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Exame ginecológico – Vitória Rodrigues Queiroz – 5°p – 05/04/21 - Exame físico: Durante a consulta ginecológica nós iremos ter o exame físico geral e o exame físico ginecológico. O exame físico geral irá anteceder o exame físico especial, e é importante que fiquemos atentos nesse exame pois alterações em outros órgãos e sistemas não genitais podem ter estreita relação com os órgãos genitais. | Avaliação geral: A avaliação já se inicia com a observação da marcha da paciente. A paciente pode ter a marcha alterada por dor pélvica, por algum processo inflamatório, paciente gestante etc. Além disso, iremos avaliar o peso e estatura dessa paciente e os dados vitais (iremos realizar a aferição da pressão arterial, do pulso, temperatura etc). Na ectoscopia nós iremos perceber algumas alterações, como por exemplo, alteração de coloração de mucosa que pode estar relacionada a aula hemorragia genital, distribuição dos pelos dessa paciente, se essa paciente possui algum edema, alguma mancha, eritema etc. Existem algumas situações de doenças sexualmente transmissíveis, como o caso da sífilis, que iremos ter manifestações sistêmicas. O estado nutricional dessa paciente também precisa ser avaliado, pois existem algumas situações como casos de anorexia que vão estar relacionados a ciclos anovulatórios, e ao mesmo tempo pacientes com obesidade também podem apresentar esses estados anovulatórios. As pacientes obesas possuem mais chances de possuírem tumores ginecológicos. | Avaliação ginecológica: Na avaliação ginecológica nós iremos realizar o exame das mamas, o exame do abdômen e o exame ginecológico da genitália. . Exame das mamas: O exame das mamas é muito importante e não deve ser negligenciado durante a consulta ginecológica, isso porque em torno de 10% dos cânceres palpáveis não são vistos na mamografia. O exame mamário pode ser dividido em inspeção, palpação e expressão areolopapilar. Na inspeção nós temos inspeção estática e dinâmica, na palpação nós iremos palpar as fossas supraclaviculares e infraclaviculares, a região axilar e a palpação mamária, e após a palpação fazemos a expressão areolopapilar. .: Inspeção estática: Durante a inspeção estática, a paciente deve estar sentada com o tórax descoberto e o médico deve-se posicionar a frente dessa paciente. Nessa inspeção nós iremos observar o estágio de desenvolvimento da mama, as alterações no desenvolvimento mamário, o tamanho dessa mama, a forma. Iremos olhar a simetria entre as mamas (uma assimetria pequena é normal), se essa simetria for grande essa paciente pode ter desvio de coluna, nódulo tumoral etc. Além disso, iremos observar se essa mama possui alguma área de abaulamento ou de retração, se a pele da mama possui algum edema, eritema, retração. Após isso, iremos avaliar o mamilo, se ele é simétrico, plano, invertido, retraídos. Se um dos mamilos forem retraídos, iremos perguntar a paciente se ele sempre foi assim ou se do nada ele se tornou assim. Importante ver se há presença de úlcera ou descamação do mamilo, pois temos doenças em que podemos ter lesões descamativas no mamilo. Ainda na inspeção estática iremos perceber se a paciente possui alguma anomalia do desenvolvimento mamário. Existem casos em que temos a ausência congênita da glândula que é chamado de amastia, temos a ausência congênita do mamilo que é a atelia, temos tecido mamário extranumerário que é a polimastia e o mamilo extranumerário que é a politelia. .: Inspeção dinâmica: O objetivo da inspeção dinâmica é realizar movimentos na musculatura peitoral para evidenciar alguma alteração discreta que não tenha sido percebida durante a inspeção estática. Podemos pedir para a paciente forçar uma mão contra a outra como é visto na imagem a esquerda acima, podemos pedir para a paciente levantar os membros superiores, e além disso podemos pedir a paciente para colocar a mão na cintura e fazer movimentos com os membros para frente e para trás. Todos os movimentos que orientamos a paciente possui objetivo de promover uma movimentação do peitoral e facilitar a identificação de alguma alteração. No exame de inspeção mamária dessa paciente, percebemos que tem uma assimetria da mama direita em relação a mama esquerda. A mama direita está maior e mais pendular, já a mama esquerda está mais aderida ao tórax. Essa paciente apresentava um tumor na mama esquerda que estava gerando uma retração mamária fazendo com que toda a glândula ficasse bem aderida ao tórax. Além disso, há algumas alterações de pele no complexo auréolo-mamilar. Nesse caso temos uma assimetria com a mama esquerda maior do que a direita. A ama esquerda está mais pendular e a mama direita está mais aderida ao tórax, além disso a mama direita apresenta uma grande área de hiperemia e uma grande descamação do mamilo. .: Palpação: A avaliação dos linfonodos é feita através da palpação da região axilar e da fossa supra e infraclavicular. O objetivo é verificar se há presença de linfonodos palpáveis, e se eles forem palpáveis iremos avaliar o número, o tamanho, a consistência, a sensibilidade, a mobilidade e a fixação aos planos profundos e superficiais. É comum palparmos linfonodos pequenos (<1 cm), macios e móveis. A palpação da região axilar é de extrema importância já que a maioria da drenagem linfática da mama se faz para os linfonodos axilares, então é um sítio importante de disseminação do câncer de mama. Como é feita essa palpação axilar? O examinador irá se posicionar ao lado da paciente, e a paciente será orientada a fletir o antebraço e abduzir, e colocar o braço homolateral no braço do examinador. O braço de suporte deve sempre estar cruzado diante do tórax da paciente. Após a palpação da região axilar, iremos fazer a palpação da região supra clavicular e verificar se há algum linfonodo palpável e quais são as características desses linfonodos. Importante lembrar que linfonodo acometido por carcinoma metastático da mama supra clavicular, ele pode ser considerado metástase a distância, diferente do linfonodo axilar. Após palpar as regiões de cadeias de linfonodos, nós iremos realizar a palpação da mama. Geralmente a palpação da mama é feita com a paciente em decúbito dorsal, porém a cauda axilar pode ser palpada com maior facilidade em pacientes com mamas maiores na posição sentada. Nós fazemos sempre a palpação da mama superficial e profunda evitando fazer movimentos de pinça com os dedos, pois ele pode gerar uma falsa impressão da presença de nódulos. O objetivo de a paciente estar posicionada em decúbito dorsal com o braço fletido atrás do pescoço é que essa posição vai distribuir melhor o tecido mamário sobre o gradil costal, e com isso permitir uma palpação mamária mais detalhada. Ao realizar a palpação mamária, iremos observar a consistência dessa mama, ou seja, se é uma mama mais homogênea, se é uma mama com mais lipossubstituída que é uma mama que possui uma maior quantidade de gordura do que uma quantidade de parênquima glandular ou se é uma mama mais heterogênea, que é uma mama que possui uma quantidade de parênquima gandular maior do que de gordura. Além disso, iremos observar se há alguma alteração como nódulo palpável ou algum espessamento que é como se fosse um degrau. Sempre que conseguirmos palpar algum nódulo, temos sempre que tentar descrever esse nódulo, ou seja, o tamanho do nódulo, a localização do nódulo, se a consistência desse nódulo é amolecida ou endurecida, se há limites imprecisos, se ele é móvel ou não, e se ele está fixo a pele ou aos tecidos profundos. Lembrando que o nódulo que possui limites imprecisos, consistência endurecida, que não é móvel, irregular e que está fixoaos tecidos vizinhos são sugestivos de nódulos malignos. .: Expressão papilar: Nós iremos posicionar o dedo indicador lateral a auréola e realizar movimentos de elevação com aproximação dos dedos. Esse movimento visa promover a compressão do sistema ductal que está localizado abaixo da auréola. Essa compressão pode exteriorizar algum tipo de secreção através dessa papila, e com isso iremos avaliar o aspecto dessa secreção. A secreção mais comum são secreções serosas e lácteas, mas as secreções que possuem maior significado patológico serão as secreções cristalinas ou secreções sanguíneas. Quando temos uma descarga de secreção iremos observar algumas coisas. A primeira coisa é se essa secreção é bilateral, ou seja, se está ocorrendo nas duas mamas; iremos ver se essa descarga é multiductal, ou seja, sai de vários ductos da mesma mama; iremos observar a cor dessa secreção. Geralmente secreção serosa é provocada por ectasia ductal que é uma alteração benigna, e a secreção que possui maior risco de estar associadas a secreções malignas são as secreções cristalinas ou em água de rocha, principalmente aquelas que são uniductais e unilaterais, ou seja, está saindo de um único ducto, em uma única mama. Na figura à esquerda temos um caso de secreção sanguínea saindo de um único ducto, e temos na imagem do ultrassom mostrando um nódulo hipoecoico. Já na figura a direita temos um caso de secreção multiductal serosa. . Exame do abdômen: Existem manifestações clínicas que são simultâneas, e a necessidade do diagnóstico diferencial entre as patologias genitais e abdominais irão justificar esse exame do abdômen. Na avaliação do abdome iremos realizar a inspeção, a palpação, a percussão e a ausculta. Iremos orientar a paciente a ficar em decúbito dorsal com os braços estendidos ao longo do corpo. Durante a inspeção abdominal, iremos avaliar a forma do abdômen, o volume, o aspecto da pele, se há alguma circulação colateral, algum infiltrado sanguíneo. Na palpação abdominal pedimos a paciente para esvaziar a bexiga para evitar a simulação de tumor pélvico. Iremos realizar a palpação superficial e a palpação profunda. A palpação profunda possui objetivo de identificar tumor, sinal de irritação peritoneal. Temos sempre que nos atentar para a presença de massas, pois essas massas podem estar relacionadas com miomas, tumores ovarianos etc. Sempre que palparmos massas abdominais temos que nos atentar para a forma dessa massa, o limite, a consistência, a mobilidade. Por exemplo, uma paciente que não sabe que está grávida, o útero está globoso, amolecido, mas está regular. A percussão do abdômen irá ajudar a diferenciar a formação tumoral de víscera oca, vai ajudar a diferenciar massa cística e ascite. Além disso, teremos a ausculta abdominal que irá completar esse exame. Quando fazemos o exame do abdômen na gestante, teremos algumas especificidades. Na gestante que possui tempo de gestação maior do que 10-12 semanas, nós já conseguimos fazer a ausculta do batimento cardíaco fetal pelo sonar, e com o pinar já conseguimos fazer a ausculta com 20 semanas de gestação. Além disso, fazemos as manobras de leopold para identificar a posição que está o feto. . Exame ginecológico: O exame ginecológico será realizado com a paciente em posição de litotomia, e nós iremos realizar a avaliação da genitália interna e da genitália externa. É muito importante que durante o exame ginecológico, o profissional explique para a paciente as etapas do exame e tranquilize a paciente. No exame a paciente fica em litotomia com a perna apoiada na perneira e a nádega próximo a borda da mesa, assim a perna ficará fletida sobre a coxa, e a coxa abduzida e fletida sobre o abdômen. Com isso, iremos realizar a inspeção da genitália externa. Nessa inspeção iremos avaliar a distribuição dos pelos, a anatomia da vulva, a presença de lesão hipocrômica e de lesões hipercrômicas, a presença de dermatoses, a presença de condilomas, lesões ulceradas, vesículas, escoriações etc. Iremos avaliar se a paciente possui algum grau de distopia, pedimos que a paciente faça a manobra de Valsava, que são manobras que aumentam a pressão abdominal para evidenciar distopias, prolapsos genitais, além de evidenciar se há perda de urina durante essas manobras. Além disso vamos avaliar se há alguma alteração das glândulas parauretrais ou das glândulas de Bartolin. A distribuição habitual dos pelos possui formato de um triângulo invertido. Já uma implantação triangular dos pelos em direção a cicatriz umbilical, ou seja, um triângulo que não seja invertido sugere uma virilização. Nós iremos observar os grandes lábios, os pequenos lábios, a integridade do hímen e do períneo e iremos avaliar a uretra. Na inspeção da genitália externa nós conseguimos avaliar também o prolapso genital. Existe uma classificação que é chamada classificação de Baden Walker que vai de 0 a 4, sendo 0 quando não há prolapso genital, 1 quando o prolapso vai até o hímen, 2 quando ele atinge o hímen, 3 quando ele ultrapassa o introito vaginal parcialmente, e 4 quando ele ultrapassa totalmente o introito vaginal. Nessa figura no canto superior direito temos um prolapso grau 4. O exame da genitália interna irá começar com o exame especular. O exame especular possui a finalidade de permitir a visualização direta da cavidade vaginal e do colo uterino, e ele só não será realizado se houver alguma contraindicação (estenose vulvar, atresia vaginal, integridade do hímen, vaginismo). Nós iremos fazer a avaliação das características das secreções vaginais, se há algum tipo de corrimento iremos avaliar a coloração da parede vaginal, o pregueamento da parede vaginal, se a secreção vaginal está fisiológica ou alterada. É comum encontrarmos no colo uterino alterações como cistos de naboth, áreas de ectopia. Na presença de secreção e suspeita de infecção, iremos avaliar o tipo de infecção que essa paciente está apresentando. Através do exame especular conseguimos realizar a coleta do material vaginal, o teste de Schiller, a colposcopia e a biópsia dirigida. A escolha e tamanho do espéculo são muito importantes para evitar o desconforto da paciente, e também permitir uma visualização adequada tanto da vagina quanto do colo uterino. O espéculo pode ser de metal ou de material plástico, e existem 3 números de espéculo que são de acordo com os tamanhos. Através do exame especular, iremos conseguir identificar se a secreção vaginal está fisiológica ou se ela está alterada. Temos a vaginose que é causada pela Gardnerella em que temos uma secreção amarelada, bolhosa, com odor fétido; temos a candidíase que é provocada pelo fungo Candida, onde temos um corrimento branco, aderido a parede vaginal e temos uma reação inflamatória importante com hiperemia de vulva e vagina associada a esse corrimento, e um aspecto característico é que esse corrimento vem associado a um prurido muito intenso, e geralmente não possui odor forte; já um terceiro tipo de corrimento é a tricomoníase causada pelo Trichomonas vaginalis, é uma DST e temos uma secreção bolhosa com odor característico e uma inflamação do colo. O toque vaginal pode ser uni ou bidigital, e geralmente é acompanhado pela palpação abdominal, é o que chamamos de toque combinado abdominovaginal. Enquanto os dedos da mão dominante são introduzidos na vagina, a outra mão fará a palpação simultânea através da parede abdominal. O toque vaginal irá depender da habilidade do médico em realizar o exame, do biotipo da paciente e da resistência da paciente. Através do toque vaginal conseguimos verificar o tônus da musculatura do assoalho pélvico, a elasticidade das paredes vaginais, abaulamento do fórnices vaginal,avaliação de útero, anexos, consistência do colo e mobilização cervical. Quanto ao útero podemos avaliar a posição do útero em relação ao eixo da vagina. Se o útero não tiver a mobilidade preservada pode estar associada a tumores, a casos de endometriose ou algum processo infeccioso. Geralmente os úteros miomatosos possuem volume aumentado, a consistência endurecida e contorno irregular. Após a avaliação uterina, iremos deslocar o dedo para o fórnix lateral e a mão do abdômen para fossa ilíaca para tentarmos realizar a palpação dos anexos. As tubas geralmente não são palpáveis, os ovários podem ser palpáveis, geralmente eles são pequenos e a palpação indolor. O toque retal pode fazer parte do exame ginecológico, ele não é feito de rotina, mas em pacientes virgens, pacientes com rastreamentos de tumores retais, estenose vaginal, vaginismo e carcinoma colo uterino, ele é realizado para fazer o estadiamento. Ele é sempre unidigital.
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