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Autora: Marília Sillva Design: Nayla Borges Nogueira Revisão: Hugo Rodrigues Reis Série : Homens da Lei. JUIZ THOMPSON.- A verdade além dos fatos . —LIVRO 2 PRÓLOGO Ela usava um vestido salmão da última coleção da feira de moda de Paris, não era justo nem rodado, era na medida certa como todas as peças confeccionadas pela marca. O mínimo de se esperar pelo preço absurdo pago por ele, a maquiagem estava perfeitamente leve como o habitual. O cabelo mantinha em um corte no formato reto pouco acima do ombro, nos pés ousou colocar sandálias de salto médio na cor caramelo, pois a mãe lhe ensinara um dia que somente mulheres da "vida" usavam acima de dez centímetros. – O que achou dessa, John? – Troque. – John respondeu curto e grosso, sem se importar que a moça tinha trocado de roupa por três vezes apenas porque não teve a sorte de escolher nenhuma que o agradara até o momento. Quando iam sair para algum lugar, a moça trazia de casa várias peças diferentes até achar uma do gosto do mesmo. Logo após, sua atenção foi tomada novamente pelo notebook a sua frente; quando tinha um caso importante na mão, não parava até desvendar o caso. Bastou fitar uma pequena parte do joelho da moça de fora para achar que o vestido salmão não estava adequado para um simples jantar a dois. Suzana não respondeu o noivo, papel perfeito da mulher que foi educada para obedecer ao homem sem reclamar, também não queria perder o posto de futura esposa de um dos homens mais poderosos e influentes dos Estados Unidos. Era assim que os jornais e revistas como a Vogue denominavam o Juiz. Além de poder, fama e dinheiro, o homem obtinha uma postura extremamente elegante, e um charme galanteador. – Esse está melhor querido? – Vinte minutos depois, Suzana voltou com o semblante cansado vestindo um modelo mais antigo da Prada, num tom de creme o vestido era longo com mangas três quartos e pequenas pedras brilhantes por toda extensão dele, nos pés manteve a mesma sandália. Thompson analisou por alguns segundos a mulher insegura esperando ansiosa pela opinião dele, a moça tinha uma necessidade doentia de agradá-lo sempre. Talvez o seu maior erro fosse colocar a vontade dele na frente do seu amor próprio. – Não adianta usar um vestido como este se não tem segurança o suficiente para estar dentro dele. Ele foi até a gaveta do seu closet e pegou uma pequena caixa vermelha aveludada, dentro dela retirou um colar cravejado de diamantes e colocou no pescoço da noiva; apesar de severo, ele sabia muito bem como levantar a auto-estima de uma mulher, ainda mais Suzana que apreciava um tanto esses pequenos mimos do juiz. – Obrigada amor. – Agradeceu com um sorriso enorme, queria gritar e pular com o presente, mas John não aprovava esse tipo de comportamento espalhafatoso em uma mulher. – De nada, Suzana. – O Juiz não era o tipo de ficar chamando ninguém de amor, nem nos momentos mais íntimos. **** Já no restaurante de luxo, cavaleiro como era, puxou a cadeira para a noiva que sentou com delicadeza e uma classe que só ela obtinha, esse foi o maior motivo dele ter escolhido para ser sua esposa, porque por amor não foi. Não acreditava nessas coisas, apenas em casais que se davam bem, ela era ideal para o papel de senhora Thompson. Era obediente, dedicada em agradá-lo a todo momento, também vinha de família tradicional como a dele, era bonita e o principal, era virgem, John nunca se casaria com uma mulher violada. Para sorte dele, a mãe da moça tinha lhe treinado desde os cincos anos de idade para ser a esposa perfeita. Depois de fitar o cardápio por alguns minutos, o Juiz fez um sinal para o garçom anotar o pedido deles; quando viu que o serviçal era mulher, não gostou, na opinião dele o sexo oposto tinha sido feito para ficar em casa esperando o marido. Mas fez os pedidos assim mesmo. – Para mim traga um bife vermelho mau passado e uma salada de frutos marinhos apenas. – E para beber senhor? – A jovem morena com o cabelo preso em um coque alto trajando um conjunto social de calça preta e camisa branca de botões, perguntou sorridente demais para o gosto da noiva do Juiz, que fitava de forma séria o jeito abobalhado que a moça estava a olhar a beleza abundantemente do homem a sua frente. Ainda mais naquele dia que vestia um terno todo preto sem gravata, no paletó os botões eram de ouro puro. Proporcionalmente ou não, deixou alguns abertos dando mais charme aquela perfeição em forma de homens, o cabelo penteou todo para trás deixando bem em evidência o belo rosto quadrado que tinha. – Quero um Gin e uma Budweiser, tônico com Henriks. Para finalizar traga um Whisk francês por favor. – A voz do homem da Lei saiu de um jeito tão sexy, que se a noiva não soubesse ser da própria natureza dele, pensaria que estava paquerando a moça. – E a senhora, o que vai querer? – Para ela traga um bife de frango grelhado com cogumelos e molho chinês para acompanhar, para beber, um suco de laranja está otimo. – O pedido de Suzana seria outro, mas antes de abrir a boca ele fez o pedido por ela. Na volta, foram conduzidos até a casa da jovem pelo pequeno exército de homens de preto do Juiz, ele acompanhou ela até a porta e se despediu com um leve beijo nos lábios. – Achei perfeita a nossa noite, e você? O que achou? – Perguntou esperançosa. – Interessante. – Na verdade, nem tinha ouvido a pergunta, o caso importante ainda estava rodando os seus pensamentos, queria acabar logo com o assunto e ir para casa continuar trabalhando. – Boa noite amor, tenho que entrar antes que o meu pai venha me buscar aqui fora. – A jovem já tinha vinte e quatro anos, mas era tratada pelos pais como se tivesse quinze. – Boa noite Suzana. – Ele até tentava chamá-la de amor, porém ele sabia que se fosse para falar apenas para agrada a moça não seria certo, além do mais John nunca foi de usar a falsidade com ninguém. Se tinha uma coisa que repugnava nas pessoas era a mentira. Ele ficou a observar sua futura esposa entrar em sua residência, pensando que era um homem de sorte por ter encontrado a mulher perfeita para ser a mãe de seus filhos um dia. CAPÍTULO 1 John Thompson sempre procurou ser o mais receptivo e prestativo possível no que fazia seja lá qual fosse a área, se tornando as vezes até um tanto didático e cruel na hora de agir. Desempenhar o papel de "homem justo" diante aos os alheios era uma mania doentia de Thompson, as vezes algo irritante até mesmo para si. E isso não vinha de agora, nasceu com essa necessidade de ser sempre o melhor em tudo o que fazia, a maneira rígida com que foi criado pelo pai o Senhor Richard Thompson também Juiz Criminalista, assim como o filho, apenas colaborou para a aflorar algo que já habitava ali naturalmente. No momento todos os pensamentos do “Homem da Lei” também estavam voltados para um caso muito delicado que vinha fazendo polemica pelo país, após uma ligação anônima denunciando o Jovem Moçambicano Noen Said como responsável por um atentado em um Shopping a dois meses atrás, um atirador do nada começou a atirar em tudo o que movia a sua frente, ocasionando na morte de vinte e duas pessoas, entre elas a maioria crianças e adolescentes. Mesmo com uma vasta variedade de provas contra o acusado, John acreditava fielmente na inocência do acusado, tinha adquirido essa opinião após colher pessoalmente o depoimento do jovem magro de estatura mediana, de aproximadamente vinte e cinco anos, que não chorou ou fez nenhum drama ao ser indagado sobre tal fato. Pelas imagens da câmera era possível ver claramente o homem desfilando pelos corredores do lugar minutos antes do ocorrido. O Juiz chegou no presídio em uma quarta-feira à tarde, o delegado responsável pelo lugar veio recebe-lo como se estivesse diante de uma celebridade. Quando soube da visita, fez questão de passar em casa na hora do almoço para tomar um bom banho, vestir o uniforme mais novo e aparar a barba. Cumprimentou o Juiz sem tirar o sorriso do rosto em nenhum segundo sequer, após a apresentaçãoconduziu o ídolo até onde se encontrava o acusado, até pensou em pedir para tirar uma foto com ele antes de se retirar, mas pelo jeito sério de Thompson pensou não ser uma boa ideia. John entrou com sua postura intimidadora na enorme sala quadriculada, toda branca apenas com uma mesa de quatro cadeiras de ferro no centro, em uma das quatros paredes milimetricamente construídas do mesmo tamanho tinha uma grande janela de vidro, visível apenas de fora para dentro. Foi a primeira coisa que John notou, estritamente observador como era, não deixava nenhum detalhe passar despercebido dos seus olhos azuis acinzentados da cor do mar em dia de tempestade. Avaliou sem pressa o jovem de traços fortes demostrando claramente a origem do pais de onde veio, sentado com o tronco um pouco abaixado apoiando os cotovelos na mesa como se estivesse cansado. – Eu sou inocente. – Proclamou firme assim que reconheceu o famoso Juiz. – Isso é o você que está dizendo. Não acredito em palavras, me dê fatos. – Respondeu inquisidor, John sentou em uma das cadeiras empoeiradas como se estivesse em sua casa, queria passar confiança ao homem inseguro a sua frente. Opinou não ir de terno para não parecer um espião da CIA atrás de alguma informação secreta, vestiu algo mais "modesto" sendo que não se via nada disso em nenhuma peça que usava no momento. A calça era preta social num estilo mais despojado, a camisa escolhera uma de algodão branca de malha fina da Dolce e Gabbana, o Juiz tinha um gosto peculiar para roupas com cores neutras, talvez fosse para ajudar manter a pose de homem sério, ou talvez para esconder algum sentimento sombrio. Dentro do seu closet não se encontrava uma peça se quer de outras cores, em seu mundo particular existia apenas lugar para o Branco, cinza e na maioria das vezes Preto. A decoração da sua casa seguia os mesmos tons, até mesmo o seu local de trabalho seguia o mesmo modelo. – Independentemente de qual for a minha resposta, o fato de eu ser estrangeiro, negro, morando no pior bairro da Cidade já é mais do que suficiente para vocês Americanos me denominarem culpado. – Noen carregava no rosto uma expressão sofrida, os olhos cor de mel estavam pesados e tristes. Apesar de jovem parecia ter mais de quarenta anos, o uniforme laranja fluorescente que estava usado também não combinava muito com ele. – Tanto faz de onde veio ou está. Se for realmente inocente como diz, eu mesmo farei quem levantou falso testemunho contra você se retratar o mais breve possível. – A confiança que Thompson passou em suas palavras entrou no homem a sua frente com a mesma intensidade de um tiro, Said limpou sem vergonha uma lágrima de esperança que escorreu sem pedir licença pelo seu rosto, sabia que se existisse alguém que pudesse provar sua inocência esse homem estava bem a sua frente. – Obrigado por me tratar como gente. – Disse o rapaz enquanto Thompson observava atento cada expressão do rapaz. Cada detalhe encontrado ali poderia ser crucial... – E de que qual outra forma trataria, como um Rei? O que vejo a minha frente e um homem normal igual a mim. – Respondeu sincero. – É que faz muito tempo que ninguém me trata assim Doutor, com igualdade. – O jovem abaixou o olhar envergonhado com as próprias palavras... – Não deve se envergonhar pela falta de educação dos outros, apenas ignore. Isso que devemos fazer com coisas insignificantes na nossa vida. – O Senhor tem razão, começarei a praticar hoje mesmo. – Sorriu meio torto como se estivesse perdido o jeito de como fazer aquilo... – Já passou da hora, teria evitado muito sofrimento desnecessário na sua vida. – A forma minuciosa com que John analisava o acusado fazia o Moçambicano tremer como se estivesse sem roupa no Alasca, o frio que percorria o seu corpo com certeza seria o mesmo. – Sabe Doutor, eu estava no Shopping por um motivo muito especial naquele dia. – Noen não era estudado e ninguém lhe ensinará que ao se referir a um juiz deve-se usar Meritíssimo e não Doutor, Thompson em outras ocasiões teria chamado a sua atenção, pois exigia ser chamado assim em sinal de respeito diante a uma autoridade como ele. – Pode me chamar apenas de John. – Proclamou com a voz grave, o rapaz a sua frente obtinha de uma humildade tão grande ao chama-lo de Doutor que achou justo que o mesmo tivesse a liberdade de lhe chamar pelo primeiro nome. – Não Senhor, se não importar prefiro continuar chamando de Doutor mesmo, apenas de John seria estranho. – Realmente a postura do Juiz lhe cabia perfeitamente o nome de Rei do Egito, Príncipe da Inglaterra, presidente dos Estados Unidos, Soberano dos Mundos entre outros mais postos altíssimos, apenas John era algo simples comparado a uma postura tão nobre que o mesmo adquiria. – Se refira a mim conforme for mais confortável para você. – Obrigado Doutor. – Agradeceu agora mais relaxado encostando as costas na cadeira de ferro puxando o ar para tomar coragem antes de voltar a contar. – Como estava dizendo, naquele dia eu tinha recebido o meu primeiro salário do emprego que tinha conseguindo com muito custo, sabe Doutor as pessoas dizem que Preto é tudo bandido, mas quando pedimos alguma oportunidade de emprego ninguém da, mesmo a gente sendo mais estudado que os brancos ou não. – E o que foi comprar no Shopping de tão especial? – Perguntou direto, para qualquer outro que estivesse interrogando o rapaz seria apenas mais uma pergunta, para Thompson não. Dependendo da resposta o Juiz sentenciaria ali mesmo se o acusado era culpado ou não. Sua vasta experiência no assunto lhe dava total liberdade para isso. – Quando vim de Moçambique deixei minha mulher grávida de quatro meses do meu filho Mofat e mais uma filha de quatro anos, a Mai. Era uma garotinha linda e meiga, cujo o sorriso tinha um brilho cativante. A mãe Alexandra sempre vestia a filha com roupas simples, porém ricas em cores, o cabelo trazia sempre caprichosamente em tranças feitas com muito amor. – Só pela expressão do rosto de Noen a falar da filha Thompson imaginou pelo sorriso dele que a pequena deveria realmente ser uma graça, um dos maiores sonhos do Juiz era se tornar pai algum dia. – Minha ideia era ganhar dinheiro para trazer elas para viver aqui comigo, infelizmente ainda não consegui. Como daqui a duas semanas é o aniversário da minha esposa, pensei em comprar um vestido que ela tinha visto em uma revista de gente bacana sabe? Ah, com certeza deve saber, o Senhor e um deles. – Comentou sem maldade. – E como seria esse vestido? – Perguntou Thompson sem paciência. – Ele era branco, cheios de flores amarelas, todo rodado igual a de uma rainha. Porque? – Nada. Apenas quis saber. – Cortou o assunto. – A sua senhora também gosta de vertidos Doutor? – Perguntou simples. – Não sou casado...Ainda. – Mas pensou que se fosse nem em sonho deixaria sua esposa usar algo assim. – Entendi Doutor, mas em breve vai encontrar uma mulher que fará o seu coração bater mais forte, que mesmo que te irrite o tempo todo, não vai querer deixar ela nunca mais. – Thompson não fazia ideia do que o estrangeiro estava falando, parou para pensar e concluiu que Suzana nunca tinha lhe causado nenhum sentimento ao ponto de fazer o seu coração ter algum tipo de alteração, e sobre o fato dela irrita-lo isso era impossível já que ela sempre fazia tudo conforme a vontade dele. – Foi um prazer Noen. Mas preciso ir agora... – Mas o Senhor não vai querer ouvir o resto da história do dia do atentado? – Não, já ouvi o suficiente. Em breve sus família estará aqui com você, por enquanto tomara que sua esposa se contente com o vestido branco de flores amarelas que eu pessoalmente providenciarei para ela, espero que o meu gosto esteja à altura dela, também mandarei uma boneca para sua filha e um carrinho para o menino quando nascer, assinado em seu nome para saberem que mesmo longe nunca esqueceu deles. – John não mencionou, mas também mandaria uma quantia em dinheiro para ajudar na criação das crianças durante a ausência dele. A verdade era que o dinheiro daria para os dois pagartoda faculdade que eles escolhessem cursar algum dia. Essa parte preferiu não comentar para o rapaz não se sentir humilhado. John se despediu de Noen com um aperto de mão forte e saiu daquele recinto deixando um coração esperançoso para trás, mas levando consigo a certeza que se existisse verdade ali, descobriria e faria cumprir a promessa que fez ao jovem. Fazendo o possível e o impossível para encontrar a verdade além dos fatos daquela história e inocentar o homem a todo custo, alguma coisa lhe dizia que naquele crime tinha mais gente do próprio país envolvidas do que as vindas de fora. Os repórteres estavam feitos Urubus atrás de carniça acampando em frente ao fórum atrás de mais notícias. Depois das últimas estampando no Jornal da CNA sobre o caso, Thompson estava certo que tinha alguém do grupo dele vendendo informações fora. Para sua surpresa, descobriu que o traidor se tratava do seu assistente, ficou surpreso com tal descoberta, afinal o homem aparentava ser culto e honesto. ***** A grande porta do elevador do Fórum da Cidade de Washington abriu dando entrada pela primeira vez para a jovem Yudi Jackson, Dona de uma personalidade marcante e uma inteligência considerável, para não dizer privilegiada. Filha de um pastor da pequena igreja do Bairro Brooklin, onde a maioria das pessoas eram pobres e negras, e com o maior índice de criminalidade da cidade, teve que sair de casa aos dezesseis anos por não ter um comportamento "adequado" ao da igreja que a família dela frequentava, sempre gostou de viver de uma forma livre, principalmente na vida pessoal ou na forma de se vestir. O seu estilo era provocante e ousado, mas nunca vulgar. Sempre gostou de roupas mais sensuais e de uma boa maquiagem, batom vermelho era o seu favorito. Não se vestia assim para provocar o sexo oposto nem nada do tipo, apenas se sentia bem assim e pronto. A cada passo que dava naquele extenso corredor estritamente limpo e encerado era como se estivesse no tapete vermelho indo buscar o prêmio do Oscar, a emoção era a mesma. Tinha batalhado muito para estar ali, que queria somente aproveitar ao máximo, só Deus e ela sabiam que até fome passou para chegar onde estava. – Bom Dia, sou Yudi Jackson. – Disse a jovem educadamente com um sorriso enorme no rosto para a secretária sentada atrás de um balcão de madeira na luxuosa recepção do lugar, a mulher a sua frente era belíssima, usava um conjunto social de saia preta justa na altura abaixo do joelho, e uma blusa branca com mangas longas e botões transparentes combinando perfeitamente com o chão azulejado de branco e Preto idêntico a um jogo de xadrez, a Senhorita Jackson não sabia se o piso era feito para combinar com a roupa da moça ou vice versa. O fato era que ambos eram de muito mal gosto, principalmente o cabelo loiro preso em um coque irritantemente bem arrumado que faltava pouco gritar "fui feito pela vovó". A moça se perguntou como aquele lugar era tão famoso na mídia em relação a eficiência dos funcionários se nem tratar uma pessoa educadamente sabiam. Pois a atendente da mesma posição que estava foleando uma revista da Vogue ignorou totalmente sua presença. – Bom dia Senhorita Caili, sou Yudi Jackson. – Leu discretamente o nome da moça em uma plaquinha dourada presa na impecavelmente blusa branca dela. Por um minuto a ideia de perguntar qual a marca de sabão usava para lavar lhe pareceu bastante tentadora, pois realmente o tom claro da peça era de invejar qualquer dona de casa, sua mãe sempre dissera que a filha não levava jeito para os afazeres de casa, o que de fato era verdade, também não era muito fã de crianças, gostava sim, mas as dos outros e de preferência dormindo. Mas se sentiu orgulhosa quando lembrou que sabia fazer um macarrão instantâneo e um ovo frito como ninguém, era de comer e pedir mais. – Me deixa adivinhar, você é mais uma profissional do sexo, não é? – A recepcionista olhou Jackson de cima a baixo. – Foi agressão por algum cliente e veio denunciar? Moça aqui não é lugar para isso, tem que ir a uma delegacia da mulher e sair dessa vida, precisa se valorizar mais, ter mais amor no coração. – Yudi apertou forte a bolsa de baixo do braço para não cometer um crime doloso bem no seu primeiro dia de trabalho, pediu a Deus muita calma para não cometer uma atrocidade. – Se estivesse mais atenta ao seu trabalho e não lendo as últimas notícias da Vogue, teria ouvido quando tinha me apresentado a você, então saberia que é o mesmo nome nesse lembrete aí colado no computador dizendo que sou a nova Assistente do Juiz Thompson. – A secretaria ficou pálida, com o que acabara de ouvir, nunca imaginou que a nova assistente que tinha passado na prova para o cargo com noventa e oito por cento de acerto na prova do concurso público teria aquela aparência "diferente", pensou em alguém com a cara de inteligente pelo menos, principalmente que fosse do sexo masculino, sendo que todos os outros eram homens por escolha de Thompson, já que para ele não era todo tipo de trabalho que poderia ser feito por uma mulher. Segundo a nova lei isso não era mais decidido por ele, mas sim através de um concurso público onde quem passar não poderia ser mandando embora por ser concursado. – Me perdoe senhorita Jackson, vou anunciar a sua chegada ao Juiz Thompson. – A Secretária ainda com a cor da pele alterada por conta do constrangimento pegou o telefone com a mão ainda tremendo. – Da próxima vez, tente conhecer primeiro e julgar depois, não o contrário. – Deu seu recado elegantemente, apesar do gênio forte sabia muito bem se portar de forma adequada em qualquer situação. – Senhor, a pessoa que estava esperando chegou. – Não teve coragem de revelar que a tal pessoa se tratava de uma mulher. – Mande entrar. – Yudi, mesmo de longe, se arrepiou ao ouvir a voz imponente do homem, andou pela primeira vez naquele dia insegura até parar de frente ao Gabinete do Juiz, antes mesmo de bater, a porta elétrica se abriu como se tivesse sido feita para esperar a chegada dela. Entrou a passos lentos no lugar sem fazer barulho com o salto, depois de anos andando encima daquilo, tinha aprendido como usar. Logo notou que o mal gosto também habitava ali dentro, o chão era branco e as paredes negra como a noite, ficou imaginando como que na época do verão deveria ficar quente ali dentro. A janela era enorme, toda de vidro que dava para observar a parte mais nobre da Cidade, no teto tinha um lustre enfeitado com pequenas esferas de diamante. Quando olhou a sua frente viu o Juiz sentado em sua mesa lendo uma pilha enorme de papéis, não demorou muito para notar que o homem era lindo, sua postura masculina e viril era coisa de outro mundo, estava estonteantemente bem vestido em um terno cinza escuro e bem alinhando, combinando com a gravata preta com finos riscos branco. O cabelo penteou molhado todo para trás, sem deixar nenhum fio perdido a solta, a barba por fazer dava-lhe um poder estrondoso. Era a verdadeira elegância em pessoa. – Entre senhor Jackson. – Mais uma vez a voz do grossa de Thompson fez as pernas da mulher tremerem feito gelatina. – Não é senhor, é senhorita. – Disse ela em um tom firme, desafiador. Na mesma hora Thompson levantou o olhar para ter certeza do que tinha acabado de ouvir, sem demoras avaliou minunciosamente o corpo da mulher de curvas avantajadas diante de si, dentro de uma saia lápis cinza com uma abertura na coxa deixando uma parte considerável a mostra, uma camiseta branca três quartos malha fina tão colada que parecia fazer parte da sua pele, com um pequeno Blazer preto por cima. Na boca tinha um batom vermelho fosco, o mais chamativo era o cabelo que estava solto em cachos livres pelo ar, como se tivessem vida própria. Pela expressão que o Juiz fez nunca tinha visto algo tão "vulgar" em toda sua vida. John foi criado de maneira antiga, onde as mulheres de respeito cobriam pelo menos setenta e cinco por cento do corpo. Mesmo assim não conseguiu conter os olhos que desceram inexplicavelmente pelas curvas da jovem, dando uma atenção especialpara os enormes seios, os mais belos que tinha visto na verdade. Depois notou a forma curvilínea da cintura da jovem era idêntica ao violão que tinha desde a adolescência, as pernas eram grossas e firmes sustentadas em um salto quinze também vermelho. Depois de sua análise minuciosa, Thompson percebeu que a jovem negra parecia ser atrevida tanto nas palavras como também em suas vestes, a denominando sem sombra de dúvidas ao grupo das "oferecidas", o tipo que mais lhe causava repulsa, para não dizer nojo. – Buenos dias, desculpas my atraso para lá apresentacion, mas o trânsito está una loucura. – Proclamou de forma muito séria o Assessor do Juiz Alejandro Gonzalez, após chegar correndo para evitar o confronto. Quando passou na recepção e soube da presença da nova assistente ali, veio correndo, estava ciente da vinda dela pois tinha visto o seu currículo e ficado muito impressionado com a competência da jovem, o problema seria convencer o Juiz disso. – Quem é essa Gonzalez? – Perguntou com seu humor sério matinal, sabia muito bem que o motivo do atraso do Assessor era outro bastante diferente, mas não se disponha de um pingo de paciência no momento para discutir sobre o assunto com ele. Além de trabalharem juntos eram amigos de longa data. John, como ninguém, conhecia a vida de farra que o Assessor levava, e não aprovava a postura mundana que o mesmo adquiriu para si, sempre o aconselhou a arrumar uma mulher de respeito para casar e gerar filhos. O problema era que ele preferia as mais safadas que assim como ele não queria nada além de se divertir, e essa ideia de ter algo sério com alguém passava bem longe da cabeça daquele espanhol mulherengo... – Hum, pelo jeito lá niña acordastes de mal humor hoje. – Alejandro, além de ser dono de um charme enorme típico dos Espanhóis, aquele Latino obtinha um senso de humor inigualável. Thompson nada respondeu, estava nervoso demais com a presença daquela criatura deplorável a sua frente. – Eu sei falar, não precisa perguntar sobre mim para terceiros sendo que estou presente. Meu nome é Yudi Jackson, sua nova assistente. – E quem te iludiu com isso Senhorita Jackson? – John foi grosso fazendo Alejandro encará-lo de forma séria, coisa muito rara se tratando do Latino. – Talvez a prova que passei com a diferença de trinta pontos do segundo colocado, Senhor. – Não quero ela aqui González, mande-a para outro departamento. – No podemos John, la muchacha passou para essa vaga my amigo, es Lei e no pudemos fazer nada. – Disse Alejandro. – Vossa Excelência, não sei qual o problema de trabalhar comigo. Mas se me ser uma chance, prometo provar que realmente mereço a vaga. – Mesmo nervosa com a situação, não abaixou o olhar em nenhum momento diante da postura firme dele, lhe encarava de frente. – Não faz ideia do que já passei para chegar até aqui. – Tinha o olhar longe, como se tivesse lembrado em algum momento triste. Isso não passou despercebido a ele, nada passava. – Eu entendo. – Realmente entendia, mas, ainda não a queria lá. – Pode ir assumir essa função em outro departamento, creio que você não combina com esse setor. Vai ter dificuldades em se adaptar. – Quanto a isso não se preocupe Vossa Excelência. Porque sei ser educada com a pessoa, mesmo não tendo simpatia por ela. Porém, quando são comigo também, é claro. Cada um tem o que merece de mim, sugiro não querer ver o meu lado ruim porque o bom já não é grandes coisas. – Ela falava calmamente, conseguia manter o controle mesmo estando nervosa, mas por dentro xingava o homem da Lei de todos palavrões possíveis. – Primeiro, se a senhorita não começar se referir a mim de maneira adequada como seu superior, considere- se presa por desacato a autoridade. Segundo, suas vestes... – O seu olhar detalhado para o corpo da mulher a sua frente contradizia a sua reprovação em relação ao estilo da moça. – Não "combinam" com o seu novo local de trabalho, se é o tipo que gosta de exibir enquanto trabalha, creio que está prestando serviços no lugar errado. E sobre o seu cabelo prefiro não comentar, apenas mantenha-o preso por favor quando estiver aqui. – Não entendi o seu comentário sobre a minha as minhas vestes. – Tinha entendido perfeitamente. – Mas, creio que elas não vão interferir de forma nenhuma no meu trabalho afinal vou trabalhar com o meu cérebro e não com o meu corpo. – Exclamou seria. – Santo Dios, que mujer! – Alejandro exclamou olhando freneticamente de um para o outro com o semblante divertido, estava amando o debate dos dois. – Se quer tanto a vaga, fique. Como disse não posso te demitir por justa causa, mas posso fazer você pedir para sair, não dou nem um mês para que isso aconteça. – Lançou um olhar intimidador à mulher, mas ela não saiu. – Na minha vida sempre teve alguém querendo puxar o meu tapete, mas nunca facilitei o trabalho delas. Por isso cheguei onde estou. – Yudi sempre fora geniosa. Por outro lado, era estudiosa, trabalhou em várias empresas como secretária e outras tantas funções como babá, empregada doméstica, lavadeira entre outras. Passando até fome para conseguir pagar os cursos que a colocou onde estava, se conseguiu a vaga era porque realmente merecia e não iria desistir dela tão fácil. – Agora se me der licença vou ao RH assinar os papéis da minha contratação. – Completou e saiu do Gabinete sem pedir licença deixando dois homens de boca aberta com tanta prepotência em uma só pessoa. *** *** *** No final de semana, o Assessor do Juiz Alejandro Gonzales tomou um banho mais demorado do que de costume, vestiu uma calça jeans escuro, colocou uma camisa vinho de gola V da nova coleção Calvin Klein. O cabelo arrumou sem pressa com gel, arrepiando os fios praticamente um por um. Queria estar impecável para sua primeira noite de farra na nova Boate Kankun. Aquele Latino charmoso sabia bem como se divertir, sua infância de refugiado em um país completamente desconhecido do que nasceu, foi muito difícil. Se não fosse o pai de Thompson ter contratando sua mãe como cozinheira na época, sua vida poderia ter sido bastante diferente do que é agora. Como não tinha com quem deixar Alejandro Gonzalez para trabalhar, sua genitora levava a criança com ela para o trabalho, John sempre foi muito fechado com todo mundo. Desde pequeno o espanhol era extrovertido, logo eles se tornaram amigos inseparáveis, aliás foi o pai do Juiz que pagou os estudos dele na mesma faculdade do filho até Alejandro arrumar um emprego e querer pagar por conta própria. Nunca esqueceu de onde veio ou de suas origens, ainda mais que mesmo melhorando o estado Social de vida, sua família fez questão de continuar morando no mesmo Bairro de Imigrantes Espanhóis que os receberam com maior carinho quando mudaram para ali, dentro de casa falavam apenas a língua nativa, por isso o Latino tinha um sotaque tão forte. Se tornou um homem íntegro e muito competente em tudo o que fazia, o sonho do senhor Thompson era ver Alejandro Juiz como o filho, mas essa carreira era séria demais, não combinava com a personalidade extrovertida que o mesmo obtinha, então preferiu ficar apenas como advogado. Nunca teve muito juízo, principalmente na vida pessoal, tendo por muitas vezes problemas com mulheres casadas. Para ficar de olho no amigo, John chamou o mesmo para trabalhar com ele e estão atuando na profissão que escolheram para si, juntos. Chegando na entrada da Luxuosa Kankum, Alejandro desfilou com o seu charme avassalador pelo extenso tapete vermelho que dava passagem para o interior do local onde ficavam apenas os clientes ultra- Vips. Já do lado de dentro, o mesmo não passou despercebido pelo olhar de nenhuma mulher que se encontrava naquele estabelecimento. Não era apenas beleza que habitava na postura daquele Espanhol galanteador, era algo bem mais do que isso, também era Dono de um charme fora do comum. Sua postura esbanjava uma confiança esmagadora. Sabendo do vasto poder que tinha em relação ao sexo oposto, Alejandro ficava com várias ao mesmo tempo, mas não se apegavaem nenhuma. Corria de compromissos, prezava sua liberdade mais do que tudo, principalmente do seu direito de ir e vir sem ter que dar satisfação para ninguém. Até porque aos olhos do homem a ideia de variar de parceria sexual diariamente era maravilhosa. Sendo o tipo que enjoava fácil de uma mulher após ir para cama com ela, principalmente as patricinhas fúteis com quem costumava sair, era no máximo duas ou três noites bem transadas no apartamento que possuía apenas para isso, afinal o seu lar era um lugar sagrado demais para esse tipo de coisa, era como um santuário onde somente pessoas muito importantes para ele adentrava. Depois que conseguia o que queria desaparecia como em passe de mágica da vida das pobres moças que iludia, sem nenhuma gota de remorso sequer, de fato era um canalha de marca maior, mas tinha um coração enorme, praticava muitos atos de bondade para com os outros, sempre manteve em segredo até mesmo de Thompson, seu melhor amigo desde garoto, ajudava porque gostava e não para mostrar para os outros que era bom. Como de se esperar naquela noite nada menos do que a metade das mulheres do evento se ofereceram de bandeja para González, o problema era que nenhuma delas chamou a atenção do Latino. Até o momento em que o Dj convidou uma amiga para subir ao palco para cantar uma música. – Una bela desgracia estais sendo mi noche. – Bufou o homem desanimado virando em um gole apenas sua bebida cara. A atenção de Alejandro foi totalmente tomada pela voz que ecoou de forma sedutora aos quatros cantos do lugar, era suave e extremamente sexy. O efeito nela no Espanhol foi como o canto hipnótico de uma sereia. Era um reggae misturado com uma batida envolvente, quando colocou os olhos na dona da voz foi quando perdeu toda razão de vez. Era uma negra de aproximadamente um metro e setenta e cinco de altura, magra, porém com o corpo cheio de curvas. O cabelo era todo em belas tranças longas, usava uma camiseta branca e uma saia longa florida cheia de pregas. Somente a malevolência com que a jovem mexia o corpo ao som da música, foi mais que suficiente para deixar o Gringo deveras bastante excitado, foi preciso ajeitar discretamente o enorme volume que se formou dentro da calça jeans justa. Assim que a bela jovem desceu do palco sobre uma salva de palmas e muitos assobios dos homens, Alejandro abordou a mulata na mesma hora. – Hoje es tu dia de suerte muchacha! Escolhi tu para ser my por esta noche. – O homem proclamou no ouvido da moça no seu melhor tom sexy. – E quem disse que eu quero ser sua Playboy? – Mais afirmou do que perguntou. – Porque yo prometo lhe proporcionar la mejor noche de sexo de su vida! Nunca será comida ton bien como pretendo lhe comer esta noche. – Muito obrigada pela oferta, mas não estou afim de ser sua refeição nem hoje nem nunca! – Porque no? – Perguntou um latino inconformado, afinal tinha se acostumando em conseguir a mulher que queria, nunca sentiu a dor devasta que um não poderia causar em um coração bandido. – Porque não é pronto! – Retrucou. – Me de apenas uno motivo para no querer ficar comigo, porque sinceramente no vejo nenhum para una mujer en lá san consciência no quiseres ir para cama comigo, soy o sonho de consumo de qualquer una mi carinho. – É mesmo? Não me diga, acontece que eu não sou “qualquer uma meu bem”. Além do mais você não faz o meu tipo. – Disse cada palavra com o olhar intenso para o homem a sua frente, que a encarava da mesma forma. – Já olhaste para mi muchacha? Soy um hombre de buena aparência e mucho dinheiro no bolso, charmoso e que sabe ser muy generoso com quem compartilha lá cama comigo. A mulher da voz de anjo tão espantada com o que acabara de ouvir, não respondeu nada. Se tinha uma coisa que lhe causava repulsa em um homem era o excesso de ego. Apesar de ter adquirido uma pose de durona para si, sempre foi uma moça romântica. Cansou de ver a mãe sendo espancada pelo padrasto bêbado, isso causou um certo receio na jovem de se relacionar com qualquer um, principalmente um igual ao tipo inusitado que lhe abordou de forma tão grotesca. Sempre lutou muito cedo para pagar os estudos e oferecer uma vida melhor para sua genitora, as duas haviam acabado de se mudar de Nova York para Washington, pois havia recebido uma proposta irrecusável de trabalho que conseguiu através de um dos seus antigos professores da faculdade, que indicou a mesma quando soube da vaga. Chateada com a situação, a mulher tentou se retirar de perto dele, mas foi impedida pelo corpo másculo de Alejandro de quase dois metros de altura, que se estacou bem na frente dela impedindo sua passagem. – Tu no puedes ir embora até hablar porque no me queres. No me digas que no gosta de hombres? – Eu não gosto de homem como você, que acha que só porque é bonito e tem dinheiro pode ter a mulher que quiser. – Então tu assumes que me achas Belo mi carinho? – Perguntou divertido com um sorriso charmoso meio de lado. – O que adianta tanta beleza por fora se é puro vazio o que predomina aí dentro? Bonito superficialmente você é, mas nada além disso. Também mesmo se fosse um cara legal não adiantaria em nada, porque prefiro homens negros, de preferência que fale a mesma língua do que eu. Dessa vez Alejandro não impediu a moça de ir embora, estava tão chocado com as últimas palavras da desconhecida, sentiu cada uma atravessar o seu coração como um punhal bem afiado. Nunca ninguém tinha o tratado de tal forma, saiu da Boate desorientado esbarrando em todos que vinham à sua frente, precisava sair dali o mais breve possível. ****** No outro dia foi trabalhar com o semblante fechado, carregando consigo vestígios da péssima noite que tinha passado. A madrugada passou em claro pensando que poderia até aceitar o fato dela não querer ficar com ele por vários motivos, mas daí se atrever usar como justificativa a cor da sua pele e o tão amado país de onde veio foi inaceitável para ele. – Gonzalez você poderia revisar esses relatórios aqui para mim antes do próximo julgamento? – Thompson entrou na sala do amigo trajando um dos seus ternos caros e o cabelo impecavelmente bem arrumado como sempre, tinha uma necessidade absurda de estar bem vestido vinte e quatro horas por dia. – No puedo! Estais cego ou o que John? No estais vendo que estoy mui ocupado no momento? O Juiz, em vez de se chatear com a má resposta do amigo, achou graça, afinal quase nunca tinha visto o Espanhol tão irritado. O mais hilário era que ele não conseguia pronunciar o Inglês correto quando ficava nervoso. – No vejo nenhum motivo de lá graça. – Proferiu mais irritado ainda levantado a cabeça para olhar para o Juiz, que até então mantinha baixa, pois estava lendo alguma coisa no seu notebook. – O que houve para te deixar nesse mal humor todo Alejandro Gonzalez? Logo você, o homem mais irritantemente feliz do mundo. – Proferiu John com os olhos e ouvidos atentos para saber o que tinha acontecido com o amigo, se preocupava muito com ele, pois o tinha como um irmão. – Tu acreditas que ontem fui rejeitado por una mujer porque soy branco e espanhol? – Sabia que tinha mulher no meio. – Tu ouviste o que yo disse John? Sofri racismo, tu como Juiz era para fazer algo. – Você não é nenhum santo Alejandro, para a moça agir dessa forma você deve ter passado do ponto com ela. O que está doendo não foi a ofensa em si, mas sim o “não” que recebeu dela. Já estava na hora mesmo de achar alguém para dar um jeito nessa sua vida de mulherengo, mulher foi feita para ser cuidada por nós homens e não para serem usadas por uma noite para na manhã seguinte ser jogada fora. – E tu estais precisando achar una mujer para una transa bem dada para esquecer essa bobagem de esperar até despues de tu casamento para dar uno trato em la sonsa de tu noiva. – Thompson preferiu não dar uma resposta para o amigo, pois sabia que o mesmo não gostava de Suzana. Ouviram batidas na porta, Yudi entrou enfiada dentro de uma calça social escura de cintura alta bem acentuada ao corpo, um corpete branco de manga longa mostrandouma pequena parte da barriga bem definida, nos pés uma bota cano curto e salto alto na cor azul marinho. O cabelo estava no habitual "bem armado". O perfume dela quase levou o Juiz para outra dimensão, nunca tinha sentido cheiro igual em sua vida, simplesmente viciante para ele... – A nova advogada chegou "Meritíssimo" posso mandar entrar ou a Vossa autoridade maior nesse recinto não pode atender a moça nesse momento? – Mande-a entrar. – Respondeu apenas, bastou Thompson ouvir a voz sarcástica da jovem para o seu humor mudar do dia para a noite. Gonzalez que não era bobo notou o clima forte que existia entre os dois. – Pelo o jeito tu ja encontrates tal mujer. – O Espanhol abusou da cara do amigo assim que Yudi saiu da sala. – Pare de dizer asneiras Alejandro, e revise imediatamente os relatórios que mandei. O Juiz ajeitou o terno e foi até a porta receber a tal advogada nova que faria parte da sua equipe, estava animado com a chegada da moça, afinal tinha sido muito bem recomendada por um amigo. – Entre por favor, sou Juiz Thompson seja bem vinda a nossa equipe. – Obrigada Senhor, prometo fazer o meu melhor para merecer fazer parte dela. – John ficou surpreso com a idade que a jovem aparentava ter, quando a indicaram foi tão bem elogiada que pensou ter no mínimo uns trinta anos, sendo que aquela a sua frente não deveria ter nem vinte e cinco. – Estamos fazendo algumas reformas aqui no Fórum para receber o meu pessoal, por enquanto vai dividir a sala com o meu Assessor pessoal Alejandro Gonzalez. – O Espanhol que estava imerge a conversa, pois tinha voltado toda atenção para a tela do notebook. – Prazer, sou Solange Souza, sua nova colega de trabalho. – Você? – Os dois falaram na mesma hora assim que o Espanhol pegou na mão dela e levantou a cabeça para beijar seu rosto. – Yo me recuso a trabalhar com esta mujer. – O Espanhol proclamou irritado assim que reconheceu a misteriosa cantora de belas tranças longas. CAPÍTULO 2 O clima naquele Fórum nunca esteve tão fervoroso. John por sua vez, estava empenhado em um trabalho árduo, no objetivo de se livrar da nova Assistente o mais rápido possível. Chegou no prédio antigo exatamente dez minutos antes das seis, elegante como sempre, estacionou seu BMW na garagem escoltado pelo seu pequeno exército de homens de preto, pegou o elevador privado e apertou o único botão que dava acesso ao gabinete. Assim que a porta se abriu, antes mesmo do homem colocar os pés para fora, o aroma amadeirado da sua loção pós barba tomou conta do ambiente em questão de segundos. Ainda era muito cedo, pelo silencio parecia ainda não ter chegado ninguém, John por sua vez se orgulhou por mais uma vez ser o primeiro a chegar no seu local de trabalho antes de todo mundo, já dentro da sua sala colocou a maleta em cima da enorme mesa de vidro impecavelmente limpa, fazendo uma varredura minuciosa com os olhos conferindo se tudo estava no seu devido lugar. Vendo que sim, sentou-se na sua confortável cadeira de couro preta. Começou antecipadamente revisar um relatório, antes mesmo de terminar de ler o primeiro parágrafo sua atenção foi tomada pelo aroma delicioso de café que emanava por toda sala, se tinha uma coisa que John amava era tomar um bem forte antes de começar o seu dia, mas não o podia fazer com frequência por recomendações medicas... Porém, na opinião dele apenas pelo o cheiro aquele parecia estar esplêndido, não poderia deixar de provar. Levantou apressado e foi a passos largos em direção ao refeitório, não somente pela vontade de provar do café, mas a curiosidade de saber quem chegou tão cedo como ele também estava lhe consumindo por inteiro, isso nunca acontecerá antes. Quando chegou na porta deu de cara com a sua nova assistente entretida quebrado e cantarolando alguma coisa estranha em outra língua, era óbvio que ela não sabia o idioma, mas mesmo assim cantava como se soubesse. Era um funk brasileiro que ela tinha ouvido uma vez na rádio e se apaixonou pela batida na mesma hora, abrindo o armário grudado na parede de azulejo preto para pegar uma xícara que ficava guardado na porta de baixo, quando se virou, a mulher quase morreu de susto com o homem da Lei parado na porta. – Gostou? Para não dizer que sou má, se quiser apertar um pouquinho eu deixo. – Disse de forma abusada por conta da cara de bobo que John a olhava, ele estava surpreso de encontrar ela ali naquele horário. – O que você disse? – Ameaçou mais do que perguntou. – Perguntei se gostou do meu traseiro, já que o Senhor estava daí a admirá-lo tanto, me olhando assim com essa cara de cão sem Dono, me dá até vontade de arrumar um bichinho de estimação para "brincar". – Jackson era Mestre na arte de provocar, ainda mais quando o seu alvo se tratava do tipo engomadinho a sua frente. – A Senhorita não parece ser o tipo de mulher que brinca com "bichinhos de estimação". – Respondeu Thompson avaliando as vestes da moça que naquele dia parecia ter escolhido aquele especialmente para irritá-lo. Vestia uma calça de tecido marrom escuro sem bolsos atrás tão justa que o Juiz pensou que se Deus era justo a roupa dela era mais. Acompanhada de uma camiseta bege de alças finas balançando os seios fartos sem sutiã por baixo não despercebidos aos olhos acinzentados, as sandálias de salto fino azul púrpura reluzente que davam para serem notadas à distância fez John se perguntar como alguém conseguia se equilibrar em cima daquilo? De fato, era muita vulgaridade para uma mulher só, concluiu por fim. – Então eu sou o tipo de mulher que brinca com o que Meritíssimo? – O desafiou, era incrível como aqueles dois não conseguiam conversar um com outro sem colocar um segundo sentindo na frase, o abuso da irônica era brutalmente forte de ambas partes, o clima que existia entre eles era quase palpável. – Não faça perguntas na qual não irá gostar da resposta. – O Juiz pegou o recipiente cheio do líquido fumegante em cima do balcão de mármore e tomou a xícara da mão dela, voltou para o Gabinete sem dar satisfação ou agradecer pelo o que estava levando com ele. Para piorar a situação de Yudi, a jovem teria que trabalhar ao lado da Assistente do Gonzales e da secretaria que tinha lhe tratado de forma inadequada quando chegou ali. As duas moças ambas loiras, estavam tão bem vestidas sentadas em suas mesas que pareciam estar em um desfile de moda, e não trabalhando. – Não sei porque o Juiz contratou você, já que tenho certeza que conseguiria dar conta de todos assuntos dele sozinha, era para essa vaga ser minha, mas como ele sempre contratou homens para essa função nunca tive oportunidade nenhuma nem de tentar. – Não teve ou não lutou por ela o suficiente? Pelo o que eu sei a prova por essa vaga era aberta a todos, então não jogue em mim a sua frustação por não ter corrido atrás do que queria quando pode. – Se a moça queria intimidar a novata tinha se dado muito mal, porque Jackson nunca foi o tipo de levar desaforos para casa seja de quem fosse. – Não pense que vai chegar aqui colocando as asinhas de fora porque isso não vai acontecer sua oferecida, se não fosse de... – Pensou antes de falar para não cometer um crime de racismo. – Com traços afro- descendentes, poderia jurar que pelo seu jeito vulgar poderia ter usado uma forma que só mulheres do seu tipo usam para conseguirem o que querem, mas duvido que um homem como o Juiz olharia para uma do seu "Estilo" meu bem.- A secretaria do "Homem da Lei" proferiu tais absurdos de uma forma abusiva, agora de pé Yudi notou que a mesma tinha uns sete centímetro a mais do que ela, vestia uma saia lápis cinza a baixo do joelho, uma blusa social branca bem engomada. O cabelos agora soltos em um perfeito corte Chanel, nos pés uma a sandália caramelo com tranças dava um charme especial na parte lateral, a maquiagem quase não tinha, se tinha estava muito bem feita para não ser notada. – Mas já que está aqui, aquela lá e a sua mesa. – Completou com desdém. Assim que Yudi abriu a boca para responder à altura, a porta do Gabinetese abriu revelando a imagem galanteadora que somente aquele homem possuía. A criatura que antes tinha pura arrogância mudou a expressão de azeda para simpática na mesma hora. Também não tinha mulher que resistia tal cena, o Homem veio andando espalhando testosterona por toda parte sem nem se dar ao trabalho de olhar para a oferecida, seus olhos estavam ocupadas demais fixo na nova funcionária. – Tenho uma reunião de extrema urgência com o presidente daqui a vinte minutos. – Proferiu tal coisa com tanta facilidade, como se já tivesse o encontrado inúmeras vezes. – Sobre assuntos sigilosos em relação a segurança da Casa Branca. – Sim senhor, vou preparar tudo que vamos precisar Meritíssimo, e já estou indo. – A mulher de cabelos dourados sem demoras começou a separar alguns papéis dentro de uma pasta transparente localizada em cima da mesa. – Não estou falando com você Amanda, eu quero ela. – A voz grossa e a forma como John proclamou cada palavra à jovem negra era de se arrepiar por inteiro. – Mas Senhor, ela chegou aqui praticamente agora, não deve nem fazer ideia de como agir para satisfazer as suas necessidades perante a um momento inesperado. – Duvido muito que não. – Novamente Thompson respondeu deixando a dúvida pairar no ar sobre do que realmente estava se referindo, apesar que o seu olhar desafiador em cima da moça deixava bem evidente do que se tratava. Aquela situação lhe pareceu perfeita para colocar a Assistente em uma saia justa, afinal não era qualquer um que conseguiu manter a calma diante do Presidente, com ela não seria diferente. Queria ver até onde ia a valentia dela tendo que se virar sozinha no meio de tanta gente importante. – Desculpe Senhor, mas não acho justo ela ocupar um lugar que é meu por direito. – A mulher tinha o rosto tomado por um tom avermelhado por conta da raiva que não estava fazendo nenhuma questão de esconder. – Sua por quê? Sendo que ficou em vigésimo lugar na prova, se prepare melhor e tente da próxima vez. – O homem da Lei foi firme como em tudo que dizia. – Se faz tanta questão de ir querida, vai na fé e seja feliz. – Pela primeira vez ouviu-se a voz de Yudi naquele recinto, era uma mulher esperta. Sabia muito bem que tinha muita coisa atrás da vontade súbita na intenção do Juiz em querer leva-la consigo, realmente a entojada em dizer que ela era muito nova ali para acompanha-lo em uma reunião tão importante vez do seu cão fiel de guarda. Se tratava de uma armadilha e ela tinha completa noção disso. – Quem decide quem vai ou não sou eu! Então sugiro que esteja pronta rápido Senhorita Jackson, sairemos em menos de cinco minutos. *** Os portões da Casa Branca se abriram para os carros da equipe do Juiz entrarem, ele não deixou de reparar no semblante iluminado que se apossou do rosto da moça que olhava cada detalhe do lugar encantada. Cavalheiro como era, desceu primeiro e abriu a porta para a nova Assistente, a mesma simplesmente passou para o outro lado do Banco do carona e saiu, achou muito hipócrita da parte dele querer dar uma de bom moço sendo que a trouxe ali com um plano maquiavélico em mente. – Obrigada pela gentileza, mas não sou aleijada nem nada. Guarde suas boas maneiras para aquelas que apreciam esse tipo de frescuras. – Yudi proferiu tais palavras carregadas de grosseria, isso era especialidade dela quando o assunto era ele, passou rebolando com o seu traseiro enorme na frente dele e da tropa de guarda costas que o acompanhava. Thompson teve que contar até dez para conter a vontade de torcer o pescoço da assistente metida andando a sua frente segurando um monte de pastas como se fosse a executiva do ano. Do outro lado do jardim tinha vários homens trabalhando na construção de uma estufa para cultivar flores silvestres, quando viram aquele monumento desfilando pela calçada, não aguentaram e tiverem que se manifestar diante de tal maravilha. – Ohhh lá em casa em! – Que mulata gostosa! – Vou te dar um trato moreninha boa! – Não sou fuso Horário morena, mas se quiser pode vir aqui fazer uma hora "extra" comigo! Os homens gritavam sem nenhum pudor, Yudi desaforada como era ameaçou respondê-los na mesma hora, mas ficou paralisada assim que observou o Juiz atravessado o Jardim ajeitando o terno de forma elegante deslizando logo após as mãos para dentro do bolso sem se importar com a lama agarrando no seu sapato bem engraxado na direção dos indivíduos. – Primeiro ela não é "Mulata", "Moreninha" ou "Morena". Ela é Negra. Já ouviu falar dessa raça? Para mim é a mais linda e autêntica que existe no mundo. Não vejo motivo para ficarem inventando rótulos para se referir a cor da pele de uma pessoa, seja ela branca, azul ou amarela, até porque o correto de chamar alguém é pelo nome e não por apelidos supérfluos inventados por gente ignorante que não sabe distinguir a diferença entre cor e raça. Sobre o termo "gostosa" ele só deve ser usado depois que se prova alguma coisa, algo que nunca vai acontecer no caso de vocês meus amigos, pelo menos não enquanto eu viver. Tenham um bom dia. – Mesmo contendo um peso enorme em suas palavras, John exclamou cada uma com muita leveza, sua extrema educação não deixaria que o fizesse de outra forma. Os homens que antes falaram o que queria, não tiveram voz para responder nada para o Juiz, deixando assim o silencio falar por eles o quanto estavam envergonhado por seus atos. Thompson passou pela assistente paralisada com um semblante confuso no rosto, como se não tivesse feito nada demais. Para ele na verdade foi mesmo, pensava que aquilo era uma atitude normal que qualquer homem de verdade tomaria. Já para Yudi, aquilo lhe tocou de uma forma massacrante, afinal ninguém nunca lhe defendeu daquela forma. – Obrigada. – Agradeceu a jovem assim que entrou na mansão, poderia ser muitas coisas, mas ingrata não era uma delas. O Juiz a olhou de forma séria sem saber do que a mesma estava a falar. – Por que? – Perguntou o Meretíssimo realmente sem saber do que se tratava. – Por ter me defendido com aqueles idiotas, o meu pai no seu lugar teria dito que sou culpada por me vestir assim na intenção de provocar os homens. – Yudi parou de andar pelo grande Salão de luxo e começou a fitar os pés sem coragem de encarar os belos olhos azuis acinzentados, esse assunto a deixava um tanto que sensível. – E é mesmo. Se quer respeito dos outros, tem que ter uma postura descendente para isso. O fato de eu ter colocado aqueles Senhores no lugar deles não tira a sua grande parcela de culpa no ocorrido, pelo jeito o seu genitor até tentou lhe ensinar a ser uma pessoa descente, uma pena que os esforços dele foram completamente em vão. – As palavras do juiz entraram na jovem como uma espada de dois gumes, por um momento pensou estar ouvindo alguns dos inúmeros discursos cruéis que o pai fazia sobre a personalidade promíscua que, segundo ele, a filha tinha adquirido para si. – Já que pensa assim, retiro o meu agradecimento, da próxima vez fique calado e deixe que eu me defenda sozinha, tenho feito isso desde que me entendo por gente. – Jackson depois de muito tempo sendo forte sentiu uma enorme vontade de chorar, mas não o fez para não dar o gosto ao Thompson de ter a ferido. *** Alejandro estava ignorando por completo a intrusa que tinha se apoderado da sua sala, depois de muita briga, acabou sendo obrigado a aceitar dividir o seu ambiente de trabalho com a moça até que a dela estivesse pronta. – Senhor Gonzales, sei que começamos com o pé esquerdo lá na boate, mas agora que vamos trabalhar juntos pensei que poderíamos esquecer tudo o que passou e começamos do zero o que acha? – Incomodada com o clima pesado do ambiente Solange tentou fazer as pazes com Alejandro. – Tu es una mujer metida e sem corácion sabia? No tem bom gosto para hombres e nem es tão bela assim para ficar escolhendo com que queres ficar, também no gosto de tu cabelo. – Mentiu, achava ela a mulher mais linda que já vira na vida. – Agora si podemos esquecermos tudo que passates e começarmos do zero muchacha. – O sínico disse-lheoferecendo a mão e o melhor sorriso que tinha, se a cantora misteriosa não tivesse tão abobalhada admirando o sorriso perfeito do Espanhol teria dado um soco bem dado bem no meio daquele rosto bonito dele. Para não cometer uma loucura, deixou o homem falando sozinho e voltou a se sentar na mesa que foi improvisada do outro lado da sala especialmente para ela, agora era a mesma que fazia questão de ignora-lo por completo. Não demorou cinco minutos para o celular da advogada tocar para o Latino atrevido quase cair da cadeira quando escutou Solange dizer "Alô amor". – O que este hombre tem que yo no tenho Sol? – A pobre mulher quase infartou, a figura do Espanhol se materializado bem a sua frente em uma fração de segundos com os braços cruzados em cima do peito, batendo o pé no piso liso freneticamente demostrando o quanto estava nervoso. – Rafa, depois eu te retorno, pode ser querido? – Solange desligou o aparelho, encostou os cotovelos em cima da mesa e levou as mãos na cabeça fechando os olhos respirando bem fundo na intenção de se acalmar um pouco. – Uhh querido my carinho? Pelo jeito este hombre es muy importante para ti no es Sol. – Ele parecia uma criança birrenta falando. – Primeiro, quem me chama de Sol são as pessoas próximas a mim, no seu caso Senhorita Medeiros está ótimo. Quanto a sua pergunta não vejo o porquê ficar falando sobre o que o Rafael tem ou não melhor do que você. – Solange perdeu a paciência ficando de pé apontando o dedo bem na cara dele, o que não o intimidou em nada, pois ela era baixa diante de um homem alto e másculo como ele. – Tu fica tão gostosa assim nervosa my carinho, que até esqueço lá mujer insuportável que tu es my amor. – Alejandro puxou a mulher pela cintura apertando ela contra a mesa, Solange não conseguia mais ter controle do seu corpo que tremia sem parar nos braços dele, o Espanhol tinha um pegada forte. Isso ela não poderia negar. – Me... Solta... Cretino! – Nem pela voz ela tinha mais controle, não conseguia pronunciar uma palavra sem gaguejar. – No precisa dizeres o que este Rafael es mejor do que yo carinho, seja lá o que for, vou mostrar para ti que puesso ser muy mejor que ele my amor. – A boca dele estava tão próxima a dela que podia sentir calor do hálito fresco de menta dele tocar no seu rosto. – Duvido, o que ele significa na minha vida você nunca vai conseguir superar Gonzales. – Dentro dos olhos de Sol trazia uma dor enorme, mas despercebida pela falta de sensibilidade de Alejandro. – Es o que veremos Carinho, no entro en una briga para perder. – Ele falava cada palavra depositando beijos pelo pescoço da moça. – Desista. Você não tem chance contra ele. – Solange lutou contra a força da atração evidente entre os dois se soltando dos braços dele e saiu correndo, mas não de ouvir uma última provocação do Latino. – Essa já está ganha my amor! – Gritou Gonzáles alto o suficiente para a moça escutar, sempre gostou de um desafio. Agora que o seu orgulho tinha sido ferido não iria parar até provar que é capaz de conseguir o que quiser, ainda mais agora depois de senti-la tão próxima a si aumentou ainda mais a vontade louca de dividir sua cama com aquela Deusa de Ébano. CAPÍTULO 3 — Vamos. – Ordenou Thompson sem paciência andando a passos largos pelos corredores da Casa Branca, Yudi estava quase correndo para conseguir acompanhar o homem. Quando chegaram na sala ampla, onde eram tratados apenas assuntos sigilosos do Presidente, todos os convidados estavam mais ansiosos com a chegada do Juiz do que a do próprio Presidente. Também não poderia esperar uma reação diferente deles já que os criminosos mais perigosos do país tinham sido pegos pelo homem, os presentes ali o viam como uma espécie de ídolo, para não dizer Deus. A sala era enorme com uma mesa de madeira gigantesca bem no centro, cheia de cadeiras acolchoadas com tecido vermelho aveludado imitando o modelo da realeza da época Medieval, na última da ponta a direita se encontrava o presidente sentado de forma elegante, atrás do chefe de Estado tinha um mastro com a Bandeira dos Estados Unidos. Todos ficaram de pé para receber o Juiz, que apareceu caminhando com sua postura máscula, trazendo consigo o seu típico humor sério matinal, cumprimentando todos com um leve aceno de cabeça, já a sua Assistente veio desfilando como uma modelo de propaganda de creme dental, distribuindo sorrisos para cada um presente naquele recinto, era simpática demais. Não sabia ser de outra forma. O Chefe evitava olhar para ela para não se irritar mais do que já estava. — Bom dia! – Exclamou com prosápia, como se ninguém ali soubesse quem ele era. A voz imponente do Juiz prendeu a atenção de todos como a força de um imã, isso apenas com um simples cumprimento, algo normal se tratando de Thompson. O que era para ser uma simples reunião, parecia mais um encontro dos chefes de segurança máxima, tinham Policiais trajando todo tipo de farda, fora os homens de terno preto e óculos escuros que fizeram a língua da Yudi coçar de vontade de perguntar se eram do C.S.I Miami sua série favorita. — Olá John, como vai meu amigo? Já faz um tempinho que não saímos para pescar. — Temos que marcar o quanto antes amigo, porque não me recuperei da última vez quando você pescou três vezes mais do que eu. — Desde o dia que conheceu o Juiz, aquela foi a primeira vez que a Assistente o viu conversando tão introsadamente, a jovem não soube decifrar se tal imagem era humano ou celestial. O rosto quadriculado com covinhas reluzentes quando sorria eram perfeitas, dando lhe um eterno ar jovial. Os cílios longos davam ainda mais beleza ao par de olhos acinzentados, os dentes eram incrivelmente brancos, muito bem alinhados pela própria natureza. Não somente a jovem como as outras poucas mulheres presentes no local estavam abobalhadas com a beleza do Homem da Lei. John sentou ao lado do Presidente, sua assistente se acomodou bem ao lado dele com os ouvidos atentos para não deixar de anotar uma vírgula que fosse. — Bom, o motivo desta reunião... — O presidente começou a falar com o semblante fechado, sinal que o assunto era mais do que sério. — Se refere as notícias que vem estampando as capas dos jornais nos últimos dias, sobre os jovens mortos pelos policias sem motivo algum, este é um problema muito grave. Diante de grande calamidade em questão, eu mesmo faço questão de resolver pessoalmente esse assunto. – Afirmou o presidente dos EUA, ao comentar de Varsóvia, os dois assassinatos de negros por policiais em menos de vinte e quatro horas, nos estados de Louisiana e Minnesota. A secular tensão racial americana ganhou novos contornos com a tecnologia: os dois casos foram filmados e, o último, transmitido ao vivo pelo Facebook, gerando uma onda de protestos em todo o país. Obama pediu que as polícias locais implementem as reformas sugeridas por uma força-tarefa no ano passado, após outros casos semelhantes. — Estes não são incidentes isolados, são sintomáticos de um conjunto mais amplo de disparidades raciais em nosso sistema criminal. — Afirmou o presidente, que viajou à Europa para a cúpula da Otan, afirmando que casos como estes têm se repetido muitas vezes. — Todos nós, como americanos, devemos ficar perturbados por estes tiros. Logo em seguida, são mostrados vídeos, relatos e estatísticas sobre os referidos casos expostos na presente reunião com o presidente dos Estados Unidos da América sobre a atual situação. — Devido a tantos casos vindo tristemente se repetindo resolvi fazer essa reunião em carácter de urgência com vocês, para pedir que treinem os seus homens de forma adequada para que tais absurdos não voltem a acontecer. — O presidente dessa vez não tinha simpatia no rosto, sua expressão de pura perplexidade diante do assunto, fazendo um aceno para que o Juiz assumisse dali. — E que fique bem claro que estou criando uma Lei em parceria com o Presidente para punir não somente o Policial que cometeu o crime, mas também com pena igual ou maior para o seu superior.Ética no trabalho, isso é algo profundamente necessário para um ambiente saudável. Mesmo que não existisse uma Lei formalmente definida para isso, em geral existe um conjunto de aspectos que são considerados como "bom senso", fato essencial que significa, muitas vezes renunciar a oportunidades de se obter dinheiro, status e benefícios. – Se os seus princípios e valores estiverem ajustados de maneira correta dentro de si, a decisão ética será sempre a correta. – Yudi ficou encantada de ver o Homem da Lei atuando, a forma séria e mandona como sua voz saia parecia uma ordem e não um discurso. – Podendo assim, reduzir os conflitos, facilitar o trabalho principalmente de vocês Polícias que são pagos para proteger as pessoas, e não matá-las. Isso de darem a mesma desculpa que “se confundiram” porque a maioria dos bandidos são negros é um verdadeiro absurdo e tem que ter um fim. — Thompson disse curto e grosso, fitando cada homem sentado naquela mesa com um olhar que dizia “Estou de olho em cada um de vocês”. O Chefe da Polícia onde dois jovens negros foram mortos chegou a engolir a seco com medo do Juiz, pensando se essa tal lei já estaria ou não em vigor no julgamento dos seus homens, o que ele não sabia era que o nome dele já estava no tribunal à muito tempo. John realmente era bom no que fazia. — Na verdade a Maioria é Sim. — Yudi pensou alto enquanto escrevia distraidamente alguma coisa no seu bloco de notas com uma caneta nada discreta, com uma bonequinha de uma famosa atriz dos anos 60 e 70 levantando a Barra do vestido e os peitos quase voando para fora do decote fazendo cara de safada, bem na ponta. — O que a Senhorita disse? — Perguntou o Presidente para a jovem, chamando a atenção de todos os olhares que estavam nele agora sobre ela. Principalmente o do Juiz que estava em um tom avermelhado por conta da enorme raiva que estava sentindo em saber que a única opinião contra sobre o que acabara de dizer era a da própria Assistente dele. — Fique à vontade para dizer o que quiser querida, não é John? — Disse a Primeira Dama chegando ao recinto apressada, trajando um vestido azul escuro, se sentando ao lado esquerdo do presidente, mas não antes de dar um beijo no rosto do rabugento antigo amigo da família, e um leve selinho nos lábios do marido. – Desculpem o atraso. – Boa companheira que era, a primeira dama fazia questão de acompanhar o marido em todas as reuniões, vivida como ela era, notou imediatamente a forma repressiva que John olhava para a Assistente. Yudi quase desmaiou na frente de todos, via sempre a Primeira Dama em revistas e progamas de Tv, tinha a mesma com um verdadeiro exemplo de mulher. Nas fotos a achava linda, mas de perto achou ainda mais. — Então Senhor Presidente, eu disse que de fato a maioria dos bandidos espalhados por aí são negros. Cresci na Periferia e entendo bem do que estou falando, sabe porque tantos dos nossos irmãos estão nessa vida? A resposta é a falta de oportunidade de emprego, não adianta o Senhor ensinar os Policiais a trabalhar da forma adequada se o número de criminosos na Rua continuarem enormes do jeito que estão, o certo seria implantar mais oportunidades de trabalho nos Bairros mais carentes. É fácil julgar um bandido quando não se sabe o que o criminoso está passando em casa, deve ser horrível ver os filhos chorando pedindo comida e não ter nada para dar, muitos estão nessa vida porque gostam, eu sei. Porém, tem aqueles que apenas desistiram de serem honesto depois de ouvirem tanto “Não”, a fome pode deixar uma pessoa em desespero Senhor. — Jackson abaixou o olhar, pois a lembrança de que um dia passou por aquilo veio em cheio a sua mente. Thompson como bom observador notou a mudança nas feições da moça, a forma pesada do seu respirar só fez ter certeza que aquelas palavras bonitas escondiam muito mais coisas do que a jovem deixou transparecer para todos, menos para ele. — Também seria legal que as escolas adquirissem uma forma diferenciada dos professores ensinarem para as crianças que elas não descendem de escravos, mas sim de pessoas que foram escravizadas, o que é bastante diferente se todos pararem para pensar. —Nesse momento não se ouviu se quer o barulho da respiração de ninguém na mesa, a atenção de cada uma estava voltada para o que a jovem dizia. — Chega de contar apenas a parte humilhante da história, não é senhor Presidente? Bom eu acho. — Jackson falava com uma naturalidade tão grande que parecia estar apenas os dois ali em uma conversa casual, e não com o homem mais importante do mundo. O presidente por sua vez estava embasbacado com cada palavra que saía da boca moça, que apesar da simplicidade sabia muito bem sobre o que estava falando, e como um quebra cabeça ele foi montado com peças que ele vinha juntando a muito tempo através do que ouvira. — As pessoas nos veem de forma inferior porque aprenderam assim, pensam que podem fazer o que quiserem com a gente porque temos menos valor do que eles. Não é justo alguém te julgar pela quantidade de melanina presente na sua pele ou pelo tamanho das vestes que cobre o seu corpo, sou mulher e mereço ser respeitada independente da parte do meu corpo que esteja a mostra ou não. O problema da sociedade é se vender barato de mais por aquilo que os olhos podem ver, sendo que o essencial Deus fez questão de esconder em um lugar onde apenas as pessoas boas de verdade consegue enxergar. Não adianta dar uma bíblia para o preso na cadeia se quando era pequeno ninguém lhe ensinou como rezar. Essa nova Lei pode até ajudar, mas não resolverá o problema. Afinal, não vão matar por medo e não porque acreditam que é errado. — Seguranças tirem essa mulher daqui. — Exclamou a Primeira Dama fingindo indignação. — Antes que eu morra de tanta inveja diante de uma mulher incrível e autêntica como essa, você é poderosa e lacradora minha filha. Que não tem medo de falar o que pensa, veste do jeito que se sente bem e não está nem ligando para nada nem ninguém. Acabou de dar a melhor aula de cidadania que o Presidente poderia ter na vida e uma boa lição de moral para muitos presentes aqui, você minha jovem, é o ser mais autêntico que conheço na minha vida, sua coragem de ser você mesma não só encantou a mim como a todos presentes. – A Mulher do Presidente olhou para o Juiz que fingia estar inerte ao assunto. – Será uma honra se alguma das minhas filhas terem a metade da sua força de vontade algum dia. Você, apenas com essas simples palavras, me fez sentir orgulho de ser mulher, principalmente de fazer parte da Raça negra. — Completou Michele com os olhos marejados de lágrimas indo em direção a jovem para abraçá-la. — Seu pai deve sentir orgulho de você. — Proferiu o presidente. —Na verdade não. — A jovem tinha um sorriso triste nos lábios e os olhos voltados para o chão novamente, mas preciso na direção dos pés, era assim quando ficava envergonhada com alguma coisa desde quando era criança. Thompson percebeu mais uma vez que Yudi não estava bem, apesar de pouco tempo juntos ele estava começando a pegar os pequenos trejeitos de Jackson. — Não vejo o porquê de não se orgulhar de uma Filha como você. — Comentou o presidente de forma sincera. — É que ele está ocupado demais julgando o que sou por fora, em vez de enxergar o que realmente carrego por dentro. — A Assistente proferiu tais palavras com o olhar fixo aos do chefe, os dois sabiam muito bem que as palavras dela foram mais para ele do para o próprio genitor. — Sinto muito querida. — Michele havia gostado tanto da jovem que ainda estava abraçada com ela. — Tudo bem, já estou acostumada a lidar com esse tipo de gente. Depois do Show dado pela Yudi, a Primeira Dama esperta como si só pediu para a mesma para sentar ao lado do Marido, queria que ele pedisse a opinião de Jackson sobre todo assunto que surgissem em pauta, ela como na primeira vez arrasa em cada resposta. – Você está anotando tudo que a Senhorita Jackson está falando Mateus? – Perguntou o presidente ao seu secretário, um jovem branco alto de cabelos cumpridos, os olhoseram cor de folha seca, um verdadeiro charme. – Claro Senhor, estou prestando atenção em cada vírgula que sai dos belos lábios da Yudi. – Disse o secretário de frente para Jackson, de uma forma visivelmente interessando nela. O olhar dele era dividido hora na tela do seu notebook, hora nos olhos negros da moça. Thompson mesmo disfarçando bem estava a ponto de chamar a atenção do pobre rapaz por ter tido a ousadia de chamar a Assistente pelo primeiro nome. – Tenho certeza que está, você parece ser muito inteligente Matheus. — Respondeu Jackson simpaticamente sorrindo, meio sem jeito para o secretário, ela passava a mão pelo cabelo volumoso mostrando o quando estava nervosa com os olhares descarados dele em sua direção. — Você veio aqui para trabalhar, e não para ficar de conversinha com outros. Então se coloque no seu lugar antes que eu perca o pouco de paciência que ainda me resta com você Senhorita Jackson. – Ser grosso não fazia parte do feitio de John, mas a conversa cheia de segundas intenções dos dois o irritou profundamente. – Tudo bem Yudi, depois a gente marca alguma coisa fora do seu horário de trabalho. – A Piscadela que o Secretário fez para ela ao proferir tais palavras ocasionou em uma guerra interna dentro do Juiz, era um rebuliço tão grande se formando dentro de si que estava a ponto de explodir. – Será um prazer Matheus. – O homem da Lei reparou pela primeira vez como o sorriso de sua assistente era lindo, também ela não costumava sorrir quando estava perto dele, ou melhor para ele na verdade. – Sua Assistente vai longe John, ela é muito inteligente e extrovertida. – Comentou a primeira dama animadamente no final da reunião. – Bastante. – Respondeu desatentamente segurando um copo de whisky francês que levava a boca de forma natural como se fosse um suco de laranja, olhando incomodado a conversa animada de Yudi com o novo “amigo”. – E a sua noiva Suzana, como vai? – Deve estar bem. – Respondeu sem paciência, não estava afim de papo no momento. – Você está se sentindo bem John? Parece que está suando, o engraçado é que aqui nem está quente, na verdade estou até com um pouco de frio. – Esse calor que estou sentindo pode ter certeza que não é por conta do clima querida. — Comentou o presidente dando um beijo nos lábios da esposa notando o motivo da raiva do amigo. Pela primeira vez depois de anos conseguindo manter adormecido dentro de si um lado sombrio, Thompson começava a mostrar vestígios que ele estava voltando à tona com tudo, misteriosamente depois da chegada de Yudi em sua vida. – Quer um pouco de água meu bem? – A primeira dama estava realmente preocupada com o homem, que cada vez suava mais é mais, principalmente as mãos. --Não. Obrigado Senhora, apenas me faça o favor de dizer para a Senhorita Jackson que estou esperando ela no carro, agora. *** — Parabéns senhorita Jackson, sua presença foi muito útil na reunião de hoje. — Já de volta para o Fórum, John mesmo ainda irritado sem nem saber ao certo o motivo, não pode deixar de elogiar a Assistente. Até pensou em te dizer mais coisas que caberia perfeitamente no momento, como esperta, ágil, irritantemente maravilhosa em cada palavra que falava. Porém, preferiu guardar essa parte apenas para ele, se Deus com todo sua soberania não tinha dado asas a cobra, não seria ele, um mero mortal, que faria tal façanha. Sem elogios, aquela mulher já era insuportável na opinião dele, elogiada então ninguém aguentaria ficar perto dela. Meneou um meio sorriso de lado e balançou a cabeça de forma negativamente se perguntado o porquê estava pensando aquelas coisas sendo que tinha outras muitos mais importante para pensar como o caso do Noem Said. — Obrigada. — Respondeu apenas olhando a paisagem pela janela do carro, ainda estava chateada de mais com as palavras que ele disse para ela na Casa Branca. Depois que voltaram para o Fórum não se viram mais o resto do dia todo. Na hora de ir embora, Alejandro entrou emburrado no elevador na companhia do amigo, ele sempre andava sorrindo, mas depois da chegada de uma mulher chamada Solange em sua vida, o seu mal humor apareceu de uma hora para outra. — Você está bem Gonzalez? — Thompson não estava acostumado a ver Alejandro sério daquele jeito. —Yo no estoy, e lá culpa es toda sua caro amigo. — Porque você não me culpa também porque a mocinha das novelas das nove não quer ficar com o Galã? — John até tentou fazer uma piada, mas por mais boa que fosse não teria muita graça, o Mestre em fazer graça era Alejandro. — Tu Tambien assistes lá novela das nove John? Pensei que era só yo, tu achas quem foi o assassino de lá Samanthita? Si ben que aquela mujer mereceu morrer no capítulo de ontem. — O Juiz teve que fechar os olhos e respirar fundo para não fazer uma loucura com o Espanhol, odiava televisão, principalmente as novelas. Achava tudo uma perda de tempo, a única coisa que costumava assistir muito a contragosto às vezes era o Telejornal para ficar por dentro das notícias. — Ei segura aí para a gente. — Assim que a porta do elevador estava acabando de fechar, Yudi apareceu correndo com a Solange para entrar, as duas tinhas se tornados amigas assim que se viram. Praticamente como duas irmãs, principalmente porque eram as únicas mulheres negras trabalhando naquele andar. – Obrigada Meretíssimo. – Yudi falava a palavra de um jeito que a sua voz sedutora fazia sentimentos ocultos criarem vida dentro do Juiz, era como se existisse um vulcão pronto para entrar em erupção a qualquer momento. – Sol, o que acha de sairmos esse final de semana para dançar? – Yudi tentou quebrar o Silêncio que emanava dentro daquele lugar que estava apertado de mais para os quatro, o clima era tão palpável que poderia cortar com uma faca. – Não sei nega, o Rafael me chamou para ir passear no Parque sábado, não consigo dizer não para ele. – Yo espero que chova neste final de semana. – Bastou o Latino ouvir o nome do seu misterioso rival para se manifestar. O elevador parou entrando um advogado da Defensoria Pública desejando Boa tarde a todos com um enorme sorriso no rosto, oferecido principalmente para as moças. – Está bom amiga, mas quando o Rafael te der uma folga vamos sair sim, estou louca para te ver cantando. – Nossa, que legal, uma famosa entre nos. Se me chamarem no dia eu vou também. – O estranho entrou na conversa sem ser convidado, a simpatia exagerada do mesmo estava deixando os dois amigos impacientes, a sorte foi que logo chegou no primeiro andar onde as jovens desceriam, pois Alejandro estava a ponto de quebrar o pescoço do homem caso o mesmo olhasse para Solange novamente. – Quem sabe um dia amigo. – Respondeu Solange antes de sair do Elevador acompanhada logo em seguida pela Yudi. — Se sorrir novamente dessa forma para elas... — Thompson que tinha o olhar fixo para a porta grossa de aço que tinha acabado de se fechar, agora estava com as grandes esferas azuis voltadas de forma ameaçadora para o homem assustado a sua frente de aproximadamente dez centímetros a menos do que ele, trajando uma roupa social, porém jovial. — Principalmente a de calça marrom, darei um sumiço tão bem dado em você que nem a sua mãe lembrará que um dia teve um filho. — O homem, que antes tinha um sorriso galanteador no rosto, no mesmo momento apertou o botão várias vezes seguidas para descer dois andares antes do seu de tanto medo que ficou, não das palavras do Juiz, mas sim da forma sombria que ele as dissera. Thompson era um homem bom, porém quando queria parecer mal era melhor ainda. — E no penses em dar una de esperto muchacho, porque soy capaz de achartes tu até no inferno. — Completou Alejandro antes do homem sair correndo. CAPÍTULO 4 Não era nem sete da manhã quando Yudi escutou batidas escandalosas na sua porta, levantou resmungando alguns palavrões e batendo o pé em alguma das várias coisas jogadas pelo chão e abriu. – Isso são horas de acordar minha filha? – Reverendo Joseph Jackson chegou trajando seu costumeiro
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