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LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA EXECUÇÃO CIVIL

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1 
 
 
 
ROSANE KAYSER DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARANGUÁ 
2021 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 
NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................. 4 
DESNECESSIDADE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ................................................... 4 
DA NÃO CONCORDÂNCIA DO CÁLCULO DO CREDOR................................................ 5 
BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ...................................................................... 6 
DAS ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO ........................................................................................ 7 
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO .................................................................................. 7 
LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM ............................................................... 8 
LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA ................................................................................................... 9 
LIQUIDAÇÃO PARCIAL ........................................................................................................... 9 
CÁLCULO ARITMÉTICO ....................................................................................................... 10 
FASE DE LIQUIDAÇÃO ......................................................................................................... 10 
LEGITIMIDADE PARA LIQUIDAÇÃO ................................................................................. 11 
NATUREZA DA LIQUIDAÇÃO .............................................................................................. 11 
SENTENÇA A PARTE LIQUIDA E PARTE ILIQUIDA ...................................................... 12 
LIQUIDAÇÃO NO CURSO DA FASE DE EXECUÇÃO .................................................... 12 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
A liquidez é um requisito de um título executivo, ou seja, para a 
execução, é indispensável título líquido que permita a identificação da quantia 
devida, não podendo na falta da liquidez ser objeto de uma execução e nem de 
um pedido de cumprimento de sentença. 
Para que possa ter início a execução, é indispensável que passe por 
prévia liquidação, para que se apure o valor da obrigação. 
O título líquido é aquele que indica a quantidade de bens ou valores 
que constituem a obrigação, demonstrando os valores pecuniários envolvidos no 
processo, sendo assim definido o valor que o devedor pagará ao credor, por 
meros cálculos aritméticos, incluído juros e correção monetária para atualização 
deste valor. 
O título executivo extrajudicial há de ser sempre líquido. Se o valor 
devido não resultar diretamente da leitura do que dele consta, ou de cálculos 
aritméticos, ele perderá a sua eficácia executiva. 
Não existe liquidação de título extrajudicial. Já a sentença pode ser 
ilíquida. 
Sempre que na fase cognitiva for prolatada sentença que reconheça 
ilíquida, antes de ter início a fase de cumprimento de sentença, haverá uma 
etapa intermediária, chamada de liquidação de sentença, ou seja, nessa fase 
processual não se discute mais o mérito da questão, sendo que já houve a 
definição de que a obrigação existe, é necessário apenas que seja definido o 
valor a ser pago pelo devedor. 
Se o título for sentença penal condenatória, antes do início da 
execução, haverá a liquidação dos danos. 
Quando se tratar de obrigações de fazer, de não fazer ou de dar coisa 
diversa de dinheiro, é pertinente a liquidação quando houver pedido do autor 
para convertê-las em perdas e danos, inclusive quando não for possível a sua 
tutela específica ou, quando menos, a obtenção de seu resultado prático 
equivalente. Também aqui, o que falta à obrigação é a sua expressão monetária, 
sendo no caso a liquidez. 
4 
 
Tem sua forma delimitada no Código de Processo civil, Capítulo XIV, 
do Título I, nos artigos 509 a 512. 
 
NATUREZA JURÍDICA 
 
A liquidação de sentença tem a natureza jurídica de ação, sendo 
apenas uma fase ou etapa do processo intermediária entre a condenatória e a 
executiva. Ora, só pode ser considerado sentença o ato que põe fim ao processo 
ou à fase condenatória. 
O que julga a liquidação, não se enquadrando em nenhuma dessas 
categorias, é decisão interlocutória. 
A liquidação de sentença é um procedimento de natureza cognitiva, 
que pode se iniciar tão logo seja encerrada outra etapa, também cognitiva, mas 
que foi responsável apenas por apurar o valor devido, seria possível o juiz 
prolatar uma decisão parcial de mérito na fase cognitiva, determinando apenas 
o prosseguimento do processo. 
O recurso adequado para impugná-la é o agravo de instrumento, 
previsto no rol do art. 1.015 do CPC/2015, cabendo contra as decisões 
interlocutórias proferida na fase de liquidação de sentença. Ao proferir a decisão, 
o juiz examinará a pretensão formulada pelo requerente, que é a de declaração 
do valor devido. 
A liquidação de sentença tem natureza jurídica de incidente 
processual, pois sua decisão é de natureza interlocutória, em que cabe o agravo 
de instrumento. 
 
DESNECESSIDADE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
 
Não é necessária a liquidação, quando a quantia devida puder ser 
apurada por simples cálculo aritmético. Cumpre ao credor, ao requerer a 
execução, apresentar memória discriminada do cálculo do débito, indicando de 
forma especificada os itens da cobrança e os acréscimos de correção monetária, 
juros e outros fixados na condenação (art. 524 do CPC). 
5 
 
Art. 509, § 2º- Quando a apuração do valor depender apenas de 
cálculo aritmético, o credor poderá́ promover, desde logo, o cumprimento da 
sentença. 
§ 3º - O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à 
disposição dos interessados programa de atualização financeira. 
Diversos tribunais já́ possuem em seus sites programas de 
atualização. 
Dúvida pertinente é saber se também no âmbito da “liquidação-ato” a 
que se refere o § 2º do art. 509 as discussões que ocupam os números anteriores 
têm aplicação. A resposta é negativa, com exceção do que, a propósito dos 
comentários ao art. 524, em relação às despesas processuais. Com a ausência 
de uma etapa de liquidação, não há espaço para identificar uma decisão que a 
encerre para discutir qual a sua natureza jurídica e, consequentemente, qual é o 
recurso dela cabível. 
O que há em tais situações, é o início imediato da etapa de 
cumprimento de sentença (independentemente de prévia etapa de liquidação), 
seguindo-se o proferimento de diversas decisões interlocutórias até que o 
magistrado possa proferir a sentença do art. 925, ostentando um dos conteúdos 
dos incisos do art. 924. 
 
DA NÃO CONCORDÂNCIA DO CÁLCULO DO CREDOR 
 
 
Caso o executado não concorde com o cálculo do credor, terá de 
impugná-lo com fundamento no excesso de execução (art. 525, §1o, V do CPC). 
Também há a possibilidade de o devedor defender-se, por objeções 
de pré-executividade ou impugnação, cuja apresentação prescinde de prévia 
garantia do juízo, pela penhora. 
Teve o legislador o cuidado de evitar que, nessa fase que antecede o 
início da execução, possa surgir algum incidente que, sob vias transversas, 
obrigue o juízo a decidir a respeito da quantia devida, o que acabaria por 
ressuscitar a liquidação por cálculo do contador. 
6 
 
A solução encontrada foi fazer prevalecer o valor apresentado pelo 
credor, incumbindo ao devedor defender-se, impugnando-o, para que então o 
juízo possa decidir qual é a quantia devida. 
Mas, para que não haja prejuízo ao executado, conquanto a execução 
se faça pelo valor indicadopelo credor, a penhora far-se-á pelo valor que o juiz 
entender adequado, até que, no curso da execução, ele decida qual é 
efetivamente o valor devido, podendo então mandar ampliar ou reduzir a 
penhora. Os §§ 3º a 5º do art. 524 tratam da hipótese de os cálculos a serem 
apresentados pelo credor, no início da execução, dependerem de dados 
existentes em mãos do devedor ou de terceiros, caso em que o juiz, a 
requerimento dele, poderá requisitá-los, concedendo prazo de até trinta dias 
para cumprimento. Se a diligência for descumprida pelo devedor, o juiz 
considerará corretos os cálculos do credor; se descumprida por terceiro, poderá 
ser considerado crime de desobediência. 
 
BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA 
 
Quando a parte for beneficiária da assistência judiciária, a mesma 
poderá solicitar ao juiz que tais cálculos sejam realizados pelo contador judicial, 
com base no entendimento que já́ estava pacificado pelo STJ (Resp. 
1.274.466/SC) e que foi trazido ao CPC em seu art. 98 § 1º, VII, o custo com a 
elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da 
execução. 
Quando tiver dúvida, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, 
que terá o prazo máximo de trinta dias para efetuar a verificação dos cálculos, 
exceto se outro prazo lhe for determinado. Não se trata do retorno da liquidação 
por cálculo do contador, pois o juízo não decidirá, ao final, se os cálculos do 
credor estão corretos ou incorretos. 
Nada há que impeça, contudo, que eventuais despesas, como, por 
exemplo, os honorários periciais devidos pela realização de liquidação por 
arbitramento, sejam adiantadas por quem requer o início da etapa da liquidação, 
que, na etapa de cumprimento, deverá ser reembolsado em atenção ao quanto 
disposto no título executivo. É a típica situação, aliás, em que aquele valor será 
7 
 
acrescido a quantia devida por mero cálculo aritmético, bem ao estilo dos já 
lembrados § 2º do art. 509 e caput do art. 524. 
 
 DAS ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO 
 
Pelo CPC/2015, há 02 modalidades de liquidação: por arbitramento e 
pelo procedimento comum (denominada, no sistema anterior, de liquidação por 
artigos). A liquidação por cálculo deixou de ser tratada como modalidade de 
liquidação no sistema atual. Contudo, é necessária a indicação do valor exato a 
ser executado (apresentação da memória de cálculo atualizada) para o início do 
cumprimento de sentença (CPC, art. 509, § 2º). 
Para diferenciar as duas liquidações: na liquidação pelo procedimento 
comum, o fato novo não foi debatido no processo, enquanto na liquidação por 
arbitramento discute-se fato já antes debatido no processo de conhecimento 
porém, à época, não houve necessidade ou conveniência de se apurar o prejuízo 
decorrente de tal fato. 
 
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO 
 
É aquela que se presta à apuração do valor de um bem ou serviço. A 
única tarefa é a apuração desse valor, o que demandará a apresentação de 
pareceres e documentos elucidativos pelas partes e, se isso não for suficiente, 
a nomeação de um perito. Não há nenhum fato novo a ser demonstrado. 
Dispõe o art. 509, I, do CPC que a liquidação será feita por 
arbitramento quando determinado por sentença ou convencionado pelas partes 
ou quando o exigir a natureza do objeto da liquidação. Muitas vezes, ao proferir 
a sentença condenatória, o juiz estabelece a forma pela qual se fará a liquidação. 
Mas isso não tem caráter definitivo: mesmo que nela conste o arbitramento, pode 
ser necessária a de procedimento comum, caso se constate a necessidade da 
prova de fatos novos. 
O arbitramento referido é significativo da necessidade de 
conhecimentos técnicos para a apuração da quantia devida. Nesse sentido, tal 
modalidade liquidatória nada mais é do que a realização de uma perícia 
8 
 
especificamente voltada para aquela finalidade, verdadeiramente postergada no 
processo, uma vez fixada suficientemente a existência do direito, isto é, o an 
debeatur. A pertinência de sua realização, está também na adequada 
interpretação do § 1º do art. 464, dispositivo que indica os casos em que a prova 
pericial não se justifica 
 
LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM 
 
É aquela em que há necessidade de comprovação de fatos novos, 
ligados a quantia devida. Dispõe o art. 509, II: “pelo procedimento comum, 
quando houver necessidade de alegar e provar fato novo”. Por fato novo 
entende-se não o que tenha ocorrido após a sentença, mas o que não tenha sido 
apreciado, quando do julgamento, e que diga respeito ao quantum. 
Em se tratando de liquidação pelo procedimento comum, o credor ou 
o devedor requererão o início da etapa de liquidação declinando, desde logo, no 
que consiste o fato novo de cujo conhecimento depende a apuração do valor 
devido. Admitido o requerimento, a parte contrária será intimada para apresentar 
contestação no prazo de quinze dias e não para comparecer à audiência de 
conciliação ou de mediação, no que é expresso o art. 511 a excepcionar o caput 
do art. 334. 
Apresentada ou não a contestação, observar-se-á, a partir de então, 
o procedimento comum, que conduzirá o magistrado, após ou 
independentemente de fase instrutória, a proferir decisão interlocutória que 
revelará a quantia devida. Sobre eventual necessidade de desenvolvimento da 
fase instrutória, diante do silêncio da parte contrária, serem considerados 
verdadeiros os fatos alegados pelo liquidante por aplicação do art. 344, 
autorizando, até mesmo, o julgamento antecipado do mérito em consonância 
com o inciso II do art. 355. A resposta é positiva na medida em que não se esteja 
diante de nenhuma exceção do sistema sobre o direito probatório, como, por 
exemplo, a decorrente do art. 345. Inexistem, para o caso, regras diferenciadas 
acerca do requerimento, da admissão, da produção e da valoração da prova, 
aplicando-se, por isso, a disciplina geral. 
 
9 
 
LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA 
 
Nos casos em que se admite, será possível também liquidação 
provisória, caso a sentença não seja líquida. Enquanto há recurso pendente, 
desprovido de efeito suspensivo, o credor já poderá promover a execução, e, se 
a sentença for ilíquida, a prévia liquidação, para apurar a quantia devida. Se o 
recurso for provido, a liquidação e a execução subsequente ficarão sem efeito e 
as partes deverão ser restituídas à situação anterior. 
Essa liquidação é feita por conta e risco de quem a propuser, já que 
haverá o risco de reversão do julgamento, com a perda das despesas até então 
realizadas com a liquidação. Por isso, cumpre ao requerente ponderar os prós e 
contras dessa liquidação antecipada. Se ele acha, por exemplo, que são remotas 
as possibilidades de acolhimento do recurso, valerá a pena dar início à 
liquidação, com o que haverá considerável ganho de tempo; mas se o risco de 
provimento é grande, talvez não valha a pena. 
A falta de qualquer elemento, por mais importante que possa ser, para 
a pesquisa relativa a quantia devida não gera nenhuma nulidade na liquidação 
provisória. Será bastante que o magistrado de ofício, ou atendendo a 
requerimento da parte contrária, determine sua apresentação ou 
complementação, submetendo-o ao contraditório prévio a qualquer decisão sua. 
 
LIQUIDAÇÃO PARCIAL 
 
A sentença sempre é compreendida de maneira ampla, pode ser 
líquida em parte e ilíquida em outra. Na prática, isso significa que determinados 
elementos de uma ação de reparação podem ser liquidados de imediato, 
enquanto outros serão a posteriori, por não poderem ser calculados em um 
primeiro momento. 
Neste caso, o § 1º do art. 509 autoriza que seja iniciada a etapa de 
cumprimento da sentença em relação à parte líquida simultaneamente ao 
desenvolvimento da etapa de liquidação para apurar o quantum debeatur da 
parte ilíquida. 
10 
 
Vejamos como exemplo uma ação imposta com pedido de reparação 
de danos decorrentes de acidente. Nesse caso, a parte autora pagou os gastos 
hospitalares,remédios e etc... Um segundo grupo de gastos seria constituído por 
sessões de fisioterapia e psicólogo. 
Os primeiros itens de gastos foram prontamente liquidados em função 
de sua natureza quantificável. O segundo grupo, por sua vez, constituiria a parte 
ilíquida do pedido e seriam liquidados somente por uma perícia médica 
designada pelo juiz de direito na fase de execução do processo. 
Trata-se de mais uma das inúmeras aplicações e compreensões 
derivadas do “processo sincrético”. No âmbito do julgamento antecipado parcial 
de mérito, a conjugação dos §§ 1º e 2º do art. 356 no que aqui interessa permite 
alcançar a mesma conclusão. 
 
 
CÁLCULO ARITMÉTICO 
 
Quando a identificação do quantum debeatur depender apenas de 
cálculos aritméticos, não é necessária a liquidação. Assim está expresso no art. 
509 § 2º “Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o 
credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença”. 
A liquidação por cálculo aritmético é feita privadamente pelo credor, 
ao requerer o cumprimento de sentença, não constituindo uma fase específica 
do procedimento ordinário. 
Cumpre ao credor, ao requerer a execução, apresentar memória 
discriminada do cálculo do débito, indicando de forma especificada os itens da 
cobrança e os acréscimos de correção monetária, juros e outros fixados na 
condenação (art. 524 do CPC). 
 
FASE DE LIQUIDAÇÃO 
 
Na fase de liquidação, que haverá de ser sempre individual, a vítima 
precisará demonstrar não apenas a dimensão dos danos, mas que eles são 
oriundos daquele produto danoso. 
11 
 
A liquidação não servirá apenas para apurar o quanto se deve à 
vítima, mas para permitir que esta comprove a sua condição. 
Dadas essas características, esse tipo de liquidação difere das 
tradicionais – por arbitramento e pelo procedimento comum – do CPC, pois, ao 
contrário delas, pode ser julgada improcedente, caso não se comprove que o 
liquidante foi vítima do acidente e sofreu danos. Na liquidação comum, a 
condição de vítima há de ter sido provada na fase condenatória, ao passo que 
nesta, há de ser demonstrada na liquidação. 
Ela formará um processo autônomo, e não será apenas uma fase, 
ajuizado pelas vítimas individuais, e para o qual o réu deve ser citado. 
A decisão final não será meramente declaratória, como nas outras 
formas de liquidação, mas constitutiva, pois só a partir dela cada vítima obterá 
título executivo. 
 
LEGITIMIDADE PARA LIQUIDAÇÃO 
 
A liquidação pode ser requerida tanto pelo credor quanto pelo 
devedor. A legitimidade deste deriva do interesse em pagar, para obter a 
extinção da obrigação quando necessária a apuração do quantum. 
Mas, na liquidação da sentença condenatória genérica proferida nas 
ações civis públicas, somente o credor estará legitimado, porque o devedor não 
terá condições de saber quem são as vítimas, e quais os danos que cada qual 
sofreu. A iniciativa é do credor, pois cabe a ele provar que tem tal qualidade, 
demonstrando ser uma das vítimas do dano objeto da ação. 
 
NATUREZA DA LIQUIDAÇÃO 
 
No nosso ordenamento jurídico há dois tipos de processo, o de 
conhecimento e o de execução. A liquidação se inclui na categoria de 
conhecimento, uma vez que auxilia o juiz para determinar qual é o quantum 
debeatur, não para que tome providências satisfativas, ou medidas que visem 
afastar uma situação de perigo. 
12 
 
A liquidação, embora proveniente de uma ação principal, possui 
natureza jurídica de ação nova, porém mantém-se vinculada à relação 
processual inicialmente estabelecida. Porém, é movida no mesmo processo da 
qual proveio a sentença liquidanda. 
A decisão que acolhe o requerimento da parte ou determina o início 
da liquidação tem caráter interlocutório, atribuída porém de essência de 
sentença. Das mesmas características aproveita a decisão que põe fim à 
liquidação e abre via para a execução. 
 
SENTENÇA A PARTE LIQUIDA E PARTE ILIQUIDA 
 
No art. 509, § 1º, do CPC refere-se da oportunidade de haver uma 
sentença que seja parte líquida e parte ilíquida. 
Um exemplo para melhor entender seria uma sentença proferida em 
ação de reparação de danos pode condenar o réu a pagar os danos emergentes, 
correspondentes aos gastos que ele teve, em determinado valor, e em lucros 
cessantes, a serem apurados em liquidação. Nesta situação o credor pode 
promover conjuntamente a execução da parte líquida, e, em autos apartados, a 
liquidação da outra parte. 
 
LIQUIDAÇÃO NO CURSO DA FASE DE EXECUÇÃO 
 
A liquidação as vezes, embora desnecessária antes da execução, 
pode tornar-se indispensável no seu curso. Haverá nesta situação a chamada 
liquidação incidente. 
É o que acontecerá, por exemplo, sempre que não houver mais a 
possibilidade de execução específica de obrigação, e a conversão em perdas e 
danos ou quando o credor preferir essa forma. A obrigação, até então era líquida, 
transformará em ilíquida, já que será necessário apurar as perdas e danos. 
Na liquidação incidente, o exequente indicará os danos que pretende 
ser ressarcidos, e o juiz determinará as provas necessárias para comprová-los. 
Ao final, proferirá decisão interlocutória, indicando o quantum debeatur, e a 
execução prosseguirá, na forma do art. 523 do CPC. 
13 
 
REFERÊNCIAS 
 
Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Lenza, Pedro. Direito processual civil. 
Esquematizado – 11. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020 
Neves, Daniel Amorim Assumpção. Comentários ao código de processo civil – 
volume XVII (arts. 824 a 875): da execução por quantia certa – São Paulo: 
Saraiva, 2018. 
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