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Metabolismo ósseo Bioquímica Constituição óssea: • O esqueleto contém 99% do cálcio presente no organismo na forma de hidroxiapatita; o restante se encontra distribuído pelos tecidos moles, dentes e fluido extracelular (ECF). • O osso é uma forma rígida de tecido conjuntivo formado por células, osteócitos, osteoblastos, osteoclastos • Matriz proteica rica em fibras colágenas, proteínas, glicosaminoglicanos, hidroxiapatita (fosfato de cálcio) e outros minerais • O colágeno do tipo I é a proteína presente em maior porcentagem (90%) da matriz óssea Os cristais de hidroxiapatita ricos em cálcio são encontrados dentro e entre as fibras de colágeno. A associação da hidroxiapatita com o colágeno e a calcificação óssea são controladas, em parte, pela presença de glicoproteínas e proteoglicanos com alta capacidade de ligação iônica • Osteoide, se torna mineralizado por meio de dois mecanismos. No espaço extracelular do osso, vesículas de matriz derivadas da MP atuam como um foco para a deposição de fosfato de cálcio. A cristalização oblitera a membrana das vesículas, deixando cristais de hidroxiapatita agregados. Nesse ambiente, osteoblastos secretam proteínas de matriz que rapidamente mineralizam, e estas se combinam com cristais derivados das vesículas da matriz. O pirofosfato presente na matriz inibe este processo. A fosfatase alcalina secretada pelos osteoblastos destrói o pirofosfato, permitindo a prossecução da mineralização • Quando há carência de cálcio e fosfato, a porcentagem de osteoide dentro do osso aumenta, resultando na osteomalácia. • As modificações pós-traducionais do colágeno resultam na formação de ligações cruzadas de pirrol e piridinolina intra e intermoleculares. Esta microarquitetura permite ao osso funcionar como o principal reservatório de cálcio do corpo. • Na velhice há um predomínio de minerais com menor flexibilidade com aumento da fragilidade óssea • 80% do osso cortical (compacto) com função mecânica e protetora e 20% do osso trabecular com função metabólica Osteoblastos: • São células diferenciadas que produzem a matriz óssea, secretando colágeno e a substância fundamental, que constituem o osteóide • Participam da calcificação da matriz, através da secreção de pequenas vesículas ricas em fosfatase alcalina para o interior desta, durante o período em que a célula está produzindo a matriz óssea • Durante o crescimento ósseo e talvez durante a remodelagem do osso adulto, os osteoblastos secretam vesículas ricas em cálcio para o osteóíde em calcificação • O nível sanguíneo da fosfatase alcalina óssea é geralmente usado como indicador da taxa de remodelação óssea • A fosfatase alcalina e cálcio estão ligados a ação celular e hormônios ativam a metabolização/crescimento/maturação e síntese dessas células Osteoclastos: • Células gigantes multinucleadas (macrófagos específicos deste tecido); derivados de células mononucleares hematopoiéticas pluripotentes provenientes da medula óssea que reabsorvem a matriz óssea • Tem grande quantidade de ácidos e enzimas e dissolvem a matriz proteica • Unidades de remodelação ocorrem constantemente; em certas fases da vida a remodelação é maior que a reabsorção e vice versa • Excesso de sua atividade está associado a diversas doenças, em particular a osteoporose, a artrite reumatoide e a metástase no câncer RANK + RANKL: • A proteína receptora de membrana, chamada RANK, se liga à citocina relacionada com o TNF (fator de necrose tumoral), denominada ligante RANK (RANKL). A ligação da RANKL ao RANK pode ser diminuída quando este se liga à osteoprotegerina (OPG), proteína que também pertence à superfamília dos receptores de TNF • Em conjunto, a RANKL e a OPG controlam a diferenciação e a ativação dos osteoclastos. A RANKL estimula e a OPG inibe a reabsorção óssea. Além disso, os estrogênios induzem a síntese de OPG • O RANK prepara o osteoclasto para reabsorver o osso. Ele estimula cascatas de sinalização intracelulares que ativam fatores de transcrição que controlam genes • O resultado final é a indução de genes codificantes da fosfatase ácida resistente ao tartarato, catepsina K, calcitonina e a β2 integrina, que controlam diretamente a reabsorção óssea. A reabsorção óssea pelos osteoclastos libera um conjunto de moléculas: peptídios do colágeno, fragmentos de ligações cruzadas da piridinolina e cálcio da matriz óssea (através da ação de enzimas lisossomais, colagenases e catepsinas) • TNF refere-se a um grupo de citocinas Cálcio sérico: • O cálcio existe na circulação sob três formas: a forma fisiologicamente ativa do cálcio (ionizado) (50% do cálcio total). O cálcio ligado à proteína, principalmente a albumina (40%) e o complexado a substâncias, tais como o citrato e o fosfato (10%). • Se a concentração de proteínas plasmáticas aumentar (ex: desidratação), o cálcio ligado a proteínas e o cálcio sérico total aumentam. Em condições de proteínas plasmáticas reduzidas (p. ex., doença hepática, síndrome nefrótica ou desnutrição), a concentração de cálcio ligado a proteínas é reduzida, diminuindo o cálcio total Vitamina D: • A vitamina D2 (ergocalciferol) e D3 (colecalciferol) são sintetizadas na pele por irradiação UV • Vitamina D favorece a absorção de cálcio no intestino e participa da mineralização óssea • O calcidiol é a principal forma de armazenamento de vitamina D no fígado • O calcitriol é o metabólito da vitamina D mais potente e a única forma natural ativa em concentrações fisiológicas. Ele estimula a reabsorção óssea junto com o PTH Estímulos hormonais: • Hormônios do crescimento (GH) têm efeitos anabólicos no osso, promovendo o crescimento do esqueleto. Seus efeitos são mediados por fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-1 e IGF-2) que atuam nos osteoblastos. Ele aumenta a excreção urinária de cálcio e de hidroxiprolina, enquanto diminui a de fosfato; jovens tem mais GH que adultos/idosos • Paciente com hipotireoidismo ou ressecação da tireoide – GH normal mas o cálcio fica deficiente, pois há falha em sua síntese • O hormônio da tireoide estimula a reabsorção óssea. Os esteroides adrenais ou gonadais, particularmente o estrogênio nas mulheres e a testosterona nos homens, estimulam a função dos osteoblastos e inibem a dos osteoclastos. Eles também diminuem a excreção renal de cálcio e fosfato e aumentam a absorção de cálcio intestinal. • Redução do estrogênio: ele possui receptores diretos para osteoblastos, mas sua massa óssea fica deficitária (menopausa) • A leptina, uma adipocina que regula a massa do tecido adiposo e controla o apetite, apresenta um efeito inibitório na formação do osso • Paratormônio é um hormônio peptídico secretado pelas glândulas paratireoides, que tem sua síntese mediada pelo feedback do cálcio no LEC (aumento do cálcio no LEC inibe a síntese do PTH) fazendo com que o PTH aumente a excreção renal de íons fosfato, sódio, potássio e bicarbonato e reabsorção renal dos íons cálcio, magnésio e amônia. A maioria das ações celulares do PTH são mediadas por sinalização das proteínas G e do cAMP • No osso o PTH estimula a reabsorção óssea por intermédio dos osteoclastos, estes se multiplicam, aumentam de tamanho e o poder de reabsorção; o Ca++ é liberado no sangue, e seu nível plasmático sobe • Logo, as células C da tireoide liberam calcitonina, que estimula a deposição de sais de cálcio nos ossos, e diminui atividade osteoclástica de reabsorção, e diminui cálcio sérico sem aumentar a formação óssea • Insulina acelera a síntese de colágeno • Ácido ascórbico atua como cofator na hidroxilação da prolina nos peptídeos pré-colágenos • Glicocorticoides em concentrações elevadas suprimem a ação osteoblástica; glicocorticoides, principalmente cortisol, são muito elevados em idosos • A ação do GH pode ser de formadireta ou de forma indireta que potencializam a atividade hormonal; O GH ao ser liberado pela hipófise, atua no fígado, estimulando o IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) que vai atuar no crescimento muscular, crescimento ósseo, diminuindo níveis de glicose no sangue, reduzindo níveis de gordura corporal, altera a oxidação lipídica e aumenta a síntese de proteínas • Estrogênio secreta apoproteínas C2 e C3 (proteínas que se ligam a algum grupo proteico); ou seja, o estrogênio é um protetor do coração; lipoproteínas transportam lipídios; HDL leva colesterol de células da periferia para o fígado, passando pela corrente sanguínea; a reposição de estrogênio pode provocar câncer de mama, por exemplo, em certas situações • O PTH liga-se a um receptor específico, estimulando a produção de cAMP, o transporte de íons e aminoácidos e a síntese do colágeno. O calcitriol estimula a síntese de fosfatase alcalina, de proteínas específicas do osso e da matriz e pode diminuir a secreção de osteocalcina Estímulo fisiológico: • Estímulos compressivos fisiológicos, suporte de peso e contração muscular aumenta os índices de formação óssea • Indivíduos que se exercitam frequentemente terão uma boa “reserva” futuramente, pois terão uma boa massa óssea • A diminuição da função renal, da síntese de vitamina D e da ingestão dela, provoca a diminuição do calcitriol e menor absorção de cálcio no intestino, provocando balanço extracelular de cálcio negativo. Além disso, a deficiência estrogênica também provoca essa diminuição da absorção de cálcio no intestino, onde a reabsorção óssea se acentua, assim como o cálcio urinário (também resultante do sódio urinário elevado). E esse aumento da reabsorção também resulta no balanço extracelular de cálcio negativo, o que faz com que o PTH aumente, havendo perda óssea Distúrbios relacionados ao cálcio: • Hipercalcemia associada à malignidade (HCM) é a produção, por tumores ou suas metástases, de proteína relacionada ao paratormônio (PTHrP), que pode circular no sangue e possui atividade similar ao PTH, resultando em hipercalcemia, hipofosfatemia, fosfatúria, aumento da reabsorção renal de cálcio e ativação dos osteoclastos • Os sinais clínicos da hipocalcemia são, principalmente, devido à irritabilidade neuromuscular. Dormência, formigamento, câimbras, tétano e até convulsões podem ocorrer. As causas estão associadas ao baixo PTH, ao cálcio sérico diminuído que causa hipertireoidismo secundário, e a resistência ao PTH • Deficiência, distúrbios adquiridos ou hereditários do metabolismo e resistência à vitamina D podem ocorrer. As causas mais comuns de sua carência são: Baixa exposição à luz solar; ingestão de uma dieta pobre em vitamina D; má absorção de vitamina D causada por doença celíaca, doença de Crohn, insuficiência pancreática, secreção inadequada de sal biliar.; Doenças no fígado e insuficiência renal Doença metabólica óssea: • A osteoporose é uma redução significativa da densidade mineral óssea o que leva ao aumento da suscetibilidade a fraturas. Ela está associada ao envelhecimento. A taxa de perda óssea é acelerada nas mulheres após a baixa de estrogênio na menopausa. A perda óssea progressiva é um resultado do relativo aumento da reabsorção ou decréscimo da absorção óssea • Fatores de risco: tabagismo; consumo excessivo de álcool e cafeína; anorexia; sexo feminino de origem caucasiana ou asiática; menopausa prematura ou menstruação irregular; exercício excessivo; sedentarismo ou imobilização; dieta pobre em cálcio Prática médica: • Alterações no metabolismo ósseo raramente provocam dor • Existe fatores de risco na referida paciente para evolução de osteoporose? Sim, a mulher além de ser sedentária, foi fumante, possui histórico familiar, baixa de vitamina D, baixo índice de baixa corporal • Há medidas não farmacológicas que podem ser adotadas para essa senhora? Sim, exercícios físicos sem impacto, de preferência que sejam contra a força, alimentação mais adequada envolvendo verduras, legumes, produtos a base de cálcio, como laticínios. Além disso, pegar sol, de preferência, durante 20 minutos, com protetor de fator 60 no mínimo no rosto • Quais as principais consequências da osteoporose para essa paciente? Fraturas, principalmente do colo de fêmur, dor, limitação de movimento, imobilização abrupta, impotência por conta de artroses
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