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Resumo expandido Kant

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Ana Luiza Hooper Bittencourt 
RESUMO EXPANDIDO DE IMMANUEL KANT 
 Immanuel Kant foi um filósofo da era moderna que colaborou de forma significativa no 
que se refere aos conceitos de ética, dever, liberdade e dignidade. Além disso, ele trouxe uma 
perspectiva diferente daquelas abordadas pelo racionalismo e empirismo. Assim, ele propõe 
uma dialética, isto é, uma contraposição de ideias entre o racionalismo e o empirismo. Para o 
filósofo, o conhecimento deriva das duas fontes, contrapondo às teorias do racionalista René 
Descartes e do empirista Francis Bacon. Nesse sentido, Kant apresenta os juízos como as formas 
de construção de conhecimento. Os juízos analíticos ou “a priori” representam o tipo de 
conhecimento que independe da experiência; têm caráter lógico. Por outro lado, tem-se os 
juízos sintéticos ou “a posteriori” que representam um tipo de conhecimento que depende da 
experiência e não exige apenas a razão. Por último, tem-se os juízos sintéticos a priori, em que 
o conhecimento independe da experiência, porém é relacionado a ela, então não desconsidera 
nem a razão e nem a experiência, como os princípios mais gerais da ciência, em que a 
experiência é utilizada para comprovar uma ideia racional. Para além disso, Kant possui uma 
teoria do conhecimento que o diferencia de muitos – senão de todos – os filósofos. Ele 
argumenta a relevância do sujeito no processo de conhecimento, pois as coisas não são elas em 
si, mas são como elas se apresentam para um determinado sujeito. Logo, essa teoria dá uma 
ênfase maior no sujeito que no objeto. Outro conceito importante no que se refere a Kant é a 
ideia de razão pura e razão prática. A razão pura é aquilo que é observável nos fenômenos; no 
ser; nas coisas que existem; naquilo que podemos de fato ver. De antemão, a razão prática 
representa os deveres do homem, pertencente ao mundo do dever-ser. De maneira análoga a 
esses conceitos, Kant afirma que a razão humana não é somente teórica (capaz de conhecer), 
mas é também razão prática (capaz de determinar vontade), ou seja, o fato de um indivíduo 
pensar o direciona a agir de certa forma; a ter determinada conduta que deve sempre ser 
direcionada ao dever-ser; ao que se é certo fazer. Adentrando a este assunto do dever-ser, o 
filósofo propõe a ética kantiana, também chamada de ética do dever, a qual não se caracteriza 
pela busca da felicidade. Nesse viés, Kant afirma que o conceito de felicidade é indeterminado 
e complexo, pois “ninguém é capaz de determinar com plena segurança o que realmente lhe 
faria feliz; para isso seria necessária a onisciência.” (KANT) Isto é, os seres humanos somente 
saberiam o que é de fato a felicidade se soubesse de tudo da vida e se vivessem em plenitude 
total, o que é impossível de acontecer. Esse conceito é indeterminado porque é diferente para 
cada um. Desse modo, a ética kantiana não é baseada na felicidade, mas sim no dever. Uma 
ação é praticada porque ela é certa, não por suas consequências, mas pelo ato em si. Ademais, 
Kant traz a teoria da fundamentação da metafísica dos costumes, a qual é baseada na 
investigação das causas de uma coisa que levam à outra, enxergando além do que está na 
natureza e nos costumes com o intuito de descobrir o que está por trás das atitudes das pessoas. 
Por exemplo: o fato de uma pessoa agir de uma forma não está relacionado simplesmente com 
o fato dela ter razão, pois se o que determinasse a vontade fosse apenas a razão, todas as 
pessoas agiriam da mesma forma, uma vez que os seres humanos são racionais. Como conclusão 
dessa teoria, Kant acredita que o instinto é o grande influenciador das atitudes dos indivíduos, 
o qual leva as pessoas a agirem pelas vontades. Isso é perceptível, visto que existem pessoas 
que agem muito mais pelo instinto do que outras, logo, a questão é como o indivíduo lida com 
com suas vontades. Dessa forma, quando uma decisão é pautada na obrigação (na 
conformidade com as leis objetivas, pautadas no dever) e não no instinto, o dever é cumprido. 
Nesse mesmo cenário da ética do dever, Kant propõe diferentes imperativos (mandamentos). O 
imperativo hipotético é aquele que coloca a ação como um meio para atingir alguma coisa; 
algum propósito e tem a ver com variações, pois muda conforme a situação (afinal é uma 
hipótese). Por outro lado, tem-se o imperativo categórico, ligado à ética, pois coloca a ação 
como um fim nela mesma, sem se preocupar com os resultados. Sendo assim, toda ação que for 
desejável a todos os seres humanos é uma ação moral, pautada na ética. Outro conceito 
importante para Kant é o conceito de dignidade, a qual não tem preço e não pode ser substituída 
por um equivalente, envolvendo questões mínimas de vida. Paralelamente a isso, Kant 
argumenta que a liberdade está ligada à dignidade, pois não há liberdade sem dignidade. Logo, 
se existe uma lei que fere a dignidade (ou a liberdade), então ela desrespeita um valor e não 
deve ser seguida. Outrossim, Kant conceitua e difere os princípios de autonomia e heteronomia. 
A autonomia significa agir conforme o dever e se opõe a uma vontade heterônoma, a qual é 
baseada apenas nas vontades. Nessa perspectiva, é possível relacionar Kant com o Direito. Para 
o filósofo, o Direito se distingue da moral porque esta última busca a prática da lei por si mesma, 
pautada no dever. Já o Direito se impõe como uma ação exterior e nem sempre corresponde às 
leis morais. Ainda assim, esses dois conceitos se relacionam, pois o Direito deve sempre tentar 
expressar o imperativo categórico, baseado nas leis morais. Sendo assim, Kant traz o conceito 
de Estado de Direito (regido por leis) como um meio de guiar o cidadão a agir de maneira 
racional (conforme as leis) independentemente das inclinações pessoais, garantindo também a 
liberdade (um dever universal). Em suma, conclui-se que Kant apresenta conceitos e ideias que, 
até hoje, fornecem reflexões sobre ética, preceitos e valores que permeiam o cotidiano de todos 
os indivíduos.

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