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MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 1 AULA 3 – FARMACOLOGIA 2 ANTIFÚNGICOS 1. Anfotericina B É o antifúngico mais potente, mas também o mais tóxico. Antibiótico poliênico Demonstrado em 1955 a partir do Streptomyces nodosus É instável em pH muito ácido ou muito básico, não absorvível por via oral e somente administrada por via IV É insolúvel na água e extremamente tóxica quando administrada de forma isolada, mas aumenta sua solubilidade quando complexada com o deoxicolato (um sal biliar), constituindo a anfotericina B convencional. Sempre tem que ser administrada dissolvida em água destilada ou solução glicosada a 5%. Qualquer adição ou administração pela mesma via de eletrólitos (p. ex., cloreto de sódio) provoca a agregação das partículas coloidais e floculação, tornando a mistura imprópria para uso clínico, podendo levar a embolia pulmonar. Mesmo essa apresentação da anfotericina B combinada com deoxicolato tem elevada toxicidade para o rim, coração e sistema hematopoiético e importante efeito irritante para o endotélio vascular, frequentemente causando flebites. Anfotericina B convencional é conhecida pela sigla C-AMB Formulações de Anfotericina B ABCL – Complexo lipídico de anfotericina B: Anfotericina B convencional, dissolvida em emulsão lipídica, em lugar da solução de glicose, é bem tolerada e de mais rápida aplicação, havendo menor ocorrência de toxicidade renal. L-AMB – Anfotericina B lipossomal: Anfotericina B incorporadas a lipossomas, isto é, vesículas de fosfolipídios. Comparativamente à apresentação da anfotericina B convencional, o encapsulamento da droga em lipossomas é uma nova estratégia de melhorar a tolerância sem prejudicar a sua eficácia. É a mais usada. ABCD – Dispersão Coloidal de Anfotericina B: Anfotericina B em preparação como uma dispersão coloidal, usando o sulfato colesteril sódico a. Mecanismo de Ação Tem dois mecanismos de ação. A primeiro é a ação fungicida, através da formação de poros na membrana dos fungos pela ligação da anfotericina à porção esterol, primariamente ergosterol, da membrana celular dos fungos. Causam a morte da célula por alterar as propriedades físico- químicas da membrana, que se torna permeável a constituintes essenciais da célula, tais como açúcares, ésteres fosfatos, nucleotídeos e proteínas. Ligam-se de maneira mais seletiva à membrana das células fúngicas, ricas em ergosterol, e menos às células do hospedeiro animal, ricas em colesterol. A segunda ação é a potente ação imunoestimulante, tanto sobre a imunidade humoral como sobre a imunidade celular. Potencializa a produção de anticorpos da classe IgG e da classe IgM. Aumentando a imunidade mediada por células e eleva as reações de hipersensibilidade retardada. Dessa maneira, este polieno não só atua sobre os microrganismos infectantes, como aumenta a resistência do hospedeiro à infecção. Essa ação da anfotericina B é de grande importância na clínica, uma vez que pacientes com infecções micóticas sistêmicas, com frequência, apresentam depressão em sua imunidade celular. b. Resistência: A resistência adquirida à anfotericina B é um fenômeno muito raro. Alterações na composição dos esteróis das membranas, com diminuição ou ausência do ergosterol, ou a formação de esteróis modificados, com menor afinidade pelos polienos. c. Espectro de Ação Fungos (basicamente todos os fungos): Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Cryptococcus neoformans, Coccidioides immitis, Sporotrichum schenkii, Torulopsis glabrata, Candida albicans e outras MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 2 espécies de Candida, Aspergillus fumigatus e outras espécies de Aspergillus, espécies de Mucor, Rhizopus, Rhodotorula, Microsporum e Trichophyton (dermatites fúngicas, como a pitiríase versicolor). Protozoários: Leishmania donovani, Leishmania chagasi, Leishmania brasiliensis, Plasmodium falciparum (sensível ou resistente à cloroquina) e amebas de vida livre dos gêneros Hartmanella, Acanthamoeba e Naegleria. Interfere com o mecanismo de reprodução dos príons, partículas proteicas causadoras de encefalopatias progressivas, como o kuru (transmitida por canibalismo) e as várias formas da doença de Creutzfeldt-Jacob (paralisia flácida, doença da vaca louca). Doença causada por algas prototheca, a prototecose . Farmacocinética Não é absorvida por via oral e sofre inativação no meio ácido do estômago. A principal via de administração da anfotericina B, tanto a forma convencional como as preparações lipídicas, é a via intravenosa, empregada dissolvida em soro glicosado a 5%. A administração IV da anfotericina B convencional é feita em infusão lenta, num período de três a seis horas, as anfotericina em infusão lipídica podem ser administrada de forma mais rápida. 90% liga-se a proteína: Beta lipoproteína. Boa concentração no LCS. Meia vida longa – 15 dias. Eliminação renal e biliar (20%) – lenta. Pode fazer depósitos em tecidos ricos em colesterol (fígado, pulmão, baço, rins) d. Indicações Paracoccidioidomicose grave gangloionar, pulmonar ou de sistema nervoso Criptococose, Histoplasmose grave, relacionada com cavernas, Candidíase generalizada, principalmente em imunossuprimidos e Leishmanioses Meningites e infecções sistêmicas por amebas de vida livre (meningite ou infecção sistêmica) e por algas do gênero Prothoteca (Prototecose) Neutropenia, cuja febre não responde a agentes antibacterianos de amplo espectro administrados durante 5-7 dias. e. Efeitos adversos Febre e calafrios, taquipnéia, estridor, hipotensão, broncoespasmo, anafilaxia (raro) e Hipóxia Não associar a glicocorticoide, por que o objetivo é justamente aumentar a resposta inflamatória. Insuficiência renal em 80% com C-AMB, toxicidade aumenta com a dose e é transitória mas por longo período Leva a perda de K e Mg É mielotóxica levando a anemia, Flebite no vaso que ela é infundida, Aracnoidite quando a droga chega ao espaço licórico, irritando as meninges. 2. Nistatina É estruturalmente semelhante à anfotericina B e o mesmo mecanismo de ação. Porém, não é absorvida pelo TGI, pele ou vagina. Ou seja, é feita por via tópica cutânea, vaginal e oral (mas o efeito não é sistêmico). Infecções em unhas e lesões hiperqueratinizadas não tem boa resposta Eficaz na candidíase oral de imunocompetentes Em combinação com corticoides ou antibacterianos (neomicina), trata infecções e alivia a coceira na pele. Menor eficácia na candidíase vaginal, por uma resistência crescente. Reações adversas muito incomuns 3. Imidazóis São divididos em 2 grandes grupos: os imidazóis e os triazóis. Os triazóis tem metabolismo lento, então tem menos efeito sobre a síntese do esterol humano. IMIDAZÓIS - TÓPICOS TRIAZÓIS - SISTÊMICOS CLOTRIMAZOL MICONAZOL CETOCONAZOL (TEM VO) OXICONAZOL ECONAZOL 1ª GERAÇÃO (MAIS USADOS): FLUCONAZOL E ITRACONAZOL 2ª GERAÇÃO: VORICONAZOL, POSACONAZOL E RAVUCANZOL MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 3 Os azóis, de forma geral, impedem a produção dos esteróis, tanto o ergosterol (fungos), mas também dos esteroides humanos, tendo muitos efeitos sexuais. Geralmente, usamos um antifúngico sistêmico associado à um tópico nos tratamentos das micoses. a. Mecanismo de Ação Inibe a síntese do ergosterol, por inibição da enzima CYP 14-α-esterol desmetilase. Além disso, por inibirem a síntese do ergosterol, levam ao acúmulo de um metabólico intermediário o 14-α- metilesteróis, que desagrega o arranjo compacto das cadeias dos fosfolipídeos, causando o rompimentoo da membrana. Ação fungicida por alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática dos fungos sensíveis, que passam a perder cátions, proteínas e outros elementos vitais, ocorrendo, por fim, o rompimento da membrana. Os azóis são inibidores enzimáticos, do sistema citocromo P, uma importantevia enzimática hepática, cujo funcionamento é importante para a metabolização de vários fármacos. Por isso, tem grande quantidade de interações medicamentosa com os azóis. b. Resistência Mutações da 14-α-esterol desmetilase impedindo a ligação da enzima ao azol Bomba de efluxo, por que o fármaco precisa ficar dentro da célula para agir. Não acontecia com a anfotericina B por que ela agia diretamente na membrana. c. Farmacocinética – Cetoconazol O cetoconazol é rapidamente absorvido por via oral, sendo que a absorção varia com o pH. O aumento da acidez gástrica (pH ≤ 2), aumenta a absorção. Entretanto, a sua absorção é menor em situações que diminuem a acidez, como em indivíduos idosos, em pessoas submetidas à gastrectomia e em pacientes com AIDS, que têm deficiente secreção ácida gástrica. Recomenda-se então, a administração do cetoconazol junto com suco de limão ou de laranja. A absorção por via oral é prejudicada pela ingestão de alimentos ricos em carboidratos e aumenta com a alimentação rica em gorduras. Atinge níveis séricos máximos em duas a quatro horas e mantém concentrações ativas no sangue por mais de 11 horas. Ligação proteica, de cerca de 99%. Não atinge concentrações terapêuticas no líquido cefalorraquidiano, mesmo com o uso de doses elevadas em pacientes com inflamação das meninges, é desprovida de valor no tratamento de meningites por fungos. É metabolizada no fígado, eliminando-se sob a forma de metabólitos inativos na urina, bile e fezes. Por isso, não podem ser utilizados para infecções fúngicas no SNC nem no TU. d. Espectro de ação FUNGOS: Tricophyton, Epidermophyton, Microsporum, Malassezia furfur, Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Blastomyces dermatitidis, Pseudallescheria boydii e Paracoccidioides brasiliensis. Tem ação leishmanicida, in vitro, porém sua ação terapêutica na leishmaniose tegumentar americana é lenta e inconstante. MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 4 Não tem ação contra Candida não albicans, Aspergillus fumigatus, Rhizopus, Nocardia brasiliensis, Acremonium, Actinomadura, Não tem ação sobre príons e algas do gênero Prototheca e. Indicações: Candidíase oral, esofagiana, cutânea e vulvovaginal, causadas por cândida albicans Dermatofitoses (micoses de pele) Pitiríase versicolor (lesões de pele que tem mudança na cor da lesão) Histoplasmose. Esporotricose. Paracoccidioidomicose, exceto quando a infecção atinge o SNC (paracoccidioidomicose ganglionar) Uso tópico. Não dever ser utilizada nas micoses vesicais (metabólicos inativos na urina), meningites (não concentra no licor) e em candidíase sistêmica de imunocomprometidos. f. Reações Adversas Habitualmente, bem tolerado. Em alguns pacientes, pode provocar náuseas, vômitos, desconforto abdominal, tonteiras, cefaleia, alopecia, diminuição da libido (inibidor da síntese de esteroides sexuais), erupção maculopapular e diarreia. Eventualmente, é causa de prurido intenso e generalizado. Em tratamentos prolongados ou com doses mais elevadas, foram registradas alterações hepáticas caracterizadas por elevação de transaminases, diminuição da atividade de protrombina e aumento da fosfatase alcalina e das bilirrubinas. Geralmente, quando se faz a prescrição para uso prolongado, já se pede um hepatograma. Muitas interações medicamentosas devido interagirem com as CYPs hepáticas. 4. Triazóis Introduzido para uso clínico em 1982. O fluconazol e o itraconazol são os triazóis antifúngicos que, inicialmente, apresentaram espectro de ação contra fungos filamentosos e leveduras e farmacocinética e farmacodinâmica favoráveis no homem, possibilitando exercerem atividade antifúngica sistêmica, com mínimos efeitos adversos. MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 5 Sua atividade contra Aspergillus e outros fungos oportunistas é deficiente, o que estimulou a descoberta de novos derivados com espectro de ação mais amplo. Fluconazol e o itraconazol são chamados triazóis antifúngicos da primeira geração. Triazóis desenvolvidos a seguir, com maior atividade antifúngica, denominados os triazóis da segunda geração, e compreendem o voriconazol, o posaconazol e o ravucanzol. a. Mecanismo de Ação: semelhante aos Imidazóis b. Farmacocinética O fluconazol é uma substância facilmente solúvel na água, o que permite sua administração por via oral e parenteral. É absorvido rápida e quase completamente por via oral, e sua biodisponibilidade é praticamente igual à da administração por via IV, próxima de 100%. Os alimentos não interferem em sua absorção. Atinge elevada concentração no fígado, intestino, baço, rins, cérebro (diferente dos imidazóis), pele, olhos, vagina, secreção brônquica e saliva. Atravessa a barreira hematoencefálica, provocando níveis no Líquor correspondentes a cerca de 50% da concentração sanguínea em indivíduos sãos e de 70% a 90% em pacientes com meningite. Baixa ligação às proteínas séricas, de somente 12%. Sua meia-vida sanguínea é prolongada, de 24 horas, o mesmo ocorrendo no líquido cefalorraquidiano. O fluconazol (todos os triazóis) é muito pouco metabolizado, eliminando-se por via renal, predominantemente como droga inalterada, ou seja, tem ação no trato urinário. c. Espectro de Ação Todos os fungos, como Candida albicans, C. tropicalis, C. glabrata e outras espécies de Candida. Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Paracoccidioides brasiliensis, Aspergillus, Microsporum, Trichophyton e Malassezia furfur (dermatomicoses). d. Indicações Dermatomicoses (candidíase, tinhas, pitiríase versicolor). Candidíase oral, esofagiana, vulvovaginal e sistêmica. Onicomicoses (micoses de unha, uma dose por semana, 4 à 6 semanas) Esporotricose, aspergilose pulmonar (Itraconazol é o preferencial). Endocardite por Candida parapsilosis. Histoplasmose, Paracoccidioidomicose e Infecções por Coccidioides immitis e Cryptococcus neoformans, inclusive nas meningites causadas por estes fungos. Administração profilática do fluconazol em pacientes submetidos a transplante de medula óssea e. Efeitos Adversos Náuseas, cefaleia, vômitos e dor abdominal de pequena intensidade. Em alguns enfermos, tem sido observada a elevação transitória das transaminases sanguíneas, regredindo com a continuação da terapêutica
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