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Seminários de gastro B I L E L I T O G Ê N I C A A bile é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, que libera para o intestino pela ação da colecistoquinina, pela presença de gordura no duodeno. É composta de eletrólitos, proteínas, sais biliares, colesterol, fosfolipídios e bilirrubina. Amarelos - colesterol: 75% dos casos; 1 mm a 4 cm. A maioria é mista com cerca de 70% de colesterol e o restante de sais biliares, fosfolipídios, proteínas, etc. Podem ocorrer por: supersaturação de colesterol ou menor concentração de solubilizantes na bile. A bile deixa de ser homogênea e se torna bifásica com colesterol em estado cristalino. nucleação acelerada: os cristais microscópicos de colesterol se aglomeram e precipitam (por fatores pró-nucleantes e anti-nucleantes). estase vesicular: os cristais de colesterol permanecem por tempo prolongado, o que permite a moldagem de cálculos maiores. O tamanho é influenciado pela mucina da vesícula. Pretos - sais de cálcio e/ou bilirrubina; em torno de 1 cm; relacionam-se com doenças hemolíticas crônicas (sobrecarga de bilirrubina), cirrose (diminuição do transporte de bilirrubina). Castanhos - bilirrubinato de cálcio com camadas de colesterol. Formados, geralmente, no ducto do colédoco, durante processos infecciosos, inflamações e infestações parasitárias. Genética (risco aumenta 4 x em parentes de primeiro grau); dieta (pobre em fibras causa lentificação intestinal e os carboidratos aumentam a absorção intestinal de colesterol); dismotilidade vesicular (hipersaturação da bile, hipertrigliceridemia, vagotonia); obesidade (hipersecreção de colesterol); idade; hiperlipemia (hiperlipoporteinemia tipo IV e IIB aumentam a incidência de cálculos); estrogênio e progesterona (est. estimula a síntese de colesterol e prog. reduz a contratilidade da vesícula); ressecção ileal e doença de Crohn (ressecção diminui o pool de sais biliares por comprometer a circulação entero-hepática e a d. de Crohn prejudica a absorção de sais biliares); cirrose (30% dos cirróticos, deficiência na conjugação da bilirrubina por hipertensão portal); anemia hemolítica; infecções (aumento da desconjugação da bilirrubina direta pela glicuronidase secretada pelas enterobactérias). 80% assintomáticos ou oligossintomáticos. Náuseas e vômitos (em intervalos de dias a meses); sintomas dispépticos (eructação, plenitude precoce e pirose após ingerir alimentos gordurosos). Cólica biliar (dor aguda contínua de início súbito no hipocôndrio direito ou epigastro, pode irradiar para escápula e região lateral do pescoço, pico em 30 minutos a 5 horas a partir do início, se durar mais de 3 horas, indica colecistite aguda). US: padrão-ouro, permite boa identificação da vesícula. Lama biliar: hiperecogenicidade aumentada, sem sombra acústica posterior. Cálculo: hiperecogênico, sem sombra acústica posterior, móveis com a gravidade. BILE LITOGÊNICA: A bile é composta por 95% de água e o restante de sais biliares, colesterol e lecitina. Se esses valores forem alterados ocorre a formação de cálculos. Além disso, a diminuição da contratilidade da vesícula biliar também contribui para esse processo. COLELITÍASE: É a presença de cálculos na vesícula (presente em 10-15% dos adultos). Pode cursar ou não com sintomas, predominância em mulheres (2:1). Cálculos: Fatores de risco: Sinais e sintomas: Diagnóstico: Colecistografia: em casos suspeitos, sem alteração na US. Usado em casos raros; necessário uso de compostos iodados; se a vesícula se tornar opaca o teste é positivo, com defeitos de enchimento de denota cálculo, é contraindicado em doenças hepatorrenais (por causa do contraste). RX de abdome: consegue captar cálculos radiopacos de Ca. TC ou US endoscópica (para cálculos menores que 3 mm). Pedras calcificadas na vesícula hiperatenuantes à bile (únicas visualizadas). Colecistite aguda, coledocolitíase, colangite, pancreatite aguda, vesícula em porcelana (calcificação da parede, aparece no RX de abdome, fator de risco para câncer de vesícula), íleo biliar (fístula colecistojejunal, com cálculo na porção distal do íleo, gera obstrução intestinal), síndrome de Bouveret (fístula colecistoduodenal com cálculo no bulbo dudenal gerando obstrução pilórica), e síndrome de Mirizzi (obstrução do ducto hepático pela compressão extrínseca de cálculo no infundíbulo ou ducto cístico). Analgesia da cólica (AINES, opioides, anti-Ach, antiespasmódicos). Colecistectomia: tratamento definitivo, indicação inequívoca em sintomáticos com litíase biliar com cólica ou história de complicação prévia. sintomáticos com lama e sem cálculo: cirurgia profilática em episódios recorrentes de dor e documentação de lama biliar. assintomáticos: cálculos acima de 3 cm, pólipos vesiculares, vesícula em porcelana, anomalia congênita da vesícula, microesferocitose hereditária com litíase, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica ou transplante cardíaco. Solventes de cálculo: em risco cirúrgico, tornar bile menos saturada, dissolução parcial de cálculos não pigmentados, não substitui cirurgia, teratogênico. Litotripsia extracorpórea: ondas de choque para quebrar os cálculos, em conjunto com o ácido ursodesoxicólico, recidiva de 20-50% nos primeiros cinco anos. Evolução - obstrução do ducto cístico por cálculo -> inflamação química da mucosa -> produção de muco, aumento da pressão intraluminal e distensão biliar -> menor fluxo sanguíneo para a parede da vesícula -> aumento da espssura da parede e inflamação infecção bacteriana secundária. Clínica - 75% possuem ataques recorrentes de dores biliares; cólica biliar e dor em HD que dura mais de 3-6 horas, que pode irradiar para ombro direito; sinal de Murphy +; rigores, taquicardia, febre, vômitos e náuseas, anorexia, calafrios. Icterícia presente em somente 20% dos casos. Complicações - empiema de vesícula, superinfecção por prolfieração bacteriana excessiva. Gangrena, inflamação e isquemia, provocando necrose. Colecistite enfisematosa, a necrose da parede gera gás no lúmen, com proliferação de bactérias. Todas podem gerar perfuração e peritonite. Diagnóstico - US abdominal (espessamento de parede, coleção pericolecistica, distensão de vesícula, cálculo impactado). Laboratoriais (leve aumento de FA, TGO, TGP e amilase; leucocitose neutrofílica com discreto desvio à esquerda - sinal de alerta para complicações). Diagnóstico diferencial - pancreatite, apendicite, pielonefrite, úlcera péptica, abcesso ou tumor hepático, diverticulite. Complicações: Geralmente decorrem da obstrução causada pelos cálculos na árvore biliar. Tratamento: Colecistite aguda É uma síndrome clínica pela inflamação da parede da vesícula causada pela obstrução do ducto cístico por um cálculo. Em 5-10% dos casos não possui cálculos (acalculosa), se associa a algum traumatismo grave, queimaduras, parto prolongado, cirurgias extensas, sepse, DM, IR aguda, aterosclerose e em casos de nutrição parenteral. Mortalidade e complicações elevadas. Tratamento: Estabilização (internação, suspender dieta oral e aspiração nasogástrica, hidratação, analgesia e antibioticoterapia). Colecistectomia laparoscópica em até 72 h (precoce) ou postergação (pacientes de alto risco ou em dúvida sobre o diagnóstico). Pode ser primária (formam-se cálculos no próprio ducto, maioria marrons e moles, próximos a estreitamentos biliares, relacionam-se com hepatolitíase e conlangite piogênica recorrente) ou secundária (passagem de um cálculo formado na vesícula pelo ducto cístico, ocorrem com cálculos de colesterol e raramente em cálculos pretos). Obstrução do ducto -> aumenta pressão proximal da bile -> dilata os ductos biliares -> diminui o fluxo de bile. Clínica - geralmente assintomática (a obstrução pode ser parcial e transitória, por isso, também podem ter episódios recorrentes). Dor biliar (no QSD, contínua, por 1-5 horas, podendo irradiar para escápula ou dorso) e icterícia (com dor, sugere cálculo e sem dor, sugere neoplasia). Pode ter febre, náuseas, colúria, acolia fecal. Complicações - colangiteaguda (causa mais comum, pode cursar com a tríade de Charcot e responde ao uso de antibióticos, 15% dos casos evoluem para colangite supurativa com alta letalidade. Abcessos hepáticos piogênicos (em casso mais graves, frequentes e prolongados).Pancreatite aguda (passagem de um cálculo pela porção comum da convergência do colédoco e do ducto de Wirsung). Cirrose biliar secundária (rara, impactação persistente de cálculos por um tempo prolongado). Diagnóstico - labolatorial (aumento de bilirrubinas, FA, GGT, TGO, TGP e amilase). US (achados de colelitíase, dilatação leve e moderada do colédoco, cálculos nos ductos), não afasta o diagnóstico, apenas confirma. Colangioressonância (alta acurácia, últil para afasta diagnóstico). CPRE (cálculos nos ductos aparecem como defeitos de enchimento, pode ser usada também para extraí-los). US endoscópica (boa precisão para afastar ou confirmar). Tratamento - sempre tratar. Se presente no pré-operatório, desobstruir o ducto por esfincterectomia endoscópica e, então, fazer colecistectomia. Infecção bacteriana no trato biliar associada a alguma síndrome obstrutiva - > bactérias intestinais chegam ao fígado por meio do sistema porta -> contaminação bacteriana. Clínica - tríade clássica com febre, icterícia e dor em QSD. Pode ocorrer também hipotensão e confusão mental (se todos estiverem associados serão chamados de pêntade de Reynolds, caracterizando uma emergência). Diagnóstico - clínico (problemas biliares prévios, operações, pancreatite recorrente). Laboratoriais (aumento de leucócitos, bilirrubinas, FA, GGT, TGP e TGP, positivação de hemoculturas). US (cálculos no ducto biliar em 50% ou dilatação de ducto em 75%, lembrando que achados normais não descartam). TC (afasta complicações, mas não afasta cálculos). CPRE (pode ser feita drenagem da bile simultânea). Tratamento - controle da infecção por antibióticos (beta-lactâmicos, cefalosporina de terceira geração com metronidazol) e desobstrução biliar. Colecodolitíase Cálculos nos ductos biliares. Colangite Geralmente decorre de um cálculo no ducto biliar. Podem ocorrer devido a neoplasias, estreitamentos biliares, infecções parasitárias e anormalidades dos ductos. As bactérias mais comuns são E. coli, Klebsiella, Pseudomonas e Proteus.
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