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Tese sobre um Homicídio - resenha

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Tese sobre um homicídio - 
O filme retrata a realidade de Roberto Bermúdez, um renomado advogado aposentado o qual ministra um concorrido curso de direito criminal na faculdade de Buenos Aires. Logo no início, o mesmo se demonstra fiel aos seus ideais, acreditando na justiça, bem como na teoria em que para um julgamento justo, deve-se atentar aos detalhes.
Ao decorrer do filme o professor se depara com Gonzalo, um jovem de 28 anos, filho de um casal de amigos o qual de imediato se demonstra soberbo, mas desperta a curiosidade do jurista, afinal, o mesmo confessa tê-lo como seu paradigma. Gonzalo, argentino de nascença retorna a sua cidade natal após passar uma temporada em Portugal, para realizar o curso ministrado por Roberto, como forma de prestigia-lo. 
O enfoque principal da trama acontece após um assassinato, cujo qual ocorrera no estacionamento da faculdade durante uma aula em que todos estavam presentes. É encontrado morta uma jovem, chamada Valeria di Natale, funcionária do café em frente a universidade, após ser fortemente agredida, estuprada, esfaqueada e por fim enforcada, junto ao corpo foi encontrado um bilhete escrito “MUERTE A LAS MUJERES COMO ELLA” (morte a mulheres como ela). Tal crime fascina Roberto, o qual possui sede de justiça e passa a investiga-lo mais afundo, de imediato o mesmo atenta-se ao colar com um pingente de borboleta, bem como, repara que não há marcas de qualquer parte do cordão no pescoço da vítima, já que a causas mortis foi por asfixia, conforme autopsia apresentada pelo legista, levando a crer que o mesmo foi colocado após a morte da vítima, como se o autor dos fatos quisesse deixar uma mensagem a ser descoberto. É notório que o autor agiu de forma premeditada, planejando muito bem o momento da execução, precavendo-se de utilizar luvas de látex e até mesmo injetando formol no cadáver, dificultando assim a identificação do momento exato da morte, sendo necessário um prévio conhecimento mínimo acerca de tanatologia e métodos de execução de um crime. 
Após incessante busca, o professor mergulha de cabeça na investigação, deixando de lado qualquer resquício de ética, fazendo tudo em que está ao seu alcance para a elucidação do caso, extrapolando por demasiadamente o limite em que o advogado deve se portar perante um caso em concreto. Assim, Começa a desconfiar fortemente de seu aluno e amigo pessoal, Gonzalo, o qual por diversas vezes demonstra de fato ser o autor do crime em questão. 
O ponto importante do filme, é que o mesmo deixa a curiosidade na cabeça do telespectador, não elucidando o fato, nem quiçá, dando mais pistas sobre o suposto autor, finalizando o longa de forma repentina, não deixando claro se tudo que aconteceu não passou de um devaneio do professor, ou se de fato seu aluno Gonzalo possui relação no cometimento do delito.
Buscando comparação com o Direito Penal brasileiro, bem como com as aulas ministradas ao longo da faculdade podemos observar algumas semelhanças com nosso ordenamento jurídico. 
O crime em contento estaria positivado pela legislação penal, mais precisamente em seu artigo 121, o qual prevê a conduta do homicídio garantido pelo direito constitucional previsto no artigo 5° da Carta Magna. No que tange o texto infralegal, o homicídio possui em seu rol de qualificadoras para o crime a conduta do Feminicídio (art. 121, §2°, VI, CP), o qual majora a pena prevendo a reclusão de doze a trinta anos aos homicídios em que a vitima for mulher e em razão das condições de seu sexo e em decorrência do mesmo é morta. Trata-se de um crime de ódio contra o gênero, bem como as demais variações que decorrem do mesmo. Ademais faz-se valida a ressalva de que o delinquente asfixiou a vítima, sendo o motivo da morte apontado pelo legista, caracterizando motivo cruel justificando a qualificadora do crime tipificado no artigo 121 do Código Penal, pelo crime previsto no §2, III do artigo supracitado, de modo que possível assim equiparar a conduta apresentada pelo filme com a descrita pelo Código Penal.
Faz-se valida a ressalva de que em nosso ordenamento jurídico, não compete ao advogado a investigação criminal, prevalecendo o princípio da legalidade, devendo-se respeitar a imposição do Estado perante a liberdade individual, bem como, compete ao mesmo investigar e condenar, conforme o ius puniendi estatal (direito de punir do Estado), devendo ser diligenciado pela Policia competente ao caso em concreto, garantindo assim a imparcialidade, consequentemente a desvinculação de qualquer interesse em punir que possa vir a ter um advogado de defesa.
No que tange a ética e comprometimento da busca pela justiça, bem como buscando a verdade real dos fatos, o advogado extrapola os limites da boa conduta, interferindo na investigação, invadindo residências, surrupiando objetos encontrados junto ao cadáver, e até mesmo agredindo seu aluno, cujo o qual supostamente seria o autor do crime, contrariando o ensinado ao longo dos anos letivos, configurando assim o crime tipificado no artigo 345 do Código penal, o qual prevê a conduta do exercício arbitrário das próprias razões, ou seja, é o crime cujo qual busca coibir o ato de praticar a justiça com as próprias mãos.

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