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Infecções bacterianas da pele

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1 
 
 
SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
clínica cirúrgica 7 - infecções bacterianas da pele e tecido celular subcutâneo 
- Infecção em cirurgia pode ser conceituada como sendo o 
resultado da invasão, multiplicação, atividade metabólica e 
consequentes efeitos fisiopatológicos de microrganismos sobre os 
tecidos de um indivíduo. Pode ser primária, quando se instala num 
paciente sem história prévia de cirurgia ou traumatismo, ou 
secundária a um trauma, acidental ou cirúrgico, que favorece a 
implantação dos microrganismos. Em ambas as formas, primária e 
secundária, existe um fator que rompe o equilíbrio entre as defesas 
orgânicas do hospedeiro e a virulência bacteriana. 
Podemos classificar as infecções de pele e tecido celular 
subcutâneo de interesse para a cirurgia ambulatorial em dois 
grupos, a saber: 
Pele e Tecido Celular Subcutâneo 
• Erisipela 
• Celulite 
• Abscesso 
• Fleimão 
• Panarício 
• Linfadenite aguda 
Anexos da Pele 
• Furúnculo 
• Carbúnculo 
• Hidradenite supurativa 
- Para obter sucesso no tratamento da maioria dessas afecções, é 
necessário eliminar as condições locais que favorecem a 
proliferação bacteriana ou que dificultam os mecanismos de defesa 
local do organismo. Essas medidas incluem retirada de corpos 
estranhos, ressecção de tecidos desvitalizados, regularização das 
bordas de uma ferida, eliminação de espaço morto, drenagem 
ampla das secreções, fechamento secundário dos ferimentos tão 
logo seja possível e repouso do segmento atingido. 
INFECÇÕES DA PELE E DO TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO 
- São aquelas em que os microrganismos se encontram no seio dos 
tecidos, favorecendo a atuação dos mecanismos de defesa do 
organismo, porém tornando mais intensa a atuação desses 
microrganismos sobre o hospedeiro. Aqui, eles encontram maior 
facilidade de propagação através das várias vias possíveis (tecidual, 
sanguínea e linfática). Além disso, as substâncias tóxicas produzidas 
são mais facilmente absorvidas, pois não são eliminadas para o 
exterior. Ocorre, então, maior intensidade, não só dos fenômenos 
locais como dos sistêmicos. 
ERISIPELA 
- É um tipo de celulite superficial da pele que apresenta 
envolvimento linfático marcante. 
- As portas de entrada mais comuns são úlceras de pele, lesões 
traumáticas, picada de insetos, abrasões, lesões eczemáticas ou 
psoriásicas e infecções fúngicas. 
- Às vezes, as lesões são tão pequenas que passam despercebidas, 
porém, mais frequentemente, são originadas de ferimentos 
maiores ou de lesões ulceradas. Os fatores predisponentes 
incluem: estase venosa, paraparesia, diabetes melito e abuso de 
álcool, obesidade. 
- A erisipela tende a ocorrer em áreas de obstrução linfática ou de 
edema. Como ela própria causa obstrução linfática, é comum haver 
recidiva em áreas de infecção prévia, principalmente nos indivíduos 
com insuficiência vascular venosa ou linfedema. A porcentagem de 
recorrência é de 10% a 30% dos casos. 
- A doença é mais comum na região da perna (70% a 80% dos casos). 
No passado, a face era a região mais acometida, porém, 
atualmente, somente 5% a 20% dos casos ocorrem nessa área. A 
erisipela facial predomina em crianças. 
- Acomete com maior frequência crianças pequenas e adultos após 
o quarto decênio de vida. 
- Nos recém-nascidos, pode ser secundária a infecção do coto 
umbilical. 
 
- A erisipela caracteriza-se, clinicamente, pelo aparecimento 
abrupto de manifestações sistêmicas, tais como febre elevada, 
cefaleia, calafrios, mal-estar e desânimo. Acompanhando esse 
quadro aparece, no local da lesão, uma mancha avermelhada, 
quente, dolorosa (geralmente em queimação), de bordas elevadas 
e bem delimitadas. Em geral, a lesão aparece 6 h a 12 h após o início 
dos sinais e sintomas gerais. A parte afetada torna-se lisa e 
brilhante, em decorrência do edema que usualmente acompanha o 
processo. Frequentemente ocorrem linfangite e linfadenomegalia. 
- Em alguns casos (5%), geralmente mais graves, ocorre a formação 
de bolhas, em torno do segundo ou terceiro dia. Estas podem ser 
volumosas e geralmente contêm líquido não purulento. Pode haver 
hemorragia superficial nas bolhas ou na pele intacta, sobretudo em 
idosos. Mais raramente, a infecção pode se difundir, surgindo 
úlceras superficiais, celulite, abscessos subcutâneos, miosite, 
fleimão, fascite necrosante e, até mesmo, gangrena. Essas 
complicações decorrem principalmente da falta de tratamento 
adequado e de traumatismos sobre a lesão. 
 
- O diagnóstico diferencial deve ser feito especialmente com a 
celulite, da qual se distingue pela forma de aparecimento e pela 
maior riqueza de manifestações sistêmicas. 
 
 
 
2 
 
 
SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
Tratamento 
- O tratamento baseia-se no uso de antimicrobianos sistêmicos, 
além de medicamentos sintomáticos e cuidados locais. As formas 
mais leves e/ou iniciais podem dispensar internação hospitalar, 
porém, em grande número de casos, o tratamento não pode ser 
feito em regime ambulatorial, pela intensidade do acometimento 
sistêmico que a doença promove. 
- O antibiótico de escolha é a penicilina. Geralmente é administrada 
por via intramuscular (IM) na dose de 400.000 U de penicilina G 
procaína, de 12/12 h, por um período de 5 a 10 dias, ou até que o 
paciente se torne afebril durante, pelo menos, 3 dias. 
- Casos leves podem ser tratados com penicilina por via oral (VO) 
na dose de 250 mg a 500 mg de 6/6 h, ou amoxicilina (VO) 500 mg 
de 8/8 h. Pacientes alérgicos à penicilina podem ser tratados com 
eritromicina por via oral na dose de 250 mg a 500 mg de 6/6 h. 
- Nos casos graves, a antibioticoterapia deve ser parenteral. 
Atualmente podemos utilizar as cefalosporinas de terceira geração 
– ceftriaxona (1 g EV de 24/24 h) ou as cefalosporinas de primeira 
geração – cefazolina (1 g a 2 g EV a cada 8 h) por igual período de 
tempo. 
- Repouso e elevação do segmento acometido constituem medidas 
importantes. Na presença de lesões superficiais abertas, podem-se 
usar, localmente, compressas mornas embebidas em soluções de 
permanganato de potássio (1:10.000), de água de Alibour ou de 
antibióticos (neomicina, bacitracina). 
- Com a instituição precoce do tratamento adequado, a doença 
regride, em geral, dentro de 6 a 7 dias. A lesão local começa a 
empalidecer e ocorre diminuição gradual do edema e da tensão da 
pele. É comum ocorrerem descamação e pigmentação local, não 
havendo formação de cicatriz, salvo em caso de complicações 
(abscesso, ulceração). 
 
CELULITE 
- Inflamação de origem infecciosa do tecido celular subcutâneo. Às 
vezes, pode haver extensão superficial e acometimento também da 
pele. Como a celulite pode se estender superficialmente e a 
erisipela profundamente, esses dois processos podem coexistir. Por 
isto, alguns autores consideram a erisipela uma forma de celulite. 
- Predomina em homens e ocorre em qualquer idade. Os membros 
inferiores são atingidos mais frequentemente nos pacientes idosos, 
enquanto os superiores o são nos mais jovens. A celulite 
acometendo as regiões da cabeça e pescoço e perianal predomina 
em crianças. 
- Como a erisipela, origina-se geralmente de uma perda de solução 
de continuidade da pele, com a porta de entrada dos 
microrganismos podendo ser uma ferida aberta, uma úlcera, um 
ferimento penetrante, uma laceração, infecção. Em alguns casos, a 
via de entrada é tão pequena que não pode ser percebida a olho 
nu. Essa situação é observada principalmente quando a infecção 
acomete os membros inferiores. Raramente por disseminação 
hematogênica. 
- Indivíduos portadores de insuficiência vascular venosa periférica 
e/ou linfedema, são mais suscetíveis. 
 
- A doença caracteriza-se por apresentar todos os fenômenos 
próprios dos processos inflamatórios de origem bacteriana, 
podendo regredir antes que ocorra destruição dos tecidos se os 
mecanismos de defesado organismo prevalecerem sobre os 
microrganismos agressores. 
- Podendo a celulite inicial evoluir para a formação de um abscesso 
(com ou sem necrose da pele suprajacente) ou de um fleimão. Nos 
casos mais graves, pode haver superinfecção por bacilos gram-
negativos. 
- Do ponto de vista clínico, ocorrem vermelhidão, calor, dor, edema 
depressível e intumescimento da pele e do subcutâneo no local da 
infecção. Em contraste com a erisipela, as bordas da área de celulite 
são planas e mal definidas. A linfangite e/ou linfadenite de 
drenagem são menos frequentes, porém não são raras. Pode 
ocorrer disseminação via vasos linfáticos e/ou corrente sanguínea 
e bacteremia. 
- O paciente apresenta ainda manifestações gerais usualmente 
discretas, caracterizadas por mal-estar, febre, calafrios e anorexia, 
e a temperatura axilar média oscila em torno de 38°C. A celulite de 
membros inferiores em pacientes idosos pode causar 
tromboflebite. 
- O leucograma costuma revelar leucocitose discreta com pouco ou 
nenhum desvio para a esquerda. Apenas nos casos em que o agente 
etiológico é o H. influenzae, observa-se leucocitose acentuada. 
 
Tratamento 
- O tratamento da celulite é conservador e baseia-se em medidas 
locais e no uso de antimicrobianos sistêmi-cos e sintomáticos. 
- As medidas locais incluem uso de calor, repouso do segmento 
atingido e proteção da região contra o trauma. Quando o processo 
estiver localizado numa extremidade, a elevação desta constitui 
medida importante. Como a região afetada é menos sensível ao 
calor, devem ser tomadas precauções para evitar queimaduras no 
local da aplicação. 
- O repouso do segmento afetado e a proteção ao trauma têm 
como objetivo impedir a ruptura da parede de enduração 
protetora, com consequente propagação da infecção. 
- Ocorrendo formação de abscesso ou fleimão, a drenagem 
cirúrgica está indicada. O exame bacteriológico da secreção 
purulenta (Gram e cultura com antibiograma) indicará a 
manutenção ou não do antimicrobiano em uso. 
 
3 
 
 
SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
- O tratamento sistêmico baseia-se no uso de antimicrobianos, 
analgésicos e antitérmicos. Atualmente, a escolha do 
antimicrobiano varia de acordo com a forma de apresentação e 
reflete a chance de o agente etiológico ser S. aureus. 
- Pacientes com celulite leve podem ser tratados com 
antimicrobianos por via oral, enquanto aqueles com sinais de 
toxicidade sistêmica ou quando o eritema progride rapidamente 
devem ser tratados com antimicrobianos por via parenteral. 
- Opções para o tratamento empírico por via oral incluem 
clindamicina, sulfametoxazol--trimetoprima, tetraciclina 
(doxaciclina ou minociclina) ou linezolida. A duração do tratamento 
depende da resposta clínica e deve ser individualizada, sendo, na 
maioria das vezes, entre 5 e 10 dias. Pacientes com celulite grave 
devem ser tratados por mais tempo. 
ABSCESSO 
- Infecção localizada do tecido conjuntivo com destruição de 
tecidos e formação de pus. 
- Geralmente constitui complicação de infecções contíguas 
(erisipela, celulite, hidradenite supurativa etc.). Pode resultar de 
contaminação secundária de ferida traumática ou ocorre como 
foco infeccioso metastático na vigência de bacteremias ou 
endocardite. 
- O agente etiológico mais comum é o S. aureus. Seguem-se os 
estreptococos e os anaeróbios. O S. aureus é mais comum nos 
abscessos do tronco e membros, enquanto os anaeróbios são mais 
comuns nas regiões perianal, genital e inguinal. Nestas regiões, 
além dos anaeróbios, E. coli, difteroides e Proteus também podem 
ser os responsáveis. Nos abscessos recidivantes, deve-se pensar em 
infecção mista (aeróbia/anaeróbia) independente da localização da 
lesão. 
- Apresenta-se como tumoração mais ou menos proeminente e 
circunscrita, delimitada, de tamanho variável, consistência 
endurecida que se torna amolecida, flutuante à medida que a lesão 
amadurece, de localização dermo-hipodérmica e/ou subcutânea, 
circundada ou não por uma área de celulite. Acompanha--se, quase 
sempre, de rubor, calor, dor e manifestações gerais (febre, mal-
estar e calafrios). Nos abscessos mais profundos, flutuação e rubor 
podem estar ausentes. Nesses casos, a dor é mais difusa. 
 
Tratamento 
- Na fase de maturação, o tratamento é semelhante ao da celulite, 
consistindo nas medidas locais e gerais já mencionadas para o 
tratamento dessa afecção. O uso de antimicrobianos sistêmicos 
pode ser instituído nessa fase, mas, se o abscesso já estiver 
formado, parece que a contribuição do medicamento é de menor 
valor. 
- A indicação ao uso de antimicrobianos deve ser limitada à 
presença de associação do abscesso com linfangite, linfadenite, 
febre e/ou sinais de bacteremia, uma vez que, nas lesões bem 
circunscritas, e dependendo do antimicrobiano usado, a membrana 
piogênica impede que este atinja concentrações terapêuticas 
satisfatórias na cavidade do abscesso. 
- Eles devem ser usados também nos casos de abscessos maiores 
que 5 cm, múltiplas lesões, extremos de idade, áreas de difícil 
drenagem (face, mãos e genitália) e em diabéticos ou 
imunossuprimidos. 
- Os antimicrobianos mais indicados são as penicilinas sintéticas 
resistentes à penicilinase, cloxacilina (500 mg) ou dicloxacilina (250 
mg) VO, de 6/6 h, uma vez que a maioria dos estafilococos é 
resistente à penicilina e am-picilina. Alternativas para pacientes 
alérgicos à penicilina incluem clindamicina (150 mg a 300 mg) ou 
eritromicina (250 mg a 500 mg) VO, de 6 h em 6 h. Podem também 
ser usadas cefalosporinas, cefalexina (500 mg) VO de 6/6 h ou 
cefadroxil (500 mg) VO de 12 h em 12 h. 
- Quando o abscesso estiver bem localizado e a flutuação for 
evidente, incisão e drenagem constituem o tratamento adequado. 
A drenagem possibilita o escape do pus acumulado na loja do 
abscesso, eliminando grande quantidade de microrganismos em 
proliferação e evitando que a hipertensão local, resultante do 
acúmulo do exsudato, rompa a barreira piogênica, disseminando a 
infecção. Além disso, ela permite eliminar a cavidade criada pela 
lesão, favorecendo a cura e possibilitando alívio acentuado da dor 
pela diminuição da tensão intracavitária. 
- Quando o paciente não estiver em uso de antimicrobiano, ele 
pode ser administrado, por via endovenosa, meia hora antes da 
drenagem, de modo que, havendo ruptura da membrana piogênica 
durante a intervenção, com disseminação bacteriana, o 
medicamento possa exercer efeito satisfatório. 
- A técnica de drenagem deve obedecer aos seguintes princípios: 
1. Uso de técnica cirúrgica rigorosamente asséptica. Ao contrário 
do que possa parecer, por se tratar de lesão infectada, uma 
técnica asséptica previne a contaminação da lesão por outros 
microrganismos, possivelmente até mais virulentos. 
2. A escolha da anestesia depende do tamanho e local do 
abscesso, idade e equilíbrio emocional do paciente, além de 
equipamento disponível. Assim, nos abscessos muito 
volumosos e/ou localizados em regiões muito sensíveis (p. ex., 
região perianal), a anestesia geral ou o bloqueio troncular são 
os mais indicados. Também nas crianças, a anestesia geral 
deve ser feita de maneira quase rotineira. Nos demais casos, a 
anestesia local pode ser realizada. Ela é feita por infiltração 
intradérmica de lidocaína, interessando apenas o local da 
incisão. Nesse caso, devem ser tomados todos os cuidados 
para impedir a propagação da infecção para os tecidos 
adjacentes. 
3. A incisão é realizada no ponto de maior flutuação do abscesso. 
Deve ser liberal para permitir drenagem eficiente e, sempre 
que possível, obedecer à direção das linhas de força da pele. 
Em seguida, evacua-se o conteúdo intracavitário (pus) após 
coleta do material para exame bacteriológico (Gram e cultura 
com antibiograma). Não espremer. 
4. Nos abscessos profundos, após esvaziamento da loja, coloca-
se um dreno de Penrose, quedeve ser retirado após a parada 
de drenagem e/ou desaparecimento da cavidade. Nos 
abscessos superficiais, pode ser utilizado um recurso, que é a 
retirada de um fragmento de pele no local de drenagem, 
constituindo a chamada “drenagem em janela”. Esse 
procedimento dispensa o uso do dreno. 
 
4 
 
 
SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
- Terminada a intervenção, aplica-se um curativo, que deve ser 
trocado diariamente até que ocorra a resolução do processo. Nos 
casos em que não se colocam drenos, deve-se realizar, durante as 
trocas de curativos, mano-bras delicadas de afastamento das 
bordas da ferida para que não ocorram seu fechamento precoce e 
persistência da infecção. 
 
FLEIMÃO 
- Inflamação difusa e necrosante do tecido conjuntivo. Representa, 
também, grau evolutivo de um mesmo processo inflamatório que 
envolve a celulite e o abscesso. Nesse caso, os fenômenos de 
supuração não se limitam à pequena área. Ao contrário dos 
abscessos, não ocorre formação de membrana piogênica, e o 
processo tende a invadir os tecidos numa extensão muito mais 
significativa. 
- Tem mais comumente etiologia estreptocócica (maior poder de 
difusão). Pode ser produzido também pelo S. aureus e por bacilos 
gram-negativos e anaeróbios, isolados ou em associação. O fleimão 
pode ser supra-aponeurótico, quando localizado no tecido celular 
subcutâneo acima da aponeurose; subaponeurótico, se está 
situado abaixo da aponeurose; e profundo, quando atinge os 
espaços intermusculares. 
- O comprometimento do estado geral do paciente é, em regra, 
muito mais acentuado que nos abscessos, seja pela maior ação 
tóxica dos microrganismos, seja pelas alterações funcionais e 
orgânicas que a infecção determina, como também pela maior 
necessidade de produção pelo organismo de elementos defensivos 
que vão atuar, no local da infecção, contra os microrganismos e 
suas toxinas. 
- Por outro lado, a maior difusão local do processo é responsável 
por alterações locais muito mais intensas, que podem evoluir até a 
gangrena. Por esses motivos, entre outros, achamos conveniente 
internar os indivíduos portadores de um fleimão. 
 
Tratamento 
- O tratamento geral baseia-se nos mesmos princípios observados 
para os abscessos. Acrescenta-se, aqui, o maior valor da 
antibioticoterapia sistêmica. 
- Podem ser utilizadas penicilinas sintéticas resistentes à 
penicilinase por via endovenosa (oxacilina – 2 g EV de 4/4 h) ou 
cefalosporinas de primeira geração (cefazolina – 2 g EV de 8/8 h). 
Uma alternativa para pacientes alérgicos à penicilina é a 
vancomicina (1 g EV de 12/12 h). 
- O tratamento cirúrgico demanda o uso de incisões amplas da pele 
e desbridamento rigoroso dos septos apo-neuróticos e bainhas 
musculares. O objetivo principal é permitir drenagem ampla das 
secreções. 
- São feitos inicialmente curativos diários e, posteriormente, a cada 
2 ou 3 dias, de acordo com a evolução. O tecido necrosado é 
desbridado à medida que a necrose se define. Na maioria das vezes, 
esses curativos subsequentes (sobretudo os primeiros) são 
realizados no bloco cirúrgico, com o paciente sob anestesia ou 
sedação. 
PANARÍCIO 
- Infecção supurativa da polpa digital, de origem estafilocócica na 
grande maioria das vezes. 
 
LINFADENITE AGUDA 
- Infecção de linfonodos representando, na grande maioria dos 
casos, a localização secundária ou propagação de infecção situada 
nas proximidades ou a distância. No último caso, ela está localizada 
em uma área cuja drenagem linfática se faz no sentido do(s) 
linfonodo(s) acometido(s). 
- Pode ser específica (origem tuberculosa, sifilítica, linfogranuloma 
venéreo, leishmaniose etc.) ou inespecífica. A inespecífica tem 
usualmente etiologia estafilocócica ou estreptocócica. 
- Inespecíficas: Elas surgem frequentemente na evolução dos 
diferentes tipos de infecções da pele, subcutâneo e tecidos mais 
profundos já citados aqui. É comum ocorrer também inflamação 
associada aos vasos linfáticos (linfangite). 
- Ocasionalmente são secundárias à disseminação por via 
sanguínea de infecções a distância. Podem ser também de origem 
traumática. 
 
5 
 
 
SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
- Caracterizam-se pelo aumento do volume de um ou mais 
linfonodos, que se apresentam duros, regulares e dolorosos. Na 
fase inicial, os linfonodos acometidos são móveis, podendo ser 
deslocados facilmente sob a pele que os recobre. 
- Com a evolução do processo, ocorre acometimento dos tecidos 
perilinfonodais, surgindo edema, rubor, calor e aumento da dor 
espontânea e à palpação. Nessa fase, torna-se difícil individualizar 
os linfonodos atingidos, pois a periadenite promove empastamento 
regional, com aderência da pele aos tecidos mais profundos. 
- Quando não convenientemente tratado, o processo evolui para a 
formação de abscesso linfonodal (ou ganglionar). Na fase de 
periadenite, os fenômenos gerais são intensos e caracterizam-se 
por indisposição, febre, calafrios, inapetência e prostração. 
 
- Os abscessos ganglionares podem ser facilmente diagnosticados 
pela presença de flutuação. Quando não drenados cirurgicamente, 
produzem necrose da pele que os recobre, com consequente 
abertura para o exterior (fistulização). 
Tratamento 
- Deve interessar principalmente a infecção original que motivou o 
comprometimento linfonodal. Assim, o tratamento vai depender 
da natureza da lesão inicial. Na maioria dos casos, recorre-se às 
medidas utilizadas na terapêutica das infecções anteriormente 
citadas (repouso, imobilização e elevação de segmento atingido, 
calor local, antibioticoterapia). Quando essas medidas são usadas 
na fase inicial do desenvolvimento da infecção, consegue-se 
abortá-la. 
- Numa fase mais tardia, quando já está presente o abscesso 
ganglionar com flutuação, a incisão com drenagem cirúrgica está 
indicada. Para realizá-la, é necessário que o abscesso esteja bem 
localizado e que já tenha ocorrido diminuição intensa ou 
desaparecimento da enduração. 
INFECÇÕES DOS ANEXOS DA PELE 
FURÚNCULO 
- Infecção necrosante do folículo pilossebáceo, produzida quase 
sempre pelo S. aureus. Por vezes, outros microrganismos, como 
Streptococcus sp., E. coli, P. aeruginosa e Proteus, podem ser os 
responsáveis. 
- Pode ocorrer em qualquer local da superfície cutânea, com 
exceção das superfícies palmar e plantar, mas tem predileção 
especial por áreas ricas em folículos pilosos e sujeitas a fricção e 
transpiração (região cervical, face, axilas e nádegas). 
- Sua incidência aumenta após a puberdade, sendo mais comum em 
homens adolescentes. Geralmente, as bactérias penetram no 
interior do folículo pilossebáceo, onde determinam inicialmente 
uma foliculite. A seguir, a infecção se estende à derme e ao tecido 
conjuntivo subcutâneo. Forma-se, então, uma área de necrose 
central, com hiperemia e enduração circunjacentes. Os leucócitos 
e outras células de capacidade fagocitária migram para a área 
infectada; alguns são destruídos pelas toxinas bacterianas e se 
liquefazem, formando o pus. 
- O material necrótico central é eliminado juntamente com o pus, 
quando este abre caminho para o exterior através da epiderme. A 
porção necrosada eliminada recebe o nome de “carnegão”. 
- O furúnculo manifesta-se, inicialmente, como pequena área 
avermelhada, endurada, que surge em torno de um folículo 
pilossebáceo. Com a evolução, o nódulo inflamatório torna-se 
saliente, duro, doloroso, e apresenta aumento de volume. 
- A lesão é extremamente sensível à compressão nessa fase, e a dor 
é tanto mais intensa quanto menos distensível for o tecido celular 
subcutâneo do local acometido. No ápice dessa saliência, forma-se 
zona de coloração branco-avermelhada, em decorrência da 
necrose da pele, que acaba por se romper espontaneamente, 
eliminando pequena quantidade de pus nos furúnculos menores e 
deixando escapar o “carnegão” nos de maiores proporções. 
- Coma eliminação do pus e do material necrótico, ocorre 
diminuição da tensão, com alívio gradual da dor. A área endurada 
pode permanecer assim pelo período de 1 semana ou mais, quando 
evolui para a cura, após eliminação de todo o material necrótico. 
- A evolução é quase sempre favorável. As complicações, quando 
ocorrem, dependem principalmente da disseminação dos 
microrganismos por ruptura da barreira defensiva. Uma das causas 
mais importantes desse advento é o hábito, comum entre os leigos, 
de espremer os furúnculos. A disseminação hematogênica pode 
resultar em osteomielite, endocardite ou outros focos infecciosos 
metastáticos a distância. 
- Existe, na face, a chamada “zona perigosa” com relação aos 
furúnculos e outras infecções. Ela está situada nas regiões do lábio 
superior e nariz. As infecções aí localizadas podem propagar-se 
para o seio cavernoso e produzir trombose deste. Por isso, todos os 
furúnculos na face devem ser tratados com antibioticoterapia 
sistêmica, e a drenagem cirúrgica deve ser evitada. 
 
- O aparecimento de furúnculos múltiplos (furunculose) é 
relativamente comum e quase sempre provocado pelo ato de 
coçar, que determina eliminação de pus do furúnculo traumatizado 
com reinoculação em pontos vizinhos. As roupas também podem 
ser veículos de transmissão. 
- Nos casos de furunculose ou de recorrência, deve-se pesquisar 
fatores predisponentes, tais como desnutrição, obesidade, 
discrasia sanguínea, uso de corticosteroides, alterações na função 
dos neutrófilos, diabetes melito e infecção pelo HIV. 
 
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SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
 
Tratamento 
- As medidas gerais incluem o uso de analgésicos e antimicrobianos 
sistêmicos. A antibioticoterapia sistêmica, segundo alguns autores, 
pode ser dispensada em casos selecionados, que apresentam 
infecção restrita, sem celulite circunjacente nem febre. 
- Os medicamentos de escolha são as penicilinas sintéticas 
resistentes à penicilinase cloxacilina (500 mg) ou dicloxacilina (250 
mg), VO de 6/6 h. Alternativas para pacientes alérgicos à penicilina 
incluem clindamicina (150 mg a 300 mg) ou eritromicina (250 mg a 
500 mg), VO de 6 h em 6 h. 
- As medidas locais mais importantes consistem no uso de calor 
úmido local e imobilização do segmento atingido. Quando 
localizado em uma extremidade, esta deve ser elevada. Com essas 
medidas, a grande maioria dos casos pode ser tratada 
conservadoramente. 
- Em geral, se o antimicrobiano em uso está sendo eficaz, ocorre 
involução ou maturação do processo em um prazo de 48 h a 72 h. 
No último caso, há eliminação espontânea do material necrótico. 
- A incisão e drenagem cirúrgica, na maioria dos casos, não é 
necessária nem vantajosa, já que possibilita romper a barreira 
defensiva, disseminando a infecção. 
- Quando ocorrem maturação do furúnculo e início da eliminação 
do “carnegão”, pode-se completar a evacuação da cavidade 
retirando-se a zona central de necrose com pequena pinça 
hemostática. Aplica-se, a seguir, pomada de antibiótico (neomicina, 
bacitracina ou ácido fusídico) no interior da loja, cobrindo-se com 
curativo. 
- Por vezes, a intervenção cirúrgica (incisão e drenagem) pode ser 
necessária, particularmente em lesões grandes e com flutuação. 
Quando realizada sob anestesia local, esta pode ser do tipo 
bloqueio de campo ou, de preferência, quando possível, anestesia 
troncular. Após a incisão, os tecidos necrosados devem ser 
removidos, juntamente com a secreção purulenta. Aplica-se, a 
seguir, curativo oclusivo. Os curativos devem ser trocados 
diariamente, até que seja debelado o processo infeccioso e 
ocorram granulação e resolução da ferida. 
- Nos casos de infecções recorrentes está indicada a profilaxia. As 
principais medidas incluem tratamento antimicrobiano, por 10 a 14 
dias, de todo episódio infeccioso novo, limpeza da pele com uso de 
soluções antissépticas (clorexidina a 4%, hexaclorofeno), lavagem 
frequente das mãos, uso de toalhas limpas e trocas frequentes de 
fronhas e roupas íntimas. 
 
CARBUNCULO OU ANTRAZ 
- Infecção necrosante de vários folículos pilossebá-ceos contíguos 
com acometimento do tecido conjuntivo adjacente, incluindo o 
tecido subcutâneo. 
- Quase sempre, o agente etiológico é o S. aureus. Constitui, como 
já foi dito, um estágio adiantado do furúnculo em que ocorre 
propagação do processo infeccioso. Esta depende de fatores 
anatômicos e/ou diminuição dos fatores defensivos do organismo. 
- Vários são os fatores que determinam diminuição das defesas 
orgânicas, predispondo ao desenvolvimento dos carbúnculos. 
Entre eles, distinguimos o diabetes melito, a desnutrição, o uso de 
corticosteroides, as dermatoses graves (dermatite esfoliativa, 
pênfigo), as discrasias sanguíneas, os traumatismos, a má higiene 
etc. O diabetes é particularmente importante, devendo ser 
pesquisado em todos os indivíduos portadores da infecção. 
- Aparece como área de enduração intensamente dolorosa e 
avermelhada, no centro da qual se desenvolvem múltiplas áreas de 
necrose, das quais saem pequenas quantidades de pus. A pele, no 
local da necrose, apresenta-se com aspecto de favo de mel. Em 
torno dessa área, ela é avermelhada e endurada, corresponden do 
à zona de edema, hiperemia e infiltração leucocitária. 
 
- Podem estar presentes ainda linfangite e linfadenite de 
drenagem. A absorção de produtos tóxicos do processo infeccioso 
determina o aparecimento de leucocitose e febre, que pode ser 
alta. 
- Outros sintomas gerais podem estar presentes, como calafrios, 
astenia, mal-estar, anorexia etc. A invasão da corrente sanguínea 
com septicemia e desenvolvimento de abscessos metastáticos é 
rara e ocorre sobretudo nos pacientes debilitados. 
- Quando não tratado, a evolução é prolongada, uma vez que a 
drenagem do material necrótico é dificultada pelas intensas 
ramificações que se estendem dos orifícios de drenagem até o 
tecido celular subcutâneo subjacente. 
Tratamento 
- Enquanto no furúnculo o tratamento conservador é, quase 
sempre, a melhor conduta, o carbúnculo requer terapêutica 
cirúrgica agressiva, no sentido de aliviar a dor, promover drenagem 
eficaz e acelerar a cura. 
- Além da terapêutica cirúrgica, deve ser instituído ainda 
tratamento clínico complementar, que consiste no uso de 
antibioticoterapia sistêmica (penicilina sintética resistente à 
penicilinase, cefalosporinas de primeira geração etc.), analgésicos, 
repouso do segmento atingido e calor úmido local. O diabetes deve 
ser pesquisado, e, quando presente, deve ser controlado 
clinicamente. 
- O tratamento cirúrgico deve ser realizado preferencialmente sob 
anestesia geral ou troncular. A internação hospitalar não é 
necessária, salvo quando houver comprometimento acentuado do 
estado geral ou concomitância com outras afecções sistêmicas. 
 
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- A cirurgia baseia-se em dois princípios fundamentais: excisão 
radical e drenagem ampla, que podem ser obtidas por meio dos 
seguintes método: 
1. Uso de incisões em cruz atingindo toda a extensão do 
carbúnculo. 
2. Uso de incisões paralelas (Gridiron). 
3. Incisão circular atingindo toda a periferia da lesão e 
promovendo sua excisão completa. 
4. Incisão estelar com ressecção dos retalhos. 
 
 
- A incisão em cruz é uma das mais utilizadas. Nos pequenos 
carbúnculos, é a que dá melhores resultados. Ela deve atingir as 
camadas mais profundas do tecido necrótico e também toda a 
extensão da lesão em cada direção. Cada um dos quatro segmentos 
obtidos com a incisão é reparado por uma pinça de Allis e 
ressecado. A ressecção também deve atingir toda a extensão do 
tecido necrosado, tanto em lateralidade quanto em profundidade. 
Quanto mais tecido necrosado for removido, mais rápida será a 
cicatrização. 
- Com essas manobras, pode ocorrer sangramento mais ou menos 
considerável, que, no entanto, pode serfacilmente controlado por 
meio de um curativo compressivo. 
- O curativo, salvo em caso de sangramento considerável, não deve 
ser manipulado durante 24 h a 48 h. Após esse período, o tufo de 
gaze é removido e os tecidos necrosados persistentes retirados 
com pinça. São feitos curativos diários até que ocorram remissão 
da infecção, formação de tecido de granulação e fechamento da 
ferida. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de enxerto 
cutâneo. 
HIDRADENITE SUPURATIVA (ACNE INVERSA) 
- Infecção inflamatória crônica recorrente, debilitante, que atinge a 
pele intertriginosa das regiões axilar, inguinal, inframamária, 
genital ou perianal. Atualmente, é aceito que a primeira alteração 
patogenética ocorre nos ductos foliculares pilossebáceos, como na 
acne, e há tendência a se renomear essa afecção de acne inversa. 
- Na patogênese da doença, ocorre oclusão do folículo sebáceo por 
queratina. A obstrução determina aumento da pressão intraductal, 
com ruptura folicular, inflamação e, posteriormente, infecção 
secundária por bactérias da flora normal da pele. 
- Os microrganismos mais encontrados são o S. aureus, o S. milleri, 
bactérias aeróbias gram-negativas (E. coli, Proteus, Pseudomonas) 
e anaeróbios. 
- Desenvolve-se então o processo infeccioso, que atinge a derme, o 
tecido celular subcutâneo e as glândulas sudoríparas apócrinas 
adjacentes, levando a fibrose e enduração, formação de cicatrizes, 
destruição dos anexos da pele e formação de sinus. 
- Ocorre após o início da puberdade com o desenvol-vimento dos 
caracteres sexuais secundários e da função das glândulas 
apócrinas. Acomete principalmente a região axilar, seguida pelas 
regiões inguinocrural, perianal, região mamária, nuca e couro 
cabeludo. 
- A hidrosadenite afeta mais mulheres do que homens, numa 
propor-ção de 3:1. O acometimento bilateral das axilas é comum. 
- Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulo eri-tematoso, duro e 
doloroso na região, frequentemente acompanhado de febre. Ao 
final de poucos dias, o nódulo começa a amolecer, vindo a 
apresentar flutuação e ruptura, com drenagem de secreção 
purulenta e formação de tratos crônicos de drenagem. 
- Para o diagnóstico de hidradenite supurativa, é neces-sário 
atentar para os três critérios estabelecidos: 
1. Lesões típicas: nódulos profundos, dolorosos e precoces 
em lesões primárias, abscessos, drenagem de sinus, 
cicatrizes em ponte e comedões tipo lápide em lesões 
secundárias. 
2. Localização típica: axila, virilha, genitais, períneo, região 
perianal, região glútea, dobras infra-e intermamárias. 
3. Cronicidade e recorrência. 
 
- A evolução é variável, pois pode haver formação de apenas um 
abscesso ou o processo pode repetir-se com o aparecimento de 
novas lesões abscedadas, fistulização e fibrose regional. 
Ocasionalmente, a fibrose pode tornar-se tão extensa que produz 
restrição dos movimentos da extremidade do lado afetado. 
- Os casos crônicos podem ser acompanhados de anemia 
secundária, hipoproteinemia, amiloidose, queratite intersticial, 
artropatia periférica, astenia e depressão. Raramente, pode haver 
transformação maligna para carcinoma de células escamosas nos 
tratos epiteliais cronicamente inflamados, especialmente na região 
perianal. 
- A hidradenite supurativa deve ser diferenciada do furúnculo e do 
carbúnculo. A diferença fundamental baseia-se no fato de que nela 
não há formação do “carnegão”. Na drenagem do abscesso 
formado ocorre eliminação apenas de pus cremoso. 
 
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Tratamento 
- A hidradenite supurativa, quando não tratada, pode persistir por 
meses ou anos. O tratamento consiste em medidas locais 
(antissepsia, calor úmido) e uso de antimicrobianos. Os abscessos, 
quando formados, devem ser incisados e drenados. A região 
envolvida deve ser rigorosamente lavada com soluções 
antissépticas (hexaclorofeno, clorexidina, PVP-I) para suprimir a 
atividade bacteriana. 
- Hormônios (estrógeno, progesterona), inibidores da produção de 
androgênios (leuprolida, ciproterona), corticosteroides, derivados 
da vitamina A (isotretinoína) e ciclosporina. Porém, nenhum deles 
se mostrou completamente eficaz. 
- Existem casos, no entanto, em que o tratamento é ineficaz e 
ocorrem acometimento e destruição de novas glândulas, com 
intensificação da fibrose secundária ao processo inflamatório. 
Nesses casos mais graves e incapacitantes, podem ser realizadas 
abertura e curetagem dos trajetos fistulosos, marsupialização, 
ablação com laser de CO2, excisão local ou excisão radical da área 
envolvida com cicatrização por segunda intenção.

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