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BETALACTÂMICOS, TETRACICLINAS E O CLORANFENICOL André Silva de Oliveira, Leonardo Navarro do Nascimento, Mateus Cardoso de Jesus Juliano Kosuge da Silva,Nathaniel Noboru Shinta Aoyama, Ruan Matheus Silva Matos dos Santos, Saulo Rogério Gomes Júnior, Thomas Henrique Neves dos Santos, Antibioticoterapia profilática Interações medicamentosas Superinfecções Resistência bacteriana Conceitos Iniciais k Derivado Nitrobenzênico: Cloranfenicol História e Origem ● Streptomyces venezuelae ● Surto de Tifo epidêmico na Bolívia ● Tifo rural na península Malaia ● Em 1948, o Cloranfenicol tornou-se disponível para uso clínico geral ● Por volta de 1950, tornou-se evidente que o fármaco podia provocar discrasias sanguíneas graves e fatais Química Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Estructura-Quimica-del-cloranfenicol_fig2_264052496 Mecanismo de Ação ● Inibe a síntese proteica ● Subunidade ribossômica 50s Ações Antimicrobianas ● Amplo espectro ● Basicamente bacteriostático Farmacocinética ● Fármaco ou pró-fármaco ● Via de eliminação do cloranfenicol ocorre através de metabolismo hepático ao glicuronídeo inativo ● Excretado na urina Usos Terapêuticos ● SEMPRE comparar seu custo-benefício ao de outros fármacos (TOXICIDADE) ○ Exs.: ■ Febre Tifóide: preferir as Cefalosporinas (3a geração) e as Quinolonas ■ Meningite Bacteriana: Cloranfenicol apenas em pacientes com alergia GRAVE a 𝛃-lactâmicos ou nos países em desenvolvimento Efeitos Adversos ● Principal: Inibição da Peptidil transferase ribossômica Inibição da síntese da membrana interna das mitocôndrias Ausência de subunidades enzimáticas essenciais da respiração celular TOXICIDADE Reações de Hipersensibilidade ● Erupções cutâneas ● Febre ● Angioedema (raro) ✱ Reação de Jarisch-Herxheimer (sífilis, brucelose, febre tifóide) Toxicidade Hematológica ● Efeito adverso mais importante é observado na medula óssea ● Se apresenta de duas formas ● O risco da anemia aplásica não contra indica o uso do cloranfenicol em situações nas quais ele pode salvar vidas. Outros Efeitos ● Administração oral ● Gestantes ● Recém-nascidos Interações medicamentosas ● Inibição do citocromo P450 ● Eleva a meia-vida de alguns medicamentos (Ex.: varfarina e fanitoína) ● Fenorbital e rifampicina podem diminuir a meia vida do cloranfenicol Betalactâmicos Penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos, carbapenens Classe de antibiótico ● O grupo de antimicrobianos classificados como ß-lactâmicos possui em comum no seu núcleo estrutural o anel ß-lactâmico, o qual confere atividade bactericida. ● Os mecanismos de ação e de resistência são comuns a todos Mecanismo de ação ● O mecanismo de ação dos antimicrobianos ß-lactâmicos resulta em parte da sua habilidade de interferir com a síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). ● Penetram na bactéria através das porinas da membrana externa da parede celular. ● Devem ligar-se e inibir as proteínas ligadoras de penicilina (PBP) responsáveis pelo passo final da síntese da parede bacteriana. Espectro de atividade PENICILINAS ● Geralmente, são de amplo espectro. ● Amoxicilina + clavulanato de potássio, Ampicilina, penicilina G, Amoxicilina CEFALOSPORINAS ● 5 gerações, de acordo com o espectro MONOBACTÂMICOS ● Espectro limitado a bastonetes gram-negativos aeróbios, sem atividade contra a bactérias Gram-positivos CARBAPENEMOS ● Utilizados em infecções causadas por bactérias produtoras de beta-lactamases de amplo espectro. Tipo de ação ● Ação bactericida ● Atividade bactericida lenta ● atuam por inibição da síntese da parede celular bacteriana Indicações ● Penicilina: Pneumonias, Otites e sinusites, Faringites e epiglotites, Infecções cutâneas, Meningites bacterianas, entre outras. ● cefalosporinas: infecções de pele, partes moles, faringite estreptocócica e infecções do trato urinário não complicadas. ● Monobactâmicos: Enterobacteriaceae que não produz betalactamase e Klebsiella pneumoniae (KPC) ● Carbapenemos: microbiota aeróbia e anaeróbia ou infecções causadas por organismos multirresistentes. Contraindicações ● Penicilinas: reações alérgicas graves à penicilina. ● cefalosporinas: Alergia à cefalosporina ou à penicilina. Ceftriaxona IV não deve ser coadministrada com soluções venosas contendo cálcio ● Monobactâmicos: usar com cautela em pacientes renais ● Carbapenemos: reação cruzada com a penicilina ● Penicilina: Reações de hipersensibilidade; Manifestações cutâneas; Toxicidade renal; Toxicidade hematológica; Neurotoxicidade. ● Cefalosporinas: Tromboflebite e Hipersensibilidade (baixas incidências) ● Monobactâmicos: dor no local da aplicação intra-muscular ou flebite, náusea e vômitos ● Carbapenens: Reações gastrointestinais; Convulsões (baixas incidências) Efeitos colaterais ● A eliminação dos beta-lactâmicos é efetuada pela via renal ○ Ex: Penicilina G (60-85% de excreção renal) e Amoxicilina (80% de excreção renal) ● Há também a alternativa da excreção biliar ○ Ex: cefoperazona e a ceftriaxona ● Correção renal: quando necessária, diminui-se a dose ou aumenta-se o intervalo entre as doses, caso haja alteração na depuração de creatinina endógena (Suarez e Gudiol, 2009). Eliminação e necessidade de correção renal ● Competitividade pela ligação às proteínas plasmáticas ● Inibição do citocromo P450 ● Exemplo: Penicilina → Metotrexato (Moore et al., 1999). Interações medicamentosas ● Benefício versus risco ● Grupo mais seguro: Penicilinas ● Amoxicilina: atravessa a barreira placentária ● Dicloxacilina: não atravessa a barreira placentária ● Cefalosporinas: apenas quando a infecção é grave e por curtos períodos (Sousa, 2006). Uso na gravidez Tetraciclinas: Oxitetraciclina, doxiciclina Classe de antibiótico ● Grupo de antibióticos classificados como tetraciclinas são bacteriostáticos e consistem em quatro anéis fundidos com sistema de ligações dupla conjugado. Figura 1: composição química e fórmula orgânica. Fonte: Tetraciclinas e glicilciclinas: uma visão geral Mecanismo de Ação ● Entrada no microrganismo por difusão passiva + transporte com gasto de energia da própria bactéria; ● Ligação reversível aos ribossomos bacterianos - subunidade 30s; ● Inibição da síntese proteica. Figura 2: mecanismo de ação das tetraciclinas. Fonte: farmacologia ilustrada, 2016. Espectro de atividade e tipos de ação ● Amplo espectro - bactérias Gram + e - (aeróbicas); ● Atividade contra patógenos atípicos; ● Pouco efeito contra fungos e vírus; ● Ações - efeito bacterostático. Indicações ● Riquétsia - Anaplasmose, tifo rural e etc.; ● Espiroquetas (Treponema pallidum - Sífilis, Borrelia burgdorferi - Doença de Lyme); ● Helicobacter pylori - gastrite e úlcera gástrica; ● Vibrio sp - Cólera; ● Bacillus anthracis - antraz; ● Plasmodium vivax - malária; ● Plasmodium falciparum - malária; ● Mycoplasma sp - pneumonia; ● Chlamydia e Chlamydophila sp - clamídia; ● Alguns Staphylococcus aureus resistentes à meticilina - pneumonia. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/riqu%C3%A9tsias-e-organismos-relacionados/vis%C3%A3o-geral-das-infec%C3%A7%C3%B5es-por-riqu%C3%A9tsias-e-infec%C3%A7%C3%B5es-relacionadas https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/s%C3%ADfilis https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/espiroquetas/doen%C3%A7a-de-lyme https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/gastrite-e-doen%C3%A7a-ulcerosa-p%C3%A9ptica/infec%C3%A7%C3%A3o-por-helicobacter-pylori https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/c%C3%B3lera https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-positivos/antraz https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/protozo%C3%A1rios-extraintestinais/mal%C3%A1riahttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/clam%C3%ADdias-e-micoplasmas/micoplasmas https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/clam%C3%ADdias-e-micoplasmas/chlamydia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-gram-positivos/infec%C3%A7%C3%B5es-estafiloc%C3%B3cicas Indicações ● Doxaciclina - clamídia, riquétsia, agudização de bronquite crônica, antraz, sífilis, febre maculosa, sinusite, pneumonia e etc.; ● Oxitetraciclina - uso tópico (pomada) - infecções cutâneas, queimaduras e dermatites. Contraindicações e Efeitos Colaterais ● Efeitos gastrointestinais - diarreia, vômito e náusea; ● Reações alérgicas e cutâneas - erupção eritematosa; ● Cefaléia; ● Descoloração dos dentes em crianças < 8 anos; ● Hepatotoxicidade - raro; ● Agravamento de IRC; ● Contraindicações - crianças com menos de 8 anos, mulheres grávidas e pacientes com história de reação alérgica a esses fármacos. Interações medicamentosas ● Podem interagir com isotretinoína oral, beta-lactâmicos e uma variedade de outros medicamentos; ● Absorção pode ser prejudicada por minerais e antiácidos coadministrados (ex: cálcio, magnésio, ferro), lantânio e produtos lácteos, incluindo leite; ● Uso concomitante de tetraciclinas com o anestésico metoxiflurano - nefrotoxicidade e pode levar o paciente à morte; ● Biodisponibilidade da tetraciclina oral é reduzida em 50% se for ingerida com alimentos. Eliminação e necessidade de correção renal ● Tetraciclina - eliminação no rim por filtração; ● Doxiciclina - até 90% excretado nas fezes; ● Ajuste de doxiciclina ou tigeciclina não necessárias em pacientes com disfunção renal - ajuste indicado apenas em caso de disfunção hepática grave. Caso Clínico ● D. M. B., sexo masculino, 27 anos, queixa febre há 3 dias. ● Paciente relata que há 05 dias, após trabalhar durante o dia, cursou com mialgia em MID e não procurou o serviço de saúde por achar que era cansaço do trabalho. Há 3 dias vem cursando com cefaleia, náuseas e dor abdominal, além da febre (39º C, medida em casa). ● Nega doenças pregressas, hemotransfusões e alergias. Refere internamento prévio para realização de cirurgia após fratura de rádio e ulna em MSD em partida de futebol. ● Paciente relata que já teve Esquistossomose. Refere contato constante com água de chuva e ratos no local de trabalho, mesmo fazendo uso de botas. Nega contato com pessoas com mesmo quadro clínico. ● Nega tabagismo. Etilista há 10 anos, 10 cervejas/final de semana. Joga futebol 2 vezes na semana https://www.sanarflix.com.br/portal/caso-clinico-esquistossomose/ Caso Clínico Exame físico ● Paciente em BEG, com fácies de dor, abatido, anictérico e acianótico. ● PA: 130×85 mmHg; FC: 90 bpm; FR: 18 inc/min; Temp: 39oC; Sat O2: 96%. ● MVBD s/RA. ● BCNF, rítmicas em 2 tempos s/sopros. ● Abdome Plano, levemente tenso com RHA normais. Doloroso difusamente à palpação superficial e profunda, sem visceromegalias. Dor intensa à palpação de panturrilha direita. ● Extremidades aquecidas, perfundidas e sem edemas. Pulsos simétricos e rítmicos. ● Hipoativo, atendendo aos comandos, pupilas isocóricas e fotorreagentes, sem déficits perceptíveis. ● Exames solicitados: hemograma completo, bilirrubina total e frações, função renal, enzimas hepáticas, eletrólitos, PCR e sorologia para Leptospirose. Caso Clínico Resultados dos exames ● Hemograma: leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda. ● Bilirrubina total: 2,1 mg/dL; bilirrubina direta: 0,4 mg/dL; ● Uréia: 51 mg/dL; Creatinina: 1,4 mg/dL; ● TGO/AST: 35 U/L; TGP/ALT: 51 U/L; ● Eletrólitos: normais; ● Sorologia para Leptospirose IgM reagente. Caso Clínico Diagnóstico ● Lepstospirose - Leptospira sp. Conduta ● Doxiciclina 100mg, V.O, 12/12h por 7 dias. ● Alta após melhora dos sintomas. Referências Bibliográficas Azevedo, S. M. M. Farmacologia dos Antibióticos Beta-lactâmicos. Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2014. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4412/1/PPG_21378.pdf Acesso em: 19 mai.2021 Bruntos, Laurence L. Chabner, Bruce A. Knollmann, Bjorn C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. Moore, P. A., et al. (1999). Adverse drug interactions in dental practice. Professional and educational implications. Journal of the American Dental Association, 130, pp. 47- 54. https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4412/1/PPG_21378.pdf Referências Bibliográficas Sousa, J. C. (2006). Manual de Antibiótico Antibacterianos. Porto, Fundação Fernando Pessoa Suarez, C. e Gudiol, F. (2009). Beta-lactam antibiotics. Enfermedades Infecciosas Y Microbiologia Clinica, 27, pp. 116-129. Universidade Federal de Goiás. Guia de Antimicrobianos. 2012. Disponível em: https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1415789307Guia_de_Antimicrobiano s_do_HC-UFG.pdf Acesso em: 19 mai.2021 Whalen, Karen. Finkel, Richard. Panaveli, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1415789307Guia_de_Antimicrobianos_do_HC-UFG.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1415789307Guia_de_Antimicrobianos_do_HC-UFG.pdf
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