabalhos de Robert Koch (primeiro a isolar o M. 
tuberculosis): 
 Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em 
associação com uma dada doença. 
 O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório 
 A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal sensíveis 
 É possível recuperar o microrganismo, em culturapura, dos animais 
experimentalmente infectados. 
 
As bactérias e os microrganismos procariontes estão amplamente 
espalhados nos mais variados tipos de ambiente, seja em alimentos, animais ou, 
até mesmo, em humanos. Existem inúmeras espécies bacterianas, cada uma 
com suas próprias características. (SOUZA, 2019) 
As bactérias se diferenciam das células que têm estrutura mais complexa, 
como as que vivem no nosso organismo. As diferenças importantes estão na 
parede celular, bem como na organização do material genético entre procariotos 
e eucariotos. (SOUZA, 2019) 
2.1 Morfologia bacteriana 
 
Fonte: microbiologia3bio 
 
8 
 
Há diferentes tamanhos e formas para as bactérias. A maioria varia de 0,2 
a 2,0 µm de diâmetro e de 2 a 8 µm de comprimento e apresenta algumas formas 
básicas, como esféricas, cilíndricas e espiraladas: (SPOLIDORIO; DUQUE; 
PÓVOA, 2013) 
• células esféricas – denominadas cocos, são geralmente arredondadas; 
• células cilíndricas ou em forma de bastão – chamadas de bacilos; 
• células espiraladas ou helicoidais – chamadas de espirilos. 
Quanto ao arranjo, pode-se observar que algumas espécies de bactérias 
estão frequentemente aderidas umas às outras, enquanto outras espécies 
possuem a forma espiralada e normalmente são únicas. 
As bactérias que estão aderidas podem crescer em arranjos dependendo do 
plano de divisão celular; por exemplo, os cocos podem ser: 
• diplococos (duas células ligadas); 
• estreptococos (formando cadeia); ou 
• estafilococos (divisão em três planos com agrupamento na forma de 
cacho de uva). 
Os bacilos em sua maioria se apresentam isolados. Os diplobacilos aparecem 
em pares após a divisão, e os estreptobacilos, em cadeias. 
As formas espiraladas possuem uma ou mais curvaturas, podendo ser 
denominadas: 
• vibriões (forma de vírgula); 
• espirilos (forma helicoidal, espiralada e rígida); 
• espiroquetas (forma helicoidal e flexível). 
 
O mecanismo de adesão bacteriana às superfícies ou a outras bactérias 
constitui o passo inicial da colonização e da patogênese nos quadros de diversas 
doenças, já que microrganismos que não são retidos rapidamente são 
eliminados. (SPOLIDORIO; DUQUE; PÓVOA, 2013) 
2.2 Organização do material genético bacteriano 
O genoma procariótico bacteriano carrega toda a informação hereditária 
da bactéria, ou seja, é nele que estão armazenadas as informações genéticas 
 
9 
 
que se expressam em diferentes funções estruturais e fisiológicas e que podem 
ser transmitidas para as gerações seguintes, sendo o DNA o elemento 
fundamental de hereditariedade. O genoma procariótico é constituído pelo 
conjunto de todos os genes da bactéria que podem estar presentes em seu 
cromossomo ou em elementos genéticos extracromossômicos (plasmídeos, 
bacteriófagos e transposons). Em sua grande maioria, as bactérias são 
haploides, isto é, elas têm apenas um cromossomo (consequentemente, cada 
gene tem apenas uma cópia), o qual está organizado em uma única molécula de 
DNA circular (MURRAY et al., 2004). 
O DNA está normalmente organizado em fita dupla, que se pareia 
complementarmente por meio de bases nitrogenadas adenina (A) e timina (T) e 
guanina (G) e citosina (C), respectivamente (A-T; G-C), por intermédio de pontes 
de hidrogênio (dupla e tripla ligação, respectivamente). Além das bases 
nitrogenadas o DNA ainda é constituído pela pentose desoxirribose e pelo fosfato 
(sendo o conjunto desses três compostos chamados de nucleotídeo). Os 
nucleotídeos ligam-se à fosfo-2’-desoxirribose (ligação fosfodiéster), formando 
um esqueleto de DNA (BROOKS et al., 2014). 
A reprodução das bactérias é assexuada por fissão simples, e cada célula-
filha recebe uma cópia do cromossomo. Elas são monoploides, mas 
“multinucleadas”, ou seja, a célula geralmente contém duas ou mais cópias 
idênticas do cromossomo. Os cromossomos de bactérias não passam pelos 
ciclos de condensação mitótica e meiótica que ocorrem durante a divisão celular 
e a gametogênese em eucariotos. (SNUSTAD; SIMMONS, 2017) 
Portanto, os processos de recombinação – distribuição independente e 
crossing over meiótico – que ocorrem durante a reprodução sexuada em 
eucariotos não ocorrem em bactérias. Todavia, a recombinação foi tão 
importante na evolução de bactérias quanto na evolução de eucariotos. Na 
verdade, processos semelhantes à reprodução sexuada – processos 
parassexuados – ocorrem em bactérias. (SNUSTAD; SIMMONS, 2017) 
 
1) Recombinação genética 
A recombinação genética é o fenômeno no qual ocorre troca de genes 
entre duas moléculas de DNA, formando novas combinações de genes em um 
cromossomo. É possível classificar essa recombinação em dois tipos: 
 
10 
 
recombinação homóloga, que acontece quando os dois segmentos de DNA 
pareados têm sequências praticamente idênticas, ou recombinação não 
homóloga, quando as sequências do DNA são diferentes, requerendo que sejam 
catalisadas por enzimas especializadas em recombinação (BROOKS et al., 
2014; LEVINSON, 2016). 
 
2) Transferência de DNA em bactérias 
Constantemente, as bactérias trocam genes entre si, aumentando 
notavelmente as diversidades genética e metabólica e o surgimento de novas 
cepas. A transferência de DNA em bactérias pode trazer inúmeras vantagens 
adaptativas, como resistência a antibióticos, por exemplo. O DNA pode ser 
integrado ao cromossomo da bactéria receptora ou mantido como um elemento 
extracromossômico independente. A transferência de DNA dentro das células 
bacterianas pode ocorrer por plasmídeos, bacteriófagos, transposons e por 
rearranjos programados (MADIGAN et al., 2016; MURRAY et al., 2004). 
As bactérias podem transmitir o DNA para os seus descendentes, 
fenômeno chamado de transferência vertical de genes, ou lateralmente para 
outras bactérias que não são descendentes diretas (transferência horizontal de 
genes). A transferência horizontal de DNA entre bactérias pode ocorrer por três 
mecanismos: conjugação, transformação e transdução (MADIGAN et al., 2016). 
Transformação: é o mecanismo em que a bactéria capta DNA livre 
(desnudo) estranho ou exógeno, proveniente de outra bactéria, incorporando 
novos marcadores genéticos em seu genoma. Esse processo pode ocorrer 
naturalmente em algumas espécies (p.ex., Acinetobacter, Bacillus, Haemophilus, 
Neisseria e algumas linhagens de Staphylococcus e Streptococcus), apesar de 
a maioria das linhagens e espécies bacterianas não ser capaz de realizar 
transformação de forma natural ou poder ser induzida em laboratórios por 
métodos químicos ou eletroporação (uso de pulsos de alta voltagem), sendo a 
incorporação de plasmídeos extracelulares induzida em laboratório fundamental 
na engenharia genética (BROOKS et al., 2014; MADIGAN et al., 2016). 
Transdução: é o mecanismo em que o DNA de uma bactéria (doadora) 
é transferido para outra (receptora) por meio de um bacteriófago. Caso o 
bacteriófago incorpore acidentalmente em seu capsídeo, sendo o DNA da 
bactéria doadora proveniente de uma região genômica qualquer, dá-se o nome, 
 
11 
 
a esse processo, de transdução generalizada. Agora, se o bacteriófago 
incorporar genes específicos da bactéria doadora, chama-se de transdução 
especializada (MADIGAN et al., 2016; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
Conjugação: considerado um acasalamento bacteriano, este é o 
mecanismo de troca de material genético (transferência de plasmídeo ou de 
cromossomo) de uma bactéria para outra por intermédio da formação do pílus 
sexual. É necessário que haja contato direto entre uma bactéria doadora e uma 
bactéria receptora, sendo que a primeira tem o plasmídeo de fertilidade (p.ex., 
plasmídeo F produzido pela bactéria Escherichia coli que está relacionado com 
a formação do pílus sexual) e a segunda não (MADIGAN et al., 2016; TORTORA; 
FUNKE; CASE, 2017). 
 
Fonte: Madigan et al. (2016, p. 300). 
 
12 
 
2.3 Citologia 
As bactérias são seres procarióticos,ou seja, desprovidos de membrana 
nuclear (também chamada de carioteca). Elas não possuem todas as estruturas 
internas das células eucarióticas, sendo mais simples em todos os níveis, menos 
no seu envoltório celular. (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Estruturas da célula bacteriana: 
Glicocálice: O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que 
circunda as células, composto por polissacarídeo, polipeptídeo ou ambos. É 
produzido dentro da célula e secretado para a superfície celular. Essa estrutura 
apresenta diversas funções, como proteção contra o dessecamento e 
reservatório de alimentos. Dependendo da espécie bacteriana, a aderência e 
a virulência são as principais funções, e frequentemente protegem as bactérias 
da fagocitose pelas células do hospedeiro, aumentando a oportunidade de 
infecção por Streptococcus pneumoniae, por exemplo, que, quando 
capsulado, causa pneumonia. (SPOLIDORIO; DUQUE; PÓVOA, 2013) 
Parede celular: Responsável pela forma, rigidez bacteriana, divisão celular e 
muitas vezes manutenção osmótica, com uma espessura de 
aproximadamente 10 a 20 mm é formada, entre outras substâncias, por um 
complexo macromolecular, conhecido como mucocomplexo (também 
chamado de peptidoglicano, mureína, mucopeptídio ou glicopeptídio), de 
importância prática na taxonomia bacteriana. (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Gram-negativas: nessas bactérias, este complexo representa uma fração 
menor do total da parede em relação às Gram-positivas. A parede celular nas 
bactérias Gram-negativas é quimicamente mais complexa, possuindo maior 
quantidade de aminoácidos e de lipídeos. 
Gram-positivas: Gram positivas possuem como porção característica os 
ácidos teicoicos. 
 
 
13 
 
 
Fonte: arca.fiocruz.br 
Membrana celular ou membrana citoplasmática bacteriana: Também 
chamada de membrana plasmática não constituída de fosfolipídios e 
proteínas, sua estrutura é semelhante à dos organismos não procarióticos, 
todavia, com exceção dos grupos bacterianos dos micoplasmas, não possuem 
esteróis. Trata-se de uma membrana semipermeável, seletiva, sede de várias 
enzimas, que limita o citoplasma. Importante, não só para o transporte de íons 
e metabólitos (ex.: enzimas permeases e porinas), ela também atua em 
numerosos processos biossintéticos. (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Citoplasma: A célula bacteriana apresenta no seu citoplasma diferentes 
regiões, que podem ser divididas didaticamente. Uma área chamada 
citoplasmática, de aparência granular e rica em RNA, uma área chamada de 
cromatínica ou nuclear, rica em DNA, e uma porção fluída, com nutrientes 
dissolvidos. Na área chamada citoplasmática, temos, juntamente com o RNA, 
partículas proteicas, formando corpúsculos com cerca de 20 nm de diâmetro, 
chamados ribossomas. Estes possuem enzimas que atuam na biossíntese da 
célula (são responsáveis pela síntese proteica, possuindo em sua composição, 
aproximadamente, 60% de RNA e 40% de proteínas). (NOGUEIRA; SOUZA, 
2009) 
 
14 
 
3 CRESCIMENTOS BACTERIANO 
 
Fonte: pt.dreamstime.com 
 O crescimento bacteriano não é o aumento de tamanho celular, 
mas, sim, o aumento do número de células, as quais se acumulam em colônias, 
que podem ser visualizadas em meios de cultura mesmo sem o uso de 
microscópio. O crescimento começa pelo aumento da soma de todos os 
componentes celulares, que culmina na divisão celular (reprodução), gerando 
duas células-filha a partir de uma célula-mãe — processo chamado de fissão 
binária (ou divisão binária). Para crescerem, as bactérias necessitam de fatores 
físicos (temperatura, pH e pressão osmótica) e químicos (fontes de carbono, 
nitrogênio, enxofre, fósforo, oxigênio, elementos-traço e fatores orgânicos de 
crescimento) adequados, sendo que as condições ótimas de crescimento variam 
entre as espécies (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008; MADIGAN et al., 2016). 
Pelo processo de fissão binária, uma célula bacteriana origina duas 
células- -filha, dessa forma, a cada geração, uma célula-filha recém gerada vai 
formando mais duas, o que caracteriza um crescimento exponencial ou 
crescimento logarítmico. (SOUZA, 2019) 
É possível representar graficamente o crescimento de bactérias 
inoculadas em meio de cultura líquido de composição adequada e incubadas em 
temperaturas ideais por intermédio da curva de crescimento exponencial 
 
15 
 
bacteriano, sendo necessário fazer a contagem em intervalos regulares. O ciclo 
de crescimento das bactérias apresenta quatro fases distintas: 
 
 
Fase de latência ou fase lag: período em que as bactérias estão se 
adaptando ao novo ambiente e ocorre intensa atividade metabólica (produção 
de enzimas e outras moléculas). Nesse período, porém, há pouca ou nenhuma 
divisão celular. O tempo de latência pode variar e, às vezes, nem existir, 
dependendo de alguns fatores, como condições de crescimento, se o inóculo 
provém de uma cultura velha ou de um meio totalmente diferente (TRABULSI 
ALTERTHUM, 2008 TORTORA FUNKE CASE, 2017). 
 Fase exponencial ou fase log: período em que ocorre intensa divisão 
celular, com crescimento exponencial e tempo de geração (velocidade) 
constante. Este é o período de maior atividade metabólica (TRABULSI; 
ALTERTHUM, 2008 TORTORA FUNKE CASE, 2017). 
Fase estacionária: fase em que a velocidade de crescimento diminui 
gradualmente, já que, com o intenso crescimento celular da fase exponencial, 
os nutrientes vão se esgotando, ocasionando o acúmulo de resíduos tóxicos, 
a mudança de pH e a ausência de O2. Dessa forma, há a diminuição do 
crescimento bacteriano e um equilíbrio entre células novas e células mortas, 
 
16 
 
mantendo o número de bactérias constante (TRABULSI ALTERTHUM, 2008 
TORTORA FUNKE CASE, 2017). 
Fase de morte ou fase logarítmica de declínio: fase em que o número de 
células mortas é superior ao das células vivas, ocorrendo, portanto, um 
declínio no número de bactérias viáveis (vivas), até que a maioria das células, 
ou todas, morra (BROOKS et al., 2014 TRABULSI ALTERTHUM, 2008). 
 
O crescimento bacteriano pode ser medido por diversos métodos (diretos 
ou indiretos), como: contagens microscópicas das células, contagem em placas 
(ou contagem de células viáveis), espectrofotometria, filtração, método do 
número mais provável e turbidimetria (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017 apud 
SOUZA, 2019). 
3.1 Fatores ambientais que afetam o crescimento bacteriano 
1. Temperatura - Temperatura Ótima de crescimento: 
É a temperatura de incubação, que possibilita o mais rápido crescimento, 
durante menor tempo de acordo com o período de geração de cada gênero 
bacteriano (12 a 24 horas, para a maioria das bactérias comuns). A temperatura 
ótima de crescimento pode não ser a temperatura ótima de outras atividades 
celulares. Estes valores podem ser diferentes, dependendo dos autores 
consultados, porém, em média, obedecem ao critério: (NOGUEIRA; SOUZA, 
2009) 
Bactérias psicrófilas: São capazes de crescer a 0°C ou menos, embora seu 
crescimento ótimo esteja em temperaturas mais elevadas, 12°C ou 20°C. 
Diversas espécies de bactérias isoladas na Antártica podem crescer a -7°C, 
mas seu desenvolvimento ótimo ocorre entre 20°C a 30°C. 
Bactérias mesófilas: Crescem melhor de 25°C a 40°C. Neste grupo está a 
maioria dos patógenos bacterianos de importância clínica, já que esta 
temperatura coincide com a do nosso corpo. 
Bactérias termófilas: Crescem melhor de 45°C a 60°C. O limite de 
crescimento de algumas bactérias termófilas se estende para a região 
mesófila, recebendo a designação de termófilas facultativas ou euritermófilas. 
 
17 
 
Outras espécies do grupo termófilo se desenvolvem melhor em temperaturas 
acima de 60°C, não se desenvolvendo na faixa mesófila. São chamadas 
bactérias termófilas verdadeiras, obrigatórias ou estenotermófilas. 
 
2. Oxigênio (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Bactérias aeróbias estritas - São aquelas que só crescem na presença 
de oxigênio, por utilizarem este compostocomo receptor final de elétrons. Ex.: 
Acinetobacter. 
Bactérias anaeróbias facultativas ou apenas facultativas: Podem 
crescer tanto em anaerobiose como em aerobiose. Ex.: E.coli. 
Bactérias anaeróbias estritas: Só crescem em anaerobiose, sendo 
inibidas ou mortas na presença de O2, que não é utilizado em seu metabolismo. 
Ex.: Clostridium botulinum. 
Bactérias microaerófilas: Só crescem em atmosfera contendo 
concentrações de oxigênio menores que as encontradas no ar atmosférico. 
Ex.: Campylobacter 
No laboratório, é muito simples cultivar bactérias aeróbias ou facultativas, 
visto que o oxigênio está sempre no ar, contudo, para a obtenção de atmosferas 
isentas ou pobres de oxigênio, usamos métodos especiais. 
 
3. PH (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
A grande maioria das bactérias cresce bem em meios com pH ao redor 
de 6,5 a 7,5, apesar de muitas espécies tolerarem variações de pH entre 4,0 e 
9,0. Os meios de cultura são geralmente tamponados para evitar mudanças de 
pH, decorrentes da excreção de produtos do próprio metabolismo bacteriano. 
Os tampões são compostos que podem resistir as mudanças de pH. A 
combinação de KH2 PO4 e K2HPO4 é largamente utilizada nos meios de cultivo, 
mas alguns ingredientes nutrientes do meio, tais como as peptonas, também 
possuem a capacidade de tamponamento. 
 
4. Outros fatores (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Pressão osmótica: Meios de cultura com pressões osmóticas menores 
que o interior da bactéria, geralmente não afetam sua viabilidade, uma vez que 
a rigidez da parede celular impede a entrada excessiva de água. Todavia, meios 
 
18 
 
de cultura com pressões osmóticas maiores que a encontrada no interior da 
bactéria causam perda de água intracelular (efeito bacteriostático ou 
bactericida). 
Observação: Halofismo - Certas bactérias isoladas de salmouras, 
pacotes de sal, alimentos e água do mar, chamadas bactérias halofílicas ou 
halófitas obrigatórias, crescem apenas quando o meio contém uma 
concentração inusitadamente elevada de sal (10% a 15%). Isto representa uma 
resposta especial do microrganismo à pressão osmótica. 
Luminosidade - Alguns organismos autotróficos fotossintéticos devem 
ser expostos a uma fonte luminosa, pois a luz é sua fonte de energia. Outros 
liberam pigmentos quando expostos a luz, o que facilita na sua taxonomia. 
4 PATOGENICIDADE BACTERIANA 
 
Fonte: dabioasces.webnode.com.br 
O homem abriga em seu corpo uma variedade imensa e complexa de 
microrganismos, os quais buscam benefícios, como alimentos e ambiente ideal 
para o seu crescimento. Na maioria das vezes, esses microrganismos não 
trazem qualquer prejuízo à saúde humana, podendo, inclusive, beneficiá-la, 
como o fato de ajudar na proteção contra microrganismos patogênicos e na 
estimulação do sistema imune. (SOUZA, 2019) 
 
19 
 
A interação entre eles e os hospedeiros pode ser neutral, benéfica ou 
patogênica. Neste último caso, os microrganismos utilizam estruturas 
especializadas ou deficiências do hospedeiro para infectá-lo, causando danos 
no seus tecidos e células. (SOSA, 2019) 
Nosso corpo é formado por bilhões de células e, entre elas, temos 
diferentes tipos, como neurônios, células musculares, epiteliais e do sangue. 
Além delas, em nosso corpo, existe uma grande quantidade de células 
exógenas, representada por microrganismos como fungos e bactérias. Existe, 
assim, um equilíbrio entre os componentes, e a presença dos microrganismos é 
fundamental para o bom funcionamento de alguns tecidos e órgãos (MADIGAN 
et al., 2016 apud SOSA, 2019). 
Em ocasiões, esse equilíbrio é quebrado, e agentes denominados 
patógenos conseguem infectar o corpo, causando lesões. Esses microrganismos 
podem utilizar estruturas especializadas, toxinas e enzimas para invadir ao 
hospedeiro e, muitas vezes, aproveitam momentos de baixa imunidade do 
indivíduo para atacar (são os chamados patógenos oportunistas) (MADIGAN et 
al., 2016; LEVINSON, 2016 apud SOSA, 2019). 
4.1 Microbiota normal 
O ser humano convive com muitos microrganismos permanentemente em 
seu corpo, desde o nascimento até a morte, sem que necessariamente causem 
doenças. Eles estão presentes na pele, nas mucosas e em outros locais do corpo 
humano, usufruindo dos nutrientes, da temperatura, da umidade, da pressão 
osmótica e do pH do hospedeiro para utilizarem como fonte de energia e se 
multiplicarem. (SOUZA, 2019) 
Essa população de microrganismos são comensais (relação simbiótica), 
pois colonizam o ser humano sadio de forma harmônica em busca de benefícios, 
normalmente não trazendo problemas. Além disso, são denominados como 
microbiota normal ou flora normal, fazendo parte milhares de espécies de 
bactérias, arqueas, fungos, vírus e protozoários. (SOUZA, 2019) 
Muitos deles podem, inclusive, trazer benefícios ao ser humano, como 
proteção contra infecções causadas por organismos patogênicos, digestão de 
alimentos, produção de vitaminas e estimulação da imunidade. Em termos 
 
20 
 
evolutivos, os microrganismos que compõem a microbiota normal são mais 
adaptados ao homem do que aqueles microrganismos extremamente 
patogênicos, pois estes podem levar a óbito, o que não é vantajoso para o 
microrganismo (MURRAY et al., 2004; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017 apud 
SOUZA, 2019) 
Além dos microrganismos que formam a microbiota normal (de forma 
permanente), existem alguns que colonizam o homem de forma transitória 
(permanecem por horas, dias ou semanas) e normalmente não são patogênicos, 
os quais são chamados de microbiota transitória (BROOKS et al., 2014 apud 
SOUZA, 2019). 
Os microrganismos que vivem no corpo humano colonizam virtualmente 
todas as superfícies expostas ao ambiente externo. A microbiota está presente 
na boca, no estômago, no intestino, nos tratos genitourinário e respiratório, nos 
olhos, na pele etc. Embora esta se distribua por todas as áreas de contato com 
o exterior, a maior parte da colonização (cerca de 70%) ocorre no trato 
gastrointestinal. (ANTUNES, 2014) 
Além dessa variação no tempo, o conjunto de microrganismos também 
exibe grandes diferenças espaciais. No trato gastrointestinal, por exemplo, cada 
segmento do tubo digestivo tem micróbios relativamente específicos. No 
estômago, são comuns bactérias dos gêneros Lactobacillus, Veillonella e 
Helicobacter. No intestino delgado, predominam estreptococos, actinobactérias 
e corinebactérias. No intestino grosso, algumas das bactérias mais abundantes 
são os gêneros Bacteroides e Clostridium. (ANTUNES, 2014) 
 
21 
 
 
4.2 Propriedades patogênicas dos microrganismos 
Segundo Tortora, Funke e Case (2017 apud SOUZA,2019), a 
patogenicidade é a capacidade que os microrganismos têm de causar doenças 
ao superarem o sistema imunológico do hospedeiro, enquanto a virulência se 
refere ao grau ou à extensão da patogenicidade (refere-se a uma capacidade 
quantitativa). Existem algumas propriedades que indicam que um microrganismo 
tem potencial de patogenicidade. 
Adesão (ou aderência ou fixação) 
É a capacidade de as bactérias se aderirem às células epiteliais do hospedeiro 
ou a superfícies, formando biofilmes. Esta é uma etapa importante para causar 
infecção, pois, caso contrário, a bactéria pode ser eliminada do organismo. 
 
22 
 
Existem alguns fatores de adesão que podem estar presentes na bactéria, 
como proteínas de aderência, ácido lipoteicoico, cápsula, fímbrias, pili e 
flagelos (BROOKS et al., 2014; MADIGAN et al., 2016 apud SOUZA,2019). 
Invasão 
É a capacidade que o microrganismo tem de penetrar nas células ou nos 
tecidos do hospedeiro, de forma a permitir a sua disseminação e a propagação 
da doença (BROOKS et al., 2014; MADIGAN et al., 2016 apud SOUZA,2019). 
Toxicidade 
É a capacidade que o microrganismo tem de produzir a toxina que causa 
doença no hospedeiro. Os microrganismos podem produzir exotoxinas, que 
são as proteínas tóxicas liberadas pelos patógenos enquanto eles crescem (p.ex., enterotoxinas produzidas pelas bactérias Clostridium perfringens e 
Bacillus cereus que causam intoxicação alimentar) ou podem produzir 
endotoxinas — que são os lipopolissacarídeos (LPS) tóxicos que causam 
febre, hipotensão e choque séptico —, as quais são produzidas somente pelas 
bactérias gram-negativas, já que somente elas têm LPS em suas membranas 
externas (BROOKS et al., 2014; MADIGAN et al., 2016 apud SOUZA,2019) 
Resistência a antimicrobianos e a desinfetantes 
Microrganismos com resistência a antimicrobianos e desinfetantes comumente 
utilizados são mais virulentos e têm maior potencial de causar doença 
(BROOKS et al., 2014 apud SOUZA,2019). 
 
4.3 Penetração dos agentes patógenos 
A adesão dos microrganismos às células do hospedeiro geralmente 
envolve interações específicas. Alguns fatores de adesão são macromoléculas 
que não estão covalentemente ligadas aos patógenos e revestem a superfície 
da bactéria (glicocálix). Um exemplo de glicocálix é a cápsula de Bacillus 
anthracis (causadora do antraz), formada por ácido D-glutâmico (MADIGAN et 
al., 2016). 
Além da participação das cápsulas na adesão celular, também podem 
contribuir à evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro. Assim, por 
 
23 
 
exemplo, a cápsula de Neisseria meningitidis e de Streptococcus pneumoniae 
evita que os fagócitos se liguem à bactéria. Outro tipo de fator antifagocitário são 
as proteínas de parede celular de algumas bactérias, como a proteína A de 
Staphylococcus aureus, que se liga à IgG, evitando a ativação do complemento 
(LEVINSON, 2016). 
 
 
 
A invasão ao hospedeiro não seria possível sem a participação de 
enzimas produzidas pelos patógenos. Entre elas, temos coagulase, colagenase, 
hialuronidase, protease de IgA e leucocidinas. A coagulase favorece a formação 
de um coágulo de fibrina que isola ao patógeno e oferece proteção da fagocitose 
(um bom exemplo é Staphylococcus aureus). As enzimas hialuronidase e 
colagenase permitem a invasão do tecido subcutâneo ao degradar ácido 
hialurônico e colágeno, respectivamente, e foram associadas à formação de 
celulite causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. As proteases de 
imunoglobulina A podem degradar IgA, favorecendo a adesão com as 
 
24 
 
membranas mucosas. Por sua parte, as leucocidinas ajudam no combate a 
macrófagos e neutrófilos (LEVINSON, 2016 apud SOSA, 2019). 
Alguns microrganismos são capazes de sobreviver dentro da célula 
hospedeira e são denominados patógenos intracelulares. Dentro das bactérias 
mais representativas desse grupo, temos Brucella, Listeria e Mycobacterium e, 
em relação aos fungos, um exemplo conhecido é Histoplasma. O fato de 
permanecer dentro da célula hospedeira favorece sua proteção contra 
mecanismos de defesa extracelulares, como neutrófilos e anticorpos. Para poder 
sobreviver intracelularmente, esses patógenos possuem vários mecanismos de 
defesa, como (LEVINSON, 2016 apud SOSA, 2019): 
 Impedir a fusão do fagossomo com o lisossomo, evitando enzimas 
de degradação; 
 Inibir a acidificação do fagossomo, diminuindo a eficácia de 
enzimas degradativas; 
 Fugir do fagossomo para o citoplasma 
 
Para invadir o hospedeiro, as bactérias utilizam estruturas proteicas 
denominadas “invasinas”, que interagem especificamente com receptores 
celulares da família das integrinas. Depois de entrar na célula, as bactérias 
podem ficar no citoplasma ou dentro de vacuólos (como fagossomos). Outra 
alternativa é migrar para células vizinhas por meio da formação de túneis de 
actina. Dessa forma, patógenos como Listeria monocytogenes conseguem 
invadir células vizinhas, evitando mecanismos de defesa (LEVINSON, 2016 
apud SOSA, 2019). 
4.4 Danos às células do hospedeiro 
As bactérias podem causar doenças por meio de dois mecanismos: 
produção de toxinas e invasão e inflamação. As toxinas podem ser divididas em 
exotoxinas, quando são liberadas pela bactéria, e endotoxinas, não liberadas e 
geralmente formadas por lipopolissacarídeos da parede celular (LEVINSON, 
2016). 
 
25 
 
 
 
 
 
 
26 
 
5 BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS E GRAM-NEGATIVAS 
 
Fonte: infoescola.com 
As bactérias podem ser classificadas como gram-positivas ou gram-
negativas. Essa classificação é feita de acordo com a resposta à coloração de 
Gram em diferenças estruturais nas paredes celulares (TORTORA; FUNKE; 
CASE, 2017) 
 
Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com 
Bactérias gram-negativas 
As paredes celulares das bactérias gram-negativas têm uma ou poucas 
camadas de peptidoglicano, mas são mais complexas estrutural e 
quimicamente em relação às gram-positivas. Somente as gram-negativas têm 
 
27 
 
uma membrana externa, que é constituída de LPSs, lipoproteínas e 
fosfolipídios. 
As funções da membrana externa incluem manter a estrutura bacteriana, 
conferir defesa celular e funcionar como uma barreira de permeabilidade a 
grandes moléculas (por exemplo, metais pesados, enzimas digestórias, como 
a lisozima, e antibióticos) e moléculas hidrofóbicas (por exemplo, detergentes). 
A membrana externa, porém, permite uma permeabilidade seletiva por 
intermédio das proteínas da membrana — chamadas de porinas —, as quais 
formam canais que permitem a passagem de determinadas moléculas, como 
nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B12 e ferro 
(SOUZA, 2019). 
Algumas espécies de bactérias gram-negativas têm enzimas β-
lactamases no espaço periplásmico, que degradam antibióticos da classe β-
lactâmicos, como, por exemplo, a penicilina, podendo ser, portanto, 
naturalmente resistentes a essa classe de antibióticos. 
O LPS, constituinte da membrana externa, é uma molécula grande, 
anfipática (extremidades hidrofóbicas e hidrofílicas) e complexa. O LPS é uma 
endotoxina extremamente tóxica, sendo considerado um potente estimulador 
de respostas imunológicas no hospedeiro, podendo causar febre, choque e 
outros sintomas graves (SOUZA, 2019). O LPS é constituído por três unidades 
distintas: 
Lipídio A — responsável pelos efeitos tóxicos; 
• cerne polissacarídeo — formado por cinco açúcares ligados ao lipídio 
A, tem a função estrutural de estabilidade; 
• polissacarídeo O (ou antígeno O) — composto por moléculas de 
açúcar, tem a função de antígeno, sendo útil para diferenciar espécies 
bacterianas gram-negativas, já que existe grande variabilidade entre espécies 
e cepas bacterianas 
 
Algumas bactérias gram-negativas, como Neisseria meningitidis, N. 
gonorrhoeae, Haemophilus influenzae e H. ducreyi, não têm LPS na membrana 
externa, mas têm uma molécula semelhante, o lipo-oligossacarídeo, que é um 
importante fator de virulência causador de febre e outros sintomas. Outros 
exemplos de bactérias gram-negativas são Escherichia coli, Salmonella enterica 
 
28 
 
e Pseudomonas aeruginosa (BROOKS et al., 2014; LEVINSON, 2016; MURRAY 
et al., 2004; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
Bactérias gram-positivas 
As paredes celulares das bactérias gram-positivas são mais espessas e 
rígidas em comparação às das gram-negativas, pois têm várias camadas de 
peptidoglicano. O espaço periplásmico também está presente, porém, nas 
bactérias gram- -positivas, há uma camada granular composta por ácido 
lipoteicoico (SOUZA, 2019). 
Apenas as bactérias gram-positivas contêm ácidos teicoicos (presente 
na maioria das espécies de bactérias gram-positivas), que são polímeros 
hidrossolúveis de poliol fosfatos situados na camada externa da parede 
celular. Quando estão ligados à camada de peptidoglicano, são classificados 
como ácidos teicoicos da parede, porém, quando atravessam a camada de 
peptidoglicano, ligando- -se aos lipídios da membrana citoplasmática, são 
classificados como ácidos lipoteicoicos (têm um ácido graxo). 
Os ácidos teicoicos são antígenos de superfície das bactérias gram-
positivas que favorecem a ligação com outras bactérias e receptores 
específicos de células de mamíferos(fenômeno patogênico chamado de 
aderência), podendo ser utilizados na diferenciação de sorotipos bacterianos. 
Além disso, os ácidos teicoicos são importantes fatores de virulência, 
pois são capazes de induzir choque séptico no hospedeiro. Alguns exemplos 
de bactérias gram-positivas são: Streptococcus agalactiae, Staphylococcus 
aureus, Corynebacterium diphtheriae e Bacillus anthracis (BROOKS et al., 
2014; LEVINSON, 2016; MURRAY et al., 2004; TORTORA; FUNKE; CASE, 
2017). 
5.1 Gram-negativos fermentadores 
Os bacilos gram-negativos fermentadores de glicose são constituídos por 
42 gêneros e mais de 100 espécies. Algumas dessas espécies são patogênicas, 
causando infecções tanto no homem quanto nos animais, outras são patógenos 
oportunistas. As enterobactérias podem ser diferenciadas com base em suas 
características bioquímicas: (SPLENDORE,2018) 
 São bacilos gram-negativos. 
 
29 
 
 Fermentam a glicose com ou sem produção de gás. 
 São aeróbios e anaeróbios facultativos. 
 A maioria reduz nitrato a nitrito. 
 A maioria é oxidase negativa e catalase positiva. 
 Podem ser móveis por flagelos peritríquios ou imóveis. 
 Crescem bem em meios comuns de cultura, como ágar 
MacConkey 
São encontradas no trato gastrintestinal de animais e seres humanos. As 
principais enterobactérias de importância clínica são: Escherichia coli, Klebsiella 
spp., Enterobacter spp., Proteus spp., Providencia spp., Morganella spp., 
Citrobacter spp., Salmonella spp., Shigella spp., Serratia spp. 
5.2 Patologias e sintomatologia associadas aos bacilos fermentadores 
As enterobacteriaceaes podem causar infecções intestinais e 
extraintestinais. As infecções extraintestinais podem ser localizadas ou 
sistêmicas. As infecções localizadas mais frequentes são as das vias urinárias, 
dos pulmões, do sistema nervoso central, da pele e de feridas. As infecções, 
tanto intestinais como extraintestinais, podem permanecer localizadas ou se 
transformarem em infecções sistêmicas, como as bacteremias. Esta 
transformação se dá em consequência da translocação das enterobactérias 
presentes no intestino para a corrente sanguínea. Vários fatores podem 
favorecer essa translocação. Todos os representantes das enterobactérias, por 
serem organismos gram-negativos, contêm endotoxina na parede celular. Além 
disso, várias exotoxinas são produzidas causando diarreia. (SPLENDORE,2018) 
 
30 
 
 
Fonte: SPLENDORE,2018 
 
 
31 
 
6 COLORAÇÃO DE GRAM 
 
Fonte: fcav.unesp.br 
Desenvolvida pelo médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram, 
em 1884. Tem como fundamento o fato de que as bactérias, quando coradas por 
derivados próximos da rosanilina (violeta genciana, cristal-violeta, metilvioleta, 
etc.) e depois de tratadas pelo iodo (solução iodo-iodetada, conhecida como 
lugol), formam um composto de coloração escura, entre o iodo e o corante, 
chamado iodopararosanilina. Este composto, nas bactérias Gram-positivas, é 
fortemente retido e não pode ser facilmente removível pelo tratamento posterior 
com o álcool, ao passo que nas Gram-negativas este composto é facilmente 
descorado pelo álcool. (NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
Durante as primeiras etapas da coloração o corante cristal de violeta e o 
iodo são incorporados ao citoplasma das bactérias, entretanto, ao adicionar um 
descorante, algumas bactérias se tornam incolores, sendo então denominadas 
gram-negativas, enquanto outras permanecem coradas de azul/púrpura, sendo 
estas chamadas de gram-positivas. Tendo em vista que as bactérias gram-
negativas se tornam incolores depois da descoloração, é necessário que elas 
sejam, então, coradas para que possam ser visualizadas no microscópio de 
campo claro, para isto, utilizam-se os corantes vermelho safranina ou fucsina 
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
 
32 
 
A retenção, ou não do corante cristal de violeta é explicada devido a 
algumas diferenças estruturais das paredes celulares das bactérias gram-
positivas e gram-negativas. As bactérias gram-positivas têm uma parede celular 
mais espessa em relação às gram-negativas, a qual é composta por várias 
camadas de peptidoglicano, enquanto somente as bactérias gram-negativas têm 
LPSs na parede celular. O cristal de violeta e o iodo penetram facilmente nas 
células das bactérias, formando um complexo insolúvel de cristal violeta-iodo, 
que é maior do que a molécula de cristal que entrou na célula (TORTORA; 
FUNKE; CASE, 2017). Quando as células são lavadas com álcool ou solução 
álcool-acetona podem ocorrer duas situações: 
 As bactérias gram-negativas conseguem eliminar o complexo cristal 
violeta-iodo, que atravessa uma camada fina de peptidoglicano, uma vez 
que o álcool penetra e rompe a camada externa de LPSs; 
 As bactérias gram-positivas retêm o complexo cristal violeta-iodo, já que 
esse complexo não consegue ultrapassar a espessa camada de 
peptidoglicano. 
A coloração de Gram é, portanto, considerada uma técnica diferencial, 
haja vista que as bactérias gram-positivas são coradas de azul/púrpura, 
enquanto as gram-negativas ficam na tonalidade rosa/vermelho (LEVINSON, 
2016; MADIGAN et al., 2016). 
 
 
33 
 
7 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN 
 
Fonte: tede.ufam.edu.br 
Também chamada de pesquisa de BAAR (bacilo álcool-ácido resistente), 
baciloscopia ou BK. A coloração de Ziehl-Neelsen é utilizada basicamente para 
micobactérias, cuja parede celular constituída por ácidos micólicos é resistente 
à descoloração por álcool-ácido, preservando a cor do corante inicial, fucsina 
concentrada. Por essa razão, os bacilos apresentam uma coloração vermelha 
ao final do procedimento. Essa coloração é o método mais rápido para detecção 
de micobactérias em amostras clínicas com suspeita de tuberculose ou 
hanseníase. (HOLANDA, 2017) 
A pesquisa de micobatérias por baciloscopia pode ser realizada em 
amostras de escarro, lavado brônquico, lavado gástrico, linfa de lóbulo da orelha 
(hanseníase), urina, líquor, líquido pleural, biópsias e secreções. A amostra 
utilizada com maior frequência para realização de esfregaços para baciloscopia 
é o escarro. 
O diagnóstico deve ser feito a partir de duas amostras: a primeira coletada 
no momento da consulta e, a segunda, no dia seguinte logo após acordar. É 
extremamente importante que o laboratório ou o médico orientem bem o paciente 
quanto à coleta da amostra, que deve ser feita em frasco de boca larga, 
descartável, estéril, transparente, com capacidade de 35-50 ml, com tampa de 
 
34 
 
rosca. As amostras devem ser enviadas ao laboratório o mais rápido possível, 
transportadas sob refrigeração e acondicionadas deforma que não haja risco de 
derramamento. (HOLANDA, 2017) 
 
 
 
35 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2017). 
8 ENTEROBACTÉRIAS 
 
Fonte: microbiologybook.org 
 
36 
 
A família das Enterobacteriaceae compreende um largo número de 
espécies bacterianas de importância médica. Estas espécies respondem por 
mais de 70% dos isolados bacterianos na rotina do laboratório clínico, são 
responsáveis por diferentes agravos infectocontagiosos como gastroenterites, 
bacteremias, infecções urinárias, infecções de feridas, meningites etc. Estão 
intimamente associadas a diferentes mecanismos de resistência bacteriana, 
sobretudo, no ambiente hospitalar. (HOLANDA, 2017) 
Membros desta família são as principais causas de infecções oportunistas 
(incluindo septicemias, pneumonia, meningite e infecções do trato urinário). 
Exemplos do gênero que causa infecções oportunistas são: Citrobacte 
Enterobacter Escherichia, Hafnia, Morganella Providencia e Serratia. A seleção 
de terapia por antibiótico é complexa devido à diversidade de organismos. (FOX, 
2009) 
A infecção urinária (“ascendente”) mais comumente adquirida de forma 
comunitária é causada por E. coli. A grande maioria das infecções do trato 
urinária é ascendente, frequentemente de contaminação fecal. Proteus é outracausa comum de infecção do trato urinário; os organismos produzem 
uma urease que degrada oreia produzindo uma urina alcalina. (FOX, 2009) 
8.1 Isolamento 
A primeira etapa para a identificação de uma enterobactéria patogênica é 
o semeio da amostra em um meio de cultura seletivo e diferencial. Os meios 
mais utilizados para essa finalidade são: ágar Eosina Azul de Metileno (ágar 
EMB, também chamado de ágar Teague), ágar McConkey, ágar 
SalmonellaShigella (ágar SS), ágar Xilose-Lisina-Desoxicolato (XLD) e o ágar 
entérico Hektoen (HE). (HOLANDA, 2017) 
Ágar BEM: Nesse meio, os típicos fermentadores da lactose, especialmente 
a Escherichia coli, produzem colônias de coloração escura, apresentando um 
brilho metálico de tom esverdeado (devido à alta produção de ácidos) 
Produtores mais fracos de ácido (Klebsiella; Enterobacter; Serratia) formam 
colônias geralmente acinzentadas. Os não fermentadores de lactose (Shigella 
e Salmonella, por exemplo) produzem colônias transparentes. 
 
37 
 
Ágar McConkey (MC): A presença de cristal violeta na constituição desse 
meio impede o crescimento de bactérias Gram-positivas, especialmente 
estafilococos e enterococos. Os típicos fermentadores de lactose formam 
colônias cor de rosa/vermelha, as amostras lactose negativas apresentam-se 
incolores ou transparente 
Ágar Salmonela-Shigella (SS): Os meios SS, XLD e HE são empregados no 
laboratório clínico, geralmente, para o isolamento de espécies de Salmonella 
e Shigella, a partir de amostras de fezes diarreicas, ou em laboratórios de 
saúde pública para investigar uma possível contaminação fecal de alimentos 
e reservatórios de água. A incorporação de lactose ao meio SS permite 
diferenciar entre bactérias fermentadoras de lactose e não fermentadoras. As 
primeiras formam colônias de aspecto avermelhado, já as que não fermentam 
lactose geram colônias transparentes. 
Ágar Hektoen (HE): Meio seletivo e diferencial para isolamento de espécimes 
enteropatogênicos de Salmonella e Shigella. Os carboidratos presentes nesse 
meio incluem a lactose, a sacarose e a salicina. As bactérias fermentadoras 
desses carboidratos produzem colônias amarelas; as assacarolíticas 
produzem colônias translúcidas ou verde-claras. As bactérias lactose e 
sacarose negativas, que acidificam a salicina, podem produzir colônias 
alaranjadas. O HE contém sais férricos; por conseguinte, as colônias 
produtoras de sulfeto de hidrogênio apresentam pigmentação negra. Pode-se 
suspeitar da presença de espécies de Salmonella spp. nesses meios, devido 
à presença de colônias com brilho negro 
Ágar XLD: Esse meio contém lactose, sacarose e xilose; as bactérias que 
fermentam esses carboidratos formam colônias amarelas. As bactérias que 
não fermentam esses carboidratos não produzem ácidos e formam colônias 
incolores. Os microrganismos produtores de H2 S formam pigmento negro, a 
exemplo do que acontece no ágar SS. As colônias negras sem halo rosado 
são mais sugestivas de cepas de Proteus spp. produtoras de H2 S 
8.2 Cocos Gram-positivos 
Isolamento: 
 
38 
 
 Os cocos Gram-positivos são exemplos de bactérias frequentemente 
isoladas de amostras clínicas. Por essa razão, dependendo do quadro clínico do 
paciente, meios como ágar sangue e ágar manitol salgado (em caso de suspeita 
de Staphylococcus aureus) são muito utilizados para o semeio primário de 
amostras. (HOLANDA, 2017) 
Ágar Sangue: Meio enriquecido com 5% de sangue de carneiro. Além de ser 
altamente nutritivo, propiciando o crescimento da maioria das bactérias de 
interesse clínico, o ágar sangue também tem uma característica diferencial. A 
conservação das hemácias íntegras favorece a formação de halos de hemólise 
nítidos, úteis para a escolha dos testes complementares e diferenciais do 
gênero Streptococcus 
Ágar Manitol: Salgado Meio seletivo para o isolamento e identificação de 
estafilococos patogênicos a partir de amostras clínicas, alimentos e triagem de 
portadores nasais de Staphylococcus aureus. A elevada concentração de sal 
nesse meio (7,5%) inibe o crescimento de outras bactérias, com exceção dos 
enterococos. A degradação do manitol com formação de ácido está 
correlacionada com a patogenicidade do gênero em questão e serve como 
indicador presuntivo da presença de Staphylococcus aureus. 
Entretanto, outras espécies de estafilococos isoladas com pouca frequência 
também podem fermentar o manitol; sendo assim, as bactérias manitol-
positivas isoladas nesse meio devem ser repicadas em ágar sangue e 
avaliadas quanto à produção de coagulase. 
9 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS 
Existem outros meios de cultura utilizados na realização de provas 
bioquímicas (também chamados de testes bioquímicos), os quais permitem 
identificar as espécies bacterianas pela pesquisa das enzimas metabolizadoras, 
dos produtos metabólicos e catabólicos e da sensibilidade a diferentes 
compostos, haja vista que cada bactéria tem um perfil bioquímico único. 
 
 
 
39 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
41 
 
 
9.1 Prova da catalase 
Essa prova é utilizada na diferenciação entre estreptococos (catalase 
negativas) e estafilococos (catalase positivas). A enzima catalase decompõe o 
peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água. Em uma lâmina 
microscópica, deve-se fazer um esfregaço com as colônias bacterianas e aplicar 
água oxigenada. Caso o resultado seja positivo (estafilococos), há liberação de 
oxigênio e formação de bolhas (BROOKS et al., 2014). 
9.2 Prova da coagulase 
A prova da coagulase é utilizada para diferenciar a Staphylococcus aureus 
(coagulase positiva) de outras espécies de estafilococos (coagulase negativas). 
A S. aureus contém uma enzima coagulase em sua parede celular, que coagula 
o fibrinogênio do plasma, convertendo-o em fibrina. Essa prova pode ser 
realizada em lâmina (adiciona-se a colônia emulsionada em solução salina na 
lâmina, em seguida, coloca-se uma gota de plasma e se aguarda o período de 
10 s) ou em tubo de ensaio (incuba-se por uma noite a colônia suspeita em tubo 
de ensaio contendo BHI (caldo infusão cérebro coração, do inglês brain heart 
infusion broth) e plasma, depois, é incubado a 35ºC por 4 h), sendo o resultado 
 
42 
 
positivo para S. aureus se houver formação de coágulo (BRASIL, 2004b; 
BROOKS et al., 2014). 
9.3 Teste da novobiocina 
Prova utilizada para diferenciar a bactéria Staphylococcus saprophyticus 
de outros estafilococos coagulase negativos. A S. saprophyticus é resistente ao 
antibiótico novobiocina, enquanto os outros estafilococos coagulase negativos 
são sensíveis. O teste de resistência é feito ao adicionar um disco de papel 
impregnado com 5 µg de novobiocina em placa de Petri contendo ágar Mueller 
Hinton. Halos de 6 a 12 mm são resistentes (positivo para S. saprophyticus), 
enquanto halos de 16 mm ou mais são sensíveis (BRASIL, 2004b; TRABULSI; 
ALTERTHUM, 2008). 
9.4 Teste da bacitracina 
Teste utilizado para a identificação presuntiva de estreptococos β-
hemolíticos do grupo A (S. pyogenes), já que estes são sensíveis ao antibiótico 
bacitracina, enquanto os estreptococos β-hemolíticos do grupo B (S. agalactiae) 
são resistentes. O teste de sensibilidade é feito ao adicionar um disco de papel 
impregnado com 0,04 U de bacitracina em placa de Petri contendo ágar-sangue 
e então é verificado o tamanho do halo (BRASIL, 2004a; TRABULSI; 
ALTERTHUM, 2008). 
9.5 Teste da optoquina 
Teste utilizado para a diferenciação presuntiva entre Streptococcus 
pneumoniae e outros estreptococos α-hemolíticos, já que a optoquina inibe o 
crescimento da S. pneumoniae (i.e., é sensível à optoquina). O teste de 
sensibilidade é feito ao colocar um disco de papel impregnado com 5 µg de 
optoquina em placa de Petri contendo ágar-sangue. Em seguida, verifica-se o 
tamanho do halo (halos maiores que 14 mm identificam S. pneumoniae (BRASIL, 
2004b; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
 
 
43 
 
9.6 Ágar bile-esculinaO ágar bile-esculina é um meio sólido inclinado ou em placa utilizado na 
identificação presuntiva de Streptococcus do grupo D (S. bovis e S. equinus) e 
de espécies de Enterococcus bile-esculina positivas (por exemplo, E. faecalis). 
Essas bactérias são capazes de hidrolisar a esculina (um derivado da cumarina 
glicosídica) em presença de sais biliares, formando a esculetina, que reagem 
com íons férricos do meio de modo a formar um complexo preto. Assim, os 
resultados positivos são pretos, enquanto os resultados negativos permanecem 
com a coloração original do meio (amarelo acinzentado) (BRASIL, 2004a). 
9.7 Ágar citrato Simmons 
O ágar citrato Simmons é um meio sólido inclinado ou em placa utilizado 
na diferenciação de espécies de enterobactérias. O teste se baseia na 
capacidade de algumas espécies de enterobactérias utilizarem o citrato como 
única fonte de carbono para a obtenção de energia. O ágar é originalmente verde 
e permanece dessa cor em caso de bactérias citrato-negativo (por exemplo, E. 
coli), mas muda para a cor azul em caso de bactéria citrato-positivo (por 
exemplo, Enterobacter e Klebsiella) (BRASIL, 2004a; TRABULSI; ALTERTHUM, 
2008). 
9.8 Produção de sulfeto de hidrogênio (H2S) 
Esse teste se baseia na habilidade que algumas bactérias têm de produzir 
H2S a partir de aminoácidos ou compostos que contenham enxofre. Meios de 
cultura utilizam sais de sulfeto com metais pesados, geralmente o ferro. Em caso 
positivo na formação de H2S, é gerada uma coloração negra no meio (BROOKS 
et al., 2014). 
9.9 Fermentação de carboidratos 
Os testes de fermentação de carboidratos são baseados na capacidade 
que algumas bactérias têm de produzir metabólitos ácidos a partir de 
 
44 
 
carboidratos por exemplo, glicose, lactose, sacarose, manitol, xilol, arabinose, 
entre outros) em situações de anaerobiose (via fermentativa ou oxidativa). Com 
a formação de ácidos orgânicos, há uma diminuição do pH, o que pode mudar a 
coloração dos meios por intermédio de indicadores de pH (BRASIL, 2004a; 
BROOKS et al., 2014; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
9.10 Descarboxilação de lisina e ornitina 
É um teste no qual se utiliza o caldo base de Moeller, sendo ele utilizado, 
principalmente, para a identificação de enterobactérias. Esse teste se baseia na 
capacidade de algumas bactérias descarboxilarem os aminoácidos lisina (por 
exemplo, Klebsiella pneumoniae e Enterobacter aerogenes) e ornitina (por 
exemplo, Enterobacter cloacae e Serratia marcescens) em meio anaeróbio, 
formando os compostos aminas (alcalinos), cadaverina e putrescina, 
respectivamente. É utilizado o indicador de pH púrpura de bromocresol, sendo a 
cor original do meio púrpura. Dois tubos para reação são utilizados, sendo um 
tubo controle (sem aminoácido) e o outro tubo com aminoácido. Caso o tubo 
controle fique amarelo e turvo e o tubo com aminoácido fique púrpura e turvo, o 
resultado é positivo para a descarboxilação, porém, se os dois tubos 
permanecerem púrpura, o resultado é negativo (BRASIL, 2004a). 
9.11 Produção de indol 
O teste se baseia no fato de algumas bactérias terem a enzima 
triptofanase, que metaboliza o aminoácido triptofano, produzindo indol 
(benzopirrol), ácido pirúvico e amônia. Para isso, utiliza-se um o caldo triptona 
(rico em triptofano) e se adiciona o reagente p-dimetilaminobenzaldeído 
(reagente de Kovacs ou de Ehrlich). Caso ocorra a formação de indol, este reage 
com o reagente de Kovacs ou de Ehrlich e forma uma coloração vermelha em 
forma de anel na superfície (BROOKS et al., 2014; TRABULSI; ALTERTHUM, 
2008). 
 
 
45 
 
9.12 Teste de motilidade 
Teste realizado em meios semissólidos, visando a verificar se a bactéria 
é móvel ou não. Deve-se fazer uma inoculação por picagem no meio 
semissólido. Caso a motilidade seja positiva, as bactérias se difundem no meio 
a partir da linha do inóculo, deixando o meio turvo. Porém, se a motilidade for 
negativa, o meio continua límpido, sendo o crescimento bacteriano concentrado 
na linha do inóculo (BRASIL, 2004a; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
9.13 Fenilalanina desaminase 
Teste utilizado na identificação das espécies Proteus, Morganella e 
Providencia, pois, somente essas espécies, entre as enterobactérias, têm a 
enzima fenilalanina desaminase, que converte a fenilalanina em ácido 
fenilpirúvico. Utiliza-se, então, o Ágar Fenilalanina (meio sólido inclinado) e, caso 
haja a formação do ácido fenilpirúvico (resultado positivo), a superfície do meio 
(originalmente amarela) adquire uma coloração verde escura (BRASIL, 2004a; 
TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
9.14 Prova de oxidase 
Esse teste se baseia na detecção da enzima citocromo oxidase C 
presente em algumas espécies bacterianas e pode ser realizado em tiras de 
papel filtro impregnadas com o corante cloridrato de p-fenilenodiamina. Caso a 
bactéria seja oxidase positiva (presença de citocromo oxidase), a reação fica 
roxa, porém, se for negativa, não há mudança na cor do papel (reagente 
permanece transparente) (BRASIL, 2004a; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
9.15 Prova de urease 
Teste que diferencia bactérias produtoras da enzima urease (por exemplo, 
Proteus vulgaris) das não produtoras (por exemplo, E. coli) por meio do Ágar de 
Christensen (meio sólido inclinado). A urease hidrolisa a ureia em amônia e 
dióxido de carbono. Como a amônia é uma substância alcalina, ela eleva o pH 
 
46 
 
do meio de cultura, que contém um indicador de pH. Assim, em caso positivo, o 
meio, originalmente amarelo, torna-se rosa pink. Resultados fracamente 
positivos ficam com superfície do meio pink e o restante permanece amarelo 
(BRASIL, 2004a; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). 
10 UROCULTURA 
 
Fonte: laboratoriocarloschagas.com.br 
Infecções do trato urinário (ITUs) são síndromes infecciosas que 
acometem tanto homens como mulheres, desde o recém-nascido até o idoso. 
Elas ocorrem devido à ascensão da microbiota entérica normal da uretra para a 
bexiga. As mulheres são mais afetadas por conta das condições anatômicas, 
haja vista que têm a uretra mais curta e próxima à flora retal em comparação aos 
homens (LEVINSON, 2016). 
O diagnóstico das ITUs é realizado por meio de avaliação clínica e 
solicitação de exames, como cultura de urina, ou urocultura, e exame qualitativo 
de urina, ou exame simples de urina. A urocultura é o padrão ouro para a 
avaliação da infecção e direciona a terapia antimicrobiana adequada. 
O meio de escolha para o semeio de amostras de urina é o ágar CLED 
(Cystine Lactose Electrolyte Deficient). O fato desse meio ser deficiente em 
eletrólitos impede a formação do característico véu em amostras de Proteus sp. 
 
47 
 
O CLED tem uma coloração original azul-clara (esverdeada); nesse meio, as 
colônias lactose positivas são amareladas e as lactose negativas têm cor azul. 
A principal peculiaridade com relação ao exame microbiológico de urina está na 
forma de semeio, a qual deve ser quantitativa utilizando alça calibrada. 
(HOLANDA, 2017) 
 
1. Microbiota comensal dos potenciais patógenos do sistema urinário 
As ITUs são síndromes infecciosas que afetam pacientes da comunidade 
e pacientes hospitalares, sendo a principal infecção de diagnóstico no laboratório 
de microbiologia. De acordo com Tortora (2017), sua manifestação clínica é 
classificada da seguinte maneira: 
• uretrite — infecção da uretra; 
• cistite — infecção da bexiga; 
• ureterite — infecção dos ureteres; 
• pielonefrite — infecção dos rins; 
Os microrganismos responsáveis pelo processo de infecção são 
encontrados na urina. Essa infecção ocorre pelo contato com a flora residente 
da pele. No ambiente hospitalar, é possível desatacar as infecções ocasionadas 
pela realização de procedimentos invasivos, como cateteres urinários, por 
exemplo. Na comunidade, a infecção está relacionada, basicamente, à anatomia 
humana. As bactérias intestinais são as principais responsáveis pelas ITUs 
devido à proximidadecom a flora retal. Isoladas de Escherichia coli, elas são 
prevalentes no diagnóstico das infecções (TORTORA, 2017). 
Os microrganismos entéricos atingem a bexiga por meio da ascensão pelo 
canal da uretra. As mulheres são mais atingidas pelas infecções. Observe a 
diferença anatômica nas Figuras 21 e 22. Por ter o canal da uretra mais curto, a 
vagina também é colonizada por espécies de Lactobacillus e microrganismos 
entéricos, como a E. coli. Uma vez que as bactérias penetram na bexiga, elas 
são capazes de se reproduzir e desencadear uma resposta inflamatória, 
resultando nos sintomas da infecção (LEVINSON, 2016). 
 
48 
 
11 HEMOCULTURA 
 
Fonte: ensino.einstein.br 
O sangue circulante, em indivíduos sadios, normalmente se encontra 
estéril. Embora alguns microrganismos que compõem a microbiota respiratória 
ou gastrintestinal possam atingir o sangue, estes são rapidamente eliminados 
pelo sistema reticulo endotelial (YOKOMIZO, 2019). 
O termo bacteremia significa a presença de bactérias na corrente 
sanguínea. Uma vez que é um sítio essencialmente estéril, a presença de 
microrganismos viáveis em amostras de sangue tem alta relevância do ponto de 
vista clínico. A determinação do agente etiológico associado a uma bacteremia 
pode fazer toda a diferença no esquema terapêutico e, consequentemente, na 
evolução clínica e prognóstico do paciente. Por essa razão, os cuidados para a 
liberação de um resultado rápido e fidedigno devem ser tomados desde o 
momento da coleta até a liberação do laudo. 
A hemocultura, metodologia que emprega a cultura de uma amostra de 
sangue em meios específicos, representa uma das ferramentas diagnósticas 
mais utilizadas em casos de suspeita de bacteremia ou sepse por ser de fácil 
execução e por fornecer informações altamente relevantes nesses casos. Por 
intermédio da hemocultura, é possível identificar a presença de patógenos 
viáveis no sangue, o que é de grande importância diagnóstica, já que estes 
 
49 
 
podem causar sepse e são responsáveis por uma alta taxa de mortalidade 
(YOKOMIZO, 2019). 
A hemocultura se torna mais importante em casos graves, nos quais o 
paciente apresenta febre persistente, mas sem acusar infecção em outros 
exames microbiológicos. Dos pacientes que chegam ao grau de sepse grave, 30 
a 50% apresentam resultados positivos de hemocultura (YOKOMIZO, 2019). 
A coleta de hemoculturas não é realizada em todos os quadros 
infecciosos. Nos casos das infecções bacterianas mais comuns, por exemplo, 
não é indicada a coleta de hemoculturas, pois a positividade dos exames é baixa, 
gerando apenas aumento nos custos do tratamento e nenhum tipo de retorno. 
Para infecções como sinusites, amigdalites, infecções de pele e tecido 
subcutâneo, indica-se o tratamento com administração dos antibióticos descritos 
na literatura e empiricamente eficazes contra os agentes etiológicos. A coleta de 
sangue para hemocultura é indicada nos seguintes casos (YOKOMIZO, 2019): 
• suspeita de endocardite; 
• suspeita de sepse ou bacteremia; 
• infecções hospitalares (antes ou após a troca de esquema de tratamento 
por antibióticos); 
• febre com origem desconhecida; 
• infecções em pacientes imunodeprimidos; 
• meningites (em conjunto com a coleta de líquor — líquido 
cefalorraquidiano —, que é mais importante que a hemocultura nesses casos); 
• pneumonias graves 
11.1 Procedimentos e técnicas de hemocultura 
Os materiais e equipamentos básicos para realizar a coleta do sangue são 
(YOKOMIZO, 2019): 
• seringas hipodérmicas descartáveis estéreis; 
• gaze estéril; 
• frascos de coleta para armazenar o sangue; 
• agulhas hipodérmicas descartáveis estéreis e cateteres borboleta; 
• álcool 70% (pode ser iodado ou não); 
• estufa bacteriológica. 
 
50 
 
Alguns procedimentos são padrão para a rotina de coleta de sangue 
(YOKOMIZO, 2019): 
Realizar a coleta de sangue antes de iniciar qualquer terapia antimicrobiana; 
Deve-se coletar o periférico, que é imediatamente transferido para os frascos 
de hemocultura para evitar/mitigar a contaminação do sangue; 
Manipular as amostras com extrema cautela, pois estão potencialmente 
contaminadas e podem causar graves doenças infectocontagiosas; 
Para descartar as amostras, estas devem ser primeiramente autoclavadas. 
 
Os princípios da técnica são simples (YOKOMIZO, 2019): 
 O frasco de hemocultura contendo amostra de sangue é incubado na 
temperatura de 35 a 37°C por até sete dias (14 dias para casos de 
suspeita de endocardite); 
 Se houver crescimento no frasco, observado pela turvação e pelo 
aumento do volume, o material é repicado em placas de petri que 
contenham diferentes tipos de meio de cultura, os quais variam de 
acordo com o agente etiológico; 
 Na triagem, identifica-se o agente etiológico e se determina seu perfil de 
acordo com a resposta a antibióticos e outros fármacos (YOKOMIZO, 
2019). 
 
Cada punção realizada em adultos é, geralmente, dividida em dois 
frascos: um frasco para hemocultura de agentes aeróbios, como Neisseria spp. 
ou Pseudomonas spp., e um frasco para agentes anaeróbios (enterobactérias 
ou estafilococos, que são anaeróbios facultativos) (YOKOMIZO, 2019). Nas 
crianças, esses volumes mudam em função do peso e da volemia (quantidade 
de sangue circulante) 
 
51 
 
 
Fonte: Adaptado de Araujo (2012). 
Para realizar a leitura/diagnóstico da hemocultura manual, segue-se um 
protocolo de sete dias de incubação dos frascos, com agitação/inversão 
periódica destes, sendo essa agitação um fator essencial para obter resultados 
positivos. Durante esses sete dias, realizam-se subcultivos em placas e tanto os 
frascos quanto esses subcultivos ficam mantidos a 35 ± 2°C (YOKOMIZO, 2019). 
11.2 Método de lise-centrifugação 
Esse sistema foi considerado o padrão-ouro para hemoculturas durante 
muitos anos. Ele foi desenvolvido pelos laboratórios Wampole™ (sistema 
Isolator®) e é constituído de tubo a vácuo para sangue pediátrico ou adulto. O 
tubo contém uma substância hemolítica para leucócitos e hemácias, causando, 
portanto, a liberação de microrganismos intracelulares. Depois disso, os tubos 
são centrifugados e é desprezado o sobrenadante. O pellet formado, que 
possivelmente contém o agente etiológico, é então utilizado para semear algum 
meio em placa de cultura, incluindo-se meios para Legionella, micobactérias e 
fungos (ARAUJO, 2012). 
11.3 Método semiautomatizado 
Nos sistemas semiautomatizados, os frascos de cultura são constituídos 
de uma parte para laminocultivo com duas faces, que ficam acoplados à parte 
superior de um recipiente plástico que contém TSB suplementado com extrato 
 
52 
 
de levedura e SPS, sendo possível acrescentar outras substâncias com a 
finalidade de neutralizar agentes antimicrobianos. O laminocultivo contêm 
diversos meios, como ágar Sabouraud, ágar MacConkey e ágar-chocolate. Os 
frascos inferiores que ficam acoplados ao laminocultivo são alocados em estufa 
específica que verte os caldos periodicamente sobre o laminocultivo por inversão 
(YOKOMIZO, 2019). 
No frasco, há também um indicador colorimétrico de CO2 que acusa a 
positividade da cultura. Outros exames, como a identificação etiológica, o 
antibiograma e a bacterioscopia, são realizados retirando colônias desenvolvidas 
diretamente no laminocultivo, sem a necessidade de subcultivo (ARAUJO, 
2012). 
11.4 Método automatizado 
A hemocultura automatizada requer um equipamento específico para a 
incubação e a inversão dos frascos. Existem diversos equipamentos 
automatizados no mercado, e as principais vantagens desse tipo de 
hemocultura, quando comparada ao método manual, dizem respeito à 
velocidade de obtenção de resultados e à menor necessidade de trabalho 
laboratorial técnico (YOKOMIZO, 2019). 
Grande parte dos protocolos recomenda cinco dias de incubação, no 
entanto, os resultados positivos são obtidos, majoritariamente, nas primeiras48 
h de cultivo. Na maioria dos equipamentos automatizados, as metodologias têm 
como princípio tecnológico a detecção fluorimétrica ou colorimétrica. Existem 
outras diversas vantagens e benefícios ao usar essa metodologia, tais como 
(YOKOMIZO, 2019): 
• monitoramento contínuo (leituras intervaladas em minutos); 
• maior sensibilidade e rapidez para detecção da positividade da amostra 
(agitação); 
• possibilidade de criação de um banco de dados contendo informações 
dos patógenos isolados e a sua localização demográfica; 
• mitigação do risco de contaminação; 
• amostras negativas não são repicadas; 
• economia de tempo (resultados mais rápidos) e de insumos; 
 
53 
 
• risco de contaminação durante a manipulação praticamente inexistente; 
• como são usados frascos de plástico, estes são mais leves e oferecem 
menor risco associado a acidentes. 
12 CULTURA DE PONTA DE CATETER 
 
Fonte: saudedireta.com.br 
A patogenia da infecção de corrente sanguínea é multifatorial, podendo 
ocorrer por contaminação da solução de infusão, nas conexões entre o cateter e 
as linhas de infusão, no sítio de inserção e/ou por colonização endógena do 
cateter. As hemoculturas, preferencialmente, não devem ser coletadas a partir 
de cateter, a menos que para diagnóstico de infecção relacionada a esse 
dispositivo. (HOLANDA, 2017) 
As infecções relacionadas ao acesso vascular são de grande importância 
clínica. No caso de pacientes internados que apresentem sinal de infecção, mas 
ausência de qualquer foco infeccioso pode-se suspeitar de infecção do cateter. 
Tipos de cateteres nos quais é possível realizar a cultura: central, periférico, 
arterial, Swan-Ganz e Hickman. (HOLANDA, 2017) 
A cultura semiquantitativa da superfície do cateter (Método de Maki) é o 
método mais utilizado para determinar a relação entre colonização do cateter e 
a infecção. No momento de remoção do cateter, os mesmos cuidados tomados 
 
54 
 
durante a inserção devem ser adotados. A pele em volta deve ser 
cuidadosamente limpa com solução de iodo (PVPI), e o excesso removido com 
álcool etílico a 70%. Um segmento distal (que estava inserido na pele do 
paciente), de aproximadamente 5 cm é assepticamente cortado com tesoura 
estéril, colocado em frasco seco e enviado ao laboratório à temperatura ambiente 
(20 a 25ºC) no prazo de 1 hora ou até 12 horas, se refrigerado. (HOLANDA, 
2017) 
13 ANTIMICROBIANOS 
 
Fonte: nexxto.com 
Agentes antimicrobianos são fármacos ativos no tratamento de infecções 
em razão de sua toxidade seletiva (destroem o microrganismo invasor sem afetar 
as células do hospedeiro). Em muitos casos, a toxidade seletiva não é absoluta, 
exigindo que a concentração do antimicrobiano seja controlada cuidadosamente, 
de modo a afetar o microrganismo em níveis toleráveis para o hospedeiro. A 
terapia seletiva com antimicrobianos usa como vantagem as diferenças 
bioquímicas existentes entre os microrganismos e os seres humanos. 
(NOGUEIRA; SOUZA, 2009) 
A utilização de um antimicrobiano pode ter vários objetivos. Assim, como 
há, ao longo dos anos, cada vez mais fármacos sendo desenvolvidos para o 
 
55 
 
tratamento das infecções, foi necessário criar uma classificação. A classificação 
mais comum baseia-se no seu mecanismo de ação: (1) inibição da síntese da 
parede celular; (2) inibição da síntese proteica; (3) inibição da replicação e 
transcrição de ácidos nucléicos; (4) lesão da membrana citoplasmática; e (5) 
inibição da síntese de metabolitos essenciais (TORTORA; FUNKE; CASE, 
2017). 
 
Fonte: Tortora, Funke e Case (2017) 
13.1 Inibidores da síntese de parede celular 
As bactérias possuem uma camada externa rígida, denominada parede 
celular, a qual mantém o seu tamanho e a sua forma, e dentro dela há uma 
elevada pressão osmótica. A lesão dessa parede celular ou a inibição da sua 
formação podem levar à destruição da célula. Essa rede que existe para proteger 
a camada da parede celular é chamada de peptideoglicano — vale lembrar que 
ela somente é encontrada na parede celular das bactérias. As penicilinas e 
cefalosporinas são os antibióticos mais clássicos; os novos fármacos são 
carbapenens, carbacefens e os monobatânicos. Elas previnem a síntese de 
peptideoglicanos; como consequência, a parede celular fica enfraquecida e a 
célula acaba sofrendo lise. Fármacos de ação por esse mecanismo apresentam 
pouca toxicidade para as células do hospedeiro (LEVINSON, 2016; TORTORA; 
FUNKE; CASE, 2017). 
 
56 
 
As cefalosporinas de primeira geração apresentam atividade contra a 
maioria das bactérias que colonizam a pele e infectam feridas. Elas também são 
amplamente utilizadas para profilaxia antimicrobiana antes de uma cirurgia. Já 
as de segunda geração são usadas para o tratamento de infecções causadas 
por microrganismos sensíveis. Por exemplo, a cefoxitina apresenta boa atividade 
contra anaeróbios, sendo útil no tratamento de profilaxia de infecções 
abdominais inferiores e ginecológicas. Em virtude do seu amplo espectro de 
atividade antibacteriana, as cefalosporinas de terceira geração são importantes 
para tratar uma grande variedade de infecções, incluindo pneumonia, peritonite 
e síndrome de sepse (DAL BERTO, 2019). 
As penicilinas podem ser classificadas em quatro grupos: penicilinas 
naturais, penicilinas antiestafilocócicas, aminopenicilinas e penicilinas 
antipseudomonas 
 
 
57 
 
 
Fonte: Adaptado de Craig e Stitzel (2005). 
13.2 Inibidores da síntese proteica 
Diferentemente da inibição da síntese de parede celular, a síntese 
proteica é uma característica comum para todas as células, tanto as eucariontes 
quanto as de bactérias. No entanto, foi descoberta uma diferença estrutural nos 
ribossomos: células eucariontes possuem ribossomos 80S, e células bacterianas 
têm ribossomos 70S. Essa diferença é o que permite que os fármacos atinjam a 
toxicidade seletiva. Contudo, as mitocôndrias (organelas eucarióticas) também 
possuem na sua estrutura os ribossomos 70S. Portanto, antibióticos que afetam 
os ribossomos 70S podem causar alguns efeitos adversos nas células do 
hospedeiro (LEVINSON, 2016; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
13.3 Inibição da síntese de ácidos nucleicos 
Os antimicrobianos que atuam por essa via apresentam utilização 
limitada, pois vários fármacos interferem nos processos de replicação e 
transcrição de DNA no microrganismo, seja diretamente sobre enzimas que 
participam da replicação do ácido nucléico, seja interferindo na síntese de 
precursores dos constituintes da molécula de DNA nos hospedeiros (LEVINSON, 
2016; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). Exemplos dessa classe são os 
antivirais utilizados no tratamento contra o HIV. 
 
58 
 
13.4 Danos à membrana plasmática 
Antimicrobianos compostos por polipeptídios provocam mudanças na 
permeabilidade da membrana plasmática, resultando na perda de metabolitos 
essenciais para a sobrevivência das células microbianas. Fármacos 
antifúngicos, como anfotericina B, miconazol e cetoconazol, são bastante 
eficientes contra doenças fúngicas. As suas características de ação são as 
seguintes: o fármaco se liga aos esteróis da membrana plasmática fúngica e, 
como consequência, a membrana acaba sendo danificada. Como a membrana 
plasmática das bactérias não possui esteróis, os antibióticos não possuem ação 
contra as bactérias (LEVINSON, 2016; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). 
13.5 Inibição da síntese de metabolitos essenciais 
Atuam bloqueando a síntese de metabolitos que são essenciais para os 
microrganismos, impedindo a duplicação do material genético e a divisão dos 
patógenos. Um exemplo são as sulfonamidas, que são análogos do ácido 
paraminobenzoico (PABA) — fator essencial para a síntese do ácido fólico pelas 
células bacterianas. Quando esse antibiótico está presente, a enzima que se 
ligaria ao substrato PABA na célula bacteriana passa a se ligar à sulfa. A sua 
ligação ao antibiótico, em vez do PABA,

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