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A articulação do joelho possui 2 braços de alavanca muito longos, com grandes músculos e, por isso, suporta muitas cargas. No entanto, não possui congruência, tornando-se uma articulação instável. Por ter músculos muito fortes atuando, os ligamentos são sobrecarregados. Dessa forma, o mais comum são as lesões ligamentares. Fonte: Neumann, 2018. O ligamento cruzado anterior (LCA) e o joelho varo/valgo em extensão completa limitam o deslocamento anterior da tíbia. O ligamento cruzado posterior (LCP) limita o deslocamento posterior. O ligamento colateral medial (LCM) fica tensionado em toda a ADM e o ligamento colateral lateral (LCL) fica tensionado na extensão e frouxo na flexão. Fonte: Neumann, 2018. Os meniscos são estruturas que aumentam a congruência, ajudam na lubrificação e nutrição da articulação, absorvem choques e distribuem cargas sobre a cartilagem. Essas estruturas possuem inervação e vascularização periféricas, mas a vascularização é pequena. Sendo assim, a cicatrização é muito ruim, por isso muitos cirurgiões optam por retirar a parte lesada. Fonte: https://www.ortocity.com.br/lesao-do-menisco/ O tratamento dessas lesões de menisco envolve meniscectomia (cirurgia para retirada da parte lesada) e o paciente chega na fisioterapia após esse procedimento. Fonte: Neumann, 2018. Na anamnese, deve-se perguntar ao paciente a história pregressa da moléstia atual (HPMA), a história da moléstia atual (HMA), os antecedentes familiares (hereditariedade, genética), os antecedentes pessoais (doença, cirurgia, alergias), os tratamentos já realizados e seus resultados. A idade do paciente é importante, pois podem haver distúrbios relacionados ao crescimento (Osgood-Schlatter – quando o crescimento ósseo é mais rápido que o crescimento muscular; Lesões Fise) ou então distúrbios degenerativos, como osteoartrite. Além disso, a profissão e o lazer são importantes para sabermos se a dor/patologia está relacionada a posturas mantidas em repetição, por exemplo. Avaliação do joelho O mecanismo de lesão permite entender o que foi lesionado e a gravidade. A “tríade infernal” ocorre quando há uma força valga em um membro inferior que está fixo no solo. Lesa o LCM, a cápsula posterior medial, o menisco medial e o LCA. Se a lesão ocorreu em aceleração, é mais comum lesar meniscos e se foi em desaceleração, é mais comum lesar ligamentos. Caso o paciente relate dor constante, principalmente noturna, pode ser indício de um osteossarcoma (muito comum na adolescência). Na parte de observação é necessário atentar-se ao alinhamento corporal, presença de deformidades que podem ser estruturais (valgo, varo), funcionais (escoliose) ou dinâmicas (marcha). No alinhamento corporal, é necessário lembrar que: • Neonato: apresenta varo moderado; • 1 ano e meio: varo mínimo; • 2 anos: joelho reto; • 3-4 anos: joelho valgo; • 6 anos: joelho reto; • Adulto: leve valgo. Fonte: Magee, 2010. É necessário também observar o tipo de pisada (pronada ou supinada), a presença de cicatrizes, os contornos ósseos, os tecidos moles, se há hipertrofia ou edema, além de observar a cor e a textura da pele (hematomas, cianose, sudorese). O posicionamento da patela também precisa ser analisado, além da presença de possíveis cistos. Após isso, é realizada a inspeção dinâmica: • Agachamento: compensando com maior flexão de tronco, presença de valgo dinâmico, descarga de peso desigual para proteger o lado lesado, ADM limitada. • Marcha: velocidade, comprimento da passada, deslocamentos lineares e angulares, posição da patela, quadril (Trendelemburg) e tornozelo (retração do tendão calcâneo). 1. Teste de McMurray: avalia lesão de menisco. Com o paciente em decúbito dorsal, o terapeuta realiza flexão de quadril e joelho a 90º. A ideia do teste é promover um cisalhamento do menisco contra o côndilo femoral. Em caso de lesão meniscal, o paciente vai referir dor durante a execução do teste. Com o joelho e o quadril em flexão, realiza-se uma rotação interna e externa da tíbia. Ao mesmo tempo em que se realiza a rotação interna e externa da tíbia, vai estendendo o joelho. 2. Teste de Gaveta anterior e posterior de joelho: são muito utilizados para avaliar a integridade de LCA e LCP. O paciente fica em decúbito dorsal e o terapeuta flexiona articulação de quadril e joelho em torno de 90º. O terapeuta senta-se sobre o pé do paciente, faz a pegada na região da tíbia e provoca a anteriorização da mesma em relação ao fêmur, verificando presença de excesso de deslocamento, o que indicaria lesão de LCA. Na mesma posição, pode-se realizar uma posteriorização da tíbia e, caso apresente excesso de deslocamento, é indicativo de lesão de LCP. Caso perceba que o paciente está contraindo a região dos músculos isquiotibiais, o teste pode dar falso negativo, então é necessário relaxar o paciente. 3. Teste do canto póstero-lateral: esse canto é composto pelo ligamento arqueado, fabelo fibular, colateral lateral e tendão do poplíteo. É executado com o paciente em decúbito ventral, o terapeuta realiza uma flexão de mais ou menos 30º nos joelhos do paciente e encosta um calcanhar no outro, provocando rotação externa. O importante é visualizar se um dos calcanhares fazem um movimento excessivo (uma tíbia rotaciona mais que outra). O teste é positivo no caso do membro que apresentar essa rotação excessiva. 4. Teste de estresse em valgo ou varo: verifica a integridade do LCL e LCM. Pode ser executado de duas formas, sendo que na primeira o paciente permanece em decúbito dorsal e o terapeuta flexiona o joelho em cerca de 30º. Uma das mãos apoia-se na coxa do paciente e com a outra é provocado um estresse em valgo e um estresse em varo. Se houver lesão de ligamento, há um excesso de movimentação. A outra opção é pedir ao paciente que se deite mais próximo à lateral da maca, apoiando a borda medial do joelho na maca, estabilizando a articulação com uma das mãos e, com a outra, promove-se um estresse em valgo e varo. 5. Teste de compressão patelar: verifica indício de condropatias (lesão na cartilagem retropatelar). Com o paciente em decúbito dorsal, a ideia é comprimir todas as facetas patelares contra o fêmur. A palma da mão do terapeuta apoia-se na patela e, com a outra mão, ele executa uma compressão. Após feita a compressão, movimenta as mãos em todos os sentidos (látero-lateral, crânio-caudal, promove rotações). Observa se o paciente tem reação de dor ou se relata dor. 6. Teste de Godfrey: avalia a integridade do LCP. Com o paciente em decúbito dorsal, realiza-se flexão de joelho e quadril a 90º. Existem duas maneiras de execução do teste, sendo que na primeira é necessário segurar o hálux do paciente, estabilizar a região distal de coxa e verificar a presença de desnível (sulco) na tíbia, próximo à região do joelho. Uma outra forma de executar o teste é segurando o calcanhar do paciente. 7. Teste de Lachman anterior e posterior: com o paciente em decúbito dorsal e joelho flexionado em torno de 30º, o terapeuta executa a gaveta (estabiliza fêmur distal e tíbia proximal, fazendo um jogo na articulação do joelho). Caso haja excesso de jogo da articulação, indica lesão de LCA. No Lachman posterior, deve-se fazer o movimento de posteriorização da tíbia em relação ao fêmur e se houver excesso de movimentação a hipótese é uma lesão de LCP. 8. Teste de tração de Apley: verifica a integridade dos ligamentos do joelho. O paciente fica em decúbito ventral e o terapeuta estabiliza sua coxa apoiando a perna sobre a parte distal, realizando com as mãos uma tração da tíbia e movimentos rotacionais do joelho. O joelho do paciente deve ser flexionado a 90º. O teste é positivo quando há excesso de jogo ao comparar com o membro contralateral. 9. Testede apreensão patelar: verifica se o paciente tem alguma instabilidade patelar, luxação ou subluxação. O paciente fica em decúbito dorsal e o terapeuta se posiciona no membro contralateral a ser avaliado (se for avaliar o joelho direito, posiciona-se ao lado do membro esquerdo). Os polegares se apoiam na face medial da patela e lateralizam a mesma. É necessário olhar para o paciente e perceber seu reflexo/reação. 10. Teste de LCP: verifica a integridade deste ligamento. O paciente fica em decúbito ventral e o terapeuta flexiona os joelhos do mesmo bilateralmente a 90º. Apoia-se um calcanhar contra o outro e realiza uma rotação externa de tíbia. Olhando por cima do paciente, verifica-se se um dos pés rotaciona mais que o outro. Se isso acontecer, o teste é positivo. Magee, D. J. Avaliação Musculoesquelética.. Barueri:: Editora Manole, 2010. 9788520451960. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451 960/>. Acesso em: 06 Jul 2021. Neumann, D. A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético - Fundamentos para Reabilitação. São Paulo:: Grupo GEN, 2018. 9788595151468. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885951514 68/>. Acesso em: 06 Jul 2021 LESÃO DO MENISCO. Disponível em: <https://www.ortocity.com.br/lesao-do-menisco/>. Acesso em: 06 jul. 2021. TESTES PARA JOELHO. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fDxIASiz0GE&list=PLWLsE3 0uDrWP5KkOiAmrqVK-MOnOur0PB&index=2>. Acesso em: 06 jul. 2021.
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