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REGINA APARECIDA DE MORAES MACHADO ABANDONO: CONSEQUÊNCIAS CAUSADAS NOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS CONTAGEM 2019 REGINA APARECIDA DE MORAES MACHADO ABANDONO: CONSEQUÊNCIAS CAUSADAS NOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharel em Serviço Social do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). Orientador: Prof.ª Esp. Irení Alves de Oliveira. CONTAGEM 2019 ABANDONO: CONSEQUÊNCIAS CAUSADAS NOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS Regina Aparecida de Moraes Machado1 Irení Alves de Oliveira2 RESUMO O presente trabalho apresenta as possíveis consequências que os idosos que são abandonados pelos familiares podem sofrer, para evidenciar de forma mais clara essas consequências traçou-se breve comparativo com os idosos que não foram abandonados. Para então compreendermos os motivos pelos quais levaram os idosos a serem institucionalizados, buscando alternativas para que o abandono familiar não impacte violentamente na vida desses sujeitos. Fez-se necessário elegermos categorias para discutirmos essa problemática, dentre elas: instituição de longa permanência para idosos, idoso, família e o abandono. O objetivo é relatar as consequências pós-abandono, seja afetivo, material ou imaterial e qual a importância do assistente social na vida do acolhido. Constatou-se que, de fato, os idosos abandonados e excluídos do seio familiar sofrem de doenças psíquicas que afetam também o físico, gerando limitações e um quadro depressivo e de demência grave. Além disso, ficou claro como é fundamental a presença do assistente social, pois esse profissional atua tentando amenizar os danos causados em decorrência do abandono. Palavras-chave: Abandono. Idoso. Assistente Social. Consequências. ABSTRACT The present paper presents as possible consequences that the elderly who are abandoned by their relatives may suffer, to more clearly show these outlined consequences - if compared briefly with the elderly who were not abandoned. To then understand the reasons why we take the elderly to be institutionalized, seeking alternatives to abandon the family member not violently affecting the lives of these individuals. You need to choose categories to discuss this issue, including: long-term care for the elderly, the elderly, families and abandonment. The goal is to relate as consequences postabortion, whether affective, material or immaterial and what is the importance of social worker in the life received. In fact, the elderly abandoned and excluded from the family suffer from psychic diseases that also affect the physical, generating applications and a depressive and severe dementia. In addition, it was clear how crucial is the presence of the social worker, because this professional acts trying to mitigate the damage caused as a result of abandonment. Keywords: Abandonment. Elderly . Social worker Consequences. 1 Regina Aparecida de Moraes Machado , graduanda em Serviço Social, 2019 pela Unicesumar. 2 Irení Alves de Oliveira, graduada em Serviço Social no ano de 2014 e Marketing em 2015 pela Unicesumar e especialista em Docência no Ensino Superior pela mesma instituição. 3 1. INTRODUÇÃO Diversas pesquisas apontam para o aumento populacional do idoso que se tornou um fenômeno mundial, apontando mudanças em diversos âmbitos: sociais, culturais, econômicas, institucionais, no sistema de valores e principalmente na configuração dos arranjos familiares, pontuou assim Camarano e Kanso (2010). A Proposta deste trabalho foi pensada a partir de dois fatores cruciais e ao mesmo tempo preocupante para a população brasileira, na qual requer muito cuidado e atenção. O primeiro fator deu-se pelo o aumento da população idosa, de acordo com os dados apresentados pelo IBGE (2009) neste mesmo ano faixa etária modificou consideravelmente, ou seja, para cada 100 crianças terão em torno de 172,7 idosos, quase o dobro em comparação, o que levou fazer algumas reflexões sobre esta mudança em que a sociedade já está vivenciando. O segundo fator foi pela experiência em estagiar em uma ILP (Instituição de Longa Permanecia) a partir da vivencia em presenciar situações na qual me levou a compreender que a população brasileira não esta preparada para o envelhecimento humano. Partindo desta logica que o objetivo deste trabalho foi “ compreender a partir da percepção dos idosos institucionalizado as consequências causadas pelo abandono familiar”. E os objetivos específicos: Traçar o perfil dos sujeitos da pesquisa, identificando dados quantitativos de idosos que são excluídos do convívio social (parcial, temporariamente e permanente); descrever como se configura o atendimento aos idosos numa instituição de longa permanência; identificar como se constituía e constitui a relação dos idosos institucionalizados e a família As motivações que impulsionaram a realização de uma pesquisa bibliográfica a compreender sobre a problemática do abandono de idosos, está relacionado à sua vivência de estágio, que no decorrer desse processo numa instituição de longa permanência, para realização de um trabalho da disciplina, abordando uma história de vida de um idoso institucionalizado. A pesquisadora ao conversar com uma idosa percebeu claramente a dor que o abandono causa em sua vida. Referiu-se não ver sua família desde o dia em que passou a residir na instituição. São razões como essas que despertaram o interesse em pesquisar e responder a essa problemática, pois afeta e aflige os idosos que se encontram em ILPI. Para desconstruirmos as 4 ideias de senso comum acerca dessa temática discutimos com diversos autores as principais categorias desse trabalho, dentre eles: na categoria instituições de longa permanência para idosos discutimos com Pollo e Assis (2008), Groisman (1999), Camarano e Kanso (2010). Na categoria idosa lemos Veras (2003), Debert (2004) e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010). E a categoria família nos reportamos Teixeira (2000), Alcântara (2009) e ao Estatuto do Idoso (2003). Por fim, a categoria abandono dialogamos com Heredia, Corteletti e Casara (2005), Toaldo e Machado (2012), Minayo (2005), Boff (2013). Dentre outros que contribuíram na discussão dessa pesquisa. Como norteadores desse projeto de pesquisa bibliográfica nos apropriamos como afirma Gondim (1999:17) “que tem por objetivos comunicar a outrem o que se pretende fazer e nortear a preparação da investigação a ser feita”. Tornando-se fundamental, pois assim conseguiremos alcançar os objetivos propostos do trabalho. Esses questionamentos são fundamentais para orientar e direcionar da melhor forma a pesquisa. Abordando alguns itens que constituem a estrutura do projeto de pesquisa e que irão responder aos questionamentos supracitados, são eles: a definição do objeto, a justificativa, revisão da literatura e referencial teórico, a metodologia e o cronograma a serem seguidos durante a construção do projeto. 2. ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS O envelhecimento na atualidade ocorre como um fenômeno mundial conforme as pesquisas. Camarano e Kanso (2010:233) afirmam que “está ocorrendo em um contexto de grandes mudanças sociais, culturais, econômicas, institucionais, no sistema de valores e na configuração dos arranjos familiares”. Exigindo respostas urgentes para atender plenamente essa demanda, pois as mudanças ocorridas no contexto social impactaram diretamente na vida dos idosos, ocasionando a busca de alternativas que os contemple integralmente, oferecendo meios e instrumentos para que possam viver dignamente e com qualidade de vida. Conforme nos relata Veras (2003), (...) no grupodos países chamados em desenvolvimento, tendo o Brasil como exemplo, esse processo se caracteriza pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das populações adulta e idosa modificou a pirâmide populacional (...) (2003:6). 5 Percebe-se com essa informação que tal mudança está ocorrendo de forma significativa e acelerada, no qual a população de idosos no Brasil está cada vez mais crescente. Diante desse quadro, Veras (2003) afirma: (...) A partir dos anos de 1960, quando até então todos os grupos etários registravam um crescimento quase igual, o grupo de idosos passou a liderar este crescimento; as projeções indicam que, num período de 70 anos, (1950 a 2020), enquanto a população brasileira está crescendo 5 vezes, o grupo da população de idosos estará se ampliando em 16 vezes (...) (2003:6). Faz-se necessário que as políticas públicas, programas, projetos e serviços beneficiem e atendam melhor a população idosa, de forma eficaz e eficiente. Considerando que requer cuidados multiprofissionais e assistência ampla e contínua. Exigindo respostas urgentes para atender plenamente essa demanda, pois as mudanças ocorridas no contexto social impactaram, diretamente na vida dos idosos, ocasionando a busca de alternativas que os contemple integralmente, oferecendo meios e instrumentos para que possam viver dignamente e com qualidade de vida. Nesse sentido, Groisman (1999) afirma que no Brasil, a primeira instituição com a finalidade de atender os idosos foi instituída em 1890, localizada no Rio de Janeiro, sendo denominado Asilo São Luiz. O autor salienta que a instituição foi um referencial, sendo exemplar para sua época. O pensamento de Groisman (1999) acerca da institucionalização é que, Nestes tempos recentes, entretanto, a institucionalização da velhice não seria mais gerenciada apenas por cavalheiros dispostos a praticar a filantropia. As imagens da velhice, também, seriam bem diferentes daquelas do início do século (...). (GROISMAN, 1999:83) Assim, podemos compreender que as instituições que acolhem os idosos passaram por um processo de mudança, e está relacionado com o contexto histórico que os mesmos se encontram inseridos. O processo histórico está em constante transformação e novos sujeitos se apresentam para administrar as instituições. Diante desse quadro, se faz necessário compreendermos a definição de instituição de longa permanência para idosos, que de acordo com Camarano e Kanso (2010) entendem como sendo: (...) uma residência coletiva, que atende tanto idosos independentes em situação de carência de renda e/ ou de família quanto aqueles com dificuldades para o desempenho das atividades diárias, que necessitem de cuidados prolongados (2010:234). Já para Vieira (2004:177) compreendemos que acerca das ILPI é se trata de “estabelecimentos que se propõe a atender idosos sob regime de internato, por período indeterminado”. Salientando que se trata de um grupo social que formaliza 6 um sistema de regras que rege a vida de um determinado grupo inserido em um contexto específico. 2.1 O ABANDONO Para compreender-se a questão do abandono de idosos nos citaremos a visão de Toaldo e Machado (2012) que salienta que uma parcela de idosos no Brasil sofre diversos tipos de abandono e maus tratos e em grande parte ocasionados pela própria família, sendo o mais comum o abandono de idosos em casa de saúde ou em ILPI. Afirmando que o abandono se caracteriza de várias maneiras, tais como: físico, psicológico, financeiro, por ação, omissão ou absoluta impossibilidade das pessoas que tem o dever de cuidar do idoso. Um outro tipo de abandono que as autoras supracitadas acreditam ser importante mencionar é o material que traz consequências também para o abandono moral e afetivo, tendo em vista que, aquele que se encontra em estado de miserabilidade, também está afetivamente esquecido e abandonado pelos seus familiares. Assim, percebe-se que o abandono ocorre de diversas formas, acarretando consequências negativas para o sujeito que sofre este tipo de violência, deixando-o à margem da sociedade e totalmente vulneráveis a situações diversas. Por outro lado, ainda de acordo com as autoras, também há o abandono imaterial, juridicamente a família deve prestar auxílio imaterial, isto é, o simples fato de chegar a um imóvel e encontrar um idoso que não está sendo medicado adequadamente, nem gozando de direitos básicos como alimentação e higiene é uma questão de abandono imaterial. A rejeição dos familiares, por exemplo, poderá causar danos de ordem moral devastadores, causando doenças que ocasionarão, certamente, a diminuição dos anos de vida e a sensação de perda da dignidade humana, amplamente protegidos no Ordenamento Jurídico. Desse modo, a partir do momento em que o filho não ampara seus pais na velhice ele está deixando de cumprir uma obrigação imaterial, cometendo, assim, um ato ilícito, que gera o pagamento de indenização por danos morais (VIEGAS e BARROS, 2016 p.49). Já o abandono afetivo configura-se, portanto, na relação do convívio, no cuidado, atenção, participação efetiva na vida do idoso, respeito por seus direitos de 7 personalidade como também em seu direito de conviver com a família. Sabe-se que não é possível obrigar o afeto, tampouco exigir uma obrigação legal de amar, mas por vínculos familiares, o mínimo de dignidade a família deve oferecer ao idoso. De acordo com Azevedo (2004): O descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono moral grave, que precisa merecer severa atuação do Poder Judiciário, para que se preserve não o amor ou a obrigação de amar, o que seria impossível, mas a responsabilidade ante o descumprimento do dever de cuidar, que causa o trauma moral da rejeição e da indiferença. (AZEVEDO; 2004, p. 14). Sobre o “afeto” segundo Aline Karow Embora não esteja expresso no texto constitucional, decorre naturalmente da valorização constante da dignidade da pessoa através da externalização dos sentimentos em suas relações. A legislação infraconstitucional timidamente já começa a adotar o afeto como elemento da norma. O afeto tem tamanha relevância na conjuntura contemporânea civil familiar em função do poder de tecer elos de conexão entre os membros de uma mesma família. Para formá-la e até mantê-la não é mais necessária a exigência do vínculo biológico-sanguíneo ou formal e sim de mera afetividade. A consagração desse elemento pelo sistema é inegável e pode ser verificada na sucessiva edição de julgados sobre a matéria de direito de família, quando o utilizam como elemento-chave para a solução da controvérsia. A espontaneidade com que o tema vem à baila e surge nos debates jurídicos familiares faz com que seja posto um ponto final em todos os questionamentos, o afeto faz parte do direito de família. (2012, p. 45-46) Esse tipo de abandono é muito decorrente em nosso país, também é conhecido como abandono afetivo inverso, uma vez que ocorre por parte dos filhos em relação aos pais idosos. Muito tem sido falado sobre esse assunto, em um documentário dirigido por Diego Becker, realizado em 2015, diversos especialistas abordam as consequências que atingem pessoas da terceira idade devido ao abandono. Nesse documentário, o geriatra Roberto Esmeraldino afirma que o abandono pode acarretar em depressão, ansiedade, e outras doenças de ordem psíquica. O geriatra afirma também que, esses danos psicológicos, consequentemente podem se tornarem em danos físicos, como baixa imunidade, tornando os idosos mais suscetíveis a contrair alguma infecção. Nesse processo de abandono o idoso pode ser extremamente acometido pela solidão. De acordo com Fernandes (2007), a solidão se apresenta como um grave problema nos idosos. Esse sentimento pode propiciar um declínio da saúde mental e estar diretamente ligado a quadros depressivos, consumo de substâncias ilícitas etentativas de suicídio. Ramos (2014) destaca que a questão da violência contra a pessoa idosa tem sido preocupante para os órgãos globais, gerando a necessidade de caracterizar as 8 espécies que dariam amplitude para o enfrentamento e prevenção no mundo, tendo em vista que é no meio ambiente familiar que se concentra a parcela significativa das agressões. Para isso existem diversas leis, estatutos, que defendem os direitos dos idosos, da família. E ao praticar o abandono afetivo o familiar pode estar até mesmo ferindo diversas leis. O Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003 diz que: Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Com o advento dessa Lei, o idoso passou a ser mais assistido juridicamente e tendo a seu favor, direitos que até então eram desconhecidos pela sociedade e até mesmo por eles próprios, mas para que esses direitos sejam aplicados é necessário que haja a conscientização da sociedade em geral, e que penalidades sejam aplicadas a famílias que não cumprem com suas obrigações. No art. 10º da Política Nacional do Idoso diz que: Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos: I - na área de promoção e assistência social: a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais. b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; c) promover simpósios, seminários e encontros específicos; d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso; e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso; (BRASIL, 2010, p. 9 - 10) (grifo nosso) Mediante o cenário de abandono, descaso e violência contra o idoso, considera-se de suma importância o trabalho do Assistente Social atuando no auxílio à saúde, contribuindo diretamente com a qualidade de vida da pessoa, e estabelecendo uma ponte entre o idoso e o familiar, e também relatando ao Ministério Público as condições que as famílias estão oferecendo aos idosos. É evidente que esse profissional não atua somente nesse campo, mas atende de modo geral à sociedade. 9 2.2 O SERVIÇO ASSISTÊNCIA SOCIAL AOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM ILPI. O Serviço Social é compreendido como uma prática que se desenvolve com responsabilidade social, solidariedade junto aos sujeitos, aos seus direitos individuais, junto à humanidade, aos seus direitos coletivos, prospectivos e de bem- estar (CARVALHO, 2011 P. 241). Segundo Sposati (2014) o Serviço Social é regulamentado pela Lei nº 8.662/93, e seu exercício profissional regido pelo Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, resolução do Conselho Federal de Serviço Social, a atuação do profissional está inserida em um contexto de permanentes desafios, entre eles: a exclusão social, o desemprego, a violência, as situações de risco social, etc. Nesse contexto, esse profissional deve, em seu trabalho cotidiano, interpretar e compreender a realidade social que irá atender, buscando facilitar a inserção do cidadão nas políticas públicas. Deverá atender às demandas sociais e assistenciais dos usuários, fornecer ao indivíduo condições de exercer maior controle sobre seu processo de tratamento e convivência com a enfermidade, se for o caso. Rios e Reis (2016) destaca que o Assistente de Serviço Social deve incentivar e viabilizar redes de relações sociais e familiares de maneira que o envelhecimento seja tomado como processo de sociabilidade. Desse modo, o papel desse profissional no cenário de acolhimento ao idoso é fundamental, seja abandonado ou não, pois o Assistente saberá lidar com as diversas situações promovendo melhorias na qualidade de vida das pessoas, contribuindo para bons resultados nos quadros de saúde, na convivência social e na reinserção do indivíduo na sociedade. Em relação aos idosos abandonados, o envolvimento do Assistente Social é crucial, pois esse poderá relatar aos órgãos públicos o abandono, a negligência sofrida, maus tratos. A denúncia feita por um profissional do Serviço Social pode ser extremamente eficaz e combatente à violência, seja ela de cunho físico, seja ela de cunho emocional. Por fim, em conformidade com todos os autores e escritores supracitados, busca-se com esta pesquisa compreender a realidade vivida pelos idosos institucionalizados. 10 3. METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia científica desta pesquisa, segundo Leopardi, (2002) a pesquisa em saúde dos idosos em relação ao as consequências do abandono da pessoa idosa em ILPI que é mais que uma incorporação de conteúdos científicos e uma nova abordagem para a comunidade acadêmica em especial aos acadêmicos do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) Contagem. Para preparação deste trabalho seguiu como metodologia a pesquisa bibliográfica, na modalidade de revisão narrativa, uma vez que ela possibilita o acesso de artigos publicados a respeito do tema proposto pela pesquisa e atende, por conseguinte, ao objetivo delineado. Contudo, quero me apoiar no que se refere Lakatos e Marconi (2001, p.43), a pesquisa bibliográfica “é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento”. Já para o autor Minayo (2003) determina que metodologia é o caminho onde os instrumentos próprios para abordar essa realidade, incluindo entendimentos teóricos de abordagem, técnicas e que permitam a apreensão da realidade, além de incluir a criatividade do pesquisador como instrumento a ser utilizado. Após o levantamento das publicações irá se proceder à leitura criteriosa visando selecionar aquelas publicações que atendem o objetivo geral e específico desta pesquisa, respondendo e compreendendo as hipóteses e revisões literárias na quais os resultados e discussão dos dados serão apresentados em forma descritiva. Nesse processo é importante salientarmos que a revisão da literatura é uma maneira de situarmos o problema, comparando-o a outros trabalhos já construídos, abordando as afinidades e divergências, e possíveis lacunas que não foram solucionados por outros pesquisadores propondo preenchê-las. Dessa forma Gondim (1999) aborda que: (...) A revisão da literatura deve, pois, indicar como o problema tem sido tratado por autores diversos, comparando diferentes enfoques e perspectivas teóricas e indicando aquele que prometem ser mais relevantes para a pesquisa proposta (...) (GONDIM, 1999: p.19). Contribuindo de maneira significativa no projeto de pesquisa bibliográfica por tratar-se de compreender a percepção dos idosos institucionalizados acerca do abandono familiar, obtendo assim, informações diversificadas sobre a problemática e em seguida, responder a esses questionamentos dos sujeitos envolvidos na 11 pesquisa. Para nos aproximarmos dos idosos pesquisados, a inserção do pesquisador no campo, tornou-se imprescindível a esse processo. Sendo necessário compreendermos a configuração desse espaço sócio histórico em que os idosos encontram-se incluídos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Está pesquisa bibliográfica permitiu nortear, as instituições de longa permanência para idosos no Brasil datam de um período longínquo de nossahistória, tendo em vista, que sua gênese está relacionada ao Cristianismo e ao assistencialismo às pessoas em situação de vulnerabilidade social. No Brasil, o surgimento das ILPI teve como precursor o Conde de Resende que se preocupou em oferecer uma vida digna aos soldados em sua velhice. Configurou-se em atender apenas os militares deixando excluída grande parcela da população idosa. Porém, com o advento da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e o Estatuto do Idoso se fizeram necessário mudanças no contexto institucional, seguindo o que preconiza a LOAS, no Art. 2°, inciso I, que traz como um dos seus objetivos “a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a velhice”. Proporcionando ao idoso e as pessoas em situação de vulnerabilidade social o resgate, a valorização e a qualidade de vida, visando à socialização e ao convívio familiar. É notório nesse espaço institucional a aplicabilidade desse artigo da LOAS, tendo em vista, que se caracteriza de um espaço acolhedor, com estrutura física e organizacional, capaz de atender integralmente e com qualidade os idosos residentes, visando a proteção social e, principalmente o direito à vida. Primando pela socialização dos mesmos com grupos Inter geracionais e o convívio familiar. Deixando a pesquisadora bastante satisfeita em descobrir que existem instituições responsáveis que proporcionam à idosa qualidade de vida e com dignidade. Uns dos grandes desafios apresentado nesta pesquisa bibliográfica norteado pelos objetivos, foi o restabelecimento e a preservação dos vínculos familiares quanto ao abandono da pessoa idosa em ILPI, tendo em vista, que se trata de um dos princípios do Estatuto do Idoso, que rege as ILPI. A família é essencial na vida dos sujeitos que precisam de apoio e assistência de seus membros, principalmente nessa fase da vida, que é a velhice. O fato dos idosos residirem nessas instituições 12 não exime seus familiares de participarem desse processo, ao contrário, sua presença é essencial para a manutenção da qualidade de vida. Observamos no campo pesquisado, a luta contínua da direção no enfrentamento de restabelecer os vínculos familiares, através das citações dos autores apontados nesta pesquisa, visto que, o abandono caracteriza-se como violência por parte dos familiares, instituições e poder público, que deveriam proteger o idoso e muitas vezes se eximem dessa obrigação. Salientamos que a família é fundamental na vida dos idosos, antes e principalmente, após institucionalizados. Vários são os fatores que levam a família a optarem por uma ILPI, dentre eles: problemas de saúde, impossibilidade de assistência, inexistência de familiares, violência familiar, como observado nos relatos dos idosos pesquisados e no instrumental utilizado no levantamento do perfil dos sujeitos. Confirmando as pesquisas realizadas, por outros autores, como Alcântara (2009) que salienta que no contexto atual em que estamos inseridos tornou-se um desafio envelhecer junto aos idosos, pois a população encontra-se cada vez mais absolvida pelo mundo do trabalho, transferindo essa responsabilidade para as ILPI. Sugerimos que, para enfrentarmos esse desafio se faz necessário, implementar um projeto, que vise contribuir para o resgate e a manutenção dos vínculos familiares, que deverá ser executado por uma equipe multiprofissional, que acompanhe efetivamente os resultados, monitorando através de levantamentos quantitativos e qualitativos dos familiares na Instituição; acompanhar os familiares dos idosos residentes e trabalhar as famílias que pretende institucionalizar o idoso, visando fomentar a conscientização acerca da importância da manutenção dos vínculos familiares. Outro desafio observado é a obter recursos e parcerias, fato esse que revela a fragilização das políticas sociais, quando voltados a atender a população idosa. O respectivo trabalho, apenas suscitou a temática sobre o Abandono: Consequências causadas nos idosos institucionalizados acerca do abandono familiar, sendo fundamental outras pesquisas, socializando com os demais sobre esse universo, que é ainda desconhecido e que tem uma relevância para a sociedade do Município de Contagem os idosos residentes. O estudo aponta para a necessidade de investir em outras pesquisas, como investigar o porquê do afastamento da família para não naturaliza -lá. Vê na percepção da família o abandono do idoso, entre outros. Tendo em vista, o 13 surgimento de outras interrogações na pesquisa, a pesquisadora ao se habilitar profissionalmente, irá contribuir na elaboração e implementação do projeto social que terá como objetivo geral “Contribuir para o restabelecimento dos vínculos familiares”. É importante destacar também o apoio oferecido pela assistente social, que se doa em favor desses idosos, buscando proporcionar a eles cuidado, apoio e afeto. Por conseguinte, com este estudo, foi possível compreender também como o assistente social está diretamente ligado com questões sociais de diferentes formas. Tendo que lidar com desafios diários e lidando com casos delicados, como por exemplo, desses idosos institucionalizados. Acredita-se que esta pesquisa poderá contribuir para futuros estudos sobre as condições de vida de idosos institucionalizados e também estabelecer comparação da atual situação de idosos institucionalizados e de como será daqui alguns anos. 14 REFERÊNCIAS Alcântara, Adriana de Oliveira. Velhos institucionalizados e família: entre abafos e desabafos. 2ª ed. São Paulo: editora Alínea, 2009. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 19. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. BECKER, Diego. ESKELSEN, Suelen. 2015. Abandono de idosos: Uma realidade despercebida. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cBrvEUI9uGc>. Acesso em 31 de setembro de 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. 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