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Patofisiologia-e-Farmacologia-Humana-UP-4-Inflamação

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Patofisiologia	e	Farmacologia	Humana	–	UP	4	–	Inflamação,	Dor,	Febre	e	Analgesia	
	
Objetivo	1:	Explicar	a	resposta	inflamatória	(inflamação	aguda	e	inflamação	crónica),	os	seus	sinais	e	mediadores	e	
as	manifestações	locais	e	sistémicas	
	
Inflamação	à	 resposta	 que	 pretende	 eliminar	 a	 causa	 inicial	 do	 dano	 celular,	 remover	 o	 tecido	 danificado	 e	
regenerar	novo	tecido.	É	a	reação	dos	tecidos	vascularizados	ao	dano	tecidular		
-	Ocorre	destruição,	digestão	enzimática,	 remoção	das	paredes	ou	neutralização	dos	agentes	prejudiciais	 como	
toxinas,	agentes	externos	ou	organismos	infeciosos	
-	 Pode	 ocorrer	 devido	 a:	 microrganismos	 infeciosos,	 traumas,	 cirurgias,	 químicos	 corrosivos,	 temperaturas	
extremas	de	frio	ou	calor,	dano	isquémico	de	tecidos	corporais	
-	É	caracterizada	por	movimentação	de	fluídos	e	por	mediadores	inflamatórios:	
• Sistema	do	complemento	
• Fator	de	necrose	tumoral	alfa	(TNF-a)	
• Fator	de	crescimento	vascular	endotelial	(VEGF)	
• Neutrófilos	
• Amilóide	sérica	
-	Localiza	e	elimina	micróbios,	partículas	externas	e	células	anormais,	preparando	o	caminho	para	a	reparação	do	
tecido	danificado	
-	O	local	da	inflamação	pode	ser	descrito	de	acordo	com	os	5	sinais	cardiais	da	inflamação:	
i. Rubor	(vermelhidão)	
ii. Inchaço/edema	
iii. Calor	
iv. Dor	
v. Perda	de	função/capacidade	
-	Podem	aparecer	ainda	sinais	sistémicos	(ex:	febre)	devido	à	entrada	de	mediadores	químicos	(ex:	citocinas)	na	
corrente	sanguínea	no	local	da	inflamação	
-	O	grau	de	inflamação	é	influenciado	por	diversos	fatores:	duração	da	lesão,	tipo	de	agente	externo,	grau	de	lesão	
e	microambiente	criado	
	
o Inflamação	Aguda	
-	Reação	quase	imediata	nos	tecidos	e	nos	vasos	sanguíneos	do	local	da	lesão	
-	Ocorre	antes	da	resposta	imunitária	adaptativa	ocorrer	e	visa	remover	o	agente	infecioso	e	limitar	a	extensão	do	
dano	nos	tecidos	
-	Pode	ser	desencadeada	por	vários	estímulos:	
• Infeções	
• Reações	imunitárias	
• Traumas	penetrantes	e	fechados	
• Agentes	físicos	ou	químicos	
• Necrose	tecidular	
	
Inflamação
Aguda Curta duração,	exsudação	de	fluídos	e	componentes	celulares	e	migração	dos	leucócitos	para	os	tecidos	extravasculares	
Crónica Longa	duração, associada	à	presença	de	linfócitos	e	macrófagos,	profliferação	
de	vasos	sanguíneos,	fibrose	e	necrose	tecidular
	 2	
	
Células	 da	 Inflamação	à	 células	 endoteliais	 que	 formam	os	 vasos	 sanguíneos,	 leucócitos	 circulantes,	 células	 do	 tecido	
conjuntivo	(mastócitos,	fibroblastos,	macrófagos	e	linfócitos)	e	componentes	da	matrix	extracelular	(proteínas	fibrosas	–	
colagénio	e	elastina,	glicoproteínas	adesivas	e	proteoglicanos)	
-	Envolve	duas	fases:	vascular	e	celular	
-	A	nível	bioquímico	os	mediadores	da	inflamação	amplificam	a	resposta	inicial	e	regulam	as	respostas	vasculares	e	celulares	
consequentes	
v Fase	Vascular	
-	Leva	a	um	aumento	no	fluxo	cardíaco	e	a	mudanças	nos	vasos	sanguíneos	de	pequeno	calibre	da	microcirculação	
-	Inicia-se	com	uma	vasoconstrição	momentânea	seguida	de	uma	vasodilatação	
-	A	vasodilatação	afeta	as	arteríolas	e	as	vénulas	aumentando	assim	o	fluxo	sanguíneo	–	causa	aumento	da	temperatura	e	
vermelhidão		
-	Ocorre	em	simultâneo	o	aumento	da	permeabilidade	vascular	com	exsudação	de	um	fluído	rico	em	proteínas	para	o	espaço	
extravascular	
-	A	perda	de	proteínas	 causa	ß	 a	pressão	osmótica	 capilar	e	Ý	 a	pressão	osmótica	 intersticial	que,	em	conjunto	com	o	
aumento	da	pressão	nos	capilares	leva	a	uma	maior	libertação	de	fluído	e	acumulação	nos	espaço	extravascular	à	causa	
edema,	dor	e	perda	de	função	
-	 Ocorre	 depois	 a	 estagnação	 do	 fluxo	 e	 coagulação	 do	 sangue	à	 mantém	 a	 infeção	 naquele	 local	 apenas,	 evita	 a	
propagação	dos	microrganismos	
-	As	alterações	vasculares	que	ocorrem	envolvem	as	arteríolas,	as	vénulas	e	os	capilares	da	microcirculação	
-	Inicia-se	pouco	tempo	depois	do	início	da	inflamação,	e	ocore	vasodilatação,	alterações	no	fluxo	sanguíneo,	aumento	da	
permeabilidade	vascular	e	libertação	de	fluido	para	os	tecidos	extravasculares	
-	Vasodilatação	ocorre	como	resultado	da	ação	de	mediadores	como	a	histamina	e	o	óxido	nítrico	
-	A	perda	de	fluídos	leva	a	um	aumento	da	concentração	de	constituintes	celulares	do	sangue	que	causa	uma	estagnação	
do	fluxo	sanguíneo	e	formação	de	um	coágulo	no	local	à	evita	a	propagação	de	microrganismos	no	sangue	
-	O	aumento	da	permeabilidade	característico	da	inflamação	aguda	resulta	da	formação	de	lacunas/poros	endoteliais	nas	
vénulas	 da	 microcirculação	 –	 a	 ativação	 de	 recetores	 endoteliais	 por	 mediadores	 químicos	 (histamina,	 bradiquinina,	
leucotrienos)	causa	contração	das	células	e	separação	nas	junções	intercelulares		
-	Há	vários	padrões	de	resposta,	que	dependem	da	severidade	da	lesão:	
Resposta	
imediata		
transitória	
-	Ocorre	em	casos	de	lesões	menores		
-	Desenvolvem-se	rapidamente	após	a	lesão,	habitualmente	reversíveis	e	de	curta	duração	
-	Afeta	vénulas	mas	não	afeta	capilares	nem	arteríolas	
Resposta	
imediata	
continuada		
-	Infeções	em	casos	mais	sérios,	continua	por	vários	dias	
-	Afeta	arteríolas,	capilares	e	vénulas	
-	Ocorre	geralmente	devido	ao	dano	direto	no	endotélio	
Resposta	
hemodinâmica	
retardada	
-	Aumento	de	permeabilidade	nas	vénulas	e	nos	capilares	
-	Ocorre	em	resposta	a	lesões	por	radiação	(ex:	queimaduras	solares)	
	
v Fase	Celular	
-	A	fase	celular	envolve	a	presença	de	leucócitos	(neutrófilos	principalmente)	no	local	da	lesão	
-	O	recrutamento	dos	leucócitos	para	as	vénulas	pré-capilares	é	facilitado	pela	diminuição	do	fluxo	sanguíneo	e	marginação	
ao	longo	da	superfície	dos	vasos		
-	A	adesão	e	transmigração	do	espaço	vascular	para	o	tecido	extravascular	é	facilitada	por	moléculas	de	adesão:	seletinas	e	
integrinas,	nos	leucócitos	e	nas	células	dos	vasos	
-	Após	a	saída	dos	vasos,	os	leucócitos	migram	nos	tecidos	até	ao	local	da	infeção	por	quimiotaxia	ou	locomoção	orientada	
por	um	gradiente	químico	
-	No	local	da	lesão	os	produtos	formados	devido	aos	danos	desencadeiam	várias	respostas	como	a	fagocitose	e	a	morte	
celular	
-	Opsonização	do	micróbio	pelo	fator	C3b	e	pelos	anticorpos	facilitam	o	reconhecimento	através	do	recetor	C3b	e	Fc	do	
anticorpo	no	neutrófilo	
-	A	ativação	do	recetor	desencadeia	a	formação	de	pseudópodes	que	levam	à	formação	de	um	fagossoma	que	contém	o	
agente	externo	
-	O	fagossoma	funde-se	com	lisossomas	e	forma	um	fagolisossoma	onde	enzimas	e	radicais	oxigénio	são	libertadas,	levando	
à	morte	do	agente	
-	Marginação	à	inicialmente	e	devido	à	sinalização	dos	neutrófilos	estes	diminuem	a	sua	velocidade	de	migração,	aderem	
ao	endotélio	e	começam	a	mover-se	na	periferia	dos	vasos			
	 3	
-	A	consequente	libertação	de	citocinas	leva	à	expressão	de	moléculas	de	adesão	(seletinas)	por	parte	das	células	endoteliais	
–	ligam-se	aos	hidratos	de	carbono	dos	leucócitos	e	levam	à	sua	adesão	posterior	a	ICAMs	(moléculas	de	adesão	intercelular)	
-	Moléculas	envolvidas	no	processo	de	transmigração	à	 seletinas	 (P,	L	e	E),	 integrinas	 (VLA-5,	promovem	adesão	entre	
células	e	entre	células	e	componentes	da	matrix	extracelular),	imunoglobulinas	
Quimiotaxia	à	após	a	saída	dos	vasos	sanguíneos	os	leucócitos	migram	nos	tecidos	guiados	por	um	gradiente	de	moléculas	
quimioatratoras	 (quimiocinas,	 detritos	 bacterianos	 e	 fragmentos	 de	 proteínas	 devido	 à	 ativação	 do	 sistema	 do	
complemento	(C3a,	C5a...)	
-	Fagocitose	envolve	3	passos:	reconhecimento	e	aderência,	absorção,	morte	intracelular	
-	Morte	intracelular	pode	ser	conseguida	por	diversos	meios:	
• Espécies	tóxicas	de	oxigénio	e	azoto	(NO,	H2O2,	HClO)	–	as	vias	metabólicas	que	geram	estes	produtos	necessitam	
oxigénio,	NADPH	oxidase	e	NO	sintetase	
• Lisozimas	
• Proteáses	
• Defensinas	
-	Vias	metabólicas	independentes	do	oxigénio	geram	normalmente	enzimas	digestivas	e	moléculas	antimicrobianas	
	
Células	Endoteliais	à	produzem	agentes	anti-plaquetários	e	anti-trombóticos	que	mantém	a	obstrução	nos	vasos	e	agentes	
vasodilatadores	e	vasoconstritores	que	regulam	o	fluxo	sanguíneo-	 Garantem	uma	 permeabilidade	 seletiva	 a	 estímulos	 inflamatórios	 exógenos	 e	 endógenos,	 regulam	 a	 extravasação	 de	
leucócitos	por	expressarem	moléculas	e	recetores	de	adesão	celular,	contribuem	para	a	regulação	e	modulação	da	resposta	
imunológica	através	da	síntese	e	 libertação	de	mediadores	 inflamatórios	e	regulam	a	proliferação	de	células	 imunitárias	
através	de	fatores	estimuladores	de	colónias	hematopoiéticas	(CSFs)	
-	Produzem	fatores	de	crescimento	que	estimulam	a	angiogénese,	e	a	síntese	de	matrix	extracelular	
	
Plaquetas	 à	 quando	 ativadas	 libertam	 vários	 mediadores	 inflamatórios,	 aumentando	 a	 permeabilidade	 vascular	 e	
alterando	as	propriedades	quimiotáticas,	adesivas	e	proteolíticas	das	células	endoteliais	
	
Neutrófilos	 e	Monócitos/Macrófagos	à	 expressam	números	 elevados	de	 recetores	 e	moléculas	 que	participam	na	 sua	
ativação	(recetores	de	manose	que	se	ligam	às	glicoproteínas	das	bactérias,	recetores	toll-like	que	se	ligam	a	componentes	
dos	micróbios,	recetores	de	comunicação	celular	que	reconhecem	citocinas	e	quimiocinas,	moléculas	de	adesão	celular	e	
recetores	do	complemento	
-	Neutrófilos	 são	as	primeiras	células	 fagocíticas	que	chegam	ao	 local	e	 têm	um	núcleo	dividido	em	5	 lóbulos	 (também	
chamados	polimorfonucleares)	e	são	capazes	de	produzir	radicais	de	oxigénio	e	de	azoto	
-	Granulócitos	são	leucócitos	com	grânulos	citoplasmáticos	identificáveis	e	que	contém	enzimas	e	material	antibacteriano	
-	Monócitos	e	macrófagos	produzem	mediadores	vasoativos	–	prostaglandinas,	leucotrienos,	fator	de	ativação	plaquetar,	
citocinas	inflamatórias	e	fatores	de	crescimento	que	promovem	a	regeneração	dos	tecidos	
-	Magrófagos	ingerem	uma	maior	quantidade	de	material	externo	do	que	os	neutrófilos	
	
Eosinófilos,	 Basófilos	 e	 Mastócitos	à	 produzem	 mediadores	 lipídicos	 e	 citocinas	 (nos	 grânulos	 citoplasmáticos)	 que	
induzem	a	inflamação	
-	Importantes	em	inflamação	associada	a	hipersensibilidade	imediata	e	reações	alérgicas	
-	 Eosinófilos	 circulam	no	 sangue	 e	 são	 recrutados	 para	 os	 tecidos,	 o	 seu	 número	 aumenta	 no	 sangue	 durante	 reações	
alérgicas	e	 infeções	parasíticas.	Os	grânulos	coloram	de	vermelho	com	corante	ácido	e	contém	uma	proteína	altamente	
tóxica	para	parasitas	que	não	podem	ser	fagocitados	devido	ao	tamanho	
-	Basófilos	granulócitos	do	sangue	com	funções	semelhantes	aos	mastócitos	do	tecido	conjuntivo.	Os	grânulos	coram	de	
azul	com	corante	básico	e	contêm	histamina	e	outros	mediadores	inflamatórios.		
-	Basófilos	e	mastócitos	ligam-se	a	um	anticorpo	(imunoglobulina	E)	que	é	secretada	pelas	células	do	plasma	–	a	ligação	à	
IgE	ativa	a	libertação	de	histamina	e	outros	agentes	dos	grânulos	
-	 Mastócitos	 são	 derivados	 das	 mesmas	 células	 hematopoiéticas	 que	 os	 basófilos	 mas	 só	 se	 desenvolvem	 depois	 de	
deixarem	a	circulação	e	se	alojarem	nos	tecidos.	A	ativação	leva	à:	
• Libertação	do	conteúdo	dos	grânulos	–	histamina,	proteoglicanos,	protéases,	citocinas	(TNF-a	e	interleucina	IL-16)	
• Síntese	 de	 mediadores	 lipídicos	 derivados	 dos	 percursores	 da	 membrana	 –	 ácido	 araquidónico	 e	 metabolitos	
(prostaglandinas	e	PAF)		
	 4	
• Estimulação	da	síntese	de	citocinas	e	quimiocinas	por	outras	células	inflamatórias	(monócitos	e	macrófagos)	
Mediadores	Inflamatórios	
-	 Os	
sintomas	e	sinais	da	inflamação	são	produzidos	por	mediadores	químicos	
-	Podem	ser	originados	pelo	plasma	ou	pelas	células	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
-	Mediadores	derivados	do	plasma	estão	presentes	neste	 fluído	 na	forma	de	um	percursor	que	tem	que	ser	
ativado	por	vários	processos	proteolíticos		
-	 Mediadores	 celulares	 são	 normalmente	 sequestrados	 em	 grânulos	 intracelulares	 que	 são	 depois	 secretados	 ou	
sintetizados	de	novo	em	resposta	a	um	estímulo	
Maiores	fontes	à	plaquetas,	neutrófilos,	monócitos/macrófagos,	mastócitos	
Outros	produtores	à	células	endoteliais,	células	do	músculo	liso,	fibroblastos	e	células	epiteliais	
	 5	
-	Uma	vez	ativados	e	libertados	pela	célula	têm	curto	tempo	de	vida,	podendo	ser	transformados	em	metabolitos	inativos	
ou	sequestrados	e	degradados	
	
	
Histamina	
-	Presente	em	reservas	dentro	das	células,	distribuída	em	vários	tecidos,	maiores	concentrações	
estão	no	tecido	conjuntivo	adjacente	a	vasos	sanguíneos,	plaquetas	e	basófilos	
-	Causa	dilatação	das	arteríolas	e	aumenta	a	permeabilidade	das	vénulas	
-	Atua	por	se	ligar	a	recetores	H1	na	microcirculação	(em	células	endoteliais)	
-	Principal	mediador	da	resposta	imediata	transitória	
Metabolitos	
do	 Ácido	
Araquidónico	
-	É	um	ácido	gordo	insaturado	de	20	carbonos	
-	A	libertação	por	ação	das	fosfolipases	leva	à	produção	de	vários	eicosanóides	através	de	dois	
caminhos:	
i. Via	cicloxigenase	–	termina	com	a	síntese	de	prostaglandinas	
ii. Via	lipoxigenase	–	termina	com	a	síntese	de	leucotrienos	
-	 Prostaglandinas	 (PGD2,	 PGE2,	 PDF2a,	 PGI2)	 induzem	a	 inflamação	 e	 potenciam	os	 efeitos	 da	
histamina	e	de	outros	mediadores	
-	Tromboxano	A2	induz	a	agregação	plaquetária	e	a	vasoconstrição	
-	Leucotrienos	têm	ação	complementar	com	a	histamina,	afetam	a	permeabilidade	das	vénulas,	
as	propriedades	de	adesão	das	células	endoteliais	e	a	extravasação	e	quimiotaxia	dos	leucócitos	
-	 Leucócitos	 (LT	 C4,	 D4	 e	 E4)	 são	 as	 substâncias	 anafiláticas	 de	 ação	 lenta	 (SRS-A)	 –	 causam	
cosntrição	lenta	dos	bronquíolos	e	são	importantes	na	asma	e	em	choques	anafiláticos	
Fator	 de	
Ativação	
Plaquetária	
-	Formado	a	partir	de	um	complexo	lipídico	armazenado	nas	membranas	das	células,	afeta	várias	
células	e	induz	a	agregação	das	plaquetas	
-	Ativa	neutrófilos	e	é	um	quimioatrator	de	eosinófilos	
Proteínas	
Plasmáticas	
Pertencem	a	3	sistemas	inter-relacionados:	
• Sistema	de	 coagulação	–	 contribui	para	a	 fase	 vascular	por	 fibrinopéptidos.	A	 protéase	da	
trombina	liga-se	ao	recetor	ativado	da	protéase	e	liga	o	sistema	da	coagulação	à	inflamação	
• Sistema	do	complemento	–	20	proteínas	que	estão	na	forma	inativa	no	plasma	e	que	quando	
ativadas	se	 tornam	enzimas	proteolíticas	que	podem	degradar	outras	proteínas,	 formando	
uma	 cascata.	 Aumenta	 a	 permeabilidade	 vascular,	 aumenta	 a	 fagocitose	 e	 causa	
vasodilatação	
• Sistema	 de	 cinismo	 –	 origina	 péptidos	 vasoativos	 que	 liberta	 bradiquinina	 e	 aumenta	 a	
permeabilidade	 vascular	 e	 causa	 contração	 do	músculo	 liso,	 dilatação	 dos	 vasos	 e	 dor	 se	
injetada	
Citocinas	 e	
Quimiocinas	
-	Citocinas	são	proteínas	produzidas	por	várias	células	e	que	modulam	a	ação	de	outras	
-	Fator	de	necrose	tumoral	alfa	(TNF-a)	e	interleucina-1	(IL-1)	são	as	principais	e	são	ativadas	nos	
macrófagos	
Citocinas	 e	
Quimiocinas	
-	A	secreção	de	TNF-a	e	 IL-1	podem	ser	estimulados	por	endotoxinas,	produtos	microbianos,	
células	imunes,	lesões	e	outros	estímulos	inflamatórios	e	estimulam	a	expressão	de	moléculas	
de	adesão,	citocinas	e	quimiocinas	em	células	endoteliais	
-	Quimiocinas	são	pequenas	proteínas	que	funcionam	como	atractores	e	recrutam	e	direcionam	
as	células	em	migração	para	o	local	da	lesão	através	de	um	gradiente	químico	
-	Ligam-se	aos	proteoglicanos	das	membranas	das	células	endoteliais	ou	à	matriz	extracelular,	
ficando	as	concentrações	mais	elevadas	no	local	da	infeção	
	
Mediadores	Inflamatórios
Com	propriedades	 vasoativas e	
constritoras	do	músculo	liso
Histamina,	metabolitos	do	ácido	
araquidónico	(prostaglandinas	e	
leucotrienos)	e	PAF	(fator	
ativador	das	plaquetas)
Proteases	plasmáticas	
Ativam	o	sistema	do	
complemento, fatores	de	
coagulação	e	péptidos	
vasoativos
Fatores	quimiotáticos	
Fragmentos	do	complemento	e	
quimiocinas
Moléculas	reativas	e	citocinas
libertadas	pelos	leucócitos
Quando	libertados	para	o	
ambiente	extracelular, afetam	
os	tecidos	e	células
	 6	
Radicais	 de	
óxido	 nítrico	
e	de	oxigénio	
-	 Óxido	 nítrico	 é	 produzido	 por	 várias	 células	 e	 pode	 causar	 relaxamento	 do	 músculo	 e	
antagonismo	da	adesão	plaquetária	–	reduz	a	inflamação	
-	Derivadosdo	óxido	nítrico	têm	ação	antimicrobiana	
-	 Radicais	 de	 oxigénio	 podem	 ser	 libertados	 extracelularmente	 pelos	 leucócitos	 após	 uma	
exposição	a	micróbios,	citocinas	e	complexos	imunes	
-	Principais	espécies	produzidas	são	anião	radical	superóxido,	peróxido	de	hidrogénio	e	radical	
hidroxilo	
	
Manifestações	Locais	
-	 As	 características	 mais	 evidentes	 são	 mudanças	 vasculares	 e	 infiltração	 de	 leucócitos,	 podendo	 haver	 variações	 nas	
manifestações	que	podem	variar	de	inchaço	e	formação	de	exsudados	até	formação	de	abcessos	e	ulceração	
-	Tipos	de	exsudados	(variam	em	tipo	de	fluído,	conteúdo	de	proteínas	plasmáticas	e	presença	ou	não	de	células):	
Seroso	 Fluído	aquoso	com	baixo	teor	proteico	que	resulta	da	entrada	de	plasma	no	local	da	inflamação	
Hemorrágico	 Lesão	tecidular	severa	que	danifica	vasos	sanguíneos	e	pode	causar	fuga	de	eritrócitos	
Fibrinoso	 Contém	grandes	quantidades	de	fibrinogénio	e	forma	uma	malha	espessa	(fibras	num	coágulo)	
Membranoso	 Desenvolve-se	em	mucosas	membranares	e	são	compostos	por	células	necrosadas	emaranhadas	
com	um	exsudado	fibropurulento	
Purulento	 Contém	pus,	constituído	por	leucócitos,	proteínas	e	detritos	de	tecidos	
Abcesso	à	localizado	na	área	da	inflamação	e	contém	um	exsudado	purulento	que	pode	ser	rodeado	por	uma	camada	de	
neutrófilos.	Fibroblastos	podem	penetrar	e	estar	no	abcesso	
Ulceração	à	local	da	inflamação	onde	uma	superfície	epitelial	ficou	necrosada	e	erodida.	Pode	ocorrer	como	resultado	de	
uma	lesão	traumática	na	superfície	epitelial	ou	devido	a	um	problema	vascular	
	
o Inflamação	Crónica	
-	Perpetua-se	no	tempo	e	pode	durar	de	semanas	a	anos	
-	Pode	desenvolver-se	devido	a	um	progressivo	e	contínuo	processo	inflamatório	agudo	ou	de	uma	resposta	de	baixo	grau	
e	que	pode	causar	ardor	
-	Característica:	infiltração	de	células	mononucleares	(macrófagos)	e	linfócitos	e	não	de	neutrófilos	
-	Envolve	a	proliferação	de	fibroblastos	e	não	de	exsudados	–	comporta	maior	risco	de	haver	deformação	e	cicatriz	
-	Causas	comuns:	talco,	sílica,	amianto,	materiais	de	sutura	médica,	vírus,	bactérias,	fungos	e	parasitas	
-	Há	dois	padrões	de	inflamação	crónica:	
¨ Inflamação	Crónica	Não-Específica	à	envolve	acumulação	difusa	de	macrófagos	e	linfócitos	no	local	da	lesão.		
-	Devido	à	quimiotaxia	os	macrófagos	 infiltram-se	no	 local	 inflamado	e	acumulam-se	–	 têm	sobrevivência	prolongada	e	
estão	imobilizados	
-	Levam	à	proliferação	de	fibroblastos	com	formação	de	cicatriz	que	pode	substituir	o	tecido	conjuntivo	normal	
¨ Inflamação	Crónica	Granulomatosa	à	granuloma	é	de	pequena	dimensão	e	consiste	numa	massa	de	macrófagos	
rodeados	por	linfócitos		
-	 Associada	 a	 corpos	 externos	 como	 estilhaços,	 suturas,	 sílica,	 amianto	 e	microrganismos	 (tuberculose,	 sífilis,	 infeções	
fúngicas	profundas	e	brucelose)	–	são	fracamente	digeridos	e	não	são	facilmente	controlados	pelos	mecanismos	protetores	
-	Células	epitelioides	podem	formar	uma	massa	e	tentar	formar	uma	célula	gigante	multinucleada	que	tenta	rodear	o	agente	
externo	
	
Manifestações	Sistémicas	da	Inflamação	
-	Em	casos	normais	a	inflamação	fica	restringida	ao	local	mas,	no	entanto,	pode	levar	ao	aparecimento	de	manifestações	
sistémicas	devido	à	libertação	de	mediadores	inflamatórios	para	a	circulação:	
� Resposta	de	Fase	Aguda	
-	 Inicia-se	 geralmente	 após	 horas	 ou	dias	 do	 início	 da	 inflamação/infeção	 e	 pode	 levar	 a	 alterações	 nas	 concentrações	
plasmáticas	e	no	catabolismo	do	músculo	esquelético,	no	balanço	negativo	do	azoto,	aumento	da	taxa	de	sedimentação	de	
eritrócitos	e	aumento	do	número	de	leucócitos	
-	Respostas	provocadas	principalmente	pelas	IL-1,	IL-6	e	TNF-a	que	afetam	o	hipotálamo	e	provocam	febre	e	a	resposta	
aguda	
-	Em	casos	de	infeções	generalizadas	(sepsis)	a	grande	quantidade	de	microrganismos	no	sangue	resulta	de	uma	resposta	
inflamatória	descontrolada	com	produção	e	libertação	de	grandes	quantidades	de	citocinas	(IL-1	e	TNF-a)	
-	O	fígado	aumenta	a	produção	de	proteínas	da	fase	aguda:	fibrinogénio,	proteína	C-reativa,	amiloide	A	sérica	
� Alterações	na	contagem	de	leucócitos	
-	Sinal	frequente	na	resposta	inflamatória	
-	Devido	à	necessidade	excessiva	de	células	fagocíticas	são	libertados	neutrófilos	imaturos	da	medula	óssea	
	 7	
-	Infeções	bacterianas	causam	aumento	de	neutrófilos,	respostas	alérgicas	e	parasíticas	causam	eosinofilia,	e	infeções	virais	
levam	a	uma	diminuição	dos	neutrófilos	e	aumento	dos	linfócitos	
-	Linfadenite	à	inflamação	crónica	e	aguda	localizada	que	pode	levar	a	reações	nos	nódulos	linfáticos	que	drenam	a	área.	
É	uma	resposta	não	específica	a	mediadores	libertados	no	local	da	lesão	
	
Objetivo	2:	Explicar	os	mecanismos	de	reparação	tecidular	
	
-	É	uma	resposta	à	lesão	tecidular	que	resulta	de	uma	tentativa	para	manter	a	função	e	estrutura	corporais	normais	
o Regeneração	à	 as	 células	 lesadas	 são	 substituídas	 por	 células	 do	mesmo	 tipo	deixando	poucas	 ou	nenhumas	
evidências	da	existência	de	um	outro	tecido	
-	Tecidos	parenquimatosos	contém	células	funcionais	ou	a	parte	de	um	órgão		
-	Tecido	estromal	consiste	em	tecido	de	suporte	conjuntivo,	vasos	sanguíneos,	matriz	extracelular	e	fibras	nervosas	
-	As	células	dividem-se	em	três	tipos,	de	acordo	com	a	capacidade	para	se	regenerarem:	
	
Células	Lábeis	 Células	Estáveis	 Células	Permanentes	
-	Continuam	a	dividir-se	e	a	replicar	
durante	a	vida	toda,	substituindo	as	
células	 que	 vão	 degenerando	 ou	
sendo	destruídas	
-	 Células	 da	 superfície	 epitelial	 da	
pele,	cavidade	oral,	vagina	e	cérvix	,	
epitélio	 gastrointestinal,	 útero	 e	
trompas	 de	 Falópio,	 bem	 como	
trato	urinário	e	medula	óssea	
-	Normalmente	param	a	sua	divisão	
quando	o	crescimento	acaba	
-	 Capazes	 de	 sofrer	 regeneração	
quando	 na	 presença	 de	 um	
estímulo	 e	 são	 capazes	 de	
reconstruir	tecidos	de	origem	
-	 Células	 do	 fígado,	 rins,	 músculo	
liso	e	endotélio	vascular	
-	Não	podem	sofrer	divisão	mitótica	
-	 Células	 dos	 nervos,	 do	 músculo	
esquelético	e	do	músculo	cardíaco	
-	 Uma	 vez	 destruídas	 são	
substituídas	 por	 células	 de	 tecido	
conjuntivo	 que	 não	 possuem	 as	
mesmas	 características	 –	 forma	
cicatriz	
	
o Substituição	à	ocorre	substituição	do	tecido	por	tecido	conjuntivo,	deixando	uma	cicatriz	permanente	-	reparação	
do	tecido	fibroso:	
-	Lesões	severas	ou	persistentes	que	danificam	o	parênquima	e	a	matriz	extracelular	originam	uma	situação	que	não	pode	
ser	resolvida	por	regeneração	
-	Reparação	ocorre	por	substituição	do	tecido	conjuntivo	num	processo	que	envolve	formação	de	tecido	granuloso	e	de	
uma	cicatriz	
-	 Tecido	 granuloso	 é	 um	 tecido	 conjuntivo	 que	 tem	 capilares	 recém	 formados,	 fibroblastos	 em	 proliferação	 e	 células	
inflamatórias	residuais	
-	Angiogenese	que	acompanha	o	processo	envolve	a	ramificação	de	vasos	a	partir	de	outros	já	existentes	
-	Fibrogénese	envolve	o	influxo	de	fibroblastos	ativados	que	segregam	componentes	da	matriz	extracelular	(fibronectina,	
ácido	hialurónico,	proteoglicanos	e	colagénio)		
-	A	hidrofilia	dos	proteoglicanos	faz	com	que	a	sua	acumulação	leve	a	uma	aparência	edematosa	e	o	início	da	síntese	de	
colagénio	leva	à	formação	da	cicatriz	
-	O	processo	de	formação	da	cicatriz	ocorre	em	2	passos:	
i. Emigração	e	proliferação	de	fibroblastos	para	o	local	da	infeção	
ii. Deposição	da	matriz	extracelular	
-	Com	o	progredir	o	número	de	fibroblatos	e	de	novos	vasos	diminui	e	aumenta	a	síntese	e	deposição	de	colagénio	
	
Regulação	do	Processo	de	Cicatrização	
Ø Mediadores	químicos	e	fatores	de	crescimento	
Mediadores	químicos	à	interleucinas,	interferão,	fator	de	necrose	tumoral	alfa	(TNF-alfa),	prostaglandinas	e	leucotrienos	
(derivados	do	ácido	araquidónico)	
Fatores	de	crescimento	à	moléculas	“hormone-like”	que	interagem	com	recetores	celulares	específicos.	Podem	atuar	em	
células	adjacentes	ou	na	própria	célula	produtora	
Ex:	VEGF	–	fator	de	crescimento	do	tecido	conjuntivo	–	controla	a	deposição	de	colagénio,	angiogénese	e	epitelialização		
Ø Matriz	extracelular-	Segregada	a	nível	local	e	assemelha-se	a	uma	rede	de	espaços	e	componentes	que	rodeiam	as	células	dos	tecidos	
-	Tem	3	componentes	básicos:	
i. Proteínas	fibrosas	estruturais	–	colagénio	e	elastina	
ii. Géis	aquosos	hidratados	–	proteoglicanos	e	ácido	hialurónico	–	permitem	resiliência	e	lubrificação	
iii. Glicoproteínas	adesivas	–	fibronectina	e	laminina	–	ligam	os	componentes	da	matriz	entre	si	e	às	células	
-	Pode	aparecer	de	duas	maneiras	distintas:	
i. Membrana	basal	–	rodeia	as	células	epiteliais,	endoteliais	e	do	músculo	liso	
	 8	
ii. Matriz	intersticial	–	nos	espaços	entre	células	do	tecido	conjuntivo	e	entre	o	epitélio	e	as	células	de	suporte	
dos	vasos	sanguíneos	
-	Fornece	o	substrato	para	adesão	celular,	está	envolvido	na	regulação	do	crescimento,	movimentação	e	diferenciação	das	
células	ao	seu	redor,	armazena	e	apresenta	as	moléculas	reguladoras	do	processo	de	reparação	
-	A	integridade	da	membrana	basal	é	crítica	para	a	regeneração	dos	tecidos	à	quando	a	membrana	é	destruída	as	células	
proliferam	de	modo	aleatório	levando	à	formação	de	tecidos	não-funcionais	e	desorganizados	
-	Um	passo	crítico	no	processo	de	regeneração	é	a	passagem	de	tecido	granuloso	para	tecido	cicatrizacional:	há	alterações	
na	composição	da	matriz	extracelular	–	há	degradação	por	protéases	que	são	segregadas	por	várias	células		
-	As	protéases	são	tipicamente	elaboradas	na	forma	inativa	e	são	ativadas	por	mediadores	químicos	que	estão	presentes	
no	local	da	lesão	e	são	rapidamente	inativados	por	inibidores	tecidulares	
	
Fase	Inflamatória	à	Inicia-se	no	início	da	lesão	com	a	formação	de	um	coágulo	e	com	a	migração	de	leucócitos	fagocíticos	
para	o	local	da	infeção	
-	Após	24	horas	os	neutrófilos	juntam-se	aos	macrófagos	e	continuam	a	digestão	de	detritos	e	desempenham	um	papel	
essencial	na	produção	de	fatores	de	crescimento	
-	Há	constrição	dos	vasos	sanguíneos	lesados	e	inicio	da	coagulação	do	sangue	através	da	ativação	e	agregação	das	plaquetas	
-	Após	a	breve	constrição	ocorre	vasodilatação	e	os	vasos	aumentam	a	permeabilidade	–	plasma	e	componentes	sanguíneos	
podem	sair	para	o	local	lesado	
-	Na	fase	celular	da	inflamação	ocorre	migração	de	células	fagocíticas	que	digerem	e	removem	os	microrganismos	invasores,	
fibrina,	detritos	extracelulares	e	matéria	externa	
Fase	Proliferativa	à	principal	foco	é	a	construção	de	novo	tecido	para	preencher	o	espaço	da	ferida	
-	Fibroblastos	produzem	e	segregam	colagénio,	proteoglicanos	e	glicoproteínas	e	um	grupo	de	fatores	de	crescimento	que	
induzem	a	angiogénese,	a	proliferação	de	células	endoteliais	e	a	sua	migração	
-	Após	24	a	48	horas	os	fibroblastos	e	células	endoteliais	vasculares	 iniciam	a	proliferação	para	formar	tecido	granuloso	
(sangra	facilmente	devido	ao	grande	número	de	vasos	recém	formados	
-	Última	fase	é	a	epitelialização	em	que	ocorre	migração,	proliferação	e	diferenciação	de	células	endoteliais	para	formar	
uma	nova	camada	de	tecido	semelhante	à	que	foi	destruída	
-	Feridas	que	curam	por	intenção	primária	–	células	proliferam	e	fecham	a	ferida	até	48	horas	depois	
-	Migração	das	células	epiteliais	implicam	uma	superfície	vascular	húmida	e	é	impedida	por	superfícies	secas	ou	necróticas	
-	Excesso	de	tecido	granuloso	pode	estender-se	para	fora	da	ferida	e	prevenir	a	re-epitelialização	(necessário	tratar	com	
cirurgia	ou	cauterização	química)	
Contração	da	ferida	e	Fase	de	remodelação	à	após	3	semanas	do	início	da	lesão,	desenvolve-se	uma	cicatriz	fibrosa	
-	Há	diminuição	da	vascularização	e	remodelação	contínua	do	tecido	por	síntese	de	colagéniopelos	fibroblastos	e	lise	pela	
colagenase		
-	Feridas	que	curam	por	intenção	secundária	sofrem	contração	durante	as	fases	proliferativa	e	de	remodelação	–	a	cicatriz	
que	se	forma	é	menor	que	a	ferida	–	cosmeticamente	favorável	mas	pode	limitar	os	movimentos	e	causar	deformações	por	
perda	de	elasticidade	
-	Anormalidade:	formação	de	queloides	à	massas	com	aspecto	de	tumor	causadas	por	excesso	de	produção	de	tecido	de	
cicatriz	
Cicatrização	da	ferida	à	os	tecidos	lesados	são	reparados	por	regeneração	de	células	parenquimatosas	ou	por	reparação	
do	tecido	conjuntivo	em	que	o	tecido	da	cicatriz	substitui	as	células	funcionais	q	foram	lesadas		
		
Fatores	que	afetam	a	Cicatrização	da	Ferida	
	
Malnutrição	à	para	que	a	cicatrização	seja	bem	sucedida	é	 importante	que	existam	reservas	de	proteínas,	hidratos	de	
carbono,	gorduras,	vitaminas	e	minerais	
-	Deficiências	em	proteínas	podem	prolongar	a	 fase	 inflamatória,	prejudicar	a	proliferação	de	 fibroblastos,	a	 síntese	de	
colagénio	e	proteínas	da	matriz,	a	angiogénese	e	a	remodelação	
-	Hidratos	de	carbono	-	fonte	de	energia	para	os	leucócitos	e	evitam	o	uso	de	aminoácidos,	preservando	as	reservas	proteicas	
-	Lípidos	-	essenciais	para	as	membranas	celulares	e	para	a	síntese	de	novas	células	
-	Vitamina	C	-	necessária	para	a	síntese	de	colagénio	
-	Vitamina	A	–	estimula	e	suporta	a	epitelialização,	formação	de	capilares	e	síntese	de	colagénio	e	contraria	os	efeitos	anti-
inflamatórios	de	corticosteroides	
-	Vitamina	B	–	cofatores	enzimáticos	importantes,	todas	são	hidrossolúveis,	excepto	a	B12		
-	Vitamina	K	–	previne	indiretamente	problemas	hemorrágicos		
-	Minerais	são	essenciais	para	o	normal	funcionamento	da	célula	e	o	zinco	é	um	cofator	enzimático	
	
	 9	
Fluxo	sanguíneo	e	aporte	de	oxigénio	à	tem	que	haver	um	aporte	sanguíneo	apropriado	para	que	os	tecidos	recebam	os	
nutrientes	necessários	e	para	serem	removidos	os	metabolitos	tóxicos,	as	toxinas,	bactérias	e	detritos	
-	 Oxigénio	 molecular	 é	 necessário	 para	 a	 síntese	 de	 colagénio	 –	 hipoxia	 pode	 diminuir	 a	 cicatrização	 por	 diminuir	 o	
crescimento	dos	fibroblastos,	produção	de	colagénio	e	angiogénese	
-	Em	anaerobiose	os	macrófagos	não	conseguem	digerir	as	bactérias,	apesar	de	as	conseguirem	fagocitar	
-	Oxigénio	hiperbárico	pode	ser	utilizado	em	casos	em	que	não	ocorre	cicatrização	devido	a	condições	de	hipoxia	
	
Respostas	imunitária	e	inflamatória	prejudicadas	à	desordens	das	funções	fagocíticas,	diabetes	mellitus	e	administração	
de	corticosteroides		
-	Desordens	fagocíticas	podem	ser	extrínsecas	-		redução	do	número	total	de	células	fagocíticas	–	ou	intrínsecas	–	devido	a	
deficiências	enzimáticas	na	destruição/digestão	das	bactérias	
	
Infeção,	abertura	da	ferida	e	corpos	estranhos		
-	Infeção	prolonga	a	fase	inflamatória,	impede	a	formação	de	tecido	granuloso	e	inibe	a	proliferação	dos	fibroblastos	e	a	
deposição	de	fibras	de	colagénio	
-	Corpos	estranhos	tendem	a	favorecer	as	infeções	bacterianas	e	a	atrasar	a	cura	
	
Objetivo	3:	Descrever	os	mecanismos	de	regulação	da	temperatura	corporal,	produção	e	perda	de	calor	
	
Temperatura	corporal	à	representa	o	balanço	entre	perdas	e	ganhos	de	calor	
-	 Calor	 corporal	 é	 gerado	 nos	 tecidos	 mais	 internos,	 transferido	 para	 a	 superfície	 corporal	 pela	 corrente	 sanguínea	 e	
libertada	pela	pele	para	o	ambiente	
-	Febre	–	a	temperatura	corporal	aumenta	devido	a	alterações	no	centro	regulador	da	temperatura	no	hipotálamo	causadas	
por	citocinas	e	recetores	toll-like	
-	 Hipertermia	 –	 temperatura	 aumenta	 devido	 a	 produção	 excessiva	 de	 calor,	 falha	 na	 dissipação	 ou	 problemas	 nos	
mecanismos	termoregulatórios	
-	Hipotermia	–	temperatura	corporal	diminui	devido	à	exposição	ao	frio	
-	Processos	metabólicos	podem	aumentar	ou	diminuir	de	velocidade,	dependendo	da	temperatura	corporal	
-	Há	 variações	diurnas	da	 temperatura	 corporal:	 ponto	mais	 alto	é	no	 final	da	 tarde	e	o	potno	mais	baixo	no	 início	da	
madrugada		
-	 Podem	 formar-se	 cristais	 de	 gelo	 quando	 os	 tecidos	 estão	 expostos	 a	 temperaturas	 muito	 baixas	 ou	 pode	 ocorrer	
coagulação/agregação	de	proteínas		
-	Maioria	do	calor	corporal	é	produzido	nos	tecidos	mais	internos	(músculos	e	vísceras)	que	estão	isolados	do	ambiente	e	
protegidos	contra	a	perda	de	calor	por	uma	camada	de	tecidos	subcutâneos	e	pele	
-	A	grossura	da	camada	de	tecidos	subcutâneos	depende	do	fluxo	sanguíneo:	
• Ambiente	quente	Þ	fluxo	sanguíneo	aumentadoÞ	espessura	da	camada	diminui	Þ	maior	dissipação	de	calor	
• Ambiente	frio	Þ	vasos	sanguíneos	contraem	Þ	aumenta	a	espessura	da	camada	Þ	perda	de	calor	minimizada	
-	Temperaturas	internas	podem	ser	medidas	por	via	retal,	no	esófago	por	um	termómetro	flexível,	por	um	cateter	na	artéria	
pulmonar	ou	por	um	cateter	urinário	
-	Temperatura	oral	é	ligeiramente	inferior	à	temperatura	retal	
-	 Temperaturas	 do	 interior	 do	 corpo	 e	 da	 pele	 são	 integradas	 nas	 regiões	 termoregulatórias	 do	 hipotálamo	 (na	 área	
hipotalâmica	pré-ótica	anterior)	
-	Canais	iónicos	sensíveis	à	temperatura	são	um	subtipo	da	família	de	recetores	transitórios	–	thermoTRPs	–	presentes	nos	
neurónios	sensitivos	periféricos	e	centrais	e	são	ativados	por	estímulos	inócuos	ou	nocivos	
-	 Temperatura	 corporal	 ultrapassa	 o	 ponto	 de	 ajuste	 (37,5°)	Þ	 hipotálamo	 sinaliza	 o	 SNC	 e	 o	 SNP	Þ	 iniciam-se	
comportamentos	de	dissipação	de	calor	
-	Temperatura	corporal	desce	do	ponto	de	ajuste	(36°)	Þ	sinais	do	hipotálamo	desencadeiam	comportamentos	fisiológicos	
Þ	aumenta	a	conservação	e	a	produção	de	calor	
-	Se	a	temperatura	corporal	for	superior	a	41°	ou	inferior	a	34°	à	capacidade	termorreguladora	do	corpo	é	prejudicada	
-	Lesões	na	medula	espinal	acima	da	vértebra	T6	podem	prejudicar	a	regulação	da	temperatura	devido	à	incapacidade	do	
hipotálamo	regular	o	fluxo	sanguíneo	da	pele	e	a	sudoração	
	
Mecanismos	de	Produção	de	Calor	 Mecanismos	de	Perda	de	Calor	
-	Metabolismo	é	a	principal	forma	de	produção	de	calor	
-	Fatores	que	causam	alterações	na	taxa	metabólica:	
• Taxa	metabólica	de	cada	célula	
• Fatores	 que	 alterem	a	 taxa	metabólica	 basal	
(ex:	atividade	muscular)	
-	 Ocorrem	 na	 pele	 devido	 à	 sua	 saída	 dos	 vasos	
sanguíneos	
-	Há	anastomoses	arterio-venosas	que	permitem	que	o	
sangue	passe	diretamente	do	 sistema	arterial	 para	o	
venoso	
	 10	
• Metabolismo	 extra	 causado	 por	 hormonas	
(tiroxina,	 hormona	 do	 crescimento	 ou	
testosterona)	
• Estimulação	 do	 metabolismo	 pelo	 sistema	
nervoso	simpático	
• Aumento	da	atividade	química	celular	
• Efeito	termogénico	da	digestão	de	comida	
-	Há	um	aumento	de	0,55°C	por	cada	aumento	de	7%	
no	metabolismo	
-	 Epinefrina	 e	 NE	 atua	 nas	 célula	 alterando	 o	
metabolismo	de	 produção	de	 energia	 para	 produção	
de	calor		
-	Hormona	da	tiróide	aumenta	o	metabolismo	
-	Tremores	são	iniciados	por	impulsos	do	hipotálamo	
-	 A	 movimentação	 do	 sangue	 nas	 anastomoses	 é	
controlada	pelo	sistema	nervoso	simpático	
Radiação	–	transferência	de	calor	através	do	ar	ou	do	
vácuo	
-	Temperatura	corporal	 tem	que	ser	menor	que	a	do	
ambiente	para	que	ocorra	
Condução	 –	 transferência	 direta	 de	 uma	 célula	 para	
outra	
-	 O	 sangue	 transporta	 o	 calor	 a	 partir	 dos	 órgãos	
internos	para	a	superfície	da	pele	
-	Calor	pode	ser	conduzido	na	direção	oposta	
Convecção	–	 transferência	de	calor	por	circulação	de	
correntes	de	ar	
-	Uma	camada	de	ar	quente	tende	a	rodear	a	superfície	
do	corpo	
-	 Devido	 às	 correntes	 de	 convecção	 o	 ar	 quente	 é	
removido	e	substituído	por	ar	frio	
Evaporação	–	calor	corporal	é	utilizado	para	converter	
a	água	da	pele	em	vapor	de	água	
Perspiração	insensível	–	água	que	se	difunde	a	partir	da	
pele,	independente	da	sudoração	
-	 Transpiração	 ocorre	 através	 das	 glândulas	
sudoríparas	 e	 é	 controlada	 pelo	 sistema	 simpático,	
mediado	pela	acetilcolina	
-	Único	meio	de	perda	de	calor	quando	a	temperatura	
do	ambiente	é	superior	à	corporal	
	
Objetivo	4:	Definir	febre	e	descrever	os	seus	padrões	e	manifestações	
	
-	 Elevação	 na	 temperatura	 corporal	 causada	 por	 um	 aumento	 no	 ponto	 de	 regulação	 do	 centro	 termoregulatório	
hipotalâmico	à	o	aumento	do	ponto	de	regulação	é	causado	por	citocinas		
-	É	uma	resposta	não	específica	mediada	por	pirógenos	endógenos	libertados	pelas	células	hospedeiras	em	resposta	a	um	
problema	infecioso	ou	não	
	
Mecanismos:	
-	Várias	proteínas,	produtos	da	quebra	de	proteínas	e	substâncias	libertadas	pelas	membranas	de	bactérias	podem	causar	
o	aumento	no	ponto	de	regulação	
-	Febre	regulada	pelo	hipotálamo	não	ultrapassa,	geralmente,	os	41ºC	à	existe	um	mecanismo	termostático	de	segurança	
-	 Pirógenos	 exógenos	 à	 derivados	 de	 fora	 do	 corpo,	 podem	 ser	 substâncias	 como	 produtos	 bacterianos,	 toxinas	
bacterianas,	ou	microrganismos	 inteiros	à	 induzem	as	células	do	hospedeiro	a	produzirem	e	 libertarem	mediadores	da	
febre	–	os	pirógenos	endógenos	
-	 Quando	 bactérias	 ou	 produtos	 de	 bactérias	 estão	 presentes	 no	 sangue	 são	 fagocitados	 por	 células	 fagocíticas	 que	
degradam	esses	produtos	e	libertam	citocinas	pirogénicas	–	IL-1,	IL-6	e	TNF-a	àinduzem	a	libertação	de		prostaglandina	E2	
para	o	hipotálamo	
-	No	hipotálamo	a	PGE2	liga-se	a	recetores	onde	induz	o	aumento	do	ponto	de	regulação	termostático	através	do	cAMP	
-	Devido	a	este	aumento	o	corpo	começa	a	tremer	e	ocorre	vasoconstrição	à	aumenta	a	temperatura	corporal	
-	 Várias	 condições	 não	 infeciosas	 podem	 induzir	 a	 produção	 de	 pirógenos	 endógenos:	 infarte	 do	 miocárdio,	 embolia	
pulmonar,	neoplasmas		
-	Células	malignas	como	as	da	leucemia	ou	da	doença	de	Hodgkin	podem	libertar	mediadores	químicos	que	atuam	como	
pirógenos	endógenos	
Febre	neurogénica	à	tem	a	origem	no	sistema	nervoso	central	e	é	causada	por	danos	no	hipotálamo	devido	a	traumas,	
derrames	cerebrais	ou	aumento	da	pressão	intracraniana	
-	Esta	febre	é	caracterizada	por	altas	temperaturas,	resistente	a	antipiréticos	e	não	associada	a	suores	
	
Propósito	
-	Sinaliza	a	presença	de	uma	infeção	e	pode	legitimar	a	necessidade	de	tratamento	médico	
	 11	
-	 Pequenas	 elevações	 na	 temperatura	 podem	 aumentar	 a	 função	 do	 sistema	 imunitário	 por	 causar	 a	 proliferação	 de	
linfócitos	T	
-	Muitos	micróbios	causadores	de	infeções	podem	crescer	à	temperatura	normal	do	corpo,	a	febre	funciona	então	como	
mecanismo	inibitório	do	crescimento		
-	Tem	efeitos	negativos	em	doentes	cardíacos	ou	pulmonares	porque	causa	uma	maior	necessidade	de	oxigénio	
-	Pode	produzir	confusão,	taquicardia	e	taquipneia	
-	Se	as	temperaturas	 forem	superiores	a	42,2ºC	podem	ocorrer	danos	celulares,	acidose,	hipoxia	e	hipercaliemia	(níveis	
elevados	de	K+)	
	
Padrões	
Intermitente	 A	temperatura	volta	ao	normal	uma	vez	a	cada	24	horas	
Remitente	 A	temperatura	não	volta	ao	normal	e	varia	alguns	graus	em	ambas	as	direções		
Sustentado		 A	temperatura	permanece	acima	do	normal	e	tem	apenas	pequenas	variações	inferiores	a	0,5°	
Reincidente	 Há	um	ou	mais	episódios	de	febre	intercalados	com	dias	de	temperatura	normal	
		
Manifestações	Clínicas	
-	Podem	ser	divididas	em	4	estágios	sucessivos:	
1. Pródromo	–	aparecem	sintomas	não	específicos	como	dor	de	cabeça	e	fadiga,	mal-estar	geral	e	dor	
2. Frio/arrepios	–	sensação	desconfortável	de	frio,	início	generalizado	de	arrepios	e	tremores	causados	pelo	aumento	
da	temperatura.	Pode	ser	precedida	por	vasoconstrição	e	ereção	dos	pelos.	Quando	é	atingido	o	novo	ponto	de	
regulação	os	tremores	param.	
3. Rubor	–	ocorre	vasodilatação	cutânea	e	a	pele	fica	
quente	e	avermelhada	
4. Defervescência	–	marcada	pelo	inicio	da	sudoração	
-	 Manifestações	 clínicas	 comuns	 de	 febre	 são	 anorexia,	
mialgia,	 artralgia	 e	 fadiga	 –	 desconfortos	 piorados	 com	
temperaturas	superiores	a	39,5°	
-	 Respiração	 e	 ritmo	 cardíaco	 aumentam,	 pode	 ocorrer	
desidratação	 devido	 à	 sudoração	 e	 à	 perda	 de	 vapor	
aumentada	devido	à	taxa	respiratória	
-	A	febre	pode	ainda	ser	acompanhada	por	dor	de	cabeça,	
devido	à	vasodilatação	cerebral	e	podendo	mesmo	ocorrer	
delírios	se	T	>40°C	
	
Diagnóstico	
-	A	maior	parte	dos	casos	são	causados	por	infeções	e	são	relativamente	fáceis	de	diagnosticar	
-	FUO	=	Febre	de	origem	desconhecida	(FOD)	à	febre	prolongada	em	que	é	difícil	determinar	a	causa	–	está	definida	como	
sendo	febre	acima	dos	38,3°C	presente	durante	3	semanas	ou	mais		
-	Nas	causas	de	FOD	podem	estar	doenças	como	linfomas,	metástases	no	fígado	ou	no	SNC		
-	Febre	Familiar	Mediterrânicaà	ocorrem	febres	recorrentes	mas	sem	um	padrão	característico	específico,	é	uma	doença	
autossómica	 recessiva	caracterizada	por	um	 início	precoce	de	crises	agudas	de	peritonite	e	 febre	elevada	com	duração	
média	de	2	dias.	O	principal	problema	crónico	é	a	presença	de	anticorpos	no	soro	que	podem	levar	a	falha	renal	ou	cardíaca	
	
Tratamento	
-	Os	principais	métodos	focam-se	em	modificações	no	ambiente	para	aumentar	a	transferência	de	calor	do	interior	do	corpo	
para	o	exterior,	suportar	o	estado	hipermetabólico,	proteger	os	órgãos	mais	vulneráveis	e	tratar	a	infeção	ou	condição	que	
está	a	causar	a	febre	
-	É	necessária	precaução	para	não	ocorrer	diminuição	da	temperatura	muito	brusca	e	para	não	causar	vasoconstrição	e	
tremores	(evita-se	assim	a	diminuição	da	perda	de	calor	que	aconteceria)	
-	Fármacos	antipiréticos	(aspirina,	ibuprofeno	e	paracetamol)	são	utilizados	para	aliviar	os	desconfortos	causados	pela	febre	
e	proteger	os	órgãos	mais	vulneráveis	
-	Pensa-se	que	estes	fármacos	diminuam	o	ponto	de	regulação	da	temperatura	no	hipotálamo	por	bloquearem	a	atividade	
da	ciclo-oxigenase	
	
Febre	nas	Crianças	
-	Crianças	e	jovens	têm	a	função	imunitária	debilitada	sendo	mais	frequentemente	afetados	por	infeções		
-	Mecanismos	de	regulação	de	temperatura	não	estão	bem	desenvolvidos	nas	crianças	
	 12	
-	Em	recém-nascidos	(<	3	meses)	um	aumento	da	temperatura	superior	a	38°C	pode	indicar	infeção	aguda	grave	
-	Febre	em	bebés	ou	crianças	pode	ser	classificada	em	baixo	risco	ou	risco	elevado,	dependendo	da	probabilidade	da	infeção	
progredir	para	bacteriemia	ou	meningite	e	dos	seus	sinais	de	toxicidade	
-	Sinais	de	toxicidade	podem	envolver	perda	de	sensibilidade	(letargia),	má	alimentação,	hipoventilação,	má	oxigenação	
tecidular	e	cianose	
	
Febre	em	Idosos	
-	Uma	pequena	elevação	na	temperatura	pode	significar	infeção	grave	ou	doença	
-	Nos	idosos	a	temperatura	corporal	normal	e	o	padrão	circadiano	de	variação	de	temperatura	estão	alterados	
-	Nem	todos	os	idosos	têm	resposta	febril	durante	uma	infeção,	sendo,	por	isso,	difícil	diagnosticar	
-	Mecanismos	prováveis	para	a	resposta	febril	atenuada	que	se	verifica	podem	incluir:	
� Distúrbios	na	sensibilidade	à	temperatura	pelo	centro	termoregulatório	no	hipotálamo	
� Alterações	na	libertação	de	pirogenos	endógenos	
� Falha	no	desenvolvimento	de	respostas	como	a	vasoconstrição	de	vasos	sanguíneos,	aumento	da	produção	de	calor	
e	tremores	que	levam	ao	aumento	da	temperatura	corporal	
-	Devido	a	estas	falhas	pode	ser	difícil	diagnosticar	e	iniciar	o	tratamento	antibiótico	
-	Sinais	de	infeção	em	adultos	em	que	a	febre	está	ausente	podem	incluir:	mudanças	na	capacidade	funcional,	pioria	do	
estado	mental,	fraqueza,	fadiga	e	perda	de	peso	
	
Objetivo	 5:	 Definir	 hipertermia	 e	 hipotermia	 e	 distinguir	 os	mecanismos	 fisiológicos	 envolvidos	 na	 febre,	 hipertermia	 e	
hipotermia	
	
Hipertermia	à	 aumento	 da	 temperatura	 corporal	 que	 ocorre	 sem	 que	 haja	 uma	mudança	 no	 ponto	 de	 regulação	 do	
hipotálamo	
-	Ocorre	 quando	os	mecanismos	 termoregulatórios	 são	 superados	 pela	 produção	de	 calor,	 calor	 ambiental	 excessivo	 e	
dissipação	de	calor	insuficiente	
- Pode ocorrer: cãibras de calor (espasmos	musculares	graves	que	ocorrem	depois	de	se	suar	excessivamente	ao	desenvolver	uma	
actividade	física	intensa	em	condições	de	calor	extremo),	exaustão	por	calor	e	insolações	
-	A	circulação	sanguínea	adequada	é	essencial	para	a	dissipação	do	calor	à	idosos	com	problemas	circulatórios	têm	risco	
aumentado	de	hipertermia	
-	Fármacos	que	aumentem	o	tónus	muscular	e	o	metabolismo	ou	que	reduzam	a	perda	de	calor	podem	causar	disfunções	
termoregulatórias	(ex:	diuréticos,	neurolépticos,	anti-colinérgicos)	
-	Prevenção	à	evitar	atividade	física	com	calor	extremo,	aumentar	a	ingestão	de	fluídos,	utilizar	roupa	adequada	ao	clima	
-	A	capacidade	de	tolerar	o	calor	depende	da	temperatura	e	da	humidade	à	Ý	humidade	Þ	ß	perda	de	calor	por	sudoração	
e	evaporação	
Cãibras	 de	
calor	
Cãibras	lentas	e	dolorosas	no	músculo	esquelético	quando	estes	são	utilizados	intensamente	durante	
1	a	3	minutos.	Resultam	da	diminuição	dos	teores	de	sais	que	ocorre	devido	à	perda	de	fluídos	por	
transpiração	e	que	são	repostos	apenas	por	água	
Exaustão	por	
calor	
Perda	gradual	de	sais	e	água	após	esforço	físico	prolongado	ou	sob	um	ambiente	quente	
Sintomas	 incluem	 sede,	 fadiga,	 náuseas,	 oligúria	 (diminuição	 da	 produção	 de	 urina),	 tonturas	 e	
delírios	
Hiperventilação	 em	 combinação	 com	 exaustão	 por	 calor	 pode	 levar	 a	 cãibras	 devido	 à	 alcalose	
respiratória	 (sangue	 torna-se	 alcalino	 devido	 a	 que	 a	 respiração	 rápida	 ou	 profunda	 tem	 como	
resultado	uma	baixa	concentração	de	anidrido	carbónico	no	sangue)	
Insolação	 Falha	nos	mecanismos	de	regulação	térmica	que	podem	causar:	temperatura	corporal	>	40°C,	pele	
quente	e	seca,	ausência	de	sudoração	e	possíveis	efeitos	no	SNC	(delírios,	convulsões	e	perda	de	
consciência)	
O	risco	de	desenvolver	uma	insolação	devido	ao	stress	por	calor	é	aumentada	em	condições	como	
alcoolismo,	obesidade,	 diabetes	mellitus,	 e	 doenças	 crónicas	 cardíacas,	 renais	 ou	mentais	 e	 com	
fármacos	como	anticolinérgicos,	bloqueadores	beta	e	antidepressivos	 tricíclicos	que	bloqueiam	a	
vasodilatação	e	a	sudoração	
Pensa-se	que	resulta	do	efeito	direto	do	calor	nas	células	e	na	libertação	de	citocinas	(interleucinas,	
TNFa	e	interferão)	por	células	endoteliais,	leucócitos	e	células	epiteliais	
Sintomas:	taquicardia,	hiperventilação,	tonturas,	fraqueza,	distúrbios	emocionais,	náuseas,	vómitos,	
delírios,	convulsões,	colapso	e	coma.	Pele	seca	e	quente.	Pode	desenvolver-se	hipotensão	e	colapso	
vascular	que	leva	ao	arrefecimento	da	pele	
	 13	
 
Hipotermia	à	definida	como	temperatura	corporal	inferior	a	35°C	
Hipotermia	acidental	pode	ser	definida	como	a	diminuição	espontânea	na	temperatura	corporal,	geralmente	quando	num	
ambiente	frio	e	associada	a	um	problema	agudo,	mas	sem	afetar	o	centro	de	regulação	térmico	no	hipotálamo	
Hipotermia	sistémica	pode	resultar	da	exposição	prolongada	a	frio	e	pode	desenvolver-se	em	pessoas	saudáveis		
-	Como	a	água	conduz	a	temperatura	mais	rapidamente	que	o	ar	a	temperatura	corporal	diminui	mais	rapidamente	se	o	
corpo	for	submerso	ou	se	as	roupas	estiverem	molhadas	
-	Pessoas	com	homeostasia	alterada	podem	entrar	em	estado	hipotérmico	com	diminuições	ténues	da	temperatura	
-	Várias	condições	podem	contribuir	para	o	desenvolvimento	de	hipotermia,	como:	malnutrição,	álcool,	sedativos,	doenças	
cardiovasculares,	doenças	no	SNC,	lesões	na	medula	espinal,	e	hipotiroidismo		
	
Hipotermia	Neonatal	
-	Recém-nascidos	estão	mais	predispostos	a	desenvolver	hipotermia	devido	à	grande	superfície	corporal	e	pequena	massa	
corporal	
-	A	perda	de	calor	ocorre	por	convecção	para	o	ar	em	envolvente,	por	condução	para	materiais	mais	frios,	radiação	para	o	
ambiente	e	evaporação	pela	pele	húmida	
-	Devido	à	gordura	castanha,	que	difere	da	branca	por	ter	uma	elevada	quantidade	de	mitocôndrias,	os	recém-nascidos	
estão	mais	protegidos	
-	Na	gordura	castanha	existe	uma	proteína	chamada	UCP1	(termogenina)	que	permite	a	oxidação	de	ácidos	gordos	para	
produzir	calor	
Tratamento:	 medidas	 que	 suportem	 o	 funcionamento	 vital	 dos	 órgãos	 enquanto	 se	 diminui	 a	
temperatura	corporal	
Febre	 por	
fármacos	
Ocorre	 com	 a	 administração	 simultânea	 de	 fármacos	 e	 desaparece	 após	 a	 eliminação	 da	
administração	
Fármacos	podem	interferir	com	a	dissipação	de	calor,	alterar	a	regulação	de	temperatura	no	centro	
hipotalâmico	 ,	 atuar	 como	pirógenos	diretamente,	 causar	 lesões	 nos	 tecidos	 ou	 induzir	 resposta	
imunitária	
Exemplos:	
Hormona	da	tiróide	exógena	–	aumenta	a	taxa	metabólica	e	a	produção	de	calor	
-	 Atropina,	 anticolinérgicos,	 anti-histamínicos,	 anti-psicóticos	 derivados	 da	 fenotiazina	 e	
antidepressivos	tricíclicos	à	diminuem	a	sudoração	
-	 Anfetaminas,	 cocaína	 e	 simpatomiméticos	 –	 produzem	 vasoconstrição	 periférica	 (inibem	 a	
libertaçãode	calor)	
-	Anticancerígenos	podem	levar	à	libertação	de	pirógenos	endógenos	pelas	células	tumorais	
-	 Overdose	 por	 inibidores	 da	 recaptação	 de	 serotonina	 ou	 o	 seu	 uso	 em	 pessoas	 que	 tomam	
inibidores	da	MAO	pode	causa	agitação,	hiperatividade	e	hipertermia		
-	A	causa	mais	comum	de	febre	causada	por	medicamentos	é	hipersensibilidade	à	substância	ativa	
que	pode	apresentar	outros	sintomas:	artralgias,	urticaria,	mialgias,	desconforto	gastrointestinal	e	
erupções	cutâneas	
É	importante	para	o	diagnóstico	a	ausência	do	aumento	da	taxa	de	batimento	cardíaco	
Hipertermia	
Maligna	
Doença	 autossómica	 dominante	 que	 afeta	 o	 metabolismo	 e	 em	 que	 é	 gerado	 calor	 devido	 à	
contração	descontrolada	do	músculo	esquelético	
A	mutação	ocorre	geralmente	no	gene	RYR1	e	a	contração	muscular	ocorre	devido	a	uma	libertação	
intracelular	anormal	de	cálcio	a	partir	do	retículo	sarcoplasmático	
Devido	ao	hipermetabolismo	ocorre	uma	produção	excessiva	de	 lactato	com	grande	consumo	de	
ATP	e	O2	e	libertação	de	grandes	quantidades	de	CO2	
Em	pessoas	afetadas	um	episódio	pode	ser	desencadeado	por	stress	ou	por	anestésicos		(anestésicos	
halogenados	e	agentes	despolarizantes	do	músculo	esquelético	como	a	succinilcolina)	
Outros	fatores	que	pode	precipitar	são:	trauma,	exercício,	infeções	e	calor	ambiental	excessivo	
	
Síndrome	
Neuroléptico	
Maligno	
Associado	a	medicação	neuroléptica	que	na	 sua	maioria	bloqueia	os	 recetores	da	dopamina	nos	
gânglios	basais	e	no	hipotálamo	
A	hipertermia	resulta	de	alterações	no	centro	termoregulatório	hipotalâmico		
Tem	geralmente	um	 início	 rápido,	 caracterizado	por	hipertermia,	 rigidez	muscular,	 alterações	de	
consciência	e	disfunção	do	sistema	nervoso	autónomo	
Tratamento:	 descontinuação	 imediata	 dos	 fármacos	 neurolépticos,	 medidas	 para	 diminuir	 a	
temperatura	corporal	e	tratamento	das	disritmias.	Pode	usar-se	bromocriptina	e	dantroleno	
	 14	
-	 Temperaturas	 frias	 estimulam	 a	 produção	 de	 epinefrina	 e	 TSH	 que	 causam	 libertação	 de	 T3	 e	 T4	 que	 atuam	 nas	
mitocôndrias	para	produzir	calor	por	fosforilação	e	oxidação	
	
Hipertermia	Perioperatória	
-	É	importante	prevenir	o	risco	de	hipotermia	em	pessoas	magras,	idosas,	debilitadas,	intoxicadas	ou	que	se	submetem	a	
cirurgia	
-	Resulta	de	um	ambiente	frio	e	problemas	nos	mecanismos	termoregulatórios	causados	pelos	anestésicos	
-	Anestésicos	gerais	–	diminuem	a	taxa	metabólica,	diminuem	a	vasoconstrição	e	os	tremores	
-	Tremores	pós-anestésicos	são	perigosos	porque	podem	estar	associados	a	várias	sequelas:	consumo	aumentado	de	O2,	
produção	de	CO2,	esforço	cardiorrespiratório	aumentado,	e	alterações	na	libertação	de	catecolaminas	
	
Manifestações	Clínicas	
-	Má	coordenação,	cambalear,	discurso	arrastado,	irracionalidade,	amnésia,	alucinações,	pele	azulada/arroxeada,	dilatação	
pupilar	(midríase),	diminuição	da	taxa	respiratória	e	pulso	fraco	e	irregular	
-	Aumento	da	pressão	sanguínea,	hiperventilação,	aumento	do	fluxo	urinário	são	comuns	
-	Pode	provocar	desidratação	e	hematócrito	aumentado	
-	 Com	hipotermia	moderada	 diminuem	os	 tremores	 e	 os	músculos	 ficam	 rígidos,	 pressão	 sanguínea	 e	 taxa	metabólica	
diminuem.	Com	esta	diminuição,	ocorre	também	diminuição	do	consumo	de	O2	e	da	produção	de	CO2		
-	Concentrações	extracelulares	de	sódio	e	potássio	diminuem,	níveis	de	Cl-	aumentam		
-	Perda	temporária	de	plasma	pela	circulação	e	aumento	da	viscosidade	do	sangue	
	
Diagnóstico	e	tratamento	
-	Temperatura	oral	não	é	adequada	para	medir	durante	a	hipotermia	devido	à	vasoconstrição	severa	e	à	viscosidade	do	
sangue	
-	Tratamento	consiste	em	aquecer	o	doente,	suportar	as	funções	vitais	e	prevenir	possíveis	complicações	
	
Objetivo	6:	Descrever	os	mecanismos	e	as	vias	de	transmissão	da	dor	
	
	Dor	à	experiência	emocional	e	sensitiva	desagradável,	associada	a	potenciais	ou	evidentes	danos	tecidulares	
-	A	pessoa	reage	ao	estímulo	ao	remover	o	fator	que	desencadeia	a	estimulação	nociva	
Fatores	que	influenciam	a	reação	à	dor	à	ansiedade,	cultura,	género,	idade,	experiências	passadas,	expectativas	sobre	o	
alívio	da	dor	
-	Envolve:	estruturas	anatómicas	+	comportamentos	fisiológicos	+	fatores	psicológicos,	sociais,	culturais	e	cognitivos	
	
Dor	aguda	à	resulta	de	lesões,	cirurgias	ou	procedimentos	médicos	invasivos.	Pode	ser	sintoma	de	uma	infeção	
Dor	crónica	à	pode	ser	sintomática	de	vários	problemas	de	saúde	
-	A	perceção	de	dor	é	influenciada	por	um	sistema	endógeno	de	analgesia	que	modula	a	sensação	de	dor		
	
Dor	nociceptiva	à	os	nociceptores	são	terminações	nervosas	livres	e	são	ativados	em	resposta	a	danos	nos	tecidos	
Dor	neuropática	à	deriva	diretamente	de	lesões	ou	disfunções	dos	axónios	sensitivos	de	nervos	periféricos	ou	centrais		
	
-	Lesões	nos	nervos	ou	nos	tecidos	podem	causar	vários	tipos	de	sintomas:	
• Dor	devido	a	estímulos	não	lesivos	na	pele	–	alodinia	
• Sensibilidade	extrema	à	dor	–	hiperalgesia	
• Ausência	de	dor	em	estímulos	que	seriam	lesivos	–	analgesia	
	
Teorias	da	Dor	
	
Teoria	 da	 especificidade	à	 a	 dor	 é	 uma	 modalidade	 sensitiva	 causada	 pela	 atividade	 de	 recetores	 específicos	 que	
transmitem	a	informação	para	os	centros	da	dor	ou	para	regiões	em	que	a	dor	é	experienciada	
-	Não	tem	em	conta	os	sentimentos	das	pessoas	nem	como	cada	pessoa	sente	a	dor,	como	lida	com	ela	ou	as	experiências	
do	passado	
	
Teoria	 do	 Padrão	 à	 composta	 por	 várias	 teorias.	 Os	 recetores	 da	 dor	 partilham	 terminações	 ou	 vias	 com	 outras	
modalidades	sensitivas	mas	com	diferentes	padrões	de	atividade,	isto	é,	os	mesmos	neurónios	podem	ser	utilizados	para	
estímulos	relacionados	com	a	dor	e	estímulos	não	relacionados	com	a	dor	
	
-	Ambas	as	teorias	se	focam	nas	bases	neurofisiológicas	da	dor,	e	foram	identificadas	várias	vias	aferentes	nociceptoras	
	 15	
-	Praticamente	todos	os	estímulos	aferentes	podem	ser	dolorosos	se	forem	conduzidos	a	uma	frequência	demasiado	alta	
		
Teoria	do	Controlo	do	Portão	(modificação	na	teoria	da	especificidade)	à	há	mecanismos	de	gating	neuronais	nos	níveis	
segmentais	da	medula	espinal	que	explicam	as	interações	entre	a	dor	e	outros	tipos	de	sensações	
	
-	A	modulação	da	dor	é	mais	complexa	que	a	proposta	pela	teoria	do	portão	
-	A	informação	das	sensações	táteis	é	transmitida	por	fibras	de	grande	e	pequeno	diâmetro	
-	Outros	fatores	que	influenciam	a	dor:	
• Opióides	endógenos	têm	recetores	ao	nível	segmental	da	medula	e	ao	nível	do	tronco	cerebral	
• Modulação	do	feedback	descendente	
• Sensibilidade	alterada	
	
Teoria	da	Neuromatriz	à	inclui	o	papel	do	cérebro,	as	múltiplas	dimensões	e	os	determinantes	da	dor	
-	 O	 cérebro	 contém	 uma	 rede	 neuronal	 amplamente	 distribuída	 chamada	 “body-self	 neuromatrix”	 que	 contém	
componentes	somatosensitivos,	límbicos	e	talamocorticais		
-	A	genética	e	as	sensações	influenciam	a	arquitetura	sináptica	dessa	rede	neuronal	
	
	
Múltiplas	fontes	incluem:	
-	Entradas	somatosensoriais	
-	 Entradas	 sensitivas	 que	 afetam	 a	 interpretação	 das	
situações	
-	Componentes	da	regulação	do	stress	
	
Mecanismos	e	Vias	da	Dor	
	
Estímulos	nociceptivos	à	estímulos	com	intensidade	elevada	
e	 que	 estão	 perto	 de	 causar	 ou	 causam	 mesmo	 danos	 nos	
tecidos	
-	O	reflexo	de	retirada	é	utilizado	para	determinar	quando	um	
estímulo	é	nociceptivo	
-	 Quando	 a	 intensidade	 do	 estímulo	 nocivo	 é	 reduzida	 os	
nociceptores	 são	 estimulados,	 mas	 a	 sensação	 apenas	 é	
percebida	 como	 sendo	 dor	 quando	 a	 intensidade	 atinge	 um	
nível	 em	 que	 ocorrem	 danos	 no	 tecido	 ou	 estes	 estão	
iminentes		
-	As	vias	da	dor	são	compostas	por	3	neurónios:	
i. Neurónios	 de	 primeira	 ordem	 à	 as	 terminações	
nervosas	 detetam	 os	 estímulos	 que	 ameaçam	 a	
integridade	dos	tecidos	que	enervam	
ii. Neurónios	de	segunda	ordem	à	estão	localizados	na	
medula	espinal		e	processam	a	informação	acerca	da	
dor	para	o	cérebro	
iii. Neurónios	 de	 terceira	 ordem	 à	 projetam	 a	
informação	da	dor	para	o	cérebro	
-	O	tálamo	e	o	córtex	somatosensitivo	integram	e	modulama	
dor	e	a	reação	da	pessoa	(subjetiva)	à	dor	
	
Recetores	e	Mediadores	da	Dor	
	
Nociceptores	à	recetores	sensitivos	que	são	ativados	por	estímulos	nocivos	nos	tecidos	periféricos.	Estruturalmente	são	
as	terminações	nervosas	livres	das	fibras	periféricas	da	dor	
-	Estão	bem	distribuídos	na	pele,	pulpa	dentária,	periósteo,	meninges	e	alguns	órgãos	internos	
-	Traduzem	os	estímulos	nocivos	em	potenciais	de	ação	que	são	transmitidos	por	uma	raiz	ganglionar	dorsal	para	o	corno	
dorsal	da	medula	espinal	
Integra	 várias	 entradas	de	diversas	 fontes	e	produz	
um	 padrão	 de	 sinais	 que	 alteram	 as	 dimensões	
sensitivas,	afetivas	e	cognitivas	da	dor	
	 16	
Há	dois	tipos	de	fibras	nervosas	aferentes	que	transmitem	potenciais	de	ação	nociceptivos:	
Estimulação	dos	nociceptores	
-	Estímulos	mecânicos	àpressão	intensa	aplicada	na	superfície	corporal,	contrações	violentas	ou	estiramento	extremo	de	
um	músculo	
-	Estímulos	térmicos	à	calor	ou	frio	intensos		
-	Estímulos	químicos	à	geram-se	devido	a	traumas	nos	tecidos,	isquemia	ou	inflamação	–	são	libertados	vários	mediadores	
da	inflamação	como	protões,	iões	potássio,	prostaglandinas,	leucotrienos,	histamina,	bradicinina,	acetilcolina	e	serotonina	
-	 Estes	mediadores	 químicos	 estimulam	 diretamente	 os	 nociceptores	 e	 sensibilizam-nos	 para	 os	 efeitos	 dos	 estímulos	
nociceptivos,	perpetuando	a	inflamação	e	libertando,	consequentemente	mais	mediadores	(feedback	positivo)	
-	Estimulação	que	ative	as	fibras	C	pode	causar	inflamação	neurogénica	–	produz	vasodilatação	e	aumento	da	libertação	de	
mediadores	químicos	que	atuam	nos	nociceptores	
	
Mediadores	na	Medula	Espinal	
-	 A	 transmissão	 de	 impulsos	 entre	 os	 neurónios	 nociceptivos	 e	 os	 neurónios	 do	 corno	 dorsal	 é	 mediada	 por	
neurotransmissores	químicos		
-	Estes	transmissores	podem	ser:	aminoácidos	(ex:	glutamato),	derivados	de	aminoácidos	(ex:norepinefrina)	e	péptidos	de	
baixo	peso	molecular	
-	Substância	P	à	neuropéptido	libertado	no	corno	dorsal	da	substância	cinzenta	pelas	fibras	C	em	resposta	a	um	estímulo	
nociceptivo,	provocando	potenciais	excitatórios	lentos	
-	Alguns	péptidos	podem	difundir-se	para	algumas	zonas	e	alastrar	a	estimulação	porque	não	são	inativados	por	mecanismos	
de	recaptação	–	explicação	para	dor	prolongada	e	difusa	
-	Substância	P	pode	ainda	prolongar	e	aumentar	a	ação	de	glutamato	
-	 Se	 estes	 neurotransmissores	 forem	 libertados	 em	 grande	 quantidade	 podem	 causar	 hiperalgesia	 –	 os	 neurónios	 de	
segunda	ordem	ficam	demasiado	sensíveis	à	estimulação	nociva	
	
Vias	e	Circulação	na	Medula	Espinal	
-	 No	 corno	 dorsal	 os	 interneurónios	 projetam-se	 pela	 comissura	 anterior	 para	 o	 lado	 oposto	 e	 ascendem	 nas	 vias	
neospinotalâmica	e	paleospinotalâmica	
v Via	neospinotalâmica	à	fibras	de	condução	rápida,	associadas	à	transmissão	de	informação	relativa	a	dor	aguda	
até	ao	tálamo	
v Via	paleospinotalâmica	à	fibras	de	condução	mais	lentas,	multisinápticas	e	responsáveis	pelas	sensações	difusas,	
lentas,	dolorosas	e	desagradáveis	–	associadas	a	dor	crónica	ou	visceral	(fibras	não	mielinizadas	C)	
-	Algumas	fibras	desta	via	projetam-se	no	sistema	límbico,	estando	associadas	a	dor	emocional,	afetiva	e	motivacional	
-	Os	neurónios	do	corno	dorsal	(de	segunda-ordem)	estão	divididos	em	dois	tipos:	
i. Neurónios	de	ampla	faixa	dinâmica	à	respondem	a	diversos	estímulos	de	baixa	intensidade	
ii. Neurónios	específicos	nociceptivos	à	respondem	apenas	a	estímulos	nocivos/nociceptivos	
	
Centros	Cerebrais	e	Perceção	da	Dor	
-	Informação	a	partir	do	tecido	lesado	é	levada	pela	medula	espinal	até	aos	centros	cerebrais	no	tálamo	onde	ocorrem	as	
sensações	de	dor	
-	Na	via	neospinotalâmica	ocorrem	interligações	entre	o	córtex	somatosensitivo	e	o	tálamo	lateral	que	fazem	com	que	a	dor	
seja	mais	precisa	e	tenha	algum	significado	
Vias	Centrais	para	a	Modulação	da	Dor	
-	Uma	das	vias	que	modula	a	dor	descende	a	partir	da	região	cinzenta	periaquedutal	(no	mesencéfalo)	
-	A	estimulação	elétrica	nesta	região	do	cérebro	pode	produzir	um	estado	de	analgesia	que	dura	algumas	horas	
-	Recetores	opióides	encontram-se	em	grande	concentração	nesta	região	e	noutras	do	SNC	ligadas	à	modulação	da	dor	
-	A	área	cinzenta	periaquedutal	recebe	impulsos	de	várias	áreas	do	cérebro,	incluindo	o	córtex,	hipotálamo,	tronco	cerebral	
e	medula	espinal	através	tanto	de	vias	neospinotalâmicas	como	de	paleospinotalâmicas	
	
Mecanismos	Analgésicos	Endógenos		
Fibras	
mielinizadas	
Ad
- Fibras	de	maior	diâmetro	e	com	maior	velocidade	de	condução
- Conduzem	tipicamentea	dor	rápida	e	são	ativadas	por	estímulos	mecânicos	e	químicos
Fibras Não	
mielinizadas	
C
- Fibras	nervosas	mais	pequenas	de	todos	os	nervos	periféricos
- Conduzem a	dor	lenta,	assim	chamada	por	ter	um	início	mais	demorado,	e	maior	duração	de	ação
-Ativadas	por	estímulos	químicos	ou	por	estímulos	mecânicos	ou	térmicos	continuados
	 17	
-	Existem	recetores	opióides	e	péptidos	opióides	sintetizados	endogenamente	que	atuam	como	substâncias	morfina-like		
-	Estas	substâncias	atuam	em	processos	periféricos	dos	neurónios	primários	em	várias	regiões	do	SNC	
-	Existem	3	famílias	de	péptidos	opióides	sintetizados	endogenamente:	
i. Encefalinas	
ii. Endorfinas 	 Parecem	funcionar	como	neurotransmissores	mas	não	há	consenso	
iii. Dinorfinas		
-	Estudos	mostraram	que	agonistas	opióides	bloqueavam	os	canais	de	cálcio,	 já	que	é	este	 ião	a	causa	da	 libertação	de	
neurotransmissores	na	sinapse	–	o	bloqueio	do	cálcio	impede	então	a	transmissão	sináptica	dos	impulsos	
	
Objetivo	7:	Descrever	as	características	dos	diferentes	tipos	de	dor	e	as	alterações	na	sensibilidade	à	dor	
	
Limiar	da	dor	à	ponto	a	partir	do	qual	um	estímulo	é	sentido	como	doloroso	
Tolerância	à	dor	à	dor	total	que	é	experienciada	
-	Fatores	que	 influenciam	a	quantidade	de	dor	que	uma	pessoa	consegue	suportar:	psicológicos,	culturais,	 familiares,	e	
ambientais	
	
Tipos	de	Dor	
	
	
	
	
	
	
	
Ø Dor	
Aguda	
-	Provocada	por	lesões	nos	tecidos	e	por	ativação	de	nociceptores	no	local	da	lesão	
-	Geralmente	de	curta	duração	e	tende	a	passar	quando	o	processo	patológico	que	a	causou	é	resolvido	
-	Para	o	diagnóstico	é	 importante	saber	a	 localização,	 locais	para	onde	se	alastra,	 intensidade,	duração	e	 fatores	que	a	
agravam	ou	aliviam	
-	Situações	capazes	de	aliviar	a	dor	tendem	a	conseguir	aliviar	outros	problemas	simultâneos	como	ansiedade	e	espasmos	
musculares	
-	 Dor	 aguda	 tratada	 inadequadamente	 pode	 provocar	 respostas	 fisiológicas	 que	 afetam	 a	 circulação	 sanguínea	 e	 o	
metabolismo	e	produzir	manifestações	físicas	como	taquicardia	(devido	ao	excesso	de	ativação	simpática)	
	
Ø Dor	Crónica	
-	Mais	persistente	e	é	causada	por	fatores	que	podem	estar	distantes	da	origem	da	dor		
-	Pode	ser	severa	e	relativamente	contínua,	com	ou	sem	períodos	de	escalamento	(variações	na	intensidade)	
-	Causa	principal	de	 incapacidade,	 impõe	restrições	fisiológicas,	psicológicas,	 familiares	e	económicas,	podendo	 levar	ao	
esgotamento	de	recursos	
-	Em	contraste	com	a	dor	aguda,	fatores	ambientais	e	psicológicos	podem	ter	um	papel	importante	no	desenvolvimento	de	
comportamentos	associados	à	doença	
	
	
-	Quanto	mais	prolongadas	e	contínuas	se	tornam	as	condições	de	dor,	mais	as	repostas	do	sistema	nervoso	autónomo	
tendem	a	diminuir	
Classificação	
da	dor
Duração
Aguda Crónica
Localização
Cutânea Visceral	e	Profunda
Local	de	
referência
Associada	a	
diagnósticos	
médicos
Cirurgias	e	
Traumas Cancro
Anemia	
falciforme Fibromialgia
Fatores	
biológicos	
que	
influenciam	a
dor	crónica
Mecanismos	
periféricos
Resultam	da	estimulação	persistente	dos	nociceptores	e	estão	principalmente	envolvidos	em	
desordens	musculo-esqueléticas	 crónicas,	viscerais	e	vesculares
Mecanismos	
periféricos-centrais
Relacionados	com	a	função	anormal	das	porções	centrais	e	periféricas	do sistema	somato-sensitivo
Inclui	condições	como	causalgia	e	dor	fantasma
Mecanismos	
centrais
Associados	a	doenças/lesões	do	SNC, caracterizada	por	sensação	dequeimação,	ardor,	hiperalgesia	
(sensação	exagerada	à	dor)		ou	disestesia	(alteração	na	sensiblidade	do	tato)
Inclui	condições	como	lesões	no	tálamo,	lesões	na	medula	espinal,	esclerose	múltipla
	 18	
-	Podem	estar	associadas	à	dor	crónica:	falta	de	apetite,	distúrbios	no	sono	e	depressão	
---/---	
Ø Dor	cutânea	
-	Surge	a	partir	de	estruturas	superficiais,	é	forte	causa	a	sensação	de	queimar	e	pode	ter	início	abrupto	ou	progressivo	
-	Pode	ser	localizada	a	estar	distribuída	ao	longo	dos	dermátomos	
	
Ø Dor	Somática	
-	Tem	origem	em	estruturas	profundas	do	corpo	(periósteo,	músculos,	tendões,	ligamentos,	vasos)	e	é	mais	difusa	que	a	
dor	cutânea	
-	Pode	ser	causada	por	pressão	excessiva	no	osso,	isquemia	num	músculo	ou	danos	nos	tecidos	
	
Ø Dor	Visceral	
-	Tem	origem	nos	órgãos	viscerais	e	é	a	dor	mais	comum	em	casos	de	doenças	
-	Tanto	os	mecanismos	neurológicos	como	a	percepção	da	dor	são	diferentes	da	dor	somática	
-	Pode	ser	causada	por	contrações	fortes,	distensão	ou	isquemia		
	
Ø Dor	Referida	
-	É	percebida	num	local	diferente	do	seu	ponto	de	origem,	mas	que	é	enervado	pelo	mesmo	segmento	espinal	
-	Pode	surgir	sozinha	ou	em	simultâneo	com	dor	localizada	na	origem	do	estímulo	nocivo	
-	O	termo	referida	é	aplicado	em	casos	de	dor	que	tem	origem	visceral	mas	é	experienciada	como	se	fosse	superficial	ou	em	
casos	em	que	surge	a	partir	de	estruturas	somáticas	
	
Avaliação	da	Dor	
-	Para	uma	correta	avaliação	da	dor	é	importante	ter	em	conta:	natureza,	severidade,	localização	e	radiação	
-	Eliminar	a	causa	da	dor	é	preferencial	ao	simples	tratar	da	sintomatologia	
-	Um	histórico	compreensivo	da	dor	inclui:	
• Início	da	dor	
• Descrição,	localização,	radiação,	intensidade,	qualidade	e	padrão	de	dor	
• Situações	que	aliviam	a	dor	ou	que	a	aumentam	
• Reação	pessoal	à	dor	
-	Há	vários	métodos	que	foram	desenvolvidos	para	quantificar	a	dor	de	uma	pessoa	baseando-se	no	seu	reportar:	
� Intensidade	numérica	da	dor	–	qual	o	número	que	melhor	se	adequa	à	dor	que	a	pessoa	está	a	sentir	
� Escala	visual	da	dor	–	linha	de	10	cm	em	que	a	pessoa	indica	a	localização	da	sua	dor	e	que	é,	em	seguida,	medida	
a	distância	desde	o	início	até	esse	ponto,	em	milímetros	
� Descritores	orais	da	dor	
	
Alterações	na	Sensibilidade	da	Dor	
-	A	sensibilidade	e	a	perceção	da	dor	de	uma	pessoa	variam	entre	os	vários	indivíduos	e	pode	variar	no	mesmo	indivíduo	de	
acordo	com	as	condições	em	que	este	se	encontra	
-	Irritação,	hipoxia	moderada	ou	compressão	moderada	de	um	nervo	periférico	podem	levar	a	uma	hiperexcitabilidade	dos	
nervos	sensitivos,	podendo	ser	experienciada	como:	
• Hiperestesia	–	hipersensibilidade	desagradável	
• Hiperalgesia	–	dor	aumentada	
-	Hiperalgesia	primária	à	sensibilidade	à	dor	que	ocorre	diretamente	nos	tecidos	danificados	
-	Hiperalgesia	secundária	à	nas	regiões	em	torno	dos	tecidos	afetados	
Causas	possíveis:	sensibilidade	aumentada	a	estímulos	nocivos,	diminuição	do	limiar	de	ativação	dos	nociceptores	
	
Hiperpatia	à	síndrome	em	que	o	limite	sensitivo	é	aumentado,	mas	quando	é	atingido,	a	estimulação	contínua	pode	causar	
dor	prolongada	
Disestesia	à	distorções	na	capacidade	de	receber	informações	das	diferentes	partes	do	corpo,	geralmente	com	perda	na	
inervação	sensitiva	
	
Analgesia	à	ausência	de	dor	quando	submetido	a	estímulos	nocivos	ou	o	aliviar	da	dor	sem	perda	da	consciência	
-	A	incapacidade	para	sentir	dor	pode	resultar	em	traumas,	infeções	e	até	mesmo	perda	de	partes	do	corpo	
	
Insensibilidade	à	dor	hereditária	pode	ser:	
• Indiferença	 congénita	à	 a	 transmissão	 dos	 impulsos	 nervosos	 parece	 normal	mas	 a	 sensibilidade	 a	 estímulos	
dolorosos	a	níveis	mais	elevados	está	ausente	
	 19	
• Insensibilidade	congénita	à	 existe	um	defeito	no	nervo	periférico	que	 impede	que	a	 transmissão	nervosa	 seja	
percebida	como	dor	
	
Alodinia	à	fenómeno	em	que	um	estímulo	não	nocivo	na	pele	leva	à	sensação	de	dor.	Esse	estímulo	pode	ser	o	vento	a	
passar,	tocar	nos	lençóis	ou	tomar	um	duche	
-	Pode	resultar	de	um	excesso	de	resposta	da	medula	espinal	ou	da	redução	dos	limiares	de	ativação	dos	recetores	
	
Tipos	especiais	de	dor	
Ø Dor	Neuropática	
-	Causada	por	um	problema	no	sistema	nervoso	
-	 Pode	 ocorrer	 quando	 nervos	 periféricos	 são	 afetados	 por	 lesões	 ou	 doenças,	 podendo	 causar	 distúrbios	 sensitivos	
intratáveis	
-	Dependendo	da	causa,	podem	ser	afetados	muitos	ou	poucos	axónios,	determinando	assim	se	a	condição	é	uni	ou	bilateral	
-	Condições	que	podem	causar	desenvolvimento	de	dor	neuropática	numa	zona	específica	à	aprisionamento	de	nervos,	
compressão	de	nervos	por	uma	massa	ou	várias	neuralgias	
-	Condições	que	podem	causar	desenvolvimento	de	dor	neuropática	por	causarem	danos	em	nervos	periféricos	numa	área	
alargada	à	diabetes	mellitus,	abuso	de	álcool	e	hipotiroidismo	
-	O	diagnóstico	depende	do	modo	de	início,	da	distribuição	das	sensações	anormais	e	de	condições	médicas	relevantes	
-	As	principais	hipóteses	para	explicar	dor	neuropática	persistente	são:	processos	patológicos	periféricos	ou	pasticidade	
neural	
-	Métodos	de	tratamento	pretendem	restaurar	ou	prevenir	danos	futuros	nos	nervos	e	atenuar	a	dor	
-	A	abordagem	inicial	é	feita	com	analgésicos,	que	podem	ser	divididos	em	duas	classes:	
§ Para	dor	neuropática	–	através	de	antidepressivos	tricíclicos,	antiepiléticos,	anestésicos	locais	e	agonistas	alfa	2	
adrenérgicos	
§ Para	dor	óssea	–	glucocorticoides,	bifosfonatos,	inibidores	dos	osteoclastos	e	relaxantes	do	músculo	esquelético	
-	Caso	não	haja	resposta	a	estes	analgésicos	adjuvantes,	pode	recorrer-se	a	opióides,	com	o	cuidado	devido	aos	seus	efeitos	
secundários	e	à	possibilidade	de	habituação	
-	Estimulação	elétrica	do	nervo	periférico	ou	da	medula	espinal	pode	ser	utilizada	em	radiculopatias	e	neuralgias	
Neuralgias	–	ataques	severos,	breves,	repetitivos	e	repentinos	ou	latejantes	
-	Ocorrem	ao	longo	da	distribuição	de	um	nervo	espinal	ou	craniano	e	habitualmente	é	causada	pela	estimulação	cutânea	
da	região	que	é	enervada	por	aquele	nervo	
	
Ø Neuralgia	trigeminal	
-	Ocorre	em	um	ou	mais	ramos	do	nervo	craniano	número	5	
-	Causado	pela	desmielinização	dos	axónios	do	gânglio,	raíz	e	nervo	
-	Tratamento	inclui	administração	de	fármacos	ou	cirurgia	
-	Carbamazepina	é	utilizada	como	primeira	linha	de	tratamento	
	
Ø Dor	Fantasma	
-	Tipo	de	dor	neurológica	que	ocorre	após	um	membro	ser	amputado	
-	Pode	começar	com	a	sensação	de	formigueiro,	aperto	ou	peso,	seguida	pela	sensação	de	queimar	ou	cólicas	
-	Pode	desaparecer	espontaneamente	ou	persistir	por	vários	anos	
-	Há	múltiplas	teorias	para	explicar:	
Ø A	terminação	de	um	nervo	em	regeneração	fica	presa	no	tecido	cicatrizacional	no	local	da	amputação	
-	Quando	um	nervo	periférico	é	cortado,	o	tecido	da	cicatriz	que	se	forma	tem	como	objetivo	formar	uma	barreira	que	
contenha	a	regeneração	do	axónio		
-	Pode	ocorrer	a	formação	de	neuromas	devido	ao	axónio	ficar	preso	no	tecido,	contendo	feixes	aferentes	nociceptivos	
-	 Estes	 aferentes	 são	 sensíveis	 à	 estimulação	por	 estímulos	mecânicos,	 à	 atividade	 simpática	 e	 a	 catecolaminas	 na	
circulação	
Ø Teoria	2:	a	dor	é	causada	por	um	despoletar	espontâneo	dos	neurónios	da	medula	espinal	que	perderam	a	ligação	
normal	ao	corpo	
Ø Teoria	3:	a	dor	fantasma	é	criada	no	cérebro	
-	Tratamento	à	bloqueadores	do	sistema	nervoso	simpático,	estimulação	elétrica	transcutânea	de	aferentes	mielinizados	
da	área,	hipnose	e	treino	de	relaxamento		
	
Objetivo	8:	Definir	cefaleia	e	descrever	os	seus	tipos	e	manifestações	principais	
	
	 20	
-	Dor	de	cabeça	pode	ser	causada	por	várias	condições	e	há	de	vários	tipos:	enxaqueca,	tipo	de	tensão,	de	grupo	e	crónicas-
diárias	
-	Apesar	de	as	principais	 causas	de	dor	de	 cabeça	 secundária	 serem	benignas,	 algumas	podem	 indicar	 condições	 como	
meningites,	tumores	cerebrais	e	aneurismas	cerebrais	
-	 O	 início	 súbito	 e	 severo	 de	 cefaleias	 não	 tratáveis	 numa	 pessoa	 saudável	 pode	 estar	 relacionada	 com	 problemas	
intracranianos	graves:	hemorragias	subaracnoideias	oumeningites	
-	O	diagnóstico	e	classificação	de	dores	de	cefaleias	requer	um	historial	completo	e	examinação	física	para	serem	eliminadas	
causas	secundárias	
-	 O	 historial	 deve	 incluir	 fatores	 que	 possam	precipitar	 a	 dor	 de	 cabeça,	 comidas	 e	 aditivos,	 refeições	 não	 ingeridas	 e	
associação	com	períodos	menstruais	
-	O	sistema	de	classificação	divide-se	em	3	tipos:	cefaleias	primárias,	secundárias	a	outras	condições	médicas	e	neuralgias	
cranianas	e	dor	facial	
	
Enxaquecas	
-	Tendem	a	afetar	um	grande	número	de	pessoas,	especialmente	mulheres,	e	a	ocorrer	em	famílias,	podendo	ser	herdada	
como	uma	doença	autossómica	dominante	com	penetrância	incompleta	
	
Etiologia	
-	O	nervo	trigeminal	fica	ativado,	levando	assim	à	libertação	de	neuropéptidos	e	causando	inflamação	neurogénica	dolorosa	
na	vasculatura	das	meninges	
-	Outro	mecanismo	possível	implica	a	vasodilatação	neurogénica	dos	vasos	sanguíneos	das	meninges		
-	 Variações	 hormonais,	 principalmente	 nos	 níveis	 de	 estrogénio,	 tem	 um	 papel	 fundamental	 no	 padrão	 de	 ataque	 de	
enxaquecas	
-	Substâncias	ingeridas	podem	também	causar	enxaquecas:	glutamato	monossódico,	queijo	e	chocolate	
	
Manifestações	Clínicas	
-	As	enxaquecas	podem	ser	classificadas	em	5	categorias	maiores,	duas	das	mais	importantes	são	enxaqueca	sem	aura	e	
enxaqueca	com	aura	
-	Enxaqueca	sem	aura	à	pulsátil,	latejante	e	unilateral,	dura	1	a	2	dias	e	é	agravada	por	atividade	física.	Acompanhada	por	
náuseas	e	vómitos	e	sensibilidade	à	luz	e	aos	sons.	Podem	ocorrer	distúrbios	visuais.	
-	 Enxaqueca	 com	 aura	à	 tem	 os	mesmos	 sintomas	 que	 a	 enxaqueca	 sem	 aura,	 a	 diferença	 consiste	 na	 existência	 de	
sintomas	visuais	reversíveis,	com	características	positivas	(luzes	cintilantes)	ou	negativas	(perda	de	visão)	e	distúrbios	do	
discurso	reversíveis	
-	A	aura	desenvolve-se	durante	5	a	20	minutos	e	dura	em	média	5	minutos	a	1	hora	
-	Apesar	de	poucas	pessoas	desenvolverem	aura,	a	maior	parte	das	pessoas	 tem	um	período	prodrómico	com	 fadiga	e	
irritabilidade	que	precedem	o	ataque	
-	As	outras	3	categorias	são:	enxaqueca	ocular,	enxaqueca	crónica	e	síndromes	periódicos	infantis	
• Enxaqueca	ocular	à	ataques	recorrentes	de	cintilações	reversíveis,	pontos	visuais	cegos	e	cegueira	parcial	seguidos	
por	1	hora	de	enxaqueca	
• Enxaqueca	crónica	à	está	presente	durante	15	dias	ou	mais	por	mês	e	durante	3	meses	ou	mais.		
• Síndromes	 periódicos	 infantis	à	 recorrência	 de	 enxaquecas	 com	 períodos	 livres	 de	 dor.	 O	 diagnóstico	 é	 feito	
geralmente	 por	 deteção	 de	 3	 dos	 seguintes	 sinais:	 náuseas,	 dor	 abdominal,	 vómitos,	 dor	 de	 cabeça	 latejante,	
localização	unilateral,	alívio	durante	o	sono	e	historial	familiar	
	
Tratamento	
-	Pode	ser	preventivo	ou	abortivo,	bem	como	farmacológico	ou	não	farmacológico	
-	 Tratamento	 não	 farmacológico	à	 evitar	 fatores	 que	 desencadeiem	 enxaquecas	 (comidas	 ou	 cheiros),	 medidas	 para	
controlar	o	stress	
-	Durante	o	ataque	a	pessoa	pode	sentir-se	melhor	retirada	numa	sala	escura	
-	Tratamento	farmacológico	à	ácido	acetilsalicílico,	combinações	de	paracetamol,	AACS	e	cafeína,	NSAIDs	(naproxeno	e	
ibuprofeno),	agonistas	da	serotonina	(sumatriptano),	derivados	ergotamínicos	e	anti-eméticos	(metoclopramida)		
-	Administração	por	via	não	oral	pode	ser	preferível	quando	as	pessoas	têm	náuseas	e	vómitos	ou	quando	têm	um	rápido	
início	de	enxaqueca	ao	acordar	
-	Se	as	enxaquecas	levarem	à	perda	de	capacidades/funções	pode	ser	necessário	tratamento	farmacológico	preventivo,	de	
toma	diária,	como	bloqueadores	b-adrenérgicos	(propranolol),	antidepressivos	(amitriptilina),	anti-convulsivos	(valproato	
de	sódio)	
	
Cefaleias	em	salva	(Cluster	Headache)	
	 21	
-	Dores	de	cabeça	pouco	comuns,	ocorrem	mais	frequentemente	em	homens	do	que	em	mulheres	e	iniciam-se	tipicamente	
depois	dos	30	anos	
-	É	um	tipo	de	dor	neurovascular	primária	que	inclui	dor	severa,	unilateral	e	inflexível	
-	Ocorre	principalmente	na	órbita	do	olho	e	na	têmpora	
	
Etiologia	
-	Pensa-se	que	seja	uma	doença	autossómica	dominante		
-	Podem	ter	influência	fatores	vasculares,	neurogénicos,	metabólicos	e	humorais	
	
Manifestações	clínicas	
-	A	dor	causada	é	de	rápida	duração	e	atinge	o	seu	pico	após	cerca	de	15	minutos,	durando	entre	15	a	180	minutos	
-	A	dor	atrás	do	olho	tem	radiação	para	o	nervo	trigeminal	
-	Sintomas	associados:	cansaço	e	agitação,	vermelhidão	da	conjuntiva,	lacrimejo,	congestão	nasal,	rinorreia,	suores,	miose	
(contração	pupilar)	
	
Tratamento	
-	Inalação	de	oxigénio		
-	Medicação	profilática	–	verapamil,	lítio,	corticosteroides,	valproato	sódico	
	
Cefaleias	de	tensão	
-	São	as	mais	comuns	e	não	têm	intensidade	suficiente	para	interferir	com	as	atividades	diárias	
	
Etiologia	
-	Resulta	da	tensão	mantida	e	prolongada	nos	músculos	do	pescoço	e	cabeça	
-	Podem	também	ser	causadas	por	disfunção	oromandibular,	stress	psicogénico,	ansiedade,	depressão	e	stress	muscular	
-	Uso	excessivo	de	analgésicos	ou	cafeína	
	
Manifestações	clínicas	
-	Dor	maçante,	difusa,	sem	sentido	que	ocorrem	na	testa	e	em	torno	da	cabeça,	não	associadas	a	vómitos	e	náuseas	nem	
pioradas	pela	atividade	física	
	
Tratamento	
-	Mais	responsivas	a	tratamento	não	farmacológico,	biofeed-back,	massagens,	acupuntura,	relaxamento,	terapia	física	
-	Medicamentos	eleitos:	ácido	acetilsalicílico,	paracetamol	e	AINEs	
-	Outras	medicações	utilizadas:	anti-histamínicos	sedativos,	antieméticos	e	sedativos	
	
Dor	de	Cabeça	Crónica	
-	Ocorrem	durante	15	dias	ou	mais	durante	1	mês	e	por	mais	de	3	meses	
-	Causas	desconhecias,	podendo	ser	causada	por	enxaquecas		
-	Manifestações	clínicas	semelhantes	às	enxaquecas	e	às	cefaleias	de	tensão	
	
Tratamento	à	combinação	de	administração	de	fármacos	e	intervenções	comportamentais	
-	Técnicas	para	reduzir	ou	eliminar	a	toma	de	fármacos	e	de	cafeína	
-	Técnicas	como	biofeed-back,	massagens,	acupuntura,	relaxamento,	terapia	física	são	úteis	
	
Objetivo	9:	Descrever	a	patogénese	das	doenças	autoimunes	e	descrever	algumas	delas	
	
Doenças	 Autoimunes	à	 grupo	 heterogéneo	 de	 doenças	 que	 ocorre	 quando	 o	 sistema	 imunitário	 do	 corpo	 falha	 ao	
diferenciar	o	que	é	próprio	do	que	não	é,	desenvolvento	uma	resposta	imunológica	contra	os	tecidos	do	hospedeiro	
-	Diabetes	tipo	I	é	uma	doença	autoimune	em	que	são	atacadas	as	células	do	pâncreas	e	este	não	consegue	produzir	mais	
insulina	
-	Este	tipo	de	doenças	pode	afetar	praticamente	qualquer	tipo	de	células,	tecidos	ou	órgãos	
-	Doenças	Autoimunes	mais	comuns:	
Artrite	reumatóide	 Inflamação	das	articulações	e	dos	tecidos	circundantes	
Lupus	 Sistémico	
Eritematoso	
Afeta	a	pele,	articulações,	rins,	cérebro	e	outros	órgãos	
	 22	
Doença	Celíaca	 Ocorre	 reação	ao	 glúten,	 causando	danos	nas	 células	que	 revestem	o	 intestino	
delgado	
Anemia	Perniciosa	 Diminuição	do	número	de	células	vermelhas	devido	à	incapacidade	para	absorver	
vitamina	B12	
Vitiligo	 Manchas	brancas	na	pele	devido	à	perda	de	pigmentação	
Esclerodermia	 Doença	que	afeta	o	tecido	conjuntivo	e	causa	mudanças	na	pele,	vasos	sanguíneos,	
músculos	e	órgãos	internos	
Psoríase	 Condição	 cutânea	 que	 causa	 vermelhidão	 e	 irritação,	 a	 pele	 fica	mais	 espessa,	
escamosa,	e	com	manchas	
Síndromes	 do	 intestino	
irritado	
Grupo	de	doenças	que	afetam	o	cólon	e	o	intestino	delgado	
Doença	de	Hashimoto	 Inflamação	da	glândula	tiróide	
Doença	de	Addinson	 Insuficiência	da	hormona	adrenal	
Doença	de	Graves	 Glândula	tiróide	hiperreativa	
Artrite	reativa	 Inflamação	das	articulações,	uretra	e	olhos	
Síndrome	de	Sjogren	 Destrói	as	glândulas	que	produzem	as	lágrimas	e	a	saliva,	causando	a	secura	dos	
olhos	e	da	boca	e	podendo	afetar	rins	e	pulmões	
Diabetes	tipo	I	 Destrói	as	células	pancreáticas	que	produzem	a	insulina	
	
Tolerância	 Imunológica	à	 característica	 única	 no	 sistema	 imunológico,	 que	 é	 a	 capacidade	 para	 diferenciar	 antigénios	
estranhos	e	antigénios	próprios	
-	Recai	em	2	processos	coordenados:	
1. Tolerância	Central	–	eliminação	de	linfócitos	autoreativos

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