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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MULHER ........................................................... 4 2.1 Pré - Adolescência .............................................................................................. 8 2.2 Adolescência....................................................................................................... 8 2.3 Puberdade .......................................................................................................... 9 2.4 O ciclo menstrual .............................................................................................. 11 2.5 Climatério e menopausa ................................................................................... 12 2.6 Aparelho reprodutor feminino e suas funções .................................................. 14 3 ESTRUTURA ANATÔMICA ............................................................................... 16 3.1 Órgãos genitais internos ................................................................................... 17 3.2 Órgãos genitais externo .................................................................................... 20 4 CARACTERIZAÇÃO DA MAMA FEMININA ...................................................... 22 4.1 Principais distúrbios da mama feminina ............................................................ 24 5 SAÚDE DA MULHER ......................................................................................... 25 5.1 Doenças da vulva e vagina ............................................................................... 27 5.2 Doenças do útero .............................................................................................. 28 5.3 Doenças da cavidade pélvica ........................................................................... 28 5.4 Infecções sexualmente transmissíveis (IST) ..................................................... 29 5.5 Queixas urinárias .............................................................................................. 35 5.6 Distúrbios cancerosos (malignos) ..................................................................... 36 5.7 A importância das ações realizadas na saúde da mulher ................................. 37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 39 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MULHER Fonte: shre.ink/mDqf Do ponto de vista biológico, a mulher é um ser humano, produto da fertilização do óvulo pelo espermatozoide que possui cromossomos XX. A categoria "Mulher" inclui: a menina, a adolescente e a mulher adulta (D’ANGELO; J. G.; FATTINI, 2002; ABC DA SAÚDE 2018). Anatomicamente, uma mulher tem um sistema reprodutivo constituido pelos órgãos sexuais externos e internos (Quadro 1). Quadro 1 – Sistema reprodutivo da mulher Órgãos Externos Órgãos Internos ➢ Pequenos e grandes lábios; ➢ Monte púbico; ➢ Vestíbulo da vagina; ➢ Clitóris; ➢ Bulbo do vestíbulo; ➢ Glândulas vestibulares maiores. ➢ Ovários: responsáveis pela produção de hormônios femininos e óvulos; ➢ Trompas de Falópio: responsáveis pela condução dos óvulos e do embrião quando formado; ➢ Útero: responsável pela implantação do embrião; ➢ Vagina: canal que se estende da vulva até o colo do útero. Fonte: Adaptado de Santos (2018). 5 Algumas modificações funcionais e morfológicas específicas para cada idade e sexo, ocorrem geralmente na adolescência. O crescimento e o desenvolvimento humano são caracterizados por mudanças nos seus padrões, que relacionam-se com a faixa etária e acontecem pelas relações entre a individualidade biológica, as demandas culturais e o ambiente. Essas modificações e alterações afetam de maneira significativa a vida da pessoa, estruturando as formas do seu desempenho e suas condições de adptação ao mundo. Na puberdade, as alterações se destacam, pois delimitam respostas fisiológicas distintas antes e depois desta fase (ROMÃO, 2020). São inúmeras as transformações durante a puberadade ocorridas nas mulheres. Características sexuais desenvolvem e a principal evidência é a transformação das mamas. Diferentes transformações estão associadas à distribuição da gordura no tecido celular subcutâneo, que pode se acumular nas regiões abdominais, coxas e mamas. Quanto à pele, à medida que a mesma fica mais lisa; a acne poderá surgir, em relação aos cabelos, tornam-se mais viçosos e sedosos, aparecem pelos na região pubiana e nas axilas; e os quadris se expandem, preparando a pelve para o parto (SANTOS, 2018). Conforme Ré (2011), o processo do crescimento, maturação e desenvolvimento interfere decisivamente nas funções motoras, nas relações afetivas e sociais de crianças e jovens. As características principais desse processo em períodos específicos da infância e adolescência são: Do nascimento aos 3 anos de idade ➢ O potencial de futuras aquisições inicia sua estruturação desde o nascimento. A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desordenada e sem finalidade objetiva, todos os membros se movimentam de modo assimétrico. ➢ A curva neural mostra uma evolução (dimensional e funcional) extremamente veloz no início da vida, de modo que, por volta dos três anos de idade, o cerebro e as estruturas relacionadas já atingiram aproximadamente 70% do seu tamanho na idade adulta. 6 ➢ A alta taxa de evolução biológica permite uma rápida aquisição da capacidade de organização e controle de movimentos, especialmente quando acompanhada de experiências motoras adequadas. Dos 3 aos 5 anos de idade ➢ As habilidades motoras adquiridas na etapa anterior são refinadas, permitindo a execução de movimentos de complexidade crescente. A coordenação motora necessita ser desenvolvida de modo integrado com o processamento cognitivo. ➢ As curvas de crescimento em estatura e peso corporal mantêm-se relativamente está veis, com ganhos anuais médios de 7 cm e 2,5 kg respectivamente. O ritmo lento de crescimento é importante para a aquisição e a retenção de um amplo acervo motor. ➢ As forças mecânicas gravitacionais (impacto) e as contrações musculares inerentes à atividade física/esportiva fornecem para o sistema esquelético, com aumento da densidade mineral óssea, sem influenciar seu crescimento longitudinal. Dos 5 aos 10 anos de idade ➢ Grande evolução motora acontece, facilitando a aprendizagem de habilidades cada vez mais complexas. Existe relativamente um aumento constante de força, velocidade e resistência. ➢ De tal modo como nas fases anteriores, as diferenças no desempenho motor entre meninos e meninas é pequena ou inexistente. É desejável que, atéaproximadamente os 10 anos de idade, a criança tenha um amplo domínio das habilidades motoras fundamentais. Durante a puberdade ➢ O pico de crescimento em estatura, é um dos principais fenômenos acompanhado da maturação biológica (amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções musculares (metabólicas), além de importantes alterações na composição corporal. ➢ Nos meninos, o pico de crescimento em estatura acontece aproximadamente aos 14 anos de idade, com grandes variações individuais, sendo normal sua 7 ocorrência entre os 12 e os 16 anos. A cerca de seis meses após o pico de crescimento em estatura, ocorre o pico de ganho de massa muscular, diretamente associado à elevação do hormônio testosterona. Nas meninas, o pico de crescimento em estatura ocorre por volta dos 12 anos e apresenta consideráveis variações em relação à idade cronológica, podendo ocorrer entre os 10 e os 14 anos. A seguir veremos no quadro 2, como acontece a evolução da criança. Quadro 2- A evolução da criança Fonte: Adaptado de Santos (2018). Recentemente as pesquisas têm demonstrado que indivíduos na mesma faixa etária com estágios maturacionais diferentes alcançaram indicadores de crescimento e desempenho motor distintos, indicando que a maturação é uma ferramenta importante a ser utilizada em conjunto com indicadores de crescimento e de desempenho motor para fornecer intepretações mais adequadas dos jovens (PINTO et al., 2018). A idade óssea, a maturação somática e a maturação sexual são métodos comumente utilizados para avaliar o estágio maturacional de crianças e jovens. 8 2.1 Pré - Adolescência As características físicas na pré-adolescência se baseia na perda da aparência infantil da face, adquirindo traços que o caracterizarão como adulto; surgem os caracteres sexuais secundários nas meninas entre 10 e 12 anos, assim como as alterações físicas da puberdade, como o aumento de altura, peso, pelve e dos quadris, desenvolvimento das mamas, aumento da sudorese, surgimento dos pelos pubianos. As mudanças em seu padrão de comportamento: ➢ desenvolvimento motor: apresentam movimentos ativos, inquietos e energé- ticos; esforça-se para aperfeiçoar habilidades físicas; ➢ desenvolvimento cognitivo: gosta de raciocinar, quer medir desafios, gosta de ação para aprender, gosta de conversar e debater, consegue ser crítico em seus próprios trabalhos; ➢ desenvolvimento psicossocial: começam a trabalhar seus padrões sociais, participam de grupos, questionam sua independência, o interesse pela sexua- lidade tende a ser crescente. 2.2 Adolescência Entre 12 a 14 anos ocorre o ínicio da adolescência , os órgãos reprodutivos tornam-se ativos, inicia-se a menarca (primeira menstruação), sistema esquelético cresce mais rápido, aumentando as necessidades de cálcio e ferro. Mudanças em seu padrão de comportamento: ➢ desenvolvimento motor: alcança uma postura ruim, mais relaxada, cansa-se facilmente; ➢ desenvolvimento cognitivo: pode projetar o pensamento para o futuro, cria planos, e pensamentos imaginativos; ➢ desenvolvimento psicossocial: interesse pelo sexo oposto tende a ficar mais forte, tendência revoltar-se com a autoridade do adulto, retrabalha seus sentimentos sobre pai e mãe, pode apresentar uma afeição maior por alguém de fora da família, os grupos de amigos são extremamente mais importantes, começam a questionar os valores morais. 9 2.3 Puberdade A puberdade está diretamente associada ao início da vida adulta, sendo ocasionada pelo aumento gradativo da produção dos hormônios gonadotrópicos pela hipófise, que tem início aproximadamente com 8 anos e é finalizado no começo da puberdade. Já a menarca, que significa o primeiro ciclo menstrual, ocorre nas meninas frequentemente entre 11 e 16 anos (TORTORA; DERRICKSON, 2017). O sistema hormonal feminino é composto por três hierarquias de hormônios: ➢ um hormônio de liberação hipotalâmico, chamado de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). ➢ hormônios sexuais produzidos pela hipófise anterior — o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) —, ambos secretados em resposta ao GnRH do hipotálamo. ➢ hormônios ovarianos, estrógeno e progesterona, que são secretados pelos ovários em resposta aos dois hormônios da hipófise anterior (LH e FSH). A puberdade é o início da vida sexual adulta. Determina-se esse período por um aumento gradual da secreção de hormônios gonadotróficos pela hipófise inicia-se aproximadamente no oitavo ano de vida. Durante a infância, o hipotálamo não secreta quantidades significativas do GnRH. Uma das razões é que, nesse período, a menor secreção dos hormônios esteroides opera produzindo um forte efeito inibitório sobre a secreção hipotalâmica de GnRH (AIRES, 2015). No decorrer de cada mês do ciclo sexual feminino, tanto o FSH quanto o LH mostrar-se aumento e diminuição cíclicos. Esses hormônios estimulam as células-alvo ovarianas ao se ligarem a receptores específicos. Tais variações formam alterações ovarianas cíclicas. Os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos são o estrogênio e a progestina hormônios esteroides secretados especialmente a partir do colesterol. O hormônio mais importante dos estrogênios é o estradiol, sendo ele secretado em quantidades significativas pelos ovários e em pequena quantidade pelo córtex adrenal. Esse hormônio é secretado em grande quantidade pela placenta, durante o período gestacional. Também são encontrados outros dois tipos de estrogênios, a estrona e o estriol em quantidades significativas no plasma das mulheres. A secreção 10 de estrogênio apresenta níveis elevados na puberdade e variações cíclicas durante os ciclos sexuais mensais, com aumento adicional da secreção durante os primeiros anos da vida reprodutiva e, ao final desta, uma redução progressiva, culminando, ao mesmo tempo com a progesterona, em níveis quase indetectáveis após a menopausa. A progesterona é a progestina mais importante, contudo, uma pequena quantidade da 17-α-hidroxiprogesterona também é secretada, tendo essencialmente os mesmos efeitos. Na mulher não grávida, a progesterona é secretada em quantidades significativas na segunda metade do ciclo menstrual (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017; RAFF; LEVITZKY, 2012; SILVERTHORN, 2017). Puberdade precoce e tardia Nas meninas ocorrem antes dos 8 anos de idade, a puberdade precoce é o início da maturação sexual. Podendo ser classificada em dois tipos: ➢ dependente do GnRH (puberdade precoce central); ➢ independente do GnRH (efeitos periféricos do hormônio sexual). Geralmente, a puberdade precoce dependente de GnRH é mais comum e mais frequente em meninas. Nessa patologia, o eixo hipotálamo-hipofisário é ativado, resultando em aumento da maturação das gônadas, desenvolvimento das características sexuais secundárias e espermatogênese ou oogênese. Na puberdade precoce independente de GnRH, as características secundárias resultam de níveis circulantes elevados de andrógenos ou estrógenos, sem a ativação do eixo hipotalámo-hipófise (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). A puberdade tardia é definida como a ausência do início da maturação sexual na época esperada. A puberdade tardia nas meninas, deve-se à ausência do desenvolvimento das mamas até os 13 anos e à ausência de menstruação (amenorreia) até os 16 anos. Cita-se além desses fatores, tanto para o sexo feminino e masculino, um período de tempo superior a cinco anos entre o início e o fim do crescimento dos órgãos genitais. Existe vários distúrbios que estão relacionados à puberdade tardia, entre eles, doenças autoimunes, tumores que possam interferir no eixo hipotálamo-hipófise e diminuir ou interromper a secreção de gonadotrofinas, distúrbios testiculares e anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Turner em 11 meninas e Síndrome de Klinefelterem meninos (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). 2.4 O ciclo menstrual Os anos reprodutivos da mulher incluem alterações rítmicas mensais da secreção dos hormônios e alterações físicas correspondentes nos ovários, bem como em outros órgãos sexuais. Esse padrão rítmico recebe o nome de ciclo mensal feminino, ou ciclo menstrual. O ciclo tem, em média, duração de 28 dias, podendo ser curto (apenas 20 dias) ou longo (até 45 dias), sendo dividido em fase folicular e lútea (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). O primeiro dia menstrual corresponde ao primeiro dia do ciclo, quando inicia a fase folicular, com o crescimento e o desenvolvimento de um folículo dominante nos ovários. Na metade de cada ciclo sexual mensal, um só óvulo é expelido, a partir do folículo ovariano, para o interior da cavidade abdominal, próximo às extremidades fimbriadas abertas das tubas uterinas. De tal modo, no ciclo menstrual, geralmente existe, um único óvulo apenas que é liberado pelos ovários em cada mês, de modo que apenas um feto possa se desenvolver após a fecundação. Após a ovulação, o óvulo liberado segue seu trajeto ao longo das tubas uterinas direcionada ao útero. Caso seja fertilizado por um espermatozoide, ele irá se implantar na cavidade do endométrio, que já foi preparado durante a fase secretora, no qual ocorrerá o desenvolvimento de um embrião (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). Caso não ocorra a fecundação com o óvulo liberado, a menstruação, ou a descamação do endométrio, ocorre cerca de 14 dias após a ovulação, quando a maior parte do endométrio do útero se destaca da parede uterina, sendo então eliminada. Esse processo resulta da proteólise e isquemia (vasoconstrição endometrial com ruptura de capilares) da camada superficial. O aumento das contrações do miométrio auxilia a expulsão do endométrio degenerado (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). Acontecem todas essas alterações ovarianas durante o ciclo sexual, dependem totalmente dos hormônios gonadotrópicos FSH e LH secretados pela hipófise anterior. Na ausência destes, os ovários permanecem inativos. O LH é imprescindível para o crescimento folicular final e para a ovulação. Cerca de dois dias antes da ovulação, a 12 secreção de LH pela hipófise anterior aumenta acentuadamente, atingindo seu pico 16 h antes da ovulação. O FSH também aumenta de duas a três vezes nesta ocasião, e os dois hormônios agem de modo sinérgico para causar o elevado aumento do folículo durante os últimos dias antes da ovulação. Sem esse surto pré-ovulatório de LH, a ovulação não acontece. O aumento na secreção de LH leva à reorganização do folículo e à formação do corpo lúteo, uma glândula endócrina temporária que continua a produzir e a secretar autonomamente progesterona e estrógeno. O hormônio exerce um papel importante na regulação da duração do ciclo ovariano, na manutenção inicial da gestação e na suspensão da liberação de FSH e LH por meio da inibição de GnRH (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). A secreção de estrogênio um dia antes da ovulação começa a diminuir, enquanto começam a ser secretadas grandes quantidades de progesterona. Em caso de fertilização, o corpo lúteo continua a crescer e mantém funcional durante os primeiros dois a três meses da gestação. Posteriormente, ele regride gradativamente à medida que a placenta assume o papel de síntese hormonal para a manutenção da gestação. A secreção do hormônio progesterona continua elevada até o final da gestação. O processo de lise, ou regressão do corpo lúteo, marca o final do ciclo reprodutivo feminino, com declínio inicial da produção de progesterona. Corpo albicans é o nome da cicatriz desenvolvida no ovário após a involução do corpo lúteo. Essa fase é chamada de fase lútea (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). 2.5 Climatério e menopausa A Organização Mundial de Saúde (OMS) define climatério como uma das fases biológicas da mulher e não mais como um processo patológico. É a transição entre os períodos reprodutivos e não reprodutivos da mulher (BRASIL, 2008) Algumas mulheres passam por esse período sem sofrer alterações e nem sempre precisam de medicamentos para auxiliar nessa passagem; outras apresentam sintomas que podem ser variáveis conforme sua intensidade. Para ambos os casos, é aconselhável o acompanhamento médico, evitando os agravos à saúde da mulher. 13 O diagnóstico precoce visa à uma melhor promoção da saúde e o tratamento imediato dos sintomas, prevenindo danos futuros (BRASIL, 2008). Os ciclos sexuais femininos, passarão a ficar habitualmente irregulares, entre os 40 e 50 anos de idade, ou seja, a ovulação deixa de ocorrer durante muitos desses ciclos, período que é chamado de perimenopausa, o qual se inicia quando os primeiros sintomas da menopausa iminente começam a aparecer. Depois de alguns meses ou anos, os ciclos cessam por completo. Esse período em que os ciclos cessam e os hormônios sexuais femininos diminuem até quase zero é denominado menopausa. O termo significa, portanto, a cessação permanente da menstruação, resultante da perda da função ovariana. A causa da menopausa é a extinção dos ovários. Durante toda a vida reprodutiva da mulher, cerca de 400 dos folículos primordiais crescem, transformam-se em folículos maduros e ovulam, enquanto centenas de milhares degeneram. Em torno dos 45 anos de idade, restam apenas alguns folículos primordiais para serem estimulados por LH e FSH, além disso, a produção de estrogênios diminui assim que o número de folículos primordiais se aproxima do zero. Quando a produção de estrógenos cai abaixo de um valor crítico, esses hormônios não conseguem mais inibir a produção de LH e FSH, que passam a ser produzidos em quantidades grandes e contínuas. Conforme os folículos primordiais remanescentes ficam atrésicos, a produção de estrogênio pelos ovários cai praticamente para zero (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017). Em algumas mulheres, alguns sinais e sintomas são mais frequentes e considerados comuns ao período da menopausa, em razão da alteração hormonal que o organismo sofre; outras convivem normalmente com essa transformação, sem nenhum sintoma aparente, porém a alteração hormonal é evidente no acompanhamento dos exames. Veja alguns desses sinais e sintomas (ABC DA SAÚDE, 2018): ➢ Ondas de calor: também chamados de fogachos, são sensações intensas de calor, que acompanham rubor na face e no tronco. ➢ Alterações urogenitais: com a diminuição ou ausência do estrogênio, ocorre a atrofia do epitélio vaginal, podendo ocorrer discreto sangramento. Na vagina, ocorre seu estreitamento e encurtamento, com perda de elasticidade e diminuição da secreção vaginal natural. Nessa fase ocorre dispareunia, um 14 desconforto sentido durante a relação sexual, e pode ocorrer aumento de casos de vaginites por conta do aparecimento de uma flora inespecífica. Outro aspecto que pode ocorrer é a síndrome uretral, caracterizada pelo aumento da frequência e ardência ao urinar. ➢ Alterações de humor: as mudanças hormonais ocasionam variações na constituição química do cérebro, o que pode fazer surgir sintomas como ansiedade, fadiga, depressão, irritabilidade, perda de memória e insônia. ➢ Alteração na sexualidade: a libido fica reduzida, principalmente pelo fato de a vagina não manter uma lubrificação desejável e ocorrer dor durante o ato sexual. ➢ Aumento do risco cardiovascular: o hormônio estrogênio tem como uma das suas funções proteger o coração e os vasos sanguíneos de desenvolvimento de trombos; com a diminuição desse hormônio, aumenta a susceptibilidade de a mulher desenvolver um problema cardiovascular nessa fase. ➢ Osteoporose: a massa óssea se reduz nessa fase, tornando os ossos mais frágeis e, com isso, o risco de fratura aumenta. 2.6 Aparelho reprodutor feminino e suas funções Fonte: shre.ink/mDbFO sistema genital feminino envolve os órgãos da cavidade pélvica internos, os principais órgãos do aparelho reprodutor feminino envolvendo ovários, tubas uterinas, 15 útero e vagina, e externos, que correspondem a monte do púbis, lábios maiores e menores do pudendo, clitóris, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares maiores e glândulas de Skene (SARTORI, 2019). As funções principais do sistema reprodutor feminino são produzir ovócitos para a fertilização proporcionando as condições adequadas para a implantação do embrião, o desenvolvimento e o crescimento fetais e o nascimento. Ovários são as gônadas femininas. Eles são responsáveis pela produção dos ovócitos e dos hormônios estrógeno e progesterona. Os ovários constituem uma camada cortical externa que contém folículos de tamanhos diferentes e seus remanescentes, que permanecem sofrendo apoptose, envolvidos em tecido conectivo. As tubas uterinas estendem-se de ambos os ângulos superiores do útero, sendo subdivididas em um istmo, uma ampola e um infundíbulo, o qual se abre na cavidade abdominal e é circundado pelas fimbrias, que se ligam ao ovário. Os cílios do revestimento epitelial das tubas uterinas colaboram para a orientação da movimentação dos espermatozoides, auxiliando na fertilização e facilitando o movimento do zigoto (óvulo fertilizado) em direção à implantação para que ocorra o desenvolvimento fetal (HALL, 2017; TORTORA; DERRICKSON, 2017; RAFF; LEVITZKY, 2012; SILVERTHORN, 2017). 16 3 ESTRUTURA ANATÔMICA Fonte: shre.ink/mpau Vulva A vulva é responsável pela resposta motora pois possui inervações simpática e parassimpática além de inervação somática, também é responsável pela sensibilidade. A estimulação parassimpática causa a dilatação das arteríolas do tecido erétil genital e a constrição do retorno venoso, enquanto o estímulo simpático causa redução do fluxo arterial para os tecidos eréteis, fazendo com que seus tamanhos diminuam até aqueles que tinham antes da estimulação parassimpática (ZUGAIB, 2020). Hímen Trata-se de uma membrana de tecido conjuntivo que parcialmente recobre o óstio da vagina. Possui tamanho e forma variáveis, frequentemente sendo anular, possui uma única abertura e ocasionalmente pode apresentar diversas pequenas aberturas (cribriforme), ou, mais raramente, ser totalmente fechado (hímen imperfurado). Após o acontecimento da relação sexual, pequenos fragmentos apenas poderão ser visualizados (carúnculas himenais). Por se tratar de uma membrana de pequena espessura e vascularização reduzida, seu rompimento durante a cópula não é doloroso e não causa profusa hemorragia, como erroneamente é propagado. O 17 desconforto das mulheres às primeiras relações está mais relacionado à falta de relaxamento dos músculos e estruturas vizinhas do que à própria lesão himenal. 3.1 Órgãos genitais internos Ovários Mencionam-se a gônadas femininas com forma ovalada e de coloração cinzento -rósea, medindo cerca de 5 cm de comprimento, 2,5 cm de largura e 8 mm de espessura, situadas na cavidade peritoneal pélvica, à frente do ligamento largo do útero, em cavidades nomeadas fossas ováricas, e presas à porção superolateral do útero pelo ligamento útero-ovárico (BECKER et al., 2018). Os ovários agem no desenvolvimento das células germinativas femininas, denominadas óvulos, atuando como glândulas endócrinas na produção dos hormônios estrógeno e progesterona, responsáveis por controlar o desenvolvimento das propriedades sexuais femininas secundárias e agir sobre o útero nos mecanismos de implantação. O interior dos ovários é revestido por epitélio germinativo, apresentando a região do córtex, uma região periférica, na qual se encontram os folículos ováricos primários, e o estroma, a extensão central do ovário, além de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Além disso, a superfície do ovário continua lisa e brilhante até a fase da puberdade, ficando rugoso ao dar início a puberdade e as outras fases seguintes, em decorrência da expulsão dos ovócitos (BECKER et al., 2018). Tubas uterinas As duas tubas uterinas ou trompas de falópio comosão conhecidas, possuem um óstio externo (óstio abdominal), que se abre na cavidade abdominal e é responsável pela captação do oócito; e um interno (óstio uterino), que se comunica com a cavidade uterina. Dividem-se em quatro porções: ➢ intramural ou intersticial, ➢ ístmica, ➢ ampular e ➢ infundibular, na qual se encontram as fímbrias. 18 Elas possuem de 10 a 12 cm de comprimento e livre mobilidade anatômica, se afixam ao ligamento largo do útero por meio de uma prega peritoneal que envolve toda a tuba denominada mesossalpinge. Entre as lâminas da mesossalpinge, encontram-se artérias, veias, nervos e vasos linfáticos tubários. A parede tubária é composta por três camadas (túnicas): mucosa (mais interna), muscular e serosa. A túnica mucosa é formada por epitélio colunar simples, com células ciliadas e secretoras; a muscular, por fibras musculares lisas com disposição helicoidal, cuja função principal é facilitar a captação do oócito e o transporte do zigoto até a cavidade uterina; e a serosa tem função de revestimento e proteção. A fecundação acontece normalmente na região dilatada da tuba uterina, nomeada ampola, contexto no qual é formado o zigoto, que se desloca pela tuba uterina durante cerca de 3 dias, até encontrar o útero. Logo que o zigoto percorre, a tuba uterina segmenta-se, formando-se a mórula, que avança em direção ao útero, região em que forma o blastocisto; normalmente no 8º dia posterior à fecundação, implanta-se a mucosa uterina. Útero O útero é um órgão muscular oco, possui tamanho e formato bem característico à uma pequena pêra, localiza-se na pelve menor, entre o reto e a bexiga, sendo fixado na cavidade pélvica através do ligamento largo do útero, do ligamento redondo do útero, do ligamento útero-sacral e dos ligamentos cardinais. Uma das funções do útero refere-se a fixar a implantação e o desenvolvimento do embrião, além de colaborar para o mecanismo do nascimento pela contração de suas paredes, causando a expulsão do feto (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). É composto por três regiões: ➢ o fundo do útero: área situada sobre a implantação das tubas uterinas, que apresenta os óstios uterinos da tuba; ➢ o corpo do útero: área com o maior volume; e o ➢ colo: também denominado cérvice do útero, uma área abaixo e estreita. O colo do útero pode ser dividido em duas partes, a porção supravaginal - localizada acima da vagina e a porção vaginal a área do colo uterino que se projeta para 19 o interior da vagina e apresenta o óstio do útero, que realiza comunicação com a vagina. A seguir na figura 1, veremos a composição do útero. Figura 1 – Útero Fonte: shre.ink/mDcQ A cavidade uterina ao nível do corpo do útero possui o aspecto de uma fenda triangular de base superior, que por volta do final do 1º trimestre de gestação se dilata. No colo, a cavidade uterina é fusiforme, menor e é chamada de canal cervical, que não sofre dilatação até o momento do parto. Afinal, a cavidade uterina ainda está sujeita a transformações cíclicas relacionadas à menstruação. A parede uterina é formada por três camadas distintas (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). ➢ Perimétrio: É a camada definida por ser delgada, formada por uma membrana serosa, que reveste a parte externa do útero e auxilia no desenvolvimento dos ligamentos que contribuem na manutenção do útero em sua posição. ➢ Miométrio: É a camada definida por ser espessa, na qual se encontram as fibras elásticas, colágenas e musculares, formando um sistema de espirais cruzadas. ➢ Endométrio: É considerado como a membrana mucosa que reveste a cavidade do útero. Perante a ação do estrógeno e da progesterona, que são 20 hormônios ovarianos, o endométriosofre transformações associadas ao ciclo menstrual. 3.2 Órgãos genitais externo São constituídos por monte do púbis, lábios maiores e menores do pudendo, clitóris, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares maiores e de glândulas de Skene (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Monte púbico O monte púbico (monte de Vênus) é uma elevação mediana anterior à sínfise púbica é composta principalmente por tecido adiposo. Depois do amadurecimento puberal, acontece o crescimento de pelos espessos com distribuição característica. A demarcação externa do pudendo feminino é determinada pelo monte do púbis, que se diferencia pelo seu volume e proeminência, decorrente do tecido adiposo subjacente à pele anterior à sínfise púbica, e pelos lábios maiores, contornam e cobrem moderadamente os lábios menores, além de serem cobertos pelo tecido adiposo subjacente, apesar das regiões mais internas apresentarem menos pelos (ZUGAIB, 2020). Grandes e pequenos lábios São duas pregas cutâneas alongadas que delimitam entre si uma fenda, a rima do pudendo. Os lábios menores são definidos por serem duas pregas pequenas de pele, que não têm pêlos. Vagina É um tubo musculomembranoso, medindo de 7 a 8 cm de comprimento, que se estende do colo do útero até o óstio vaginal, sendo aberto no vestíbulo, área localizada entre os lábios menores do pudendo. A vagina é o órgão copulador da mulher, sendo a via de eliminação do sangue da menstruação e das secreções do útero e da passagem do feto durante o parto. Esse órgão é localizado na cavidade pélvica, na área inferior ao útero, à frente da uretra, antes do reto e do canal anal, e fazendo parte da espessura das estruturas no períneo. Possui uma parede média formada por fibras 21 musculares lisas e uma membrana mucosa com pregas transversais, recebem o nome de rugas vaginais. A parede precedente da vagina é mais curta que a posterior, porém as paredes estão juntas constituindo uma cavidade que se dilata somente no momento do parto ou durante o ato sexual. Na mucosa vaginal, existem glândulas produtoras de muco e células que, quando estão sob ação de estrógeno, produzem glicogênio e partículas de gorduras, usadas pelos lactobacilos da flora vaginal (bacilos de Doderlein), acarretando na produção de ácido láctico, que concede à vagina pH ácido (COUTINHO; COSTA; SILVA, 2018). O óstio da vagina é o orifício responsável pela comunicação da vagina com o meio externo, localizado no períneo, depois do óstio externo da uretra e antes do orifício anal (COUTINHO; COSTA; SILVA, 2018). Vestíbulo da vagina É uma fenda longitudinal delimitada pelos pequenos lábios. O óstio uretral externo pode ser visualizado na parte superior do vestibulo da vagina; abaixo do óstio da vagina; e, lateralmente, os orifícios dos ductos das glândulas vestibulares (glândulas de Bartholin). Essas glândulas são responsáveis pela lubrificação vaginal durante a excitação sexual. Para fins obstétricos, ou seja, para ampliar o canal de parto, é feita uma incisão cirúrgica do óstio da vagina até o períneo (perineotomia) ou mediolateralmente ao períneo (episiotomia mediolateral) se houver risco de ruptura perineal. Clitóris É uma saliência pequena de formato arredondado nos pequenos lábios, possui aproximadamente 2cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro, com uma parte exposta (glande) e uma parte não exposta ( corpo cavernoso).Este último se insere na parte posterior do arco púbico (ramos do clitóris). Ele possui um tecido erétil, semelhante aos corpos cavernosos no homem, localizado antes dos lábios menores do pudendo; e o bulbo do vestíbulo são duas massas pequenas, compostas por tecido erétil, situadas ao lado do orifício da vagina (TORTORA; DERRICKSON, 2017). 22 4 CARACTERIZAÇÃO DA MAMA FEMININA Fonte: shre.ink/mD5e As mamas femininas localizam-se na parte anterior do tórax, antes dos músculos peitorais e da fáscia profunda, e são separadas pelo espaço retromamário. Elas possuem uma estrutura dinâmica que se modifica conforme a idade da mulher. Ao nascer, estão presentes apenas os ductos lactíferos principais. O volume e a elasticidade do tecido conectivo ao redor dos ductos acrescentam, bem como a vascularização e a deposição de gordura. A ação combinada dos hormônios (estrogênio e progesterona) estabelece o desenvolvimento completo da mama e a pigmentação da aréola. As mamas femininas são formadas por lóbulos (glândulas produtoras de leite), por ductos (pequenos tubos responsáveis por transportar o leite dos lóbulos ao mamilo) e por estroma (tecido glandular epitelial, tecido adiposo e tecido fibroso) que envolvem os ductos e lóbulos, além de vasos sanguíneos e vasos linfáticos. Outras estruturas presentes são ligamento suspensores, lobos, seios e canais lactíferos, glândula areolar, papila mamária e aréola (MENKE, 2007). O tecido glandular epitelial é composto por 12 a 20 lobos, cada um drenado por um canal lactífero. Os canais lactíferos conduzem-se para a base da papila, porém antes apresentam dilatação, o seio lactífero. Cada lobo é constituído por um conjunto de alvéolos. Os alvéolos mamários podem ser considerados as unidades mais importantes da estrutura mamária, devido à responsabilidade pela síntese do leite. O 23 tecido adiposo cobre completamente a glândula e podendo ser descrito em duas partes: a primeira está situada superficialmente entre a glândula e a pele e a segunda entre a base da glândula e a aponeurose do peitoral. O tecido adiposo promove o deslizamento da mama sobre o músculo e determina a forma e a consistência da mama. O tecido conectivo fibroso distende-se desde a bolsa retromamária até a derme, por entre os lóbulos e canais lactíferos. Ele ampara na sustentação dos lóbulos. Na Figura 2, veremos as estruturas principais que compõem a mama. Os mamilos também possuem formas específicas e podem ser classificados em: ➢ protruso (saliente, bem delimitado), ➢ semiprotruso (pouco saliente e sem delimitação precisa), ➢ invertido e pseudoinvertido. Figura 2 – As principais estruturas da mama feminina Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com 24 4.1 Principais distúrbios da mama feminina As queixas mamárias principais relatadas nas consultas nos serviços de saúde são: dor, nódulos e derrames papilares. Além disso, pode-se observar anormalidades do desenvolvimento mamário, processos inflamatórios agudos ou crônicos, saída de secreção purulenta e modificações de pele e mamilo. Os distúrbios das mamas são classificados em não cancerosos (benignos) e cancerosos (malignos). Dentre os distúrbios conhecidos não cancerosos (benignos), podemos citar os seguintes: ➢ Mastalgia (dor nas mamas): podendo ocorrer antes ou no decorrer do período menstrual, sendo causada por alterações hormonais. Pode, ainda, ser uni ou bilateral, focal ou difusa, constante ou intermitente. ➢ Cisto mamário: lesão de formato esférico, preenchida por líquido situado no interior da mama, e não costuma evoluir para câncer. São três os tipos existentes de cistos: oleoso, hemático ou sérico, que variam de acordo com o tipo de líquido que apresentam internamente. ➢ Doença fibrocística das mamas: considera-se um distúrbio comum, acontece dor mamária, cistos e nódulos benignos simultaneamente. ➢ Fibroadenomas mamários: são nódulos sólidos que acontecem em mulheres jovens (adolescência até os 30 anos de idade). Possui bordas definidas que podem ser palpadas durante o autoexame. ➢ Secreções através dos mamilos: existe diversas causas para a ocorrência da saída de líquido pelos mamilos. A galactorreia é a saída de leite que pode estar relacionada ao uso de medicamentos, alterações hormonais, trauma da parede torácica, entre outros. As cores das secreções menos perigosas são brancas ou verdes e as incolores e sanguinolentas são as mais perigosas. ➢ Mastite:são infecções mamárias que podem geralmente surgir, no período pós-parto e no decorrer da amamentação. A mama infectada torna-se hiperemiada, edemaciada, sensível e quente. A infecção puerperal tem como principal agente etiológico o Staphylococcus aureus e costuma estar associada à formação de abscessos. ➢ Abscesso mamário: acúmulo de pus na mama, que geralmente é proveniente de uma mastite não tratada. 25 5 SAÚDE DA MULHER Fonte: shre.ink/mD5w A saúde da mulher é um tema abrangente, que engloba todas as fases de sua vida, desde a infância até a senilidade. A área da saúde que dá assistência à mulher não gestante é denominada Ginecologia (CRUZ, 2014). Muitas vezes, a falta de informação ou informações inadequadas colaboram para que esse assunto tenha uma repercussão inesperada, assim como a falta de informação tende a agravar o tratamento das afecções ginecológicas que surgem nas diversas idades das mulheres. Muitas dessas afecções são consideradas normais para o período de vida em que a mulher se encontra; outras, porém, requerem cuidado e atenção maior, evitando o agravo dessas afecções. As afecções ginecológicas mais frequentes serão apresentadas a seguir, em detalhes. Síndrome da tensão pré-menstrual -TPM A tensão pré-menstrual (TPM) é um período que ocorre nas mulheres, que precede a menstruação. Podendo ser desencadeada pela retenção de líquido e principalmente por alterações hormonais características dessa fase (SANTOS, 2018). Os sintomas são: ➢ irritabilidade, ➢ alterações de humor e labilidade emocional; 26 ➢ pode vir acompanhada de cólicas abdominais, caracterizada por cólicas menstruais. Displasia mamária A displasia mamária caracteriza-se pelo aparecimento de pequenos nódulos ou cistos na mama. Os sintomas são dor nas mamas, especialmente à palpação; pode surgir secreção ao ser avaliado, embora alguns sejam indolores (SANTOS, 2018). Podem ser detectados através de ultrassonografia ou mamografia, principalmente ao autoexame das mamas e biópsia. Como realizar o autoexame das mamas ( figura 3): o autoexame da mama é realizado em três passos: ➢ 1º passo – inspeção em frente ao espelho: retire toda a roupa (blusa e peça íntima) e em frente ao espelho posicione-se. Os braços devem ficar caídos ao longo do corpo, verifique se há presença de algum nódulo visível em uma das mamas; também observe assimetria de ambas as mamas. Posteriormente, eleve os braços mantendo-os erguidos e, depois, cruze-os atrás da cabeça, na altura no pescoço, observando sempre se há alterações visíveis nas mamas. Por último, posicione os braços na altura da cintura, pressione com leveza a região com as mãos observando se existe alguma alteração nas mamas. Deve-se prestar muita atenção, em relação sempre ao tamanho, a cor, se há presença de inchaço, as saliências e os nódulos visíveis. ➢ 2º passo – palpação de pé: Essa palpação deverá ser empregada na hora do banho, embaixo do chuveiro, com as mãos ensaboadas, facilitando o deslizamento dos dedos e mãos. Primeiramente, levante um dos braços, colocando a mão atrás da cabeça. Apalpe a mama com a outra mão, utilizando movimentos de deslizamento dos dedos ao redor da mama e, em seguida, ao redor do mamilo. Realize movimentos circulares e de cima para baixo, pressionando levemente o mamilo e observando se há saída de líquido ou secreção. Repita com a outra mama. Observe se há nódulos, cistos ou caroços, e se sente dor à palpação. ➢ 3º passo – palpação deitada: posicione-se deitada e coloque um dos braços na altura da nuca. Insira um travesseiro debaixo desse ombro, para acomodar- 27 se melhor, e com a outra mão palpe a mama. Repita o mesmo movimento do 2º passo e todo o procedimento com a outra mama. Observendo sempre se há presença de nódulos, cistos ou caroços (SANTOS, 2018). Figura 3 – Autoexame das Mamas Fonte: shre.ink/mDdm 5.1 Doenças da vulva e vagina Geralmente são doenças comuns, que acometem a mulher em qualquer idade, com alto índice de consultas ao ginecologista. Essas doenças são classificadas segundo sua localização e são detectadas pelo exame físico e anamnese, e exames complementares. As principais doenças da vulva e vagina são (CRUZ, 2014): ➢ Vulvovaginites: É um processo inflamatório que ocorre a vulva e a vagina (vulvite); é associada à vaginite, daí a relação vulvovaginite. As mulheres apresentam dor local, prurido, hiperemia, edema e aumento das glândulas de Bartholin. ➢ Cistos benignos: são provenientes da obstrução nos canais das glândulas acessórias, especificamente as glândulas de Bartholin, classificadas como bartolinite – processo infeccioso agudo, com formação de abscesso. O tratamento é feito geralmente através de drenagem do abscesso. 28 ➢ Leucorreia: É a doença mais comum, é uma infecção do canal vaginal, conhecida também como “corrimento”. Pode estar acompanhada de prurido, eritema, queimação e edema, que causa desconforto ao urinar. 5.2 Doenças do útero O útero é um órgão indispensável para a reprodução humana e susceptível a algumas doenças, como infecções e inflamações. A seguir no quadro 3, aprenderemos sobre determinadas afeccções. Quadro 3 – Algumas afecções que acometem as mulheres Cervicite: inflamação aguda ou crônica, localizada no colo do útero. Normalmente ocorre edema e hiperemia. Há corrimento espesso, podendo ou não haver presença de sangue. É causado por distúrbios hormonais ou processo infecciosos. O exame de Papanicolau deve ser realizado para descartar a possibilidade de um carcinoma. Mioma: tumor benigno que tem origem no tecido muscular uterino, de tamanho e peso variável. Classifica-se conforme sua localização: - intramural: dentro da musculatura do miométrio - subseroso: sob o perimétrio; - submucoso: embaixo do endométrio, já se projetando para a cavidade uterina. Adenomiose: cólicas frequentes no período menstrual e menstruações irregulares. Semelhante à endometriose, desenvolve-se fora do local originário, provocando crescimento anormal do endométrio. Retocele: processo que ocorre quando há o relaxamento dos ligamentos e dos músculos perineais que firma o útero. Esse músculo desce e o reto pode aumentar de tamanho, empurrando a parede posterior da vagina para a frente, e com o esforço, exterioriza-se na vulva. O tratamento é cirúrgico. Cistocele: é a descida da bexiga direcionada ao introito vaginal. Os sintomas são sensação de pressão pélvica, acompanhada de incontinência urinaria. Nesse caso, o tratamento é cirúrgico, realizando a correção dos tecidos de sustentação e fixação correta do útero. Fonte: Adaptado de Cruz (2014). 5.3 Doenças da cavidade pélvica Os órgãos que fazem parte da pelve: endométrio, tubas uterinas, ovários, útero e colo do útero, vulva e vagina, ou seja, todos os órgãos situados na parte baixa 29 do abdômen. Qualquer tipo de doença nessa região costuma causar muita dor e desconforto. As principais doenças da cavidade pélvica são (CRUZ, 2014): ➢ Cistos ovarianos: são tumores benignos cheios com conteúdo líquido, semilíquido ou pastoso. Podem estar diretamente ligados a alterações hormonais. O tratamento pode ser cirúrgico, com a retirada apenas do cisto, ou, em situações mais graves, necessita ser realizado a ooforectomia. Casos mais simples são tratados com hormônios. ➢ Anexite: É uma inflamação que acontece nos órgãos anexos femininos, nas trompas e nos ovários. À inflamação dos ovários chama-se ooforite; já nas trompas nomeia-se salpingite. Os sintomas são dor embaixo do ventre, hipertermia, sudorese e vômitos. ➢ Doença inflamatória pélvica (DIP): É uma inflamação que acontece nos genitais internos, que pode ser endometrite, salpingite, ooforite ou pelviperitonite. Em casos agudos geralmente, ocorre forte dor pélvica e o útero se torna doloroso à palpação e ao exame de toque. Na endometrite,pode existir presença de secreção purulenta e odor fétido. Qualquer um dos quadros pode evoluir para peritonite e os sintomas são náuseas, vômitos, febre alta e alteração no hemograma; a dor também se torna mais intensa e constante. ➢ Endometriose: caracterizada pelo crescimento do endométrio – mucosa que envolve a parede interna do útero, fora de seu habitat normal, podendo ser achado na pelve, ovários, trompas, bexiga ou intestino. As causas não são totalmente conhecidas; podem surgir na menarca, mas são geralmente descobertas entre 25 e 30 anos e com risco maior em quem já tem casos na família. Causa fortes cólicas no período menstrual e menstruações irregulares. O tratamento é clínico para os casos mais leves, feito à base de hormônios; em alguns casos a cirurgia é indicada e o endométrio é retirado dos órgãos comprometidos. 5.4 Infecções sexualmente transmissíveis (IST) São causadas por vírus, bactérias e microrganismos, sendo transmitidas em especial pelo contato sexual (oral, vaginal ou anal) sem a utilização devida de preservativo masculino ou feminino, através de pessoa já infectada pela doença. 30 Outra forma de transmissão da IST é de mãe para filho no período gestacional, no parto ou até mesmo na amamentação. O tratamento das IST apresenta uma boa evolução relacionado à qualidade de vida da pessoa infectada e interrompe a cadeia de transmissão das infecções (SANTOS, 2018). Esses tratamentos, gratuitamente são fornecidos pelo governo na rede pública de atendimento. Alguns fatores levam ao aumento das IST: ➢ troca elevada de parceiros – promiscuidade; ➢ falta de informação; ➢ falta de programas educativos nas escolas; ➢ higiene precária. Destacamos a seguir as principais IST Sífilis É uma doença infecciosa, causada pelo Treponema pallidum, transmitida por via sexual ou por sangue contaminado pela via placentária (de mãe para o filho) (CRUZ, 2014). Os tipos de Sífilis são: ➢ Sífilis primária: seu surgimento se dá, entre o terceiro e o quarto dia após o contágio (relação sexual). Caracteriza-se por uma lesão indolor nos genitais, podendo desaparecer após dez dias, e passar despercebida, principalmente se as lesões aparecerem na região do reto ou no colo do útero. Dessa maneira, a bactéria torna-se inativa mesmo sem tratamento. ➢ Sífilis secundária: ocorre entre a segunda e oitava semana depois as primeiras feridas se formarem, quando não tratadas na fase primária. Caracteriza-se por lesões generalizadas, na forma de manchas eritematosas e pápulas de coloração acastanhada. No início são lisas e, depois, em descamação, alopecia e condiloma plano. Encontram-se principalmente na região palmo-plantar. As lesões podem vir acompanhadas de adenopatia generalizada, dor articular, febrícula, cefaleia e cansaço, e gânglios na região de axilas e pescoço. Nessa etapa, também tende a ficar inativa mesmo com tratamento (CRUZ, 2014). 31 ➢ Sífilis latente: é um período de estágio inativo, sem sintomas. Dura muito tempo, podendo desenvolver-se futuramente, já na fase terciária, que é mais perigosa. ➢ Sífilis terciária: os sinais e sintomas aparecem entre 3 a 12 anos após o início da infecção. Caracteriza-se por lesões na pele, tipo tubérculos ou goma, e pode risma aórtico, e articular como artropatia de Charcot. O diagnóstico é feito pelo exame de pesquisa de Treponema pallidum na lesão, e exames de sorologia para VDRL (exame de sangue utilizado rotineiramente no diagnóstico da sífilis) e FTA-ABS (exame de método confirmatório para o diagnóstico da sífilis). O VDRL é um exame quantitativo; já o FTA-ABS é um exame treponêmico, específico, quantitativo, preparado com proteínas especificas para o Treponema pallidum. Exames de cultura bacteriana também devem ser realizados nas lesões que apresentam secreções, e para os casos de suspeita de complicações neurológicas, a punção lombar deve ser realizada para coleta de líquor. Tratamento: à base de antibioticoterapia, com penicilina benzatina. ➢ Sífilis congênita A sífilis congênita ocorre na gestante, quando o Treponemapallidum atravessa a barreira placentária após o 4º mês de gestação. Por isso, o diagnóstico precoce deve ser feito para evitar a contaminação do feto. (CRUZ, 2014). A sífilis congênita pode ser precoce, quando as lesões já estão presentes, ou manifestar-se tardiamente, com os seguintes sinais: coriza, choro rouco, lesões na pele, os ossos longos e as articulações podem ser afetados. O diagnóstico deve ser precoce para que o tratamento se inicie rapidamente. A penicilina é o medicamento mais usado para o tratamento em qualquer fase da doença. Gonorreia A gonorreia é uma infecção bacteriana, altamente contagiosa, denominada Neisseriagonorrhoeae, também conhecida como gonococo. Qualquer indivíduo que tenha prática sexual pode contrair a gonorreia. Essa infecção pode ser transmitida por contato oral, vaginal ou anal. 32 É encontrada na uretra, no canal cervical, no reto, na vagina e na vulva. Em ambos os sexos, podem surgir nas amígdalas e na faringe (CRUZ, 2014). As mulheres podem ser assintomáticas, o que retarda o tratamento, contudo pode aparecer corrimento vaginal ou uretral purulento, com ulcerações e uretrite. Nos recém-nascidos, a manifestação é a forma oftalmia neonatal; aparecem entre o 2º e 5º dia pós-parto. A prevenção é feita com nitrato de prata a 2%, denominado credeização, após o nascimento. Herpes genital São lesões vesiculares encontradas nas regiões genital ou na cavidade oral. É transmitida pelo vírus da herpes simples (HSV), que acomete pele e mucosas. A herpes genital se apresenta de duas formas: Herpes simples tipo 1 (HSV-1): é o tipo mais comum, o primeiro contato com o vírus geralmente é na infância. Está associada a lesões dos lábios e interior da boca, na forma de pequenas lesões e aftas, e na face, mais comumente nos olhos, na conjuntiva e na córnea; em determinados casos pode ocorrer infecção nas meníngeas, causando meningoencefalite. É transmitida através da saliva infectada; a maioria contrai a herpes quando ainda crianças, através de beijos. Herpes simples tipo 2 (HSV-2): É considerada também um tipo comum, é transmitida pelo ato sexual. Ocorre o aparecimento de lesões vesiculares nas regiões genital, perineal e perianal, acompanhadas de edema e eritema. Pode também permanecer no período de latência, sem apresentar qualquer sintoma. A infecção cruzada por intermédio de dois tipos de herpes pode acontecer se houver contato orogenital. Causas: contato sexual sem uso de preservativo; contato direto com pele infectada com lesões visíveis ou não; contato com saliva ou fluidos vaginais de pessoa já infectada. (SANTOS, 2018). Infecção por Papiloma vírus humano (HPV) O HPV é um vírus que possui mais de 150 genótipos diferentes, sendo 12 deles considerados oncogênicos, conforme a Agência Internacional para Pesquisa sobre 33 Câncer (IARC), e associados a neoplasias malignas do trato genital, enquanto os demais subtipos virais estão relacionados a verrugas genitais e cutâneas (ROSSO, 2017). Os tipos virais oncogênicos mais comuns são: HPV 16 e HPV 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero; HPV 6 e HPV 11, associados a 90% das lesões verrucosas ano genitais.(ROSSO, 2017). Transmissão: a via sexual, é a forma mais comum de transmissão, não descartando a forma vertical (mãe para filho). O vírus pode permanecer em estado latente por muitos anos. Sintomas: a maioria das infecções é assintomática ou inaparente. Apresentam-se sob a forma de lesões tipo condiloma acuminado, verrugas genitais ou crista de galo (ROSSO, 2017). Tratamento: eletrocauterização ou criocauterização das lesões, associado ao uso de cremes e pomadas locais. O tratamento consiste em aliviar os sintomas de forma mais rápida. Vacina:o Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente contra HPV, que confere proteção contra HPV de baixo risco (HPV 6 e 11) e de alto risco (HPV 16 e 18). Tem maior evidência de proteção e indicação para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus (ROSSO, 2017). População-alvo: a vacina quadrivalente é recomendada para meninos e meninas entre 9 e 26 anos de idade, enquanto a bivalente é indicada para meninas e mulheres a partir de 10 anos de idade. A resposta imunológica é melhor quando aplicada até os 15 anos de idade. Modo de administração: exclusivamente por via intramuscular, na região do deltoide esquerdo, na parte superior do braço ou na região anterolateral superior da coxa. Contra-indicação: adolescentes com hipersensibilidade ao princípio ativo ou qualquer componente da fórmula e gestantes. Caso a menina engravide após o início do esquema vacinal, as doses subsequentes deverão ser adiadas para o período pós- parto. Reações adversas: podem ocorrer dor no local da aplicação, edema, eritema, cefaleia e febre. 34 Gardnerella vaginalis Gardnerella vaginalis é uma bactéria comum que reside na flora vaginal de mulheres em fase reprodutiva. Normalmente se encontra em baixas concentrações, estabelecendo o equilíbrio com o organismo. Situações como estresse, infecções, lavagem vaginal frequente que pode alterar a flora , gravidez ou uso de DIU podem sofrer alteração nessa concentração, causando vaginose bacteriana ou vaginite Gardnerella (SANTOS, 2018). Transmissão: não existe uma causa específica para o surgimento da infecção. No entanto, o maior índice ocorre principalmente pelo ato sexual e pela troca de parceiros sem proteção. Pode ocorrer em mulheres que ainda não tiveram relações sexuais; quando isso ocorre, ela não é considerada uma IST e, sim, uma infecção do trato vaginal. Sintomas: corrimento amarelado, fétido, prurido, sensação de queimação e mucosa vaginal hiperemiada. Os sintomas tendem a piorar após relações sexuais e períodos menstruais. Estando a mulher infectada e ainda mantendo relações sexuais, pode surgir no homem inchaço e vermelhidão na glande, dor ao urinar ou prurido no pênis. Diagnóstico: é realizado através da história da cliente, exame físico e exames laboratoriais. Tratamento: deve ser local, com óvulos ou cremes vaginais à base de imidazólicos, com duração de até 10 dias. Geralmente, o parceiro também deve ser tratado. Antibióticos também devem ser inseridos no tratamento (SANTOS, 2018). Candidíase É uma infecção fúngica comum, causada pelo fungo Cândida albicans, que pode acometer outros órgãos além dos genitais femininos, como: órgãos genitais masculinos, pele, unha, garganta, boca e corrente sanguínea.ans, que pode acometer outros órgãos além dos genitais femininos, como: órgãos genitais masculinos, pele, unha, garganta, boca e corrente sanguínea (SANTOS, 2018). Transmissão: a forma de transmissão mais comum ocorre pelo ato sexual ou por autoinoculação do reto. 35 Sintomas: irritação e prurido nos lábios e vulva; hiperemia e corrimento; pode ocorrer odor vaginal. Seus tipos estão relacionados com a área em que surge a lesão, podendo ser: candidíase vaginal: forma mais comum do fungo, que acomete as mulheres com sistema imunológico baixo ou flora vaginal desequilibrada; candidíase peniana – balanopostite: não é muito comum, mas pode ocorrer quando há vulnerabilidade no organismo masculino, diabetes e higiene precária; candidíase oral: geralmente acomete crianças e idosos, e pacientes que fazem tratamentos que comprometam o sistema imunológico. Tratamento: consiste geralmente na utilização de cremes e pomadas antifúngicas, medicamentos orais e antimicótico local (SANTOS, 2018). Tricomoníase É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que acontece mais especificamente no trato vaginal inferior feminino. Geralmente é assintomático, podendo causar uretrite, vaginite e cistite. A transmissão é realizada por ato sexual com a pessoa já infectada, ou de forma acidental, com período de incubação variável de 5 a 28 dias (SANTOS, 2018). Os sintomas são: corrimento vaginal abundante, com alteração de coloração; odor fétido; hiperemia vaginal; prurido; dor e ardor ao urinar; dor durante a relação sexual; em alguns casos, apresenta erosões vulvares, no período menstrual podem se tornar mais intensos. O tratamento é feito à base de metronidazol em doses elevadas, tanto oral como local, lembrando que o parceiro sexual também deve ser tratado (SANTOS, 2018). 5.5 Queixas urinárias Quando a mulher se queixar de perda urinária, deve-se verificar o início dos sintomas, frequência dessas perdas, a gravidade, o hábito intestinal e os sintomas associados, como urgência miccional, frequência urinária, nictúria, esvaziamento incompleto, disúria, hematúria, infecção do trato urinário e prolapso uterino. Essas queixas urinárias podem estar relacionadas a processos inflamatórios/infecciosos, 36 efeitos colaterais de medicamentos, constipação intestinal, fraqueza de alguns músculos pélvicos ou complicações operatórias (BRASIL, 2016). Quando a mulher apresenta queixas de alterações urinárias, devem ser investigados sintomas de infecção do trato urinário, como disúria, dor suprapúbica, urgência miccional, aumento da frequência urinária, nictúria ou hematúria, além de avaliar a presença de leucorreia ou irritação vaginal (BRASIL, 2016). 5.6 Distúrbios cancerosos (malignos) Considera-se que o câncer de mama possui maior incidência no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de novos casos estimados em 2020, representando 24,5% dos novos casos por câncer de mama em mulheres (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 2020). Estima-se que no Brasil, ocorrerão mais de 66 mil novos casos da doença em 2022 (INCA, 2022), sendo o câncer de mama a primeira causa de morte por câncer dentre as mulheres brasileiras, com tendência de crescimento nas taxas de mortalidade após os 40 anos (INCA, 2019). O câncer de mama pode ser definido como uma multiplicação desordenada das células, alguns com desenvolvimento rápido, outros com crescimento lento. A maioria dos casos, quando diagnosticados com brevidade e com tratamento adequado, apresenta bom prognóstico. Há várias causas, dentre elas: idade acima dos 40 anos, história familiar, fatores genéticos, e fatores ambientais e comportamentais (obesidade, consumo de álcool e fumo). Pode ser percebido por alguns sinais e sintomas: nódulo (caroço), identificado na palpação das mamas; pele avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo; pequenos nódulos nas axilas e no pescoço; saída espontânea de líquido pelos mamilos. Exames como o autoexame das mamas (palpação) e exames de imagem como ecografia mamária e mamografia são realizados para detecção de nódulos, mas a confirmação do diagnóstico só é realizada através de biópsia. Diante da confirmação do câncer de mama, realiza-se seu estadiamento para planejamento do tratamento, previsão de resultados e comparação dos efeitos dos tratamentos (MIGOWSKI et al., 2018). A escolha do tratamento depende de fatores como: ➢ perfil da paciente, 37 ➢ estadiamento do tumor, ➢ fatores de risco e ➢ fatores prognósticos do tumor. As probabilidades de tratamento englobam os cirúrgicos e não cirúrgicos. As mastectomias são abordagens cirúrgicas e podem ser: simples ou radical ou poupadora de pele. Já os tratamentos não cirúrgicos englobam hormonioterapia, radioterapia e quimioterapia. 5.7 A importância das ações realizadas na saúde da mulher As ações efetivadas para atender as demandas da saúde da mulher necessitam abranger o acolhimento e a escuta às necessidades femininas, que vão além das especificidades reprodutivas, partindo do pressuposto de integralidade, especificidades e as diversas implicaçõesde “ser mulher” na atualidade (BRASIL, 2004). Estimular a mulher a cuidar e valorizar sua saúde, buscando atendimento e auxílio, dentro das diversas ações existentes na área da saúde da mulher, em todas as fases da vida, é fundamental. Os profissionais de saúde devem conhecer essas estratégias para orientar as mulheres de maneira integral e eficaz (SANTOS et al., 2019). Os distúrbios da mama fazem parte das patologias que envolvem a saúde da mulher em diferentes momentos da vida. Para os distúrbios benignos, as ações realizadas correspondem à escuta e à percepção dos sinais e sintomas que a mulher apresenta, e o tratamento e conduta vão depender da queixa e do distúrbio. Dentre os distúrbios, ressalta-se as mastites e os abscessos mamários, ocorridos comumente no puerpério e que merecem atenção especial (BOURGET; CARDOSO, 2019). Estratégias podem ser realizadas através de acompanhamento da mulher durante o pré-natal e o puerpério, a fim de orientar questões relacionadas ao aleitamento materno, pois, quando não realizado corretamente, torna-se uma das principais causas de mastite e abscessos mamários. É necessário que os profissionais de saúde tenham conhecimento sobre estes distúrbios e os cuidados que devem ser realizados. As orientações devem compreender a pega correta do bebê, ordenha adequada, esvaziamento correto da mama, cuidados com os mamilos, entre outros. 38 Ressalta-se, também, a importância de estimular a participação da mulher nas consultas pré-natal mensais para que o acompanhamento seja realizado de maneira integral (SANTOS et al., 2019). Outras ações na saúde da mulher, relacionado aos distúrbios da mama, englobam aspectos relacionados à prevenção do câncer de mama. Incentivar o comportamento vigilante da mulher à sua própria saúde é fundamental, e algumas estratégias de prevenção têm sido estimuladas como forma de atuar precocemente nos fatores de risco, orientando quanto aos sinais que devem servir de alerta para buscar atendimento. As políticas públicas relacionadas à prevenção do câncer de mama têm auxiliado o diagnóstico precoce, e campanhas anuais, como a “Outubro rosa”, geram conscientização e entendimento da população acerca do câncer de mama. Além disso, o Ministério da Saúde oferece exames de diagnóstico, como a mamografia, para mulheres de 35 a 50 anos, a cada ano, e de 50 a 69 anos, a cada dois anos (MIGOWSKI et al., 2018; SANTOS et al., 2019). Ainda em relação ao câncer de mama, destaca-se estratégias relacionadas aos efeitos psicológicos do enfrentamento da doença. A fase de aceitação da mulher em relação à doença não é fácil, e ela necessita diariamente do resgate da sua autoestima. Sentimentos como tristeza, ansiedade, angústia, medo, raiva, inquietação e luto são observados na mulher que está passando por essa situação. Portanto, faz- se necessário um atendimento humanizado pelos profissionais de saúde que atendem essas mulheres, por intermédio de uma assistência integral, que estabelece a confiança e o cuidado com a mulher e sua família (SOUZA; SILVEIRA, 2019). 39 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABC DA SAÚDE. Ginecologia e Obstetrícia, 2018. ABC DA SAÚDE. Sexologia. Sexologia, 2018. AIRES, M. M. Fisiologia. 4. Ed. 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