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1 MEDICINA INTERNA I METABOLISMO DO CÁLCIO E FOSFORO, HIPERCALCEMIA, HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO AULA 8 DE ENDOCRINOLOGIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: ✓ Compreender a fisiologia do metabolismo de cálcio e fósforo. ✓ Compreender as causas e sintomas de hipercalcemia e as bases do seu manejo. ✓ Entender o diagnóstico de hiperparatireoidismo primário e seus riscos para a saúde. METABOLISMO DE CÁLCIO E FÓSFORO + AÇÃO DO PTH E VIT D: A regulação da calcemia e da fosfatemia dependem da regulação da: ✓ Absorção intestinal de cálcio e fósforo; ✓ Reabsorção óssea – retirada de cálcio e fósforo dos ossos; ✓ Excreção renal de cálcio e fósforo. E, esses processos todos são regulados, principalmente, por 2 hormônios: 1. PTH – paratormônio. 2. Vitamina D e suas formas ativas. ➢ COMPOSIÇÃO DO OSSO: O osso é composto por uma matriz extracelular, a qual é composta por 2 tipos de componentes: 1. Orgânico (colágeno tipo 1 e outras proteínas): 1ª a se formar. 2. Inorgânico (principalmente cálcio e fósforo → hidroxiapatita): depositada após a formação do osteoide (matriz orgânica não mineralizada). ➢ PARATIREOIDES: São responsáveis pela produção do PTH (hormônio peptídico). E, geralmente, há 4 paratireoides/individuo, as quais apresentam sensores de cálcio na membrana plasmática de suas células. ➢ PTH – CONTROLE DA SECREÇÃO: O principal fator envolvido no controle da secreção do PTH é a concentração de cálcio circulante na forma ionizada (calcemia). As paratireoides apresentam receptores e sensores de cálcio na membrana plasmática de suas células, os quais são ativados com o aumento do cálcio extracelular, inibindo a secreção do paratormônio. LETÍCIA MARABESI T1 – 6° SEMESTRE 2 MEDICINA INTERNA I E, outro fator envolvido é a 1,25(OH)2D3, metabólito ativo da vitamina D, a qual inibe diretamente a síntese de PTH. ➢ AÇÃO ÓSSEA DO PTH: Existem receptores de cálcio localizados nos osteócitos e, principalmente, nos osteoblastos, os quais são responsáveis pela liberação de substâncias que estimulam a atividade dos osteoclastos aumentando a reabsorção óssea e a liberação de cálcio na corrente sanguínea. Logo, a secreção de PTH promove a desmineralização óssea, aumentando a calcemia. Importante lembrarmos que o PTH é um hormônio peptídico que é produzido em reposta à hipocalcemia. Atuando a nível dos ossos, rins e intestino, com o objetivo de aumentar a disponibilidade de cálcio no sague e evitar a hipocalcemia. Além disso, é o responsável por aumentar a absorção de vitamina D pelo intestino. **O PTH É UM HORMÔNIO QUE AUMENTA A CALCEMIA E REDUZ A FOSFATEMIA** 3 MEDICINA INTERNA I HIPERCALCEMIA: As respostas normais desencadeadas pela hipercalcemia são: Em relação a abordagem diagnóstica da hipercalcemia, temos que ter algumas opções em mente, tais como: Considerar a possibilidade de hipercalcemia da malignidade, decorrente de síntese por neoplasias malignas de PTHrP ou de intoxicação por vit. D. Hiperparatireoidismo primário é causa mais comum OU hipercalcemia hipocalciúrica familiar, devido uma mutação que reduz a atividade do sensor de cálcio (patologia rara). 4 MEDICINA INTERNA I HIPERPARATIREOIDISMO: ➢ PRIMÁRIO: Ocorre devido ao aumento de PTH por conta de uma produção autônoma aumentada das paratireoides, independente de outros estímulos. Cursando com hipercalcemia ou tendência a hipercalcemia. ➢ SECUNDÁRIO: Ocorre devido ao aumento de PTH secundário à: ✓ Tendência de queda da calcemia – como por exemplo, em casos de dissabsorção intestinal pós bariátrica. ✓ Queda da vitamina D em conjunto com suas formas ativas – como por exemplo, devido à baixa exposição solar. ✓ Queda isolada da 1,25 hidróxi-vit D – como por exemplo, em casos de baixa atividade da 1 alfa hidroxilase por DRC. Se trata de um aumento fisiológico, que se resolve ao corrigir o distúrbio que afeta a absorção de cálcio ou a concentração de vitamina D e 1,25 hidróxi-vit D. Não cursa com hipercalcemia, tendo uma tendência à hipocalcemia. HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO: ➢ ETIOLOGIA: ➢ QUADRO CLÍNICO: A maioria (80%) dos casos são assintomáticos – a identificação de portadores assintomáticos de hiperparatireoidismo primário aumentou muito nas últimas décadas, devido ao aumento coleta de exames de calcemia na população geral. Os sintomas dependem da velocidade de instalação e da magnitude da hipercalcemia e, quando presentes, os sintomas relacionados à hipercalcemia (Ca>10,2mg/dL) são: Todas as paratireoides encontram-se hiperfuncionantes. 5 MEDICINA INTERNA I ✓ Letargia, fraqueza, depressão, confusão e coma; ✓ Arritmias, HAS; ✓ Fraqueza ou dor muscular e/ou dores ósseas; ✓ Poliúria (diabetes insípidus nefrogênico), desidratação, nefrolitíase e insuficiência renal. ✓ Epigastralgia, úlcera péptica, náuseas, vômitos, anorexia, perda de peso, constipação intestinal e/ou pancreatite. Nesse contexto, temos que lembrar da crise hipercalcêmica, uma emergência médica onde o paciente apresenta hipercalcemia grave (Ca>12mg/dl), cursando com sintomas neurológicos graves ou arritmias cardíacas. ➢ QUADRO CLÍNICO – MANIFESTAÇÕES ÓSSEAS EM QUADROS GRAVES DE HIPERPARATIREOIDISMO – OSTEÍTE FIBROSA CÍSTICA: O principal sintoma é a dor óssea, devido a hiperativação dos osteoclastos que geram reabsorção e destruição óssea e formação de cistos fibrosos. Incluindo reabsorção óssea subperiostal, formação de cistos, padrão sal e pimenta na radiografia de crânio e osteopenia generalizada. O hiperparatireoidismo aumenta o risco de fraturas devido a 2 condições: osteoporose e osteíte fibrosa cística. Causando fraturas sintomáticas. ➢ QUADRO CLÍNICO – MANIFESTAÇÕES ÓSSEAS EM QUADROS GRAVES – TUMOR MARROM: Os tumores marrons são lesões não neoplásicas causadas por desmineralização óssea devido à hiperativação dos osteoclastos, havendo formação de tecido fibroso vascularizado que substitui a MO, havendo ainda micro fraturas e hemorragias. São raras, podendo ocorrer em quadros graves de hiperparatireoidismo. 6 MEDICINA INTERNA I ➢ QUADRO CLÍNICO – MANIFESTAÇÕES RENAIS: Cursa com cólica renal e hematúria ou com uma nefrolitíase sintomática. ➢ RESUMO – PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DO HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO: ➢ ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: A abordagem diagnóstica é feita por 2 métodos: 1. Laboratorial: cálcio, fósforo (vai estar diminuído), albumina, fosfatase alcalina (vai estar aumentada), PTH intacto, ureia, creatinina e urina 24h (com cálcio aumentado). 2. Métodos de imagem: inventário ósseo radiológico, densitometria óssea da coluna, fêmur proximal e rádio e USG de rins e vias urinárias (litíase). 3. Achados radiológicos: reabsorção subperiosteal, crânio em sal e pimenta, osteopenia generalizada e tumores marrons. 7 MEDICINA INTERNA I ✓ Exames de localização (pré-operatório): cintilografia com sestamibi, ultrassonografia, TC e RNM → só são recomendadas em pacientes com indicação de cirurgia pelo hiperparatireoidismo primário. ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO DO HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO – INDICAÇÕES: O tratamento cirúrgico é indicado para todos os pacientes sintomáticos (20% dos pacientes diagnosticados), ou seja, que apresentem: ✓ Sintomas de hipercalemia; ✓ Manifestações ósseas – fraturas ou lesões ósseas; ✓ Manifestações renais – nefrolitíase e DRC. OBS: Antes da cirurgia, é muito importante tentar localizar a(s) paratireoide(s) acometida(s). 8 MEDICINA INTERNA I CASO CLÍNICO 1: • A paciente está apresentando um quadro de hiperparatireoidismo primário. • Os mecanismos fisiopatológicos que levaram a paciente a ter um aumento da calcemia e queda da fosfatemia foram: 1. Hipercalemia: aumento da reabsorção óssea, aumento da fração de cálcio reabsorvida nos túbulos renais, aumento da conversãode 25OH vitamina D em 1,25OH vitamina D, levando a um aumento da absorção intestinal de cálcio. 2. Hipofosfatemia: aumento da fosfatúria induzida pelo PTH. • Pediria: densitometria óssea e radiografia da coluna torácica e lombar + ultrassonografia de rins e vias urinárias + ultrassonografia cervical e cintilografia da paratireoide para ajudar a localizar as paratireoides acometidas ou a paratireoide acometida. • Indica o tratamento cirúrgico, ou seja, a Paratireoidectomia.
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