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SEXTA EDIÇÃO VAN DE GRAAFF C A P IT U L O 2 0 714 U n id a d e 7 Reprodução e Desenvolvimento TABELA 20.4 O Exame Clínico do Sêmen Características Valor de Referência Volume ejaculado 1 ,5 - 5 ,0 ml Contagem de espermatozóides 40 - 250 milhões/ml Motilidade dos espermatozóides Porcentagem de formas móveis: Uma hora depois da ejaculação Três horas depois da ejaculação 70% ou mais 60% ou mais Contagem dos leucócitos 0 - 2.000/ ml pH OO\CnJ Concentração de frutose 1 5 0 -6 0 0 mg/100 ml Reimpresso com permissão de Medicai Economics Company de Glaser, L., “Seminal fluid and subfertility”, Diagnostic Medicine, July/August 1981, p. 28. Copyright, 1981 by Medicai Economics Company. uma série de jatos de sêmen dos duetos ejaculatórios e da uretra. Isto ocorre quando os impulsos parassimpáticos que transitam pelos nervos pudendos estimulam os músculos bulboesponjosos (veja fig. 2 0 .2 ) na base do pênis levando-os a se contraírem ritmicamente. Além disso, a estimulação simpática dos músculos lisos da parede da uretra provoca sua contração, auxiliando a ejetar o sêmen. A função sexual no homem requer, assim, a ação sinérgica (em lugar de ações antagônicas) das divisões parassimpática e simpática do SNA. Os mecanismos da emissão e da ejaculação estão resumidos na figura 20.17. Imediatamente em seguida à ejaculação ou à cessação da excitação sexual, os impulsos simpáticos causam vasoconstrição das arteríolas no interior do pênis e reduzem o fluxo de sangue. Ao mesmo tempo, o débito cardíaco retorna ao normal, com o retorno venoso do sangue do pênis. Com o fluxo normal do san- gue através do pênis, este retoma a sua condição flácida. 4. ^ , Adolescentes podem experimentar ereção do pênis, emissão espontânea e ejaculação de sêmen durante o sono. Estas emissões noturnas, chamadas de poluções, são ativadas por estí- mulos psíquicos associados com sonhos. Pensa-se que são causa- das por alterações nas concentrações hormonais que acompanham 0 desenvolvimento do adolescente. Sêmen O sêmen, também chamado líquido seminal, é a substância descarregada durante a ejaculação (tabela 20.4). Geralmente, entre 1,5 e 5,0 ml de sêmen são ejetados durante a ejaculação. A maior parte do líquido (cerca de 60% ) é produzida pelas glându- las seminais, e o restante (cerca de 40%) deve-se à participação da próstata. Os espermatozóides respondem por menos de 1% do volume. Comumente há entre 60 e 150 milhões de espermatozói- des por m ilím etro de líquido ejaculado. Na oligospermia, o homem ejacula menos de 1 0 milhões de espermatozóides por mi- límetro e provavelmente terá problemas de fertilidade. ' 4 ^ O sêmen humano pode ser congelado e armazenado em bancos de esperma para inseminação artificial futura. Nesse procedimento, 0 sêmen é diluído em 10% de glicerol, monossacarí- deos e água destilada, e congelado em nitrogênio líquido. O pro- cesso de congelamento destrói espermatozóides defeituosos e anormais. Contudo, por alguma razão desconhecida, nem todo es- perma humano congela satisfatoriamente. Avaliação de Conhecimentos____ 20. Defina os termos ereção, emissão e ejaculação. 21. Explique a afirmativa que a função sexual do homem é uma ação autônoma sinérgica. 22. Utilize um fluxograma para explicar os acontecimentos fi- siológicos e físicos da ereção, emissão e ejaculação. 23. Descreva os componentes de uma ejaculação normal. CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS Disfunção sexual constitui uma extensa área de uma espe- cialidade médica que inclui o desenvolvimento e os problemas psicogênicos como também condições que resultam de várias doenças. Problemas psicogênicos do sistema genital são extrema- mente complexos e se encontram além do âmbito deste livro. Só algumas das principais situações de desenvolvimento, disfunções e doenças que afetam a estrutura física e as funções do sistema ge- nital masculino serão comentadas aqui. Problemas de Desenvolvimento do Sistema Genital Masculino Os órgãos genitais de ambos os sexos se desenvolvem de te- cido embrionário similar que seguem um padrão bem consistente de formação no período fetal. Como um embrião tem o potencial para se diferenciar em homem ou mulher, falhas de desenvolvi- mento podem resultar em vários graus de sexo intermediário, ou hermafroditismo. Uma pessoa com genitais externos indiferen- ciados ou ambíguos é chamada de hermafrodita. O verdadeiro hermafroditismo - no qual ambos os tecidos gonadais do homem e da mulher estão presentes no corpo - é uma anomalia rara. O hermafrodita verdadeiro habitualmente apresenta uma constituição de 46 XX cromossomos. O pseudo- hermafroditismo masculino ocorre mais freqüentemente e em geral resulta de influências hormonais durante o início do desen- volvimento fetal. Esta condição é causada por secreção inade- quada de hormônios androgênicos ou pelo desenvolvimento atrasado dos órgãos genitais depois que o período de responsivi- dade dos tecidos já passou. Esses indivíduos têm um cromossomo constituído por 46 XY e gônadas de homem, mas os genitais são intersexuais e variáveis. hermafrodita: G. (mitologia) Hermaphroditos, filho de Hermes (Mercúrio) Capítulo 20 Sistema Genital Masculino 715 O tratamento do hermafroditismo varia e depende da ex- tensão da ambigüidade dos órgãos genitais. Embora as pessoas com esta afecção sejam estéreis, elas podem participar de relações sexuais normais após terapia hormonal e cirurgia plástica. Anomalias cromossômicas resultam da separação inade- quada dos cromossomos durante a meiose e geralmente se expres- sam por alterações dos órgãos genitais. As duas anomalias cromossômicas mais freqüentes causam a síndrome de Tumer e a síndrome de Klinefelter. A síndrome de Tumer ocorre quando apenas um cromossomo X está presente. Aproximadamente 97% dos embriões em que falta um cromossomo X morrem; os 3% re- manescentes sobrevivem e parecem ser mulheres, mas suas gôna- das, quando presentes, são rudimentares e não amadurecem na puberdade. Uma pessoa com síndrome de Klinefelter tem a constituição de um cromossomo XXY, desenvolve peitos e geni- tais masculinos, mas apresenta túbulos seminíferos subdesenvol- vidos e geralmente é retardada mentalmente. Um dos problemas mais comuns de desenvolvimento de anormalidades genéticas, e felizmente menos sério, é o criptor- quidismo. Criptorquidismo quer dizer “testículo oculto” e é ca- racterizado pelo insucesso de um ou de ambos os testículos no descenso ao escroto. Um testículo criptorquídico comumente está localizado ao longo do trajeto do descenso mas pode estar em qualquer lugar da cavidade pélvica (fig. 20.18). Ocorre em apro- ximadamente 3% das crianças masculinas e deve ser tratado antes que a criança alcance a idade de 5 anos para reduzir a pro- babilidade de infertilidade ou de outras complicações. Disfunções Sexuais Disfunções do sistema genital masculino incluem impotên- cia, infertilidade e esterilidade. Impotência é a incapacidade de amadurecimento sexual masculino para conseguir e manter a ere- ção do pênis e/ou a incapacidade para ejacular. As causas da im- p o tên c ia podem ser fís icas , en v olv en d o , por exem p lo, anormalidades do pênis, irregularidades vasculares, afecções neu- rológicas ou certas doenças. Ocasionalmente, a causa de impo- tê n cia é psico lógica, e o p aciente requer aconselham ento qualificado por um terapeuta especializado em sexo. Infertilidade é a incapacidade do espermatozóide fertilizar o óvulo e pode envolver o homem ou a mulher, ou ambos. A causa mais comum de infertilidade masculina é a produção insuficiente de espermatozóides viáveis. Isso pode ser devido ao alcoolismo, deficiência dietética, lesão local, varicocele, calor excessivo, dese- quilíbrio hormonal ou exposição excessiva a radiações. Muitas das causas de infertilidade podem ser tratadas por alimentação ade- quada, tratamento com hormônios gonadotróficos ou microcirur- síndrome de Turner: de Henry H. Tumer, endocrinologista americano, 1892-1970síndrome de Klinefelter: de Harry F. Klinefelter Jr., médico americano, 1912-? criptorquidismo: G. crypto, oculto; orchis, testículo impotência: L. im, não; potens, potente F IG U R A 20 .1 8 Criptorquidismo. (a) Descenso incompleto de um testículo pode envolver uma região (1) na cavidade pélvica, (2) no canal inguinal, (3) no anel inguinal superficial, ou (4) na parte supe- rior do escroto, (b e c) Um testículo ectópico pode estar (1) na fáscia superficial da parede anterior da pelve, (2) na raiz do pênis ou (3) no períneo, na coxa ao lado dos vasos femorais. C A P IT U L O 20 O Sistema Genital EXPLICAÇÃO D eterm inação do Sexo A identidade sexual se inicia no momento da concepção, quando o sexo genético do zigoto (ovo fertilizado) é determinado. O óvulo é fertilizado por um espermatozóide contendo um cro- mossomo ligado ao sexo X ou Y. Se o espermatozóide contém um cromossomo X, deverá fazer par com outro cromossomo X do óvulo e uma criança do sexo feminino irá se desenvolver. Um es- permatozóide que leva um cromossomo Y resulta em uma combi- nação XY, e uma criança do sexo masculino irá se desenvolver. O sexo genético determina se as gônadas serão testículos ou ovários. Se desenvolver os testículos, eles devem produzir e secre- tar hormônios do sexo masculino durante o período final do de- senvolvimento embrionário e inicial do desenvolvimento fetal, e desenvolver os órgãos sexuais secundários masculinos. Desenvolvim ento E m brionário Os sistemas genitais masculino e feminino seguem um pa- drão semelhante de desenvolvimento, com diferenças sexuais que resultam da influência dos hormônios. Um fato significante do desenvolvimento embrionário é que os órgãos sexuais dos sexos masculino e feminino são derivados dos mesmos tecidos em de- senvolvimento e são considerados estruturas homólogas. O primeiro sinal de desenvolvimento dos órgãos genitais, masculino ou feminino, ocorre durante a quinta semana quando a face medial de cada mesonefro (veja capítulo 19) aumenta para formar a crista genital (exibição 1). A crista genital continua crescendo atrás da membrana peritoneal em desenvolvimento. Pela sexta semana, massas semelhantes a cordões chamados cor- dões sexuais primitivos formam-se no interior da crista genital ampliada. O cordão sexual primitivo no sexo masculino amadu- rece tomando-se túbulos seminíferos. No sexo feminino, os cor- dões sexuais primitivos devem contribuir como tecido de nutrição dos óvulos em desenvolvimento. Cada gônada se desenvolve perto de um tubo mesonéfrico e de um dueto paramesonéfrico. No embrião masculino, cada testículo se conecta através de uma série de túbulos com o dueto mesonéfrico. Durante o desenvolvi- mento posterior, os túbulos conectados se tomam túbulos seminífe- ros, e o dueto mesonéfrico forma os dúctulos eferentes, o epidídimo, o dueto deferente, o dueto ejaculatório e a glândula seminal. O dueto paramesonéfrico no homem degenera sem contribuir com qual- quer estrutura funcional do sistema genital. No embrião femi- nino, o dueto mesonéfrico degenera e o dueto paramesonéfrico contribui grandemente para as estruturas do sistema genital femi- homólogo: G. homos, o mesmo nino. As extremidades distais do par de duetos paramesonéfricos se fundem para formar o útero e a porção profunda da vagina. As porções proximais não fundidas se tomam as tubas uterinas. Extemamente, pela sexta semana uma dilatação chamada tubérculo genital aparece anteriormente à pequena cauda embrio- nária (futuro cóccix). Os duetos mesonéfrico e paramesonéfrico se abrem para o exterior através do tubérculo genital. O tubérculo genital consiste em uma glande, um sulco uretral, um par de pregas uretrais e um par de intumescências labioescrotais (veja exibição II). Quando a porção da glande do tubérculo genital aumenta, é co- nhecida como falo. No início do desenvolvimento fetal (décima à décima segunda semana), a diferenciação sexual dos genitais ex- ternos toma-se aparente. No sexo masculino, o falo aumenta e se desenvolve como glande do pênis. As pregas uretrais se fimdem em tomo da uretra para formar o corpo do pênis. A uretra se abre na extremidade da glande como óstio externo da uretra. As intu- mescências labioescrotais se fundem para formar o escroto e para o qual os testículos descem. Na mulher, o falo dá lugar ao clitóris, as pregas uretrais permanecem separadas como lábios menores do pu- dendo, e as intumescências labioescrotais se tornam os lábios maiores do pudendo. O sulco uretral permanece como uma fenda longitudinal conhecida como vestíbulo da vagina. Descenso do Testículo O descenso do testículo do local onde se desenvolve começa entre a sexta e a décima semana. O descenso para o escroto, porém, não ocorre até aproximadamente a semana 28, quando o par de ca- nais inguinais se forma na parede abdominal para fornecer as aber- turas da cavidade pélvica até o escroto. O processo pelo qual um testículo desce não é bem conhecido, mas parece estar associado com a redução e o crescimento diferenciado do gubemáculo, que está ligado ao testículo e se estende através do canal inguinal até a parede do escroto (exibição III). Quando o testículo desce, passa ao lado da bexiga urinária e por diante da sínfise púbica. Leva com ele o dueto deferente, os vasos e nervos testiculares, uma porção do músculo oblíquo interno do abdome e vasos linfáticos. Todas essas estruturas permanecem fixas ao testículo e formam o que se co- nhece como funículo espermático (veja fig. 20.14). Quando o tes- tículo ocupa sua posição no escroto, o gubemáculo não é mais que um remanescente de tecido semelhante a uma cicatriz. Durante o exame físico de um neonatal masculino, o mé- dico palpará o escroto para determinar se os testículos estão em posição. Se um ou ambos não estiverem no escroto, pode ser possível induzir a descida administrando certos hormô- nios. Se esse procedimento não surtir o efeito desejado, a cirur- gia será necessária. A cirurgia geralmente é executada antes dos 5 anos de idade. O insucesso em corrigir esta situação pode re- sultar em esterilidade e possivelmente no desenvolvimento de um tumor no testículo. gubemáculo: L. gubemaculum, capacete 7 1 6 - * ____ (a) V \ \ jT Af J r I- I Células germinativas primordiais H M M ja p r ■ -■ Crista genital Ureter Bexiga urinária Tubérculo genital (b) Homem Testículo Rede do testículo Dueto mesonéfrico persistente (dueto deferente em desenvolvimento) Descenso testicular aos 8 meses W aldrop (ai) Peritônio parietal Ureter Gubernáculo Bexiga urinaria Tubo digestório posterior (intestino posterior) Cordão sexual primitivo Membrana peritoneal Dueto mesonéfrico Rim Dueto paramesonéfrico Gubernáculo Seio urogenital Cauda (c) Mulher Ovário Dueto mesonéfrico em degeneração - Folículo primordial Dueto paramesonéfrico persistente (tuba uterina em desenvolvimento) Célula folicular Oogônia EXIBIÇÃO I A diferenciação das gônadas do homem e da mulher e duetos genitais, (a) Um embrião na sexta semana mostra as posi- ções de um corte transversal descrito em (a-i), (b) e (c). (a-i) Em 6 semanas, as gônadas em desenvolvimento (cordões sexuais primitivos) ainda estão indiferenciadas. Pelos 4 meses, as gônadas se diferenciam em masculina (b) ou feminina (c). As ovogônias estão formadas no interior dos ovários (c i) aos 6 meses. , * 7 17 U - - •y* ï < w k ’ . IR m "k a ___ /* Tubérculo genital Prega uretrai Intumescência labioescrotal Tubérculo genital Membrana cloacal Pregas u retrais Cauda Intumescências labioescrotais (a i) VO* (a) Glande Masculino Prega uretral / v Intumescência labioescrotal * Falo Membrana urogenital Feminino Glande do pênis em desenvolvimento (b) Sulco uretral Pregas uretrais fundidas Períneo--------------------- Anus Glande do clitóris em desenvolvimento Lábios menores Lábios maiores Glande do pênis Escroto Rafe do escroto Prepúcio Glande do clitóris Ostio externoda uretra I — Hímen Óstio da vagina Waldrop (e) (f) E X IB IÇ Ã O I I (a) Diferenciação dos genitais externos no homem e na mulher, (ai) Vista sagital. Na 6- semana, a prega uretral e a intu- mescência labioescrotal estão diferenciadas do tubérculo genital, (ò) Em 8 semanas, um falo distinguível está presente durante o estágio de indiferenciação. Na décima segunda semana, os genitais externos tornam-se aparentes, masculinos (c) ou femininos (d), sendo deri- vados de estruturas homólogas, (e, f) Em 16 semanas, os genitais externos estão formados, (g, h) Fotografias da décima semana dos ge- nitais externos masculinos e femininos, respectivamente. . . 4* ». I & * H r r ■ m 7 1 8 - (g) (h) E X IB IÇ Ã O I I Continuação — - a P ë 1+ ttnrÿ .i — Parede abdominal Cavidade pélvica Epidídimo Testículo Reto Gubernáculo Sínfise púbica Pênis em desenvolvimento (a) Prega labioescrotal E X IB IÇ Ã O I I I Descenso do testículo, (a) Em 10 semanas, (b) em 18 semanas e (c) em 28 semanas. Durante o desenvolvi- mento, cada testículo desce pelo canal inguinal na frente da sín- fise púbica e entra no escroto. i a , ; ï V- W ? v„ .— - • n ■ 719 C A P IT U L O 2 0 720 U n id a d e 7 Reprodução e Desenvolvimento F IG U R A 20 .1 9 Ilustração simplificada de uma vasectomia, na qual um segmento do dueto deferente é ligado e cirurgicamente removido por uma incisão no escroto. O procedimento é então repetido no lado oposto. gia. Se esses tratamentos não tiverem êxito, pode ser possível con- centrar os espermatozóides obtidos por masturbação (em homens, auto-estimulação até o ponto da ejaculação) e usar este concen- trado para inseminar a mulher artificialmente. A esterilidade é semelhante a infertilidade, exceto que se trata de uma situação permanente. A esterilidade pode ser cau- sada geneticamente, ou pode resultar de alterações degenerativas dos túbulos seminíferos (por exemplo, caxumba no homem adulto pode infetar secundariamente o testículo e provocar lesão irreversível do tecido). A esterilização voluntária do homem no procedimento cha- mado vasectomia é uma técnica comum de controle da natalidade. Nesse procedimento, uma pequena parte de cada dueto deferente próximo ao epidídimo é removida cimrgicamente, e as extremida- des secionadas do dueto são ligadas separadamente, (fig. 20.19). Uma vasectomia evita o transporte de espermatozóides mas não compromete diretamente a secreção de andrógenos, a ereção ou a ejaculação. Como os espermatozóides compõem menos de 1% do lí- quido ejaculado, até mesmo o volume não é, notadamente, afetado. De acordo com o National Center for Health Statistics, há atualmente 5,3 milhões de casais infecundos sem filhos nos Esta- dos Unidos. Em 40% dos casos, é a infertilidade da mulher que esterilidade: L. sterilis, estéril vasectomia: L. vas, vaso; G. ektome, excisão impede a concepção, em 40% é a do homem. Nos 20% restantes, ambos os esposos têm alguma anormalidade, ou a causa do prob- lema é desconhecida. Desses casais que buscam ajuda para a in- fertilidade, apenas aproximadamente 2 0 % são bem sucedidos. Doenças do Sistema Genital Doenças Sexualmente Transmissíveis Doenças sexualmente transmissíveis (D ST ) são doenças contagiosas que afetam os sistemas genitais do homem e da mu- lher (tabela 20.5). São transmitidas durante o ato sexual, e suas freqüências de ocorrência nos Estados Unidos são consideradas pelas autoridades de saúde como de caráter epidêmico. Comu- mente chamadas de moléstias venéreas, as D ST não foram erradi- cadas principalm ente porque os seres humanos não podem desenvolver imunidade a elas e porque o aumento da atividade sexual aumenta a probabilidade de infecção e reinfecção. Além disso, muitos dos microorganismos causadores podem sofrer mu- tações de maneira que os tratamentos com as drogas disponíveis não são de efeito prolongado. venérea: L. (mitologia) de Vénus, a deusa do amor gonorréia: L. gonos, semente; rhoia, um fluxo Capítulo 20 Sistema Genital Masculino 721 TABELA 20.5 Doenças Sexualmente Transmissíveis Nome Microorganismo Situação Resultante Tratamento Gonorréia Gonococcus (bactéria) Adulto: esterilidade devido à destruição dos dúctulos do epidídimo e do testículo (em casos raros, septicemia); recém- nascido: cegueira Penicilina injetável; tetraciclina via oral; gotas oculares (nitrato de prata ou penicilina) como preventivo em recém-nascidos Sífilis Treponema pallidum (bactéria) Adulto: tumoração mole, neurosífilis cardiovas- cular; recém-nascido: sífilis congênita (mal- formações, cegueira) Penicilina injetável; tetraciclina via oral Cancro mole Hemophilus ducreyi (bactéria) Cancro, bubão Tetraciclina; sulfas Uretrite no homem Vários microorganismos Corrimento claro Tetraciclina Vaginite na mulher Trichomonas (protozoário) Corrimento branco ou amarelo Metronidazol Candida albicans (fungo) Corrimento branco, espesso em coalhos (monilíase) Nistatina Síndrome de imunodeficiência Vírus de imunodeficiência Os sintomas iniciais incluem fadiga Azidotimidina (A Z T ), dideoxinosina adquirida (A ID S) Humano (H IV ) extrema, perda de peso, febre, diarréia; muita tendência para pneumonias, infecções raras e câncer (ddl), dideoxitidina (ddC); novas drogas estão sendo desenvolvidas, incluindo inibidores de proteases Clamídia Chlamydia trachomatis (bactéria) Con im en to esbranquiçado pelo pênis ou va- gina; dor durante a micção. Tetraciclina e sulfonamidas Condiloma acuminado Vírus Verrugas Podofilina; cauterização, criocirurgia, tratamento a laser Herpes genital Vírus de herpes simples Ulcerações Tratam ento paliativo Chato Artrópodo Coceira Lindane A gonorréia é causada pela bactéria gonococcus ou Neisseria gonorrhoeae. Homens com essa doença apresentam inflamação da uretra, acompanhada de micção dolorosa e freqüentemente com secreção purulenta. Em mulheres, a doença é comumente assim tomática, e portanto muitas mulheres podem ser portadoras in- suspeitas da doença. Gonorréias em estágios avançados em mulheres podem infectar o útero e as tubas uterinas. Uma mulher grávida com gonorréia não tratada pode transmitir bactérias para os olhos do recém-nascido durante sua passagem pelo canal do parto, causando possivelmente cegueira. Sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum. A sífilis é menos freqüente do que a gonorréia, mas é uma doença mais grave. Durante o estágio primário da sífilis, a lesão chamada cancro se desenvolve no ponto onde o contato foi feito com uma úlcera semelhante a de uma pessoa infetada. O cancro persiste de 1 0 dias a 3 meses antes que a doença entre no estágio secundário que se ca- racteriza por lesões ou erupções cutâneas (fig. 2 0 .2 0 ) acompanha- das de febre. Esta fase dura de 2 semanas a 6 meses, e os sintomas desaparecem espontaneamente. O estágio terciário da sífilis sem tratamento pode ocorrer 1 0 a 2 0 anos após a infecção primária. Este estágio é caracterizado por alterações degenerativas em vários sistemas do corpo que podem levar a cegueira, loucura e morte. A síndrome de imunodeficiência adquirida (A ID S) é uma doença virai transmitida principalmente pelo contato sexual ín- timo e por abuso de drogas (compartilhando agulhas de seringas contaminadas). Mais informações sobre esta doença fatal para qual não há nenhuma cura conhecida são apresentadas na tabela 20.5. F IG U R A 2 0.2 0 Sífilis em estágio secundário representado por le- sões na pele. cancro: Fr. chancre, indiretamente do L. cancer, caranguejo C A P IT U L O 20 C A P IT U L O 2 0 722 U n id a d e 7 Reprodução e Desenvolvimento Afecções da Próstata A próstata está sujeita a várias afecções muitas das quais são mais comuns em homens idosos. Os quatro problemas prostá- ticos mais freqüentes são: prostatite aguda, prostatite crônica, hiper- trofia prostática benigna e carcinoma prostático. Prostatite aguda é comum em homens jovens sexualmente ativos através de infecções pelabactéria gonococcus. Os sintomas da prostatite aguda são: próstata inchada e sensível, micção dolo- rosa e, em condições extremas, secreção purulenta pelo pênis. E tratada com penicilina, repouso no leito e aumento na ingestão de líquidos. Prostatite crônica é uma das afecções mais comuns em ho- mens de meia idade e idosos. Os sintomas dessa patologia variam desde irritação e ligeira dificuldade de urinar até dor severa e blo- queio de urina, que comumente causa infecções renais secundárias. Nessa doença, acredita-se que vários tipos de microorganismos in- fecciosos se alojam na próstata, e são responsáveis por inflamações em outros locais do corpo, como nervos (neurite), articulações (ar- trites), músculos (miosites) e íris (irite). H ipertrofia prostática benigna (H P B ) é o aumento da próstata de causas desconhecidas. Essa patologia ocorre em quase um terço dos homens com idades acima de 60 anos e se caracte- riza por dor e dificuldade de urinar. Se a bexiga urinária não é es- vaziada completamente, podem ocorrer cistites. Pessoas com cistite podem apresentar incontinência urinária e perda contínua de urina. A hipertrofia prostática benigna pode ser tratada pela remoção cirúrgica de porções da glândula por curetagem transu- retral (cortando e removendo pequenas partes) ou remoção da próstata inteira, chamada prostatectomia. Carcinoma prostático, câncer da próstata, é a segunda causa mais freqüente de mortes por câncer em homens nos Estados Uni- dos. Também, é comum em homens acima de 60 anos com apro- ximadamente 25 .000 mortes anualmente. As metástases desse câncer para a coluna vertebral e encéfalo geralmente é o que mata o paciente. Carcinoma prostático avançado é tratado pela remo- ção da próstata e freqüentemente com remoção dos testículos, ou orquiectomia. A orquiectomia elimina a secreção de testosterona, inibindo o crescimento de células do câncer da próstata. Afecções do Testículo e Escroto Uma infecção no testículo é chamada de orquite. Orquites podem se desenvolver em conseqüência de uma infecção bacte- riana primária ou como uma complicação secundária de caxumba contraída após a puberdade. Se a orquite pós caxumba envolver ambos os testículos, geralmente causa esterilidade. A hidrocele é o acúmulo benigno de líquido no interior da túnica vaginal que recobre o testículo, causando o inchaço do es- croto. E uma afecção de pequena expressão, freqüente em crian- ças do sexo masculino e em adultos. A causa é desconhecida. Resposta do Estudo de Caso Clínico As estruturas tubulares que estão aparentemente ausentes em nosso paciente são os duetos deferentes. Essa situação, conhecida como ausência bilateral congênita dos duetos deferentes, impede o transporte dos espermatozóides do testículo para os duetos ejaculatórios. Isso explica a ausência de espermatozóides no líquido ejaculado do paciente. O seu lí- quido seminal consiste apenas nas secreções das glândulas seminais (as quais, em muitos casos, também estão ausentes ou não funcionantes nesta malformação) e da próstata. Até recentemente, a condição desse paciente teria lhe impedido, definitivamente, de se tomar pai. Contudo, a extra- ção microcirúrgica de espermatozóides do epidídimo é agora possível, per- mitindo que muitos homens sem esperança possam gerar crianças. PRATICA CLINICA Um homem de 29 anos de idade pal- pou um “caroço” em seu testículo esquerdo durante o auto-exame mensal de seu testí- culo. Ele nunca tinha percebido esta massa antes e, assim, decidiu procurar o médico dele. Você examina o paciente e sente essa massa. E lisa, indolor e firme. O restante do testículo tem consistência normal. O epidí- dimo também está normal. Você decide que essa massa precisa ser melhor avaliada, assim você solicita um ultra-som escrotal. Esse exame mostra um nódulo oval hipoecóico com 1 cm no pólo superior do testículo es- querdo (veja seta). Observa-se uma pequena hidrocele, acúmulo de líquido no escroto. P E R G U N T A S 1. Por que o auto-exame do testículo é importante? 2. Esta massa tem a aparência compatível com um seminoma, o tipo mais comum de tumor maligno testicular. Tumor testicular maligno geralmente se dissemina através dos linfáticos. Se lembrarmos que a drenagem linfática é seguida de drenagem venosa, onde se deve esperar encontrar linfonodos anormais se a doença desse paciente já se propagou? 3. Por que o ultra-som é considerado o meio mais seguro para obter imagens do escroto?
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