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RELATO DE EXPERIÊNCIA A MELHOR MANEIRA DE APRENDER É ENSINAR

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GETÚLIO MATIAS DE CARVALHO
RU:  1732726
PAP Goiânia-GO
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A MELHOR MANEIRA DE APRENDER É ENSINAR 
Dez anos após ter cursado minha primeira graduação em Letras pela UEG, Unidade de Jussara, resolvi cursar minha segunda graduação em Pedagogia. Primeiro por uma questão de necessidade, visto que, como diz Paulo Freire, “O professor, além de ensinar, passa a aprender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar”. Segundo porque entre várias pesquisas sobre Unidades de Ensino Superior que pudessem possibilitar um ensino de qualidade, seriedade e que oferecesse melhores condições de estudo, tempo e preço, a UNINTER foi a que melhor atendeu às minhas necessidades, levando em consideração o bom atendimento da tutoria, a facilidade na organização dos conteúdos via internet, possibilitando a oportunidade de o aluno estudar em qualquer lugar que se fizer disponível, recursos tecnológicos, seja, laptop, computadores pessoais, tablets ou celular . Esses foram os principais motivos que me levaram a ingressar no sonho de cursar minha segunda graduação.
Em se tratando de experiência com a área de educação, apesar da minha formação ter sido direcionada ao propósito de assumir uma sala de aula, tive pouco contato direto. As experiências que adquiri sobre sala de aula, alunos, educação, foram obtidas na faculdade, através dos professores, colegas, ou apenas de ouvir falar, ler algum livro ou revista. Somente agora, através do curso de Pedagogia pela UNINTER e assistindo as vídeo-aulas com as professoras Inge Suhr, e Inês A. Marques é que começo a compreender, ainda que superficialmente, a história da educação, leis educacionais, impasses entre as LDBs e a realidade sala de aula, principalmente no que se refere a EJA, visto que são inúmeras as impossibilidades e dificuldades enfrentadas por estudantes e professores deste “modelo” de ensino e aprendizagem.
Em conversa com uma professora da EJA de minha cidade, inclusive da mesma escola que agora trabalho, ela, a professora tratou de contar um pouco sobre as dificuldades que enfrenta dentro da sala de aula. A questão da heterogeneidade dos alunos, tanto em relação ao nível de saberes, quanto a faixa etária. Também pude perceber a dificuldade que o professor enfrenta em relação ao material didático, por não haver um material específico que atenda de maneira satisfatória cada tipo de aluno. É necessário fazer certo malabarismo para atender as necessidades de cada um e fazer com que a ida desses alunos à escola não se torne enfadonha e desmotivadora, o que me pareceu ser um dos principais motivos da evasão escolar na EJA.
Um ponto que me causou preocupação também e, não sei, talvez esteja sendo até precipitado ao falar sobre esse assunto, mas me pareceu que o que diz as leis educacionais não casa com a realidade dentro da sala de aula. Enquanto as leis registram que todo e qualquer aluno que não pode cursar o ensino fundamental e médio em tempo ideal, tenha o direito de frequentar a escola e, que essa escola deve oferecer, juntamente com municípios e estado, condições favoráveis e agradáveis que possibilite o ingresso e a permanência desses alunos na escola até a conclusão do curso. Na realidade não é exatamente isso que se vê. Há muitos alunos que abandonaram os estudos antes de conclui-los, alegando não se sentirem bem com o material, ou com a maneira como este material está sendo trabalhado em sala e ainda alegam a falta de simpatia e preparo dos professores.
Todos as informações me pareceram negativas, mas a que me causou maior preocupação foi a relação professor-aluno. Em análise ainda tímida foi possível perceber que a maioria dos professores da EJA, falo da minha cidade, são profissionais em fim de carreira, com anos e anos de experiência em séries inicias e, por isso, esgotados ao extremo, já não se dispõem de tempo nem paciência para dedicarem-se com afinco à profissão de ensinar com amor e dedicação. Também tem o agravante de que muitos destes profissionais não apresentam formação adequado e, mesmo tendo formação superior, não são treinados ou reciclados de maneira constante, rigorosa e especifica para desenvolver um trabalho de qualidade que atende com satisfação a clientela da EJA. 
Acredito ser esse um dos motivos principais que leva os alunos da EJA a não permanecerem até a conclusão dos cursos. É algo que não cabe a mim resolver, mas me causou preocupação. Pretendo ainda continuar as pesquisas sobre esse assunto na busca de melhor entendimento e quem sabe até, desenvolver um trabalho de pesquisa no futuro que venha discutir melhor essas questões.
Em si tratando da minha experiência, concluí minha formação em Letras pela UEG em 2006 e fiquei sem adentrar na educação por não me considerar ainda capacitado suficiente para encarar uma sala de aula. Continuei buscando conhecimento através de livros, revistas, internet, interação e troca de experiências com outros profissionais até que surgiu um convite da Diretora do Colégio Estadual Alfredo Nasser, em minha cidade, para lecionar para as turmas de Ensino Médio em os três períodos. A princípio o convite me pareceu bastante aceitável, mesmo sabendo que seria minha primeira experiência e, logo com Ensino Médio. Sabia que a responsabilidade seria grande, mas como gosto de desafios, aceitei. O que não previa é que o desafio seria ainda maior do que imaginava. Fiquei pasmo quando a diretora falou que, além da disciplina de Português, iria assumir também as disciplinas de Biologia e Química. Retruquei, mas por falta de oportunidades, aceitei. Como disse: gosto de desafios.
Foi uma experiência impar e, pude perceber como a educação tem se tornado frágil. E que grande parte dos alunos tem se tornado relapsos e sem perspectivas. É como se não se preocupassem com o futuro, com suas formações profissionais, nem sequer se vão atingir a média para avançar às séries seguintes.
Adentrei o Colégio em janeiro de 2015 e sai agora no início do mês de Março de 2017 para assumir um outro desafio. Desta feita, uma sala de aula de 5º ano do Ensino Fundamental na rede municipal, portanto pouco mais de dois meses de experiência, com a 1ª fase do Ensino Fundamental.
As experiências adquiridas em 2015 e 2016 serviu para diagnosticar algumas imprecisões na forma como é conduzido o processo ensino e aprendizagem por cada profissional educador, cada escola e até mesmo entre os turnos de uma mesma escola. Essas diferenças no que diz respeito a transmissão do ensino, dar-se-á pela falta de profissionais para cada área específica da educação, por exemplo, quase sempre os professores que ensinam português, matemática e ciências naturais no turno matutino, não são os mesmos que ensinam nos demais períodos e, isso causa diferenças enormes na aplicação dos conteúdos da matriz curricular. Primeiro porque os planejamentos são feitos de forma fragmentada e individual, ou seja, enquanto os alunos do turno matutino do 1º ano estão terminando de ver a prender sobre literatura de cordel, os do turno vespertino estão iniciando o conteúdo, enquanto os alunos do noturno ainda nem iniciaram. Outro exemplo, enquanto os mesmos alunos do matutino estão iniciando o estudo sobre a 2ª lei de Mendel em Biologia, os alunos da tarde estão terminando ainda a primeira lei, enquanto os do noturno, estão principiando o conteúdo.
Toda essa incompatibilidade de aplicação dos conteúdos do planejamento dos professores tem como agravante a falta de comunicação, de preparo, de disponibilidade de tempo para planejarem juntos e, principalmente o fator excesso de individualismo e falta de companheirismo. Outro fato que me causou preocupação, é a grande quantidade de profissionais do ensino assumindo disciplinas fora da sua formação profissional. É como uma “operação tapa buraco”, como diz o ditado: “na falta de tu, vai tu mesmo”. 
São situações delicadas e preocupantes que refletem diretamente nos resultados negativos, não só durante a aprendizagem do aluno na escola, mas principalmente, na busca por resultados diante dos ENEMs e vestibulares que pretenderem.Busquei, durante essa curta permanência, no Colégio Estadual Alfredo Nasser, entender porque tais incompatibilidades e desconexões aconteciam na aplicação dos conteúdos e porque tantos profissionais assumiam disciplinas fora da sua formação profissional, mas o pouco que pude entender só me causou revolta e frustração, pois não há coerência com as leis educacionais, nem relação com o que se pretende da escola e da educação do país. Fazendo um paralelo com a conversa que tive com a professora da EJA, pode-se concluir que tais deficiências não acontecem somente na forma de ensino EJA, mas em toda e qualquer área da educação.
As irregularidades e desconexões no planejamento dos conteúdos, junta a má formação dos profissionais da educação e/ou incompatibilidade nas funções disciplinares, pode ser um fator que explica a evasão escolar crescente nas escolas e a falta de motivação e compromisso dos alunos em relação aos conteúdos aplicados pelos professores. Torna-se inviável cobrar resultados dos alunos, quando não se tem um sistema educacional adequado que funcione dentro dos padrões ditados e exigidos pelas leis educacionais.
De forma geral as experiências vividas, seja direta ou indiretamente, sob forma de estudos, pesquisas e, como disse anteriormente, da troca de informações e experiências com demais colegas de profissão. Pretendo aprofundar cada vez mais na busca pelo entendimento de como funcionam as LDBs, leis de regimento interno das escolas por onde passar. E foi moldado neste desejo de ampliar o campo das experiências e experimentos na área da educação que resolvi ingressar no processo de estudos e formação oferecidos pela UNINTER.

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