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Hemodinâmica Renal

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RITMO DE FILTRAÇÃO RENAL 
Hemodinâmica Renal 
O conhecimento da hemodinâmica renal é 
de extrema importância para o 
entendimento da fisiologia do rim, pois 
neste órgão existe estreita correlação entre 
circulação e função tubular. Por minuto, 
entram nos rins cerca de 1.200 mℓ de 
sangue, o que corresponde a 600 mℓ de 
plasma. Entretanto, nesse período, são 
filtrados nos glomérulos apenas 120 mℓ de 
plasma, ou seja, 20% do total que entra nos 
rins. Os restantes 80% de plasma que não 
são filtrados atingem a arteríola eferente, 
dirigindose para a circulação capilar 
peritubular e daí para a circulação 
sistêmica. O ultrafiltrado plasmático não 
tem os elementos celulares do sangue e é 
essencialmente livre de proteínas; porém, 
as concentrações de sais e moléculas 
orgânicas são, de modo geral, similares no 
plasma e no líquido ultrafiltrado. Após ser 
filtrado, este líquido é intensamente 
reabsorvido do lúmen dos túbulos para a 
circulação capilar peritubular, retornando à 
circulação sistêmica. De tal modo que 
permanecem nos túbulos finais, para serem 
eliminados, apenas 1 a 2 mℓ de urina por 
minuto. A filtração glomerular, primeira 
etapa para a formação da urina, é um 
processo eminentemente circulatório, 
dependente da pressão arterial, do tônus 
das arteríolas aferente e eferente, da 
permeabilidade dos capilares glomerulares 
e do retorno venoso renal. A circulação 
capilar peritubular tem grande importância 
no transporte de água e solutos, que ocorre 
através do epitélio tubular. Assim, a 
constituição da urina eliminada é 
extremamente dependente das alterações 
da circulação peritubular. Reciprocamente, 
o rim participa na regulação da pressão 
arterial sistêmica e do volume e tonicidade 
do compartimento extracelular, por meio 
do sistema reninaangiotensinaaldosterona 
e das cininas e prostaglandinas renais. Os 
capilares linfáticos renais, encontrados 
preferencialmente no córtex, são uma 
importante via de remoção de proteínas do 
líquido intersticial. O fluxo linfático renal é 
pequeno, menos que 1% do fluxo 
plasmático renal. 
FLUXO SANGUÍNEO RENAL 
Os rins são órgãos altamente vascularizados 
e, normalmente, oferecem baixa resistência 
ao fluxo sanguíneo intrarrenal. 
Consequentemente, embora 
correspondam a menos que 0,5% do peso 
corporal, os rins recebem um volume de 
sangue que equivale a cerca de 25% do 
débito cardíaco, característica não igualada 
por nenhum outro órgão. Por peso de 
tecido, o FSR é quatro vezes maior que o do 
fígado ou dos músculos em exercício, e oito 
vezes maior que o fluxo sanguíneo 
coronário. 
Quando corrigido para uma superfície 
corpórea padrão de 1,73 m 2 , o valor do FSR 
na mulher é menor que no homem 
(respectivamente, 980 e 1.200 mℓ/min), 
porém, quando calculado por peso de 
massa renal, é igual para os dois sexos. O 
FSR apresenta dois componentes: fluxo 
sanguíneo cortical e fluxo sanguíneo 
medular. O primeiro se distribui pelo córtex 
renal, é mais rápido e corresponde a 90% do 
FSR total. O segundo é mais lento, equivale 
a 10% do fluxo total, e distribuise através da 
zona medular do rim, e apenas cerca de 
2,5% atingem a medula interna. O relativo 
baixo fluxo medular, consequente da alta 
resistência dos vasos retos longos, é 
importante para minimizar a diluição 
(lavagem) do interstício medular 
hipertônico, favorecendo assim a 
concentração da urina. 
 
A filtração glomerular é o processo que 
inicia a formação da urina. Nesse evento, 
20% do plasma que entra no rim e alcança 
MEMBRANA FILTRANTE 
PROCESSO DE ULTRAFILTRAÇÃO 
GRADIENTE DE PRESSÃO NOS VASOS 
os capilares glomerulares são filtrados, 
atingindo o espaço de Bowman.Os 80% de 
plasma restante, que não foram filtrados, 
circulam ao longo dos capilares 
glomerulares, atingindo a arteríola 
eferente, daí se dirigindo para a circulação 
capilar peritubular e, posteriormente, para 
a circulação sistêmica. 
Note que algumas substâncias podem ser 
secretadas a partir do sangue nos capilares 
peritubulares para o túbulo proximal 
convoluto e outras substâncias podem ser 
reabsorvidas do túbulo proximal convoluto 
para o sangue que circula pelos capilares 
peritubulares. No Quadro 50.1, são dados 
os valores das razões da concentração no 
filtrado glomerular e plasma (FG/P) para 
várias substâncias, encontrados na 
linhagem de ratos MunichWistar. 
A igualdade de concentrações de inulina no 
filtrado glomerular e no plasma (FG/P = 1) 
mostra que essa substância é ultrafiltrada 
livremente (nas concentrações entre 30 e 
130 mg por 100 mℓ de plasma). Como a 
inulina não é secretada nem reabsorvida ao 
longo dos túbulos renais, podemos concluir 
que o volume de plasma que fica livre dessa 
substância corresponde ao volume de 
plasma filtrado, no mesmo intervalo de 
tempo. 
O sódio também parece ser livremente 
ultrafiltrado, pois sua razão FG/P é 0,96, 
valor estatisticamente igual ao encontrado 
quando é aplicada a distribuição de Gibbs-
Donnan 1 para esse íon, admitindose que 
não esteja ligado a proteínas. No caso do 
cloreto, a razão FG/P é 1,00, valor um pouco 
abaixo do predito pelo equilíbrio de Gibbs-
Donnan. Esse desvio pode estar dentro dos 
limites do erro experimental para a análise 
de cloretos. 
Entretanto, pode ser um desvio real, pois no 
pH sanguíneo de 7,4 uma pequena 
quantidade de cloreto está ligada a 
proteínas. Para o cálcio, a razão FG/P é 0,63, 
indicando que somente 63% do cálcio 
presente no plasma são ultrafiltráveis, dado 
que coincide com os valores de 
ultrafiltração para esse íon, em membranas 
artificiais. Tal achado é porque cerca de 40% 
do cálcio plasmático estão ligados a 
proteínas. Para o fosfato, a razão FG/P de 
0,93, quando comparada com o valor 
teórico de 1,09 dado pelo equilíbrio de 
GibbsDonnan (assumindo não ligação do 
fosfato a proteínas), indica que 
aproximadamente 16% do fosfato podem 
estar ligados a proteínas, nessa linhagem de 
ratos. 
 
No processo de ultrafiltração glomerular, o 
plasma atravessa a membrana filtrante, 
constituída de três camadas: endotélio 
capilar, membrana basal glomerular e 
epitélio da parede interna da cápsula de 
Bowman. 
 
O ritmo de filtração glomerular é governado 
pela mesma força propulsora que 
determina o movimento de líquido através 
da parede dos capilares sistêmicos, ou seja, 
o balanço entre as pressões hidrostática e 
oncótica transcapilares (as chamadas 
“forças de Starling”). 
 
Para o estudo da hemodinâmica renal, é 
importante o conhecimento dos gradientes 
de pressão hidrostática e oncótica ao longo 
dos vasos renais. 
A localização dos capilares glomerulares 
entre essas duas regiões, de elevada 
resistência, permite a manutenção da 
pressão hidrostática intracapilar em nível 
relativamente elevado, proporcionando 
também um mecanismo de íntimo controle 
da pressão e do fluxo sanguíneo no interior 
do capilar. 
O controle da pressão e do fluxo sanguíneo 
nas duas arteríolas também controla o 
CONTROLE DA FILTRAÇÃO RENAL 
ritmo de filtração plasmática através da 
parede capilar glomerular. Em virtude de a 
parede capilar ser praticamente 
impermeável a proteínas, à medida que 
ocorre a filtração glomerular ao longo das 
alças capilares a concentração proteica 
intracapilar aumenta concomitantemente; 
consequentemente, a pressão oncótica (π) 
do sangue que percorre os capilares 
glomerulares se eleva em direção da 
arteríola eferente. 
No leito capilar peritubular, a pressão 
hidrostática é baixa (devido à alta 
resistência encontrada nos segmentos 
anteriores), sendo então sobrepujada pela 
pressão oncótica. Nesse local, o balanço 
final entre essas duas forças, que agem em 
sentidos opostos, determina a força 
resultante responsável pela reabsorção de 
líquido isotônico do interior do túbulo 
proximal para o sangue capilar peritubular. 
Essa adição de líquido ao plasmacapilar 
peritubular causa queda da pressão 
oncótica; isto faz com que, no nível da veia 
renal (que sai do rim), a pressão oncótica 
atinja o mesmo valor do encontrado na 
artéria renal (que entra no órgão). 
 
Normalmente, de momento a momento, o 
FSR e o RFG são mantidos constantes pela 
autorregulação. Porém, durante 
perturbações fisiológicas ou patológicas (p. 
ex., exercício violento, estresse emocional, 
insuficiência hepática ou cardíaca, 
modificações na ingestão de sal, 
hemorragia), a autorregulação desaparece 
e ocorrem profundas modificações na 
circulação renal. Em conjunto, o sistema 
nervoso simpático, vários hormônios 
(incluindo os autacoides, isto é, agentes 
autoproduzidos) e os fatores endoteliais 
alteram as resistências das arteríolas 
aferente e eferente, modificando o FSR e o 
RFG.

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