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TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM) O Trauma Raquimedular (TRM) é uma condição súbita e possui na maioria das vezes, resultados catastróficos tanto para o indivíduo, quanto para família e sistema de saúde. Epidemiologicamente, esta condição acomete geralmente adultos jovens do sexo masculino entre 16 e 30 anos. Estudos apontam que cerca de 40% dos indivíduos acometidos por essa condição, são devido a acidentes automobilísticos, além disso, as quedas, questões relacionadas a violência e ao trabalho e esportes são fatores de risco. De acordo com a classificação neurológica, cerca de 34% são lesões tetraplégicas incompletas, seguidas das lesões de paraplegia incompleta ocupando 19%. Anatomicamente, a coluna vertebral é formada por 33 vértebras, sendo elas, 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. O canal vertebral é formado anteriormente pelo arco vertebral e posteriormente pelo corpo da vértebra, dando origem ao canal que a medula espinal (ME) se aloja e é protegida. A medula espinal se inicia a partir de vértebra atlas (C1) e termina entre a primeira e segunda vértebra lombar e tem como principal função, a transmissão de informações aferentes ao encéfalo e eferentes dele para todo o corpo, com exceção da cabeça e parte do pescoço. A medula espinal se divide em segmentos e cada segmento possui seu par de nervos. São 31 pares de nervos espinal se originando da ME, sendo 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares. 5 sacrais e 1 coccígeo. As raízes nervosas recebem informações sensitivas e motoras, as informações originalmente sensitivas são transmitidas pelas áreas chamadas de dermátomos, enquanto que as raízes nervosas que inervam um grupo muscular, são denominadas miótomos. A ME possui um grande potencial de condutor de impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e outras regiões. Esta estrutura possui tratos que se orientam de forma longitudinal (substância branca) que envolvem áreas centrais (substância cinzenta), em que a maioria dos corpos vertebrais estão localizados. A substância cinzenta por sua vez, pode ser dividida em 3 partes, sendo elas a anterior, lateral e posterior. No corno anterior desta, estão localizados os corpos celulares dos neurônios motores, enquanto que no corno posterior, encontram-se os neurônios sensitivos. Desta forma, as fibras motoras do corno anterior se juntam as fibras sensitivas do corno posterior e formam os nervos espinais. O TRM pode ser considerada uma lesão que acomete a estrutura de medula espinal, seja por trauma ou alterações congênitas e infecções, levando a alterações em seu funcionamento. O TRM pode ser classificado de acordo com a etiologia, sendo: lesões medulares traumáticas e lesões medulares não traumáticas. A lesões traumáticas podem ser categorizadas por acidentes automobilísticos, quedas, violência e esportes, enquanto que as não traumáticas podem ser advindas de disfunções vasculares, subluxações por doenças articulares degenerativas, infecções e etc. Acredita-se que o TRM ocorre em duas etapas, que abrange um mecanismo primário e um secundário. O primário é representado pela lesão mecânica inicial a partir da deformação da energia no local, enquanto que o secundário abrange uma cascata de processos bioquímicos e celulares, que ocorrem a partir do mecanismo primário e que causam danos celulares contínuos e de morte celular. O mecanismo primário mais comum, é o impacto de estruturas osteoligamentares contra a ME devido a elevação das forças de translação, como em flexão, extensão, rotação axial ou compressão vertebral. Desta forma, a ME pode ser esmagada, comprimida ou distendida, e sofrer ruptura. As situações com armas de fogo, objetos pontiagudos e etc, podem atribuir a ME uma mistura de laceração, concussão, contusão e/ou compressão. Já nos mecanismos secundários, as cascatas bioquímicas ocorrem após o evento inicial e dão origem a uma lesão continua e contribui para a deterioração neurológica. Essa etapa pode levar a alterações vasculares, aparecimento de aminoácidos excitatórios, desestabilização da membrana celular, formação de radicais livres e mediadores inflamatórios. As perdas sensoriais e motoras vão depender do grau de ruptura da ME, sendo que essas lesões podem ser completas ou incompletas. De uma maneira geral, essas lesões podem causar paraplegia ou tetraplegia, comprometimentos respiratórios por diafragma ou nervo frênico, alterações de tônus, disfunções vesicais, intestinais e sexuais, outras complicações, como ulceras de pressão disreflexia autonômica levando a alterações de pressão arterial, hipotensão postural, contraturas, TVP, dor e osteoporose, além das alterações sensoriais e motoras propriamente ditas. Os primeiros atendimentos aos suspeitos de TRM são cruciais para amenizar os efeitos do quadro. A averiguação de exames de imagem é essencial para a visualização das condições anatômicas do paciente. A avaliação e classificação neurológica são padronizadas através da American Spinal Injury Association (ASIA). A escala de alteração ASIA possui escores de A á E. A avaliação do tônus musculares é essencial, pois em muitos casos se encontram aumentados, com espasticidade. É necessário também avaliar o estado respiratório do paciente. Avaliar também a amplitude de movimento d todas as articulações, desde cima até abaixo da lesão e verificar a função muscular. Paciente acometido por lesão completa a nível sensório motor em T11, tem como objetivos doutrinar um esquema respiratório de forma preventiva, manter a ADM de todas as articulações, de acordo com a possibilidade do paciente, realizar um trabalho muscular com mantimento e fortalecimentos dos grupos musculares, erudir o paciente, família e cuidadores sobre as principais medidas a serem tomadas, melhorar tônus muscular, promover mobilidade no leito, trabalhar marcha, dissociação de cinturas. A conduta fisioterapêutica pode se abranger na realização de cinesioterapia, através da movimentação passiva com muito cuidado, fortalecimento seletivo de músculos de membros superiores e tronco, orientações sobre posicionamentos adequados, tanto no momento da sessão em uma prancha ortostática, quanto em casa na cadeira de rodas, realizar treinamentos de mudança de decúbito, decúbito dorsal para lateral, decúbito lateral para sentado no leito, sentado no leite para a cadeira de rodas. A hidroterapia e o Kabat são terapias que podem ser utilizadas para o ganho de ADM e fortalecimento de membros superiores e tronco, a utilização da bola suíça para trabalho de dissociação de cinturas, emprego da cinesioterapia (alongamento, fortalecimento, descarga de peso e equilíbrio). Para trabalho de marcha, podem ser feitos exercícios na barra paralela, posteriormente andador e por fim com dispositivos de auxílio a mobilidade.
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