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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 Página | 1 Distúrbios ósseos e níveis de Ca MEDICINA LABORATORIAL: SP 3.3 FISIOLOGIA → O cálcio e o fosforo são os principais constituintes do tecido ósseo. → Além de participar da estrutura óssea, o cálcio e o fosforo são responsáveis por várias outras funções importantes como: • ativação neuronal; • contração muscular (liso, esquelético e cardíaco); • secreção hormonal; • Coagulação. → Os ossos funcionam como grandes reservatórios, liberando cálcio quando há hipocalcemia e retendo-o no caso de hipercalcemia. → O fósforo é encontrado na forma de fosfato na natureza e, no organismo humano, representa 0,5 a 1,1% do peso corporal do recém-nascido e do adulto, respectivamente. METABOLISMO DO CÁLCIO → Principal mineral no ser humano constituindo cerca de 2% do peso corpóreo; → 99% do cálcio encontrado em ossos e dentes e o 1% restante está no sangue e líquidos extracelulares e no interior das células; → Fontes alimentares: Leite e derivados; Hortaliças e vegetais folhosos; → Funções: coagulação sanguínea, contração muscular, excitabilidade neuromuscular, permeabilidade capilar, cofator enzimático e 2° mensageiro; → A concentração plasmática de Ca é de 8,5 a 10,4 mg/dL, podendo estar na forma livre, associado à proteínas ou formando complexos com ânions; → Necessidades diárias: Cerca de 800 a 1200mg/ dia; → A hipocalcemia pode acarretar irritabilidade, fraqueza muscular, a letargia e alterações ósseas como raquitismo, osteomalácia e osteoporose. → Diminuição mínima nas concentrações do cálcio pode causar, no sistema nervoso, aumento na permeabilidade da membrana neuronal aos íons sódio, permitindo início fácil dos potenciais de ação. → A homeostasia do cálcio envolve o trato gastrintestinal, os ossos e os rins de maneira complexa. METABOLISMO DO FOSFATO → Está armazenado em grandes quantidades nos ossos (80 a 85%) formando complexos com o Ca; → Cerca de 14% nos tecidos moles – 6% músculos na forma de creatina fosfato e ATP; Apenas 1% circulante; → Fontes alimentares: sementes de girassol e de abóbora, frutas secas, peixes como sardinha, carnes e os laticínios. → Funções: mineralização óssea; constituinte das membranas das células (fosfolipídeos); constituintes dos nucleotídeos e do ATP; manutenção do equilíbrio ácido-base e metabolismo energético. → A concentração plasmática de Fosfato é de 2,5 A 4,5 mg/dL podendo estar na forma livre ionizada, ligado a proteínas ou formando complexos com cátions. → Necessidades diárias: Cerca de 800 a 1000mg/dia (adulto). → Deficiência leve a moderada (Hipofosfatemia): Raquitismo, anorexia, fraqueza muscular. TECIDO ÓSSEO → Funções: • Sustentação e Proteção; • Manutenção do homeostasia mineral (Maior depósito de Ca no corpo). → Constituição do tecido ósseo: • Células Osteoprogenitoras: células alongadas e indiferenciadas responsáveis pela produção dos osteoblastos; • Osteoblastos; • Osteócitos; • Osteoclástos; • Matriz óssea. Osteoblastos: → sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanos; → concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz; → Possuem uma membrana plasmática rica em fosfatase alcalina e receptores para PTH, Vit. D e estrogênios. Osteócitos: → Osteoblastos maduros circundados pela matriz celular óssea; 2+ Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 Página | 2 → Sintetizam pequenas quantidades de matriz; → Mantém a integridade do osso e comunicam-se entre si através de canalículos; → Capazes de reabsorver o osso (osteólise osteocítica - reabsorção de Ca e P em osso ainda não mineralizado) Osteoclastos: → Contém enzimas lisossomais que desmineralizam e digerem a matriz óssea (atividade osteoclástica). Matriz Óssea (Ação osteoblástica): → Elementos orgânicos (35%): Fibras colágenas (90%), proteoglicanos e glicoproteínas (osteocalcina, osteopontina, osteonectina, sialoproteína); → Elementos inorgânicos (65%): íons fosfato, cálcio, bicarbonato, magnésio, potássio, sódio, zinco e hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2). REGULAÇÃO HORMONAL DO TECIDO ÓSSEO → Os metabólitos ativos da vitamina D e o PTH aumentam a expressão de uma citocina produzida pelos osteoblastos (RANKL) que se liga a receptores nos osteoclastos ativando-os resultando na reabsorção óssea. A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos através da interação com um receptor acoplado à proteína G. Paratormônio (PTH): → Composto por 84 aminoácidos; → Secretado pelas glândulas paratireóides; → Receptores nos ossos e nos rins; → Aumenta o cálcio sérico; → A produção do PTH depende dos receptores sensores de cálcio das células paratireoidianas; → Quantidade aumentada de cálcio inibe produção de PTH e quantidade diminuída de cálcio aumenta produção de PTH. Calcitonina: → Um segundo hormônio regulador de cálcio; → Produzido pelas células C da tireoide; → Polipeptídeo de 32 aminoácidos; → A calcitonina tem efeitos contrários aos do paratormônio e o aumento de cálcio plasmático é estímulo para sua secreção; → Promove a deposição de cálcio nos ossos e a eliminação de cálcio na urina, além de inibir a absorção desse material pelo intestino; → Liga-se em receptores nos osteoclastos - Inibição da reabsorção óssea. Hormônio do Crescimento (Gh), Estradiol, Progesterona e Estrogênios: → Estimulam a liberação de IGF-I e IGF-II (fatores de crescimento) - Estimula a formação óssea. Metabolismo da vitamina D: → Em 1922, McCollum e cols. identificaram um agente presente no óleo de fígado de bacalhau com propriedades regulatórias sobre o metabolismo ósseo e capaz de curar o raquitismo. → Estrutura molecular característica de hormônio; Três formas: D ativa: calcitriol; D2 ou ergocalciferol e D3 ou colecalciferol. → 90% sintetizada endogenamente a partir da ação dos raios U.V; 10% proveniente da dieta (atum, salmão e fungos comestíveis). → No intestino delgado aumenta a absorção de cálcio em até 40% e fósforo em até 80%; → No rim estimula a reabsorção de cálcio do filtrado glomerular; → Outras ações: inibição da angiogênese e da proliferação de tumores, estimulação da produção de insulina, inibição da renina e estimula a diferenciação celular dos macrófagos. → Diversos estudos têm sugerido que a deficiência de vitamina D possa estar associada com maior risco de desenvolver vários tipos de doenças entre elas: câncer, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes, infecciosas, neuromusculares e ósseas. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 Página | 3 → A vitamina D exerce importante efeito no metabolismo do cálcio e do fósforo, aumentando a absorção de cálcio pelo trato gastrintestinal, atuando também na deposição e reabsorção ósseas. → Estado de suficiência em 25(OH)D são: • suficiência: > 20 ng/mL; • insuficiência: 12 - 20 ng/mL; • deficiência: 5 - 12 ng/mL; • deficiência grave: < 5 ng/mL. → Na pele, o precursor da vitamina d, o 7- deidrocolesterol, é transformado em vitamina D3 (colecalciferol) sob a luz solar. A vitamina d3 vai passar por um processo de 25 hidroxilação no fígado, através da 25 hidroxilase, se transformando em 25OHD. A segunda etapa de ativação ocorre nos rins através de uma enzima chamada 1 alfa hidroxilase, formando a 1,25(OH)2D3. → A 1,25(OH)2D3 é a forma ativa da vitamina D, que vai atuar no intestino, aumentando absorção de cálcio e vai atuar nas paratireoides inibindo produção de PTH. ENVELHECIMENTO DO SISTEMA ÓSSEO → Perda da massa óssea – Desequilíbrio na reposição óssea; → Suporta menos carga e resiste menos a forças externas; → Maior risco de fraturas: vértebras, fêmur e quadril (mulheres 32%; homens 17%)- somente 1/3 se recuperam completamente. → Alterações na postura e no caminhar; → Densidade óssea reduz progressivamente aos 50 anos em ambos os sexos; Mais rapidamente na mulher devido às alterações hormonais. OSTEOPOROSE → Osteoporose é uma doença metabólica, sistêmica, que acomete todos os ossos. A prevalência da osteoporose, acompanhada da morbidade e mortalidade de suas fraturas, aumenta a cada ano. Desequilíbrio entre formação (menor atividade dos osteoblastos) e reabsorção óssea (maior atividade dos osteoclastos): → Diminuição da massa óssea; → Diminuição do osso mineralizado; → Colágeno normal; Fatores ambientais: Cigarro, dieta pobre em cálcio, sedentarismo, excesso de cafeína, dieta rica em proteínas animais, álcool. Osteoporose Senil: → Homem > 50 anos e Mulher > 65-70 anos; → Causas: Deficiência de Vit. D e insuficiência renal crônica (esgota a produção de VitD). → Achados laboratoriais: PTH, calcitonina, hipercalcemia, VitD Osteoporose pós-menopausa: → Deficiência de estrogênios, absorção intestinal e renal, VitD. DOENÇA RENAL CRÔNICA, FÓSFORO E CÁLCIO → Os rins controlam o equilíbrio entre o cálcio e o fósforo. → Quando a função renal diminui, torna-se difícil a eliminação do fósforo em excesso. O fósforo acumula- se no organismo e liga-se ao cálcio, o que, por sua vez, diminui os níveis de cálcio, sinalizando as glândulas paratiroides para liberar PTH. → A vitamina D é necessária para absorver o cálcio e o fósforo. Para a vitamina D funcionar adequadamente, tem que ser “ativada” pelos rins. Se a função renal se encontra diminuída, esta capacidade de ativar a vitamina D é também afetada.
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