Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO O processo cicatricial, na maioria das vezes, ocorre de forma rápida e satisfatória. obs: todas aquelas fases explicadas na aula anterior; se não houver nada atrapalhando, como uma infecção, hipóxia, trauma mais extenso, necrose a cicatriz desenvolve muito rápido A cicatrização patológica pode estar relacionada a inúmeros fatores, como infecção, hipoalbuminemia, má perfusão tecidual, doenças preexistentes (como diabetes e obesidade), irradiação, tabagismo, uso de corticoide, entre outros. *Cada uma dessas alterações, no organismo, age em uma determinada fase e altera a cicatrização; lembrar que —> a infecção pode agir nas 3 fases; o DM pode causar alterações microvasculares bem como pode alterar a parte de opsonização das células no combate à infecção, a qual pode estar diminuída e isso atrasa a cicatrização; pode ter um componente vascular associado (insuficiência venosa, insuficiência arterial crônica, etc.) — tudo isso leva a uma cicatrização patológica (≠ do processo normal) Também interferem na velocidade e qualidade da cicatrização o tamanho, a localização da lesão, o mecanismo de trauma, raça, idade e fatores genéticos do paciente. 1. Feridas grandes demoram mais para cicatrizar; 2. A localização influencia no tempo de cicatrização, ex.: na face cicatriza mais rápido; e até por conta disso o tempo que deixa o ponto depende da pele de cada região, ex.: na face tira os pontos entre 6, 7 ou no máximo 8 dias, nos MMII tira com 2 ou até 3 semanas ou mais, então cada pele de cada região vai ser importante no processo de cicatrização (isso devido a vascularização) 3. Se foi só uma lesão abrasiva/superficial ou lesão mais profunda que acometeu fáscia, músculo → tem-se queimadura associada, área de isquemia; 4. Negro e oriental → tem alterações significativas em relação a queloide e cicatriz hipertrófica, eles têm piora da resposta cicatricial; (tendem a ter uma cicatriz mais pigmentada) 5. Crianças têm cicatrização melhor e, apesar da cicatrização nos idosos ser mais lenta ela costuma ser boa (não costuma ter queloide em idosos), diferente das pessoas mais jovens, principalmente na puberdade e adultos jovens que sofrem influência hormonal; 6. Pais com alteração cicatricial muito provavelmente também se observa nos filhos Tão importante quanto a formação do tecido cicatricial provisório é a sua degradação, que, se ocorrer de maneira inadequada, pode levar à fibrose excessiva. *então tudo tem que ser compensado - a medida que tem a cicatrização tem que ter a degradação do tecido que já não for mais importante para a cicatriz; excesso de colágeno e não tiver uma degradação suficiente para deixar uma concentração ideal na ferida acaba atrapalhando a cicatrização e isso é chamado de tecido de fibrina (quando tem aquele tecido mais amarelado) A cicatriz patológica pode levar a situações graves e incapacitantes, como nas sequelas de queimadura (que podem provocar estenoses orificiais e bridas palpebrais, cervicais ou interdigitais) e na estenose cáustica do esôfago, por exemplo. *estenose orificial → cicatriz ao redor da boca que fica tão fibrótica que a cicatriz não tem distensibilidade, deixando-a limitada e impedindo a mobilidade da boca (não consegue fazer uma abertura total da boca p.ex.); *Em região de articulação, p.ex. quando tem queimadura, pode ter uma brida ou sinéquia naquela região e não conseguir fazer a extensão completa do membro, ficando sempre travado; bridas palpebrais não consegue ter a mobilização das pálpebras; estenose no esôfago por conta de queimadura com produtos básicos – soda cáustica (p.ex.: tentativa de suicídio) DISTÚRBIOS FIBROPROLIFERATIVOS 1. CICATRIZES HIPERTRÓfiCAS São cicatrizes elevadas, tensas, lisas, sem sulcos, poros ou pelos, de coloração avermelhada, que não ultrapassam os limites da lesão original e tendem a regredir, total ou parcialmente, ao longo do tempo. Podem apresentar dor e/ou prurido e são decorrentes de distúrbios fibroproliferativos da derme, por trauma ou inflamação local. *o fato de não ultrapassem os limites é um sinal clínico muito importante na diferenciação entre cicatriz hipertrófica e queloide; qualquer cicatriz, seja por uma incisão cirurgia ou trauma, pode causar cicatriz dessa maneira; geralmente são autolimitadas, ou seja, conseguem se resolver sozinhas depois de um certo tempo (diferentes do queloide → muita dificuldade para conseguir lidar com a cicatriz queloide, por ela ser muito mais agressiva e se comportar como um tumor mesmo de pele - apesar de não ser classificada como um tumor Podem ocorrer em qualquer idade e local do corpo e tendem a regredir espontaneamente, são mais comuns que o queloide e geralmente mais responsivas ao tratamento. *80 a 90% são cicatrizes hipertróficas; 10% são queloides As cicatrizes hipertróficas geralmente se desenvolvem antes de completar 4 semanas da lesão. obs: se desenvolvem geralmente um pouco antes da formação de um queloide; são ocasionadas SEMPRE por uma lesão; o queloide, em alguns casos, pode se desenvolver espontaneamente, ou seja, sem lesão prévia/externa obs: a cicatriz hipertrófica fica elevada, é inestética, formada por um cordão fibroso regular, que respeita os limites da ferida, geralmente é edificado 2. QUELOIDES obs: geralmente tem exacerbação dos sintomas - paciente reclama de dor e coça desesperadamente essa coceira acontece porque tem muitas células de mastócitos e eles degranulam e liberam histamina na região; pouco responsivo ao tratamento, apenas de ter uma certa resposta não atenua (40 a 50% regridem com tratamentos combinados) São cicatrizes com forma tumoral (nodulares, multinodulares, pediculadas ou não), de consistência endurecida, de superfície lisa, com tonalidade avermelhada, violácea ou acastanhada, dolorosas e pruriginosas e que ultrapassam os limites da lesão inicial, apresentando recidivas frequentes após a excisão. Também decorrem de desordens fibroproliferativas da derme após traumatismos ou inflamações locais, porém, algumas vezes, não há referências a trauma prévio. obs: não respeitam nenhuma incisão; ultrapassa as margens, começa a alargar, fica totalmente irregular; como não necessariamente estabiliza pode continuar crescendo (se for muito agressivo) São mais comuns nas raças negra e oriental e acometem mais pacientes jovens (podem ter a tendência atenuada na velhice). Os hormônios sexuais também influenciam no aparecimento de queloides, justificando sua maior frequência entre 10 e 30 anos, sendo mais intensos na puberdade e durante as gestações (picos hormonais) e mais escassos na menopausa. obs: predileção por pessoas da raça negra e oriental (4,5 a 16,5% mais que pessoas caucasianas); ainda não é bem explicado o porquê dos hormônios influenciares tanto São mais frequentes em indivíduos com história familiar positiva, porém não há padrão genético estabelecido ligado ao sexo. O fato de haver pacientes com cicatrizes queloidianas e história familiar negativa, favorece a hipótese de penetrância genética variável, porém ainda sem comprovações. Regiões do Corpo Mais Acometidas nos Distúrbios Fibroproliferativo: o Deltoide o Esterno o Dorso o Região cervical o Ângulo da mandíbula o Lóbulos de orelha *geralmente cicatriz na região esternal, na articulação do ombro são terríveis para ter qualquer alteração, seja ela queloide ou cicatriz hipertrófica, alargamento de cicatriz, discromia — são locais ruins para se posicionar uma cicatriz Na mesma região, e até na mesma cicatriz, podem coexistir áreas de queloides e áreas normais. *não se respeitam, acontecem de modo aleatório *queloide na orelha → tentou identificar o porquê pode acontecer na orelha já quenão tem tensão nessa área e sabe- se que alguma alteração genética, alteração do padrão de cicatrização (p.ex.: apoptose das células, fibroblastos que continuam a produzir o colágeno, deficiência de algum cofator de enzima; fator de necrose tumoral) SINTOMAS CLÍNICOS (PROVA) *quanto mais prolongado for o tempo de cicatrização maior a chance de aparecer qualquer uma dessas situações *paciente sofre porque é algo muito feito, chega a se submeter a qualquer tipo de tratamento e, o tratamento com corticoide causa muita dor porque injeta corticoide sob pressão em uma região que não tem espaço, não tem distensibilidade *tratamento cirúrgico em último caso porque a cicatriz queloide geralmente é ocasionado por causa de trauma e a cirurgia traumatiza de novo a região, e com isso não há garantia de que não haverá recidiva - pode desenvolver queloide no pós-operatório que pode ser até mais agressivo que antes; por isso faz associações de tratamento, para diminuir a recidiva PATOGÊNESE Feridas normais têm sinais de "pare" que interrompem o processo de reparo quando o defeito dérmico é fechado e a epitelização é concluída. Quando esses sinais estão ausentes ou são ineficazes, o processo de reparo pode continuar sem esmorecer e causar a formação excessiva de cicatriz *quando a borda, contendo os queratinócitos, tocam-se geram um sinal e param de replicar e continua a cicatrização; mas, alguma coisa nesses casos está alterada, não tem esse sinal *TNF-beta → associado ao surgimento do quelóide O desequilíbrio entre a síntese exagerada de colágeno e outros elementos e a degradação e o remodelamento inadequados da MEC causam hipertrofia cicatricial. O prurido e o eritema estão relacionados com o maior número de mastócitos no local e, consequentemente, maior liberação de histamina. PREVENÇÃO A presença ou não de infecção, a orientação da ferida em relação às linhas de força da pele, a síntese adequada por planos com desbridamento de necrose e de tecido de granulação excessivo, a tensão dos pontos, a idade, a raça, a história familiar, a região acometida, todos esses fatores nos ajudam a adotar medidas profiláticas. *1. Ao fazer uma incisão - no caso das cirurgias eletivas - tenta colocar esses cortes nas linhas de tensão e quando consegue posicionar a cicatriz em uma dessas linhas vê que ela tem uma tensão menor provocando uma melhor cicatrização, ou seja, não tem tensão na região, não tem alteração de colágeno, não tem distensão da cicatriz; *2. Quando as bordas não são totalmente regulares, pode haver certa abrasão nelas - ferimento corto contuso, e então tem que desbridar esses tecidos, regularizar essas bordas e suturas mas, se o ferimento for muito profundo, além de dar ponto na pele, tem que aproximar o tecido que está em baixo para não deixar espaço morto, ou seja, tem que reduzir a tensão nessa ferida (aproximar subcutâneo, dar ponto subdérmico e fechar a pele de modo a confrontar a borda exatamente na mesma posição e direção da borda contra- lateral para obter uma melhor cicatrização); *3. Ferida mais extensa com perda de substância no ferimento tenta aproximar essas bordas, mas, às vezes não conseguir e então tem que tensionar o ponto para tentar puxar as bordas e juntá-las no meio (quanto maior a tensão maior a chance de desenvolver uma cicatriz alterada); 4. Pacientes mais jovens e muito idosos geralmente não têm essa desregulação tão grande e não tem alteração de fibroplasia (então, nessas pessoas as cicatrizes costumam ser melhores e sem queloide, costumam apresentar outras alterações como cicatrizes tipo ou hipercrômicas); 5. Negros e orientais têm maior propensão a desenvolver alterações desse tipo *tudo isso pode tentar regular em uma cirurgia eletiva, mas nos casos de emergência não tem muito o que fazer, tem que melhorar as condições locais que tiver condição Incisões eletivas são menos perceptíveis quando colocadas em paralelo às linhas naturais de tensão da pele (linhas de Langer). Esse posicionamento tem duas vantagens: a cicatriz fica paralela ou dentro de uma prega natural da pele, que camufla a cicatriz, e esse local exerce a menor quantidade de tensão sobre a ferida, consequentemente a cicatrização é melhor. obs: na face tem o sulco labiogeniano, conhecido como “bigode chinês” e se tiver a possibilidade de colocar a cicatriz posicionada nessa região, sabe-se que vai ter uma melhor cicatrização em relação à cicatriz paralela na região; esconde a cicatriz na prega e tem menos tensão exercida por conta da pele Bordas da ferida nitidamente definidas e bem alinhadas que são aproximadas sem tensão cicatrizam com a menor quantidade de cicatriz. LINHAS DE LANGER Essas linhas são perpendiculares à motricidade do músculo, sendo, portanto, a região que vai sofrer menor tensão - porque na hora que contrair não vai puxar, vai encurtar a distância. Nessas linhas observa-se que a pele sofre menor tensão possível na hora de fazer a incisão. TRATAMENTO SUBSTÂNCIA DE USO TÓPICO (TRATAMENTO MAIS SIMPLES USADO NA POPULAÇÃO GERAL) Óleo de silicone a 20% podem ser utilizados, em associação com a pressoterapia → pressoterapia (tudo que comprime a cicatriz, pode ser feita com malhas compressivas, placas de silicone, etc...) Ácido retinóico a 0,003 - 0,05% de uso diário podem tornar as cicatrizes mais amolecidas e levemente menos volumosas. 2. COMPRESSÃO OU PRESSOTERAPIA Malhas elásticas para compressão de cicatrizes tem mecanismo de ação ainda não muito bem esclarecido. Acredita-se que haja hipóxia por oclusão vascular e diminuição na síntese de colágeno e do número de mastócitos, com melhora na organização das fibras e diminuição do prurido local → muito usado em queimaduras, para os grandes queimados, faz malhas sob medida e com determinado nível de pressão → consegue amenizar alguns sintomas do paciente (reduz um pouco o edema dessa cicatriz, não a deixa tão inchada, aparente) Placas ou tiras de gel de silicone, também com mecanismo de ação ainda não muito bem compreendido, atuariam por compressão, como as malhas, e também aumentariam a temperatura da cicatriz, levando ao aumento da ação de enzimas, como a colagenase. A diminuição da perda de água pela cicatriz, levando a uma hiperidratação local → acredita-se que por conta da oclusão ao colocar a placa sobre a ferida consegue-se manter a ferida um pouco mais hidratada e também eleva um pouco a temperatura da região, o que faz a enzima colagenase ter melhor função, consequentemente degrada um pouco mais da fibra de colágeno, ajudando a não proliferar a cicatriz queloide nem a hipertrófica (mas geralmente responde melhor à cicatriz hipertrófica) *diversos tamanhos e formas, varia conforme a área 3. INFILTRAÇÕES INTRALESIONAIS DE CORTICOIDE A TRIANCINOLONA tem efeito supressivo direto na síntese de colágeno e na redução de elementos inibidores da colagenase. Quando utilizada em altas doses, pode levar à atrofia do tecido subcutâneo, telangiectasias, necrose, ulcerações e discromias → os corticoides atrapalham a cicatrização, mas neste caso eles ajudam porque o objetivo é que justamente tenha uma inibição da cicatrização e então injeta o corticoide direto na ferida; ao mesmo tempo que é benéfico pode ser bem maléfico O corticoide atua na supressão da fase inflamatória, diminui a produção de colágeno pelos fibroblastos e controla a proliferação de fibroblastos → age contrário ao processo de cicatrização, por isso só é usado em casas que realmente tenham necessidade *ex: cicatriz que ficou alargada porque reduziu completamente o queloide mas percebe-se que tem alguns vasos e que a pele está muito fina em relação à pele normal ao redor; então isso pode ser mais visível e opaciente acaba queixando desse tipo de visibilidade da cicatriz também (não queixa só do queloide, queixa também da atrofia) *corticoide paralisa a cicatrização e automaticamente não tem a liberação de histamina, não tem mais inflamação nessa região e então consegue melhorar os sintomas; caso não melhorasse o paciente não iria suportar porque dói demais; não consegue fazer em criança porque ela não suporta a dor 4. RADIOTERAPIA A radioterapia pode ser utilizada como terapia complementar no tratamento de queloides, sendo a betaterapia (radiação corpuscular) a principal delas. Deve ser iniciada logo no 1º dia do pós-operatório e seguida diariamente sem interrupções por um período médio de 10 dias *utilizada em última instância, e associada à infiltração de corticoide e ao tratamento cirúrgico (na cirurgia não remove o queloide inteiro para evitar lesionar a pele sadia ao redor do queloide e pode, novamente, estimular a produção de queloide; então, sempre deixa a borda dele na feria e então faz uma infiltração intra-operatória com corticoide para diminuir um pouco a cicatrização e faz o fechamento); casos de queloide mais agressivo pode associar também à betaterapia; essa betaterapia é o tratamento com maior resposta, mas tem efeitos colaterais e por isso é usada apenas em último caso, em casos selecionados A radiação ionizante inibe a síntese de colágeno e auxilia no equilíbrio entre sua síntese e sua degradação. *mesmo usando tudo isso, a recidiva é muito grande 5. CIRURGIA A excisão cirúrgica isolada pode levar à recidiva do queloide em até 80% nos primeiros 2 anos e de até 100% nos primeiros 4 anos, sendo ideal a associação com outros métodos de tratamento, como a radioterapia ou a infiltração de corticoide intralesional → por isso tem que tomar cuidado, principalmente nos pacientes que têm predisposição para ter esse tipo de alteração DISTÚRBIO DA CONTRAÇÃO CICATRICIAL CONTRATURA É um processo fisiológico no reparo das lesões com perda de substância, visando à coaptação de suas bordas. A persistência da contração além do período de reepitelização gera a contratura dos tecidos, que deforma e causa resultados estéticos insatisfatórios, limitações na movimentação de membros e articulações e perda de funções, principalmente nas contraturas orificiais (oral, anal). *a cicatrização normal tem os miofibroblastos que agir justamente na contração da ferida e vai ser benéfico, mas se acontecer exageradamente leva à esse tipo de alteração *cicatriz repuxa e os movimentos ficam limitados; tem que fazer alguns tratamentos para tentar melhorar para dar mais movimentação, movimentar com mais liberdade; não necessariamente só em queimaduras, qualquer outro tipo de trauma pode provocar esse tipo de situação TRATAMENTOS DE ALTERAÇÕES CICATRICIAIS NÃO CIRÚRGICOS: Dilatações, massagens e fisioterapia → fisioterapia consegue fazer uma massagem para tentar alongar a cicatriz e deixá-la mais amolecida; massagens, o uso de malhas as vezes consegue deixar a cicatriz mais mole; o ácido retinoico também amolece um pouco a cicatriz; em regiões orificiais - boca, ânus, vagina, etc. *pode fazer dilatações (introdução de objeto para tentar alargar, feito de forma gradativa; não pode querer colocar no orifício um objeto muito largo porque arrebenta a região e então vai ter uma nova contração cicatricial que pode ser pior; ex: estenose esofágica por conta de queimadura por substância básica) CIRÚRGICOS: zetapastias e/ou resseções cicatriciais – com fechamento primário, enxertos ou retalhos *Zetaplastia faz o aumento da cicatriz, uma das melhores técnicas OUTROS DISTÚRBIOS 1. Cicatriz hiper ou hipocrômica (alteração de pigmentação da pele) → não como tem uma previsão de como o paciente vai evoluir, a não ser que consiga observar outras cicatrizes no corpo do paciente; se ele tiver uma tendência a ter hipercromia em, p.ex. articulações, áreas de dobras (dedos, cotovelo, região poplítea), dependendo da coloração da pele [com base na escala de Fitzpatrick - coloração varia de 1 (mais claro) a 6 (mais escuro)] e vê que é mais escuro nessas região, então a pessoa mesmo sendo branquinha (que normalmente tem cicatriz mais clara) tem tendência a desenvolver hipermelanose/ hipercromia; ácido retinoico, hidroquinona, ácido azelaico ajuda a tirar um pouco a pigmentação; mas repigmentar é mais difícil 2. Alargamento de cicatriz → depende muito da área que vai posicionar a cicatriz; esterno, articulações, ombro, joelho, costas geralmente são cicatrizes que tende a sofrer um processo de alargamento por conta de maior movimentação (tem maior tensão nesse tipo de cicatriz) e então a cicatriz alarga; se tirar os pontos de maneira incorreta ou no tempo incorreto também leva ao alargamento precoce da cicatriz (ex.: cirurgia plástica *os médicos têm o hábito de tirar alguns pontos e manter o microporo no local para tentar manter a tensão da cicatriz e tentar impedir esse alargamento precoce) MALIGNIZACÃO DE CICATRIZES Feridas crônicas e cicatrizes instáveis têm risco aumentado de desenvolver câncer, transformando- se em úlceras de Marjolin (prova). A transformação é mais comum em cicatrizes de queimaduras, mas pode ocorrer em úlceras flebopáticas, úlceras de pressão, lesões de lúpus e áreas de enxerto de pele → qualquer ferida mais extensa e que demore muito para fechar → geralmente acontece em cicatrizes por 2ª intensão; pacientes diabéticos, que têm insuficiência venosa e insuficiência arterial, tem que tomar muito cuidado com esse tipo de ferida porque pode desenvolver esse tipo de tumor, que é muito mais agressivo O tempo médio para o surgimento de neoplasias é de 35 anos, mas pode ocorrer até com menos de 1 ano, sendo o carcinoma espinocelular (CEC) o tipo histológico mais comum, com agressividade exacerbada e mau prognóstico. Sua incidência estimada é de 1:300 úlceras crônicas ou de 0,77% a 2% das cicatrizes de queimaduras. O índice de metástases é de aproximadamente 30% a 61%, contra 0,5% a 3% dos CEC de outras origens MANEJO DE FERIDAS CRÔNICAS A preparação do leito da ferida é o manejo de uma ferida para acelerar a cicatrização endógena ou para facilitar a eficácia de outras medidas terapêuticas, sendo algumas delas: o Desbridamento de tecido necrosado → (mecânico ou químico – pomadas (papaína, fibrinase, colagenase); enquanto tiver necrose não tem cicatrização) o Diminuição da carga bacteriana → (antibióticoterapia, higiene adequada da ferida quando for fazer o curativo) o Corrigir desequilíbrios na umidade das feridas → (porque tem feridas muito exsudativas, ex.: úlceras de pressão/escaras; usa curativo que consiga absorver o exsudato porque apesar de que precisa de umidade para ter cicatrização adequada, umidade excessiva é prejudicial) o Compensação de comorbidades clínicas → (ex.: paciente com insuficiência arterial grave talvez tenha necessidade de fazer uma revascularização do membro antes de conseguir corrigir uma ferida mais crônica) As características da ferida (tamanho, profundidade, infecção, componente do tecido necrótico, edema, drenagem) são documentadas e os cuidados locais da ferida, iniciados (por uma equipe ou por quem estiver acompanhando no atendimento primário). CURATIVOS O curativo para ferida aberta ideal mantém um ambiente úmido, limpo que evita que a pressão e traumatismo mecânico e reduzam o edema, estimula o reparo e é barato. Trocas de curativos menos frequentes e prevenção de irritação da pele também são benéficos → não existe curativo ideal ainda desenvolvido (porque se o curativo é muito bom às vezes é muito caro, às vezes um curativo mais simples talvez não seja melhor para aquele tipo de situação); geralmenteesses curativos são bem mais onerosos e a maioria dos paciente não tem condição de comprar e nem tem em áreas de atendimento mais básicos, então tem que se adaptando à realidade de cada lugar Diferentes classificações de curativos de feridas são usadas dependendo da sua função na ferida (desbridamento, antibacteriana, oclusivo, absorvente, antiaderentes), tipo de material utilizado para produzir o curativo (p. ex., hidrocoloide, alginato, colágeno) e a forma física do curativo (pomada, filme, espuma, gel). Os filmes são permeáveis a gás, mantêm um ambiente úmido e são úteis para feridas dérmicas de espessura parcial, tais como áreas doadoras de enxerto de pele → como se fossem lâminas de adesivo que coloca em cima do curativo para tentar manter uma certa umidade; são permeáveis ao ar mas não a líquidos (ficando retido na ferida) *enxerto - faz uma lâmina bem rente à pele e retira uma camada muito fina de pele, pode ser só a derme superficial, pode incluir a derme profunda; mas quanto superficial mais fácil a regeneração - porque se preservar os anexos epidérmicos a cicatrização é melhor; como a ferida é bem superficial pode, eventualmente, colocar esse tipo de curativo; queimadura mais superficial também (se tiver um comprometimento mais espesso, um 2º grau profundo ou 3º grau já não consegue usar esse tipo de curativo porque impede justamente a exsudação e vai exsudar muito mais) Para feridas altamente exsudativas, os curativos de absorção são úteis para criar um ambiente úmido sem excesso de líquidos e acúmulo de material proteico → usa mais em queimaduras mais profundas, que acabam exsudando demais; feridas mais profundas, como as úlceras de pressão em regiões isquiáticas, trocantéricas, sacral; ou seja, em regiões que acabam produzindo muito líquido e precisa tirar um pouco dessa umidade Os curativos hidrocoloides são úteis para locais em que a aderência é necessária, como as extremidades e sobre proeminências ósseas. Eles são de certa forma espessos e podem permanecer no local por 2- 3 dias (depois o próprio curativo se desprende). À medida que sua capacidade de absorção é alcançada, eles perdem a aderência e a remoção atraumática suave é facilitada → em pacientes idosos internados a muito tempo para proteger um pouco as proeminências porque permanecem no mesmo decúbito por muito tempo; proteger essa pele com uma membrana para não ter o atrito com a cama e nem contato com a umidade gerada pelo suor; protege essas regiões para não desenvolver uma úlcera mais profunda Os curativos hidrogéis são semelhantes ao hidrocoloides, exceto que têm pouca aderência e são mais úteis para cobrir feridas em tendões, ligamentos ou na face. → geralmente são em formas de pomadas Os alginatos podem absorver 15 - 20 vezes o seu peso de líquido, o que os torna adequados para feridas altamente exsudativas (não devem ser utilizados em feridas com pouco ou nenhum exsudado, pois irão aderir à superfície de cicatrização da ferida, causando dor e prejudicando o tecido saudável na remoção). CURATIVOS COM PRESSÃO NEGATIVA obs: dentro de uma ferida mais profunda é colocado uma espuma estéril e então veda a ferida para não deixar entrar ar; através de uma mangueira conecta a espuma a um aparelho que vai fornecer uma pressão negativa, vai ter vácuo na região e vai puxar APLICAÇÃO TÓPICA DE PRESSÃO NEGATIVA: permite eliminar o líquido extracelular e o exsudato aumenta o fluxo sanguineo, favorece uma cicatrização mais rápida O APARELHO DE ASPIRAÇÃO: aplica uma pressão negativa no local da ferida descomprime um curativo de espuma em modo contínuo ou intermitente em função do tipo de ferida e dos objetivos clínicos INDICAÇÕES: Feridas crônicas: escara, úlcera, pé diabético Ferida aguda e sub-aguda: ferida traumática Deiscência operatória Preparação para cirugia: enxerto de pele → funciona muito rápido para preparar o leito da feria para uma reconstrução tardia, p.ex.; usado nos casos que deixou cicatrizar por 2ª intensão para acelerar a recuperação do tecido de granulação e depois programa uma reconstrução, excerto mais precoce obs: espuma deve ficar dentro da ferida porque se ficar para fora pode lesionar a pele sadia CÂMARA HIPERBÁRICA Criação de ambiente com hiperoxia (rico em oxigênio) estímulando à neovascularização na ferida com hipóxia. Além disso, auxilia na destruição de microrganismos através da oxidação (pela liberação de radicais livres de oxigênio) e também no reparo da matriz extracelular. obs: é um ambiente é rico em oxigênio, pois fornece maior pressão atmosférica de oxigênio; regulado de acordo com o que o médico acha que deve ser proporcionado para cada tipo de ferida ex.: paciente com certa alteração, não está chegando sangue, tem uma certa insuficiência vascular e é bom para tenha uma cicatrização mais rápida, porque vai ter um ambiente mais rico em oxigênio, então vai conseguir ter um aporte nutricional de oxigênio melhor região; usado também para fornecer mais taxa de oxigênio para a pessoa ir se recuperando como no caso de paciente inalou monóxido de carbono; ferida crônica na perna que não cicatriza, manda o paciente para a câmara hiperbárica para melhorar a condição local para programar um enxerto