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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO - LIQUIDAÇÃO

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PROCESSO CIVIL
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
· LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA (ARTS. 509 A 512)
1. NOÇÕESPRELIMINARES:
A sentença, ainda que ilíquida, constitui título executivo, figurando a liquidação como pressuposto para o cumprimento. 
Ocorre que, em razão da natureza do pedido, ou da falta de elementos nos autos, o juiz profere sentença ilíquida. Sentença ilíquida é a que, não obstante acertar a relação jurídica (torna certa a obrigação de indenizar, v.g.), não determina o valor ou não individualiza o objeto da condenação.
A liquidação, que constitui um complemento do título judicial ilíquido, se faz por meio de decisão declaratória, cujos limites devem ficar circunscritos aos limites da sentença liquidanda, não podendo ser utilizada como meio de impugnação ou de inovação do que foi decidido no julgado (art. 509, § 4º). Apenas os denominados pedidos implícitos, tais como juros legais, correção monetária e honorários advocatícios, podem ser incluídos na liquidação, ainda que não contemplados na sentença.
A iliquidez pode ser total ou parcial. No caso de iliquidez parcial, poderá o credor (ou o devedor), concomitantemente, requerer o cumprimento da parte líquida nos próprios autos, e a liquidação da parte ilíquida, em autos apartados (art. 509, § 1º).
2. PROCEDIMENTO
Qualquer que seja a forma da liquidação, o procedimento inicia-se com o pedido do credor (ou do devedor), formulado por simples petição, à qual não se aplica o disposto no art. 319.
Autuada a petição, cabe ao juiz adotar uma das seguintes providências: 
(a) indeferi-la; 
(b) determinar que se emende a petição; ou 
(c) determinar a intimação das partes, na liquidação por arbitramento, ou do requerido (credor ou devedor), na liquidação pelo procedimento comum.
Na liquidação por arbitramento as partes serão intimadas para apresentar os documentos necessários à liquidação no prazo assinalado pelo juiz. O réu revel, sem procurador nomeado nos autos, não precisa ser intimado dos atos subsequentes à citação. Entretanto, embora não intimado para a fase da liquidação, poderá o réu revel intervir no procedimento liquidatório, desde que o faça por meio de advogado, no prazo fixado para a intervenção, contado da publicação do ato decisório no órgão oficial.
Em se tratando de liquidação pelo procedimento comum, a intimação, de regra, se faz na pessoa do advogado do requerido ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado (art. 511). 
O procedimento da liquidação encerra-se por decisão que irá declarar o quantum debeatur ou individuar o objeto da obrigação, integrando a sentença condenatória anteriormente prolatada e possibilitando a execução por meio do cumprimento de sentença. 
Por se tratar a liquidação de fase ou incidente do processo de conhecimento, tal pronunciamento judicial tem natureza de DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, sujeita, pois, a agravo, conforme expressamente previsto no art. 1.015, parágrafo único.
· DETERMINAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO POR CÁLCULO DO CREDOR
Não sendo o caso de liquidação, o credor deverá apresentar a memória discriminada e atualizada do cálculo, o que pode ser feito no próprio pedido de cumprimento da sentença (art. 509, § 2º). Depende apenas de calculo aritmético.
A. Liquidação por arbitramento
Far-se-á a liquidação por arbitramento quando (art. 509, I):
a)determinado pela sentença ou convencionado pelas partes: a convenção das partes, geralmente, é anterior à sentença e nela contemplada;
b)o exigir a natureza do objeto da liquidação: estimar a extensão da redução da capacidade laborativa de uma pessoa, por exemplo, depende de conhecimentos técnicos, mas também de apreciação subjetiva do perito, daí por que, em tal caso, recomenda-se a liquidação por arbitramento.
Somente quando o juiz, de posse dos elementos apresentados pelos interessados, não puder decidir de plano o valor da condenação, será possível a produção de prova pericial.
B. Liquidação pelo procedimento comum
Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509, II). Fato novo é aquele que não foi considerado na sentença. Irrelevante que se trate de fato antigo, ou seja, surgido anteriormente à prolação da sentença, ou de fato novo, isto é, surgido posteriormente ao ato sentencial.
Fato novo, para fins de liquidação, é aquele que, embora não considerado expressamente na sentença, encontra-se albergado na generalidade do dispositivo, no contexto do fato gerador da obrigação, tendo, portanto, relevância para determinação do objeto da condenação.
Tal como na liquidação por arbitramento, o procedimento encerra-se por decisão interlocutória, que complementa a sentença liquidanda.
3. OUTROS ASPECTOS DA LIQUIDAÇÃO
Conforme já salientado, a decisão proferida no procedimento liquidatório tem natureza interlocutória, razão pela qual cabível o recurso de agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único).
O agravo de instrumento, de regra, não tem efeito suspensivo. Assim, a menos que o relator imprima tal efeito ao recurso, a execução prescinde aguardar o julgamento do agravo interposto contra a decisão que pôs fim à liquidação.
Na liquidação não são devidos honorários advocatícios, exceto os fixados na sentença, que por óbvio integrarão a memória de cálculo.

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