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A terapia de aceitação e compromisso

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A Terapia de Aceitação e Compromisso 
(ACT) 
 
Daniel Afonso Assaz 
Roberta Kovac 
 
 
 
 
MANUSCRITO DO CAPÍTULO A TERAPIA DE ACEITAÇAO E 
COMPROMISSO (ACT), DE DANIEL AFONSO ASSAZ E ROBERTA KOVAC, 
A SER PUBLICADO EM 2017 NO LIVRO TRATADO DE PSICOLOGIA 
CLÍNICA: DA GRADUAÇÃO À PÓS-GRADUAÇÃO, DA EDITORA ATHENEU. 
ESTA VERSÃO FOI DISPONIBILIZADA PARA FINS DIDÁTICOS. 
POR FAVOR, NÃO REPASSAR. 
 
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) 
Daniel Afonso Assaz 
Roberta Kovac 
 
 Durante uma sessão de terapia, podemos observar o cliente em constante 
interação verbal com o seu ambiente. Ele responde verbalmente ao mundo a sua volta, 
narrando e avaliando os eventos que ocorreram durante a semana, imaginando aqueles 
que podem acontecer e relembrando aqueles que transcorreram no passado. Além disso, 
é comum que ele também responda verbalmente ao próprio comportamento, 
descrevendo, interpretando, justificando e avaliando-o positiva ou negativamente. 
Extremamente importante é o fato de que esses relatos, interpretações, julgamentos e 
outras respostas verbais (usualmente chamadas de falas ou pensamentos a depender do 
seu caráter público ou privado) são muitas vezes capazes de exercer influência sobre 
outros comportamentos do indivíduo, podendo gerar reações emocionais (e.g. 
ansiedade, culpa), verbais (e.g. cadeias de preocupação e ruminação) e motoras (e.g. 
evitação, agressão). É exatamente esta interação verbal com o ambiente que pode 
constituir uma parcela importante do sofrimento dos clientes que buscam ajuda na 
psicoterapia. Como um psicólogo clínico pode compreender esse cenário? E intervir 
sobre ele? 
 Uma possibilidade envolve focar no conteúdo da verbalização e verificar o 
quanto ela corresponde de fato à realidade do cliente ou está distorcida e enviesada. 
Para ilustrar esse processo, imagine um cliente, chamado Marcos, que tenha uma 
extensa história de invalidação e julgamento por expressar suas emoções. Ao interagir 
com outras pessoas, inclusive àquelas mais próximas, ele frequentemente pensa “Se eu 
mostrar meus sentimentos para as pessoas, elas vão me julgar” e, em seguida, evita a 
todo custo expressar o que está sentindo. Neste caso, o terapeuta poderia discutir, em 
conjunto com o cliente, o quanto ele está generalizando uma atitude de algumas pessoas 
para todas de seu convívio, inferindo reações psicológicas sem evidências para fazê-lo. 
 Outra possibilidade de intervenção surge da observação de que nem todas as 
verbalizações produzem um impacto significativo no comportamento do indivíduo. É 
possível que a pessoa tenha o pensamento de que pode ser julgada ao demonstrar seus 
sentimentos e, apesar disto, expressá-los. Portanto, deve haver condições específicas 
que possibilitam que uma resposta verbal possa exercer influência sobre outros 
comportamentos. Ao adotarem essa perspectiva, analistas do comportamento enfatizam 
o contexto das verbalizações: as contingências históricas e atuais que favorecem o 
controle verbal sobre o comportamento (Hayes, 1987). 
 Seguindo a linha de raciocínio contextual, a primeira pergunta esboçada é: como 
um conjunto de sons arbitrariamente definidos por uma comunidade verbal (i.e., uma 
frase) é capaz de exercer controle sobre o comportamento? Alguns autores sugeriram 
que isso é decorrente do fato de eles alterarem a função de determinados estímulos. 
Assim, no exemplo acima, a verbalização “Se eu demonstrar meus sentimentos, as 
pessoas ao meu redor vão me julgar” pode influir sobre o comportamento de Marcos na 
medida em que transforma a expressão de sentimentos em um estímulo aversivo, capaz 
de eliciar sentimentos de ansiedade e evocar respostas de fuga e esquiva. 
 Os estudos de equivalência de estímulos demonstram que um estímulo pode ter, 
de fato, sua função adquirida a partir de relações arbitrárias com outros estímulos. Em 
estudos pioneiros, Sidman e colaboradores ensinaram crianças com desenvolvimento 
atípico a selecionarem tanto a palavra escrita bola (B) quanto a imagem de uma bola (C) 
diante da palavra falada “bola” (A). Apesar dos estímulos não compartilharem 
propriedades físicas (eles tem caráter auditivo, textual e pictórico), os participantes 
aprenderam as relações arbitrárias ensinadas. Mais impressionante é o fato de que os 
participantes foram capazes, sem treino adicional, de reverter a relação, nomeando 
“bola” diante da figura e da palavra escrita (B-A e C-A); e responder à relação entre a 
palavra escrita e a figura (A-C e C-A) (Sidman, 1994). Estas relações, que não haviam 
sido diretamente ensinadas, foram chamadas de derivadas. 
Estudos subsequentes demonstraram a transferência de função entre estímulos 
arbitrariamente relacionados, seja por meio de relações diretas ou derivadas. Nesse caso, 
ambos são funcionalmente semelhantes para a pessoa: ela responde à palavra “como se 
fosse” o objeto e vice-versa. Esse fenômeno foi observado para diferentes funções, 
como eliciadora, discriminativa, reforçadora e punitiva (Hayes, Barnes-Holmes & 
Roche, 2001). A demonstração desse fenômeno sugere que, ao integrarem relações 
arbitrárias com outros estímulos, palavras podem alterar a função destes e, portanto, 
exercer influência sobre o comportamento. 
 Frente à derivação de relações e a transformação de função por meio de relações 
arbitrárias entre estímulos, algumas propostas teóricas surgiram para explicar estes 
fenômenos a partir de contingências históricas e atuais. Uma delas é a Teoria das 
Molduras Relacionais, ou RFT (Hayes, Barnes-Holmes & Roche, 2001). O argumento 
central da RFT é que responder a relações arbitrárias entre estímulos é um 
comportamento operante, que constitui a base da linguagem e cognição humana. 
 Apesar de diversos organismos serem capazes de responder a relações entre 
estímulos caso sejam reforçados ao fazê-lo, estas relações são baseadas em propriedades 
físicas (tamanho, peso, cor). De acordo com a RFT, uma história específica de 
relacionar eventos do ambiente, arranjada pela comunidade verbal, permite que algumas 
dicas verbais sejam abstraídas e adquiram controle contextual sobre o responder 
relacional de seres humanos. Por sua vez, este controle permite que este padrão de 
resposta seja expandido para relações arbitrárias entre estímulos, não sendo mais 
limitado pelas propriedades físicas destes. 
 Estas dicas verbais são divididas em dois grandes conjuntos, denominados 
contexto relacional e contexto funcional (Hayes, Barnes-Holmes & Roche, 2001). O 
primeiro sinaliza o tipo de relação estabelecida entre os estímulos. Esta pode ser de 
coordenação, como nos estudos de equivalência, indicada por palavras como igual, 
similar e parecido. Mas também pode ser de distinção (diferente), oposição (oposto), 
comparação (maior/menor que), hierarquia (inclui, contém), temporalidade 
(antes/depois), causalidade (se...então), espacialidade (em cima, do lado) e de 
perspectiva (eu/você, aqui/ali, agora/então, relações que dependam da perspectiva de 
quem fala). Cada um desses tipos de relações implica em um padrão de resposta e 
derivação de relações específicas (e.g., se A é igual a B, B é igual a A; mas se A é maior 
que B; B é menor que A). 
 Já o contexto funcional indica o tipo de propriedade ou característica dos 
estímulos que está sendo relacionada (p.ex. tamanho, perigo, beleza, valor) e, portanto, 
que função será transformada. Uma vez que ambos os contextos adquirem controle 
sobre o responder relacional, o indivíduo é capaz de responder a relações arbitrárias 
entre estímulos, de derivar novas relações e responder a estímulos que terão sua função 
transformada a depender destas relações arbitrárias. Diz-se então, após uma extensa 
história de contingências, que o repertório comportamental de um indivíduo agora inclui 
o tipo de operante estudado pela RFT – o responder relacional arbitrariamente aplicável 
(RRAA). 
 Para exemplificar, imagine que você esteja procurandoum destino de viagem 
para as próximas férias e seu amigo afirme que “Salvador é mais bonita que o Rio de 
Janeiro”. Nessa frase, temos dois estímulos: Salvador e Rio de Janeiro. Além disso, 
existe um contexto relacional de comparação (“mais que”) e um contexto funcional de 
beleza (“bonita”). A partir disso, mesmo sem conhecer Salvador, você é capaz de 
derivar que ela deve ser mais bonita do que São Paulo (que, em função da sua história 
prévia, sabe ser menos bela do que o Rio de Janeiro) e reagir de modo diferente a ela, 
preferindo viajar para Salvador que para o Rio, por exemplo. Perceba que caso a frase 
fosse invertida (“Rio de Janeiro é mais bonito que Salvador”), sua preferência 
possivelmente mudaria de acordo. Observe ainda que, caso você esteja buscando uma 
cidade para morar, e não somente visitar, a frase acima é capaz de não exercer efeito 
sobre sua escolha. Porém, outra relação, com um contexto funcional diferente que 
transforme funções mais relevantes para a escolha, sim (e.g., “São Paulo tem mais vagas 
de emprego que Salvador”). 
 
Linguagem e sofrimento humano 
 Os fundamentos da RFT, apresentados na seção anterior, possuem implicações 
importantes para compreender a relação entre a linguagem e o sofrimento psicológico 
humano. Ao integrar o repertório da pessoa, o RRAA é prontamente favorecido pela 
comunidade verbal em função de suas vantagens, tanto para a cultura quanto para o 
indivíduo (Hayes, Barnes-Holmes & Roche, 2001). Afinal, ele permite que a pessoa 
responda indiretamente ao ambiente, através de suas relações com outros estímulos. E, 
consequentemente, responda a contingências aversivas sem se machucar; e a 
contingências improváveis ou em um futuro distante antes que elas ocorram. Ademais, a 
derivação permite aumentar drasticamente a curva de aprendizagem a partir do 
estabelecimento de poucas relações. Portanto, é comum observar cuidadores reforçando 
diversas respostas relacionais da criança (e.g., “Isto mesmo, antes de atravessar a rua 
sempre olhe para os dois lados”); e, portanto, aumentando a frequência deste 
comportamento. 
 Com o tempo, o controle sobre o responder relacional deixa de ser 
exclusivamente social. A criança passa a se engajar nesse comportamento porque, 
através da transformação de função, ele permite que ela lide de modo mais efetivo com 
o mundo ao seu redor (e.g., “Antes de atravessar a rua sempre olhe para os dois lados” 
altera a capacidade da rua de evocar respostas de observação e, consequentemente, 
evitar acidentes). Nesse contexto sócio-verbal, o responder relacional é altamente 
favorecido, ao ponto da pessoa tornar-se extremamente fluente em estabelecer relações 
arbitrárias entre estímulos e emitindo este responder encoberta ou abertamente, 
pensando e falando, com uma rapidez impressionante. Deste modo, o indivíduo passa a 
responder ao seu ambiente cada vez mais indiretamente, com base nas relações verbais 
aprendidas e derivadas. 
 Porém, apesar das vantagens decorrentes desse processo, ele também pode 
acarretar em sofrimento psicológico. Em primeiro lugar, o caráter indireto do responder 
relacional pode diminuir a sensibilidade do indivíduo às contingências (Villatte, Villatte 
& Hayes, 2016). Para ilustrar, retomemos o exemplo do Marcos. Ao olhar para a 
história de vida dele, é nítido que o pensamento “Se eu mostrar meus sentimentos para 
as pessoas, elas vão me julgar” é produto das contingências de punição social. O relato 
de Marcos também indica que, ao ter esse pensamento, sua probabilidade de se expor a 
situações de vulnerabilidade interpessoal, que já era baixa, torna-se ainda menor. 
Portanto, é mais provável que ele adote uma postura fechada durante a interação ou 
ainda evite o contato social. Ambas as respostas permitem que ele se esquive com 
sucesso de eventuais punições sociais, fortalecendo não somente a resposta de 
esquiva/fuga como também a resposta verbal (i.e., o pensar) e a transformação de 
função decorrente. Caso esse padrão continue, Marcos permanecerá respondendo 
predominantemente ao mundo verbalmente construído, na qual interações sociais são 
eventos a serem temidos e evitados. 
 O problema é que as relações verbais estabelecidas não necessariamente 
refletem as contingências sociais em que Marcos está inserido: seus amigos podem se 
mostrar muito acolhedores no momento em que ele expressar seus sentimentos. 
Entretanto, ao fugir rigidamente (i.e., frequentemente, em muitos contextos) dessas 
situações, ele pode nunca entrar em contato com essa contingência – no caso, com o 
acolhimento dos amigos. E, mesmo que ele tenha essa experiência de acolhimento em 
determinado momento, a transformação de função por relações verbais pode ser tão 
forte que impeça que esse contato com as contingências altere a função aversiva de 
expor os sentimentos. A breve experiência de conexão social é muito menos impactante 
do que a longa história contingências verbais envolvendo julgamento. 
Consequentemente a probabilidade de ele ser influenciado pela nova contingência e 
modificar seu padrão de resposta, se expondo a pessoas que irão acolhê-lo, é baixa. 
 Além da insensibilidade, outro problema decorrente do responder relacional é a 
expansão do escopo de estimulação aversiva existente (Villatte, Villatte & Hayes, 
2016). Ao ser punido após expressar suas emoções, os efeitos desta consequência 
poderão ser generalizados para muitos outros estímulos através de relações arbitrárias. 
Assim, outras pessoas, situações, as respostas de Marcos (como a expressão emocional 
e a ansiedade) e até a própria como pessoa como um todo (i.e., o “Eu”) podem adquirir 
função aversiva para ele. Ademais, durante uma interação social agradável, Marcos 
pode relembrar situações passadas na qual foi punido ao se expor ou imaginar 
consequências futuras aversivas que podem ocorrer caso o faça, experienciando esses 
eventos como se eles estivessem ocorrendo agora. Assim, ele traz o sofrimento 
decorrente destas situações para o presente verbalmente e, portanto, sente ansiedade no 
aqui e agora. Em conjunto, esses processos garantem que a aversividade estará cada vez 
mais presente na vida de Marcos, inclusive em situações seguras e em seu próprio 
comportamento. 
Diante de estímulos aversivos, é comum que as pessoas tentem modificar a 
situação, emitindo respostas de fuga, esquiva ou contra-controle. Quando esses eventos 
aversivos são as próprias respostas privadas do indivíduo (pensamentos, sentimentos, 
memórias), é comum que a pessoa tente alterar sua forma, frequência ou intensidade. 
Este comportamento é denominado de esquiva experiencial (Hayes, Strosahl& Wilson, 
2012). No caso de Marcos, ele pode fazer isso evitando a situação que gera ansiedade, 
não saindo com seus amigos; ou anestesiando seus sentidos temporariamente, inclusive 
a sensação de ansiedade, ao consumir algum tipo de droga. Porém, apesar da esquiva 
experiencial ser uma prática favorecida pela cultura e frequentemente efetiva em curto 
prazo, quando adotada de forma rígida (isto é, em todos os contextos, 
indiscriminadamente), ela acarreta em problemas ao indivíduo. Isto porque ela 
comumente se mostra ineficaz em longo prazo: o sentimento de ansiedade de Marcos 
retornará na próxima possibilidade de interação social. E, mesmo quando o indivíduo é 
bem-sucedido na esquiva experiencial, o custo dela costuma ser muito alto. Para fugir 
da ansiedade, Marcos deverá estar constantemente preocupado em monitorar sua 
experiência psicológica à procura dela, reduzindo sua capacidade de focar na interação 
social conforme ela ocorre. Ele também deverá restringir o escopo de ações possíveis, 
limitando seu repertório ao afastamento social e abuso de substâncias, prejudicando sua 
capacidade de se conectar com outras pessoas. Desse modo, a linguagem acaba por 
tornar o sofrimento psicológico inevitável (Hayes, Strosahl & Wilson, 2012). 
 
Modelo terapêuticoe raciocínio clínico 
 A seção anterior ofereceu uma breve análise funcional, informada pela RFT, de 
como o comportamento verbal pode contribuir para o desenvolvimento e manutenção de 
problemas psicológicos. A proposta da ACT deve ser compreendida no contexto desse 
cenário. Apesar de existirem outros modos de apresentar o modelo da ACT (como o 
Hexaflex e a Matriz), o formato adotado neste capítulo foi selecionado por favorecer a 
conexão entre as implicações da RFT para a psicopatologia e para a intervenção; e entre 
cada componente do pacote terapêutico em um todo coerente. 
 É fundamental ressaltar que o raciocínio do terapeuta deve ser analítico-
funcional. Em outras palavras, a utilização de qualquer intervenção deve ser uma 
escolha feita com base na análise funcional do caso (Bach & Moran, 2008), que indicará 
quais repertórios devem ser o foco do trabalho terapêutico com aquele cliente específico 
e quais os processos comportamentais que permitirão o desenvolvimento do repertório 
em questão. Sem a análise funcional, a ACT torna-se um conjunto de técnicas 
descontextualizadas, impossíveis de serem empregadas de modo flexível e ideográfico 
para cada caso. 
 O modo como o repertório é desenvolvido em sessão também está relacionado 
ao modo como a RFT entende a linguagem. Na ACT, o papel de intervenções voltadas 
para discutir e interpretar os problemas trazidos pelo cliente é minimizado (Hayes, 
Strosahl & Wilson, 2012). Afinal, discutir como o controle verbal diminui a 
sensibilidade ao ambiente pode levar, paradoxalmente, a aumentar o controle verbal, 
impedindo a mudança clínica almejada. Assim, as intervenções da ACT são, em sua 
grande maioria, experienciais e metafóricas. Em outras palavras, elas favorecem o 
contato com as contingências relevantes e a oportunidade de emissão de respostas 
alternativas; e fazem uso de linguagem não-literal, como metáforas, que reduzem a 
probabilidade dos problemas ocasionados pela linguagem do dia-a-dia, buscando assim 
atingir o que seria um dos principais objetivos da ACT: diminuir a governança verbal 
quando esta se mostra ineficaz ou produtora de maior sofrimento. 
 
Valores: escolhendo a direção da terapia 
Qual a importância dentro do modelo terapêutico? 
A perspectiva da inevitabilidade do sofrimento humano demanda uma mudança 
no modo de pensar a psicoterapia. Mais especificamente, no modo de pensar os 
objetivos terapêuticos. Se a vida humana é baseada tanto na alegria, na satisfação e no 
prazer quanto na amargura, no temor e na irritação, faz sentido buscar eliminar a todo 
custo a tristeza, a ansiedade, a raiva, os pensamentos obsessivos, a ideação suicida? E 
basear o sucesso ou fracasso terapêutico na eliminação destes sintomas? 
Caso a resposta seja não, é necessário esboçar uma alternativa. Afinal, deve 
haver critérios para que terapeuta e cliente possam, em conjunto, direcionar o rumo da 
terapia e avaliar os progressos feitos no processo, e não ficar à deriva. Influenciada 
pelas psicoterapias humanistas, a alternativa proposta pela ACT é que esses critérios 
sejam os valores do cliente. Dessa forma, ainda que a vida não seja composta somente 
por momentos de felicidade, ela pode ser repleta de satisfação pessoal e significado 
(Hayes, Strosahl & Wilson, 2012). 
É importante notar que todas as outras intervenções da ACT só fazem sentido no 
contexto dos valores do cliente. Afinal, algumas delas envolvem que o indivíduo entre 
em contato com eventos encobertos dolorosos; outras que ele se engaje em atividades 
com um alto custo de resposta. Sem valores que deem significado a essa árdua 
caminhada no processo terapêutico, estas intervenções tornam-se técnicas 
descontextualizadas, que promovem sofrimento psicológico sem favorecer uma vida 
que valha a pena ser vivida. 
Como definir conceitualmente? 
Mas como compreender “valores”, um termo carregado de bagagem do senso 
comum e de outras tradições psicológicas, na perspectiva analítico-comportamental? 
Antes de tudo, valores são descrições verbais de reforçadores. Em outras palavras, são 
consequências desejadas, verbalmente construídas. Ainda que um dos principais focos 
da ACT seja minar o controle verbal excessivo, ineficaz, visa também construir um 
controle verbal alternativo, que leve o cliente a viver perseguindo uma direção valorada 
por ele (Hayes, Stroshal & Wilson, 2012). 
Nem todos os reforçadores podem ser tidos como valores. Para ser considerado 
um valor, capaz de direcionar o processo terapêutico, uma descrição verbal deve 
obedecer a outros três critérios. Em primeiro lugar, ela deve descrever um reforçador 
positivo. Apesar do papel central do reforçamento negativo na vida humana, o objetivo 
de utilizar os valores do cliente para direcionar a terapia é construir uma vida que valha 
a pena ser vivida e não uma vida isenta de sofrimento. E se enfatizássemos a fuga e a 
esquiva de estímulos aversivos, estaríamos mais alinhados com a segunda perspectiva 
(Plumb, Stewart, Dahl & Lundgren, 2009). No caso de Marcos, isto impede que “não 
sentir ansiedade ao interagir com outras pessoas” seja adotado como um valor. 
Em segundo lugar, o reforçador positivo descrito deve decorrer naturalmente do 
engajamento constante em um padrão de ação amplo. Isto significa que um valor nunca 
é plenamente alcançado (Plumb, Stewart, Dahl & Lundgren, 2009). Ao contrário, o 
indivíduo deve continuamente realizar ações específicas que contribuam para trazer e 
manter esse reforçador em sua vida; não fazê-lo implica em um distanciamento de seus 
valores. Dessa forma, valores se diferenciam de objetivos, que podem ser atingidos. E 
embora alcançar objetivos específicos esteja relacionado aos valores pessoais, eles não 
são valores em si. Assim, caso Marcos afirme valorizar “relações íntimas”, ele deve 
constantemente engajar-se em ações que construam uma relação com essa qualidade 
(e.g., escutar e compreender os amigos; compartilhar aspectos pessoais com eles; ajudá-
los em momentos de necessidade) para estar vivendo de acordo com seu valor. Ao 
adotar atitudes de distanciamento, sua sintonia com o valor de intimidade 
automaticamente diminui. 
Em terceiro lugar, a expressão de valores não deve ser um comportamento 
controlado exclusivamente por consequências sociais. Isto significa que Marcos não 
deve afirmar valorizar intimidade porque as pessoas próximas dele valorizam isto, 
porque é socialmente esperado que ele o faça ou porque o terapeuta acredita que isto 
seria o melhor para o cliente; mas sim porque as consequências naturais do contato 
íntimo são reforçadoras para ele (Plumb, Stewart, Dahl & Lundgren, 2009). 
Como fazer na prática? 
Considerando que os valores são produtos de uma escolha do cliente, o primeiro 
passo da clarificação destes é simplesmente perguntar-lhe diretamente o que é 
importante para ele. Para facilitar a compreensão do que está sendo pedido, algumas 
metáforas podem ser empregadas. Frequentemente, a figura de uma bússola é utilizada 
para ilustrar uma vida baseada nos valores pessoais, na qual estamos sempre 
caminhando na direção escolhida (e.g.,, norte). A metáfora da bússola também ilustra o 
que não são valores: rotas de fuga (nunca andamos pra fugir do sul, mas sim para nos 
aproximar do norte) e objetivos (nunca alcançamos um lugar específico denominado 
“norte”). Apesar de compreenderem o significado de valores, muitos clientes ainda 
terão dificuldade em responder a essa pergunta em função de algumas barreiras comuns. 
De um lado, o cliente pode não estar sensível aos seus valores pessoais, sendo 
incapaz de discriminá-los quando perguntado. É possível que ninguém, inclusive ele 
próprio, tenha lhe perguntado o que é importante para ele. Nessa situação, o terapeuta 
pode induzir o cliente a relembrar e reviver em sessão alguns momentos nos quais ele 
teve sensações de vitalidade e propósito, usualmente associadas a situações onde valoresestão presentes. E, durante este exercício experiencial, observar a demonstração destes 
sentimentos em sessão, que indicam que o cliente está de fato entrando em contato com 
aquilo que é importante para si. 
Do outro lado, a dificuldade do cliente pode advir do fato de que sua expressão 
de valores está sob controle de contingências aversivas e/ou sociais. Nesse caso, o 
terapeuta pode auxiliar o cliente eliminando verbalmente estas barreiras na interação. 
Suponha um cliente que, quando questionado sobre seus valores, afirme “Quero parar 
de sentir ansiedade”. O terapeuta pode remover a ansiedade da equação 
momentaneamente, com outra pergunta como “O que você faria se não sentisse tanta 
ansiedade?”. 
Caso as contingências aversivas estejam muito fortes no momento, o cliente 
pode não ser capaz de responder nada além da vontade de eliminar a ansiedade. Nesta 
situação, o terapeuta pode alterar a perspectiva temporal, pedindo que o cliente imagine, 
o mais vividamente possível, o que era importante para ele no passado, antes desse 
sentimento predominar, ou como ele gostaria de ser lembrado em seu funeral, por 
exemplo. 
 
Aceitação: renunciando à luta com si próprio 
Qual a importância dentro do modelo terapêutico? 
 Uma vez que os valores do cliente foram clarificados e, consequentemente, a 
direção da terapia foi escolhida, é necessário percorrer esse caminho. Durante esse 
trajeto, é natural que surjam eventos privados desagradáveis. Afinal, ao escolher uma 
vida baseada em relações íntimas, Marcos necessita se comprometer a engajar-se em 
ações com alto custo de resposta e que podem não surtir o efeito desejado, como se 
expor a situações de vulnerabilidade interpessoal. Situações que, portanto, podem trazer 
consigo sentimentos e cognições difíceis de lidar, como a ansiedade e pensamentos de 
fracasso. O modo como ele responde a esses eventos privados pode favorecer o 
engajamento nessas ações valorizadas ou, pelo contrário, atuar como uma barreira, 
impedindo-o de se aproximar de seu valor e construir relações significativas. 
 Como mencionado anteriormente, um destes obstáculos possíveis é a luta que o 
indivíduo se engaja com seus próprios eventos privados na tentativa de mudar sua 
forma, frequência ou intensidade: a esquiva experiencial. Além de ser ineficaz em longo 
prazo, a esquiva experiencial geralmente acarreta um custo muito alto para a pessoa. 
Neste contexto, a aceitação surge como uma alternativa à esquiva experiencial e seus 
efeitos deletérios. Ela envolve uma mudança de postura do cliente em relação à sua 
experiência psicológica: ao invés de se fechar para ela por meio da evitação e de 
tentativas de controle, ele se abre para seus sentimentos, pensamentos, memórias e 
sensações, estando disposto a entrar em contato com eles e vivenciá-los conforme 
ocorrem. 
Como definir conceitualmente? 
 A mudança de postura mencionada acima significa dizer que aqueles eventos 
privados que costumavam evocar respostas de fuga, esquiva e/ou contra-controle agora 
passam a evocar respostas alternativas de aproximação (Cordova, 2001). Isto implica 
que estes estímulos tiveram sua função alterada, de forma que agora são capazes de 
evocar um repertório alternativo, composto por respostas de observação, descrição e 
validação, mais prováveis de serem reforçadas positivamente em longo prazo. No caso 
de Marcos, a aceitação envolve permitir que a ansiedade e as preocupações surjam 
durante a interação com outras pessoas sem lutar contra elas, identificando-as conforme 
ocorrem, compreendendo-as como respostas naturais dada a sua história de vida e a 
situação em que ele se encontra no momento e se engajando em interações sociais ainda 
que na presença destes encobertos. 
Como fazer na prática? 
 O desenvolvimento da aceitação pode ser uma tarefa bastante difícil, uma vez 
que ela é contrária a uma prática amplamente sustentada pela cultura. Além disso, as 
tentativas de alterar ou interromper eventos privados aversivos se mostraram eficazes a 
curto prazo, na própria experiência do cliente. Portanto, muitas vezes será necessário 
que o terapeuta crie um contexto em sessão que aumente a sensibilidade do cliente ao 
custo desta estratégia e sua efetividade em longo prazo, deixando-o mais receptivo a 
formas alternativas de responder aos seus eventos privados. Em outras palavras, realize 
em conjunto com o cliente, uma análise funcional de suas respostas de esquiva 
experiencial. 
 Este contexto construído em sessão é chamado de desesperança criativa. Durante 
esse processo, a postura adotada pelo terapeuta é de extrema importância. Em primeiro 
lugar, o terapeuta deve guiar o cliente a se atentar às consequências de suas tentativas de 
controle e evitação, mas permitir que o cliente responda sobre a efetividade e os custos 
delas com base na sua própria experiência. Esta postura evita um embate racional entre 
a visão do terapeuta e do cliente sobre a melhor forma de lidar com os eventos privados 
e enfatiza a funcionalidade de suas ações (isto é, se elas contribuem ou não para o 
cliente atingir seus valores). 
Em segundo lugar, o terapeuta deve ser muito empático durante o processo, uma 
vez que para diversos clientes será muito doloroso compreender as consequências de 
seu padrão rígido de esquiva experiencial e será muito fácil que eles adotem uma 
postura fatalista e autodepreciativa (e.g.,, “Então nada do que faço dá certo. Eu sou um 
fracasso”). Ao acolher a dor e enfatizar o fracasso da estratégia adotada e não do cliente 
como pessoa, o terapeuta pode tornar a desesperança criativa um momento 
extremamente humano, de aproximação empática entre terapeuta e cliente; e poderoso 
para mudança clínica, ao deixar o cliente mais propenso a tentar outras estratégias para 
lidar com seus eventos privados. 
 Para consolidar os aprendizados durante a desesperança criativa, algumas 
metáforas e pequenos exercícios podem ser empregados. Pare alguns segundos e pense 
na sua comida favorita, tentando imaginá-la. Agora tente, a todo custo, suprimir e não 
pensar nela. Não imaginar sua aparência; não sentir seu cheiro; nem saborear seu gosto. 
Esse rápido exercício, que pode ser utilizado com os clientes, enfatiza a ineficácia da 
esquiva experiencial: a maioria das pessoas não consegue suprimir o alimento com 
sucesso; e os que são bem-sucedidos direcionam toda sua atenção e energia para a 
supressão, impedindo-os de fazer qualquer outra coisa além de suprimir. 
Outras intervenções podem ser utilizadas para salientar o alto custo do controle e 
da evitação. Entre elas está a metáfora do convidado indesejado. O terapeuta pede que o 
cliente imagine a seguinte situação: ele está organizando uma festa em casa e convidou 
todas as pessoas mais importantes da vida dele. A festa está indo muito bem e todos 
estão se divertindo. Até que uma pessoa que o cliente não gosta chega à festa, sem ser 
convidada. Não só ele não foi convidado, como também é uma péssima visita: 
incomoda os convidados, suja a casa, quebra objetos e se recusa a ir embora. Diante 
desse cenário, o cliente tem duas opções. De um lado, focar sua atenção no convidado 
indesejado e tentar controlar aonde ele vai e o que ele faz, na tentativa de impedir que 
ele cause maiores danos e, se conseguir, expulsá-lo da festa. Mas ao fazê-lo, ele 
negligencia os demais convidados e não aproveita a festa; e mesmo que consiga 
expulsá-lo, terá que ficar próximo da porta para garantir que ele não retorne. Do outro 
lado, o cliente tem a opção de focar sua atenção nos seus entes queridos e aproveitar a 
festa, ainda que isso signifique permitir que o convidado indesejado permaneça nela. 
A metáfora do convidado indesejado também traz consigo uma postura 
alternativa ao controle: desistir da luta e estar disposto a entrar em contato com seus 
eventos privados, inclusive os mais desagradáveis. Essa noção será contra-intuitiva e até 
pavorosapara muitos clientes, mesmo para aqueles sensíveis aos custos e a ineficácia do 
controle e da evitação. Afinal, eventos privados desagradáveis ainda possuem uma 
função aversiva muito forte. O processo de validação (Linehan, 1997) pode contribuir 
para alterar isto. Ao comunicar para o cliente que a resposta dele é natural e 
compreensível dentro do contexto de sua história de vida e das condições atuais, o 
terapeuta demonstra aceitar o cliente como ele é e, com isso, altera as relações verbais 
existentes ao redor dos eventos privados. De um lado, ele minimiza as relações de 
coordenação com juízos de valores (por exemplo, raiva é ruim). Do outro lado, ele 
favorece relações de causalidade entre a resposta do cliente e eventos ambientais (por 
exemplo, rejeição causa raiva); e de inclusão entre a resposta do cliente e características 
compartilhadas pela humanidade (por exemplo, raiva é uma resposta natural à rejeição). 
Ademais, ao se engajar em validação durante a sessão, o terapeuta oferece um modelo 
para o cliente, favorecendo que ele comece a validar a si mesmo (Linehan, 1997). 
 Tanto a sensibilidade às consequências em longo prazo da esquiva experiencial 
quanto a validação podem contribuir para que o indivíduo responda de outro modo a 
seus eventos privados. O contexto de terapia é ideal para que o cliente comece a 
responder de forma diferente, uma vez que é um lugar mais seguro e no qual o terapeuta 
pode auxiliá-lo no processo. Com isso em mente, o terapeuta pode utilizar o raciocínio 
clínico da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e favorecer a disposição ao evocar 
respostas de observação e descrição de eventos privados em sessão; bloquear tentativas 
de controle e evitação; e consequenciar a aceitação do cliente (Callaghan, Gregg, Marx, 
Kohlenberg, & Gifford, 2004). 
 
Desfusão cognitiva: reduzindo o impacto verbal 
Qual a importância dentro do modelo terapêutico? 
Outro obstáculo comum entre o cliente e uma vida baseada em seus valores é 
derivado da implicação da RFT de que a dominância verbal leva as pessoas a 
responderem a uma grande parte dos estímulos em função de suas relações verbais com 
outros estímulos. E, apesar de não ser necessariamente ruim, isto se torna prejudicial 
quando acarreta em padrões de comportamento insensíveis ao contexto atual e 
desconectados de seus valores pessoais. Isto é o caso quando a probabilidade de Marcos 
se engajar em ações que favoreçam intimidade é ainda mais reduzida após o 
pensamento “Se eu falar o que sinto, eles vão rir de mim”. 
Diante deste cenário, a desfusão cognitiva surge como uma opção de 
intervenção. Diferentemente da reestruturação cognitiva, seu objetivo não é modificar o 
conteúdo das cognições do cliente, mas sim o impacto destas. Em outras palavras, a 
desfusão cognitiva almeja que o cliente permita que seus pensamentos ocorram 
naturalmente, inclusive aqueles tidos como “irracionais” ou difíceis de lidar. Mas que 
ele também impeça que esses pensamentos, quando ocorrerem, influenciem o seu 
comportamento a ponto de afastar o cliente de seus valores. No exemplo de Marcos, 
isso envolve que, ainda que ele tenha o pensamento “Se eu falar o que sinto, eles vão rir 
de mim”, ele possa agir de acordo com os seus valores, interagindo com os seus amigos 
e criando laços significativos. 
Por último, é importante ressaltar que desfusão cognitiva e aceitação estão 
intimamente conectadas dentro do modelo terapêutico. Ambos constituem modos 
alternativos de responder aos próprios eventos privados. De um lado, estar disposto a 
entrar em contato com os eventos privados é necessário para que seja possível reduzir o 
impacto dos pensamentos. Do outro lado, diminuir a força dos pensamentos torna 
menos difícil se aproximar deles com uma postura aberta. 
Como definir conceitualmente? 
 No exemplo acima, a resposta relacional “Se eu falar o que sinto, eles vão rir de 
mim” estabelece uma relação causal entre expressão e humilhação. A influência deste 
pensamento sobre outros comportamentos do cliente está diretamente relacionada à sua 
capacidade de transformar o ato de falar em um estímulo aversivo, gerando respostas de 
ansiedade e esquiva. Uma vez que a transformação de função do responder relacional é 
controlada pelo contexto funcional, alterações contextuais podem interromper esse 
processo sem afetar a relação estabelecida entre os estímulos (Blackledge, 2007). No 
caso, diminuir a transformação de função entre os estímulos “humilhação” e 
“expressão” sem alterar a relação de causalidade formada ao estabelecer um novo 
contexto. Então, respostas alternativas ao conteúdo do pensamento, mais compatíveis 
com a construção de relações de intimidade, podem ser favorecidas mais facilmente. 
Como fazer na prática? 
 O trabalho de aceitação promove um contexto favorável para a desfusão 
cognitiva. Ao abdicar da luta com seus eventos privados, o indivíduo está mais apto a 
entrar em contato com seus pensamentos, observando-os e descrevendo-os. Além disso, 
ao ser capaz de validar suas próprias cognições, o cliente as entende como reações 
naturais dentro de sua história de vida e situação presente; e não como ocorrências do 
acaso ou produtos de ações voluntárias. 
 A familiarização com o processo de pensar, iniciada com a observação, 
descrição e validação de seus pensamentos, é aumentada quando o cliente é capaz de 
identificar elementos do pensar e como eles se repetem em padrões previsíveis ao longo 
de sua vida. Seja pelo tipo de cognição (avaliação, julgamento, racionalização, 
comparação) ou pelo seu conteúdo (fatalismo, preocupação, ruminação, auto 
depreciação). Ao sinalizar esses padrões, de modo empático e validante, conforme eles 
ocorrem na fala do cliente, o terapeuta aumenta a probabilidade que o cliente também se 
atente a eles. 
 Ao ser capaz de compreender seus próprios pensamentos como eventos 
dinâmicos, porém fruto de contingências históricas e atuais, o cliente está mais apto a 
verbalmente re-contextualizar o pensar de diferentes modos. E, ao fazê-lo, reduzir a 
transformação de função resultante destas relações verbais (Blackledge, 2007). 
Em primeiro lugar, ele pode estabelecer uma relação de hierarquia entre o Eu e 
os seus eventos privados (Törneke, Luciano, Barnes-Holmes & Bond, 2016). Isto 
significa dizer que sensações, sentimentos e pensamentos fazem parte de quem a pessoa 
é, ainda que ela não possa ser reduzida a essas experiências. Para este fim, são utilizados 
exercícios experienciais que permitem ao cliente observar a multiplicidade de 
experiências psicológicas e sua dinâmica ao longo do tempo, e contrastá-las a uma 
perspectiva única a partir da qual esses eventos são experienciados. Ou também o 
emprego do prefixo “Estou tendo um pensamento de que...” antes de cognições 
específicas. Por exemplo, transformando a frase “Eu sou um fracasso” em “Eu estou 
tendo um pensamento de que sou um fracasso”. 
Em segundo lugar, o cliente pode ser levado a construir verbalmente uma 
distância espacial entre si e seus pensamentos. Seres humanos têm uma tendência a 
serem mais afetados por eventos que acontecem próximos a eles do que aqueles 
distantes em espaço e tempo. Qual o impacto de uma tragédia que ocorreu há 50 anos 
em outro continente em comparação com uma similar em magnitude, porém que 
aconteceu ontem, ao nosso lado? Esta tendência a desvalorizar eventos espacialmente 
distantes pode ser usada para reduzir o impacto de pensamentos. Na ACT, isto é feito 
através de exercícios que transformam os pensamentos do cliente em objetos físicos, 
separados do indivíduo. Seja ao compará-los a folhas que caem em um rio e seguem o 
fluxo da correnteza; ou ao pedir que o cliente selecione um pensamento e descreva seu 
tamanho, formato, peso, cor, textura e outras propriedades físicas atribuídas por ele. 
Em terceiro lugar, cliente e terapeuta podem contextualizar o emissor das 
relações verbais. Estaé uma prática comum nas relações interpessoais. Ao estabelecer o 
falante como alguém honesto/mentiroso, inteligente/burro, bom caráter/mal-
intencionado; são/senil, o impacto de sua fala é modulado: suas palavras adquirem 
maior ou menor capacidade de influenciar o comportamento do ouvinte. No âmbito 
intrapessoal, essa prática é mais rara; porém, o processo comportamental é similar. 
Contextualizar o cliente como alguém capaz de elaborar uma narrativa coerente, porém 
arbitrária, criativa e enviesada (análogo a um roteirista de histórias), é capaz de reduzir 
o impacto de seus próprios pensamentos. Apontar essas características no fluxo de 
pensamentos do cliente e incentivá-lo a fazer o mesmo contribuirá para tornar essa 
analogia fundada na experiência do cliente e, portanto, mais poderosa. 
 Uma vez que o indivíduo re-contextualiza seus pensamentos como parte de 
quem ele é, espacialmente distantes, ou produtos de um emissor particular, a influência 
dessas cognições no comportamento diminui. De modo que é mais fácil que ele se 
engaje em ações que não condizem com o conteúdo de seus pensamentos e tenha suas 
respostas reforçadas ao fazê-lo. Alguns exercícios são utilizados para propiciar essa 
experiência de incongruência entre ação e pensamento em sessão. Alguns deles são 
mais estruturados e envolvem, por exemplo, pedir para o cliente pensar e acreditar com 
todas suas forças que é incapaz de fazer determinada ação física; e em seguida realizá-
la. Outras se aproveitam de pensamentos trazidos pelo cliente durante a interação 
terapêutica (e.g., “Não consigo mais falar deste assunto”) para evocar e consequenciar 
respostas diferentes (e.g., continuar a conversar sobre o assunto difícil). 
 
Aqui e agora: sensível às contingências presentes no momento 
Qual a importância dentro do modelo terapêutico? 
 Como apontado anteriormente, um dos problemas gerados pelo controle verbal é 
que, ao responder indiretamente ao ambiente, a pessoa pode tornar-se pouco sensível a 
alguns aspectos dele. E, em algumas situações, estes elementos podem ser 
extremamente importantes para que o indivíduo responda de forma coerente com o 
contexto presente e de acordo com seus valores pessoais. 
 No caso de Marcos, o pensamento “Se eu falar o que sinto, eles vão rir de mim” 
é capaz de aumentar sua sensibilidade a pequenos sinais de julgamento e crítica dos 
outros, tornando mais provável que ele fuja do contato social ou, pelo menos, de 
situações de vulnerabilidade. Paralelamente, o foco no próprio pensar e em possíveis 
ameaças do outro diminui sua sensibilidade à sua experiência psicológica (e.g.,, 
preocupação, ansiedade, memórias de humilhações passadas), impedindo que ele seja 
capaz de empregar as habilidades intrapessoais aprendidas durante o trabalho de 
aceitação e desfusão cognitiva. Ela também impede que Marcos esteja centrado na 
interação social, reduzindo a probabilidade dele perceber possíveis demonstrações de 
abertura e acolhimento do outro; e de utilizar seu repertório social adequadamente. No 
final, Marcos dificilmente tomará atitudes em sintonia com o que está ocorrendo no 
momento e acordo com seus valores, com respostas de aproximação ao outro. Neste 
caso, o controle verbal acaba por limitar o escopo de ações que aproximariam o cliente 
de seus valores. 
 Em tal cenário, a desfusão cognitiva pode ser utilizada para reduzir o controle 
verbal, diminuindo o impacto desse pensamento no comportamento de Marcos. 
Entretanto, o comportamento não deixa de ser controlado pelas contingências: ao 
reduzir uma fonte de influência, outra surgirá para controlar o comportamento. Ao 
favorecer que Marcos seja capaz de expandir sua atenção para diversos eventos 
presentes no momento (como sinais de interesse do outro), é mais provável que seu 
comportamento seja controlado pelas contingências em vigor. Consequentemente, suas 
respostas serão mais sensíveis ao contexto atual, com maior probabilidade de emissão 
de serem efetivas e estarem sintonia com seus valores pessoais. 
Como definir conceitualmente? 
 Estar em contato com o momento presente implica alterar o controle de 
estímulos. Em primeiro lugar, isto é feito através da expansão da atenção do cliente para 
outros eventos ambientais e novas propriedades de estímulos que, apesar de estarem 
presentes no ambiente, não estavam influenciando o comportamento do cliente 
previamente. Especialmente relevante são aquelas funções de estímulos que não foram 
verbalmente adquiridas. 
 Entretanto, não é suficiente adotar uma postura centrada; é importante 
permanecer nela. A fluência da pessoa em estabelecer relações entre estímulos 
continuará a redirecionar a atenção dela para aspectos do ambiente que tiveram sua 
função transformada verbalmente: avaliar, comparar e justificar o mundo ao seu redor. 
E, com isso, aumentar a probabilidade de tomar atitudes em desacordo com seus valores 
pessoais. Portanto, nesta situação, é importante que o indivíduo consiga novamente 
redirecionar sua atenção para o contexto atual. 
Como fazer na prática? 
 Em função da tendência de as relações verbais dominarem e exercerem 
influência de forma a limitar o repertório do cliente, permanecer centrado no momento, 
sensível ao contexto atual, é uma habilidade que requer muita prática. Porém, existe um 
vasto número de eventos e propriedades em cada dado momento, permitindo 
oportunidades para treinar essa habilidade em todas as situações vividas. 
 Esses eventos e propriedades podem estar no ambiente físico externo ao 
indivíduo. Se você parar a leitura deste capítulo e observar o seu entorno com atenção e 
curiosidade, com certeza será capaz de notar dez aspectos dele que não havia percebido 
anteriormente. Seja a textura da página do livro; detalhes no formato do objeto ao seu 
lado; o contorno das sombras desses objetos; ou ruídos de fundo que pareciam não 
existir. Esse mesmo tipo de atividade pode ser feita com o cliente, tanto dentro quanto 
fora de sessão. Pedir para que ele se atente às propriedades provenientes dos seus cinco 
sentidos ao observar um objeto específico, desenhar, comer ou cozinhar e as descreva é 
um bom modo de expandir sua sensibilidade ao contexto atual. 
 Da mesma forma, o cliente pode ser levado a observar e descrever sua própria 
experiência conforme ela ocorre no momento. Esta pode incluir sensações físicas (e.g., 
dor, temperatura, pressão, alongamento, frequência cardíaca, ritmo de respiração), 
cognições, tendências a ação e movimentos do corpo. Exercícios estruturados de 
mindfulness, que facilitam esse contato com si mesmo, são muito empregados. Neles, o 
cliente é solicitado a adotar uma postura confortável, muitas vezes de olhos fechados, e 
observar uma parte específica da sua experiência ou deixar sua atenção flutuante, 
observando o fluxo dessa experiência. O terapeuta também pede para que, quando ele 
sentir que novamente em contato maior com a experiência verbal, que observe essa 
experiência e retorne aos eventos que estão ocorrendo no momento. 
 Além disso, a relação terapêutica é uma ótima situação para praticar a atenção ao 
aqui e agora durante uma interação social. Durante a sessão, o terapeuta pode direcionar 
o cliente a atentar para o seu próprio corpo, e como ele se sente durante momentos 
específicos da interação. Ou direcionar a atenção dele para a própria figura do terapeuta 
e suas características físicas, sua postura, seu tom de voz, sua expressão facial, o 
conteúdo da sua fala. 
 
Unindo tudo e percorrendo o caminho 
 As seções anteriores acompanharam Marcos enquanto ele construiu verbalmente 
seu valor pessoal de intimidade, que dá significado à sua vida e direção à sua conduta. 
Elas também tornaram o seu repertório intrapessoal maior e mais flexível ao ensinar 
modos alternativos de responder a seus eventos privados, como pensamentos, 
sentimentos e memórias. De um lado, isso envolveu cessar a luta contraeles, reduzindo 
a frequência de respostas de fuga, esquiva e contra-controle; e agir de maneira oposta, 
aproximando-se desses eventos através da observação, descrição e validação. Do outro 
lado, ele aprendeu a observar o processo de pensar como um comportamento, fruto de 
contingências históricas e atuais; contextualizar o pensar de diversos modos; e 
responder de forma incongruente aos seus pensamentos. Ademais, Marcos também 
expandiu sua observação a uma gama maior de estímulos e sua sensibilidade a 
diferentes funções destes, aprendendo a atentar-se e a responder a elementos do 
ambiente que melhor regularão sua conduta com flexibilidade, de acordo com o 
contexto presente e seus valores. 
 Com seus valores clarificados, uma postura aberta em relação aos eventos 
privados e centrado no contexto presente, resta a Marcos percorrer o caminho para uma 
vida que valha a pena ser vivida. Isto significa, em primeiro lugar, identificar objetivos 
e ações que estão relacionados ao valor clarificado. Em seguida comprometer-se a 
realizar essas ações. E, por fim, superar os obstáculos que aparecerem no caminho. 
Nesse processo, as estratégias utilizadas pelo terapeuta ACT são muito semelhantes às 
adotadas pela Clínica Analítico-Comportamental de modo geral, como exposição, 
bloqueio de esquiva, reforçamento diferencial, treinamento de habilidades sociais, 
análise de contingências, entre outras. Portanto, elas não serão discutidas em maior 
profundidade aqui. 
 
Linhas de pesquisa 
 Desde o surgimento da ACT, seus proponentes demonstraram preocupação em 
obter evidências empíricas para sustentar sua proposta terapêutica. Isto é claramente 
observado no número de ensaios clínicos randomizados realizados. Entre 1986 e 2016, 
155 estudos comparando a eficácia da ACT com outros tratamentos ou lista de espera 
foram concluídos. Apesar de algumas questões metodológicas em alguns destes estudos, 
o impressionante número acima contribuiu para que a ACT seja atualmente considerada 
uma psicoterapia baseada em evidências, com forte apoio empírico para dor crônica e 
apoio moderado para depressão, ansiedade, TOC e psicose (APA Presidential Task 
Force on Evidence-Based Practice, 2006). 
 Apesar da importância dos ensaios clínicos randomizados para responder se a 
ACT funciona como tratamento psicológico, eles não auxiliam responder outra 
pergunta, também importante: “Como a ACT funciona?”. Para isso foram realizados 
outros tipos de pesquisa. Um conjunto destas estudou o efeito de componentes da ACT 
(como aceitação ou desfusão cognitiva) isolados do restante do pacote terapêutico 
(Levin, Hildebrandt, Lillis & Hayes, 2012). Outro grupo buscou identificar mediadores 
do tratamento, observando se mudanças em medidas específicas durante o andamento 
da terapia estavam relacionadas ao resultado final do tratamento. Por fim, um terceiro 
conjunto de pesquisas buscou identificar o impacto de breves intervenções da ACT em 
medidas análogas ao sofrimento psicológico relatado pelos clientes (Ruiz, 2010), como 
dor e esquiva em uma situação de estimulação aversiva (e.g., choques elétricos, frio). 
 
Leituras recomendadas 
Hayes, S. C., Strosahl, K. D., & Wilson, K. G. (2012). Acceptance and Commitment Therapy: 
The process and practice of mindful change, 2nd Ed. New York: Guilford Press. 
Luoma, J. B., Hayes, S. C., & Walser, R. D. (2007). Learning ACT: An Acceptance and 
Commitment Therapy skills-training manual for therapists. Oakland: New Harbinger. 
Perez, W. F., Nico, Y. C., Kovac, R., Fidalgo, A. P., & Leonardi, J. L. (2013). Introdução à 
Teoria das Molduras Relacionais (Relational Frame Theory): Principais conceitos, achados 
experimentais e possibilidades de aplicação. Perspectivas em Análise do Comportamento, 4(1), 
33-51. 
Villatte, M., Villatte, J.L., & Hayes, S.C. (2016). Mastering the clinical conversation: language 
as intervention. New York: Guilford Press. 
Zettle, R. D., Hayes, S. C., Barnes-Holmes, D., & Biglan, A. (2016). Wiley handbook of 
Contextual Behavioral Science. Hoboken: Wiley-Blackwell. 
 
Referências bibliográficas 
APA Presidential Task Force on Evidence-Based Practice. (2006). Evidence-based practice in 
psychology. American Psychologist, 61, 271-285. 
Bach, P. A., & Moran, D. J. (2008). ACT in practice: case conceptualization in Acceptance & 
Commitment Therapy. Oakland: New Harbinger Publications. 
Blackledge, J. T. (2007). Disrupting verbal processes: cognitive defusion in acceptance and 
commitment therapy and other mindfulness-based psychotherapies. The Psychological Record, 
57(4), 555-576. 
Callaghan, G. M., Gregg, J. A., Marx, B. P., Kohlenberg, B. S., & Gifford, E. (2004). FACT: 
The utility of an integration of functional analytic psychotherapy and acceptance and 
commitment therapy to alleviate human suffering. Psychotherapy: Theory, Research, Practice, 
Training, 41(3), 195–207. 
Cordova, J. V. (2001). Acceptance in behavior therapy: understanding the process of change. 
The Behavior Analyst, 24 (2), 213-226. 
Hayes, S. C. (1987). A contextual approach to therapeutic change. Em: N. Jacobson (Ed.) 
Psychotherapists in Clinical Practice: Cognitive and Behavioral Perspectives (p. 327-387). 
New York: Guilford Press. 
Hayes, S. C., Barnes-Holmes, D., & Roche, B. (Eds.) (2001). Relational Frame Theory: a post-
Skinnerian account of human language and cognition. New York: Kluwer Academic. 
Hayes, S. C., Strosahl, K. D., & Wilson, K. G. (2012). Acceptance and Commitment Therapy: 
The process and practice of mindful change. New York: Guilford Press, 2nd Ed. 
Levin, M. E., Hildebrandt, M. J., Lillis, J., & Hayes, S. C. (2012). The impact of treatment 
components suggested by the psychological flexibility model: a meta-analysis of laboratory-
based component studies. Behavior Therapy, 43(4), 741-756. 
Linehan, M. M. (1997).Validation and psychotherapy. Em: A. C. Bohart& L. S. Greenberg 
(Eds.) Empathy reconsidered: New directions in psychotherapy (p. 353-392). Washington: 
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Sidman, M. (1994). Equivalence relations and behavior: a research history. Boston: Authors 
Cooperative Inc., Publishers. 
Törneke, N., Luciano, C., Barnes-Holmes, Y., & Bond, F. K. (2016). RFT for clinical practice: 
Three core strategies in understanding and treating human suffering. Em: R.D. Zettle, S.C. 
Hayes, D. Barnes-Holmes & A. Biglan (Eds.). The Wiley Handbook of Contextual Behavioral 
Science (pp. 347-364). Hoboken: John Wiley & Sons. 
Villatte, M., Villatte, J.L., & Hayes, S.C. (2016).Mastering the clinical conversation: language 
as intervention. New York: Guilford Press.