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NORMAS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO AULA 1 PROFA. DRA. LUCIANE DE GODOI 2 CONVERSA INICIAL A experimentação é uma parte fundamental da química, seja na pesquisa ou no ensino. É através dela que se desenvolvem novas tecnologias e se facilita a aprendizagem. Dessa forma, o trabalho em laboratório deve ser feito de forma atenciosa e segura, seguindo diversas normas de segurança que ajudam a diminuir e prevenir acidentes nesse espaço. TEMA 1 – NORMAS DE SEGURANÇA A experimentação sempre permeou a história da humanidade, advinda de uma necessidade ou uma ideia, seja por questão de sobrevivência, curiosidade, dentre outros. Ela é executada por tentativas, e entre erros e acertos se alcança um resultado concreto, culminando no desenvolvimento do conhecimento científico. O período pré-histórico é marcado por descobertas impulsionadas pela necessidade de caçar, se alimentar e se aquecer, acarretando na descoberta do fogo e a produção de instrumentos mais elaborados. Em tempos seguintes houve o cultivo de alimentos, diminuindo a necessidade de caça, e a substituição dos utensílios de pedra por outros mais eficientes de metal. As dificuldades enfrentadas pelas primeiras civilizações foi o que propulsionou a busca pela inovação, mesmo que de forma lenta, difícil e muitas vezes conflituosa. Na Grécia Antiga surgiu o pensamento científico, trazendo uma nova dimensão para o desenvolvimento da ciência, uma vez que foram os primeiros a procurar formular explicações sobre o mundo por meio da razão, com a valorização das ideias e da experimentação. Em séculos seguintes houve o surgimento da alquimia, que tem origem em técnicas mágicas e procurava compreender as relações cósmicas do homem com a matéria, consolidando-se como uma forma rudimentar de ciência experimental. Nela havia um entrelaço de afirmações químicas com religião, mitologia, magia, etc. Apesar do seu aspecto experimental primitivo e místico, a alquimia desenvolveu práticas relacionadas à medicina e técnicas com tinturas e metalurgia, dentre outros, sendo assim uma precursora importante de técnicas utilizadas hoje. A química surgiu como uma ciência entre os séculos XVI e XVII, com estudos de diversos cientistas que protagonizaram a primeiras descobertas da 3 química através da experimentação. No Brasil os primeiros laboratórios surgiram com a vinda da família real no início do século XVIII, quando muitas medidas estruturaram atividades científicas, que foram fundamentais para o desenvolvimento inicial da ciência no país. Estes avanços na história desencadearam a evolução das técnicas analíticas usadas, com métodos de medição e quantificação cada vez mais avançados, até atingir as técnicas que conhecemos e são largamente aplicadas atualmente. 1.1 PRINCIPAIS NORMAS DE SEGURANÇA O laboratório de química, portanto, é um espaço onde são desenvolvidos experimentos, análises, pesquisas, etc., de acordo com a área que está inserido. Diante disso, é um ambiente de trabalho sério e que exige cuidado e atenção. Nele existem inúmeros agentes químicos tóxicos, inflamáveis e corrosivos, o que facilita a ocorrência de acidentes devido a descuidos e falta de conhecimento de possíveis perigos. É fundamental que se observe um conjunto de normas de segurança que tem por objetivo diminuir a frequência e gravidade dos acidentes. Dentro do laboratório é obrigatório o uso de guarda-pó longo e de manga comprida, de preferência de algodão (visto que tecidos sintéticos podem reagir com produtos químicos, e dependendo do acidente, grudar na pele), e óculos de segurança. O uso de calças compridas e sapato ou tênis fechado é fundamental, pois protegem melhor a pele, sendo bom evitar o uso de bermudas, saias, sandálias e chinelos; Cabelos compridos devem ser presos, de maneira a evitar que se incendeiem próximos de uma chama ou sejam mergulhados em soluções; O trabalho em laboratório é sério, e brincadeiras dentro desse ambiente é perigoso, portanto evite comportamentos que possam causar distração própria e dos colegas, diminuindo assim os riscos de acidentes; É estritamente proibido ingerir alimentos e bebidas e nem fumar dentro do laboratório; Siga de forma rigorosa os procedimentos experimentais das atividades realizadas, executando apenas o que está indicado sem alterações. Em caso de necessidade de desvios do procedimento, consulte um professor ou profissional; 4 Tenha sempre um caderno de laboratório para fazer anotações relevantes e pertinentes às práticas; Utilizem de forma adequada as vidrarias do laboratório, atento as técnicas de manuseio de cada uma. Evite usar vidrarias trincadas, quebradas ou com defeito, especialmente em sistemas que exigem aquecimento ou utilizem vácuo; Antes de ligar qualquer aparelho elétrico, verifique se a voltagem da rede elétrica corresponde à indicada na etiqueta do aparelho; Leia atentamente o rótulo de qualquer frasco antes de usar, tendo a certeza de ser o reagente correto. Mantenha o frasco de reagente sempre fechado após o uso, independentemente do intervalo de tempo que terá de usá-lo novamente; Evite o contato de qualquer substância com a pele, e tenha cuidado especial ao manusear agentes corrosivos como ácidos e bases fortes; Nunca prove ou toque qualquer produto químico. Mesmo que o produto seja aparentemente inofensivo, não se sabe o grau de contaminação dele; Nunca pipete qualquer reagente com a boca, nem que seja água; O uso de reagentes voláteis ou que liberem vapores, e experiências que envolvam a liberação de gases ou vapores tóxcios, devem ser sempre executadas dentro de uma capela; As vidrarias que tiveram contato com reagentes ou soluções, especialmente as pipetas, não devem ser chacoalhadas fora da pia ou de outro lugar adequado. Caso uma solução seja derramada e não souber como proceder, consulte um professor ou profissional para seguir de forma adequada com a limpeza; Minimize o gasto de reagentes, procurando sempre usar somente o previsto no roteiro do experimento. Em caso de sobra de reagente, não devolva ao frasco original devido ao risco de contaminação; Na necessidade de utilizar uma chama do bico de bunsen, familiarize-se com o uso do gás e sempre apague a chama após o uso; Nunca manuseie ou deixe substâncias inflamáveis próximas da chama; Sempre permita que qualquer objeto quente esfrie por tempo adequado antes de manusear. É importante lembrar que os materiais quentes e frios geralmente têm a mesma aparência; 5 Evite fazer montagens instáveis de aparelhos, como ultilizar caixas, livros, etc., como suportes. Use materiais apropriados para cada situação, como suportes metálicos, garras, anéis, etc.; O descarte de produtos ou reagentes jamais deve ser feita na pia ou na lixeira, exceto em casos que há certeza em relação à sua inofensividade ao meio ambiente; Ao concluir um experimento, lave profusamente todas as vidarias e guarde- as em seus devidos lugares. Certifique que a bancada está limpa e em ordem, evitando que outra pessoa que usar não se machuque com substâncias desconhecidas; Ao sair do laboratório, verifique se as torneiras de água e o registros de gás estão devidamente fechados, e se todos os aparelhos estão desligados. Essas normas de segurança e precaução são de suma importância e indispensáveis para que se realize um trabalho assegurado em laboratório, garantindo o melhor andamento e proveito possível em aulas práticas, evitando acidentes que possm colocar em risco a saúde e até a vida de todos presentes no ambiente. Para que isso se efetive, é essencial conhecer e aplicar essas normas e reconhecer e saber indicar o uso de equipamentos e vidrarias básicas de laboratório. TEMA 2 – O TRABALHO DO QUÍMICO A Química é a ciência que estudaa constituição da matéria, suas propriedades e transformações, assim como as leis naturais que as regem. A partir dela foi desenvolvido um conjunto de conhecimentos – sejam técnicos ou teóricos – que viabiliza a promoção e o domínio dos fenômenos de transformação da matéria com o foco para o benefício do homem. Esse conjunto de conhecimentos é apropriado pelo profissional da química e o capacita para atuar em diversas áreas. Sendo assim, o químico é um profissional capacitado para conhecer, pesquisar e transformar materiais em produtos, desde os mais básicos do cotidiano até alguns provenientes de processos bastante sofisticados. O químico pode atuar em diversas áreas, seja no ensino ou na indústria, dependendo a formação. Dentre elas existem as áreas de alimentos, bebidas, biocombustíveis, celulose e papel, cosméticos, essências, farmoquímicos, fertilizantes, meio ambiente, perícias, petroquímica, saneantes, têxtil, tintas, 6 além de inúmeras outras. Sua atuação permeia basicamente qualquer tipo de indústria que existe, atuando não somente em laboratórios, mas em todas as atividades que necessitam de um acompanhamento de um profissional, podendo ser o projeto, planejamento e controle de produção, o desenvolvimento de produtos, operações e controle de processos químicos, o tratamento de resíduos industriais, a gestão de meio ambiente, e até mesmo vendas e assistência técnica. Em síntese, é uma área ampla com um vasto campo de trabalho. Os cursos que atribuem ao profissional uma formação na área de química, segundo o Conselho Regional de Química, podem ser cursos técnicos ou superiores, sendo os mais comuns: Técnico em Química: o curso Técnico em Química é de nível médio com duração de dois anos, em modalidade subsequente ou integrada ao ensino médio. É um curso com disciplinas de diversas áreas que são fundamentalmente práticas e com foco numa atuação profissional específica, preparando o aluno para operar e coordenar processos químicos industriais e a utilizar equipamentos específicos. Além do foco em processos industriais, o curso também prepara profissionais para atuar em laboratórios e análises e controle de qualidade, assim como na área comercial e assistência técnica; Tecnólogo em Química: o Tecnólogo em Química é um curso de curta duração, assim como o Técnico em Química, com média de dois anos, porém fornece uma formação de nível superior. É necessário, portanto, ter concluído o ensino médio. Assim como o técnico, o curso conta com bastante atividades práticas, sobretudo em laboratório, sendo exigido trabalho de conclusão de curso e realização de estágio. Esta modalidade oferece diversas habilitações com muitas possibilidades de atuação, dentro das aptidões específicas de cada um. Dentre elas existem: o Tecnólogo em Processos Químicos: atua no controle de qualidade de matérias-primas, reagentes e produtos dos processos químicos industriais; o Tecnólogo em Processos Ambientais: atua no planejamento e gestão de intervenções nos processos ambientais para prevenção e minimização de impactos; 7 o Tecnólogo em Alimentos: atua na gestão de processos de beneficiamento e conservação de alimentos; o Tecnólogo em Polímeros: atua na fabricação e formulação química de polímeros, tintas e vernizes e desenvolve análises laboratoriais; Bacharelado em Química: o Bacharelado em Química é um curso superior de longa duração, com média de 4 a 5 anos, com carga horária maior e um equilíbrio entre disciplinas práticas e teóricas, proporcionando um intenso contato com disciplinas de física, matemática e, sobretudo química. Enquanto os curos de Técnico em Tecnólogo têm um foco na rápida inserção no mercado de trabalho pelo domínio de atividades práticas, o Bacharelado tem um foco na formação do conhecimento com uma base sólida. O curso capacita o profissional a atuar no setor produtivo, com foco na atividade industrial e de transformação; Licenciatura em Química: a Licenciatura em Química, assim como o Bacharelado, é um curso superior de longa duração, com média de 4 a 5 anos, com carga horário maior e contato com diversas disciplinas práticas e teóricas, dentre elas as de formação pedagógica. A formação de Licenciatura foca na preparação de professores para lecionar na área para os anos finais do ensino fundamental e ensino médio. Com uma pós- graduação, dependendo das exigências da instituição de ensino superior, o químico pode atuar como professor universitário; Engenharia Química: o curso de Engenharia Química é um curso superior de longa duração, com média de 5 anos, com foco em disciplinas aplicadas que trabalham com processos químicos em escala industrial para desenvolver produtos para a indústria química. Durante o curso o aluno tem contato intenso com disciplinas de matemática e física, e muitas ligadas à química, além de algumas atividades de laboratório. O perfil profissional do químico, independente da formação acima, é de um profissional responsável por realizar amostras, cuidar do desenvolvimento e aplicação de produtos e gerenciar o controle químico de qualidade. Deve se manter constantemente atualizado em relação aos avanços tecnológicos envolvendo processos químicos, dominar técnicas de utilização de equipamentos laboratoriais e industriais e buscar uma formação continuada no seu campo de atualização, visto que a química se situa numa atividade econômica de contínuas transformações. 8 A profissão do químico foi reconhecida pelo decreto nº 24.693 de 12 de Julho de 1934 e regulamentada pelo Decreto-lei nº 5.452 de 1 de Maio de 1943 (C.L.T.). Inicialmente o decreto nº 24.693/34 reconhecia como profissionais de química quem possuía um diploma de químico, químico industrial ou engenheiro químico, assim como os trabalhadores que atuavam em atividades de químico mesmo sem formação específica. Com a criação da C.L.T., houve a fiscalização do exercício da profissão, e era necessária a apresentação dos diplomas e a contratação de profissionais devidamente regularizados. A partir da criação do Conselho Federal de Química (CFQ) e os Conselhos Regionais de Química (CRQ) pela Lei nº 2.800 de 18 de Junho de 1956, as atribuições referentes à regulamentação da profissão foram passadas aos CRQs, estando responsáveis pelo registro, fiscalização e penalidades do exercício da profissão. Essa lei também reconheceu como profissionais da química os Bacharéis e Técnicos em Química. A remuneração dos profissionais desta área, diplomados em engenharia, química, agronomia, etc., são estabelecidos pela Lei nº 4.950-A de 22 de Abril de 1966. TEMA 3 – O AMBIENTE DE LABORATÓRIO O laboratório é um ambiente adaptado com inúmeros instrumentos e equipamentos que atendem demandas e necessidades específicas, seja de experiências ou pesquisas, de acordo com a atividade que desenvolve e a área a que pertence. É um espaço comum de se encontrar em indústrias e em escolas e universidades, sendo que no meio acadêmico é usado para fins educativos, sejam aulas práticas ou pesquisa. Alguns tipos de laboratório comuns são o clínico, físico, microbiológico e sobretudo o químico, que por sua vez pode ser subdivido por área, como bioquímico, orgânico, inorgânico, físico-químico, etc. O laboratório físico está presente em muitos setores, sendo fundamental na indústria e geral. É responsável por realizar uma série de atividades, como análise de materiais, visuais e dimensionais, exames metalográficos, ensaios destrutivos e não destrutivos, etc. Este laboratório deve ter equipamentos sofisticados e de alta tecnologia certificados, desde células de carga a espectrômetros, onde são aplicados muitos cálculos e conceitos da física. É um ambiente que oferece riscos menores que um laboratório de química, porém com o mesmo trabalho minucioso necessário em qualquer laboratório.9 O laboratório de análises microbiológicas, presente principalmente em clínicas e indústrias farmacêuticas, é responsável por análises para detecção de micro-organismos indicadores de contaminação como bactérias, vírus e parasitas patogênicos, avaliando a qualidade higiênica das amostras. São ambientes extremamente limpos e isolados com um controle de calor, umidade e exposição a agentes biológicos, pois impurezas provenientes de qualquer lugar podem contaminar as amostras no meio de cultura. O laboratório de química pode ser dividido em diferentes áreas de acordo com o lugar em que está inserido, e cada um possui equipamentos e produtos específicos para a atividade que desempenha. Laboratórios de controle de qualidade em indústrias normalmente realizam análises físico- químicas, como solubilidade, densidade, quantificação de impurezas, etc., por meio de técnicas analíticas usando variados materiais específicos da área, dentre vidrarias e equipamentos eletrônicos. Nestes ambientes existem muitos riscos devido ao manuseio de produtos químicos tóxicos e nocivos à saúde, tornando o ambiente muitas vezes insalubre, o que exige a realização de exames clínicos periódicos para a prevenção de doenças e assegurar a saúde do profissional atuante nesses espaços. TEMA 4 – O LAYOUT DE UM LABORATÓRIO SEGURO A montagem de um laboratório, seja na indústria ou na escola ou universidade, deve atender a uma série de requisitos de segurança, enquadrando-se em normas internacionais como a ISO 9.000. O projeto deve ser detalhado para que o espaço seja funcional, eficiente e seguro, havendo necessidade, portanto, de procedimentos e manuais de controle definidos, sujeitos a auditorias. Todas as etapas da montagem do laboratório devem ser acompanhadas por profissionais da área de química que conhecem e têm familiaridade com todas as particularidades deste ambiente. No projeto de um laboratório, a localização deste deve ser estudada cuidadosamente. Em uma indústria o seu posicionamento deve levar em consideração a produção, de forma que facilite a recepção de amostra e o envio de resultados. Outro ponto importante na sua localização é o posicionamento das chaminés de exaustão de gases, devendo estar em local que evite a condução desses gases para outros prédios, como administrativos, podendo causar intoxicações em tais lugares. 10 Com a localização do laboratório definida, devem-se analisar as dimensões necessárias do mesmo. Por isso, leva-se em consideração o tipo de atividade que o laboratório estará realizando, ou seja, que tipo de análise será conduzido, quais são os materiais e equipamentos essenciais para que elas sejam realizadas, o número de funcionários que estarão no espaço e o regime de trabalho. Somente a partir dessas informações fundamentais é que se pode definir as dimensões das bancadas de trabalho, a quantidade de capelas que são necessárias, como deve ser instalado o sistema de ventilação e exaustão, onde alocar o almoxarifado de reagentes, de instrumentação, etc. Alguns aspectos de segurança devem ser seguidos: As capelas devem ser instaladas fora de rotas de circulação para evitar acidentes. No caso das capelas, deve-se atentar para certos detalhes da sua estrutura, considerando o tipo de trabalho que será realizado: o Seu revestimento interno deve ser resistente a ataques químicos dos produto que serão usados; o Sistema de exaustão deve ser potente para promover a eliminação de todos os gases, sem um ruído excessivo; o Iluminação adequada para o trabalho; o Dimensão adequada para evitar montagens inseguras e improvisações; o Instalação de todas as utilidades, como gás, energia, água, etc., à prova de explosão para o trabalho com produtos perigosos; Os corredores devem seguir um padrão com no mínimo 1,5 metros de largura, facilitando a circulação e evitando possíveis acidentes com o tráfego de vidrarias, reagentes e amostras; Evitar locais de confinamento que coloquem em risco os funcionários em situações de emergência; Saídas de emergência com portas dotadas de visor e que abrem para o lado de fora; Exaustão com rigor técnico que garanta de 10 a 60 trocas de ar por hora, dependendo da volatilidade e toxicidade dos produtos usados; O piso não deve apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a movimentação, sendo impermeável, antiderrapante, fosco e resistente a choques mecânicos e ataques químicos; 11 As paredes, assim como o piso, devem ser claras, foscas, impermeáveis e de fácil manutenção; A iluminação, seja artificial ou natural, deve se manter entre 500 a 1000 LUX, evitando a incidência de luz solar nos equipamentos e reagentes; Acesso fácil e adequadamente sinalizado a extintores de incêndio, chuveiros, lavaolhos, saídas de emergência, chave geral elétrica e equipamentos de proteção coletiva e individuais (EPCs e EPIs). Com o plano geral do laboratório definido, as instalações hidráulicas devem ser determinadas, prevendo o sistema de esgoto, o consumo de água e as linhas de GLP e ar comprimido, que dependerão da instrumentação usada. Os locais de instalação dos cilindros de gás devem ser dimensionados e serem alocados prioritariamente no exterior. O projeto elétrico do laboratório é definido após todas essas etapas iniciais, em função do tipo de atividade desenvolvida, visto que são determinadas de acordo com o consumo de energia e as necessidades do local, e devem ser preferencialmente externas à parede para facilitar a manutenção. As tomadas devem ser diferenciadas para voltagem 110 V e 220 V e devidamente identificadas. É recomendado que o quadro elétrico seja instalado numa área fora do laboratório, com disjuntores para desligamento parcial das bancadas, capelas, exaustores, etc., identificados para cada componente. Seguindo todos estes parâmetros, as condições do espaço físico do laboratório estarão adequadas para o trabalho, evitando assim inúmeros problemas que podem decorrer de um projeto malfeito que coloque em risco a vida dos profissionais que nele atuam. TEMA 5 – O PROJETO ELÉTRICO E HIDRÁULICO O Projeto elétrico, assim como o projeto hidráulico do laboratório é desenvolvido após se definir o layout do laboratório, tendo por base o projeto estrutural e funcional de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, após definir todas as necessidades em termos de instalações elétricas e hidráulicas. 12 5.1 O projeto hidráulico O projeto hidráulico abrange e todo o transporte de líquidos e gases (fluídos) considerando as linhas de água das torneiras, capelas, lavadores de olhos e chuveiros de emergência, e também o sistema de esgoto e também os sistemas para lavagens de gases nos exaustores de capelas. O consumo de água, vapor e GLP e ar comprimido também devem estar dimensionados neste projeto, pois gases são fluídos e necessitam de linhas especiais, cada qual deve ser identificada com cores específicas. Os locais de armazenamento dos cilindros e registros de gases também devem estar dentro deste planejamento, de forma que os cilindros fiquem em locais seguros e fora da área de trânsito intenso no laboratório. 5.2 As capelas As capelas de exaustão são locais dotados de exaustores de gases, dependendo do tipo de atividade desenvolvida no laboratório, são dotadas sistemas de lavagem de gases e obedecem a critérios rigorosos de construção e segurança. Além de se levar em conta o tipo de trabalho, a quantidade de operadores que irão utilizar estes sistemas, o volume e o tipo de análises a serem realizadas, como por exemplo, emissão de gases tóxicos, ácidos ou bases, o uso de aquecedores, sistemas de destilação ou extração de substâncias, ou ainda para uso em análises microbiológicas, este sistema deverá ainda prever: Sistemas para lavagem de gases tóxicos, Estrutura robusta, com vidrode proteção e materiais resistentes à choques e impactos, Revestimento interno resistente ao ataque de produtos químicos, resistentes à corrosão e com instalações elétricas seguras e protegidas, e um nível de ruído aceitável, além de sistema de iluminação adequada ao tipo de atividade. 5.3 O projeto elétrico Assim como o projeto elétrico de uma casa ou de um prédio comercial, o projeto elétrico do laboratório deve considerar o consumo de energia destinado às atividades a serem realizadas no laboratório, seja com base nos equipamentos a serem instalados, sistemas de aquecimento, como mantas e sistemas de extração de solventes e também os equipamentos de ar 13 condicionado, ou sistemas de climatização, pois em alguns casos a temperatura e umidade relativa do ambiente devem ser controladas. Deve ainda ser considerado um sistema de emergência em casos de queda de energia e também um sistema de emergência em casos de curto circuito, onde o desligamento parcial da energia é necessário. Incluído neste projeto elétrico, ainda deve prever a instalação de dispositivos e alarmes de emergência. NA PRÁTICA Imagine a seguinte situação: Você é convidado para uma entrevista de estágio em uma fábrica e é chamado para conhecer o laboratório onde irá estagiar. Para chegar ao local, você precisa passar pelo meio da linha de produção. Como você imagina este local por onde você irá caminhar até a entrada do laboratório? Você precisa usar algum EPI? Como é a porta do laboratório? O piso, as bancadas e as janelas? Como os equipamentos estão dispostos? Existe capela de exaustão? Enfim, observe que para cada tipo de atividade, os recursos disponíveis no ambiente mudam e este é um exercício que você irá utilizar na prática, quando for realizar uma visita em uma fábrica ou fizer uma entrevista de emprego ou estágio. FINALIZANDO Nesta aula vimos as principais normas para trabalharmos com segurança em um laboratório, bem como os diversos tipos de laboratórios que podemos exercer a profissão de Químicos e a evolução dos laboratórios de pesquisa científica desde a antiguidade até os dias atuais. E por falar em trabalhar, vimos também todas as leis que regulamentam a profissão do químico e também todos os cursos que permitem atuarmos como profissionais da Química. Para complementar as normas de segurança em laboratórios, vimos de que forma o layout do Laboratório contribui para o exercício seguro da profissão do 14 químico, da mesma forma, os critérios a serem definidos ao realizarmos o projeto elétrico e hidráulico das instalações do laboratório. Para aprofundar melhor os conhecimentos e sabermos um pouco mais da história dos primeiros laboratórios no Brasil, leia o artigo sugerido acessando o link: http://www.museunacional.ufrj.br/semear/docs/Apresentados_em_eventos/texto_SANTOS-NADJA.pdf REFERÊNCIAS ANDRADE, M.Z. Segurança em laboratórios químicos e biotecnológicos, Caxias do Sul, RS, EDUC, 2008. CARVALHO, P.R. Boas práticas químicas em biossegurança, Rio de Janeiro: Interciência, 1999. Chemical Safety Matters, Cambridge: Cambridge University Press, 1992. SANTOS, N., Os Primeiros Laboratórios Químicos do Rio de Janeiro. Disponível em: http// www.museunacional.ufrj.br/semear/docs/Apresentados_em_eventos/texto_SA NTOS-NADJA.pdf MARIANO, A. B., et al., Guia de Laboratório para o Ensino de Química: instalação, montagem e operação. Conselho Regional de Química IV Região, São Paulo, 2012. FILHO, A. F. V., Segurança em Laboratório Químico. Conselho Regional de Química IV Região, Campinas, SP, 2008. Do VAL, A. M. G., et.al., Segurança e Técnicas de Laboratório – Volume I. Departamento de Química, UFMG, 2008. http://www.museunacional.ufrj.br/semear/docs/Apresentados_em_eventos/texto_SANTOS-NADJA.pdf http://www.museunacional.ufrj.br/semear/docs/Apresentados_em_eventos/texto_SANTOS-NADJA.pdf
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