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Fundamentos_Filosóficos_do_Serviço_Social-UCA_EAD (2)

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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 A v. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
SUMÁRIO
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
AULA 06
AULA 07
AULA 08
AULA 09
AULA 10
AULA 11
AULA 12
AULA 13
AULA 14
AULA 15
AULA 16
PARA QUE FILOSOFIA? DO SENSO COMUM AO 
SENSO CRÍTICO 
A ATITUDE FILOSÓFICA 
A FILOSOFIA E O SERVIÇO SOCIAL 
O HOMEM, O GRUPO E A COMUNIDADE 
REFLEXÕES INICIAIS SOBRE AS TEORIAS 
SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL 
NEOTOMISMO 
POSITIVISMO 
FENOMENOLOGIA 
MARXISMO 
O RACIONALISMO FORMAL ABSTRATO 
A INFLUÊNCIA MARXISTA 
BREVE REFLEXÃO ACERCA DO MÉTODO 
ABSTRATO- CONCRETO 
SOCIALIZAÇÃO: INDIVÍDUO, SOCIEDADE E CULTURA 
REFLEXÕES FILOSÓFICAS GERAIS SOBRE O 
COTIDIANO 
REFLEXÕES FILOSÓFICAS SOBRE A ÉTICA E A 
MORAL 
O PROCESSO REFLEXIVO COMO UM CAMINHO A 
SER PERCORRIDO PELO USUÁRIO DO SERVIÇO 
SOCIAL EM BUSCA DE UMA VIDA MAIS AUTÊNTICA 
06
17
27
43
57
67
76
88
99
114
125
134
144
154
171
186
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), é uma grande satisfação recebê-lo(a) nesta nova disciplina, onde 
trabalharemos um dos fundamentos que embasam a nossa profissão: os Fundamentos 
Filosóficos do Serviço Social. Esta é uma disciplina deliciosa, que exigirá leituras, 
reflexões, muito pensamento e um olhar para a realidade, procurando olhar crítico, 
transcendendo (superando) o senso comum.
Dentre os objetivos da disciplina, estão: analisar as diferentes concepções filosóficas 
e ideológicas que fundamentam as diversas propostas de Serviço Social. Além disso, 
pretende-se apresentar uma discussão crítica acerca das bases filosóficas do Serviço Social. 
 Para que os objetivos sejam concretizados abordaremos a filosofia como busca 
do fundamento e do entendimento humano. Correntes filosóficas e as influências 
sobre a pessoa, a sociedade e o Serviço Social. Principais correntes filosóficas no 
século XX (marxismo, neotomismo, positivismo, fenomenologia) e suas influências 
no Serviço Social. Influência das correntes filosóficas na formação dos discursos e 
práticas sociais.
Nas páginas seguintes, você terá à disposição, aulas preparadas exclusivamente para 
sua formação profissional, isso exigirá de você muita dedicação, leituras e estudos que 
permitirão o exercício da reflexão crítica da profissão e da realidade onde futuramente 
você estará atuando como Assistente Social. A capacidade analítica é importante 
para a profissão que cotidianamente se depara com contradições, desigualdades, 
exclusão. Transcender o senso comum é necessário para atuar com competência, 
eficácia, eficiência e responsabilidade. 
A atitude filosófica permitirá a você a ampliação da sua capacidade reflexiva. 
Compreendendo as bases filosóficas da profissão, você estará se preparando para 
o exercício profissional em prol da viabilização do acesso aos direitos, redução 
das desigualdades, emancipação do sujeito. Um profissional que compreenderá a 
essência humana, um profissional crítico e reflexivo capaz de fazer a diferença no 
meio socioprofissional.
Para isso conte comigo e com toda a nossa equipe, estamos aqui para te apoiar 
na busca pelo seu sonho! Vamos lá, não tenha medo, preguiça, dê sentido a esse 
momento único.
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
Por fim vou lhe contar um segredo: não será fácil! Pois você vai se deparar com 
alguns assuntos complexos e que exigirá muito esforço, sobretudo mental.
Mas... como eu sempre digo: se fosse fácil, qualquer um faria, e para mim, você 
não é qualquer um.... você vale a pena!
Grande abraço e te encontro nas aulas!
Atenciosamente
Prof.ª Daniela Sikorski
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
AULA 1
PARA QUE FILOSOFIA? DO SENSO 
COMUM AO SENSO CRÍTICO
Figura 1- Mulher no balanço, horizonte
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/acreditar-agua-alvorecer-amanhecer-289998/
Nesta nossa primeira aula falaremos sobre a Filosofia de forma geral e para que 
ela serve, procurarei desmistificar a Filosofia, através de exemplos e provocando você 
a pensar, pois Filosofia tem tudo a ver com pensamento. Em seguida apresentarei o 
senso comum e o senso crítico, pois o desenvolvimento do senso crítico fundamental 
para você meu querido e querida aluna de Serviço Social.
O objetivo com destas primeiras aulas é aprendermos a questionar, a interpretar 
a realidade, pois somo cidadãos e futuros profissionais de sucesso não é possível 
somente se conformar com o óbvio. Pois o conhecimento não é estático, ele muda, as 
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
certezas mudam conforme o homem muda. Logo precisamos aprender a ter dúvidas. 
Historicamente a dúvida foi tida como algo ruim, quem tem dúvidas não prestou 
atenção corretamente, quando na verdade as dúvidas sempre moveram o mundo.
Curiosamente, nós carregamos um certo trauma em relação à dúvida, 
em grande medida porque a escola fundamental nos incutiu a ideia 
da dúvida como um defeito, uma deficiência. A professora perguntava 
ao final da aula: “Alguma dúvida?”, já num tom de voz exclamativo 
e, ao mesmo tempo depreciativo. E nenhum aluno levantava a mão. 
Nas raras vezes e que algum colega se manifestava, era tripudiado 
pelo resto da vida. Como se ter dúvidas fosse sinal de inteligência 
mental, quando na realidade, é o contrário, trata-se de um sinal de 
inteligência. Um aluno com personalidade questionadora ou que 
tem curiosidade sobre as coisas aumenta o seu repertório, a sua 
capacidade de raciocínio e análise (CORTELLA, 2019, p.39).
Sendo assim, vamos aproveitar esta aula para termos muitas “dúvidas”! Iniciamos 
nosso estudo com algumas indagações filosóficas que permeiam o nosso cotidiano 
dentre elas você pode se perguntar:
O que é o homem? Qual o seu sentido? O que cada homem esconde no seu mais 
profundo ser? Tais questões têm levado muitos pensadores a refletir sobre a existência 
humana e sua razão de existir da própria humanidade.
Mas para início desta aula, pergunto: o que é Filosofia para você? Quando você teve 
contato pela primeira vez com a Filosofia? Muitas pessoas tem uma compreensão 
equivocada acerca da Filosofia, alegando que ela não agrega nada na vida do ser 
humano, pois ela é “apenas pensamento”, que não produz nada de concreto. Pois bem, 
se este é o seu pensamento, convido você neste momento a redescobrir a Filosofia 
e o quanto ela contribui para nossa existência, vamos lá?
Primeiramente apresento a você um conceito de Filosofia:
A palavras ‘filosofia’, de origem grega, é composta de duas outras: philo 
e sophia. Philo quer dizer aquele ou aquela que tem um sentimento 
amigável, pois deriva de philia, que significa amizade e amor fraterno. 
Sophia quer dizer sabedoria e de dela vem a palavra sophós, sábio. 
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria ou amor e respeito 
pelo saber. [...] Indica a disposição interior de quem estima o saber, ou 
o estado de espírito da pessoa que deseja o conhecimento,o procura 
e o respeita (CHAUÍ, 2012, p. 32).
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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROFª. ESP. DANIELA SIKORSKI
Num primeiro momento as explicações se 
davam de forma mítica, pois consideravam a 
relação homem-natureza como sujeição do 
primeiro às forças da segunda.
Num outro momento surge o próprio ato de 
filosofar, ainda na busca por repostas, mas tais 
respostas para grandes indagações humanas 
precisariam ser coerentes ou como outros 
chamam, precisariam ser racionais. Entende-se 
assim que o homem sempre buscou respostas 
para tudo, tudo teria uma razão de ser e de existir.
Há uma sede, uma vontade de se descobrir 
ou responder “qual é o fundamento primeiro 
das coisas” a essência dos corpos, a natureza 
das virtudes ou qualquer outra questão que se 
apresente intrigante e que já não permita mais a simplória resposta mítica, carente 
de fundamentos racionais.
Mas afinal, para que filosofia? De acordo com CHAUÍ
Essa pergunta, ‘Para que filosofia?” tem a sua razão de ser. Em nossa 
cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma 
coisa só tem o direito de existir de tiver alguma finalidade prática 
muito visível e uma utilidade imediata, de modo que, quando se 
pergunta ‘Para quê?”, o que se quer saber é: ‘Qual a utilidade?’, ‘Para 
que serve isso?’, ‘ Que uso proveitoso ou vantajoso posso fazer disso?’ 
(CHAUÍ, 2012, p.34).
Mas para que filosofia? A filosofia desde sempre auxilia a humanidade na formulação 
de perguntas, bem como se debruça na busca por respostas. Ou seja, de uma maneira 
ou outra, todos nós filosofamos. Em nossa vida pessoal ou profissional, independente 
da profissão ou formação acadêmica. A filosofia está no cotidiano, contudo é vista 
por muitos como desnecessária ou então coisas para desocupados.
Figura 2- homem pensando
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/antigo-
antepassados-anciao-arte-4272618/
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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
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Anote isso
Fique atento(a) para esta parte da nossa aula, pois compreender para que 
serve a filosofia, lhe ajudará nas próximas leituras, sobretudo quando formos 
abordar a relação do Serviço Social com a Filosofia, ok?
De acordo com Cortella,
A filosofia é um olhar sistemático, metódico e programado sobre 
a razão das coisas. As ciências em geral lidam com os ‘comos’; a 
Filosofia é capaz de se debruçar sobre os ‘porquês’, as ‘razões’. As 
ciências, Física, Química, Biologia, outras áreas do campo científico, 
lidam diretamente com a ideia de qual é o modelo de funcionamento 
operativo ou teórico. A Filosofia por sua vez, costuma se perguntar 
sobre as razões, indaga sobre o que é o sentido de algo (2019, p.13) 
A partir da colocação acima é possível que você compreenda que a Filosofia não é 
imediata, não se dá de uma hora para outra. Ou seja, ela permite que não entremos no 
comodismo, estagnação, ou como se diz: que não entremos no “piloto automático”. Ela 
nos impulsiona para a criticidade, a desalienção perante a sociedade na qual vivemos.
Para que a Filosofia? Para pensarmos melhor.
Ao trazer a ideia do pensamento¸ admitimos a capacidade de pensar o homem, ou 
seja, ser dotado desta singularidade e que, diferentemente dos demais seres vivos, 
possui a capacidade de criar, produzir, transformar as coisas e a si mesmo. A Filosofia 
nos dá a oportunidade de refletir sobre si e sobre o mundo, pois existimos como 
consciência e somos capazes de questionar a própria realidade, bem como o irreal e 
o transcendente.
Agora convido você a refletir sobre a sociedade em que vivemos hoje, marcada 
fortemente pela internet, mídias sociais, propagação rápida das informações 
(verdadeiras e não verdadeira), uma sociedade que sobrepõe o “ter” ao “ser”, onde 
“tempo é dinheiro”. Neste mundo tão acelerado, ligeiro e rápido, falta, portanto, tempo 
para pensar, para filosofar.
E o que é filosofar? Filosofia consiste na capacidade de fazer perguntas, que buscar 
saber qual a intenção disto ou daquilo, ou seja, a busca por conhecer o propósito, a 
teleologia das coisas.
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Os únicos animais capazes de questionar e buscar respostas é o ser humano. 
Capaz de emitir juízo de valor, de julgar o que é certo ou errado.
Merleau-Ponty, filósofo francês que viveu no século XX, afirmava que a verdadeira 
filosofia é reaprender a ver o mundo. E o que é reaprender a ver o mundo? É ir 
contra a corrente, é pensar diferente, lutar por algo que não condiz com o discurso 
de uma sociedade de consumo. Reaprender a ver o mundo consiste em desenvolver 
a capacidade de ler as entrelinhas.
Numa sociedade global marcada por uma forte 
crise de amor ao próximo e a si mesmo, da crença 
no possível, da crença dos valores. Se pararmos 
para pensar/filosofar iremos perceber que ao 
mesmo tempo que temos tudo, não temos nada, 
nos tornamos grandes peritos, especialistas de tudo 
e ao mesmo tempo grandes conhecedores de nada.
A sociedade se apresenta de forma geral em 
uma “massa” despolitizada, alienada e sujeita aos 
mandos e desmandos de uma sociedade que 
privilegia a técnica, o consumo, a competição, a 
desumanização do homem, na maioria das vezes.
Uma sociedade onde não se confia nas pessoas, 
não aprofundamos mais as relações e não construímos comunidade. Acreditamos que 
liberdade é fazer o que queremos e não aceitamos limites para os nossos desejos.
Reaprender a ver o mundo, portanto é um bom ponto de partida para você que 
está iniciando esta disciplina, pois ela se relaciona diretamente com o Serviço Social, 
a forma como vemos a nós mesmos, o outro, a sociedade. Vamos reaprender a ver 
o mundo juntos?
Isto está na rede
Você provavelmente já leu ou ouviu fala sobre o Mito da Caverna de Platão 
(429-347 A.C), um dos fundadores da filosofia Ocidental. Pois bem, este Mito 
tão antigo ainda hoje nos provoca reflexões acerca de questões atuais.
Pois bem, agora te faço um convite, para assistir um vídeo montado a partir 
de uma história em quadrinhos, topa?
Figura 3- homem pensando
Fonte: https://visualhunt.com/f4/
photo/5830533678/5dbb8e8869/
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Após assistir procure relacionar o Mito da Caverna com situações do dia a 
dia, refletindo em que momento nos “encontramos na caverna”.
Titulo: Mito da Caverna – Versão - Platão por Maurício de Souza
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY
Pois,
A Filosofia nos conduz a reflexões sobre a condição humana, e muitas 
vezes sobre questões que nos angustiam. Não do mesmo modo 
como faz a Psicanálise e a Psicologia, tampouco como faz a área 
da Pedagogia, nem como examinam Sociologia ou a Antropologia. 
Mas, ao olhar também para nosso lado interno, ela pode nos auxiliar 
na rota do autoconhecimento. E aqui cabe recorrer a Sócrates, em 
frase por ele difundida de forma extensa: ‘Conhece-te a ti mesmo’. Isto 
é, olhar, refletir, pensar, para não ter uma vida automática, robótica, 
servil. É a ideia de uma existência que tenha consciência (CORTELLA, 
2019, p.23-24).
Figura 4- Sócrates
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/filosofia-gr%C3%A9cia-s%C3%B3crates-est%C3%A1tua-2603284/
Para que você e eu consigamos reaprender a ver o mundo precisamos desenvolver 
o nosso senso crítico, e para isto é preciso romper com o senso comum, que nos 
https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY
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mantém na zona de conforto do entendimento da vida, da sociedade e das relações 
que nela estabelecemos. Sendo assim 
Convém reforçar: a Filosofia é a atitude metódica, disciplinada, 
estruturada e intencional da indagação sobre as razões de ser das 
coisas e fatos, de maneira a produzir consciência e inovação. A rotina 
do cotidiano nos leva muitas vezes a agir e viverno modo automático 
ou robótico, e isso impede a clareza das direções e bloqueia as 
condições para a edificação do inédito; a Filosofia é um brado de 
‘alto lá!’ (CORTELLA, 2019, p.24).
Você conseguiu compreender os caminhos que você 
deverá trilhar para desenvolver seu senso crítico? A 
Filosofia contribuirá no sentido de desenvolver a sua 
capacidade análise, formando um Assistente Social, 
capaz de questionar a realidade e além disse, não 
somente questionar, mas também propor soluções. 
Lembre-se que a filosofia formula perguntas, mas 
também busca respostas.
Pois de nada adianta compreender a realidade se 
não vamos interferir nela para torná-la melhor.
Para então reaprender a ver e entender o mundo, 
devemos partir para um exercício reflexivo sobre os conceitos que reproduzimos sem 
refletir (senso comum). A leitura que fazer do mundo, a nossa vivência, os nossos 
valores, as nossas crenças, tudo isso influencia a nossa visão de homem e de mundo. 
Por esta razão os problemas da Filosofia são sempre atuais.
Entendemos que o senso comum é composto por aquilo que adquirimos ao longo da 
nossa vida ao longo do tempo por nós vivido “por acúmulo espontâneo de experiências 
ou por introjeção acrítica de conceitos valores e entendimentos vigentes e dominantes 
em nosso meio” (LUCKESI, 1992, p.93).
E você sabe como nasce o senso comum? Digo a você que ele nasce do processo 
de “acostumar-se a uma explicação ou compreensão da realidade, sem que ela seja 
questionada. Mais do que uma interpretação adequada da realidade, ele [senso comum] 
é uma forma de ver a realidade, mítica, espontânea” (LUCKESI, 1992, p.95).
Pois bem, estamos aqui refletindo sobre a filosofia, como ela pode contribuir para 
a nossa formação profissional, também falamos brevemente sobre o senso comum, 
Figura 5- lâmpada acesa
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/
l%C3%A2mpada-el%C3%A9trica-acho-que-
id%C3%A9ia-2010022/
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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
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agora pergunto a você como desenvolver o nosso senso comum ao ponto de termos 
um senso crítico, você consegue explicar?
Inicio dizendo que para desenvolver o senso crítico preciso primeiramente desvendar a 
realidade, ultrapassar os limites espontâneos e também fragmentados que caracterizam 
o senso comum. Logo para desenvolvermos nosso senso crítico precisamos aprender 
a realizar uma análise crítica da realidade.
A análise crítica é processo segundo o qual questões são esclarecidas. 
Salientamos a palavra crítica pois que faz tal análise exige que suas 
ideias sejam examinadas e questionadas. As dúvidas ajudam-nos 
a formular perguntas. O pensador crítico, ao avaliar os argumentos 
de si próprio e dos outros, levanta muitas questões [...] Se não 
questionarmos nossas ideias e as dos outros é bem provável que 
encontremos dificuldade em saber quais são as opiniões mais válidas 
um debate sobre um assunto. Nas ciências humanas e na Filosofia, 
os autores apresentam suas ideias dentro de uma certa lógica. 
Considerada isoladamente, cada posição pode parecer válida, mesmo 
que esteja em conflito com outras posições. O leitor menos crítico 
apenas nota que as posições são diferentes, sem saber avaliar qual 
é a mais apropriada, qual delas é mais bem formulada (CARRAHER, 
1983, p.128).
Almejamos assim que você consiga realizar uma análise crítica da realidade onde 
está inserido(a), pois como futuro(a) assistente social esta habilidade lhe será de 
grande valia. Falaremos sobre isso adiante.
Figura 6- Guardas-chuva coloridos
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/06/19/07/41/umbrella-2418413_960_720.jpg 
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Por fim, vimos que Filosofia estuda e define 
conceitos, cria e recria, num exercício de pensar 
o próprio pensamento. Por isso, seus objetos de 
estudo referem-se aos grandes problemas da 
humanidade, no decorrer da história. Entre estes 
problemas, podemos destacar a questão do poder, 
do conhecimento, do bem viver entre os homens, 
a questão do belo (o que o define?), da explicação 
racional para a existência e para o mundo. Por 
exemplo: a questão do ser, que sempre intrigou 
o homem, desde a origem, passando por Sheakspeare até chegarmos aos nossos 
dias com o conflito atual: somos, existimos ou apenas temos, sou seja, o que nos 
faz pessoas, ser ou ter? 
A partir desta reflexão entende-se que
A Filosofia também inquieta, e a inquietação costuma ser criativa. 
Quando alguém, em vez de ficar animado com o que faz, fica apenas 
satisfeito, deixa de ir adiante. Afinal, só quem se sabe ainda pequeno é 
capaz de crescer, enquanto aquela pessoa que já está satisfeita com 
a dimensão que atingiu costuma se deixar levar pela acomodação. 
Em um mundo de mudanças velozes, acomodar-se é perecer ou ficar 
ultrapassado (CORTELLA, 2019, p.24).
 
Neste caso o convite que faço a você neste momento é para que você desacomode, 
inquiete-se, e que segundo o autor acima citado, que seja uma inquietação positiva, 
que o(a) faça crescer e desenvolver-se pessoal e profissionalmente. Certo?
Parabéns pela conclusão desta aula, e espero você nas próximas!
Valeu!
Isto acontece na prática
[....]
A reflexão e a análise de questões fundamentais têm muito mais consequências 
práticas do que parece. A filosofia não só nos ajuda a ver o mundo de maneira 
diferente, mas também pode mudar a forma como interagimos com ele. De 
como podemos ajudar os outros até como enfrentar a morte, ou se devemos 
Figura 7- Mulher pensando
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/05/09/15/28/
question-3385451_960_720.jpg
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tuitar com raiva. O pensamento crítico e as ferramentas que a filosofia nos 
proporciona nos ajudam a tomar decisões conscientes.
1. Como posso ajudar mais pessoas?
Suponhamos que você queira doar 10 reais para uma ONG. Qual deveria 
escolher? Uma sobre a qual já ouviu falar? Alguma que esteja trabalhando 
em catástrofes? Ou talvez outra que atue em sua cidade?
Os filósofos que defendem a corrente do “altruísmo eficaz” acreditam que 
as doações, por menores que sejam, podem ajudar muito mais do que 
imaginamos. Em entrevista ao EL PAÍS, o filósofo australiano Peter Singer 
destacou que pessoas de países em situação de extrema pobreza “vivem 
com menos de 700 dólares (cerca de 2.600 reais) por ano e, muitas vezes, 
não têm acesso à água potável, saneamento básico e educação para seus 
filhos”. Ou seja, esses 10 reais podem valer muito mais em um desses países 
com uma situação econômica pior.
Além disso, nem todas as iniciativas funcionam da mesma maneira. Em seu 
livro Doing Good Better (fazendo o bem melhor), o filósofo William MacAskill, da 
Universidade de Oxford, nos aconselha a fazer perguntas como as seguintes: 
estamos ajudando uma área que está esquecida e, portanto, carente de 
recursos? Ou doamos quando ocorre uma catástrofe e, portanto, já existem 
muitas pessoas dando uma mãozinha?
MacAskill também defende levar em consideração se há provas do alcance 
das ações da ONG. Por exemplo, e embora pareça paradoxal, os programas 
de eliminação de vermes intestinais são mais úteis para reduzir o absenteísmo 
escolar no Quênia do que comprar livros didáticos.
Muito trabalho para 10 reais? Sim, é. Mas existem organizações que fornecem 
essas informações, como a Give Well, que analisa o impacto das ONGs 
recomendadas, e a The Life You Can Change, do próprio Singer, que inclui 
até uma calculadora que permite saber como cada doação será usada.
2. Devo participar da polêmica do dia no Twitter?
Bem, você já doou os 10 reais. Agora, pega o celular para dar uma olhada 
no Twitter. Como geralmente acontece nesses casos, depois de alguns 
segundos já está morrendo de raiva de alguém que falou uma barbaridade e 
tem vontade de dizer-lhe umas poucas e boas.
Embora talvez não seja uma boaideia. Os psicólogos Paul Bloom e Matthew 
Jordan se perguntavam no The New York Times há algumas semanas se somos 
todos “torturadores inofensivos”, por causa das redes sociais. Esse termo se 
refere a um experimento mental proposto por Derek Parfit no livro Razões 
https://brasil.elpais.com/tag/twitter
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e Pessoas, publicado em 1986. O filósofo, que morreu em 2017, imagina 
torturadores que, durante anos e individualmente, tinham de causar o máximo 
de dor possível a uma pessoa, mas agora têm um sistema que os isenta de 
responsabilidade. A única coisa que precisam fazer é apertar um botão que 
aumente em um milésimo a dor sentida por cada um dos 1.000 prisioneiros.
Ou seja, os torturadores podem alegar que não causaram muita diferença no 
sofrimento dessas pessoas. “Se eu tivesse parado de apertar o botão, sua dor 
teria passado de 1.000 para 999, então, por que arriscaria ser demitido?” Ou, 
no caso do Twitter, se 280 caracteres não vão fazer muita diferença, por que 
eu deveria ficar sem meus retuítes, mesmo à custa de humilhar ou insultar 
alguém?
Mas, claro, na verdade não agimos sozinhos. Uma pessoa não faz muita 
diferença, mas cada um dos torturadores continua sendo responsável pelos 
danos causados. Especialmente se levarmos em conta que, provavelmente, 
apenas aperte o botão porque acredita que os outros 999 também o apertarão.
[...]
F o n t e : h t t p s : / / b r a s i l . e l p a i s . c o m / b r a s i l / 2 0 1 8 / 1 0 / 1 8 /
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AULA 2
A ATITUDE FILOSÓFICA
Figura 8- livro e óculos
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/10/21/16/23/book-2875123_960_720.jpg 
Olá, seja bem-vindo e bem-vinda para mais uma aula, nesta etapa falaremos sobre 
a atitude filosófica e conto muito com você, pois poderemos refletir sobre diversos 
pontos que nos auxiliarão no desenvolvimento do senso crítico.
Vamos lá?
Bem na aula anterior sugeri que vocês assistissem ao vídeo sobre o Mito da Caverna 
segundo o Escritor Maurício de Souza, e aí você assistiu? Refletiu de como ele apresenta 
questões filosóficas atuais? Se você assistiu, parabéns! Se não assistiu, dê uma pausa 
nesta leitura e assista, pois o conteúdo te ajudará muito nas próximas páginas.
Vimos que a Filosofia nos possibilita questionar a realidade, a buscarmos respostas 
para situações do nosso cotidiano de forma crítica. Mas ao ler o título desta aula: A 
Atitude Filosófica, eu te pergunto: no que consiste a atitude filosófica? O que vem à 
sua mente, como você imagina que seja esta “atitude”?
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Antes de responder leia a citação a seguir sobre a relevância da Filosofia na 
formação profissional:
A intenção primeira do ensino da Filosofia [...] nos cursos básicos das 
universidades, não é a de formar filósofos [...] mas provocar a reflexão 
filosófica, inerente a todo ser humano. Lembrando o filósofo italiano 
Antonio Gramsci, somos todos de certa forma filósofos, na medida em 
que nos propomos questões de natureza filosófica. Estamos sempre 
dando sentido às coisas e, diante dos problemas apresentados pelo 
existir, tendemos a reflexão, a não ser quando submetidos a uma 
formação autoritária e doutrinadora. [...] enfatizamos que todo ser 
humano, qualquer que seja sua escolha de profissão ou modo de 
vida, deveria desenvolver sua capacidade de pensar bem, de forma 
coerente e crítica (ARANHA, 2003, p.5).
Ficou mais claro para você agora, o motivo pelo qual estamos dedicando esta 
disciplina para o estudo da Filosofia e o Serviço Social?
Ótimo, então vamos à questão, o que é uma atitude filosófica: é quando saímos 
da zona de conforto, do comodismo mental e começamos as indagar, interrogar, 
questionar determinado objeto, situação, crenças, valores ou algo que nos tenha sido 
imposto ou preestabelecida e que via de regra nos incomoda, inquieta.
Figura 9- engrenagem homem
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/pinh%C3%A3o-engrenagem-homem-365523/
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A atitude filosófica implica em uma mudança de atitude. A partir do momento 
em que você deixa de aceitar de forma pronta e imediata algo ou alguma situação, 
estabelecendo considerações, você começa a assumir uma atitude filosófica. Pois a 
Filosofia é buscar justificativas e explicações de forma racional para grandes e também 
pequenos dilemas, o que em seguida poderá pautar ou não as relações humanas.
Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância da 
vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as 
crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa 
existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo 
desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos 
o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. 
Esse alguém estaria começando a cumprir o que dizia o oráculo de 
Delfos [Sócrates]: Conhece-te a ti mesmo. E estaria começando a 
adotar o que chamamos de atitude filosófica (CHAUÍ, 2012, p. 21, 
grifos da autora).
Bem, dito isso vamos percebendo que muitas vezes ao longo da vida já estabelecemos 
uma atitude filosófica, ou seja, uma atitude racional, não é mesmo? Você consegue 
lembrar de algum momento desse na sua vida?
Percebeu que a palavra racional apareceu em destaque duas vezes? Não foi à 
toa, é porque a racionalidade está intimamente relacionada à atitude filosófica, quer 
saber por quê?
Por três motivos principais: em primeiro lugar, porque racional significa 
argumentado, debatido e compreendido; em segundo, porque racional, 
significa que, ao argumentar e debater, queremos conhecer as 
condições e os pressupostos dos nossos pensamentos e os dos 
outros; em terceiro, porque racional, significa respeitar certas regras de 
coerência do pensamento para que argumento ou um debate tenham 
sentido, chegando a conclusões que podem ser compreendidas, 
discutidas, aceitas e respeitadas por outros (CHAUÍ, 2012, p.21)
 
Neste sentido, a racionalidade assume duas características: uma positiva e outra 
negativa, que por consequência acabam formando o que chamamos de atitude crítica, 
que comentamos na aula anterior.
A atitude filosófica é negativa quando eu digo “não”
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... aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias de experiência 
cotidiano, ao que ‘todo mundo diz e pensa’, ao estabelecido. Numa 
palavra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder 
interrogar quais são as suas causas e qual é seu sentido (CHAUÍ, 2012, 
p.21).
Quanto a característica positiva da atitude filosófica é,
... uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, 
as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É 
também uma interrogação sobre o porquê e o como disso tudo e 
de nós próprios. “O que é?”, “Por que é?”, “Como é?”. Essas são as 
indagações fundamentais da atitude filosófica (CHAUÍ, 2012, p. 21 
grifos da autora).
As características, positiva e negativa que compõe a atitude filosófica, formam o 
que chamamos de atitude crítica, conforme já disse para você anteriormente. Mas 
o que a palavra crítica representa neste contexto? Geralmente a palavra crítica está 
associado a algo ruim, pejorativo, desagradável, porém no contexto filosófico em que 
estamos estudando não é isso que ela quer dizer.
A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos principais: 1) 
capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame 
racional de todas as coisas sem preconceito e sem pré-julgamento; 3) 
atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, 
um costume,um comportamento, uma obra artística ou científica. 
A atitude filosófica é uma atitude crítica porque preenche estes 
três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é 
inseparável da noção de racional, que vimos anteriormente (CHAUÍ, 
2012, p. 21 grifos meus).
Logo, toda atitude filosófica, crítica tem um start, um início que impacta aquele que 
a pratica, ou realiza.
Assim como cada um de nós, quando possui desejo de saber, vai em 
direção à atitude filosófica ao perceber contradições, incoerências, 
ambiguidades ou incompatibilidades entre nossas crenças cotidianas, 
assim também a filosofia tem especial interesse pelos momentos 
de crise ou momentos críticos, quando sistemas religiosos, éticos, 
políticos, científicos e artísticos estabelecidos se envolvem em 
contradições internas ou contradizem-se uns aos outros e buscam 
transformações e mudanças cujo sentido ainda não está claro e 
precisa ser compreendido (CHAUÍ, 2012, p. 21).
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Sendo assim, tenha claro que a atitude filosófica está ligada a indagação pautada 
principalmente em três perguntas filosóficas:
Anote isso
1ª pergunta filosófica: O quê?
2ª pergunta filosófica: Por que?
3ª pergunta filosófica: Como?
Figura 10- interrogações
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/03/02/09/26/question-mark-2110767_960_720.jpg
 
Tais perguntas são as mesmas, independentemente do que se esteja investigando, 
ou seja, as características serão sempre as mesmas. Vamos saber qual o sentido e 
o significado destas três perguntas? Está curioso(a)?
Vamos lá?
• Perguntar o que é (uma coisa, um valor, uma ideia, um 
comportamento). Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e 
qual é a significação de algo, não importa o quê.
• Perguntar como é (uma coisa, um valor, uma ideia, um 
comportamento). Ou seja, a filosofia indaga como é a estrutura ou o 
sistema de relações de algo, não importa o quê.
• Perguntar por quê (uma coisa, um valor, uma ideia, um 
comportamento). Ou seja, por que algo existe, qual a origem ou a 
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causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor, de um comportamento 
(CHAUÍ, 2012, p. 24).
Ao me dirigir para estas indagações e questionamentos 
dou início a minha atitude filosófica, mediante à sociedade 
e relações que nela estabeleço no meu cotidiano. Somos 
além de seres pensantes, dotados de consciência, somos 
atuantes no mundo, influenciamos e somos influenciados 
pelo ambiente macro e micro, global e local. Sendo assim, 
a partir do momento em que indago, me coloco numa 
postura de atitude filosófica, estou simultaneamente 
refletindo, a reflexão é parte componente daquele que 
age, indaga filosoficamente. 
Temos aqui então mais um conceito que você precisa 
conhecer e se apropriar, esse movimento da atitude 
filosófica que se chama: reflexão filosófica.
A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, 
examinando o que é pensado por ele, volta-se para si mesmo como 
fonte deste pensado. É o pensamento interrogando-se a si mesmo 
ou pensando-se a si mesmo. É a concentração mental em que o 
pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e 
avaliar suas ideias, suas vontades, seus desejos e sentimentos. A 
reflexão filosófica é radical porque vai à raiz do pensamento (CHAUÍ, 
2012, p. 24).
Assim como a atitude filosófica se pauta em três perguntas características, a reflexão 
filosófica também se organiza a partir de três grandes conjuntos de questões, que 
giram em torno da linguagem, pensamento e ação:
Anote isso
Procure destacar os 3 conjuntos de questões que caracterizam a 
reflexão filosófica!
Figura11- Mulher Trabalhando
Fonte: https://png.clipart.me/istock/
previews/9246/92468831-woman-
working-at-laptop.jpg
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1. “Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e 
fazemos o que fazemos?” Isto é, quais os motivos, as razões e as 
causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, 
fazermos o que fazemos?
2. “O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer 
quando falamos, o que queremos fazer quando agimos?” Isto é, qual 
é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. “Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, 
fazemos o que fazemos?” Isto é, qual a intenção ou a finalidade do 
que pensamos, dizemos e fazemos? (CHAUÍ, 2012, p. 25).
Assim apresentado, você pode até estar se perguntando agora? Quer dizer que 
filosofia é um permanente pensar? Sim! Você está certo(a)! Pois ao falarmos em 
reflexão, falamos em desdobramentos de pensares. 
Isto está na rede
Filosofando a partir do cotidiano.
Para estimular você a realizar uma reflexão 
filosófica, vou sugerir que você assista o 
documentário: “Ilha das Flores”.
Ao acessar o material, sugiro que você o assista 
se colocando numa atitude filosófica, pois 
alguns questionamentos pertinentes são feitos, 
inclusive muito próximos das indagações que 
fazemos enquanto profissão.
Vá lá, acesse, assista e reflita! 
L I N K : h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m /
watch?v=bVjhNaX57iA 
A palavra reflexão vem de reflexo, assim como quando vemos nossa imagem no 
espelho, vejo um desdobramento de mim mesmo no espelho, um reflexo. Logo a 
atitude e reflexão filosófica implica também em coragem. 
Coragem para pensar, questionar a si e ao outro, enfrentar e não ter medo de mudar, 
este é um grande desafio, uma vez que
A filosofia é o modo de pensar que acompanha o ser humano na 
tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura 
teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras 
https://www.youtube.com/watch?v=bVjhNaX57iA
https://www.youtube.com/watch?v=bVjhNaX57iA
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como nas situações limites que exigem decisões cruciais. Por isso 
no encontro com a tradição filosófica não devemos nos restringir a 
recebe-la passivamente como um produto, mas sermos capazes, 
cada um de nós, de aproximarmos da filosofia como processo, ou 
seja, como reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade vivida 
(ARANHA, 2003, p. 91).
Em posse deste conhecimento todo que você já adquiriu até aqui, perceba como 
a coragem faz todo sentido, se você não tivesse coragem, não teria escolhido cursar 
uma faculdade, não teria feito a matrícula, não teria acessado este livro e muito menos 
chegado até este ponto do estudo da disciplina de Fundamentos Filosóficos do Serviço 
Social, e olha que pouco falamos sobre o Serviço Social, AINDA.
A coragem traz consigo um colega, que se chama propósito. Saber identificar o 
seu propósito para as coisas que realiza é fundamental para que não se distraia no 
caminho. O propósito está relacionado a sonhos, projetos, coisas que desejo realizar 
e para isto também é preciso coragem. Saber estabelecer um processo de reflexão 
profunda quando necessário, se valendo das perguntas até aqui apresentadas e que 
conduzem o filosofar.
Figura 11- Movimento Filosófico
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/11/18/09/40/concept-2959606_960_720.png
Antes de finalizarmos, gostaria de compartilhar um exemplo de reflexão que acontece 
na mente de algumas pessoas, aquelas conversas que temos conosco mesmos muitas 
vezes ao longo do dia:
- Por que faço o que faço?
- Ora, porque sou obrigado.
- Mas e se eu não for obrigado a fazer exclusivamente isso? Poderia 
fazer outra coisa?
- Se eu tiver escolha, parto para essa outra coisa.
- Mas por que, em vez de fazer o que faço no trabalho, não vou 
ser empreendedor?
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- Porque eu não tenho condição de fazê-lo. Quando tiver o farei. 
(CORTELLA,2016, p. 22)
Do que adiantou toda a reflexão exemplificada pelo autor, se não houve ação? Ou 
seja, não serviu para nada. Continuo o meu trabalho e não busco soluções viáveis. 
Logo esta reflexão ficou guardada na mente do seu pensador. Desta maneira, fica 
apresentada e justificada a importância da compreensão da filosofia e o ato de filosofar 
para você aluno(a) do curso de Serviço Social. 
Lembre-se que primeiramente os filósofos desejavam saber de onde viemos, por 
que as coisas mudam, olhavam para o passado para entender o presente, fato este 
que hoje temos muitos escritos sobre cada filósofo acerca das suas concepções e 
convicções. Nós que vivemos os dias atuais somos movidos a futuro.
Pensamos, refletimos, indagamos, sobre o “como será?”. E a partir desse desejo 
de como será o amanhã, investimos tempo pensando, elaborando planos e projetos.
A palavra projeto significa jogar adiante. É aquilo que eu jogo adiante 
e vou buscar. Independentemente da área escolhida, a construção 
da carreira precisa ser movida a sonhos. Cabe alertar que o sonho, 
é diferente de delírio, de divagação, de distração. Sonhar é ter uma 
expectativa a qual se queira atingir. Delirar é imaginar algo que não 
tem como se tronar factível, viável (CORTELLA, 2019, p. 53).
 
Bem, finalizamos mais uma aula, espero ter contribuído mais um pouco com o seu 
processo de formação profissional. Uma dica: se ficou alguma dúvida, releia o material, 
faça anotações, converse com algum colega, mas não deixe de fazer a experiência. 
Temos como característica rejeitar, aquilo que ainda não entendemos, temos receio do 
novo, por isso aventure-se, estude, amplie seus conhecimentos, pois muitas pessoas 
dependerão do seu trabalho enquanto profissional, e para isso a reflexão, a atitude 
filosófica poderá contribuir em muito, logo, logo vocês verão.
Forte abraço! 
Isto acontece na prática
Para ilustrar a importância da Filosofia na prática profissional do Assistente 
Social, vou propor a leitura deste pequeno texto que nos ajuda a pensar o 
cotidiano, a partir de reflexões filosóficas:
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“Karl Marx fazia uma distinção muito clara entre os dois reinos da vida: o da 
necessidade e o da liberdade. No reino da necessidade, eu não posso deixar de 
fazer aquilo que eu faço, senão pereço. No reino da liberdade, a vida é escolha”.
Segundo Marx, existe uma diferença entre “ser livre de” e “ser livre para”. Se 
não for livre de fome, de falta de abrigo, da falta de socorro médico, você não 
é livre para outras escolhas. Uma parcela das pessoas é livre da miséria, da 
penúria, da carência, e é livre inclusive para dizer “não vou ter um trabalho 
regular”, “vou viajar”.
Para ser um mochileiro, é preciso ser livre de uma série de outras restrições. 
Nada adianta imaginar um menino pobre da periferia de uma metrópole colocar 
uma mochila nas costas e ir viajar para a Austrália. Um garoto de família mais 
abastada seria capaz de fazer isso. Porque ele tem contatos, já armazenou sua 
mochila vivencial uma série de ferramentas que o permitem essa experiência, 
porque ele é privilegiado. Para o outro não há escolha, ou trabalha ou morre.”
CORTELLA, Mario Sergio. Por que fazemos o que fazemos? Aflições vitais 
sobre trabalho, carreira e realização. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 22-23.
Figura 12- Mulher Comemorando
Fonte: https://loopdesucesso.com/wp-content/uploads/2020/03/Mulher-trabalhando.png
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AULA 3
A FILOSOFIA E O SERVIÇO SOCIAL
Figura 13- Bússola
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2020/05/06/12/01/compass-5137269_1280.jpg
Olá, chegamos a nossa terceira aula, e agora vamos nos aproximando mais da 
discussão acerca da Filosofia e o Serviço Social, estou muito animada e espero que 
você também!
Então vamos lá? Mãos à obra!
Vamos abordar nesta nossa aula a relevância e significado da presença dos 
elementos filosóficos para a formação do Assistente Social. A Filosofia faz parte do 
componente curricular, desta forma ainda ele está contemplado enquanto fundamentos 
básicos da profissão. Partindo desta ideia e do nome desta disciplina: Fundamentos 
Filosóficos do Serviço Social, se faz necessário neste momento apresentar o conceito 
da palavra “fundamentos”:
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Fundamento é uma palavra que vem do latim e significa “uma base 
sólida” ou “o alicerce sobre o qual se pode construir com segurança”. 
Do ponto de vista do conhecimento, significa “a base ou o princípio 
racional que sustenta uma demonstração verdadeira”. Sob esta 
perspectiva, fundamentar significa “encontrar, definir e estabelecer 
racionalmente os princípios, as causas e condições que determinam 
a existência, a forma e os comportamentos de alguma coisa, bem 
como as leis ou regras de suas mudanças” (CHAUÍ, 2012, p.27).
Figura 14- Grécia - Partenon
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/gr%C3%A9cia-pal%C3%A1cio-partenon-ic%C3%B4nico-1594689/
A partir do exposto acima, você poderá irá perceber que outras disciplinas do curso 
de Serviço Social, iniciam com a palavra fundamentos, o que nos leva a compreender que 
são disciplinas que buscam promover uma base sólida aceca de elementos essenciais 
para a formação do Assistente Social. Cada uma trazendo elementos e conteúdo que 
ao se somarem com tantos outros darão sustentação para você no futuro. Dentre 
os elementos a serem abordados no que diz respeito a fundamentos filosóficos em 
especial nesta disciplina, estão:
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Pois bem, nos dias atuais o profissional de Serviço Social se depara no seu trabalho 
com inúmeras questões relacionadas às questões éticas, antropológicas, políticas, 
culturais, dentre outras, que nos pede uma atitude e reflexão filosófica. Ao trazer 
para o Serviço Social os fundamentos filosóficos, estamos oportunizando a você a 
possibilidade do autoconhecimento, conhecimento da sociedade e do mundo. Trabalhar 
questões filosóficas no processo formativo não exclui as discussões acerca das práticas 
profissionais, pois as teorias auxiliam no processo de entendimento da realidade na 
qual irá atuar. Isto ficou entendido? Espero que sim, pois 
do que já dito podemos definir algumas características da filosofia: é 
um saber teórico, critico, desmistificador e criativa, um saber diferente 
daquele do senso comum [...] costuma-se definir a filosofia como 
um modo de investigar que supõe uma determinada atitude [...] 
(BARROCO, 2008, p. 14). 
Para estabelecer uma atitude filosófica, você necessita também desenvolver seu 
senso crítico, agregando valor ao processo de formação profissional, este crescimento 
acontece quando há a relação entre as disciplinas de forma interdisciplinar, pois juntas 
elas possibilitam a sua formação integral crítica e política. Visamos com isso que você 
se torne um Assistente Social capaz de questionar, analisar e intervir na realidade em 
que estiver atuando profissionalmente. 
Ao valorar a realidade, as filosofias sempre pretendem estabelecer uma 
crítica às suas antecessoras e apontar o novo, donde as diferentes 
tendências filosóficas e a polêmica entre elas. Como diz Agnes Heller, 
toda filosofia oferece uma forma de vida; toda filosofia é uma crítica 
de uma forma de vida e, ao mesmo tempo, sugestão de outra forma 
de vida (BARROCO, 2008, p.15).
Leve com muito compromisso este processo de formação, pois o investimento 
do seu tempo deve ser valorizado primeiramente por você, num segundo momento 
ao se ter uma formação que vise a criticidade e politização teremos muito menos 
profissionais no mercado de trabalho que atuam de forma assistencialista, imediatista, 
ou que reforcem os interesses da classe burguesa na exploração da classe trabalhadora.Na história do Serviço Social diferentes perspectivas filosóficas fizeram parte da 
construção teórica da profissão, os quais serão apresentados na próxima Unidade 
do nosso material, na qual serão abordadas as principais perspectivas, dentre elas 
falaremos sobre o, Marxismo, Neotomismo, Positivismo e Fenomenologia. Todas elas 
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de uma forma ou outra contribuíram ou ainda contribuem para o amadurecimento 
da profissão. 
Figura 15- engrenagens construção do pensamento
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/problema-solu%C3%A7%C3%A3o-ajuda-suporte-3303396/
Logo, a Filosofia de uma forma bem ampla e geral possui o objetivo de provocar 
reflexões, indagações para você caro aluno(a), sendo assim ela pode alcançar outras 
disciplinas. “Pensamos que uma educação para a autonomia, no sentido da formação 
de indivíduos que possam escolher por si mesmos em que mundo querem viver, só 
pode ser tal se nela tiver lugar a filosofia” (GALLO E KOHAN, 2000, p. 195).
E como a Filosofia e o Serviço Social se aproximam? Bom falar um pouco mais 
sobre isso:
A filosofia oferece uma compreensão sobre o homem que se coloca 
como base para várias teorias e ciências [dentre elas o Serviço Social]. 
Quando essa concepção de homem é histórica, as perguntas sobre 
a essência dos fenômenos, serão buscadas no próprio homem 
entendido como autor e construtor de sua própria história. Nesse 
sentido, a pergunta sobre o significado das ações e relações humanas 
irá demandar uma vinculação com as necessidades sociais, com 
as finalidades sociais. Pensar, por exemplo, que a filosofia é 
uma abstração atende a alguma necessidade social? Qual a sua 
finalidade? Podemos, pois, observar que as perguntas filosóficas – 
se situadas em face da realidade concreta – não são abstrações que 
não servem para nada; ao contrário, são perguntas que só podem ser 
respondidas, em sua essência, pela apreensão da realidade social 
em sua objetividade (BARROCO, 2008, p. 15, grifos nosso).
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A Filosofia possibilita uma aproximação da realidade social, a qual todos os(as) 
Assistentes Sociais estão inseridos, possibilita ainda analisar tal realidade a partir ela 
é no concreto vivido, no real, no mundo real!
Figura 16- Proteção e cuidado humano
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/socorro-pobre-m%C3%A3os-telhado-solid%C3%A3o-2930392/
O Serviço Social se apresenta não somente como uma profissão inserida na divisão 
sociotécnica do trabalho, ele se configura também como uma área do conhecimento 
humano ligado ao universo das ciências sociais, que se vale também de outras 
áreas do conhecimento, como: sociologia, direito, psicologia social, economia etc., 
e também a filosofia, tais áreas abordam questões amplas, no que diz respeito ao 
conhecimento do ser humano e visam contribuir para que o profissional aprenda a 
trabalhar e compreender o ser humano, a natureza humana.
No que tange o diálogo entre a Filosofia e o Serviço Social, é importante ter claro que o 
homem é constituído por três dimensões distintas: Somática/Física (dimensão corporal, 
material); Anima (dimensão espiritual); Psíquica (dimensão ligada aos pensamentos, 
sentimentos e valores). A partir do entendimento destas três dimensões, a pergunta 
filosófica que você deve se fazer é: que concepção eu tenho do ser humano? Primeiro 
passo para começar a estruturar este conceito à luz do Serviço Social é compreender 
o homem enquanto um ser tridimensional (corpo, mente e alma) ou como falamos 
no Serviço Social, todo homem é um ser bio-psico-social.
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É válido destacar aqui que não existe uma dimensão mais importante ou que 
sobreponha uma à outra, só consigo compreender o homem e suas relações a partir 
das três dimensões que são, por sinal, interligadas.
Ao olharmos para os filósofos da antiguidade podemos destacar três em especial, 
pela contribuição que deixaram para o Serviço Social, são eles: Sócrates, Platão e 
Aristóteles, vamos agora entender por quê?
Figura 17- Filósofos
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/bustos-filsofia-arist%C3%B3teles-756620/
- Sócrates (sec. V a.C, grego): criou o método chamado de hermenêutica, que 
significa chave, abertura. A qual está relacionada a máxima: “Conhece-te a Ti mesmo”, 
este método é constituído de duas fases, sendo o primeiro é a ironia (termo que vem 
do grego e que quer dizer perguntar), que quer dizer que nós nada sabemos, ou seja, 
eu sei que nada sei. Quando por meio do pensamento filosófico eu levo a pessoa a 
perceber que suas crenças arraigadas, seus preconceitos, suas ideologias, são tão 
somente aparências, ainda nos diz que nós enquanto humanos, também sabemos 
muito pouco do outro humano, bem como sabemos pouco de nós mesmos. 
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Ao perceber isso nós “rimos”, logo a ironia não significa rir da cara da outra pessoa 
e sim “rir de si mesmo”, eu sei que nada sei; e por saber que nada sei, agora estou 
sabendo que nada sabia, antes de saber o que sei. 
Se você observar poderá constatar que o verbo “saber” foi utilizado diversas vezes, 
o que é irônico, não é mesmo? O que sabemos e aprendemos ao longo da nossa vida, 
ainda é muito pouco frente ao mistério que é a natureza humana. A segunda fase é 
conhecida como maiêutica, que significa a arte de nascer, de trazer à luz, na medida 
em que eu constato a minha ignorância esse “novo ser”, ou seja, essa “nova pessoa” 
está “pronta para vir à luz” é a descoberta de um processo de conhecimento interior. 
Esse método socrático vai acabar influenciando também na psicanálise e psicologia. 
Logo, é com base nestas duas fases que o Serviço Social busca os seus fundamentos 
na filosofia.
A esse pensador grego do século V a.C. é atribuída a frase ‘Só sei 
que nada sei”. Ao proferir essa fala, Sócrates evidentemente não 
estava afirmando que nada sabia, de fato. Filosofo por excelência, 
ele estava tentando explicitar uma condição mais abrangente e 
profunda. O sentido dessa afirmação poderia ser interpretado como 
“só sei que nada sei por inteiro”, “só sei que nada sei por completo”, 
“só sei que nada sei que só eu saiba”, “só sei que nada sei que não 
possa vir a saber”, “só sei que nada sei que eu e outra pessoa não 
saibamos juntos”. Esse posicionamento é o primeiro degrau para 
nos afastarmos do risco da mediocridade (CORTELLA, 2019, p. 28).
- Platão (sec. IV a.C, grego): foi discípulo de Sócrates e 
também representante de uma corrente filosófica conhecida 
como idealismo. Com destaque para o Mito da Caverna, que 
eu sugeri que vocês assistissem na nossa primeira aula. O 
Mito explica a existência de dois mundos: mundo das ideias, 
da perfeição do qual nós somos originários e o mundo no 
qual nós chegamos, o mundo no qual estamos vinculados, 
ou seja, o mundo material. 
Figura 18- Platão
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/
plat%C3%A3o-o-fil%C3%B3sofo-antiga-
cientistas-3069619/
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Anote isso
O Mito da Caverna: Platão discorre sobre um prisioneiro que consegue se libertar 
das amarras, das ideologias, das convicções do senso comum e consegue chegar 
até “fora da caverna” e descobre um novo mundo: da realidade, das verdades, das 
certezas e da concretude da essência humana. Esse “prisioneiro” tenta retornar 
à caverna para libertar àqueles que estavam acostumados com o mundo das 
sobras, ilusões, dos achismos e ele (o prisioneiro) e acaba sendo banido.
O Mito da Caverna traduz muitas vezes o questionamento para cada um de nós, 
eu e você: qual caverna eu vivo? Considerando que mundo é a perspectiva “a pequena 
caverna”que eu habito.
Isto está na rede
Dica de Filme - Matrix: o primeiro filme da trilogia traz consigo uma grande 
base filosófica platônica. 
Dica de Vídeo: Matrix e o Mito da Caverna – Comentários Filosóficos 
• Link 01: https://www.youtube.com/watch?v=Rg9kyJCp5n8
• Link 02: https://www.youtube.com/watch?v=nFSDOZxoZFY 
Dica de Vídeo: Alice no País das Maravilhas e Matrix - Mario Sergio Cortella
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=dpp3XFsTXnw 
Vale a pena conferir e refletir!
Figura 19- Matrix
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/matriz-comunica%C3%A7%C3%A3o-software-pc-1799659/
https://www.youtube.com/watch?v=Rg9kyJCp5n8
https://www.youtube.com/watch?v=nFSDOZxoZFY
https://www.youtube.com/watch?v=dpp3XFsTXnw
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Figura 20- Alice e o coelho
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/alice-no-pa%C3%ADs-das-maravilhas-4197258/
- Aristóteles (sec. III a.C, grego) -discípulo de Platão, resgata e constrói a 
Filosofia no diálogo com o Serviço Social, por meio da corrente filosófica chamada 
de realismo. Para este filósofo o ser humano 
nasce como uma folha em branco, ou seja, nós 
não trazemos conhecimentos e experiências de 
um mundo superior, espiritual, ou ideal como 
dizia Platão, ou seja, para Aristóteles, tudo o que 
sabemos e aprendemos é feito neste mundo. Logo 
ele propõe uma teoria do conhecimento, que por 
meio da utilização dos cinco órgãos sensoriais é 
que aprendemos a descobrir o mundo. Isso quer 
dizer que eu conheço algo na medida em que eu 
Figura 21- Aristóteles
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/escultura-bronze-
figura-arist%C3%B3teles-2298848/
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experimento, ou seja, conheço o mundo através dos órgãos sensoriais, sobretudo, a 
visão, audição e o canal cinestésico (emocional).
3.1 Relacionando a Filosofia com a atuação do Assistente Social:
A partir do apresentado acima, é importante que você consiga relacionar o 
posicionamento destes primeiros filósofos e como eles fundamentam o Serviço Social, 
ao trazermos referências da Filosofia, como: Sócrates, Platão, Aristóteles, temos a 
oportunidade de reforçar que a filosofia está no nosso dia a dia, ou seja, no nosso 
cotidiano existe um razão prática para isso. Como a Filosofia não é algo palpável 
não podemos ver seu produto final, muitos alunos acabam entendendo que ela não 
possui relevância, contudo, chamo a sua atenção para aquilo que foi dito desde a 
primeira aula: todo esforço da Filosofia, se concentra em compreender o homem, a 
sua existência, a sociedade em que vive e suas relações.
Anote isso
O espaço privilegiado da intervenção profissional é o cotidiano, o mundo 
da vida, o todo dia do trabalho que se revela como um ambiente no qual 
emergem exigências imediatas e são desenvolvidos esforços para satisfazê-las, 
lançando mão de diferentes meios e instrumentos. É um ambiente material 
e de relações no qual o profissional deve se mover naturalmente com uma 
pretensa intimidade e confiança sabendo manipular as coisas, os costumes 
e as normas que regulam os comportamentos no campo social e técnico 
(BAPTISTA, 2001, p.111, grifo nosso).
A partir do exposto, você deve ter clareza que os fundamentos fornecerão a base 
para a sua intervenção profissional, juntamente com o arcabouço de Leis, Código e 
Regulações. Compreender a atuação profissional do Assistente Social vai muito além 
da operacionalização das Políticas Públicas, envolve o conhecimento do ser humano.
A realidade concreta, considerada matéria-prima incontornável 
da identidade, é um forte condicionante da ação dos assistentes 
sociais, pelos recursos que são disponibilizados ou não, pelas 
regulações formais da atividade que desenvolvem, pelos objetivos 
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políticos da sociedade em que atuam e pelas condições objetivas 
de desenvolvimento social e econômico. Exige uma atitude reflexiva 
individual em um processo sustentado por relações afetivamente 
significativas, atitude que se estabelece na interação com outros, 
sempre presentes nesse processo de construção da identidade 
(GRANJA, 2011, p.436).
Retomando os fundamentos da Filosofia é necessário compreender que o profissional 
de Serviço Social (Assistente Social) se perceba enquanto promotor/facilitador 
do processo reflexivo junto ao usuário, junto aos grupos que coordena e junto à 
comunidade onde está inserido profissionalmente. 
O profissional não deve apresentar respostas e soluções prontas para o usuário 
que o(a) procura, deve sim estimular o crescimento pessoal e coletivo, como forma 
de promover cidadãos autônomos, conhecedores e proativos, sobretudo, conhecer a 
subjetividade humana para que tenha propriedade para analisar criticamente como 
ela (a subjetividade) influencia e é influenciada pelo meio social onde o sujeito vive.
O conhecimento necessário para o assistente social como mediador e garantidor dos 
acessos aos direitos do cidadão vai muito mais além do que sanar uma necessidade 
imediata (comida ou roupa), é necessário ao profissional, uma capacidade analítica, 
crítica, promotora, capaz de desenvolver/buscar alternativas capazes de viabilizar a 
superação da condição de vulnerabilidade social/econômica/emocional do usuário.
Para tanto, será necessário saber quem é este usuário, o que ele precisa, suas 
origens, seus planos e projetos de vida. Como vimos anteriormente estes saberes 
estão lotados de questões filosóficas, que pedirão para o profissional uma atitude e 
uma reflexão filosófica crítica. Pois muitas vezes o usuário não se percebe enquanto 
sujeito da sua própria história, pois ele é fruto de uma sociedade por vezes opressora 
que não estimula o autoconhecimento e consciência do seu poder enquanto cidadão 
de direitos.
Dessa forma, sendo o assistente social dotado de conhecimentos que auxiliam 
o indivíduo a refletir sobre si e suas condições, deve sempre estar em alerta para 
que o usuário também não se torne um depende dele(a), e sabemos a satisfação 
que se tem quando percebemos que somos tão importante para alguém, porém não 
podemos confundir a efetividade do nosso trabalho profissional com a dependência 
afetiva do usuário pelo profissional. Pense sobre isso!
Para isso, meu caro(a) aluno(a), durante a sua atuação profissional, deve-se buscar 
a compreensão da vida do usuário em sua totalidade, sem pré-julgamentos, pois nem 
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ele (nem nós) somos uma ilha, é necessário o entendimento do usuário nas suas 
mais diversas relações, pois aí pode morar a chave de todo o problema que ele vem 
vivendo, e nem sempre fazer com que ele se abra é uma tarefa fácil, é preciso ler as 
entrelinhas, ter paciência e humanidade suficiente para realizar esta análise, ou seja, 
uma atitude filosófica.
Se o homem (enquanto sujeito) não conhecer a si próprio, não terá como conhecer 
o outro. É necessário, então, ao homem saber o que quer, saber seus anseios, seus 
desejos e sentimentos mais íntimos e sinceros, uma vez que,
Hoje pouca gente sabe o que quer na verdade, se o que fazem é 
realmente o que querem ou aquilo que lhe é imposto a fazer, ou 
porque todos fazem e é mais fácil que ele o faça também, [...] grande 
número de nossas decisões não são de fato nossas, mas nos são 
sugeridas de fora; conseguimos persuadir-nos de que não somos 
nós que tomamos a decisão, quando na realidade nos conformamos 
com as expectativas de outros, impelidos pelo temor ao isolamento, 
e por ameaças mais diretas à nossa vida, liberdade e bem estar [...] 
(FROMM, 1983, p. 160-161, grifo nosso).
O homem nos dias atuais está condicionado a dar respostas pré-programadas, 
onde muitos dizem algo, então ele também o diz, um ser robotizado, automático,muitas vezes incapaz de estabelecer uma reflexão crítica sobre si e suas condições.
Figura 22- pássaros
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/gaivotas-bird-v%C3%B4o-mar-c%C3%A9u-%C3%A1gua-370012/
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A liberdade é fruto da autoconsciência do homem e, só é possível adquiri-la no 
momento em que o homem tiver consciência de si, de seus atos, razões e desejos. 
De acordo com May (1987, p.134), “a autoconsciência e a liberdade andam a par [...] 
quanto menos consciência de si mesma tem a pessoa, tanto menos livre ela é”.
Isso quer dizer que, se o homem não é seguro de si, logo é carregado e preso pela 
opinião pública, “já não sou eu quem penso, mas o outro que pensa por mim”, talvez hoje 
esse seja o lema (mesmo que inconsciente) de muitas pessoas, com isso, a liberdade 
interior tão almejada fica cada vez mais distante.
O homem será autêntico quando sentir-se livre interiormente. A autenticidade 
implica nessa conquista, ou seja, é livre aquele que consegue ser ele mesmo, um ser 
autêntico, sem permitir que as ideias exteriores poluam seus ideais, ser um homem 
de responsabilidades, que diante dos dilemas presente na sociedade, age, enfrenta-os 
e não se submete. 
E cada um enfrenta ou não esses dilemas de uma forma diferente, pois cada indivíduo 
é singular, por isso, não há receita pronta e acabada para resolução de todos os dilemas 
do homem. Existem sim, caminhos que viabilizam tal resolução que é um processo 
inacabado, novamente aqui podemos ver a influência da Filosofia, nas ações reais 
que o profissional deve conceber no cotidiano.
 May (1987, p.135) explicita de forma clara e objetiva, como a liberdade é decorrente 
da autoconsciência:
À medida que a pessoa adquire mais autoconsciência sua liberdade 
e escala de opções aumentam proporcionalmente. A liberdade é 
acumulativa; uma opção feita com um elemento de liberdade 
possibilita maior liberdade na próxima opção. Cada exercício de 
liberdade amplia o âmbito da personalidade.
A liberdade é um processo contínuo e proporcional à autoconsciência, como diz May 
(1987), à medida que a autoconsciência permite ao indivíduo uma ação racionalmente 
livre, esta mesma ação auxilia no aumento da autoconsciência, permitindo uma maior 
liberdade de escolha deste indivíduo nas próximas situações.
A liberdade como capacidade humana é, portanto, o fundamento da 
ética. Assim agir eticamente, em seu sentido mais profundo, é agir 
com liberdade, é poder escolher conscientemente entre alternativas, 
é ter condições objetivas para criar alternativas e escolhas. Por sua 
importância na vida humana, a liberdade é também um valor, algo que 
valoramos positivamente, de acordo com as possibilidades de cada 
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momento histórico. Por tudo isso podemos perceber que a liberdade 
é também uma questão ética das mais importantes, pois nem todos 
os indivíduos sociais têm condições de escolher e de criar alternativas 
de escolha (BARROCO, 2008, 48).
Considerando o que estudamos até aqui, pergunto: você consegue se imaginar 
na prática profissional, intervindo junto ao usuário? Considerando os elementos 
apresentados até o presente momento? Veja que a intervenção profissional vai além 
das questões econômicas da sociedade, pois contribuir para a construção do sujeito 
autômato e crítico também faz parte do cotidiano do assistente social, e, para isso, 
tanto a Filosofia, a Psicologia Social, a Antropologia, contribuem significativamente.
Cabe ao indivíduo decidir como se deve agir, para isso, o Assistente Social se põe 
como mediador desse processo reflexivo. O homem não só pode como deve ser o 
mentor de seus atos e saber o que se quer implica num ser maduro, apto a escolher 
por si só as metas e os valores que regerão sua vida. O ser humano não deve fazer 
as coisas por mera rotina ou hábito, e, sim, porque acredita que o que faz tem algum 
valor real para sua vida. Isso se dá em qualquer fase da vida, pois somos seres em 
permanentemente crescimento e mudança.
Isto é liberdade, é o homem contribuir para sua própria evolução, numa constante 
mudança. Não se pode pensar num homem, que busca sua liberdade como aquele 
que é “mais” (é superior) que a sociedade, deve-se pensar em liberdade como aquela 
que “revela-se no ajuste da própria vida com a realidade” (MAY,1987, p.136). 
May (1987) sintetiza aquilo que acabamos de ver:
[...] a liberdade, portanto, não é apenas uma questão de dizer ‘sim’ ou 
‘não’ diante de uma decisão específica: é a força de amoldar e criar 
a nós mesmos. É a capacidade para dizer como Nietzsche, ‘de nos 
tornarmos o que verdadeiramente somos’(p.137, grifos nossos).
A autenticidade consiste em ser livre interiormente e, se assim o for, ele o 
será exteriormente.
Após esta contextualização fica cada vez mais claro o papel dos Fundamentos 
Filosóficos para a profissão, finalizo esta aula convidando você a ler com bastante o 
quadro que traz uma apresentação de como consolidar o fazer profissional a partir 
da construção de práticas reflexivas, sendo este um processo dialético e contínuo. 
Pois, um profissional é reflexivo quando toma sua atividade como objeto de reflexão 
(GRANJA, 2011, p.436).
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OBJETIVOS PROCESSOS DA PRÁTICA REFLEXIVA
Permite a 
interação 
dialética entre 
ação e reflexão
A construção teórica exige o autorreconhecimento e a 
explicitação permanente dos esquemas de pensamento e ação, 
sob a forma de saberes processuais procedimentos do serviço 
social, a partir da própria ação. Estes devem demonstrar a 
capacidade de articulação fecunda entre os saberes teóricos 
e a prática, em que a teoria orienta e guia a prática e esta, por 
sua vez, alimenta a teoria, e em que se reorganizem os saberes 
teóricos em função dos limites e das exigências da prática. 
Confronta o agir profissional com o crescente conhecimento 
cientifico e técnico existente e a construção de novas estruturas 
mentais de saber profissional.
Permite a 
objetivação das 
práticas, explicita 
o pensamento 
em um diálogo 
reflexivo
A ação tem uma lógica de percurso, com passado, presente 
e futuro, o que exige um processo de reflexão para assegurar 
sua interdependência. Permite desenvolver a capacidade para 
nomear e reconstruir os problemas e (re)construir a experiência 
e repertórios profissionais. Consolida o saber de ação como 
esquemas de racionalidade específica do grupo para tomar 
distância, contestar, comparar e verificar a coerência entre 
variáveis reguladoras dos problemas e as estratégias de ação. 
Exige o domínio de suportes da linguagem e os repertórios 
estruturados de experiência para descrever a realidade, 
interpretá-la e construir representações operacionais.
Favorece a 
construção de 
conhecimento 
sobre a disciplina 
profissional
Propõe grades abertas de leitura das experiências e hipóteses 
operacionais, como esboços da ação, sem a pretensão de 
encontrar as estratégias infalíveis. Analisa e interpreta as 
diferentes lógicas dos sistemas e atores, onde e com quem 
interagem. Confronta os profissionais com os objetivos e 
resultados de suas escolhas e decisões, modelos e projetos 
operacionais.
Favorece as 
abordagens 
multidisciplinares
As exigências da prática em toda sua complexidade confrontam 
o profissional com o fato incontornável da realidade social, 
que não pode ser explicada por uma única ciência, mas que 
exige sínteses teóricas complexas em um processo contínuo e 
dinâmico que se desenvolve no tempo e em vários espaços e 
exige interação em espaços e campos diversos.
Estimula e 
fortalece as 
redes relacionais 
profissionais e de 
pesquisa
Pressupõe interação, atividade cooperativa com colegas e 
outros atores, participa de processos de decisão, exercício de 
supervisão, pedido de ajudaou conselho, debate contraditório ou 
avaliação. Permite a apropriação de referências identitárias que 
o profissional adota ou recusa para adquirir confiança, suporte e 
segurança psicológica para agir.
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Desenvolve 
a cultura 
profissional
A reflexividade seleciona os usos diferenciados de regras 
e recursos, transforma-os e transaciona-os para os novos 
contextos de uso, atribuindo-lhes um sentido contextual 
fundamentado em uma concepção do saber profissional com 
valores e crenças associados – a cultura profissional.
Quadro 01- Construir saber pela prática reflexiva para consolidar as formas identitárias
Fonte: GRANJA (2011, p.436)
Obrigada por concluir mais esta etapa do seu processo de formação profissional, 
e até a próxima!
Figura 23- Conquista
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/salto-precip%C3%ADcio-aventura-coragem-5187199/
Isto está na rede
Leitura Complementar: A competência reflexiva processual em serviço social 
na ação profissional junto às populações
GRANJA, Berta. A competência reflexiva processual em serviço social na ação 
profissional junto às populações. Cad. Pesqui., São Paulo , v. 41, n. 143, p. 
428-453, Aug. 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-15742011000200006&lng=en&nrm=iso>. access on 18 
MAR. 2020. https://doi.org/10.1590/S0100-15742011000200006.
https://doi.org/10.1590/S0100-15742011000200006
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AULA 4
O HOMEM, O GRUPO E A 
COMUNIDADE
Figura 24- Comunidade Lego
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/lego-estatuetas-brinquedos-multid%C3%A3o-1044891/
O objetivo desta nossa aula é fazermos uma reflexão filosófica e social, acerca do 
homem e suas necessidades, não abordaremos nenhuma corrente filosófica específica, 
contudo, é necessário que você, enquanto futuro(a) assistente social, tenha em mente 
com clareza o porque de vivermos em sociedade, em grupos, e qual a razão deste 
assunto estar ligado a prática profissional. 
Está preparado(a)? Mãos à obra!
Desde sempre os estudiosos se encantam com os mistérios do homem, dotado 
de múltiplas características e segredos. O(a) Assistente Social, não pode conceber a 
sua prática profissional sem entender minimamente que é o sujeito, foco das suas 
ações, que se transforma em “usuário” do Serviço Social, na medida em que suas 
necessidades e seus direitos não estão sendo atendidos.
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Contudo, não basta apenas saber que o usuário possui necessidades é necessário 
compreender que ele é dotado de múltiplas relações, faz-se necessário saber quais 
necessidades são essas e quais os caminhos que ele poderá percorrer para conseguir 
satisfação (dignidade, cidadania, liberdade, igualdade, etc.). é necessário compreender 
as relações com o grupo e com a comunidade, uma vez que o assistente social não 
atua somente no particular.
 A Profissão se gesta em meios aos grupos, às comunidades onde cada indivíduo está 
inserido, sabendo que este indivíduo recebe influência do grupo e também o influencia.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/equipe-amizade-grupo-m%C3%A3os-4529717/
Todo profissional no desenvolvimento de sua prática está em contato com o 
ser humano. Além do usuário, mantém contato direto com os colegas de trabalho 
(psicólogos, pedagogos, sociólogos, diretores, coordenadores, prefeitos, vereadores, 
secretários, entre outros), e todos os demais profissionais também se enquadram 
nessa reflexão, a relação que estabelecemos no nosso cotidiano, não diz respeito 
somente à demanda e sim a todos aqueles com os quais convivemos.
Para isso, esta aula propõe uma reflexão sobre o cotidiano e suas relações, a 
competência profissional também implica em conhecimento sobre a humanidade e 
https://pixabay.com/pt/photos/equipe-amizade-grupo-m%C3%A3os-4529717/
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de como os homens nela se relacionam, conhecendo as estruturas sociais e como 
se organizam, observando o todo e a totalidade.
Vamos neste primeiro momento apontar nossa 
atenção para a questão: quem é o homem? 
Lembre-se que todas as demais disciplinas do 
curso contribuirão de alguma maneira, com algum 
elemento para essa compreensão.
Observando o homem, nota-se que desde 
sempre ele se apresenta a partir de um corpo 
físico e, por isso, existe biologicamente nem meio 
que se define pelas coordenadas do tempo e do 
espaço. Este meio pode condicioná-lo, determiná-lo em todas as suas manifestações.
Este caráter de dependência do homem se verifica inicialmente em relação à 
natureza, entendendo por natureza tudo aquilo que existe independentemente da ação 
do homem. Sabemos que o homem depende do espaço físico, clima, vegetação, fauna, 
solo e subsolo, mas não é só o meio puramente material que o condiciona. Também 
o meio cultural se impõe a ele inevitavelmente.
Já ao nascer, além de uma localização geográfica mais ou menos favorável, o 
homem se defronta com uma época de contornos históricos precisos, instituições 
próprias, uma vida econômica peculiar e uma forma de governo ciosa de seus poderes. 
Figura 26- bebês
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/g%C3%AAmeos-meninos-beb%C3%AAs-mam%C3%B5es-1628843/
Figura 25- Planta mão
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/folha-%C3%A1rvore-
jovens-pl%C3%A2ntula-3369412/
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Esse é quadro da existência humana e nesse quadro o homem se encaixa e vai 
estabelecendo relações. O homem é, pois, um ser situado, e essa situação é uma 
condição humana necessária da possibilidade da existência humana.
A vida humana só pode sustentar e se desenvolver a partir de um contexto 
determinado; é daí que o homem tira os meios de sua sobrevivência. Por isso, ele é 
levado a valorizar os elementos do meio ambiente (água, terra, fauna, etc.), no domínio 
da natureza e as instituições, as ciências, as técnicas, etc., no domínio da cultura.
Antes mesmo de se dar conta disso o homem está exercendo a atitude axiológica 
perante tudo o que o cerca. Na verdade, valorizar é não ser indiferente. Assim, a situação 
compõe-se de uma multiplicidade de elementos que em si mesmos não valem nem 
deixam valer; simplesmente são, estão aí (SAVIANI, 1996).
Entretanto, ao se relacionarem com o homem eles passam a ter significado, passam 
a valer. Isso nos permite enquanto seres humanos, entender como uma relação de 
não indiferença entre o homem e os elementos dos quais se cercam.
 Para refletir: o homem tem necessidades que precisam ser satisfeitas; todos nós 
temos necessidades. Você já reparou, por exemplo, do que um automóvel precisa 
para poder funcionar? E uma planta para sobreviver e crescer forte e saudável? As 
necessidades de um carro são as mesmas de uma árvore?
 Penso que você já sabe bem a 
resposta, dessa maneira constatamos 
que as necessidades variam de acordo 
com a natureza de cada ser, algumas 
necessidades são essenciais e outras 
apenas desejáveis, podendo o indivíduo 
sobreviver sem elas. Segundo a 
classificação feita há tempos por Abraham 
Maslow, a partir da leitura de Beust (1997) 
podemos perceber que uma determinada 
necessidade é essencial quando:
Ao ser considerada e desatendida instauram-se doenças (mentais ou físicas).
A) Suprindo-se as necessidades evitam-se doenças.
B) Identificando-se e suprindo-se em uma pessoa enferma a saúde é restaurada.
C) A pessoa privada de uma necessidade essencial prefere que essa necessidade 
seja suprida, em vez de qualquer outra, quando pode escolher livremente.
Figura 27- equipe
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/papel-neg%C3%B3cios-
finan%C3%A7as-documento-3213924/
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