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DOR PÉLVICA CRÔNICA • Dor não cíclica, referida na região de hipogástrio e fossas ilíacas com duração superior a seis meses de duração, podendo vir associada a dismenorréia, suficientemente intensa para interferir nas atividades habituais e que necessita de tratamento clínico ou cirúrgico; • Pode ser na fossa ilíaca, hipogástrio • Dismenorreia → conjunto de sintomas no período menstrual, comumente relacionados com dor em baixo ventre, podendo vir acompanhada por náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, cólica intestinal e dispneia. *ou seja, para ser dismenorreia a mulher deve estar menstruada, já na dor pélvica crônica pode ser em qualquer fase do ciclo ETIOLOGIA Não é clara e, usualmente, resulta de uma complexa interação entre os sistemas gastrointestinal, urinário, ginecológico, musculoesquelético, psicossomático, influenciado ainda por fatores socioculturais. PREVALÊNCIA Cerca de 15% em mulheres no período de menacme (superior à enxaqueca, asma), com impacto direto na sua vida profissional, social e conjugal, o que transforma a dor pélvica crónica num sério problema de saúde pública. *Aproximadamente 40% da DPC estará relacionada a fatores gastrointestinais, entre elas, o principal fator é a síndrome do intestino irritável, depois doença intestinal inflamatória e depois doença diverticular. *Aproximadamente 30% será de origem do sistema urológico, sendo a mais comum cistite intersticial, depois cistite bacteriana e depois vem as infecções do trato urinário *70% vem do sistema genital, sendo a principal patologia a ENDOMETRIOSE, posteriormente vem a famosa DIPA (doença inflamatória pélvica aguda), depois vem a adenomiose (endometriose interna) *Aproximadamente 20% é tem origem no sistema musculoesquelético, seno a principal as síndromes miofasciais, os espasmos da musculatura do assoalho pélvico (que são os traumas), depois vem o vaginismo seguida de lesões no períneo e pós-parto *A dor psicossomática vem aumentando muito nos últimos tempos, caracterizado uma dor na região pélvica, você revira a paciente e não encontra nada HISTÓRIA CLÍNICA • Caracterizar a dor quanto o tipo, ao local, à irradiação, ao tempo de aparecimento e evolução, aos fatores de melhora e piora, e aos sintomas associados. • Personalizada → aperto, pontada, lancinante? • Empatia; • Seriedade; • Compreensão; • Explicação da sintomatologia e da conduta • Dor (visceral ou somática), localização (mapa da dor), duração e sua relação com o ciclo menstrual • HISTÓRIA OBSTÉTRICA: número e tipo de partos (partos traumáticos podem levar a dor pélvica crónica de origem musculoesquelética, principalmente em músculos do assoalho pélvico) • ANTECEDENTES PESSOAIS: cirurgias pélvicas, história de doença inflamatória pélvica, tratamentos clínicos e cirúrgicos já realizados devem ser investigados; • Informações sobre o aparelho gastrointestinal e urinário devem ser pesquisadas. • ANTECEDENTES FAMILIARES: dor, neoplasias e de patologias hereditárias; • História psicossocial de traumas incluindo violência doméstica e/ou abuso sexual, faz parte do interrogatório. EXAME FÍSICO • Exame do abdome (inspeção e palpação) → pesquisar cicatrizes, retrações, abaulamentos, massas, tumorações e herniações • Exame ginecológico propriamente dito: inspeção, especular, toque • Exame da musculatura da parede abdominal e músculos do assoalho pélvico. *Pedir para paciente apontar o local e iniciar o exame lado oposto, observar a face da paciente EXAMES SUBSIDIÁRIOS • Hemograma, VHS, PCR • Glicemia de jejum • TSH • Protoparasitológico de fezes 3 amostras • Pesquisa de sangue oculto nas fezes • Urina I, urocultura • Dosagem sérica de CA-125 (tem que estar menstruada e de preferência entre o 3-5º dia, sozinho não fecha diagnóstico) • Pesquisa de clamídia e gonococos, micoplasma (causa pneumonia em vido fosco – confunde com covid19) • Ureaplasma → corrimento com cheiro de urina • Ecografia pélvica e/ou transvaginal e de parede abdominal • Colonoscopia - GIT • Cistoscopia • Teste urodinâmico • TC (cistos) e/ou a RMN (suspeita de endometriose) • Histeroscopia diagnóstica • Laparoscopia. *Queixas gastrointestinais → protoparasitologico de fezes → pesquisa de sangue oculto nas fezes → colonoscopia *Em queixas na qual a principal hipótese é urológica, podemos pedir um exame de urina I → urocultura → um ultrassom de vias urinarias → uma citoscopia → urodinâmica (vamos evoluindo nos exames conforme vamos excluindo as causas) *Sistema genital: Papanicolau → USG pélvica ou transvaginal → TC com contraste em casos de cistos → RM em caso de suspeita de endometriose → histeroscopia (lesão na cavidade endometrial como pólipos, miomas, adenomiose, endometrite, estenose do canal endocervical) → videolaparoscopia (endometriose interna) *Sistema musculoesquelético → urodinâmica com eletroneuromiografia (confirma síndrome miofascial) *dor psicossomática → atendimento interdisciplinar (em conjunto) TRATAMENTO • Tentar definir etiologia • Clínico • Cirúrgico • Comportamental • Terapia psicológica CONSULTA INTERDISCIPLINAR • Mesmo sem etiologia definida, após seis meses de duração a dor pélvica crónica deixa de ser apenas um sintoma, passa a ser uma doença com fisiopatologia própria e deve ser tratada. ANALGÉSICOS • AINE – 1º linha → ibuprofeno, cetoprofeno, meloxicam, piroxican • Opiáceos e anestésicos tópicos e injetáveis → codeína, morfina • Antidepressivos tricíclicos - nos casos relacionados exclusivamente à achados psicossomáticos → amitriptilina, nortriptilina • Antiácidos → cimetidina, pentosan (melhoram queimação na urina de causa inflamatória) • Frenação do eixo hipófise – hipotálamo – ovário: ACO contínuo, progestativos contínuo ou SIU, análogos GnRH → na suspeita de casos relacionados à ação estrogênica (miomas, cistos, endometriose), • Medicina complementar e alternativa, • Tratamento cirúrgico? (videolaparoscopia diagnóstica, e, por vezes terapêuticas). CONCLUSÃO • Dor pélvica crônica é uma doença com alta prevalência, muitas pacientes ficam sem o diagnóstico específico e, consequentemente, sem um tratamento apropriado; • O papel do clínico é essencial: fazer um diagnóstico preciso e precoce, evitar procedimentos cirúrgicos desnecessário e instituir tratamento adequado: quando não para a patologia primária, usar medidas para o controle da dor. ENDOMETRIOSE INTRODUÇÃO • Tecido funcional (endometrial, glandular ou estromal → em região extrauterina. • Mais comum em: região peritoneal, ovariana e septo retovaginal e ureter. • Mais raramente em: bexiga, pericárdio, pleura e SNC • Prevalência: Variável • Até 50% das mulheres em idade reprodutiva • 20 a 50% das mulheres inférteis Focos de endometriose INCIDÊNCIA • Diagnóstico: entre 25 e 30 anos. Incidência real ainda desconhecida. • 1,6% - Cirurgias ginecológicas. • 1 a 7% - laqueadura tubária. • 12 a 32 % - videolaparoscopia para estudo da dor pélvica crônica em idade fértil, portanto, são casos triados. • 9 a 50% - videolaparoscopia por infertilidade → casos triados. • 50% - Videolaparoscopia para avaliação de dor pélvica crônica ou dismenorreia (adolescentes) ETIOPATOGENIA • Desconhecida, porem várias teorias têm sido propostas. • Menstruação retrógrada. • Propagação linfática e vascular. • Teoria da Indução (combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos ainda de forma não totalmente esclarecidos). • Metaplasia celômica (implante do endométrio fora do útero). • Falta de ação imunológica na absorção do endométrio implantado fora do útero. • Dependência (ação estrogênica local das células endometriais). • Perda da apoptose destas células. QUADRO CLÍNICO BASTANTE VARIÁVEL: •Assintomáticas • Irregularidade menstrual → primeira queixa • Dispareunia de Profundidade → devido a fibrose nos ligamentos provocada pelos focos • Infertilidade • Dismenorreia de grau variável, até incapacitante. • Alterações urinárias. • Alterações intestinais. • Dor pélvica crônica. • Inflamação peritoneal local • Infiltração profunda com lesão decidual • Formação de aderências • Espessamento fibrótico • Acúmulo de sangue EXAME GINECOLÓGICO • Normal na maior parte das pacientes. • Dor à mobilização uterina, retroversão uterina fixa ou aumento do volume ovariano podem ser sugestivos, mas, não específicos. • Lesão de endometriose visível ou palpável em cicatriz de cesárea, de episiorrafia, no colo uterino. • Nodulações palpáveis no fórnice vaginal posterior ou septo retovaginal • Espessamento dos ligamentos uterossacros 1ª Foto: pontos vermelhos mostrando a fibrose dos ligamentos; 2ª foto: endometrioma Quando a paciente já nasce com útero retrovertido isso não causa infertilidade, mas quando ele se transforma em retrovertido devido a endometriose, aí sim existe o rico de infertilidade AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA VIDELAPAROCOSPIA • Diagnóstico definitivo: vídeolaparoscopia (padrão ouro) • Antigamente o diagnóstico por vídeolaparoscopia era considerado obrigatório. • Atualmente, não existe esta obrigatoriedade → teste terapêutico. • O diagnóstico cirúrgico será feito na dúvida diagnóstica, falta de resposta ao tratamento clínico ou na presença de fatores anatômicos (obstrução tubária, aderências, cistos de ovário). CA-125 • Colher nos três primeiros dias do ciclo menstrual • Pode ser útil para o diagnóstico da endometriose em estádio avançado (III ou IV), principalmente quando os valores são superiores a 100 UI/m (não é um exame específico para endometriose). • concentrações normais não excluem a doença • Níveis elevados no pré-operatório podem auxiliar no acompanhamento da paciente após cirurgia. • Também é marcador para adenocarcinoma endometrial epitelial → elevações > 300 • Também é marcador para mioma, peritonite, pancreatite → leves alterações • Outros marcadores séricos (CA-19-9) → ainda em estudo ULTRASSONOGRAFIA PÉLVICA TRANSVAGINAL: • Endometriose profunda: sensibilidade de 64%, especificidade de 90% dos casos. • Exame normal: pode não ter endometriose ou apresenta lesões iniciais, não infiltrativas. • Na presença de lesão visível ao ultrassom (ovariana, septo retovaginal, retossigmoide ou trato urinário) → tratamento pode ser indicado sem exames de imagem adicionais • Ovário: o Endometriomas > 2 cm: USG TV método eficiente o Massas duvidosa: RM OVÁRIO: No ultrassom, os cistos de ovários com endometriose não são totalmente anecóicos, apresentando em seu interior debris. Este aspecto, pode ser determinado pela presença de sangue ou secreção purulenta. O sangue, pode estar presente nos cistos hemorrágicos, enquanto a secreção purulenta aparece em abscessos tubovarianos (quadro mais agudo, com febre, sinais sépticos, hemograma infeccioso com desvio à esquerda). TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) Diagnosticar e avaliar a extensão da endometriose intestinal (principalmente em cisto vascularizado) RM: • Identifica doença profunda com invasão do trato intestinal • Porém não possibilita precisar a camada intestinal acometida pela lesão. ENDOMETRIOSE DE BEXIGA: • Urina rotina: hematúria • Cistoscopia e biópsia • USG TV: método eficaz (sensibilidade de 71,4% e especificidade de 100%) • Urografia excretora: complementação - estreitamentos ureterais • Urorressonância: dilatações do sistema coletor renal TRATAMENTO • Queixa: o Assintomática o Dor pélvica Infertilidade o Infertilidade • O tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou uma combinação de ambos. • Depende de: o idade da paciente (e paridade) o sintomatologia dolorosa o Presença de infertilidade o Extensão do processo o Localização o Profundidade. CLÍNICO • Analgésico → anti-inflamatório • Progestagênios (uso contínuo) → são contraceptivos exclusivamente de progesterona contendo desogestrel (pérola por ex.) (são utilizados na amamentação) ou → levonorgestrel (ciclo 21, mirena) • Dentre as progesteronas tradicionais, pode ser utilizada o dienogeste (alurene, pietra ED, qlaira) em forma contínua, que tem sido utilizado não somente como um analgésico, mas, com capacidade de regredir lesões de endometriose • Podem ser utilizadas progesteronas por via intramuscular, de depósito (acetato de medroxiprogesterona 150 mg) • Pílulas anticoncepcionais (baixa dose, na forma contínua → inibição do eixo hipotalâmico) • Análogos de GnRH – agonistas (inibição hipotalâmica - Tem ação potente, imitando uma menopausa. Contudo, promovem osteoporose (aumenta osteoclasto e diminui osteoblasto em uso maior de 6 meses), não podendo ser utilizadas permanentemente) *Quanto menos menstruar é melhor, não cria fluxo retrógrado, não cria inflamação de endométrio... • São utilizados para os casos iniciais e com menos sintomatologia. • São utilizados empiricamente – mesmo sem confirmação por vídeolaparoscopia – por três ou seis meses. • Cistos de ovário endometrióticos – especialmente maiores do que três centímetros, respondem mal ao tratamento clínico → só ameniza o quadro, geralmente é cirúrgico ALGUNS TRATAMENTOS CLÍNICOS PARA ENDOMETRIOSE, SÃO MENOS UTILIZADOS: • Inibidores da aromatase → Anastrozol (imita menopausa, contudo, com efeitos colaterais sintomáticos importantes > que os benefícios). • Antiprogestínicos → gestrinona (ação limitada frente aos novos tratamentos). • Antiprogestínicos → danazol (ação limitada frente aos novos tratamentos e com muitos efeitos colaterais). Os tratamentos clínicos visam a inibição do crescimento dos implantes por decidualização e atrofia do endométrio, ou por supressão dos hormônios esteróides ovarianos e indução de um estado de hipoestrogenismo CIRÚRGICO • Casos mais severos • Casos sem resposta ao tratamento clínico • Casos de infertilidade com alteração de anatomia (aderências, obstrução tubária) • Cistos de ovário sem resposta ao tratamento clínico (em geral, maiores do que 3 cm) • Casos com invasão vesical. • Casos com invasão intestinal • Casos recidivantes CIRURGIA POR: VÍDEOLAPAROSCOPIA OU POR LAPAROTOMIA. • Cirurgias conservadoras: o Retiradas de cistos de ovário – ooforoplastia o Retirada do ovário – ooforectomia o Retirada de trompa e ovário – anexectomia o Lise de aderências – adesiólise abertura de o Trompas obstruídas – salpingoplastia o Cauterização de focos de endometriose biópsia para a confirmação do diagnóstico destruição dos nervos sensitivos da pelve em ligamentos úterossacros para diminuição da dor - neurectomia pré-sacra) • Cirurgias definitivas: o histerectomia total com anexectomia bilateral TRATAMENTO • Infertilidade → inseminação intrauterina • Endometriose mínima ou leve • Anatomia preservada Trompa pérvia • Fertilização in vitro (FIV) → Após 3-6 tentativas de inseminação intrauterina sem sucesso > 35 anos anatomia alterada (obstrução tubária) → comprometimento tubário • Fator masculino associado • Falha em tratamentos prévios
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