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Ginecologia: Propedêutica Ginecológica INTRODUÇÃO Vestimenta adequada, sapato fechado; Cabelos presos; Unhas cortadas; Sem acessórios; Breve leitura do prontuário. Antes da consulta, é necessário alguns preparos, que denotam sinal de respeito e higiene: Um ponto super importante no que tange à Saúde da Mulher, é a criação do vínculo com a paciente que está sendo atendida. O atendimento ginecológico é muito pessoal, onde a paciente, muitas vezes, expõe assuntos íntimos, que ela não compartilha com mais ninguém além do profissional que está a atendendo. É importante frisar para a paciente que tudo que ela está falando permanecerá em sigilo, que ela pode confiar em você, que trata-se de uma relação profissional. Ter empatia e escutar com atenção. Ouvir e compreender o que a paciente está expondo. É importante ter respeito com as falar e com as atitudes. A naturalidade, o respeito à intimidade, a cordialidade e Uma postura amigável são aconselháveis, além de ser essencial inspirar confiança. Nome Idade Estado civíl Naturalidade e procedência Escolaridade Profissão Endereço Contato Anamnese Exame físico - mamas, abdome, vulvovaginal e colo uterino Exames complementares Conduta A consulta ginecológica deve abranger: ANAMNESE Identificação Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL “Qual o motivo da consulta? O que está lhe incomodando?” Pesquisa da queixa principal e a evolução e o comportamento da patologia que traz a paciente ao consultório. Queixa Principal Quando começou? Foi de repente ou gradual? Você percebeu algo que desencadeou isso? Piora com algum a coisa? Melhora/alivia com alguma coisa? E dói/incomoda/etc onde, exatamente? HDA Atentar-se para: dores abdominais que podem ser sugestivas de infecção; alterações do hábito intestinal, alterações urinárias (infecções), dificuldade para dormir, apetite. Revisão de Sistemas Doenças da infância (p. ex., rubéola), cirurgias prévias (cistos de ovário, histerectomia, ooforectomia, cesarianas, curetagens), obesidade, uso de álcool, cigarro, drogas ou outros medicamentos, tromboembolismo, hipertensão, diabetes. Antecedentes mórbidos/pessoais Monitora: Marina Presmich - T79 História obstétrica: número de gestações, partos por via baixa, cesarianas (porque foi cesárea?), abortos (espontâneos ou provocados); anormalidades detectadas no acompanhamento pré-natal, particularidades dos partos (fórceps, indução,etc.), indicações das cesarianas, peso dos recém-nascidos, tempo de amamentação (soma dos meses de amamentação de cada filho); anticoncepção no puerpério, intervalo interpartal, infecções puerperais, ameaça de abortamento, partos prematuros; gestações ectópicas e molares. G1P1A0 - gestações/partos/aborto Fluxos genitais: tipo de corrimento, se com ou sem odor, coloração, prurido. Devem ser investigados sintomas no parceiro, úlceras genitais, prurido vulvar e em monte púbico, adenomegalias inguinais e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) tratadas previamente. O uso de jeans apertado, roupa íntima de material sintético, sabão em pó (não neutro) na lavagem das roupas e desodorante íntimo estão frequentemente relacionados a queixas de prurido vulvar. Odor de peixe podre caracteriza bastante vaginose bacteriana. Corrimentos branco, com prurido intenso e sem cheiro é quadro sugestivo de candidíase. Muito importante para se atentar para vulvovaginites. Vida sexual: atividade, satisfação, libido, orgasmo. Pesquisar anorgasmia, frigidez, dispareunia (profunda ou à penetração), posições menos dolorosas, vaginismo, sangramento pós-coital. Também se devem aferir os riscos de exposição a DSTs (uso de preservativo, número de parceiros sexuais). Esse é um assunto difícil de abordar na primeira consulta; muitas vezes tais questões afloram em encontros subsequentes, quando a confiança já foi conquistada. É aconselhável, no entanto, que se pergunte algo sobre essa área, para demonstrar interesse e possibilidade de discussão de assuntos desse foro. Esse é um momento delicado, pois chega em assuntos íntimos, que muitas vezes é considerado tabu. Portanto, a paciente precisa ter certeza que está num ambiente seguro e sem julgamentos. As perguntas devem ser feitas com naturalidade, segurança, profissional e sem julgamentos. Sintomas climatéricos: fogachos, atrofia urogenital (dispareunia, secura vaginal, perda de urina), perda de libido, alterações cutâneas. Devem ser avaliados fatores de risco para osteoporose, doenças cardiovasculares, presença de diabete ou de outras endocrinopatias e dislipidemia. Uso de hormonioterapia, por quanto tempo, de que tipo (cíclica ou contínua, combinada ou monoterapia). Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL História de câncer ginecológico (útero, ovário, endométrio) e câncer de mama (atenção à idade em que surgiu: pré ou pós-menopáusica), outras neoplasias, diabete, hipertensão, tromboembolismo, patologias de tireoide, osteoporose ou fratura de ossos longos em idade avançada. Se tiver algum parente próximo que teve câncer, perguntar com quantos anos foi. Se for Câncer de Mama, perguntar se foi nas duas mamas, se teve que retirar a mama… Antecedentes familiares Condições de habitação, noções de higiene, nível socioeconômico e grau de instrução (também dos pais), situação familiar, animais em casa, hábitos de vida (exercícios atualmente e no passado, exposição ao sol, ingestão de laticínios – avaliação de risco de osteoporose). Perfil psicossocial Menarca, início das relações sexuais, menopausa; desenvolvimento puberal (menarca,telarca, pubarca), acne e hirsutismo, bem como velocidade de crescimento e obesidade, em comparação às colegas da mesma idade. Data da última menstruação (DUM), regularidade dos ciclos, número médio de dias (mínimo e máximo, quando ciclos irregulares), duração do mênstruo e quantidade de fluxo menstrual, sintomas perimenstruais (cólicas, sensação de inchaço, labilidade emocional, dor mamária, cefaleia, prurido ou secreção vaginal), ciclos anovulatórios, alterações no padrão menstrual, atrasos. Em relação ao fluxo, nem sempre a paciente saberá medir ou ter parâmetro do que é muito/pouco. Nesses casos, uma sugestão é perguntar a quantidade de absorventes que a paciente usa durante um ciclo - duração dos dias que ela está menstruada. É importante perguntar quantos dias ela fica menstruada e de quanto em quanto tempo a menstruação vem. Anticoncepção: qual o tipo, se já usou anticoncepcional hormonal (idade de início, por quanto tempo), quais os métodos já tentados e se os utilizou corretamente, nível de adaptação e satisfação com o método corrente, conhecimento de outros métodos, quem indicou o método. Antecedentes gineco-obstétricos Edema mamário com pele em aspecto de “casca de laranja” - achado que chama atenção para uma possível neoplasia Inversão de mamilo - sempre foi assim? Chama atenção quando a paciente relatar que a alteração é recente e quando for unilateral. Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL Queixas mamárias: nódulos palpáveis, mastalgia (e padrão – se perimenstrual ou não), derrame papilar (se espontâneo ou somente à expressão intencional, além de sua característica – sanguinolento, amarelado e espesso, água-de-rocha). Queixas urinárias: incontinência urinária (de esforço, de urgência ou mista), sensação de prolapso genital (“peso” ou “bola” na vagina, dificuldade na evacuação), infecções respiratórias de repetição, hábito miccional. Tratamentos ginecológicos prévios, como cirurgias, cauterizações de colo e vulva, himenotomia e uso de cremes vaginais. Importantequestionar sobre o último exame citopatológico (CP) de colo e seu resultado. Perguntas abertas são aconselháveis, como: “Alguma outra dúvida?”, “Alguma coisa a mais que você acha importante me dizer, mas que ainda não perguntei?” EXAME FÍSICO DAS MAMAS Inspeção estática Inspeção dinâmica Palpação de linfonodos Palpação e expressão das mamas A ordem exame da mama - exame vulvovaginal é uma ordem “lógica” para o conforto da paciente. O exame da mama começa com a paciente sentada e termina com a paciente deitada. Dessa forma, a paciente já estará praticamente na posição adequada para realização do exame vulvovaginal. 1. 2. 3. 4. Quantidade - mastectomia Tamanho Regularidade e contornos Forma Simetria Abaulamentos e retrações Pigmentação aureolar Morfologia da papila Circulação venosa Anomalias do desenvolvimento Alterações inflamatórias - a paciente está amamentando? A paciente estará ereta ou sentada e com os membros superiores dispostos, naturalmente, ao longo do corpo. Ou seja, relaxada. Inspecionar: Inspeção estática Essa parte do exame é relevante para se detectarem retrações e abaulamentos, simetria entre as mamas, tumorações evidentes, secreção papilar espontânea e anormalidades nos mamilos Verificar comprometimento dos planos musculares, cutâneo e gradil costal. A paciente, ainda sentada, solicita-se que ela levante os braços e depois deixar as mamas pendulares. Solicita-se que a paciente coloque a mão na cintura e faça força apertando. Outra manobra é solicitar que a paciente junte as mãos como se tivesse dando um aperto de mão na própria mão. Com esses movimentos, é possível ver a contração dos músculos peitorais e da mama. Inspeção dinâmica Supraclaviculares Infraclaviculares Cervicais Axilares Essas cadeias são as mais comuns de metástase nas neoplasias mamárias. Solicita-se que a paciente apoie o braço, unilateralmente, da axila a ser examinada, no seu braço. E pedir pra ela relaxar e colocar o peso do braço dela no seu braço, pra que a região fique relaxada e seja mais fácil de realizar o exame. Então, um braço do examinador estará apoiando o braço da paciente e o outro braço (geralmente o dominante) estará realizando a palpação. Para palpar linfonodos axilares é necessário fazer com segurança. Mão espalmada, com dedos juntos. A palpação não pode ser muito superficial. Não fique com medo. Palpação de linfonodos Descrever a localização - quadrantes, especificando se é mama esquerda ou direita; Tamanho - em centímetros Forma, consistência, delimitação e mobilidade - se tem limites bem definidos, se é movel, se é aderido, se é endurecido, se parece ter conteúdo cístico… Se a palpação foi dolorosa ou não. Se for notado a presença de nódulos: Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL Solicita-se que a paciente deite em decúbito dorsal e coloque as mãos/braços atrás da cabeça. Expõe somente a mama examinada, uma de cada vez. A palpação pode ser feita de três formas: Palpação e expressão das mamas Exemplo de descrição de um exame de mamas normal: Avermelhada ou transparente (água-de-rocha); Uniductal; Unilateral; Espontânea. O método de escolha deve ser mantido ao longo do exame. É necessário palpar a mama toda - os 4 quadrantes e a região axilar. Primeiro palpa usando as pontas dos dedos - dedilhando - com o movimento de escolha. Depois, com a mão espalmada e dedos juntos, faz uma palpação profunda. Dessa forma, deve ser observado o tecido mamário - se é nodular, adiposo, se há nódulos… Expressão das mamas: Avaliar a presença de descarga papilar. Com o primeiro e segundo dedos, coloca-os ao redor da aureola e aperta levemente pra ver se há alguma descarga. Algumas vezes pode ser espontânea ou induzida (ao exame). A expressão mamilar só é necessária quando há queixa de derrame papilar espontâneo. É realizada de maneira centrípeta, seguindo o movimento dos ponteiros de um relógio, para que se descubra o raio correspondente ao derrame, útil na abordagem cirúrgica, quando necessária. Secreções que chamam atenção para possíveis neoplasias: EXAME GINECOLÓGICO Inspeção estática Inspeção dinâmica Exame especular - inspeção, coleta para colpocitologia, Teste do Schiller Toque vaginal Decúbito dorsal; Nádegas junto à borda da mesa de exame; Coxas e joelhos fletidos; Descansando os pés ou a fossa poplítea nos estribos (perneiras). O examinador deve estar sentado e com as mãos enluvadas. A posição da paciente é posição ginecológica ou de litotomia: Inspeção estática Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL Distribuição de pêlos - androide ou ginecoide Desenvolvimento de pequenos e grandes lábios Integridade himenal Integridade perineal e anal Na região anal, procura-se por plicomas, hemorroidas, fissuras ou prolapsos. OBS.: Uma opção alternativa porém não muito utilizada é a posição de Sims. Permite a realização do toque em uma gestante em trabalho de parto e a visualização da vulva, mas exigem maior manipulação. Quando não se dispõe de mesa ginecológica adequada, pode-se colocar a paciente em decúbito dorsal, deve-se solicitar que deixe os calcanharespróximos e que afaste bastante os joelhos. Observar: O exame especular consiste na abertura do canal vaginal com utilização de instrumento (espéculo) para melhor visualização do conduto vaginal e colo do útero. Através dele, é possível colher material para análise citológica e realizar testes. Método: Introduz-se o espéculo na vagina em sentido longitudinal- oblíquo (para desviar da uretra), afastando os pequenos lábios e imprimindo delicadamente um trajeto direcionado posteriormente, ao mesmo tempo em que se gira o instrumento no sentido transversal. Recomendo assistir o videozinho. Basicamente, insere-se o espéculo no sentido longitudinal oblíquo e “girando” o espéculo. A visualização por meio do espéculo permite observar frontalmente o colo do útero. Exame especular Parede vaginal anterior - bexiga; Ápice da vagina - colo do útero; Parede vaginal posterior - retal. Busca por prolapsos - manobra de Valsava. Fazer força no abdome. O prolapso pode ser: Com dois dedos introduzidos na entrada da vagina, solicita-se o esforço, e se observa que parte da vagina prolapsa: parede anterior (cistocele), uretra (uretrocele, ocorrendo retificação progressiva do seu ângulo), parede posterior (retocele) ou colo uterino/útero (prolapso uterino), ou mesmo a cúpula vaginal, nas histerectomizadas (elitrocele). Inspeção dinâmica Pregueamento e trofismo da mucosa vaginal Secreções Lesões na mucosa Septações vaginais Condilomas Pólipos Cistos Ectopia O que deve ser observado? Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL Como deve ser feito o procedimento? Insere-se a ponta da Espátula de Ayre no endocérvice e gira, obtendo amostra. Insere-se a escova endocervical no endocérvice e gira, obtendo amostra. Com a outra ponta da Espátula de Ayre, insere-se no fundo de saco e gira por todo fundo de saco, coletando amostra. A medida que essas amostras são coletadas, coloca-se na lâmina e aplica-se solução fixadora. Enluvar as mãos, pode-se lubrificar um ou dois dedos; Pede-se a paciente que relaxe o assoalho pélvico; Afasta-se os grandes e pequenos lábios com o polegar e dedo mínimo; Introduz o dedo médio e indicador, tentando avançar no sentido posterior, com pressão uniforme. Com a outra mão, procura sentir no abdome da paciente as estruturas. Toque vaginal Cora com o Lugol (Iodo) o colo uterino. As células escamosas tem glicogênio, que captam esse iodo e são coradas. Já as células colunares não são coradas.Quando as células colunares passam por metaplasia escamosa - se transformam nas células escamosas - mas não são idênticas às células escamosas originais. Então, elas não tem tanto glicogênio. Dessa forma, elas não coradas ou coradas muito pouco. Isso chama atenção para uma região de possível alteração neoplásica. Musculatura pélvica Paredes vaginais Colo do útero Fundo de saco uterino Forma Tamanho Posicionamento Consistência Sensibilidade Mobilidade Explorar: ÚTERO: Tentar palpar anexos Descrever alterações O objetivo é coletar fragmentos da JEC - Junção escamo- colunar. Zona de transição entre o epitélio colunar e escamoso, porque é o local mais comum de ter uma metaplasia. O material, depois de colhido, deve ser imediatamente espalhado sobre a lâmina e fixado (em geral com álcool etílico a 95%), para posterior análise citopatológica. EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma Glicemia de jejum Perfil lipídico Sumário de urina Parasitológico de fezes Estradiol, progesterona, FSH, LH Densitometria óssea Sorologia (HIV, VDRL, Rubéola, Toxoplasmose…) Cultura de secreção vaginal Em casos específicos: Adriely Blandino 82A MEDICINA UFAL MAMOGRAFIA Colposcopia USG RNM Histeroscopia Outros exames de imagem: REFERÊNCIAS Rotinas em Obstetrícia - Fernando Freitas et al. - 6ª edição - Porto Alegre: Artmed, 2011. Slides da aula da monitora Marina Presmich ANOTAÇÕES
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