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Doenças infecciosas e parasitárias - infectologia

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1 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
doenças infecciosas e parasitárias em cirurgia ambulatorial – clín. cirurgica
- O diagnóstico e o tratamento de inúmeras afecções de origem infecciosa 
ou parasitária exigem, muitas ve-zes, medidas cirúrgicas com finalidades 
propedêutica e/ou terapêutica. Essas intervenções são, na maioria dos 
casos, de fácil execução e podem ser realizadas em regime ambulatorial. 
CLASSIFICAÇÃO 
- Do ponto de vista etiológico, e considerando apenas as doenças 
infecciosas e parasitárias de interesse em ci-rurgia ambulatorial, podemos 
classificá-las em: 
 
DOENÇAS PRODUZIDAS POR VÍRUS 
MOLUSCO CONTAGIOSO 
- O molusco contagioso é um DNA poxvírus responsável por doença humana 
benigna, de distribuição universal, que atinge a pele e, raramente, as 
mucosas. 
- O vírus pode ser transmitido por contato direto de pele a pele, por meio 
de fômites, uso de toalhas ou espon-jas de banho contaminadas e, pela 
autoinoculação, pelo ato de se coçar. 
- Acomete, preferencialmente, as áreas expostas da epiderme de crianças, 
predominando o tronco, a face e a região genital. Nas regiões tropicais, as 
lesões ocorrem, de preferência, nas extremidades. Em adultos, a região 
genital é a mais acometida, e, eventualmente, a transmissão pode ser feita 
por contato sexual. 
- O período de incubação é variável, de 2 a 7 semanas, podendo estender-
se por até 6 meses. 
- As lesões, geralmente assintomáticas, podem ser solitárias ou múltiplas. 
Apresentam-se como pápulas arredondadas, da cor da pele, de 2 mm a 4 
mm, com umbilicação central. Quando espremidas, deixam sair secreção 
esbranquiçada do tipo caseosa ou queratinosa. Infecção secundária pode 
ocorrer nas lesões localizadas nas flexuras das axilas e virilhas. 
- O diagnóstico é feito com base no 
aspecto das lesões, podendo o 
molusco contagioso ser 
confundido, com alguma 
frequência, com verrugas, nevos, 
granuloma piogênico, foliculite e 
líquen plano. Nos casos que 
suscitam dúvida, o exame 
histológico é de grande valia. 
- Recentemente, o molusco contagioso tem ocorrido, com frequência, como 
infecção oportunista, em pacien-tes HIV-positivos (HIV+). Nesses pacientes, 
a infecção é, muitas vezes, generalizada, acometendo a face e o tronco, em 
vez de somente a região genital. As lesões tornam-se largas e atípicas e, em 
alguns casos, desen-volve-se úlcera hiperqueratósica gigante. A extensão e 
a gravi-dade da infecção pelo molusco contagioso estão rela-cionadas com 
baixa contagem de CD4. 
Tratamento 
- Deve-se levar em consideração a tendência de a infecção resolver-se 
espontaneamente dentro de 6 a 9 meses após o início, sem manifestações 
sistêmicas significativas. 
- Não existe tratamento sistêmico específico. Na presença de várias lesões, 
não é necessária a destruição individualizada de cada uma delas. Pequenos 
traumatismos físicos ou químicos podem ser utilizados e, às vezes, mais de 
uma sessão é necessária. 
- Os principais tipos de tratamento local incluem: 
1. Curetagem das lesões com pequena cureta afiada. 
2. Punção das lesões com pequena lâmina ou agulha e espremedura. 
3. Crioterapia com nitrogênio líquido, isoladamente ou precedendo a 
curetagem. 
4. Cauterização com eletrocautério ou diatermia. 
5. Aplicação de laser de CO2 . 
6. Cauterização química com fenol puro liquefeito, nitrato de prata, 
ácido monocloroacético, ácido tricloroacético a 10%, cantaridina a 
0,7%, ácido salicílico, podofilina a 25% em álcool etílico a 95% ou 
hidróxido de potássio 5% a 10%. 
7. Imiquimod a 5%. Tem sido utilizado com boa resposta clínica em 
pacientes com doença disseminada e em pacientes HIV-positivos. 
8. Radiocirurgia. 
VERRUGAS 
- São lesões causadas pelo papilomavírus humano (HPV). Atualmente 
existem descritos 150 subtipos diferentes de HPV, e muitos outros estão 
sendo identificados. Eles são hospedeiros específicos, e cada tipo está, na 
maioria das vezes, associado ao processo histopatológico específico. 
- A transmissão pode ocorrer diretamente por meio de contato pele com 
pele, ou, indiretamente, mediante contato com partículas infectadas 
(fômites). A autoinoculação também pode ocorrer. 
- Outros fatores parecem interferir no aparecimento ou na propagação das 
lesões, tais como traumatismos locais (verrugas periungueais em pessoas 
que têm hábito de roer as unhas), umidade microambiental (umidade dos 
pés por calçados), contato sexual (condiloma acuminado), fatores 
imunológicos (pessoas em uso de medicamentos imunossupressores 
apresentam aumento da incidência e da gravidade das verrugas). 
- Distinguimos os seguintes tipos de verrugas: 
1. Verrugas comuns (vulgares): As verrugas comuns estão associadas 
principalmente ao HPV tipos 1, 2 e 4. Representam em torno de 71% das 
verrugas cutâneas e acometem, de preferência, crianças na idade escolar e 
adolescentes. Apresentam-se como pápulas hiperqueratósicas, vegetantes, 
pequenas, em geral com milímetros de diâmetro, de consistência firme e 
coloração amarelada ou pardacenta. Os limites são geralmente precisos, a 
superfície é rasa e áspera. 
 Em geral, após o aparecimento de uma lesão inicial, outras surgem nas 
proximidades, podendo ocorrer coalescência e formação de massas 
de maiores dimensões. Essas concentrações são mais comuns nas 
mãos. 
 Geralmente, as lesões são assintomáticas, embora possa ocorrer 
sangramento, ou dolorosas, se localizadas em regiões submetidas a 
pressão ou fricção. 
 As verrugas comuns de localização periungueal acometem pessoas 
que têm o hábito de roer as unhas, e podem afetar a matriz ungueal 
ou infiltrar-se sob a placa, acarretando deformidades da unha. Após 
seu aparecimento, as verrugas comuns podem apresentar tendência 
a aumentar em tamanho e número. 
 Outras vezes, mantêm-se estacionadas e, ao cabo de alguns meses ou 
anos (em geral 2 anos), regridem espontaneamente. Duran-te o 
processo de evolução, não é infrequente aparecerem alterações 
dessas lesões, que se tornam avermelhadas, dolorosas e 
hemorrágicas, podendo mesmo necrosar. 
 As verrugas comuns podem ter variantes morfológicas, como as 
verrugas filiformes e a excrescência córnea cutânea. 
 
2 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
– Verrugas filiformes: são mais comuns em homens. Apresentam-se como 
pápulas agrupadas em cachos com diversas digitações ou projeções que se 
irradiam de uma base comum. São assintomáticas e, em regra, persistem 
quando não tratadas. 
– Excrescências córneas cutâneas: apresenta-se como pápula isolada 
contendo uma área central de proliferação queratinizada que emerge do 
centro da lesão. A verruga está situada na base da excrescência córnea. 
Outras lesões, como os carcinomas baso e espinocelular, o ceratoacantoma 
e as ceratoses seborreica e actínica, podem produzir excrescências 
semelhantes, razão pela qual esse tipo de verruga deve sempre ser 
submetido a biópsia excisional. 
2. Verrugas plantares: estão associadas principalmente ao HPV tipos 1 e 2. 
Surgem geralmente nas áreas de maior apoio da região e apresentam-se 
quase sempre rodeadas de uma calosidade que, às vezes, mascara a lesão. 
A diferença clínica com os calos baseia-se no fato de que, nestes, as 
impressões da pele estão íntegras, enquanto nas verrugas plantares estão 
rotas. 
 São dolorosas e, em 66% dos 
casos, uma verruga isolada acompanha-
se de grupos de verrugas-satélites que se 
desenvolvem ao redor da primeira. 
Representam em torno de 25% a 30% das 
verrugas cutâneas e acometem 
sobretudo adolescentes e adultos jovens. 
Causam imenso desconforto à 
deambulação. 
 São difíceis de tratar, com proporção de sucesso terapêutico em torno 
de 50%. A sua duração é variável e apresentam tendência à 
cronicidade nos indivíduos adultos. Nas crianças tendem a 
desaparecer em alguns meses. 
3. Verrugas planas (juvenis): As verrugas planas estão associadas 
principalmente ao HPV tipos 3 e 10. São pequenas,pouco salientes, 
consistentes, de cor amarelada ou semelhante à da pele vizinha e de 
morfologia variada. São também chamadas de verrugas juvenis porque 
ocorrem principalmente em crianças. Localizam-se predominantemente na 
face, região cervical e nas mãos. Frequentemente múltiplas, podem 
coalescer e formar placas. O ciclo vital é muito variável, podendo ocorrer 
resolução espontânea após alguns meses. Eventualmente podem persistir 
ou multiplicar-se durante anos. O diagnóstico diferencial deve ser feito 
principalmente com o líquen plano. 
4. Verrugas anogenitais (condiloma acuminado): estão associadas 
principalmente ao HPV tipos 6 e 11. Apresentam-se com aspecto vegetante, 
róseo e em forma de couve-flor, nas regiões genital e anal principalmente. 
Podem ter pequenas dimensões (menores do que 1 mm) ou mostrar-se 
como massas volumosas, tomando toda a região vulvar, na mulher, ou 
ocupando todo o sulco balanoprepucial, no homem. 
 - Raramente, podem ocorrer 
lesões no escroto, virilha e 
região pubiana. Nas mulheres, 
além da região vulvar, 
ocorrem lesões também no 
períneo, vagina, ânus, colo 
uterino e uretra. Em caso de 
dúvida (SÍFILIS), deve-se 
realizar exames sorológicos. 
Em ambos os casos, o parceiro 
sempre deve ser examinado. O meio úmido e a falta de higiene nas regiões 
acometidas contribuem para a manutenção da doença. 
 
Tratamento 
- Embora as verrugas sejam lesões frequentes, não existe tratamento de 
escolha. Na verdade, entre as terapêuticas propostas, é difícil afirmar qual 
é a melhor opção. Devido à benignidade e autolimitação das verrugas 
cutâneas, o seu tratamento deve ser individualizado de acordo com o 
número de lesões e o local acometido. 
- De maneira geral, o tratamento clínico deve ser tentado inicialmente 
(sobretudo nas lesões múltiplas). A intervenção cirúrgica fica reservada para 
quando ocorrer falha do tratamento clínico, especialmente nas lesões 
solitárias. 
- Existe associação entre a infecção pelo HPV (principalmente os tipos 16 e 
18) e o câncer do colo uterino. Por isto, as verrugas anogenitais sempre 
devem ser tratadas e os parceiros examinados. 
- Tratamento clínico: Medicamentos de uso sistêmico, Medicamentos de 
uso tópico 
- Tratamento cirúrgico: Curetagem e cauterização, Radiocirurgia, Exérese 
cirúrgica, Eletrocauterização, Criocirurgia, Cirurgia com laser de CO2. 
- Medicamentos de uso sistêmico: Um grande número de medicamentos já 
foi utilizado com a finalidade de proporcionar a cura das verrugas. Entre eles 
distinguimos bismuto, mercuriais, vitamina A em altas doses, levamisol etc. 
A cimetidina, agonista dos receptores H2, tem sido utilizada no tratamento 
das verrugas recidivantes. 
- Medicamentos de uso tópico: Os principais são os cáusticos, ácidos e 
queratolíticos. Assim, para as verrugas vulgares, principalmente das mãos, 
podem ser usadas a solução saturada de ácido monocloroacético a 80% ou 
os ácidos dicloroacético ou tricloroacético (30% a 90%) aplicados a cada 2 a 
3 semanas durante até 16 semanas, e a pasta de ácido salicílico + ácido 
láctico + coloide elástico (1:1:4), aplicada a cada 24 h. Neste caso, coloca--
se um esparadrapo sobre a lesão, com orifício central em correspondência 
com a área da verruga. Aplica-se a substância e recobre-se com nova tira de 
esparadrapo. Recomenda-se embeber previamente a verruga em água 
quente durante 5 min antes de usar o queratolítico. O uso do esparadrapo 
com janela central evita lesão da pele ao redor da verruga. 
- Os emplastros de ácido salicílico a 40% estão indicados nas verrugas 
plantares. Estas devem ser raspadas previamente até o ponto de 
sangramento (shaving), quando então os emplastros são aplicados 
diretamente sobre elas e retirados de 2 em 2 dias. Os resíduos devem ser 
removidos semanalmente. 
- O imiquimod é um medicamento imunomodulador de ação tópica que age 
promovendo a formação de citocinas. Essa medicação é mais utilizada no 
tratamento das verrugas anogenitais, mas o imiquimod a 5%, em creme, 
apresenta bons resultados no tratamento de pacientes com múltiplas 
lesões (que não responderam ao tratamento com salicilatos) e nas verrugas 
recidivantes. Essa medicação não promove a formação de cicatriz e as 
reações locais adversas não são comuns. O medicamento é bem tolerado 
por crianças e tem sido indicado para o tratamento de lesões localizadas na 
face e região plantar. Deve ser aplicado à noite e coberto com curativo 
oclusivo, sendo removido no dia seguinte com água e sabão. 
- A podofilina (a 20% ou 25%) é utilizada no tratamento do condiloma 
acuminado (lesões não muito extensas). Antes de ser aplicada, deve-se 
proteger a pele sã em torno da lesão com vaselina pastosa. O tratamento 
deve ser repetido a cada 7 dias, até que ocorra o desaparecimento das 
lesões. Nos condilomas muito volumosos, a podofilina deve ser evitada, 
visto que pode ocorrer toxicidade sistêmica (complicações neurológicas, 
hematológicas, febris e alérgicas) se a medicação for absorvida através da 
pele. Seu uso é contraindicado na gravidez. 
- O tratamento de escolha, para a maioria das verrugas solitárias, é a 
curetagem com cauterização das lesões, ou a radiocirurgia. 
- A curetagem com cauterização é especialmente útil nas verrugas 
plantares. Após antissepsia e anestesia local, a lesão é curetada por meio de 
movimentos circulares aplicados com a cureta nas suas bordas, e retirada 
 
3 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
até a sua base, que deve ser cauterizada com o eletrocautério. A seguir, 
aplica-se curativo oclusivo. 
- A exérese cirúrgica com sutura deve ser evitada pelas recidivas frequentes 
que podem ocorrer e pela cicatriz, por vezes dolorosa. A disseminação do 
vírus e o aparecimento de lesões são observados na região da incisão ou nos 
pontos de sutura em aproximadamente 20% a 30% dos casos. Nos 
condilomas acuminados volumosos, a exérese cirúrgica pode ser utilizada 
visando à diminuição da lesão. 
- A criocirurgia com nitrogênio líquido está indicada principalmente nas 
verrugas isoladas situadas em regiões em que é preciso evitar formações de 
cicatrizes, como, por exemplo, na pele da face dorsal das articulações 
interfalangianas. Deve ser usada com cautela nos dedos, especialmente 
próximo das terminações nervosas, para a prevenção da dor e da 
neuropatia. Na região periungueal pode provocar distrofia permanente da 
unha; na face também deve ser evitada. Nos condilomas acuminados, 
especialmente nos muito volumosos, a crioterapia constitui instrumento 
terapêutico valioso, sendo um dos métodos de escolha. É segura, mesmo 
durante a gravidez. 
- A eletrocoagulação com bisturi elétrico pode ser realizada por diferentes 
métodos. Em um deles, após anestesia local, introduz-se uma agulha 
eletrodissecadora no centro da verruga, fazendo-se passar corrente elétrica 
através da agulha até que ocorra discreta vesicação ou formação de bolha. 
Essa técnica é recomendada para verrugas com diâmetro superior a 3 mm. 
- A cirurgia com laser de CO2 representa extraordinário avanço no 
tratamento dessas lesões, principalmente nas verrugas anogenitais. 
Completa remissão é descrita em 80% a 90% dos casos. 
TUBERCULOSE CUTÂNEA 
- A tuberculose cutânea é encontrada em todo o mundo, manifestando-se 
sob vários aspectos clínicos. As diferenças morfológicas, clínicas e a 
evolução das lesões decorrem provavelmente de vários fatores. Entre estes 
estão relacionados: capacidade imunoalérgica do indivíduo, região 
anatômica afetada, número e virulência do bacilo, via de infecção etc. 
- A tuberculose, em sua forma cutânea, pode ocorrer devido a dois 
mecanismos básicos: colonização da pele pelo bacilo ou como consequência 
de processo de hipersensibilidade a um foco tuberculoso ativo em qualquer 
ponto do organismo (tubercúlides). 
- A primoinfecção tuberculosa ocorre quando o organismo entra em 
contato, pela primeira vez, com o bacilo de Koch.É geralmente de 
localização pulmonar, mas pode, ocasionalmente, processar-se na pele, 
onde desenvolve o complexo primário cutâneo. 
- A lesão inicial apresenta-se sob a forma de pequeno nódulo endurecido, 
avermelhado, doloroso, com cerca de 2 cm de diâmetro. Esse nódulo ulcera-
se, posteriormente, ficando recoberto por crostas escuras. Ao seu redor, 
forma-se reação inflamatória. 
- Por via linfática, os bacilos chegam aos linfonodos-satélites, criando 
linfangite e linfadenite. Os linfonodos acometidos podem sofrer processo 
de caseificação. 
- Portanto, tal como acontece no complexo primário pulmonar, o complexo 
tuberculoso primário cutâneo compreende: • cancro de inoculação • 
inflamação perifocal • linfangite • linfadenite 
- Esse complexo primário pode evoluir para cura espontânea ou disseminar-
se, levando à chamada tuberculose miliar disseminada. 
- Por ser a primeira vez que o indivíduo entra em contato com o bacilo de 
Koch, essa forma é denominada tuberculose primária. Ao mesmo tempo 
em que o complexo primário se desenvolve, processam-se importantes 
alterações imunológicas no organismo. Cerca de 1 mês após a entrada dos 
bacilos no organismo, o indivíduo passa de um estado analérgico a alérgico, 
ou seja, responde positivamente aos testes cutâneos para tuberculose. 
Quando, porém, a tuberculose cutânea surge em indivíduos que sofreram 
anteriormente a doença em qualquer das suas localizações (pulmonar, 
óssea, visceral, cutânea etc.), apresentando, por conseguinte, certo grau de 
imunidade, temos a tuberculose cutânea secundária, que difere da primária 
pelas características morfológicas e pela sua evolução. 
Tuberculose cutânea primária 
- A primoinfecção tuberculosa da pele ocorre sempre em crianças sem 
passado de contato com o bacilo de Koch. Pode ocorrer em adolescentes e 
adultos jovens, principalmente naqueles que trabalham na área de saúde 
em contato direto com pacientes. 
- O bacilo de Koch não penetra a pele íntegra, sendo necessário haver 
solução de continuidade. Dentro de 2 a 4 semanas após a inoculação, 
surgem as lesões de pele. A infecção estende-se para os linfonodos 
regionais, e ocorre linfadenomegalia 3 a 8 semanas após o início da 
infecção. 
- As lesões são encontradas, preferencialmente, nos membros e face, 
iniciando-se como nódulo doloroso. Esse nódulo, em alguns dias, ulcera-se. 
A lesão ulcerada geralmente é rica em bacilos. Essa lesão, juntamente com 
a linfadenopatia-satélite, forma o “complexo primário”. 
- A cura pode ocorrer espontaneamente, em cerca de 1 mês, deixando no 
lugar da lesão uma cicatriz deprimida. Por outro lado, pode acontecer 
também a disseminação das lesões, levando à tuberculose miliar 
disseminada, na dependência do grau de imunidade do indivíduo. 
Tuberculose cutânea secundária 
- Tuberculose luposa (lúpus vulgar). Ocorre raramente no Brasil, sendo mais 
frequentemente encontrada em alguns países da Europa. 
- Acomete todos os grupos etários sem distinção. É 2 vezes mais frequente 
em mulheres do que em homens. 
- A parte anatômica mais afetada é a face (região malar, nariz, mento), 
podendo também acometer outras áreas, como mãos, antebraços etc. A 
lesão inicial é um pequeno nódulo. Com a evolução, surgem outros, 
dispondo-se em forma mais ou menos circular. 
- Esses nódulos sofrem atrofia central e ulceração. Com a coalescência das 
lesões, formam-se placas que podem atingir áreas extensas. As lesões 
evoluem cronicamente, e a sua cura espontânea ocorre raramente. Em 
decorrência da atrofia cicatricial, podem surgir deformidades, inclusive 
atresia de narina, retração palpebral etc. 
- O diagnóstico é feito baseando-se na história do paciente, no aspecto e 
estudo histológico das lesões e na reação positiva ao teste tuberculínico. O 
encontro de bacilos é raro. 
Tuberculose verrucosa 
- A forma verrucosa da tuberculose cutânea surge em pacientes 
previamente sensibilizados que sofrem reinfecção exógena. É mais 
frequente em homens. 
- A lesão inicial é uma pápula com formação fistulosa no centro. Com a 
evolução, lentamente vai adquirindo aspecto verrucoso. A cura pode 
ocorrer espontaneamente em indivíduos com bom estado imunitário. Os 
bacilos podem ser encontrados, em grande número, em esfregaços ou 
cortes da lesão. 
Tuberculose coliquativa (escrofuloderma) 
- O escrofuloderma é a forma de tuberculose cutânea mais encontrada no 
Brasil. Acomete principalmente adolescentes e idosos. 
- As lesões surgem geralmente no pescoço e são consequentes a processo 
tuberculoso linfonodal cervical. A lesão inicial é um nódulo avermelhado 
que, posteriormente, se rompe, dando formação a trajetos fistulosos com 
drenagem de secreção turva. Nessa região podem surgir úlceras. 
- A confluência das lesões é frequente. A evolução é lenta. A cicatrização é 
de aspecto variado, irregular, com áreas de depressão e de hipertrofia. 
 
4 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- A biópsia linfonodal tem grande valor diagnóstico pelo encontro dos 
bacilos e aspecto histológico. Na suspeita, devemos biopsiar apenas um 
linfonodo. A pesquisa no exsudato das lesões geralmente é positiva. 
- Forma mais comum no brasil. 
Tuberculose orificial 
- Caracteriza-se pela presença de lesões ulcerosas nas junções cutâneo-
mucosas dos orifícios naturais do organismo, decorrendo da propagação de 
bacilos oriundos de órgãos internos: os bacilos do escarro lesando a boca, 
lábios e língua. 
- A lesão encontrada é uma úlcera dolorosa, avermelhada, pequena, em 
cujo fundo se encontram numerosos bacilos. O diagnóstico diferencial deve 
ser feito com lesões venéreas. 
Tuberculose miliar da pele 
- Mais comum na infância e em indivíduos com estado imunitário 
deprimido, representa a disseminação, por via hematogênica, da 
tuberculose miliar. 
- Lesões disseminadas ocorrem em todas as partes do corpo, especialmente 
no tronco. São bastante polimorfas, podendo ser encontrados pápulas, 
tubérculos, pústulas, lesões purpúricas ricas em bacilos, todos podendo ser 
detectados pela pesquisa direta. 
- Geralmente o quadro é grave e pode evoluir para a morte. 
Abscesso tuberculoso metastático 
- Ocorre por disseminação hematogênica de micobactérias de um foco 
primário durante período de baixa resistência ou imunodeficiência. Os 
abscessos podem ser cutâneos ou subcutâneos, únicos ou múltiplos, e 
ocorrem no tronco, extremidades ou cabeça. Geralmente são indolores e 
há flutuação, podendo haver formação de fístulas e úlceras. a. O diagnóstico 
de certeza é feito por meio de histopatologia com coloração específica ou 
cultura de bactérias. 
- Geral. 
- Tempo de tratamento variável de 6 à 9 meses. 
- Tratamento: O tratamento da tuberculose cutânea é o mesmo empregado 
na tuberculose de qualquer outro órgão. O esquema tríplice de 
medicamentos está sempre indicado. 
 
DOENÇAS PRODUZIDAS POR FUNGOS 
PARACOCCIDIOIDOMICOSE 
- A paracoccidioidomicose é uma doença sistêmica que se manifesta por 
lesões na pele, mucosas, linfonodos e outros órgãos. Os pulmões são os 
mais acometidos, seguidos pelo trato gastrintestinal, adrenais, testículos, 
epidídimo e sistema osteoarticular. Raramente, pode haver acometimento 
do SNC e olhos. 
- É causada por um fungo dimórfico, o Paracoccidioides brasiliensis, e ocorre 
endemicamente em áreas rurais brasileiras e de vários países da América 
do Sul. Geralmente acomete trabalhadores rurais, com incidência maior em 
homens adultos. 
- Como tem longo período de incubação, pode manifestar-se anos após ter 
ocorrido migração para os grandes centros urbanos. 
- Um dos primeiros sinais de infecção é uma linfadenomegalia progressiva, 
acompanhada de lesões cutâneas e/ou mucosas. As lesões cutâneas 
ocorrem principalmente na face ou bordas mucocutâneas, e são de diversos 
tipos: placas, pápulas, nódulos, abscessos, úlceras ou vegetações. 
- A mucosa atingida com maior frequência é a da orofaringe, e as lesõestêm 
aspecto granuloso fino, lembrando superfície de amora. Há acometimento 
dos linfonodos cervicais e, em menor frequência, dos axilares, inguinais e 
intra-abdominais. 
- Os linfonodos inicialmente se apresentam aumentados de tamanho e 
duros, mas, posteriormente, necrosam e ulceram, dando vazão a uma 
substância purulenta muito rica em parasitos. Na maioria dos casos, a pele, 
mucosas, linfonodos e um ou mais órgãos são acometidos pela doença, mas 
há casos em que apenas um órgão é atingido. 
- O diagnóstico é feito pela pesquisa direta ou cultura da secreção purulenta 
eliminada das lesões. A biópsia com estudo anatomopatológico é de 
importância fundamental no diagnóstico. Geralmente, o fungo é 
encontrado nesse exame, mesmo em lesões em que a pesquisa direta não 
conseguiu evidenciá-lo. 
- O aspecto encontrado é o de um processo granulomatoso crônico. Exames 
sorológicos, como imunodifusão em ágar-gel ou reação de fixação de 
complemento, podem ser realizados, e são altamente específicos, sendo o 
último mais útil para ava-liação da resposta ao tratamento. 
- Testes cutâneos não são úteis para o diagnóstico 
Tratamento 
- No passado, as sulfonamidas eram a base do tratamento, porém esses 
medicamentos apresentavam dois inconvenientes importantes: o primeiro 
era o alto índice de recidiva da doença, e o segundo, a alta incidência de 
reações adversas, principalmente rash cutâneo. 
- Antifúngicos, por via oral, são eficientes e responsáveis pelo avanço 
significativo na terapêutica dessa doença. O itraconazol tem sido indicado 
como o medicamento de escolha para o tratamento da 
paracoccidioidomicose, nas formas leves e moderadas, na dose de 100 a 
200 mg/ dia, por 6 a 12 meses. 
- Anfotericina B EV, na dose total de 1,5 g a 2,5 g, é utilizada no tratamento 
das formas graves e disseminadas da doença e nos casos refratários ao 
tratamento com os antifúngicos orais. 
ESPOROTRICOSE 
- É infecção crônica devida à implantação do fungo Sporothrix schenckii na 
pele. Acomete tipicamente a pele, o tecido celular subcutâneo e os 
linfonodos regionais. 
- Do ponto de implantação, o fungo pode disseminar-se, por via linfática ou 
hematogênica, e atingir principalmente os ossos e articulações. Raramente, 
lesões pulmonares podem resultar da inalação do fungo. 
- A infecção geralmente ocorre após implantação traumática do fungo na 
pele, causada mais frequentemente por ferimentos, espinhos e palha. 
Existem casos relatados de transmissão de gatos para o homem. 
- A lesão inicial é uma pápula, pústula ou nódulo que, frequentemente, 
ulcera-se e desenvolve bordas eritematosas e elevadas. O tamanho inicial 
da lesão pode variar desde poucos milímetros a até 2 cm a 4 cm. 
- Outras lesões secundárias podem formar-se em disposição linear, 
seguindo os ductos linfáticos até os linfonodos regionais, que raramente 
estão aumentados de tamanho. As lesões são tipicamente indolores, 
mesmo quando ulceram. 
- A localização mais frequente da lesão inicial são as mãos. Os membros 
superiores são acometidos 
com maior frequência, 
seguindo-se os membros 
inferiores. Outras regiões 
podem ser acometidas, 
porém com menor 
frequência. 
- Lesões seguem o trajeto 
linfático. 
- É difícil fazer o diagnóstico pelo exame anatomopatológico, pois o fungo 
não é usualmente visto, mesmo quando se usam colorações especiais. A 
reação tecidual local é a de necrose e a formação de granulomas. 
- O diagnóstico geralmente é estabelecido pela cultura do Sporothrix 
schenckii, semeando-se o material em ágar Sa-bouraud. Por enquanto, 
 
5 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
testes sorológicos não estão padronizados e testes cutâneos não se 
mostraram úteis para o diagnóstico. 
- O itraconazol é o medicamento de escolha para o tratamento da 
esporotricose na forma cutânea. A dose preconizada é de 200 mg por dia, 
por 2 a 4 semanas, após o desaparecimento de todas as lesões, geralmente 
de 3 a 6 meses. A doença pode recidivar depois da suspensão da medicação. 
Caso isto ocorra, deve-se dobrar a dose do itraconazol para 200 mg em 2 
tomadas ao dia. 
- A anfotericina B, na dose de 2 g a 2,5 g, é reservada para pacientes com a 
forma cutânea ou extracutânea em que houve falha no tratamento com 
itraconazol, bem como em imunossuprimidos com doença grave ou 
disseminada. 
DOENÇAS PRODUZIDAS POR PROTOZOÁRIOS 
LEISHMANIOSE CUTÂNEO-MUCOSA 
- Doença infecciosa crônica 
produzida pela Leishmania 
braziliensis, que acomete 
usualmente a pele, podendo 
atingir secundariamente as 
mucosas. A afecção não é 
contagiosa, sendo 
transmitida ao homem por 
insetos da família Lutzomyia, os vetores das leishmânias na América Latina. 
- O homem e outros animais vertebrados funcionam como hospedeiros. O 
primeiro deve ser considerado apenas como hóspede acidental que se 
infecta quando os insetos o picam ocasionalmente. Os aspectos 
clinicomorfológicos são polimorfos, constituindo uma das principais 
características da doença. 
- Usualmente, ela se inicia pelo comprometimento cutâneo. No local da 
picada do inseto surge, de início, pápula eritematosa pequena, única ou 
múltipla. Durante a sua evolução, a lesão torna-se papulovesiculosa, 
papulopustulosa, ulcerocrostosa. Nesta última, a retirada da crosta mostra 
pequena ulceração, com bordas salientes e fundo recoberto por exsudato 
seroso ou seropurulento. 
- A progressão dessa lesão dá origem à úlcera leishmaniótica, que, por suas 
características morfológicas típicas, pode ser diagnosticada 
macroscopicamente. A úlcera tem contornos circulares, bordas elevadas e 
infiltradas (aspecto em moldura) e fundo com granulações grosseiras, de 
cor vermelho-vivo, recoberto por exsudato seropurulento ou seroso. 
- Essas lesões podem tornar-se vegetantes, adquirindo aspecto verrucoso. 
- As lesões cutâneas podem persistir por meses a anos, e depois cicatrizar 
espontaneamente, deixando cicatriz atrófica, plana e hipopigmentada. As 
adenopatias regionais podem ser observadas nos estágios iniciais da doença 
e preceder o aparecimento das lesões cutâneas. Podem ser importantes e 
se acompanham de febre, anorexia, emagrecimento, tendendo a 
desaparecer com o desenvolvimento da úlcera. Raramente, pode ocorrer 
envolvimento de linfáticos locais, simulando esporotricose. 
- O acometimento cutâneo difuso (leishmaniose cutânea difusa) é uma 
variante anérgica rara. As lesões localizam-se, primariamente, na face e 
extremidades. São pápulas e nódulos que não ulceram e podem persistir 
por vários anos. 
- O comprometimento mucoso é secundário, ocorrendo meses a anos após 
o início da doença. Raramente, ocorre logo após o aparecimento das lesões 
cutâneas. É possível que ele seja secundário à disseminação hematogênica. 
Ocorrem, inicialmente, eritema e infiltração do septo nasal, com progressão 
para o vestíbulo, asa do nariz, assoalho da fossa nasal, palato mole, pilares, 
úvula, faringe, laringe e, mais raramente, traqueia. A destruição do septo 
leva ao chamado “nariz de tapir”. Em fase mais adiantada, pode acontecer 
a destruição de toda a estrutura cartilaginosa do nariz. 
 
- Apesar de o diagnóstico clínico da leishmaniose poder ser feito (formas 
clássicas), o diagnóstico de certeza só pode ser estabelecido após 
confirmação laboratorial. Os métodos incluem identificação dos 
amastigotas nas lesões, crescimento de promastigotas na cultura, 
histopatologia e testes imunológicos. Identificação do parasito nas lesões: 
pode ser feita pela raspagem das bordas com bisturi ou por imprint de 
biópsias das bordas. Portanto, o método tem maior valor nas lesões 
recentes, quando a reação à leishmânia ainda se mostra negativa. 
- Cultura: a L. braziliensis, ao contrário de outras espécies de leishmânia, 
não cresce bem nas culturas. 
- Exame histopatológico: o achado da leishmânia em biópsias das bordas 
das lesões fornece o diagnóstico de certeza. 
- Sorologia: anticorpos antileishmâniapodem ser detectados no soro dos 
pacientes com acometimento cutâneo ou mucoso, porém os títulos 
costumam ser baixos na forma cutânea. Pode-se utilizar ELISA ou 
imunofluorescência indireta, sendo esta útil para acompanhamento da 
resposta terapêutica. 
- PCR: constitui exame molecular específico para o diagnóstico da 
leishmaniose, sendo espécie-específico. 
Tratamento 
- O medicamento de primeira escolha é o glucantime (antimoniato de N-
metilglucamina-Sb+5 ). Nas formas cutâneas não complicadas, é 
recomendada dose de 10 mg a 20 mg/kg de peso por dia por 20 a 28 dias. 
Nunca deve ser utilizada dose superior a três ampolas/dia ou 15 mL/ dia em 
adultos (5 mL contém 81 mg/Sb+5 ). Nos casos resistentes ao glucantime, 
está indicado o uso de anfotericina B. 
- De modo geral, as lesões cutâneas respondem bem ao tratamento pelo 
glucantime, com exceção da forma verrucosa. Nesses casos, emprega-se 
também a eletrocoagulação ou radiocirurgia (tratamento cirúrgico). 
DOENÇAS PRODUZIDAS POR HELMINTOS 
LARVA MIGRANS CUTÂNEA 
- Doença de distribuição universal, 
ocorre especialmente nas regiões 
tropicais e subtropicais. É 
produzida pela migração de larvas 
de diversas espécies de ne-
matódeos através das camadas 
superficiais da pele. 
- O Ancylostoma brasiliensis foi o 
primeiro agente etiológico 
identificado, e, até há pouco tempo, acreditava-se que era ele o único 
responsável pelas lesões cutâneas. Entretanto, outros helmintos podem 
causar lesões semelhantes quando suas larvas penetram na pele. São eles: 
Ancylostoma duodenale, Ancylostoma caninum, Necator americanus, 
Bunostomum phlebotomum e até algumas espécies de es-trongiloides. 
- As larvas originam-se das fezes humanas contami-nadas e vivem em terras 
úmidas e praias. Elas penetram através da pele intacta e formam túneis na 
epiderme e na derme superior, podendo sobreviver por dias ou semanas. 
- Os túneis são vistos sob a pele. Têm a forma de uma linha vermelha fina e 
tortuosa, que aumenta até 1 cm a 2 cm por dia. Eles se localizam, de 
preferência, nos pés, porém podem ocorrer em outras áreas do corpo que 
entrarem em contato com as larvas, como ocorre, por exemplo, quando se 
deita diretamente sobre a areia da praia. 
- O principal sintoma é o prurido constante, às vezes dificultando até mesmo 
o sono. Inicia-se no local de entrada, poucas horas após a penetração, sendo 
acompanhado de dermatite, edema, pápulas e/ou papulovesículas. 
- O diagnóstico é feito principalmente pela história de exposição a áreas de 
risco de contaminação (p. ex., praias) e pelo exame físico. O exame 
histopatológico pode reve-lar as larvas, além de infiltrado inflamatório 
eosinofílico. 
 
6 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- Preferência pelos pés, mas pode acontecer em qualquer parte do corpo. 
Tratamento 
- O tratamento é feito com tiabendazol VO (50 mg/ kg/dia, divididos em 2 
doses, por 2 a 3 dias) ou aplicação tópica na forma de cremes a 5% ou 10% 
em curativos oclusivos. 
- O albendazol, na dose de 400 a 800 mg/dia, por 3 a 5 dias, também pode 
ser utilizado. Alguns autores justificam o tratamento apenas nos casos de 
infestação maciça. 
DOENÇAS PRODUZIDAS POR ARTRÓPODES 
TUNGÍASE 
- A tungíase, mais comumente denominada bicho-de-pé, é a parasitose 
produzida pela Tunga penetrans, pulga que habita lugares secos e arenosos, 
principalmente chiqueiros. Os suínos e o homem são seus hospedeiros 
habituais. Atacam, porém, grande número de vertebrados de sangue 
quente. 
- As fêmeas fecundadas penetram na pele, introduzindo a cabeça e o tórax 
na epiderme e deixando para fora o estigma respiratório e o segmento anal 
para postura dos ovos. Na pele, elas se nutrem de sangue dos hospedeiros 
e desenvolvem os ovos. 
- Ocorre prurido, na fase inicial, acompanhado de dor e intumescimento dos 
tecidos vizinhos. Há certa preferência por regiões onde a pele é mais 
espessa, principalmente artelhos, bordas livres das unhas e pregas digitais. 
Contudo, há casos de infestações generalizadas. 
- Com o desenvolvimento, o 
aspecto é de um pequeno 
tumor circunscrito pela 
epiderme, onde se nota um 
ponto escuro correspondente 
ao último segmento do corpo 
do parasito. Os ovos e o 
parasito, após a sua morte, 
podem ser expelidos com o 
auxílio da pressão muscular durante a marcha. 
- Algumas vezes, a lesão pode servir como porta de entrada a outras 
infecções, levando a abscesso, linfangite e adenite. O tétano é complicação 
grave que pode ocorrer nos indivíduos não vacinados. 
Tratamento 
- O tratamento consiste na extração da Tunga penetrans, usando-se agulha 
previamente esterilizada. Faz-se a dilatação do orifício com enucleação do 
parasito, após prévia antissepsia com solução de polivinilpirrolidona--iodo 
(PVP-I) ou álcool iodado. 
- Em alguns casos, pode ser necessário o uso de anestésico local e termo ou 
eletro-cauterização. 
- Deve-se verificar se o paciente é vacinado contra o tétano. 
- O uso de antibióticos está indicado nos casos de infecção secundária. Pode 
ser utilizada penicilina ou cefalosporina de primeira geração. 
- Medida importante consiste na profilaxia, evitando-se o hábito de andar 
descalço, e na destruição da pulga com parasiticidas. 
PEDICULOSE 
- Dermatose causada pelos piolhos, que são hematófagos exclusivos do 
homem. Duas espécies apresentam interesse: o Pediculus humanus, com as 
variedades P. humanus capitis e P. humanus corporis, e o Pthirus pubis. 
- Os piolhos apresentam preferência por determinadas regiões da pele, 
sugando-a frequentemente para a sua nutrição. Nesses locais, por 
inoculação de saliva, forma-se um botão pruriginoso, podendo a pele, por 
efeito de coçadura, sofrer escoriações e infecção secundária. 
- O P. humanus capitis infesta o couro cabeludo. O parasito adulto 
dificilmente é visto, e não mais do que 10 a 20 deles são identificados em 
cada indivíduo acometido. Entretanto, seus ovos ou “lêndeas” são 
facilmente reconhecidos, pois se aderem firmemente aos fios de cabelo, 
podendo ser deslocados ao longo destes, o que os distinguem da caspa. 
- Na pediculose do couro cabeludo, o prurido é o principal sintoma, tendo 
maior intensidade nas regiões occipital e retroauricular, locais onde o 
número de lêndeas é maior. O ato e a insistência da coçagem repetida 
provocam escoriações que, muitas vezes, infectam-se secundariamente, 
levando a impetigo, foliculite e, inclusive, adenopatia cervical. 
- Esse tipo de pediculose é mais comum em crianças e mulheres adultas. 
Predomina nas classes sociais menos favorecidas e de hábitos higiênicos 
mais precários. Entretanto, nenhum grupo etário ou socioeconômico está 
imune. 
- A pediculose do corpo, determinada pelo Pediculus humanus corporis, 
ocorre no adulto, sendo rara antes da adolescência. Os ovos são 
encontrados predominantemente nas roupas, e não no corpo. A erupção, 
muito pruriginosa, tem predileção para a região interescapular, ombros, 
cintura, nádegas e face externa, e anterior das coxas. 
- Os antebraços, mãos e pés não são atingidos, o que facilita o diagnóstico 
diferencial com a escabiose. Entretanto, em casos mais graves, a pediculose 
pode estender-se a todo o corpo. 
- As lesões cutâneas comumente se infectam, levando a piodermites. Nos 
casos de caráter crônico, a coçadura constante produz alterações na pele, 
como espessamentos e hiperpigmentação. O P. humanus corporis é 
importante vetor de doenças, tais como tifo, febre da trincheira e febre 
recorrente. 
- O Pthirus pubis é responsável pela pediculose pubiana. Pode, 
ocasionalmente, alcançar outras regiões, como bigode e supercílios. 
Agarrando-se firmemente aos pelos, deposita seus ovos ou lêndeas nos fios 
de cabelo. A transmissão se dá principalmente por contato venéreo, e 
também por roupas íntimas. 
- O prurido é intenso, predominando à noite, pois a atividade do parasito é 
estimulada pelo calor do leito. Em alguns casos, ocorreo que denominamos 
máculas cerúleas, que são manchas azuladas, puntiformes, causadas pela 
ação da saliva do parasito sobre o sangue. Localizam-se no abdome e tórax. 
Aparecem algumas horas após a picada, mantendo-se por alguns dias ou até 
meses. 
Tratamento 
- Pediculus humanus capitis: O tratamento do P. humanus capitis deve visar 
à melhor higiene, obtida pela lavagem dos cabelos e couro cabeludo com 
água quente. Após limpeza e secagem dos cabelos, procede-se à aplicação 
de inseticidas tópicos, na forma de xampus, cremes ou loções. Em geral, o 
tratamento deve ser repetido com 7 dias, pois as lêndeas são mortas menos 
eficazmente do que os adultos. O benzoato de benzila é um dos mais 
conhecidos. Outros medicamentos, como lindano (hexacloreto gama 
benzeno) a 1%, permetrina a 1%, DDT a 10%, malation e piretrina, podem 
ser utilizados. 
- Na presença de infecção secundária, está indicado o uso de antibióticos 
locais ou sistêmicos, dependendo da gravidade do quadro. Os contatos 
devem ser tratados simultaneamente. 
- Outro método simples, barato e eficaz é a aplicação, no couro cabeludo, 
de espessa camada de vaselina branca, 2 vezes ao dia, durante 5 a 8 dias. 
Os piolhos ficam imobilizados, não conseguem alimentar-se e morrem. As 
lêndeas são removidas posteriormente com pinça ou pente fino. 
ESCABIOSE 
- Escabiose ou sarna é uma dermatose produzida por ácaros da espécie 
Sarcoptes scabiei, variedade hominis. De origem na Antiguidade, tem 
prevalência importante nos dias de hoje. Um aspecto atual é que a forma 
clássica da escabiose é encontrada menos frequentemente. Por outro lado, 
formas especiais, como a escabiose mínima de pessoa limpa, são muito mais 
comuns e difíceis de diagnosticar. 
 
7 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- O hospedeiro é infectado por fêmeas recém-fecundadas que penetram na 
epiderme, escavando galerias. Elas levam cerca de 1 h para formar um túnel, 
seu hábitat usual, continuamente ampliado a uma velocidade de 0,5 mm a 
5 mm por dia. 
- Os túneis são ligeiramente elevados, curvos ou tortuosos, e estão restritos 
à camada córnea. Medem entre 5 mm e 15 mm de comprimento e, no fim 
de cada um deles, existe uma fêmea. Neles, elas vivem cerca de 30 dias. 
- Poucas horas após a infestação, as fêmeas iniciam a postura dos ovos, 
geralmente dois a três por dia. Estes progridem pelos estágios de larva e 
ninfa, chegando finalmente a ácaros adultos em cerca de 10 dias. Apenas 
10% dos ovos completam o ciclo chegando à idade adulta. 
- Os ácaros adultos, ao serem fecundados, reiniciam o ciclo. Fora do 
hospedeiro, o parasito morre em 2 a 5 dias. O número de fêmeas adultas 
por paciente infectado é de 10 a 15. 
- Há predileção por determinados locais. Desse modo, 66% dos ácaros são 
encontrados nas mãos e punhos. A transmissão se dá por contato pessoal, 
independentemente de cor, sexo ou raça. A transmissão por meio das 
roupas ocorre ocasionalmente. 
- Escabiose clássica. A forma clássica de escabiose é menos frequente hoje 
em dia. Nela, a manifestação mais importante é o prurido, 
caracteristicamente intenso, decorrente da movimentação das fêmeas nos 
túneis. As lesões são habitualmente simétricas, sendo as mãos as primeiras 
áreas comprometidas, com predomínio pelas membranas interdigitais e 
faces laterais dos dedos. A superfície flexora dos punhos e a extensora dos 
cotovelos são também comumente afetadas. As mamas femininas 
apresentam, frequentemente, lesões eczematosas, assim como a região 
periumbilical. 
- O comprometimento do pênis é caracteristicamente de forma nodular. A 
doença afeta ainda a porção inferior das nádegas e o sulco subglúteo. 
- A eczematização secundária e a infecção podem dificultar o diagnóstico. 
Por isto, três dados são de importância fundamental: o prurido noturno, a 
distribuição das lesões e a presença dos túneis. 
- Comumente, os casos de 
escabiose ocorrem em adultos 
jovens e crianças, embora 
nenhum grupo etário esteja 
isento. Quando vários membros 
de uma família ou de um grupo 
apresentam sinais de doença 
pruriginosa, o diagnóstico de 
escabiose é o mais provável. 
- Infecção secundária e suas complicações. Infecção bac-teriana secundária 
pode complicar a escabiose. O ato de coçar cria escoriações na pele, 
facilitando a colonização bacteriana, principalmente de estreptococos e 
estafiloco-cos. Em alguns casos, como na mama, pode levar à for-mação de 
abscessos, sendo necessária a drenagem. Em outras situações, 
principalmente em crianças, a infecção secundária por estreptococos pode 
levar ao desenvolvi-mento de glomerulonefrite aguda. 
Tratamento 
- O tratamento pode ser feito com benzoato de ben-zila a 20% ou 30%, loção 
de lindano (hexacloreto gama benzeno) a 1% ou creme de permetrina a 5%. 
Devido aos efeitos tóxicos do lindano (especialmente para o SNC), 
atualmente tem-se preferido utilizar a permetrina, principalmente em 
crianças e mulheres grávidas. O medicamento deve ser aplicado sobre a 
pele seca em todo o corpo, exceto a face, após banho morno, devendo ser 
removido totalmente após 8 h. Repete-se a aplicação 48 h após. 
- A ivermectina, na dose única de 200 mg/kg VO, apresenta bons resultados 
no tratamento da escabiose. Esse medicamento não é ovocida, sendo 
necessária nova dose após 14 a 15 dias. Entretanto, essa medicação não 
deve ser prescrita para crianças. 
- Quando existir infecção secundária, esta deve ser tratada com banho de 
permanganato de potássio e po-mada de neomicina. Em casos mais graves, 
justifica-se o uso de antibiótico sistêmico. Os casos que evoluem para 
abscessos devem ser submetidos a drenagem cirúrgica. 
MIÍASE 
- As larvas de algumas espécies de moscas, ao infectarem a pele normal, a 
ulcerada ou as cavidades naturais do organismo, recebem a designação 
genérica de miíase. 
- As miíases compreendem dois grupos principais: 
1. Larvas que se instalam em tecidos sadios ou cavidades naturais. Essas 
larvas podem comprometer a saúde do hospedeiro, sendo parasitos 
obrigatórios. Entre elas encontramos a larva da Cochliomyia hominivorax, 
Dermato-bia hominis e Oestrus ovis. São conhecidas como berne. 
2. Larvas que se instalam em lesões preexistentes. Alimentam-se à custa do 
tecido necrosado, podendo levar à disseminação da infecção e ao aumento 
da área de necrose. Entre estas, as mais comuns são: larva de mosca 
doméstica, Cochliomyia macellaria, Fannia sp., Calliphora sp., Sarcophaga 
sp. Estas são conhecidas como bicheira. 
- Do ponto de vista clínico, as miíases podem ser cutâneas ou cavitárias 
(nasomiíase, oculomiíase, otomiíase, anomiíase, cistomiíase, miíase vaginal, 
miíase intestinal). Tanto as larvas biontófagas como as necrobiontófagas 
podem ser responsáveis pelas miíases cavitárias, predominando, no 
entanto, as necrobiontófagas. 
- As miíases são mais encontradas em zona tropical, predominando em 
regiões rurais e de higiene precária. 
Berne 
- A larva da Dermatobia hominis, mosca nativa em nosso meio, determina 
uma forma de miíase chamada furunculoide, mais comumente conhecida 
como berne. A Dermatobia hominis não faz a postura dos seus ovos 
diretamente sobre a pele do homem, necessitando, para isto, de vetores 
(outros insetos) nos quais adere seus ovos. Quando esses vetores picam o 
homem, a larva da dermatóbia se solta, penetrando pelo orifício da picada. 
Consequentemente, as partes mais acometidas são as mais expostas: 
pescoço, mãos, face, couro cabeludo e membros inferiores. O número de 
lesões pode ser variável. O início da penetração da larva pode passar 
despercebido, formando-se depois, no local, nódulo semelhante a um 
furúnculo (donde o nome de furunculoide), com pequeno orifício central. 
- O paciente relata dores em “ferroadas”, com sensação de movimentação 
do parasito. Cerca de 5 a 6 semanas após, a larva atinge seu estado de 
maturidade, abandonando, por movimentos ativos, a ferida, que cicatriza. 
Não raro,pode complicar-se com infecções secundárias: abscesso, 
linfangite, fleimão, erisipela, tétano etc., ou ser sede de deposição de outras 
larvas de dípteros, levando à “bicheira”. 
- O tratamento visa à retirada do berne. Esse objetivo pode ser atingido por 
meio de medidas simples que impedem a natural respiração da larva, por 
oclusão do orifício cutâneo. Popularmente, utiliza-se o tamponamento do 
orifício com toucinho. Tal medida força a passagem do parasito para este, 
na tentativa de respirar. 
- A exteriorização parcial da larva também pode ser conseguida por meio de 
uma compressão digital, suave e persistente, do nódulo, por alguns 
minutos. Esta deve ser feita com extremo cuidado para não provocar 
ruptura da larva e consequente infecção secundária. A larva é aprisionada 
com uma pinça e, então, retirada. Deve-se ter o cuidado de retirar 
totalmente o parasito. 
Bicheira 
- Nome vulgar das miíases de feridas e cavidades, denominadas também 
secundárias. Necessitam de material necrosado para o seu 
desenvolvimento. 
- Miíases de feridas. São relativamente comuns entre nós, sendo os danos, 
em geral, de pequena importância, pois as larvas limitam-se a devorar os 
tecidos necrosados, não invadindo as partes sãs. O diagnóstico não traz 
dificuldades, já que as larvas são visualizadas movendo-se nas ulcerações. 
 
8 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- Miíases cavitárias. Geralmente as miíases cavitárias ocorrem em locais já 
lesados previamente, sendo mais frequentes em portadores de 
leishmaniose cutâneo-mucosa, otorreia crônica, ozena etc. São observadas 
na cavidade nasal, conduto auditivo, globo ocular, vias urinárias e, mais 
raramente, na região anorretal. 
- Entre as espécies, a que leva a quadros mais graves é a Cochliomyia 
hominivorax, capaz de produzir grandes áreas de destruição. 
-Em ambas as formas, o tratamento visa à retirada mecânica das larvas com 
o auxílio de pinças, facilitada pelo uso prévio de éter ou cloreto de etila 
local, o que leva à morte das larvas.

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