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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO - LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

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PROCESSO CIVIL
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
1. LITISCONSÓRCIO NA EXECUÇÃO
 Em alguns casos, em razão da relevância do direito controvertido, o legislador condicionou a validade do processo à integração de marido e mulher em litisconsórcio (art. 73, § 1º). 
Em outros, o litisconsórcio, embora facultativo, só pode ser formado se entre os litisconsortes houver comunhão de direitos e obrigações, conexão ou afinidade (art. 113).
 Os litisconsortes são partes originárias do processo, ainda que, em certas hipóteses, seus nomes não constem da petição inicial, por exemplo, quando o juiz determina a citação dos litisconsortes necessários (art. 115, parágrafo único). Terceiro quer dizer estranho à relação processual estabelecida entre autor e réu. O terceiro torna-se parte (ou coadjuvante da parte) em processo pendente.
É possível litisconsórcio na execução?
A resposta é evidentemente afirmativa, bastando lembrar de hipótese bastante corriqueira na prática forense, em que constam vários credores ou devedores no mesmo título executivo.
No exemplo dado, o litisconsórcio é inicial ou originário, o que não exclui a possibilidade de formação superveniente, quando, à guisa de exemplo, falece o devedor no curso da execução e ocorre a sucessão pelos seus herdeiros. 
É importante realçar, porém, que, fora das situações de sucessão de partes (por ato inter vivos ou causa mortis), não se admite litisconsórcio ulterior ou superveniente no processo executivo sem a correlata presença no título exequendo. O devedor solidário, por exemplo, ainda que se tenha obrigado a solver a mesma dívida do executado, somente poderá ser parte na execução se o credor lhe opuser título executivo no qual figure como obrigado.
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Por absoluta incompatibilidade, não se admitem, na execução, as figuras da denunciação da lide e do chamamento ao processo.
A denunciação da lide nada mais é do que uma ação regressiva deduzida em face de pessoa (denunciado) contra a qual o autor ou o réu terá direito de regresso caso venha a sucumbir na demanda principal (art. 128, parágrafo único). 
No chamamento ao processo, objetiva-se a inclusão do devedor principal ou dos coobrigados pela dívida no polo passivo da relação já existente, a fim de que o juiz declare, na mesma sentença, a responsabilidade de cada um (art. 132). Consequentemente, inexistindo atividade de acertamento de controvérsia na execução, não há que se admitir o chamamento ao processo.
Quanto à assistência – tratada no CPC/2015 como espécie de intervenção de terceiros (art. 119) –, há divergência na doutrina acerca de sua admissibilidade (ou não) no âmbito do processo de execução.
· Responsabilidade originária
Como já afirmado, em princípio, somente o patrimônio do devedor (o vencido na ação de conhecimento ou o que figura como devedor no título extrajudicial) responde pela dívida com os bens presentes e futuros. Nesse caso, diz-se que a responsabilidade é originária.
· Responsabilidade secundária
Afora a responsabilidade originária (do devedor), a execução pode sujeitar também o patrimônio de pessoas que não figuram como devedoras, aliás, de pessoas que sequer foram citadas para a execução. É o que se denomina responsabilidade secundária.
O art. 790 elenca as hipóteses de responsabilidade secundária, estabelecendo que ficam sujeitos à execução determinados bens que não mais pertençam ao devedor ou, ainda que pertençam, não se encontrem em sua posse:
a) do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória. Sucessor a título singular de que trata o inciso I do art. 790 é aquele que adquiriu a coisa litigiosa no curso do processo de conhecimento ou de execução, tenha ou não substituído a parte originária da demanda. Execução fundada em direito real é aquela que visa à realização de um dos direitos relacionados no art. 1.225 do CC. Obrigação reipersecutória é aquela pela qual o devedor se obriga a restituir a coisa ao proprietário.
O bem adquirido nessas circunstâncias fica submetido à execução, a despeito de o adquirente não ser parte no processo de conhecimento ou de execução.
b) do sócio, nos termos da lei. Em princípio, os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade (art. 795). Em certos casos, entretanto, o sócio responde, solidariamente, por obrigação contraída pela pessoa jurídica por ele integrada. É o que ocorre quando há solidariedade natural entre o sócio e a pessoa jurídica (por exemplo, na sociedade em nome coletivo), ou solidariedade extraordinária, decorrente de violação do contrato ou de gestão abusiva.
A responsabilidade patrimonial extraordinária dos sócios decorrerá, na verdade, da aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, já analisada no capítulo sobre a intervenção de terceiros.
c) do devedor, ainda que em poder de terceiros. O fato de os bens do devedor estarem em poder de terceiros, a toda evidência, não constitui obstáculo à execução.
d) do cônjuge ou companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, ou de sua meação, respondem pela dívida. Em geral, qualquer que seja o regime de casamento, somente os bens do cônjuge que firmou a dívida respondem pela respectiva execução. Tratando-se de dívida contraída em benefício da família, todos os bens dos cônjuges respondem pela dívida.
e) alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução. Os bens alienados em fraude à execução já se encontrarão integrados ao patrimônio do adquirente, mas o ato jurídico realizado será desconsiderado, pois é ineficaz perante o credor e o bem será penhorado mesmo em mãos de terceiro.
f) cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores (denominada ação pauliana). A fraude contra credores, que está regulamentada no Código Civil (art. 158 e seguintes), tem como requisitos a diminuição do patrimônio do devedor, que configure situação de insolvência (eventus damni), e a intenção do devedor e do adquirente do bem de causar o dano por meio da fraude (consilium fraudis). Essa modalidade de fraude, que acarreta prejuízo apenas para o credor, é combatida por meio de ação própria (ação pauliana), tendo como consequência a anulabilidade do ato.34
Ressalte-se que a execução (de título judicial ou cumprimento de sentença condenatória de quantia em dinheiro) somente poderá ser direcionada aos bens do devedor cuja alienação ou gravação com ônus real já tenha sido previamente anulada em ação de conhecimento. Não basta, portanto, que tenha ocorrido a fraude alegada pelo credor; é preciso que a autoridade judiciária tenha desconstituído o negócio jurídico firmado com o terceiro.
g) do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. Trata-se de disposição nova (art. 790, VII), que se harmoniza com os arts. 133 e seguintes, que permitem ao juiz, preenchidos os requisitos legais, ignorar a existência da pessoa jurídica no caso concreto e superar a autonomia patrimonial da sociedade para alcançar o patrimônio dos sócios. No caso da execução, esta será redirecionada contra os sócios que serão incluídos no polo passivo e citados para exercerem o contraditório.

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