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Clara-dos-Anjos-Lima-Barreto

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1
 Clara dos anjos
lima Barreto
OBRA
literÁria
Lima Barreto
Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, 
no dia 13 de maio de 1881, foi escritor e jornalista. Filho 
de Joaquim Henriques e Amália Augusta, ambos pobres e 
mestiços, sofreu esse preconceito em toda sua vida. Seu pai 
era tipógrafo e sua mãe, professora primária. Logo cedo, 
ficou órfão de mãe.
Estudou no Liceu Popular Niteroiense, concluiu o curso se-
cundário no Colégio Pedro II e fez faculdade de Engenharia 
na Escola Politécnica. Seu pai enlouqueceu e foi interna-
do, por isso, em 1904, foi obrigado a abandonar o curso 
de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na 
Secretaria de Guerra e, concomitantemente, escrevia para 
alguns jornais do Rio de Janeiro. 
Ainda estudante, já colaborava para a Revista da Época e 
para a Quinzena Alegre. Em 1905, passou a escrever para 
o Correio da Manhã, que era um jornal de grande prestígio 
na época.
Lima Barreto publicou o romance Recordações do escrivão 
Isaías Caminha, em 1909. O texto acompanha a trajetória 
de um jovem mulato que, vindo do interior, sofre sérios pre-
conceitos raciais. Em 1915, escreveu Triste fim de Policarpo 
Quaresma e, em 1919, escreveu Vida e morte de M.J. Gon-
zaga de Sá. Esses três romances apresentam nítidos traços 
autobiográficos.
A obra-prima de Lima Barreto, não perturbada pela carica-
tura, foi Triste fim de Policarpo Quaresma, na qual o autor 
conta o drama de um velho aposentado, Policarpo, em sua 
luta pela salvação do Brasil.
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Com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo 
com a mediocridade reinante, Lima Barreto se entrega ao 
álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes 
para o hospício. Em 1° de novembro de 1922, morreu de-
vido a um ataque cardíaco.
CLara dos anjos
Concluído em 1922, ano da morte de Lima Barreto, o ro-
mance Clara dos Anjos é uma denúncia áspera do precon-
ceito racial e social, vivenciado por Clara, uma jovem mu-
lata de 17 anos. Ela é filha de Joaquim dos Anjos, carteiro, 
flautista e casado com Engrácia, dona de casa. Eles moram 
em um casebre simples e humilde que possui dois quartos, 
sala de jantar e de visitas, cozinha, despensa e quintal, si-
tuada no subúrbio do Rio de Janeiro.
A família não frequenta a casa dos outros, apenas a de 
Antônio da Silva Marramaque, padrinho de Clara. Possui 
poucos vizinhos, inclusive alguns deles eram estrangeiros.
Em seu aniversário, Clara conhece o violeiro que fora con-
vidado para tocar na festa... Seu nome é Cassi Jones de 
Azevedo.
Cassi Jones é branco (a questão racial é preponderante 
para o enredo, sobretudo no conjunto da obra de Lima Bar-
reto), tem vinte e poucos anos e possui fama de sedutor. De 
classe mais abastada, sempre envia cartas de amor a Clara 
para que ela se apaixone.
Clara acredita na pureza do amor, é ingênua e frágil e não 
possui grandes ambições. O plano do rapaz dá certo e ela 
resolve se entregar a ele. O padrinho de Clara intercede 
pela afilhada, mas é assassinado por Cassi e uns capangas.
Passa o tempo, descobre-se que a moça está grávida e, 
logo, Cassi desaparece em fuga. Clara pensa em interrom-
per a gravidez, todavia segue o conselho de sua mãe e vai 
à casa de Cassi esperando “reparação”, mas é maltratada 
pela mãe do rapaz, que a humilha por ser mulata e pobre. 
Portanto, tudo isso faz com que Clara se dê conta de sua 
posição na sociedade, do lugar da mulher, que é pobre e 
negra do subúrbio carioca.
Estética
O Realismo/Naturalismo, que tanto influenciou Lima Barre-
to na composição de Clara dos Anjos, é cientificista e deter-
minista, considerando que as ações humanas são produtos 
de leis naturais: do meio, das características hereditárias e 
do momento histórico. Portanto, os romances naturalistas 
procuravam, através da representação literária, demonstrar 
teses extraídas de teorias científicas. Para isso, o Naturalis-
mo buscou compor um registro implacável da realidade, 
incluindo seus aspectos repugnantes e grotescos. São exa-
tamente esses os aspectos que mais chamam a atenção na 
narrativa exagerada de Clara dos Anjos.
Temática
Em Clara dos Anjos, relata-se a estória de uma pobre mula-
ta, filha de um carteiro de subúrbio, que apesar das caute-
las excessivas da família, é iludida, seduzida e, como tantas 
outras, desprezada, enfim, por um rapaz de condição social 
menos humilde que a sua. É uma estória na qual se tenta 
pintar em cores ásperas o drama de tantas outras moças 
da mesma cor e do mesmo ambiente. O romancista procu-
rou fazer de sua personagem uma figura apagada, de na-
tureza “amorfa e pastosa“, como se nela quisesse resumir 
a fatalidade que persegue tantas criaturas de sua casta.
Linguagem
Com uma linguagem descuidada, suas obras são impreg-
nadas da justa preocupação com os fatos históricos e com 
os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de 
cronista e um caricaturista, vingando-se da hostilidade dos 
escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles 
contos e romances que revelavam a vida cotidiana das 
classes populares, sem qualquer idealização.
Produz um tipo de literatura que se distancia dos padrões 
e, por isso, foi muito criticado pelos beletristas tradicionais. 
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As injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas 
da república são as temáticas primordiais de suas obras.
Espaço
O romance se passa no subúrbio carioca e Lima Barreto 
descreve o ambiente suburbano com riqueza de detalhes, 
como os vários tipos de “casas, casinhas, casebres, barra-
cões, choças”, e a vida das pessoas que ali vivem.
Ao descrever o subúrbio, aborda o advento dos “bíblias”, 
os protestantes que alugam uma antiga chácara e passam 
a conquistar novos fiéis para seu culto:
Joaquim dos Anjos ainda conhecera a “chácara“ ha-
bitada pelos proprietários respectivos; mas, ultima-
mente, eles se tinham retirado para fora e alugado 
aos “bíblias“... O povo não os via com hostilidade, 
mesmo alguns humildes homens e pobres raparigas 
dos arredores frequentavam-nos, já por encontrar 
nisso um sinal de superioridade intelectual sobre os 
seus iguais, já por procurarem, em outra casa religiosa 
que não a tradicional, lenitivo para suas pobres almas 
alanceadas, além das dores que seguem toda e qual-
quer existência humana.
E reflete sobre a nova seita:
Era Shays Quick ou Quick Shays daquela raça curio-
sa de yankeesfundadores de novas seitas cristãs. De 
quando em quando, um cidadão protestante dessa 
raça que deseja a felicidade de nós outros, na terra e 
no céu, à luz de uma sua interpretação de um ou mais 
versículos da Bíblia, funda uma novíssima seita, põe-
-se a propagá-la e logo encontra dedicados adeptos, 
os quais não sabem muito bem por que foram para 
tal novíssima religiãozinha e qual a diferença que há 
entre esta e a de que vieram.
Personagens principais
 § Clara, a “natureza elementar”: tem 17 anos, é 
ingênua e fora criada “com muito desvelo, reca-
to e carinho; e, a não ser com a mãe ou pai, só 
sai com dona Margarida, uma viúva muito séria, 
que mora nas vizinhanças e ensina à Clara bor-
dados e costuras”. Clara é a segunda filha do 
casal, “o único filho sobrevivente... Os demais... 
Haviam morrido”.
 § Cassi, o corruptor: por intermédio de Lafões, o 
carteiro Joaquim passa a receber em casa o pre-
tendente de Clara, Cassi Jones de Azevedo, que 
pertence a uma posição social melhor.
 § Joaquim dos Anjos: é um carteiro que se acha 
ser músico. Escreveu algumas valsas, tangos e 
polcas.
 § Dona Engrácia: é católica romana e traz seus 
filhos para a mesma religião. Caracteriza-se por 
ser caseira, com uma boa dose de insegurança 
e rudeza.
 § Eduardo Lafões: é um homem simplório, que 
vive em círculos limitados, habituado a ver o 
valor dos homens nas roupas e no parentesco, 
gosta de assuntos de comércio. Frequenta, aos 
domingos, a casa de Joaquim para jogar o solo.
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A crítica
Lima Barreto claramente não gostava da influência 
dos EUA no Brasil, especialmente critica as “novas seitas 
cristãs”. 
Como colocou Antônio Arnoni Prado sobre o tom profético:
O autor de Clara dos Anjos interessou-se pelos Esta-
dos Unidos, em virtude do tratamento desumano que 
este país dispensava aos seus cidadãos de cor. (...) 
Censurou duramente a discriminação racial estaduni-
dense, assim como o expansionismo imperialista dos 
yankees, que, através da diplomacia do dólar, ia, a seu 
ver, convertendo o Brasil num autêntico protetorado.
Clara é uma mulata pobre, que vive no subúrbio carioca 
com seus pais, Joaquim e Engrácia, mulher “sedentária 
e caseira”. Joaquim era carteiro, “gostava de violão e de 
modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já 
foi muito estimado em outras épocas, não o sendo atu-
almente como outrora”. Também “compunha valsas, tan-
gos e acompanhamentos de modinhas”. Além da música, 
a outra diversão do pai de Clara era passar as tardes de 
domingo jogando solo com seus dois amigos: o compadre 
Marramaque e o português Eduardo Lafões, um guarda de 
obras públicas.
Clara engravida e Cassi Jones desaparece. Convencida pela 
vizinha, dona Margarida, que procurara na tentativa de 
conseguir um empréstimo e fazer um aborto, ela confessa 
o que está acontecendo à sua mãe. É levada a procurar a 
família de Cassi e pedir “reparação do dano”. A mãe do 
rapaz humilha Clara, mostrando-se profundamente ofen-
dida porque uma negra quer se casar com seu filho. Clara 
“agora é que tinha a noção exata da sua situação na so-
ciedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos 
seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do 
seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça 
como as outras; era muito menos no conceito de todos”.
O autor representa, na figura de Clara e no seu drama, a 
condição social da mulher, pobre e negra, geração após 
geração. No final do romance, consciente e lúcida, Clara 
reflete sobre a sua situação:
O que era preciso, tanto a ela como às suas iguais, 
era educar o caráter, revestir-se de vontade, como pos-
suía essa varonil dona Margarida, para se defender de 
Cassi e semelhantes, e bater-se contra todos os que se 
opusessem, por este ou aquele modo, contra a eleva-
ção dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às 
outras, senão o conceito geral e a covardia com que 
elas o admitiam...
No final do livro, especialmente na cena final, ao relatar o 
que se passara na casa da família de Cassi Jones para a 
sua mãe, conclui, em desespero, como se falasse em nome 
dela, da mãe e de todas as mulheres em iguais condições: 
“— Nós não somos nada nesta vida”.
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AplicAndo pArA Aprender
 1. (UFU)
Texto I
O único personagem feminino que escapa ao 
estereótipo de “coisa amorfa e pastosa” nesse 
romance (Clara dos Anjos) é dona Margarida, 
uma forte e voluntariosa senhora alemã, de 
olhos azuis e “traços enérgicos”. 
MICHELETTI, Guaraciaba. Contra o racismo e a 
injustiça. In: BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. 
Rio de Janeiro: Ática, 2011, p. 10. 
Texto II 
A mórbida ternura da mãe por ele, a que não 
eram estranhas as suas vaidades pessoais, 
junto à indiferença desdenhosa do pai, com o 
tempo, fizeram de Cassi o tipo mais completo 
de vagabundo doméstico que se pode imagi-
nar. É um tipo bem brasileiro. Se já era egoís-
ta, triplicou de egoísmo. Na vida, ele só via o 
seu prazer, se esse prazer era o mais imediato 
possível. Nenhuma consideração de amizade, 
de respeito pela dor dos outros, pela desgraça 
dos semelhantes, de ditame moral o detinha, 
quando procurava uma satisfação qualquer. Só 
se detinha diante da força, da decisão de um 
revólver empunhado com decisão. 
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São 
Paulo: Ática, 2011, p. 35. 
Com base nos textos, faça o que se pede. 
a) Dona Engrácia, esposa de Joaquim dos Anjos 
e mãe de Clara, encaixa-se na definição do 
texto I. Apresente, em um parágrafo, as ca-
racterísticas de dona Engrácia que revelam, 
no contexto da obra, que ela é “coisa amorfa 
e pastosa”.
b) Para além da condição de progenitora, dona 
Salustiana, mãe de Cassi Jones, protegia-o de 
forma desmesurada, com grande intensidade. 
A partir da leitura do texto II, explique, em 
um parágrafo, os planos e objetivos de dona 
Salustiana para defender o filho dos crimes 
que este cometia.
 2. (UFU) Uma dúvida lhe veio, ele era branco; 
ela mulata. Mas, que tinha isto? Havia tantos 
casos... Lembra-se de alguns... E ela estava 
tão convencida de haver uma paixão sincera 
no valdevinos, que, ao fazer esse inquérito, 
já recolhida, ofegava, chorava, e os seus seios 
duros quase estouravam de virgindade e an-
siedade de amar.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo: 
Tecnoprint/Ediouro, s/d, p. 100. 
a) Elabore um texto explicando quais as conse-
quências advindas do rápidoromance entre a 
ingênua Clara dos Anjos e o conquistador Cassi 
Jones, em pleno Rio de Janeiro do século XIX.
b) Elabore um texto explicando os motivos da 
reação negativa de dona Salustiana, mãe de 
Cassi Jones, quando Clara dos Anjos a visitou 
acompanhada de dona Margarida.
 3. (UFU) 
— Mamãe, Mamãe! 
— Que é minha filha? 
— Nós não somos nada nesta vida. 
Todos os Santos – Rio de Janeiro – Dezembro 
de 1921-janeiro de 1922. 
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. 
Tecnoprint/Ediouro, s/d, p. 77. 
De acordo com o trecho acima, assinale a al-
ternativa correta. 
a) O diálogo entre dona Engrácia e sua filha Cla-
ra simboliza de forma alegórica a desumani-
zação da mulher negra e pobre, numa socie-
dade regida por D. Pedro I, mas manipulada 
por uma elite branca preconceituosa.
b) Este pequeno diálogo pode ser considerado 
uma metáfora de uma classe social típica da 
primeira república: indivíduos escravos, sem 
perspectiva de ascensão econômica, os quais 
lutavam pela assinatura da lei Áurea.
c) O diálogo entre Clara e sua mãe, Engrácia, 
que aparece ao final do romance Clara dos 
Anjos, publicado em plena monarquia, sim-
boliza a falta de perspectiva da mulher negra, 
analfabeta e pobre.
d) Este pequeno diálogo, que fecha o final do 
romance Clara dos Anjos, pode ser conside-
rado uma metáfora do sofrimento de uma 
classe social que, mesmo com a assinatura da lei 
Áurea, continuava estigmatizada etnicamente.
 4. (UEPB) Considere as afirmações: 
I. Os pensamentos de Clara revelam as difi-
culdades da mulher em geral, negra em 
particular, nas últimas décadas do século 
XIX e primeiras décadas do século XX, em 
ter seus direitos assegurados num país 
que se transforma mas ainda mantém ve-
lhas estruturas oligárquicas de exclusão: 
“Ela devia ter aprendido da boca dos seus 
pais que a sua honestidade de moça e de 
mulher tinha todos por inimigos”. 
II. As trajetórias de Cassi e Clara demonstram 
ao longo do romance como, a despeito 
de serem ambos da pequena burgue-
sia sem posses, as relações sociais não 
deixaram de ser ainda fortemente raciali-
zadas: “Ora, uma mulatinha, filha de um 
carteiro!”. 
III. Em Clara dos Anjos, em meio a seus mui-
tos tipos humanos, aparecem na narrativa 
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personagens nos quais sobressai uma espé-
cie de força moral incorruptível, humana e 
solidária, como dona Margarida: “O que era 
preciso, tanto a ela como as suas iguais, era 
educar o caráter, revestir-se de vontade, 
como possuía essa varonil dona Margarida, 
para se defender de Cassi e semelhantes, e 
bater-se contra todos os que se opusessem, 
por este ou aquele modo, contra a elevação 
dela, social e moralmente”.
a) Nenhuma está correta.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I está correta.
e) Todas estão corretas.
 5. (UEPB) Considere o fragmento de Clara dos 
Anjos para responder à questão. 
A educação que recebera, de mimos e vigilân-
cias, era errônea. Ela devia ter aprendido da 
boca dos seus pais que a sua honestidade de 
moça e de mulher tinha todos por inimigo, 
mas isto ao vivo, com exemplos, claramente... 
O bonde vinha cheio. Olhou todos aqueles ho-
mens e mulheres... Não haveria um talvez, en-
tre toda aquela gente de ambos os sexos, que 
não fosse indiferente à sua desgraça... Ora, 
uma mulatinha, filha de um carteiro! O que 
era preciso, tanto a ela como as suas iguais, 
era educar o caráter, revestir-se de vontade, 
como possuía essa varonil D. Margarida, para 
se defender de Cassis e semelhantes, e ba-
ter-se contra todos os que se opusessem, por 
este ou aquele modo, contra a elevação dela, 
social e moralmente. Nada a fazia inferior às 
outras, senão o conceito geral e a covardia 
com que elas o admitiam...
Chegaram em casa; Joaquim ainda não tinha 
vindo. D. Margarida relatou a entrevista, por 
entre o choro e os soluços da filha e da mãe. 
Num dado momento, Clara ergueu-se da ca-
deira em que se sentara e abraçou muito 
fortemente a mãe, dizendo, com um grande 
acento de desespero:
— Mamãe! Mamãe! 
— Que é minha filha?
— Nós não somos nada nesta vida.
Assinale a alternativa correia.
a) Clara dos Anjos é ambientado em uma cida-
de imaginária, na qual a estrutura agrária 
do Brasil colonial e de suas relações sociais 
tradicionais não permitia casamentos entre 
brancos e negros.
b) Em Clara dos Anjos e em suas principais 
obras, a linguagem de Lima Barreto é o portu-
guês parnasiano, no qual o trabalho retórico 
com a linguagem tinha prioridade sobre sua 
comunicabilidade.
c) O romance Clara dos Anjos é narrado em 
terceira pessoa por um narrador que emite 
opiniões e juízos de valor sobre as persona-
gens e as cenas que narra.
d) Os personagens de Clara dos Anjos são pobres 
que, à força de viverem em uma sociedade de 
privilégios, sucumbem, sem exceção, à cor-
rupção e à miséria.
e) Clara dos Anjos é um romance de resignação, 
que nos ensina a nos conformarmos com o 
lugar que nos é previamente reservado em 
nossa sociedade, sem lutar por condições hu-
manas mais dignas nem por cidadania plena. 
 6. (Enem)
Texto I
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza 
toda íntima não vos seria revelado por mim se 
não julgasse, e razões não tivesse para julgar, 
que este amor assim absoluto e assim exage-
rado e partilhado por todos vos. Nós somos ir-
mãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas 
cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque 
soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a 
polícia, mas porque nos une, nivela e agremia 
o amor da rua. E este mesmo o sentimento im-
perturbável e indissolúvel, o único que, como 
a própria vida, resiste as idades e as épocas.
RIO. J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
Texto II
A rua dava-lhe uma forca de fisionomia, mais 
consciência dela. Como se sentia estar no seu 
reino, na região em que era rainha e impe-
ratriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de 
inveja das mulheres acabavam o sentimento 
de sua personalidade, exaltavam-no ate. Diri-
giu-se para a rua do Catete com o seu passo 
miúdo e solido. [...] No caminho trocou cum-
primento com as raparigas pobres de uma 
casa de cômodos da vizinhança.
[...] E debaixo dos olhares maravilhados das 
pobres raparigas, ela continuou o seu cami-
nho, arrepanhando a saia, satisfeita que nem 
uma duquesa atravessando os seus domínios.
BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos Anjos. 
Rio de Janeiro: Mérito (fragmento).
A experiência urbana e um tema recorrente 
em crônicas, contos e romances do final do 
século XIX e início do XX, muitos dos quais 
elegem a rua para explorar essa experiência. 
Nos fragmentos I e II, a rua é vista, respecti-
vamente, como lugar que: 
a) desperta sensações contraditórias e desejo de 
reconhecimento.
b) favorece o cultivo da intimidade e a exposi-
ção dos dotes físicos.
c) possibilita vínculos pessoais duradouros e en-
contros casuais.
d) propicia o sentido de comunidade e a exibi-
ção pessoal.
e) promove o anonimato e a segregação social.
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Gabarito
 1.
a) Dona Engrácia é uma “coisa amorfa e pas-
tosa”, pois representa o estereótipo da 
tradicional mulher brasileira do início do 
século XX: sua submissão às vontades do 
marido, sua religiosidade e seu descaso 
com os reais sentimentos da filha ilustram 
um panorama do Brasil patriarcal.
b) Dona Salustiana temia aparentar ser uma 
mulher que era, de classe média; por esse 
motivo, temia que seu filho se envolvesse 
com mulheres mais pobres ou mesmo tra-
balhasse. Para tanto, usa de sua influência 
e contrata advogados para que seu filho 
saia impune, mesmo que tal comporta-
mento fosse antiético ou prejudicial para 
a formação do caráter do próprio filho.
 2. 
a) Do breve romance entre Clara dos An-
jos e Cassi Jones, ocorreram a gravidez 
dela, a qual se tornaria mãe solteira em 
um contexto social que não aceitava esse 
fato, colocando-a em situação desonrosa; 
o assassinato do padrinho dela, Marrama-
que, personagem que tentava alertá-la a 
respeito de Cassi Jones; processo de ama-
durecimento de Clara, percebendo que sua 
condição depende da visão da sociedade 
em que vive – nitidamente vítima do de-
terminismo de meio.
b) Dona Salustiana não aceita Clara dos An-
jos, pois a protagonista representa o opos-
to de Cassi Jones: ela é afrodescendente, 
pertence à classe baixa da sociedade, resi-
de em áreas marginais. Por esses motivos, 
dona Salustiana não aceita que Clara sin-
ta-se em condições de ser reparada pela 
situação de desonra ocasionada por Cassi 
Jones.
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