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O direito de família no decorrer das constituições

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Ana Luiza Hooper Bittencourt e Jamille Vieira Carvalho 
1º Período 
 
 
 
História das Constituições 
 
O direito de família no decorrer das constituições brasileiras 
 
 
 
 
 
 
Cons. Lafaiete 
2020 
 Durante o Império do Brasil, marcado pela Constituição de 1824, percebe-se que 
a constituição imperial tratou de direitos e garantias dos cidadãos brasileiros, mas nada 
de especial sobre a família e o casamento no decorrer de seu texto constitucional. 
Entretanto, devido à intensa relação entre Igreja e Estado, o único casamento legal era 
o religioso, o qual seguia as regras da religião do império. 
 Já na República do Brasil, marcada pela Constituição de 1891, existem mudanças 
perceptíveis, principalmente no artigo 146, o qual afirma resumidamente que: a 
República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita. É importante 
destacar que prevalecia a família patriarcal. Além disso, há um artigo especialmente 
para afirmar que a família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob proteção 
especial do Estado. 
 Durante o período da Constituição de 1934, de aspecto social, vários direitos 
passam a ser garantidos pelo Estado; não apenas os direitos individuais e os direitos 
políticos, mas também o direito à proteção à família. Logo, nessa constituição foi 
separada uma seção especial para a família, a qual estende os efeitos civis ao casamento 
religioso. No entanto, o casamento ainda é indissolúvel, sendo o registro gratuito e 
obrigatório. 
 A Constituição de 1937 trouxe pequenas alterações, não estendendo efeitos civis 
ao casamento religioso e outras possibilidades de família eram excluídas. Ela reconhecia 
a igualdade entre filhos naturais e legítimos e é estabelecido que a infância e a juventude 
devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado. 
 A Constituição de 1946, elaborada após o fim do Estado Novo, consta que o 
casamento religioso passa a se equivaler ao civil (caso fosse requerido) e garantia a este 
último proteção estatal. Sob a regência dessa constituição foi editada a Lei 4.121/62, 
chamada “Estatuto da Mulher Casada” que trazia características patriarcais (com o 
homem visto como o mais importante da família), mas conferiu à mulher parcial 
independência em seus atos. O casamento válido e indissolúvel, religioso ou civil, era o 
único modo pelo qual se formava família. Para além disso, conferiu proteção à infância, 
à juventude e à maternidade. 
 A Constituição de 1967 e a Emenda de 1969 mantiveram as disposições 
constitucionais que tratavam da família. Porém, a Emenda de 1977 pôs fim ao 
casamento indissolúvel e institui o divórcio. O casamento poderia ser dissolvido após 
prévia separação judicial por três anos ou divórcio direto após cinco anos de separação 
de fato. 
 A Constituição de 1988 inaugura o Estado Democrático de Direito e configura a 
atual constituição do Brasil. A família, considerada como base da sociedade, tem 
especial proteção do Estado. É reconhecida a união estável entre o homem e a mulher 
como entidade familiar, devendo facilitar a sua conversão em casamento; a família 
monoparental é configurada como entidade familiar; é estabelecido o casamento civil e 
religioso; a igualdade de direitos e deveres entre o homem e a mulher na sociedade 
conjugal é positivada; os prazos para a dissolução do casamento por divórcio foram 
reduzidos e possibilitou o divórcio direto após dois anos de separação de fato. Também 
foi estabelecido que é possível a conversão da separação judicial em divórcio após um 
ano da ruptura do vínculo. 
 Em suma, a Constituição de 1988 foi a que mais interveio nas relações familiares 
e a que mais libertou a família do elemento despótico e opressivo, estabelecendo o 
pluralismo familiar. 
Referências: 
JOSÉ DA COSTA, Dilvanir. A família nas Constituições. Biblioteca do Senado Federal, 2006. 
Disponível em: 
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/92305/Costa%20Dilvanir.pdf?sequen
ce=6>. 
 
BRANDÃO, Débora Vanessa Caús. Do casamento religioso com efeitos civis e o novo Código Civil. 
Jus, 2002. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/2662/do-casamento-religioso-com-
efeitos-civis-e-o-novo-codigo-civil>. 
 
CASAGRANDE, Lilian Patrícia. O pluralismo familiar: as novas formas de entidades familiares do 
artigo 226 da Constituição de 1988. Jus, 2011. Disponível em: 
<https://jus.com.br/artigos/20105/o-pluralismo-familiar-as-novas-formas-de-entidades-
familiares-do-artigo-226-da-constituicao-de-1988>. 
 
YASSUE, Isabela. A família na Constituição Federal de 1988. Direito na Net, 2010. Disponível em: 
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5640/A-familia-na-Constituicao-Federal-de-
1988#:~:text=A%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20Federal%20de%201988%20representou%2
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/92305/Costa%20Dilvanir.pdf?sequence=6
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https://jus.com.br/artigos/2662/do-casamento-religioso-com-efeitos-civis-e-o-novo-codigo-civil
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https://jus.com.br/artigos/20105/o-pluralismo-familiar-as-novas-formas-de-entidades-familiares-do-artigo-226-da-constituicao-de-1988
https://jus.com.br/artigos/20105/o-pluralismo-familiar-as-novas-formas-de-entidades-familiares-do-artigo-226-da-constituicao-de-1988
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