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G R U P O D A S A L V A Ç Ã O G A S T R O E N T E R O L O G I A P R O B L E M A 1 F E C H A M E N T O Pro���m� 1 – Fec����n�o 3. Gastrite: fisiopatologia, etiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento Tipos de Gastrite Gastrite é a inflamação das paredes do estômago. Ela pode durar por pouco tempo, na chamada gastrite aguda, ou pode durar meses e até mesmo anos (gastrite crônica). ➢ Gas���t� a���� Gastrites agudas são de aparecimento súbito e geralmente associadas a um agente causador como medicamentos (antiinflamatórios e corticóides) infecções e estresse físico ou psíquico podem levar a uma gastrite aguda. Alimentos contaminados com bactérias ou vírus também podem ocasionar a gastrite. ➢ Gas���t� ��ôni�� Sabe-se que a bactéria H. pylori pode determinar uma gastrite crônica (quadro prolongado de gastrite). Esta bactéria sobrevive em ambientes ácidos, como é o estômago. No entanto, o Helicobacter pylori leva à destruição da barreira protetora que reveste a mucosa do estômago , permitindo que o suco gástrico agrida esta mucosa, o que leva à inflamação da mesma, caracterizando a gastrite. Como a infecção pela bactéria é crônica, a inflamação também segue este padrão. Segundo o tratado de gastro, ela pode ser subclassificada em atrófico, não atrófica e formas especiais. abaixo segue a imagem com as subclassificações. ➢ Gas���t� ��ôni�� ��rófica Ocorre quando os anticorpos atacam o revestimento do estômago, provocando a diminuição ou extinção das enzimas gástricas. A gastrite atrófica prejudica a absorção de vitamina B12 e pode levar ao quadro conhecido como anemia perniciosa ➢ Cla���fic�ção q����o à to���r�fia A depender de qual região a inflamação aconteça, pode-se classificar quanto a sua localização: pangastrite (todo o estômago), gastrite de antro (região de antro) ou gastrite de corpo (região de corpo). ● Cla���fic�ção q����o à mo���l��i� Descreve as cinco variáveis histológicas (infamação crônica, atividade neutrofílica polimorfonuclear, atrofia glandular, metaplasia intestinal e densidade de H. pylori) e a intensidade de todos aspectos descritos (leve, moderada, acentuada). ● Qu�n�� a ���ol���a� H. Pylori ou Autoimune Etiologia UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 10 Pro���m� 1 – Fec����n�o A gastrite possui diversas causas que incluem o abuso do álcool, ingestão de anti-inflamatórios por longa data, estresse e nervosismo, causas estas que promovem o enfraquecimento da mucosa estomacal, permitindo que o suco digestivos produzidos pelo estômago causem danos ao tecido que reveste o órgão. A gastrite pode ser promovida pela bactéria Helicobacter pylori, que vive no revestimento do estômago e que, se não for tratada, pode levar ao surgimento de úlceras e até mesmo ao câncer de estômago. Outras bactérias e vírus também podem causar infecções que levam à gastrite. Alguns fatores que relacionam-se ao desenvolvimento de gastrite: ● Analgésicos ● Idade avançada ● Alcoolismo ● Estresse emocional ● Doenças autoimunes Fisiopatologia A maior causa de gastrite é o H. pylori. A inflamação aguda inicial pelo H. pylori afeta todo o estômago. Esse envolvimento por igual do antro e corpo pode ser o responsável pela profunda hipocloridria que ocorre logo após a infecção. Isso permite uma colonização maior da mucosa do corpo pelo H. pylori e a retenção da virulência dos organismos. A seguir, ocorre uma redução gradual da densidade bacteriana no corpo, como consequência do desenvolvimento da resposta imune, e uma alteração do perfil de quimiocinas pode conduzir ao restabelecimento da função da célula parietal. Na maioria dos indivíduos, a produção de ácido continua a aumentar como consequência da recuperação das células parietais e da hipergastrinemia induzida pelo H. pylori, tornando a mucosa oxíntica relativamente hostil à infecção pelo H. pylori Câncer gástrico A gastrite crônica é uma condição pré-cancerosa está relacionada ao carcinoma gástrico. O câncer se desenvolve por meio de processos sequenciais temporais de alterações fenotípicas pré-cancerosas (gastrite crônica superficial, gastrite atrófica -> metaplasia intestinal -> displasia) que podem conduzir ao câncer gástrico. A inflamação gástrica de longa duração induzida pelo H. pylori frequentemente conduz à gastrite atrófica, que é considerada o primeiro passo importante na histogênese do câncer gástrico. Sua distribuição é geralmente multifocal e frequentemente associada à perda glandular e intestinalização da mucosa gástrica. A atrofia gástrica, principalmente quando afeta uma grande parte do corpo gástrico, tem, como consequência, hipossecreção de ácido e níveis diminuídos de pepsinogênio. A baixa acidez do suco gástrico permite a colonização do estômago por outras bactérias, as quais, por sua vez, podem promover a formação de fatores carcinogênicos. Doença ulcerosa péptica O papel da gastrite na doença ulcerosa é complexo: ela pode aumentar ou diminuir o risco de úlcera, dependendo do seu grau e do tipo topográfico. Gastrite e atrofia do antro tendem a aumentar o risco de úlcera péptica, enquanto a gastrite com atrofia do corpo tende a diminuí-lo. Com o passar do tempo da gastrite de antro, desenvolvem-se vagarosamente metaplasia intestinal e atrofia no antro, o que pode ocasionar diminuição da produção de ácido em virtude da liberação diminuída da gastrina. Esse fato reduz a probabilidade da recidiva ulcerosa, explicando a observação clínica de que as úlceras duodenais podem deixar de recidivar ao longo do tempo. A combinação de gastrite pronunciada do antro e uma região intacta de células parietais ocasiona hipersecreção de ácido devido a um bloqueio dos mecanismos que normalmente inibem a sua secreção. Esse fato é observado em todas as pessoas com gastrite predominante de antro, e não somente na UD. As úlceras gástricas ocorrem em mucosa enfraquecida por uma infecção de longa duração pelo H. pylori. Quanto mais severa é a gastrite, maior a possibilidade de haver diminuição das defesas da mucosa, o que permite a ocorrência da lesão produzida pelo ácido. As úlceras gástricas proximais costumam ocorrer em mucosa não secretora de ácido ou próximos à junção com a mucosa não secretora, mais frequentemente na pequena curvatura, na zona de transição entre a mucosa do antro e do corpo. Outras doenças Algumas outras doenças gástricas, tais como pólipos ou tumores neuroendócrinos tipo I (carcinóides), estão também comumente associados à gastrite crônica. A anemia perniciosa é outra importante complicação tardia da gastrite crônica e está sempre associada com atrofia severa (total) da mucosa do corpo gástrico (gastrite do corpo com atrofia severa) e com diminuição da secreção de fator intrínseco pela mucosa do corpo. QUADRO CLÍNICO ● desconforto e estufamento pós-prandial, ● náuseas e vômitos UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 11 Pro���m� 1 – Fec����n�o ● dor epigástrica, geralmente relacionadas com a ingestão de determinados. ● queimação no estômago ● pode sentir dor se o jejum for prolongado ● pode ter gases DIAGNÓSTICO O quadro clínico sempre é importante. O diagnóstico de gastrite somente pode ser estabelecido por biópsia gástrica através da endoscopia. A gastroscopia permite avaliar a mucosa do estômago e retirar múltiplos fragmentos de tecido, de modo dirigido. Caso a gastrite seja aguda, o diagnóstico pode ser exclusivamente clínico. Caso a gastrite seja crônica ou tenha alguma suspeita de hemorragia digestiva alta, câncer (ou algo q seja grave), você pode fazer a endoscopia para avaliação histopatológica. TRATAMENTO O tratamento depende da causa da gastrite. Por exemplo, se os AINEs estiverem causando sua gastrite, seu médico recomendará que você não tome esses medicamentos. Se o álcool estiver causando sua gastrite, ele recomendará que você pare de beber álcool. Os médicos podem usar medicamentos para tratar a gastrite causada por uma infecção por H. pylori. O tratamento inclui antibióticos e medicamentos queajudam o estômago a produzir menos ácido. Os médicos podem usar medicamentos que reduzem ou bloqueiam o ácido gástrico para tratar outras causas de gastrite. Os principais tipos de medicamentos que reduzem ou bloqueiam o ácido gástrico são: ● antiácidos ● Agentes de superfície ● Bloqueadores de histamina ● Inibidores da bomba de prótons Gastrite erosiva As pessoas com gastrite erosiva devem evitar tomar medicamentos que irritam o revestimento gástrico (como AINEs). Alguns médicos receitam inibidores da bomba de prótons ou bloqueadores de H2 para ajudar a proteger o revestimento gástrico. Gastrite aguda A abordagem terapêutica, quando decidida, é feita da maneira usual. Gastrites crônicas Tratamento anti-H. pylori convencional: ● inibidor de bomba de próton (IBP) + Amoxicilina + Claritromicina A seguir os IBPs nos tratamentos de erradicação, segundo o IV Consenso brasileiro de H. Pylori: ● Omeprazol 20 mg 12/12 horas ● Lansoprazol 30 mg 12/12 horas ● Pantoprazol 40 mg 12/12 horas ● Rabeprazol 20 mg 12/12 horas ● Dexlansoprazol 60 mg 12/12 horas ● Esomeprazol 40 mg 12/12 horas ➢ T�A��M���OS de ����DI��ÇÃO de P�I���RA ���H�: 1) IBP dose plena 12/12 horas: ● AMOXICILINA 1000 mg 12/12 horas ● CLARITROMICINA 500 mg 12/12 horas ● Duração do Tratamento : 14 DIAS 2) IBP dose plena 12/12 horas: ● SUBCITRATO de BISMUTO COLOIDAL 240 mg 12/12 horas ● TETRACICLINA 500 mg 6/6 horas ou DOXICILINA 100 mg 12/12 horas ● METRONIDAZOL 400 mg 8/8 horas ● Duração do Tratamento:10 a 14 dias ➢ ALÉR�I��S � �E��C��I��: 1) IBP dose plena 12/12 horas ● CLARITROMICINA 500 mg 12/12 horas ● LEVOFLOXACINA 500 mg 24/24 horas ● Duração do Tratamento :14 dias 2) IBP dose plena 12/12 horas ● TETRACICLINA 500 mg 6/6 horas ou DOXICICLINA 100 mg 12/12 horas ● METRONIDAZOL 400 mg 8/8 horas ● SUBCITRATO de BISMUTO COLOIDAL 240 mg 12/12 horas ● Duração do Tratamento:14 dias ➢ T�A��M���OS de ER����CAÇÃO de SE���D� e TE����RA ���H�: UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� 12 Pro���m� 1 – Fec����n�o 1) IBP dose plena 12/12 horas ● AMOXICILINA 1000 mg 12/12 horas ● LEVOFLOXACINA 500 mg 24/24 horas ● Duração do Tratamento: 10 a 14 dias 2) IBP dose plena 12/12 horas ● SUBCITRATO de BISMUTO COLOIDAL 240 mg 12/12 horas ● TETRACICLINA 500 mg 6/6 horas ou DOXICICLINA 100 mg 12/12 horas ● METRONIDAZOL 400 mg 8/8 horas ● Duração do Tratamento:10 a 14 dias 3) IBP dose plena 12/12 horas ● AMOXICILINA 1000 mg 12/12 horas ● FURAZOLIDONA 200 mg 12/12 horas ● SUBCITRATO de BISMUTO COLOIDAL 240 mg 12/12 horas ● Duração do Tratamento :10 a 14 dias 4) IBP dose plena 12/12 horas ● IBP dose máxima 12/12 horas ● SUBCITRATO de BISMUTO COLOIDAL 240 mg 12/12 horas ● LEVOFLOXACINA 500 mg 24/24 horas ● AMOXICILINA 500 mg 12/12 horas ● Duração do Tratamento :14 dias Em termos práticos o Quarto Consenso Brasileiro sobre Infecção por H.Pylori manteve a orientação do Terceiro Consenso, de interrupção do IBP por duas semanas antes de se realizar exames para diagnóstico de infecção pelo H.Pylori mas com a ressalva de que o IBP pode ser substituído por antiácidos, sucralfato e bloqueadores dos receptores H2 da histamina nesse período, o que é muito útil no caso de pacientes sintomáticos. Foi mantida a orientação de suspensão de antimicrobianos por 4 semanas antes da Endoscopia ou teste respiratório da urease com Carbono 13. Usar IBPs após a erradicação do HP para cicatrizar úlcera péptica duodenal é desnecessário. Em casos de úlcera gástrica ou úlceras gastroduodenais complicadas, tratamento com IBPs por 4 a 8 semanas após a terapia de erradicação é recomendado. O uso de procinéticos deve ser uma orientação do médico para no caso de náuseas, vômitos ou plenitude pós prandial. Gastrite crônica autoimune A gastrite crônica autoimune do corpo é assintomática na maioria dos pacientes e, desta forma, não requer tratamento. A presença, entretanto, de anemia perniciosa exige a reposição de vitamina B12, por via parenteral, na dose de 200g por mês, durante toda a vida. Gastrite eosinofílica Em algumas situações, a prednisona , em doses iniciais de 20 a 40 mg/dia, com redução progressiva, é capaz de reduzir e manter remissões por períodos prolongados. 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