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1 Patofisiologia e Farmacologia Humana – UP 4 – Inflamação, Dor, Febre e Analgesia Objetivo 1: Explicar a resposta inflamatória (inflamação aguda e inflamação crónica), os seus sinais e mediadores e as manifestações locais e sistémicas Inflamação à resposta que pretende eliminar a causa inicial do dano celular, remover o tecido danificado e regenerar novo tecido. É a reação dos tecidos vascularizados ao dano tecidular - Ocorre destruição, digestão enzimática, remoção das paredes ou neutralização dos agentes prejudiciais como toxinas, agentes externos ou organismos infeciosos - Pode ocorrer devido a: microrganismos infeciosos, traumas, cirurgias, químicos corrosivos, temperaturas extremas de frio ou calor, dano isquémico de tecidos corporais - É caracterizada por movimentação de fluídos e por mediadores inflamatórios: • Sistema do complemento • Fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) • Fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) • Neutrófilos • Amilóide sérica - Localiza e elimina micróbios, partículas externas e células anormais, preparando o caminho para a reparação do tecido danificado - O local da inflamação pode ser descrito de acordo com os 5 sinais cardiais da inflamação: i. Rubor (vermelhidão) ii. Inchaço/edema iii. Calor iv. Dor v. Perda de função/capacidade - Podem aparecer ainda sinais sistémicos (ex: febre) devido à entrada de mediadores químicos (ex: citocinas) na corrente sanguínea no local da inflamação - O grau de inflamação é influenciado por diversos fatores: duração da lesão, tipo de agente externo, grau de lesão e microambiente criado o Inflamação Aguda - Reação quase imediata nos tecidos e nos vasos sanguíneos do local da lesão - Ocorre antes da resposta imunitária adaptativa ocorrer e visa remover o agente infecioso e limitar a extensão do dano nos tecidos - Pode ser desencadeada por vários estímulos: • Infeções • Reações imunitárias • Traumas penetrantes e fechados • Agentes físicos ou químicos • Necrose tecidular Inflamação Aguda Curta duração, exsudação de fluídos e componentes celulares e migração dos leucócitos para os tecidos extravasculares Crónica Longa duração, associada à presença de linfócitos e macrófagos, profliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidular 2 Células da Inflamação à células endoteliais que formam os vasos sanguíneos, leucócitos circulantes, células do tecido conjuntivo (mastócitos, fibroblastos, macrófagos e linfócitos) e componentes da matrix extracelular (proteínas fibrosas – colagénio e elastina, glicoproteínas adesivas e proteoglicanos) - Envolve duas fases: vascular e celular - A nível bioquímico os mediadores da inflamação amplificam a resposta inicial e regulam as respostas vasculares e celulares consequentes v Fase Vascular - Leva a um aumento no fluxo cardíaco e a mudanças nos vasos sanguíneos de pequeno calibre da microcirculação - Inicia-se com uma vasoconstrição momentânea seguida de uma vasodilatação - A vasodilatação afeta as arteríolas e as vénulas aumentando assim o fluxo sanguíneo – causa aumento da temperatura e vermelhidão - Ocorre em simultâneo o aumento da permeabilidade vascular com exsudação de um fluído rico em proteínas para o espaço extravascular - A perda de proteínas causa ß a pressão osmótica capilar e Ý a pressão osmótica intersticial que, em conjunto com o aumento da pressão nos capilares leva a uma maior libertação de fluído e acumulação nos espaço extravascular à causa edema, dor e perda de função - Ocorre depois a estagnação do fluxo e coagulação do sangue à mantém a infeção naquele local apenas, evita a propagação dos microrganismos - As alterações vasculares que ocorrem envolvem as arteríolas, as vénulas e os capilares da microcirculação - Inicia-se pouco tempo depois do início da inflamação, e ocore vasodilatação, alterações no fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade vascular e libertação de fluido para os tecidos extravasculares - Vasodilatação ocorre como resultado da ação de mediadores como a histamina e o óxido nítrico - A perda de fluídos leva a um aumento da concentração de constituintes celulares do sangue que causa uma estagnação do fluxo sanguíneo e formação de um coágulo no local à evita a propagação de microrganismos no sangue - O aumento da permeabilidade característico da inflamação aguda resulta da formação de lacunas/poros endoteliais nas vénulas da microcirculação – a ativação de recetores endoteliais por mediadores químicos (histamina, bradiquinina, leucotrienos) causa contração das células e separação nas junções intercelulares - Há vários padrões de resposta, que dependem da severidade da lesão: Resposta imediata transitória - Ocorre em casos de lesões menores - Desenvolvem-se rapidamente após a lesão, habitualmente reversíveis e de curta duração - Afeta vénulas mas não afeta capilares nem arteríolas Resposta imediata continuada - Infeções em casos mais sérios, continua por vários dias - Afeta arteríolas, capilares e vénulas - Ocorre geralmente devido ao dano direto no endotélio Resposta hemodinâmica retardada - Aumento de permeabilidade nas vénulas e nos capilares - Ocorre em resposta a lesões por radiação (ex: queimaduras solares) v Fase Celular - A fase celular envolve a presença de leucócitos (neutrófilos principalmente) no local da lesão - O recrutamento dos leucócitos para as vénulas pré-capilares é facilitado pela diminuição do fluxo sanguíneo e marginação ao longo da superfície dos vasos - A adesão e transmigração do espaço vascular para o tecido extravascular é facilitada por moléculas de adesão: seletinas e integrinas, nos leucócitos e nas células dos vasos - Após a saída dos vasos, os leucócitos migram nos tecidos até ao local da infeção por quimiotaxia ou locomoção orientada por um gradiente químico - No local da lesão os produtos formados devido aos danos desencadeiam várias respostas como a fagocitose e a morte celular - Opsonização do micróbio pelo fator C3b e pelos anticorpos facilitam o reconhecimento através do recetor C3b e Fc do anticorpo no neutrófilo - A ativação do recetor desencadeia a formação de pseudópodes que levam à formação de um fagossoma que contém o agente externo - O fagossoma funde-se com lisossomas e forma um fagolisossoma onde enzimas e radicais oxigénio são libertadas, levando à morte do agente - Marginação à inicialmente e devido à sinalização dos neutrófilos estes diminuem a sua velocidade de migração, aderem ao endotélio e começam a mover-se na periferia dos vasos 3 - A consequente libertação de citocinas leva à expressão de moléculas de adesão (seletinas) por parte das células endoteliais – ligam-se aos hidratos de carbono dos leucócitos e levam à sua adesão posterior a ICAMs (moléculas de adesão intercelular) - Moléculas envolvidas no processo de transmigração à seletinas (P, L e E), integrinas (VLA-5, promovem adesão entre células e entre células e componentes da matrix extracelular), imunoglobulinas Quimiotaxia à após a saída dos vasos sanguíneos os leucócitos migram nos tecidos guiados por um gradiente de moléculas quimioatratoras (quimiocinas, detritos bacterianos e fragmentos de proteínas devido à ativação do sistema do complemento (C3a, C5a...) - Fagocitose envolve 3 passos: reconhecimento e aderência, absorção, morte intracelular - Morte intracelular pode ser conseguida por diversos meios: • Espécies tóxicas de oxigénio e azoto (NO, H2O2, HClO) – as vias metabólicas que geram estes produtos necessitam oxigénio, NADPH oxidase e NO sintetase • Lisozimas • Proteáses • Defensinas - Vias metabólicas independentes do oxigénio geram normalmente enzimas digestivas e moléculas antimicrobianas Células Endoteliais à produzem agentes anti-plaquetários e anti-trombóticos que mantém a obstrução nos vasos e agentes vasodilatadores e vasoconstritores que regulam o fluxo sanguíneo- Garantem uma permeabilidade seletiva a estímulos inflamatórios exógenos e endógenos, regulam a extravasação de leucócitos por expressarem moléculas e recetores de adesão celular, contribuem para a regulação e modulação da resposta imunológica através da síntese e libertação de mediadores inflamatórios e regulam a proliferação de células imunitárias através de fatores estimuladores de colónias hematopoiéticas (CSFs) - Produzem fatores de crescimento que estimulam a angiogénese, e a síntese de matrix extracelular Plaquetas à quando ativadas libertam vários mediadores inflamatórios, aumentando a permeabilidade vascular e alterando as propriedades quimiotáticas, adesivas e proteolíticas das células endoteliais Neutrófilos e Monócitos/Macrófagos à expressam números elevados de recetores e moléculas que participam na sua ativação (recetores de manose que se ligam às glicoproteínas das bactérias, recetores toll-like que se ligam a componentes dos micróbios, recetores de comunicação celular que reconhecem citocinas e quimiocinas, moléculas de adesão celular e recetores do complemento - Neutrófilos são as primeiras células fagocíticas que chegam ao local e têm um núcleo dividido em 5 lóbulos (também chamados polimorfonucleares) e são capazes de produzir radicais de oxigénio e de azoto - Granulócitos são leucócitos com grânulos citoplasmáticos identificáveis e que contém enzimas e material antibacteriano - Monócitos e macrófagos produzem mediadores vasoativos – prostaglandinas, leucotrienos, fator de ativação plaquetar, citocinas inflamatórias e fatores de crescimento que promovem a regeneração dos tecidos - Magrófagos ingerem uma maior quantidade de material externo do que os neutrófilos Eosinófilos, Basófilos e Mastócitos à produzem mediadores lipídicos e citocinas (nos grânulos citoplasmáticos) que induzem a inflamação - Importantes em inflamação associada a hipersensibilidade imediata e reações alérgicas - Eosinófilos circulam no sangue e são recrutados para os tecidos, o seu número aumenta no sangue durante reações alérgicas e infeções parasíticas. Os grânulos coloram de vermelho com corante ácido e contém uma proteína altamente tóxica para parasitas que não podem ser fagocitados devido ao tamanho - Basófilos granulócitos do sangue com funções semelhantes aos mastócitos do tecido conjuntivo. Os grânulos coram de azul com corante básico e contêm histamina e outros mediadores inflamatórios. - Basófilos e mastócitos ligam-se a um anticorpo (imunoglobulina E) que é secretada pelas células do plasma – a ligação à IgE ativa a libertação de histamina e outros agentes dos grânulos - Mastócitos são derivados das mesmas células hematopoiéticas que os basófilos mas só se desenvolvem depois de deixarem a circulação e se alojarem nos tecidos. A ativação leva à: • Libertação do conteúdo dos grânulos – histamina, proteoglicanos, protéases, citocinas (TNF-a e interleucina IL-16) • Síntese de mediadores lipídicos derivados dos percursores da membrana – ácido araquidónico e metabolitos (prostaglandinas e PAF) 4 • Estimulação da síntese de citocinas e quimiocinas por outras células inflamatórias (monócitos e macrófagos) Mediadores Inflamatórios - Os sintomas e sinais da inflamação são produzidos por mediadores químicos - Podem ser originados pelo plasma ou pelas células - Mediadores derivados do plasma estão presentes neste fluído na forma de um percursor que tem que ser ativado por vários processos proteolíticos - Mediadores celulares são normalmente sequestrados em grânulos intracelulares que são depois secretados ou sintetizados de novo em resposta a um estímulo Maiores fontes à plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos, mastócitos Outros produtores à células endoteliais, células do músculo liso, fibroblastos e células epiteliais 5 - Uma vez ativados e libertados pela célula têm curto tempo de vida, podendo ser transformados em metabolitos inativos ou sequestrados e degradados Histamina - Presente em reservas dentro das células, distribuída em vários tecidos, maiores concentrações estão no tecido conjuntivo adjacente a vasos sanguíneos, plaquetas e basófilos - Causa dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vénulas - Atua por se ligar a recetores H1 na microcirculação (em células endoteliais) - Principal mediador da resposta imediata transitória Metabolitos do Ácido Araquidónico - É um ácido gordo insaturado de 20 carbonos - A libertação por ação das fosfolipases leva à produção de vários eicosanóides através de dois caminhos: i. Via cicloxigenase – termina com a síntese de prostaglandinas ii. Via lipoxigenase – termina com a síntese de leucotrienos - Prostaglandinas (PGD2, PGE2, PDF2a, PGI2) induzem a inflamação e potenciam os efeitos da histamina e de outros mediadores - Tromboxano A2 induz a agregação plaquetária e a vasoconstrição - Leucotrienos têm ação complementar com a histamina, afetam a permeabilidade das vénulas, as propriedades de adesão das células endoteliais e a extravasação e quimiotaxia dos leucócitos - Leucócitos (LT C4, D4 e E4) são as substâncias anafiláticas de ação lenta (SRS-A) – causam cosntrição lenta dos bronquíolos e são importantes na asma e em choques anafiláticos Fator de Ativação Plaquetária - Formado a partir de um complexo lipídico armazenado nas membranas das células, afeta várias células e induz a agregação das plaquetas - Ativa neutrófilos e é um quimioatrator de eosinófilos Proteínas Plasmáticas Pertencem a 3 sistemas inter-relacionados: • Sistema de coagulação – contribui para a fase vascular por fibrinopéptidos. A protéase da trombina liga-se ao recetor ativado da protéase e liga o sistema da coagulação à inflamação • Sistema do complemento – 20 proteínas que estão na forma inativa no plasma e que quando ativadas se tornam enzimas proteolíticas que podem degradar outras proteínas, formando uma cascata. Aumenta a permeabilidade vascular, aumenta a fagocitose e causa vasodilatação • Sistema de cinismo – origina péptidos vasoativos que liberta bradiquinina e aumenta a permeabilidade vascular e causa contração do músculo liso, dilatação dos vasos e dor se injetada Citocinas e Quimiocinas - Citocinas são proteínas produzidas por várias células e que modulam a ação de outras - Fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e interleucina-1 (IL-1) são as principais e são ativadas nos macrófagos Citocinas e Quimiocinas - A secreção de TNF-a e IL-1 podem ser estimulados por endotoxinas, produtos microbianos, células imunes, lesões e outros estímulos inflamatórios e estimulam a expressão de moléculas de adesão, citocinas e quimiocinas em células endoteliais - Quimiocinas são pequenas proteínas que funcionam como atractores e recrutam e direcionam as células em migração para o local da lesão através de um gradiente químico - Ligam-se aos proteoglicanos das membranas das células endoteliais ou à matriz extracelular, ficando as concentrações mais elevadas no local da infeção Mediadores Inflamatórios Com propriedades vasoativas e constritoras do músculo liso Histamina, metabolitos do ácido araquidónico (prostaglandinas e leucotrienos) e PAF (fator ativador das plaquetas) Proteases plasmáticas Ativam o sistema do complemento, fatores de coagulação e péptidos vasoativos Fatores quimiotáticos Fragmentos do complemento e quimiocinas Moléculas reativas e citocinas libertadas pelos leucócitos Quando libertados para o ambiente extracelular, afetam os tecidos e células 6 Radicais de óxido nítrico e de oxigénio - Óxido nítrico é produzido por várias células e pode causar relaxamento do músculo e antagonismo da adesão plaquetária – reduz a inflamação - Derivadosdo óxido nítrico têm ação antimicrobiana - Radicais de oxigénio podem ser libertados extracelularmente pelos leucócitos após uma exposição a micróbios, citocinas e complexos imunes - Principais espécies produzidas são anião radical superóxido, peróxido de hidrogénio e radical hidroxilo Manifestações Locais - As características mais evidentes são mudanças vasculares e infiltração de leucócitos, podendo haver variações nas manifestações que podem variar de inchaço e formação de exsudados até formação de abcessos e ulceração - Tipos de exsudados (variam em tipo de fluído, conteúdo de proteínas plasmáticas e presença ou não de células): Seroso Fluído aquoso com baixo teor proteico que resulta da entrada de plasma no local da inflamação Hemorrágico Lesão tecidular severa que danifica vasos sanguíneos e pode causar fuga de eritrócitos Fibrinoso Contém grandes quantidades de fibrinogénio e forma uma malha espessa (fibras num coágulo) Membranoso Desenvolve-se em mucosas membranares e são compostos por células necrosadas emaranhadas com um exsudado fibropurulento Purulento Contém pus, constituído por leucócitos, proteínas e detritos de tecidos Abcesso à localizado na área da inflamação e contém um exsudado purulento que pode ser rodeado por uma camada de neutrófilos. Fibroblastos podem penetrar e estar no abcesso Ulceração à local da inflamação onde uma superfície epitelial ficou necrosada e erodida. Pode ocorrer como resultado de uma lesão traumática na superfície epitelial ou devido a um problema vascular o Inflamação Crónica - Perpetua-se no tempo e pode durar de semanas a anos - Pode desenvolver-se devido a um progressivo e contínuo processo inflamatório agudo ou de uma resposta de baixo grau e que pode causar ardor - Característica: infiltração de células mononucleares (macrófagos) e linfócitos e não de neutrófilos - Envolve a proliferação de fibroblastos e não de exsudados – comporta maior risco de haver deformação e cicatriz - Causas comuns: talco, sílica, amianto, materiais de sutura médica, vírus, bactérias, fungos e parasitas - Há dois padrões de inflamação crónica: ¨ Inflamação Crónica Não-Específica à envolve acumulação difusa de macrófagos e linfócitos no local da lesão. - Devido à quimiotaxia os macrófagos infiltram-se no local inflamado e acumulam-se – têm sobrevivência prolongada e estão imobilizados - Levam à proliferação de fibroblastos com formação de cicatriz que pode substituir o tecido conjuntivo normal ¨ Inflamação Crónica Granulomatosa à granuloma é de pequena dimensão e consiste numa massa de macrófagos rodeados por linfócitos - Associada a corpos externos como estilhaços, suturas, sílica, amianto e microrganismos (tuberculose, sífilis, infeções fúngicas profundas e brucelose) – são fracamente digeridos e não são facilmente controlados pelos mecanismos protetores - Células epitelioides podem formar uma massa e tentar formar uma célula gigante multinucleada que tenta rodear o agente externo Manifestações Sistémicas da Inflamação - Em casos normais a inflamação fica restringida ao local mas, no entanto, pode levar ao aparecimento de manifestações sistémicas devido à libertação de mediadores inflamatórios para a circulação: � Resposta de Fase Aguda - Inicia-se geralmente após horas ou dias do início da inflamação/infeção e pode levar a alterações nas concentrações plasmáticas e no catabolismo do músculo esquelético, no balanço negativo do azoto, aumento da taxa de sedimentação de eritrócitos e aumento do número de leucócitos - Respostas provocadas principalmente pelas IL-1, IL-6 e TNF-a que afetam o hipotálamo e provocam febre e a resposta aguda - Em casos de infeções generalizadas (sepsis) a grande quantidade de microrganismos no sangue resulta de uma resposta inflamatória descontrolada com produção e libertação de grandes quantidades de citocinas (IL-1 e TNF-a) - O fígado aumenta a produção de proteínas da fase aguda: fibrinogénio, proteína C-reativa, amiloide A sérica � Alterações na contagem de leucócitos - Sinal frequente na resposta inflamatória - Devido à necessidade excessiva de células fagocíticas são libertados neutrófilos imaturos da medula óssea 7 - Infeções bacterianas causam aumento de neutrófilos, respostas alérgicas e parasíticas causam eosinofilia, e infeções virais levam a uma diminuição dos neutrófilos e aumento dos linfócitos - Linfadenite à inflamação crónica e aguda localizada que pode levar a reações nos nódulos linfáticos que drenam a área. É uma resposta não específica a mediadores libertados no local da lesão Objetivo 2: Explicar os mecanismos de reparação tecidular - É uma resposta à lesão tecidular que resulta de uma tentativa para manter a função e estrutura corporais normais o Regeneração à as células lesadas são substituídas por células do mesmo tipo deixando poucas ou nenhumas evidências da existência de um outro tecido - Tecidos parenquimatosos contém células funcionais ou a parte de um órgão - Tecido estromal consiste em tecido de suporte conjuntivo, vasos sanguíneos, matriz extracelular e fibras nervosas - As células dividem-se em três tipos, de acordo com a capacidade para se regenerarem: Células Lábeis Células Estáveis Células Permanentes - Continuam a dividir-se e a replicar durante a vida toda, substituindo as células que vão degenerando ou sendo destruídas - Células da superfície epitelial da pele, cavidade oral, vagina e cérvix , epitélio gastrointestinal, útero e trompas de Falópio, bem como trato urinário e medula óssea - Normalmente param a sua divisão quando o crescimento acaba - Capazes de sofrer regeneração quando na presença de um estímulo e são capazes de reconstruir tecidos de origem - Células do fígado, rins, músculo liso e endotélio vascular - Não podem sofrer divisão mitótica - Células dos nervos, do músculo esquelético e do músculo cardíaco - Uma vez destruídas são substituídas por células de tecido conjuntivo que não possuem as mesmas características – forma cicatriz o Substituição à ocorre substituição do tecido por tecido conjuntivo, deixando uma cicatriz permanente - reparação do tecido fibroso: - Lesões severas ou persistentes que danificam o parênquima e a matriz extracelular originam uma situação que não pode ser resolvida por regeneração - Reparação ocorre por substituição do tecido conjuntivo num processo que envolve formação de tecido granuloso e de uma cicatriz - Tecido granuloso é um tecido conjuntivo que tem capilares recém formados, fibroblastos em proliferação e células inflamatórias residuais - Angiogenese que acompanha o processo envolve a ramificação de vasos a partir de outros já existentes - Fibrogénese envolve o influxo de fibroblastos ativados que segregam componentes da matriz extracelular (fibronectina, ácido hialurónico, proteoglicanos e colagénio) - A hidrofilia dos proteoglicanos faz com que a sua acumulação leve a uma aparência edematosa e o início da síntese de colagénio leva à formação da cicatriz - O processo de formação da cicatriz ocorre em 2 passos: i. Emigração e proliferação de fibroblastos para o local da infeção ii. Deposição da matriz extracelular - Com o progredir o número de fibroblatos e de novos vasos diminui e aumenta a síntese e deposição de colagénio Regulação do Processo de Cicatrização Ø Mediadores químicos e fatores de crescimento Mediadores químicos à interleucinas, interferão, fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), prostaglandinas e leucotrienos (derivados do ácido araquidónico) Fatores de crescimento à moléculas “hormone-like” que interagem com recetores celulares específicos. Podem atuar em células adjacentes ou na própria célula produtora Ex: VEGF – fator de crescimento do tecido conjuntivo – controla a deposição de colagénio, angiogénese e epitelialização Ø Matriz extracelular- Segregada a nível local e assemelha-se a uma rede de espaços e componentes que rodeiam as células dos tecidos - Tem 3 componentes básicos: i. Proteínas fibrosas estruturais – colagénio e elastina ii. Géis aquosos hidratados – proteoglicanos e ácido hialurónico – permitem resiliência e lubrificação iii. Glicoproteínas adesivas – fibronectina e laminina – ligam os componentes da matriz entre si e às células - Pode aparecer de duas maneiras distintas: i. Membrana basal – rodeia as células epiteliais, endoteliais e do músculo liso 8 ii. Matriz intersticial – nos espaços entre células do tecido conjuntivo e entre o epitélio e as células de suporte dos vasos sanguíneos - Fornece o substrato para adesão celular, está envolvido na regulação do crescimento, movimentação e diferenciação das células ao seu redor, armazena e apresenta as moléculas reguladoras do processo de reparação - A integridade da membrana basal é crítica para a regeneração dos tecidos à quando a membrana é destruída as células proliferam de modo aleatório levando à formação de tecidos não-funcionais e desorganizados - Um passo crítico no processo de regeneração é a passagem de tecido granuloso para tecido cicatrizacional: há alterações na composição da matriz extracelular – há degradação por protéases que são segregadas por várias células - As protéases são tipicamente elaboradas na forma inativa e são ativadas por mediadores químicos que estão presentes no local da lesão e são rapidamente inativados por inibidores tecidulares Fase Inflamatória à Inicia-se no início da lesão com a formação de um coágulo e com a migração de leucócitos fagocíticos para o local da infeção - Após 24 horas os neutrófilos juntam-se aos macrófagos e continuam a digestão de detritos e desempenham um papel essencial na produção de fatores de crescimento - Há constrição dos vasos sanguíneos lesados e inicio da coagulação do sangue através da ativação e agregação das plaquetas - Após a breve constrição ocorre vasodilatação e os vasos aumentam a permeabilidade – plasma e componentes sanguíneos podem sair para o local lesado - Na fase celular da inflamação ocorre migração de células fagocíticas que digerem e removem os microrganismos invasores, fibrina, detritos extracelulares e matéria externa Fase Proliferativa à principal foco é a construção de novo tecido para preencher o espaço da ferida - Fibroblastos produzem e segregam colagénio, proteoglicanos e glicoproteínas e um grupo de fatores de crescimento que induzem a angiogénese, a proliferação de células endoteliais e a sua migração - Após 24 a 48 horas os fibroblastos e células endoteliais vasculares iniciam a proliferação para formar tecido granuloso (sangra facilmente devido ao grande número de vasos recém formados - Última fase é a epitelialização em que ocorre migração, proliferação e diferenciação de células endoteliais para formar uma nova camada de tecido semelhante à que foi destruída - Feridas que curam por intenção primária – células proliferam e fecham a ferida até 48 horas depois - Migração das células epiteliais implicam uma superfície vascular húmida e é impedida por superfícies secas ou necróticas - Excesso de tecido granuloso pode estender-se para fora da ferida e prevenir a re-epitelialização (necessário tratar com cirurgia ou cauterização química) Contração da ferida e Fase de remodelação à após 3 semanas do início da lesão, desenvolve-se uma cicatriz fibrosa - Há diminuição da vascularização e remodelação contínua do tecido por síntese de colagéniopelos fibroblastos e lise pela colagenase - Feridas que curam por intenção secundária sofrem contração durante as fases proliferativa e de remodelação – a cicatriz que se forma é menor que a ferida – cosmeticamente favorável mas pode limitar os movimentos e causar deformações por perda de elasticidade - Anormalidade: formação de queloides à massas com aspecto de tumor causadas por excesso de produção de tecido de cicatriz Cicatrização da ferida à os tecidos lesados são reparados por regeneração de células parenquimatosas ou por reparação do tecido conjuntivo em que o tecido da cicatriz substitui as células funcionais q foram lesadas Fatores que afetam a Cicatrização da Ferida Malnutrição à para que a cicatrização seja bem sucedida é importante que existam reservas de proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas e minerais - Deficiências em proteínas podem prolongar a fase inflamatória, prejudicar a proliferação de fibroblastos, a síntese de colagénio e proteínas da matriz, a angiogénese e a remodelação - Hidratos de carbono - fonte de energia para os leucócitos e evitam o uso de aminoácidos, preservando as reservas proteicas - Lípidos - essenciais para as membranas celulares e para a síntese de novas células - Vitamina C - necessária para a síntese de colagénio - Vitamina A – estimula e suporta a epitelialização, formação de capilares e síntese de colagénio e contraria os efeitos anti- inflamatórios de corticosteroides - Vitamina B – cofatores enzimáticos importantes, todas são hidrossolúveis, excepto a B12 - Vitamina K – previne indiretamente problemas hemorrágicos - Minerais são essenciais para o normal funcionamento da célula e o zinco é um cofator enzimático 9 Fluxo sanguíneo e aporte de oxigénio à tem que haver um aporte sanguíneo apropriado para que os tecidos recebam os nutrientes necessários e para serem removidos os metabolitos tóxicos, as toxinas, bactérias e detritos - Oxigénio molecular é necessário para a síntese de colagénio – hipoxia pode diminuir a cicatrização por diminuir o crescimento dos fibroblastos, produção de colagénio e angiogénese - Em anaerobiose os macrófagos não conseguem digerir as bactérias, apesar de as conseguirem fagocitar - Oxigénio hiperbárico pode ser utilizado em casos em que não ocorre cicatrização devido a condições de hipoxia Respostas imunitária e inflamatória prejudicadas à desordens das funções fagocíticas, diabetes mellitus e administração de corticosteroides - Desordens fagocíticas podem ser extrínsecas - redução do número total de células fagocíticas – ou intrínsecas – devido a deficiências enzimáticas na destruição/digestão das bactérias Infeção, abertura da ferida e corpos estranhos - Infeção prolonga a fase inflamatória, impede a formação de tecido granuloso e inibe a proliferação dos fibroblastos e a deposição de fibras de colagénio - Corpos estranhos tendem a favorecer as infeções bacterianas e a atrasar a cura Objetivo 3: Descrever os mecanismos de regulação da temperatura corporal, produção e perda de calor Temperatura corporal à representa o balanço entre perdas e ganhos de calor - Calor corporal é gerado nos tecidos mais internos, transferido para a superfície corporal pela corrente sanguínea e libertada pela pele para o ambiente - Febre – a temperatura corporal aumenta devido a alterações no centro regulador da temperatura no hipotálamo causadas por citocinas e recetores toll-like - Hipertermia – temperatura aumenta devido a produção excessiva de calor, falha na dissipação ou problemas nos mecanismos termoregulatórios - Hipotermia – temperatura corporal diminui devido à exposição ao frio - Processos metabólicos podem aumentar ou diminuir de velocidade, dependendo da temperatura corporal - Há variações diurnas da temperatura corporal: ponto mais alto é no final da tarde e o potno mais baixo no início da madrugada - Podem formar-se cristais de gelo quando os tecidos estão expostos a temperaturas muito baixas ou pode ocorrer coagulação/agregação de proteínas - Maioria do calor corporal é produzido nos tecidos mais internos (músculos e vísceras) que estão isolados do ambiente e protegidos contra a perda de calor por uma camada de tecidos subcutâneos e pele - A grossura da camada de tecidos subcutâneos depende do fluxo sanguíneo: • Ambiente quente Þ fluxo sanguíneo aumentadoÞ espessura da camada diminui Þ maior dissipação de calor • Ambiente frio Þ vasos sanguíneos contraem Þ aumenta a espessura da camada Þ perda de calor minimizada - Temperaturas internas podem ser medidas por via retal, no esófago por um termómetro flexível, por um cateter na artéria pulmonar ou por um cateter urinário - Temperatura oral é ligeiramente inferior à temperatura retal - Temperaturas do interior do corpo e da pele são integradas nas regiões termoregulatórias do hipotálamo (na área hipotalâmica pré-ótica anterior) - Canais iónicos sensíveis à temperatura são um subtipo da família de recetores transitórios – thermoTRPs – presentes nos neurónios sensitivos periféricos e centrais e são ativados por estímulos inócuos ou nocivos - Temperatura corporal ultrapassa o ponto de ajuste (37,5°) Þ hipotálamo sinaliza o SNC e o SNP Þ iniciam-se comportamentos de dissipação de calor - Temperatura corporal desce do ponto de ajuste (36°) Þ sinais do hipotálamo desencadeiam comportamentos fisiológicos Þ aumenta a conservação e a produção de calor - Se a temperatura corporal for superior a 41° ou inferior a 34° à capacidade termorreguladora do corpo é prejudicada - Lesões na medula espinal acima da vértebra T6 podem prejudicar a regulação da temperatura devido à incapacidade do hipotálamo regular o fluxo sanguíneo da pele e a sudoração Mecanismos de Produção de Calor Mecanismos de Perda de Calor - Metabolismo é a principal forma de produção de calor - Fatores que causam alterações na taxa metabólica: • Taxa metabólica de cada célula • Fatores que alterem a taxa metabólica basal (ex: atividade muscular) - Ocorrem na pele devido à sua saída dos vasos sanguíneos - Há anastomoses arterio-venosas que permitem que o sangue passe diretamente do sistema arterial para o venoso 10 • Metabolismo extra causado por hormonas (tiroxina, hormona do crescimento ou testosterona) • Estimulação do metabolismo pelo sistema nervoso simpático • Aumento da atividade química celular • Efeito termogénico da digestão de comida - Há um aumento de 0,55°C por cada aumento de 7% no metabolismo - Epinefrina e NE atua nas célula alterando o metabolismo de produção de energia para produção de calor - Hormona da tiróide aumenta o metabolismo - Tremores são iniciados por impulsos do hipotálamo - A movimentação do sangue nas anastomoses é controlada pelo sistema nervoso simpático Radiação – transferência de calor através do ar ou do vácuo - Temperatura corporal tem que ser menor que a do ambiente para que ocorra Condução – transferência direta de uma célula para outra - O sangue transporta o calor a partir dos órgãos internos para a superfície da pele - Calor pode ser conduzido na direção oposta Convecção – transferência de calor por circulação de correntes de ar - Uma camada de ar quente tende a rodear a superfície do corpo - Devido às correntes de convecção o ar quente é removido e substituído por ar frio Evaporação – calor corporal é utilizado para converter a água da pele em vapor de água Perspiração insensível – água que se difunde a partir da pele, independente da sudoração - Transpiração ocorre através das glândulas sudoríparas e é controlada pelo sistema simpático, mediado pela acetilcolina - Único meio de perda de calor quando a temperatura do ambiente é superior à corporal Objetivo 4: Definir febre e descrever os seus padrões e manifestações - Elevação na temperatura corporal causada por um aumento no ponto de regulação do centro termoregulatório hipotalâmico à o aumento do ponto de regulação é causado por citocinas - É uma resposta não específica mediada por pirógenos endógenos libertados pelas células hospedeiras em resposta a um problema infecioso ou não Mecanismos: - Várias proteínas, produtos da quebra de proteínas e substâncias libertadas pelas membranas de bactérias podem causar o aumento no ponto de regulação - Febre regulada pelo hipotálamo não ultrapassa, geralmente, os 41ºC à existe um mecanismo termostático de segurança - Pirógenos exógenos à derivados de fora do corpo, podem ser substâncias como produtos bacterianos, toxinas bacterianas, ou microrganismos inteiros à induzem as células do hospedeiro a produzirem e libertarem mediadores da febre – os pirógenos endógenos - Quando bactérias ou produtos de bactérias estão presentes no sangue são fagocitados por células fagocíticas que degradam esses produtos e libertam citocinas pirogénicas – IL-1, IL-6 e TNF-a àinduzem a libertação de prostaglandina E2 para o hipotálamo - No hipotálamo a PGE2 liga-se a recetores onde induz o aumento do ponto de regulação termostático através do cAMP - Devido a este aumento o corpo começa a tremer e ocorre vasoconstrição à aumenta a temperatura corporal - Várias condições não infeciosas podem induzir a produção de pirógenos endógenos: infarte do miocárdio, embolia pulmonar, neoplasmas - Células malignas como as da leucemia ou da doença de Hodgkin podem libertar mediadores químicos que atuam como pirógenos endógenos Febre neurogénica à tem a origem no sistema nervoso central e é causada por danos no hipotálamo devido a traumas, derrames cerebrais ou aumento da pressão intracraniana - Esta febre é caracterizada por altas temperaturas, resistente a antipiréticos e não associada a suores Propósito - Sinaliza a presença de uma infeção e pode legitimar a necessidade de tratamento médico 11 - Pequenas elevações na temperatura podem aumentar a função do sistema imunitário por causar a proliferação de linfócitos T - Muitos micróbios causadores de infeções podem crescer à temperatura normal do corpo, a febre funciona então como mecanismo inibitório do crescimento - Tem efeitos negativos em doentes cardíacos ou pulmonares porque causa uma maior necessidade de oxigénio - Pode produzir confusão, taquicardia e taquipneia - Se as temperaturas forem superiores a 42,2ºC podem ocorrer danos celulares, acidose, hipoxia e hipercaliemia (níveis elevados de K+) Padrões Intermitente A temperatura volta ao normal uma vez a cada 24 horas Remitente A temperatura não volta ao normal e varia alguns graus em ambas as direções Sustentado A temperatura permanece acima do normal e tem apenas pequenas variações inferiores a 0,5° Reincidente Há um ou mais episódios de febre intercalados com dias de temperatura normal Manifestações Clínicas - Podem ser divididas em 4 estágios sucessivos: 1. Pródromo – aparecem sintomas não específicos como dor de cabeça e fadiga, mal-estar geral e dor 2. Frio/arrepios – sensação desconfortável de frio, início generalizado de arrepios e tremores causados pelo aumento da temperatura. Pode ser precedida por vasoconstrição e ereção dos pelos. Quando é atingido o novo ponto de regulação os tremores param. 3. Rubor – ocorre vasodilatação cutânea e a pele fica quente e avermelhada 4. Defervescência – marcada pelo inicio da sudoração - Manifestações clínicas comuns de febre são anorexia, mialgia, artralgia e fadiga – desconfortos piorados com temperaturas superiores a 39,5° - Respiração e ritmo cardíaco aumentam, pode ocorrer desidratação devido à sudoração e à perda de vapor aumentada devido à taxa respiratória - A febre pode ainda ser acompanhada por dor de cabeça, devido à vasodilatação cerebral e podendo mesmo ocorrer delírios se T >40°C Diagnóstico - A maior parte dos casos são causados por infeções e são relativamente fáceis de diagnosticar - FUO = Febre de origem desconhecida (FOD) à febre prolongada em que é difícil determinar a causa – está definida como sendo febre acima dos 38,3°C presente durante 3 semanas ou mais - Nas causas de FOD podem estar doenças como linfomas, metástases no fígado ou no SNC - Febre Familiar Mediterrânicaà ocorrem febres recorrentes mas sem um padrão característico específico, é uma doença autossómica recessiva caracterizada por um início precoce de crises agudas de peritonite e febre elevada com duração média de 2 dias. O principal problema crónico é a presença de anticorpos no soro que podem levar a falha renal ou cardíaca Tratamento - Os principais métodos focam-se em modificações no ambiente para aumentar a transferência de calor do interior do corpo para o exterior, suportar o estado hipermetabólico, proteger os órgãos mais vulneráveis e tratar a infeção ou condição que está a causar a febre - É necessária precaução para não ocorrer diminuição da temperatura muito brusca e para não causar vasoconstrição e tremores (evita-se assim a diminuição da perda de calor que aconteceria) - Fármacos antipiréticos (aspirina, ibuprofeno e paracetamol) são utilizados para aliviar os desconfortos causados pela febre e proteger os órgãos mais vulneráveis - Pensa-se que estes fármacos diminuam o ponto de regulação da temperatura no hipotálamo por bloquearem a atividade da ciclo-oxigenase Febre nas Crianças - Crianças e jovens têm a função imunitária debilitada sendo mais frequentemente afetados por infeções - Mecanismos de regulação de temperatura não estão bem desenvolvidos nas crianças 12 - Em recém-nascidos (< 3 meses) um aumento da temperatura superior a 38°C pode indicar infeção aguda grave - Febre em bebés ou crianças pode ser classificada em baixo risco ou risco elevado, dependendo da probabilidade da infeção progredir para bacteriemia ou meningite e dos seus sinais de toxicidade - Sinais de toxicidade podem envolver perda de sensibilidade (letargia), má alimentação, hipoventilação, má oxigenação tecidular e cianose Febre em Idosos - Uma pequena elevação na temperatura pode significar infeção grave ou doença - Nos idosos a temperatura corporal normal e o padrão circadiano de variação de temperatura estão alterados - Nem todos os idosos têm resposta febril durante uma infeção, sendo, por isso, difícil diagnosticar - Mecanismos prováveis para a resposta febril atenuada que se verifica podem incluir: � Distúrbios na sensibilidade à temperatura pelo centro termoregulatório no hipotálamo � Alterações na libertação de pirogenos endógenos � Falha no desenvolvimento de respostas como a vasoconstrição de vasos sanguíneos, aumento da produção de calor e tremores que levam ao aumento da temperatura corporal - Devido a estas falhas pode ser difícil diagnosticar e iniciar o tratamento antibiótico - Sinais de infeção em adultos em que a febre está ausente podem incluir: mudanças na capacidade funcional, pioria do estado mental, fraqueza, fadiga e perda de peso Objetivo 5: Definir hipertermia e hipotermia e distinguir os mecanismos fisiológicos envolvidos na febre, hipertermia e hipotermia Hipertermia à aumento da temperatura corporal que ocorre sem que haja uma mudança no ponto de regulação do hipotálamo - Ocorre quando os mecanismos termoregulatórios são superados pela produção de calor, calor ambiental excessivo e dissipação de calor insuficiente - Pode ocorrer: cãibras de calor (espasmos musculares graves que ocorrem depois de se suar excessivamente ao desenvolver uma actividade física intensa em condições de calor extremo), exaustão por calor e insolações - A circulação sanguínea adequada é essencial para a dissipação do calor à idosos com problemas circulatórios têm risco aumentado de hipertermia - Fármacos que aumentem o tónus muscular e o metabolismo ou que reduzam a perda de calor podem causar disfunções termoregulatórias (ex: diuréticos, neurolépticos, anti-colinérgicos) - Prevenção à evitar atividade física com calor extremo, aumentar a ingestão de fluídos, utilizar roupa adequada ao clima - A capacidade de tolerar o calor depende da temperatura e da humidade à Ý humidade Þ ß perda de calor por sudoração e evaporação Cãibras de calor Cãibras lentas e dolorosas no músculo esquelético quando estes são utilizados intensamente durante 1 a 3 minutos. Resultam da diminuição dos teores de sais que ocorre devido à perda de fluídos por transpiração e que são repostos apenas por água Exaustão por calor Perda gradual de sais e água após esforço físico prolongado ou sob um ambiente quente Sintomas incluem sede, fadiga, náuseas, oligúria (diminuição da produção de urina), tonturas e delírios Hiperventilação em combinação com exaustão por calor pode levar a cãibras devido à alcalose respiratória (sangue torna-se alcalino devido a que a respiração rápida ou profunda tem como resultado uma baixa concentração de anidrido carbónico no sangue) Insolação Falha nos mecanismos de regulação térmica que podem causar: temperatura corporal > 40°C, pele quente e seca, ausência de sudoração e possíveis efeitos no SNC (delírios, convulsões e perda de consciência) O risco de desenvolver uma insolação devido ao stress por calor é aumentada em condições como alcoolismo, obesidade, diabetes mellitus, e doenças crónicas cardíacas, renais ou mentais e com fármacos como anticolinérgicos, bloqueadores beta e antidepressivos tricíclicos que bloqueiam a vasodilatação e a sudoração Pensa-se que resulta do efeito direto do calor nas células e na libertação de citocinas (interleucinas, TNFa e interferão) por células endoteliais, leucócitos e células epiteliais Sintomas: taquicardia, hiperventilação, tonturas, fraqueza, distúrbios emocionais, náuseas, vómitos, delírios, convulsões, colapso e coma. Pele seca e quente. Pode desenvolver-se hipotensão e colapso vascular que leva ao arrefecimento da pele 13 Hipotermia à definida como temperatura corporal inferior a 35°C Hipotermia acidental pode ser definida como a diminuição espontânea na temperatura corporal, geralmente quando num ambiente frio e associada a um problema agudo, mas sem afetar o centro de regulação térmico no hipotálamo Hipotermia sistémica pode resultar da exposição prolongada a frio e pode desenvolver-se em pessoas saudáveis - Como a água conduz a temperatura mais rapidamente que o ar a temperatura corporal diminui mais rapidamente se o corpo for submerso ou se as roupas estiverem molhadas - Pessoas com homeostasia alterada podem entrar em estado hipotérmico com diminuições ténues da temperatura - Várias condições podem contribuir para o desenvolvimento de hipotermia, como: malnutrição, álcool, sedativos, doenças cardiovasculares, doenças no SNC, lesões na medula espinal, e hipotiroidismo Hipotermia Neonatal - Recém-nascidos estão mais predispostos a desenvolver hipotermia devido à grande superfície corporal e pequena massa corporal - A perda de calor ocorre por convecção para o ar em envolvente, por condução para materiais mais frios, radiação para o ambiente e evaporação pela pele húmida - Devido à gordura castanha, que difere da branca por ter uma elevada quantidade de mitocôndrias, os recém-nascidos estão mais protegidos - Na gordura castanha existe uma proteína chamada UCP1 (termogenina) que permite a oxidação de ácidos gordos para produzir calor Tratamento: medidas que suportem o funcionamento vital dos órgãos enquanto se diminui a temperatura corporal Febre por fármacos Ocorre com a administração simultânea de fármacos e desaparece após a eliminação da administração Fármacos podem interferir com a dissipação de calor, alterar a regulação de temperatura no centro hipotalâmico , atuar como pirógenos diretamente, causar lesões nos tecidos ou induzir resposta imunitária Exemplos: Hormona da tiróide exógena – aumenta a taxa metabólica e a produção de calor - Atropina, anticolinérgicos, anti-histamínicos, anti-psicóticos derivados da fenotiazina e antidepressivos tricíclicos à diminuem a sudoração - Anfetaminas, cocaína e simpatomiméticos – produzem vasoconstrição periférica (inibem a libertaçãode calor) - Anticancerígenos podem levar à libertação de pirógenos endógenos pelas células tumorais - Overdose por inibidores da recaptação de serotonina ou o seu uso em pessoas que tomam inibidores da MAO pode causa agitação, hiperatividade e hipertermia - A causa mais comum de febre causada por medicamentos é hipersensibilidade à substância ativa que pode apresentar outros sintomas: artralgias, urticaria, mialgias, desconforto gastrointestinal e erupções cutâneas É importante para o diagnóstico a ausência do aumento da taxa de batimento cardíaco Hipertermia Maligna Doença autossómica dominante que afeta o metabolismo e em que é gerado calor devido à contração descontrolada do músculo esquelético A mutação ocorre geralmente no gene RYR1 e a contração muscular ocorre devido a uma libertação intracelular anormal de cálcio a partir do retículo sarcoplasmático Devido ao hipermetabolismo ocorre uma produção excessiva de lactato com grande consumo de ATP e O2 e libertação de grandes quantidades de CO2 Em pessoas afetadas um episódio pode ser desencadeado por stress ou por anestésicos (anestésicos halogenados e agentes despolarizantes do músculo esquelético como a succinilcolina) Outros fatores que pode precipitar são: trauma, exercício, infeções e calor ambiental excessivo Síndrome Neuroléptico Maligno Associado a medicação neuroléptica que na sua maioria bloqueia os recetores da dopamina nos gânglios basais e no hipotálamo A hipertermia resulta de alterações no centro termoregulatório hipotalâmico Tem geralmente um início rápido, caracterizado por hipertermia, rigidez muscular, alterações de consciência e disfunção do sistema nervoso autónomo Tratamento: descontinuação imediata dos fármacos neurolépticos, medidas para diminuir a temperatura corporal e tratamento das disritmias. Pode usar-se bromocriptina e dantroleno 14 - Temperaturas frias estimulam a produção de epinefrina e TSH que causam libertação de T3 e T4 que atuam nas mitocôndrias para produzir calor por fosforilação e oxidação Hipertermia Perioperatória - É importante prevenir o risco de hipotermia em pessoas magras, idosas, debilitadas, intoxicadas ou que se submetem a cirurgia - Resulta de um ambiente frio e problemas nos mecanismos termoregulatórios causados pelos anestésicos - Anestésicos gerais – diminuem a taxa metabólica, diminuem a vasoconstrição e os tremores - Tremores pós-anestésicos são perigosos porque podem estar associados a várias sequelas: consumo aumentado de O2, produção de CO2, esforço cardiorrespiratório aumentado, e alterações na libertação de catecolaminas Manifestações Clínicas - Má coordenação, cambalear, discurso arrastado, irracionalidade, amnésia, alucinações, pele azulada/arroxeada, dilatação pupilar (midríase), diminuição da taxa respiratória e pulso fraco e irregular - Aumento da pressão sanguínea, hiperventilação, aumento do fluxo urinário são comuns - Pode provocar desidratação e hematócrito aumentado - Com hipotermia moderada diminuem os tremores e os músculos ficam rígidos, pressão sanguínea e taxa metabólica diminuem. Com esta diminuição, ocorre também diminuição do consumo de O2 e da produção de CO2 - Concentrações extracelulares de sódio e potássio diminuem, níveis de Cl- aumentam - Perda temporária de plasma pela circulação e aumento da viscosidade do sangue Diagnóstico e tratamento - Temperatura oral não é adequada para medir durante a hipotermia devido à vasoconstrição severa e à viscosidade do sangue - Tratamento consiste em aquecer o doente, suportar as funções vitais e prevenir possíveis complicações Objetivo 6: Descrever os mecanismos e as vias de transmissão da dor Dor à experiência emocional e sensitiva desagradável, associada a potenciais ou evidentes danos tecidulares - A pessoa reage ao estímulo ao remover o fator que desencadeia a estimulação nociva Fatores que influenciam a reação à dor à ansiedade, cultura, género, idade, experiências passadas, expectativas sobre o alívio da dor - Envolve: estruturas anatómicas + comportamentos fisiológicos + fatores psicológicos, sociais, culturais e cognitivos Dor aguda à resulta de lesões, cirurgias ou procedimentos médicos invasivos. Pode ser sintoma de uma infeção Dor crónica à pode ser sintomática de vários problemas de saúde - A perceção de dor é influenciada por um sistema endógeno de analgesia que modula a sensação de dor Dor nociceptiva à os nociceptores são terminações nervosas livres e são ativados em resposta a danos nos tecidos Dor neuropática à deriva diretamente de lesões ou disfunções dos axónios sensitivos de nervos periféricos ou centrais - Lesões nos nervos ou nos tecidos podem causar vários tipos de sintomas: • Dor devido a estímulos não lesivos na pele – alodinia • Sensibilidade extrema à dor – hiperalgesia • Ausência de dor em estímulos que seriam lesivos – analgesia Teorias da Dor Teoria da especificidade à a dor é uma modalidade sensitiva causada pela atividade de recetores específicos que transmitem a informação para os centros da dor ou para regiões em que a dor é experienciada - Não tem em conta os sentimentos das pessoas nem como cada pessoa sente a dor, como lida com ela ou as experiências do passado Teoria do Padrão à composta por várias teorias. Os recetores da dor partilham terminações ou vias com outras modalidades sensitivas mas com diferentes padrões de atividade, isto é, os mesmos neurónios podem ser utilizados para estímulos relacionados com a dor e estímulos não relacionados com a dor - Ambas as teorias se focam nas bases neurofisiológicas da dor, e foram identificadas várias vias aferentes nociceptoras 15 - Praticamente todos os estímulos aferentes podem ser dolorosos se forem conduzidos a uma frequência demasiado alta Teoria do Controlo do Portão (modificação na teoria da especificidade) à há mecanismos de gating neuronais nos níveis segmentais da medula espinal que explicam as interações entre a dor e outros tipos de sensações - A modulação da dor é mais complexa que a proposta pela teoria do portão - A informação das sensações táteis é transmitida por fibras de grande e pequeno diâmetro - Outros fatores que influenciam a dor: • Opióides endógenos têm recetores ao nível segmental da medula e ao nível do tronco cerebral • Modulação do feedback descendente • Sensibilidade alterada Teoria da Neuromatriz à inclui o papel do cérebro, as múltiplas dimensões e os determinantes da dor - O cérebro contém uma rede neuronal amplamente distribuída chamada “body-self neuromatrix” que contém componentes somatosensitivos, límbicos e talamocorticais - A genética e as sensações influenciam a arquitetura sináptica dessa rede neuronal Múltiplas fontes incluem: - Entradas somatosensoriais - Entradas sensitivas que afetam a interpretação das situações - Componentes da regulação do stress Mecanismos e Vias da Dor Estímulos nociceptivos à estímulos com intensidade elevada e que estão perto de causar ou causam mesmo danos nos tecidos - O reflexo de retirada é utilizado para determinar quando um estímulo é nociceptivo - Quando a intensidade do estímulo nocivo é reduzida os nociceptores são estimulados, mas a sensação apenas é percebida como sendo dor quando a intensidade atinge um nível em que ocorrem danos no tecido ou estes estão iminentes - As vias da dor são compostas por 3 neurónios: i. Neurónios de primeira ordem à as terminações nervosas detetam os estímulos que ameaçam a integridade dos tecidos que enervam ii. Neurónios de segunda ordem à estão localizados na medula espinal e processam a informação acerca da dor para o cérebro iii. Neurónios de terceira ordem à projetam a informação da dor para o cérebro - O tálamo e o córtex somatosensitivo integram e modulama dor e a reação da pessoa (subjetiva) à dor Recetores e Mediadores da Dor Nociceptores à recetores sensitivos que são ativados por estímulos nocivos nos tecidos periféricos. Estruturalmente são as terminações nervosas livres das fibras periféricas da dor - Estão bem distribuídos na pele, pulpa dentária, periósteo, meninges e alguns órgãos internos - Traduzem os estímulos nocivos em potenciais de ação que são transmitidos por uma raiz ganglionar dorsal para o corno dorsal da medula espinal Integra várias entradas de diversas fontes e produz um padrão de sinais que alteram as dimensões sensitivas, afetivas e cognitivas da dor 16 Há dois tipos de fibras nervosas aferentes que transmitem potenciais de ação nociceptivos: Estimulação dos nociceptores - Estímulos mecânicos àpressão intensa aplicada na superfície corporal, contrações violentas ou estiramento extremo de um músculo - Estímulos térmicos à calor ou frio intensos - Estímulos químicos à geram-se devido a traumas nos tecidos, isquemia ou inflamação – são libertados vários mediadores da inflamação como protões, iões potássio, prostaglandinas, leucotrienos, histamina, bradicinina, acetilcolina e serotonina - Estes mediadores químicos estimulam diretamente os nociceptores e sensibilizam-nos para os efeitos dos estímulos nociceptivos, perpetuando a inflamação e libertando, consequentemente mais mediadores (feedback positivo) - Estimulação que ative as fibras C pode causar inflamação neurogénica – produz vasodilatação e aumento da libertação de mediadores químicos que atuam nos nociceptores Mediadores na Medula Espinal - A transmissão de impulsos entre os neurónios nociceptivos e os neurónios do corno dorsal é mediada por neurotransmissores químicos - Estes transmissores podem ser: aminoácidos (ex: glutamato), derivados de aminoácidos (ex:norepinefrina) e péptidos de baixo peso molecular - Substância P à neuropéptido libertado no corno dorsal da substância cinzenta pelas fibras C em resposta a um estímulo nociceptivo, provocando potenciais excitatórios lentos - Alguns péptidos podem difundir-se para algumas zonas e alastrar a estimulação porque não são inativados por mecanismos de recaptação – explicação para dor prolongada e difusa - Substância P pode ainda prolongar e aumentar a ação de glutamato - Se estes neurotransmissores forem libertados em grande quantidade podem causar hiperalgesia – os neurónios de segunda ordem ficam demasiado sensíveis à estimulação nociva Vias e Circulação na Medula Espinal - No corno dorsal os interneurónios projetam-se pela comissura anterior para o lado oposto e ascendem nas vias neospinotalâmica e paleospinotalâmica v Via neospinotalâmica à fibras de condução rápida, associadas à transmissão de informação relativa a dor aguda até ao tálamo v Via paleospinotalâmica à fibras de condução mais lentas, multisinápticas e responsáveis pelas sensações difusas, lentas, dolorosas e desagradáveis – associadas a dor crónica ou visceral (fibras não mielinizadas C) - Algumas fibras desta via projetam-se no sistema límbico, estando associadas a dor emocional, afetiva e motivacional - Os neurónios do corno dorsal (de segunda-ordem) estão divididos em dois tipos: i. Neurónios de ampla faixa dinâmica à respondem a diversos estímulos de baixa intensidade ii. Neurónios específicos nociceptivos à respondem apenas a estímulos nocivos/nociceptivos Centros Cerebrais e Perceção da Dor - Informação a partir do tecido lesado é levada pela medula espinal até aos centros cerebrais no tálamo onde ocorrem as sensações de dor - Na via neospinotalâmica ocorrem interligações entre o córtex somatosensitivo e o tálamo lateral que fazem com que a dor seja mais precisa e tenha algum significado Vias Centrais para a Modulação da Dor - Uma das vias que modula a dor descende a partir da região cinzenta periaquedutal (no mesencéfalo) - A estimulação elétrica nesta região do cérebro pode produzir um estado de analgesia que dura algumas horas - Recetores opióides encontram-se em grande concentração nesta região e noutras do SNC ligadas à modulação da dor - A área cinzenta periaquedutal recebe impulsos de várias áreas do cérebro, incluindo o córtex, hipotálamo, tronco cerebral e medula espinal através tanto de vias neospinotalâmicas como de paleospinotalâmicas Mecanismos Analgésicos Endógenos Fibras mielinizadas Ad - Fibras de maior diâmetro e com maior velocidade de condução - Conduzem tipicamentea dor rápida e são ativadas por estímulos mecânicos e químicos Fibras Não mielinizadas C - Fibras nervosas mais pequenas de todos os nervos periféricos - Conduzem a dor lenta, assim chamada por ter um início mais demorado, e maior duração de ação -Ativadas por estímulos químicos ou por estímulos mecânicos ou térmicos continuados 17 - Existem recetores opióides e péptidos opióides sintetizados endogenamente que atuam como substâncias morfina-like - Estas substâncias atuam em processos periféricos dos neurónios primários em várias regiões do SNC - Existem 3 famílias de péptidos opióides sintetizados endogenamente: i. Encefalinas ii. Endorfinas Parecem funcionar como neurotransmissores mas não há consenso iii. Dinorfinas - Estudos mostraram que agonistas opióides bloqueavam os canais de cálcio, já que é este ião a causa da libertação de neurotransmissores na sinapse – o bloqueio do cálcio impede então a transmissão sináptica dos impulsos Objetivo 7: Descrever as características dos diferentes tipos de dor e as alterações na sensibilidade à dor Limiar da dor à ponto a partir do qual um estímulo é sentido como doloroso Tolerância à dor à dor total que é experienciada - Fatores que influenciam a quantidade de dor que uma pessoa consegue suportar: psicológicos, culturais, familiares, e ambientais Tipos de Dor Ø Dor Aguda - Provocada por lesões nos tecidos e por ativação de nociceptores no local da lesão - Geralmente de curta duração e tende a passar quando o processo patológico que a causou é resolvido - Para o diagnóstico é importante saber a localização, locais para onde se alastra, intensidade, duração e fatores que a agravam ou aliviam - Situações capazes de aliviar a dor tendem a conseguir aliviar outros problemas simultâneos como ansiedade e espasmos musculares - Dor aguda tratada inadequadamente pode provocar respostas fisiológicas que afetam a circulação sanguínea e o metabolismo e produzir manifestações físicas como taquicardia (devido ao excesso de ativação simpática) Ø Dor Crónica - Mais persistente e é causada por fatores que podem estar distantes da origem da dor - Pode ser severa e relativamente contínua, com ou sem períodos de escalamento (variações na intensidade) - Causa principal de incapacidade, impõe restrições fisiológicas, psicológicas, familiares e económicas, podendo levar ao esgotamento de recursos - Em contraste com a dor aguda, fatores ambientais e psicológicos podem ter um papel importante no desenvolvimento de comportamentos associados à doença - Quanto mais prolongadas e contínuas se tornam as condições de dor, mais as repostas do sistema nervoso autónomo tendem a diminuir Classificação da dor Duração Aguda Crónica Localização Cutânea Visceral e Profunda Local de referência Associada a diagnósticos médicos Cirurgias e Traumas Cancro Anemia falciforme Fibromialgia Fatores biológicos que influenciam a dor crónica Mecanismos periféricos Resultam da estimulação persistente dos nociceptores e estão principalmente envolvidos em desordens musculo-esqueléticas crónicas, viscerais e vesculares Mecanismos periféricos-centrais Relacionados com a função anormal das porções centrais e periféricas do sistema somato-sensitivo Inclui condições como causalgia e dor fantasma Mecanismos centrais Associados a doenças/lesões do SNC, caracterizada por sensação dequeimação, ardor, hiperalgesia (sensação exagerada à dor) ou disestesia (alteração na sensiblidade do tato) Inclui condições como lesões no tálamo, lesões na medula espinal, esclerose múltipla 18 - Podem estar associadas à dor crónica: falta de apetite, distúrbios no sono e depressão ---/--- Ø Dor cutânea - Surge a partir de estruturas superficiais, é forte causa a sensação de queimar e pode ter início abrupto ou progressivo - Pode ser localizada a estar distribuída ao longo dos dermátomos Ø Dor Somática - Tem origem em estruturas profundas do corpo (periósteo, músculos, tendões, ligamentos, vasos) e é mais difusa que a dor cutânea - Pode ser causada por pressão excessiva no osso, isquemia num músculo ou danos nos tecidos Ø Dor Visceral - Tem origem nos órgãos viscerais e é a dor mais comum em casos de doenças - Tanto os mecanismos neurológicos como a percepção da dor são diferentes da dor somática - Pode ser causada por contrações fortes, distensão ou isquemia Ø Dor Referida - É percebida num local diferente do seu ponto de origem, mas que é enervado pelo mesmo segmento espinal - Pode surgir sozinha ou em simultâneo com dor localizada na origem do estímulo nocivo - O termo referida é aplicado em casos de dor que tem origem visceral mas é experienciada como se fosse superficial ou em casos em que surge a partir de estruturas somáticas Avaliação da Dor - Para uma correta avaliação da dor é importante ter em conta: natureza, severidade, localização e radiação - Eliminar a causa da dor é preferencial ao simples tratar da sintomatologia - Um histórico compreensivo da dor inclui: • Início da dor • Descrição, localização, radiação, intensidade, qualidade e padrão de dor • Situações que aliviam a dor ou que a aumentam • Reação pessoal à dor - Há vários métodos que foram desenvolvidos para quantificar a dor de uma pessoa baseando-se no seu reportar: � Intensidade numérica da dor – qual o número que melhor se adequa à dor que a pessoa está a sentir � Escala visual da dor – linha de 10 cm em que a pessoa indica a localização da sua dor e que é, em seguida, medida a distância desde o início até esse ponto, em milímetros � Descritores orais da dor Alterações na Sensibilidade da Dor - A sensibilidade e a perceção da dor de uma pessoa variam entre os vários indivíduos e pode variar no mesmo indivíduo de acordo com as condições em que este se encontra - Irritação, hipoxia moderada ou compressão moderada de um nervo periférico podem levar a uma hiperexcitabilidade dos nervos sensitivos, podendo ser experienciada como: • Hiperestesia – hipersensibilidade desagradável • Hiperalgesia – dor aumentada - Hiperalgesia primária à sensibilidade à dor que ocorre diretamente nos tecidos danificados - Hiperalgesia secundária à nas regiões em torno dos tecidos afetados Causas possíveis: sensibilidade aumentada a estímulos nocivos, diminuição do limiar de ativação dos nociceptores Hiperpatia à síndrome em que o limite sensitivo é aumentado, mas quando é atingido, a estimulação contínua pode causar dor prolongada Disestesia à distorções na capacidade de receber informações das diferentes partes do corpo, geralmente com perda na inervação sensitiva Analgesia à ausência de dor quando submetido a estímulos nocivos ou o aliviar da dor sem perda da consciência - A incapacidade para sentir dor pode resultar em traumas, infeções e até mesmo perda de partes do corpo Insensibilidade à dor hereditária pode ser: • Indiferença congénita à a transmissão dos impulsos nervosos parece normal mas a sensibilidade a estímulos dolorosos a níveis mais elevados está ausente 19 • Insensibilidade congénita à existe um defeito no nervo periférico que impede que a transmissão nervosa seja percebida como dor Alodinia à fenómeno em que um estímulo não nocivo na pele leva à sensação de dor. Esse estímulo pode ser o vento a passar, tocar nos lençóis ou tomar um duche - Pode resultar de um excesso de resposta da medula espinal ou da redução dos limiares de ativação dos recetores Tipos especiais de dor Ø Dor Neuropática - Causada por um problema no sistema nervoso - Pode ocorrer quando nervos periféricos são afetados por lesões ou doenças, podendo causar distúrbios sensitivos intratáveis - Dependendo da causa, podem ser afetados muitos ou poucos axónios, determinando assim se a condição é uni ou bilateral - Condições que podem causar desenvolvimento de dor neuropática numa zona específica à aprisionamento de nervos, compressão de nervos por uma massa ou várias neuralgias - Condições que podem causar desenvolvimento de dor neuropática por causarem danos em nervos periféricos numa área alargada à diabetes mellitus, abuso de álcool e hipotiroidismo - O diagnóstico depende do modo de início, da distribuição das sensações anormais e de condições médicas relevantes - As principais hipóteses para explicar dor neuropática persistente são: processos patológicos periféricos ou pasticidade neural - Métodos de tratamento pretendem restaurar ou prevenir danos futuros nos nervos e atenuar a dor - A abordagem inicial é feita com analgésicos, que podem ser divididos em duas classes: § Para dor neuropática – através de antidepressivos tricíclicos, antiepiléticos, anestésicos locais e agonistas alfa 2 adrenérgicos § Para dor óssea – glucocorticoides, bifosfonatos, inibidores dos osteoclastos e relaxantes do músculo esquelético - Caso não haja resposta a estes analgésicos adjuvantes, pode recorrer-se a opióides, com o cuidado devido aos seus efeitos secundários e à possibilidade de habituação - Estimulação elétrica do nervo periférico ou da medula espinal pode ser utilizada em radiculopatias e neuralgias Neuralgias – ataques severos, breves, repetitivos e repentinos ou latejantes - Ocorrem ao longo da distribuição de um nervo espinal ou craniano e habitualmente é causada pela estimulação cutânea da região que é enervada por aquele nervo Ø Neuralgia trigeminal - Ocorre em um ou mais ramos do nervo craniano número 5 - Causado pela desmielinização dos axónios do gânglio, raíz e nervo - Tratamento inclui administração de fármacos ou cirurgia - Carbamazepina é utilizada como primeira linha de tratamento Ø Dor Fantasma - Tipo de dor neurológica que ocorre após um membro ser amputado - Pode começar com a sensação de formigueiro, aperto ou peso, seguida pela sensação de queimar ou cólicas - Pode desaparecer espontaneamente ou persistir por vários anos - Há múltiplas teorias para explicar: Ø A terminação de um nervo em regeneração fica presa no tecido cicatrizacional no local da amputação - Quando um nervo periférico é cortado, o tecido da cicatriz que se forma tem como objetivo formar uma barreira que contenha a regeneração do axónio - Pode ocorrer a formação de neuromas devido ao axónio ficar preso no tecido, contendo feixes aferentes nociceptivos - Estes aferentes são sensíveis à estimulação por estímulos mecânicos, à atividade simpática e a catecolaminas na circulação Ø Teoria 2: a dor é causada por um despoletar espontâneo dos neurónios da medula espinal que perderam a ligação normal ao corpo Ø Teoria 3: a dor fantasma é criada no cérebro - Tratamento à bloqueadores do sistema nervoso simpático, estimulação elétrica transcutânea de aferentes mielinizados da área, hipnose e treino de relaxamento Objetivo 8: Definir cefaleia e descrever os seus tipos e manifestações principais 20 - Dor de cabeça pode ser causada por várias condições e há de vários tipos: enxaqueca, tipo de tensão, de grupo e crónicas- diárias - Apesar de as principais causas de dor de cabeça secundária serem benignas, algumas podem indicar condições como meningites, tumores cerebrais e aneurismas cerebrais - O início súbito e severo de cefaleias não tratáveis numa pessoa saudável pode estar relacionada com problemas intracranianos graves: hemorragias subaracnoideias oumeningites - O diagnóstico e classificação de dores de cefaleias requer um historial completo e examinação física para serem eliminadas causas secundárias - O historial deve incluir fatores que possam precipitar a dor de cabeça, comidas e aditivos, refeições não ingeridas e associação com períodos menstruais - O sistema de classificação divide-se em 3 tipos: cefaleias primárias, secundárias a outras condições médicas e neuralgias cranianas e dor facial Enxaquecas - Tendem a afetar um grande número de pessoas, especialmente mulheres, e a ocorrer em famílias, podendo ser herdada como uma doença autossómica dominante com penetrância incompleta Etiologia - O nervo trigeminal fica ativado, levando assim à libertação de neuropéptidos e causando inflamação neurogénica dolorosa na vasculatura das meninges - Outro mecanismo possível implica a vasodilatação neurogénica dos vasos sanguíneos das meninges - Variações hormonais, principalmente nos níveis de estrogénio, tem um papel fundamental no padrão de ataque de enxaquecas - Substâncias ingeridas podem também causar enxaquecas: glutamato monossódico, queijo e chocolate Manifestações Clínicas - As enxaquecas podem ser classificadas em 5 categorias maiores, duas das mais importantes são enxaqueca sem aura e enxaqueca com aura - Enxaqueca sem aura à pulsátil, latejante e unilateral, dura 1 a 2 dias e é agravada por atividade física. Acompanhada por náuseas e vómitos e sensibilidade à luz e aos sons. Podem ocorrer distúrbios visuais. - Enxaqueca com aura à tem os mesmos sintomas que a enxaqueca sem aura, a diferença consiste na existência de sintomas visuais reversíveis, com características positivas (luzes cintilantes) ou negativas (perda de visão) e distúrbios do discurso reversíveis - A aura desenvolve-se durante 5 a 20 minutos e dura em média 5 minutos a 1 hora - Apesar de poucas pessoas desenvolverem aura, a maior parte das pessoas tem um período prodrómico com fadiga e irritabilidade que precedem o ataque - As outras 3 categorias são: enxaqueca ocular, enxaqueca crónica e síndromes periódicos infantis • Enxaqueca ocular à ataques recorrentes de cintilações reversíveis, pontos visuais cegos e cegueira parcial seguidos por 1 hora de enxaqueca • Enxaqueca crónica à está presente durante 15 dias ou mais por mês e durante 3 meses ou mais. • Síndromes periódicos infantis à recorrência de enxaquecas com períodos livres de dor. O diagnóstico é feito geralmente por deteção de 3 dos seguintes sinais: náuseas, dor abdominal, vómitos, dor de cabeça latejante, localização unilateral, alívio durante o sono e historial familiar Tratamento - Pode ser preventivo ou abortivo, bem como farmacológico ou não farmacológico - Tratamento não farmacológico à evitar fatores que desencadeiem enxaquecas (comidas ou cheiros), medidas para controlar o stress - Durante o ataque a pessoa pode sentir-se melhor retirada numa sala escura - Tratamento farmacológico à ácido acetilsalicílico, combinações de paracetamol, AACS e cafeína, NSAIDs (naproxeno e ibuprofeno), agonistas da serotonina (sumatriptano), derivados ergotamínicos e anti-eméticos (metoclopramida) - Administração por via não oral pode ser preferível quando as pessoas têm náuseas e vómitos ou quando têm um rápido início de enxaqueca ao acordar - Se as enxaquecas levarem à perda de capacidades/funções pode ser necessário tratamento farmacológico preventivo, de toma diária, como bloqueadores b-adrenérgicos (propranolol), antidepressivos (amitriptilina), anti-convulsivos (valproato de sódio) Cefaleias em salva (Cluster Headache) 21 - Dores de cabeça pouco comuns, ocorrem mais frequentemente em homens do que em mulheres e iniciam-se tipicamente depois dos 30 anos - É um tipo de dor neurovascular primária que inclui dor severa, unilateral e inflexível - Ocorre principalmente na órbita do olho e na têmpora Etiologia - Pensa-se que seja uma doença autossómica dominante - Podem ter influência fatores vasculares, neurogénicos, metabólicos e humorais Manifestações clínicas - A dor causada é de rápida duração e atinge o seu pico após cerca de 15 minutos, durando entre 15 a 180 minutos - A dor atrás do olho tem radiação para o nervo trigeminal - Sintomas associados: cansaço e agitação, vermelhidão da conjuntiva, lacrimejo, congestão nasal, rinorreia, suores, miose (contração pupilar) Tratamento - Inalação de oxigénio - Medicação profilática – verapamil, lítio, corticosteroides, valproato sódico Cefaleias de tensão - São as mais comuns e não têm intensidade suficiente para interferir com as atividades diárias Etiologia - Resulta da tensão mantida e prolongada nos músculos do pescoço e cabeça - Podem também ser causadas por disfunção oromandibular, stress psicogénico, ansiedade, depressão e stress muscular - Uso excessivo de analgésicos ou cafeína Manifestações clínicas - Dor maçante, difusa, sem sentido que ocorrem na testa e em torno da cabeça, não associadas a vómitos e náuseas nem pioradas pela atividade física Tratamento - Mais responsivas a tratamento não farmacológico, biofeed-back, massagens, acupuntura, relaxamento, terapia física - Medicamentos eleitos: ácido acetilsalicílico, paracetamol e AINEs - Outras medicações utilizadas: anti-histamínicos sedativos, antieméticos e sedativos Dor de Cabeça Crónica - Ocorrem durante 15 dias ou mais durante 1 mês e por mais de 3 meses - Causas desconhecias, podendo ser causada por enxaquecas - Manifestações clínicas semelhantes às enxaquecas e às cefaleias de tensão Tratamento à combinação de administração de fármacos e intervenções comportamentais - Técnicas para reduzir ou eliminar a toma de fármacos e de cafeína - Técnicas como biofeed-back, massagens, acupuntura, relaxamento, terapia física são úteis Objetivo 9: Descrever a patogénese das doenças autoimunes e descrever algumas delas Doenças Autoimunes à grupo heterogéneo de doenças que ocorre quando o sistema imunitário do corpo falha ao diferenciar o que é próprio do que não é, desenvolvento uma resposta imunológica contra os tecidos do hospedeiro - Diabetes tipo I é uma doença autoimune em que são atacadas as células do pâncreas e este não consegue produzir mais insulina - Este tipo de doenças pode afetar praticamente qualquer tipo de células, tecidos ou órgãos - Doenças Autoimunes mais comuns: Artrite reumatóide Inflamação das articulações e dos tecidos circundantes Lupus Sistémico Eritematoso Afeta a pele, articulações, rins, cérebro e outros órgãos 22 Doença Celíaca Ocorre reação ao glúten, causando danos nas células que revestem o intestino delgado Anemia Perniciosa Diminuição do número de células vermelhas devido à incapacidade para absorver vitamina B12 Vitiligo Manchas brancas na pele devido à perda de pigmentação Esclerodermia Doença que afeta o tecido conjuntivo e causa mudanças na pele, vasos sanguíneos, músculos e órgãos internos Psoríase Condição cutânea que causa vermelhidão e irritação, a pele fica mais espessa, escamosa, e com manchas Síndromes do intestino irritado Grupo de doenças que afetam o cólon e o intestino delgado Doença de Hashimoto Inflamação da glândula tiróide Doença de Addinson Insuficiência da hormona adrenal Doença de Graves Glândula tiróide hiperreativa Artrite reativa Inflamação das articulações, uretra e olhos Síndrome de Sjogren Destrói as glândulas que produzem as lágrimas e a saliva, causando a secura dos olhos e da boca e podendo afetar rins e pulmões Diabetes tipo I Destrói as células pancreáticas que produzem a insulina Tolerância Imunológica à característica única no sistema imunológico, que é a capacidade para diferenciar antigénios estranhos e antigénios próprios - Recai em 2 processos coordenados: 1. Tolerância Central – eliminação de linfócitos autoreativos
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