CONTRATO DE DEPÓSITO

Prévia do material em texto

NO DEPÓSITO, O DEPOSITÁRIO RECEBE UM OBJETO MÓVEL, PARA 
GUARDAR, ATÉ QUE O DEPOSITANTE O RECLAME (ART. 627 DO CC/02). 
PERCEBE-SE QUE A PRINCIPAL FINALIDADE É A GUARDA DE COISA ALHEIA. 
Suas características essenciais são: 
• GRATUIDADE DO CONTRATO (EXCETO SE HOUVER 
CONVENÇÃO EM CONTRÁRIO, SE RESULTANTE DE ATIVIDADE 
NEGOCIAL OU SE O DEPOSITÁRIO O PRATICAR POR PROFISSÃO 
– ART. 628 DO CC/02); 
• NECESSIDADE DE O OBJETO SER MÓVEL CORPÓREO; 
• APERFEIÇOAMENTO COM A TRADIÇÃO DO OBJETO 
(CONTRATO REAL); E 
• A GUARDA COMO A FINALIDADE PRINCIPAL. 
NOS CASOS DO DEPÓSITO ONEROSO, NÃO CONSTANDO A RETRIBUIÇÃO 
DO DEPOSITÁRIO EM LEI, NEM DE AJUSTE ENTRE AS PARTES, SERÁ 
DETERMINADA PELOS USOS DO LUGAR, E, NA FALTA DESTES, POR 
ARBITRAMENTO (ART. 628, PARÁGRAFO ÚNICO DO CC/02). 
Os atores da relação de depósito são: 
• O DEPOSITANTE, AQUELE QUE CONFIA A COISA A OUTREM; E 
• O DEPOSITÁRIO, QUEM RECEBE A COISA MÓVEL PARA 
GUARDAR. 
POR SE COMPLETAR APENAS COM A TRADIÇÃO DO OBJETO MÓVEL, O 
DEPÓSITO É UM CONTRATO REAL. SERÁ PRESUMIDO SE O OBJETO JÁ 
ESTIVER EM PODER DO DEPOSITÁRIO. ADEMAIS, POSSUI AS SEGUINTES 
CARACTERÍSTICAS: UNILATERAL (QUANDO GRATUITO, GERA OBRIGAÇÕES 
SOMENTE PARA O DEPOSITÁRIO) E TEMPORÁRIO (DURA ATÉ QUE O 
DEPOSITANTE RECLAME A COISA). 
PARTE DA DOUTRINA CONSIDERA O DEPÓSITO GRATUITO COMO 
CONTRATO BILATERAL IMPERFEITO, PORQUE PODEM PASSAR A EXISTIR 
OBRIGAÇÕES PARA O DEPOSITANTE, COMO A DE PAGAR AO DEPOSITÁRIO 
AS DESPESAS FEITAS COM A COISA E OS PREJUÍZOS QUE DO DEPÓSITO 
PROVIEREM (ART. 643 DO CC/02). 
POR SUA VEZ, O DEPÓSITO ONEROSO É CONTRATO BILATERAL, JÁ QUE À 
OBRIGAÇÃO DE GUARDA DO DEPOSITÁRIO CORRESPONDE A OBRIGAÇÃO 
DE O DEPOSITANTE PAGAR O PREÇO DEVIDO. 
SUJEITANDO-SE A RESPONDER POR PERDAS E DANOS, O DEPOSITÁRIO 
NÃO PODERÁ, SEM LICENÇA EXPRESSA DO DEPOSITANTE, USAR A COISA 
DEPOSITADA, NEM A DAR EM DEPÓSITO A OUTREM (ART. 640 DO CC/02). 
O DEPOSITÁRIO NÃO RESPONDE PELOS CASOS DE FORÇA MAIOR; MAS, 
PARA QUE LHE VALHA A ESCUSA, TERÁ DE PROVÁ-LOS (ART. 642 DO 
CC/02). 
O DEPOSITÁRIO PODE SER, CONCOMITANTEMENTE, MANDATÁRIO, COMO 
OS BANCOS QUE SE RESPONSABILIZAM DA GUARDA DE AÇÕES, COM A 
OBRIGAÇÃO DE RECEBEREM, TAMBÉM, AS BONIFICAÇÕES E DIVIDENDOS. 
São obrigações do depositário: 
• TER NA GUARDA E CONSERVAÇÃO DA COISA DEPOSITADA O 
CUIDADO E DILIGÊNCIA QUE COSTUMA COM O QUE LHE 
PERTENCE; E 
• RESTITUÍ-LA, COM TODOS OS FRUTOS E ACRESCIDOS, 
QUANDO O EXIJA O DEPOSITANTE, MESMO QUE O CONTRATO 
FIXE PRAZO PARA A RESTITUIÇÃO (ART. 629 DO CC/02). 
 
 
POR OUTRO LADO, É DIREITO DO DEPOSITÁRIO RETER O DEPÓSITO ATÉ 
QUE SE LHE PAGUE A RETRIBUIÇÃO DEVIDA, O LÍQUIDO VALOR DAS 
DESPESAS, OU DOS PREJUÍZOS A QUE SE REFERE O ARTIGO ANTERIOR, 
PROVANDO IMEDIATAMENTE ESSES PREJUÍZOS OU ESSAS DESPESAS (ART. 
644 DO CC/02). TAMBÉM PODERÁ RETER A COISA, SE ELA FOR 
JUDICIALMENTE EMBARGADA, SE SOBRE ELA PENDER EXECUÇÃO 
NOTIFICADA AO DEPOSITÁRIO, SE HOUVER MOTIVO RAZOÁVEL DE 
SUSPEITAR QUE A COISA FOI DOLOSAMENTE OBTIDA — HIPÓTESE EM QUE 
EXIGIRÁ QUE SE RECOLHA O OBJETO AO DEPÓSITO PÚBLICO (ARTS. 633 E 
634 DO CC/02). 
As espécies de depósito são: 
VOLUNTÁRIO – DECORRE DE ACORDO DE VONTADES. REGULAMENTADO 
ENTRE OS ARTIGOS 627 A 646 DO CC/02. O DEPOSITÁRIO É OBRIGADO A 
TER NA GUARDA E CONSERVAÇÃO DA COISA DEPOSITADA O CUIDADO E 
DILIGÊNCIA QUE COSTUMA COM O QUE LHE PERTENCE, BEM COMO A 
RESTITUÍ-LA, COM TODOS OS FRUTOS E ACRESCIDOS, QUANDO O EXIJA O 
DEPOSITANTE (ART. 629 DO CC/02). AS DESPESAS DE RESTITUIÇÃO 
CORREM POR CONTA DO DEPOSITANTE (ART. 631 DO CC/02). O 
DEPOSITÁRIO PODERÁ REQUERER DEPÓSITO JUDICIAL DA COISA, 
QUANDO, POR MOTIVO PLAUSÍVEL, NÃO A POSSA GUARDAR, E O 
DEPOSITANTE NÃO QUEIRA RECEBÊ-LA (ART. 635 DO CC/02). SENDO DOIS 
OU MAIS DEPOSITANTES, E DIVISÍVEL A COISA, A CADA UM SÓ ENTREGARÁ 
O DEPOSITÁRIO A RESPECTIVA PARTE, SALVO SE HOUVER ENTRE ELES 
SOLIDARIEDADE (ART. 639 DO CC/02). O CÓDIGO EXIGE A FORMA ESCRITA 
PARA ESSA ESPÉCIE DE DEPÓSITO (ART. 646 DO CC/02). 
NECESSÁRIO – PRESCINDE DA VONTADE DAS PARTES, PORQUE RESULTA 
DE FATOS IMPREVISTOS E IRREMOVÍVEIS. ESTÁ REGULADO NOS ARTIGOS 
647 A 652 DO CC/02. SUBDIVIDE-SE NAS SEGUINTES MODALIDADES: 
• LEGAL- O QUE SE FAZ EM DESEMPENHO DE OBRIGAÇÃO 
LEGAL (ART. 647, I DO CC/02); 
• MISERÁVEL- O QUE SE EFETUA POR OCASIÃO DE ALGUMA 
CALAMIDADE, COMO O INCÊNDIO, A INUNDAÇÃO, O 
NAUFRÁGIO OU O SAQUE (ART. 647, II DO CC/02); E 
• DOS HOSPEDEIROS- O RELATIVO ÀS BAGAGENS DOS 
VIAJANTES OU HÓSPEDES NAS HOSPEDARIAS ONDE ESTIVEREM 
(EQUIPARADO AO LEGAL - ART. 649 DO CC/02). O DEPÓSITO 
NECESSÁRIO NÃO SE PRESUME GRATUITO (ART. 651 DO CC/02). 
REGULAR – SE DÁ SOBRE OBJETOS INFUNGÍVEIS, O QUAL SERÁ, AO FINAL, 
RESTITUÍDO. 
IRREGULAR – RECAI SOBRE BENS FUNGÍVEIS, DEVENDO O DEPOSITÁRIO 
RESTITUIR COISA DO MESMO GÊNERO, QUALIDADE E QUANTIDADE. 
EMPRESARIAL – REALIZADOS POR MOTIVO ECONÔMICO, EM PODER DE 
EMPRESÁRIO, OU POR CONTA DE EMPRESÁRIO. OS QUE NÃO SÃO 
EMPRESARIAIS SERÃO SIMPLES. 
JUDICIAL – É AQUELE QUE SE PROCESSA POR ORDEM JUDICIAL, PREVISTO 
NO ART. 635 DO CC/02. 
INFIEL É O DEPOSITÁRIO QUE NÃO RESTITUI A COISA QUANDO EXIGIDA 
PELO DEPOSITANTE. APESAR DE A CF (ART. 5º, LXVII) E O CC/02 (ART. 652) 
PREVIREM A PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL, O STF ENTENDE ILÍCITA 
QUALQUER PRISÃO DESTE EM DECORRÊNCIA DA ASSINATURA, PELO 
BRASIL, DA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS 'PACTO 
DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA, DE 1969, RATIFICADO, SEM RESERVA, NO 
ANO DE 1992, QUE DISPÕE DESTA FORMA: 'NINGUÉM DEVE SER DETIDO 
POR DÍVIDAS. ESTE PRINCÍPIO NÃO LIMITA OS MANDADOS DE 
AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE EXPEDIDOS EM VIRTUDE DE 
INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR.'. 
SÚMULA VINCULANTE 25, STF: “É ILÍCITA A PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO 
INFIEL, QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DE DEPÓSITO.” 
➝ 
➝ 
➝ 
➝ 
➝ 
➝