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Direito Civil Resumo INTRODUÇÃO E CONCEITOS RELEVANTES DIREITO, MORAL E PODER: Não devem se confundir. - O Direito é o regulador da conduta humana a partir de uma forma exteriorizada, concreta, efetiva, e fixa deveres jurídicos e obrigações, ao passo em que autoriza a prática de certos atos. Além disso, prescreve consequências jurídicas para a prática de certos atos (sanções) - A moral está relacionada com a intenção prévia, envolve o Direito, porém, é mais ampla que o direito, em que sua atuação ocorre no foro íntimo. DIREITO E PODER se entrelaçam, mas não se confunde- muitas vezes o Direito carece de ser aplicado mediante a coercibilidade, imposição. DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO: Direito Subjetivo: é a autorização concedida pela norma para que um sujeito possa praticar esta ou aquela conduta, ou ainda possa exigir do estado que tal conduta seja observada. Direito Objetivo: É a própria lei. O.B.S: É possível compreender que o Direito objetivo e subjetivo existem um na dependência do outro, pois na falta de um o outro perde seu sentido. DIREITO PÚBLICO E PRIVADO: Tem origem no Direito Romano, em que o público seria aquele que concerne as “coisas do Estado” e o privado à “utilidade das pessoas”. Na atualidade, este critério, de origem romana, é insuficiente. Direito Público: Constitucional, administrativo, tributário, penal, processual, internacional, ambiental, previdenciário. Direito Privado: Civil, empresarial, consumidor, trabalho, agrário, marítimo, aeronáutico. - O ordenamento é um corpo único, dividido apenas por necessidades didáticas, portanto, o Direito Público e o privado devem ser vistos a partir de tal visão. ÔNUS- É a faculdade conferida a um sujeito de direito para praticar esta ou aquela conduta, cuja inação pode ensejar efeito jurídico desfavorável ao referido titular da aludida faculdade. OBRIGAÇÃO- É a relação jurídica na qual pessoas físicas ou jurídicas estabelecem entre si, de condutas denominadas por prestações, que encerram um dar, um fazer ou um não fazer, cujo inadimplemento enseja a possibilidade de utilização do patrimônio do inadimplente para garantir crédito – OBRIGAÇÕES DECORREM DA VONTADE. FONTES DO DIREITO: São o fundamento de validade da norma num sistema jurídico puro, a CF é uma fonte jurídica geral, formal, a partir da qual todo o ordenamento jurídico brota. 1- Fontes formais: São a analogia, o costume e os princípios gerais do Direito. Podem ser ESTATAIS E NÃO ESTATAIS, em que as estatais se originam do poder público e as não estatais são aquelas típicas dos usos e costumes, da doutrina, dos contratos e negócios jurídicos. 2- Fontes Materiais: São a influência de aspectos religiosos, sociais, culturais e diversos outros. LEI A Lei é manifestação do Direito e não fonte do mesmo, é aquilo que o legislativo produz no exercício de sua atividade finalística. As leis são gerais e impessoais, são imperativas, autorizativas da reparação, de trato deferido no tempo e estatais. A lei é pedagógica (nader), por impor uma condura. Classificação das leis: 1- Quanto a imperatividade: - COGENTES, IMPERATIVAS OU DE ORDEM PÚBLICA: Disciplinam assuntos indisponíveis, irrenunciáveis, inalienáveis, intransacionáveis, incompensáveis, incessíveis, intransmissíveis e imprescritíveis- de modo que a sua inobservância acarreta a nulidade absoluta do ato. a) mandamentais b) proibitivas -NÃO COGENTE, IMPERATIVA-RELATIVA OU DISPOSITIVA: Estas leis apresentam ao particular opções de condutas permitidas pelo ordenamento jurídico, sob pena de, em havendo omissão do sujeito titular desta faculdade, ter- se-á como efeito jurídico a aplicação supletiva da norma. Nestas leis, a expressão salvo em sentido contrário bem a identifica. a) permissivas b) supletivas 2- Quanto à intensidade da sanção prevista: -MAIS QUE PERFEITAS: Prescrevem duas sanções para hipóteses de infração a norma. -PERFEITAS: Prescrevem uma só sanção para o caso de ser violada, por exemplo a nulidade do ato e nada mais. -MENOS QUE PERFEITAS: Não prescrevem nenhum tipo de invalidade do ato, mas apenas um efeito jurídico de conduta humana específica. -IMPERFEITAS: Não contemplam nenhuma consequência jurídica para a hipótese de desrespeito a ela. 3- Quanto à natureza jurídica: MATERIAIS E SUBSTANTIVAS: Dizem respeito ao Direito material. PROCESSUAIS OU ADJETIVAS: Referem-se ao rito, ao procedimento, ao processo. 4- Quanto à hierarquia: CONSTITUCIONAIS: Estão no topo da Pirâmide hierárquica, pela qualidade jurídica dos bens que tutelam, disciplinam. Pois se referem aos direitos fundamentais, dignidade humana, à organização do Estado, à república e etc. COMPLEMENTARES: Nos termos dos Arts. 59 e 69 da Constituição Federal de 1988, existem normas que servem para disciplinar matérias diferenciadas. (não há hierarquia entre leis ordinárias e complementares, apenas formas de aprovação diferentes) ORDINÁRIAS: Constituem a produção cotidiana das assembleias legislativas, das Câmaras de vereadores e do Congresso nacional. Emanam do Legislativo. DELEGADAS: Brotam do executivo, quando este de maneira extraordinária, exerce uma atividade atípica. MEDIDAS PROVISÓRIAS: Nos termos do Art. 84, inciso xxvi da CF/98, o presidente está autorizado em casos de relevância e urgência a editar medidas provisórias. OBS- Não há hierarquia entre lei complementar e decreto autônomo, quando este for validamente editado. 5- Quanto ao alcance: GERAIS: Toda e qualquer norma destinada a aplicar, de maneira integral, um dado sistema de relações jurídicas (ex. Código penal, Código Civil) ESPECIAIS: São leis que objetivam regular uma específica situação jurídica (ex. Lei de defesa do consumidor) Postulados: São modelos de raciocínio que visam a aplicação da norma. Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que disciplinam as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte. OBJETO: Tem como objeto o regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os seus momentos (direito Comum), constitui ramo do direito privado. Contempla os Direitos Patrimoniais (obrigações, responsabilidade civil, contratos e etc) e Direitos Existenciais (família, vida, estado civil, etc) PRINCÍPIOS DE ETICIDADE, SOCIABILIDADE E OPERABILIDADE: ETICIDADE: consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um agir segundo os valores sociais e morais relevantes, fincados na boa- fé e equidade. Manifesta-se pela boa-fé objetiva nas relações patrimoniais, e pela socioafetividade nas relações existenciais. 1- A boa-fé nas relações patrimoniais: A boa-fé subjetiva revela um estado psicológico, a boa-fé objetiva revela uma norma de conduta esperada pela comunidade. A boa-fé objetiva possui três funções interpretativa com eticidade, que impõe ao operador do direito a leitura das relações patrimoniais calcado na ética; integrativa com deveres anexos, papel de cooperação, traz a existência no contrato de certas obrigações; e a restritiva ou limitadora. O DESCUMPRIMENTO DE UM DEVER ANEXO É DENOMINADO DE VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO OU ADIMPLEMENTO FRACO. 2- A socioafetividade nas relações extrapatrimoniais: Geradora de confiança, relações construídas a partir do afeto SOCIALIDADE: Traduz a consagração e materialização na órbita civil dos princípios do solidarismo social, justiça distributiva e diminuição das desigualdades sociais, a mesma é instrumentalizada no Código Civil em três esferas principais: função social do contrato (art. 421), Função social da propriedade e função social da posse (art. 1.228) OPERABILIDADE: É o terceiro princípio informador do atual Código Civil. Consiste no fato de as normas do vigente Código serem de mais fácil acesso, possibilitando que uma gama bem maior da sociedade as entenda e utilize mais corriqueiramente, é a qualidade de ser operável. Contribui no acesso à justiça.PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL- Disciplina as pessoas, os bens e os fatos jurídicos. ART 1° AO ART 232 Das pessoas: é a parte na qual trata a parte Geral do Código Civil de 2002, pessoas naturais, pessoas jurídicas e domicílio. - Das pessoas naturais: é dividido em três capítulos Personalidade e capacidade, os direitos da personalidade e a ausência Da Personalidade e da Capacidade 1- PERSONALIDADE JURÍDICA: O Conceito de personalidade está ligado diretamente ao conceito de pessoa, em que se compreende que todo aquele que nasce com vida se torna uma pessoa, ou seja, adquire personalidade, ou seja, a personalidade pode ser compreendida como a qualidade de ser pessoa. É um conceito básico da ordem jurídica, em que o Ordenamento Jurídico brasileiro confere personalidade tanto às pessoas físicas quanto às jurídicas, em que os animais não são sujeitos de direito. Art. 1° “ Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” - Os atributos de personalidade são reconhecidos pelo Código Civil em sentido de UNIVERSALIDADE ao passo que proclama “toda pessoa” -O Art. 1° entrosa o conceito de capacidade com o de pessoa, em que se compreende que falar que o homem possui capacidade seria o mesmo que afirmar a sua capacidade em ser titular de direitos. CAPACIDADE É A MEDIDA DA PERSONALIDADE, POIS PARA UNS É PLENA E OUTROS LIMITADA. 2- PERSONALIDADE NATURAL: Art. 2° “ A personalidade Civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo desde a concepção, os direitos do nascituro” PESSOA FÍSICA: É o ente dotado de estrutura e de complexidade biopsicológica, sendo dotado de personalidade jurídica e capacidade de direito. Em que momento a pessoa física adquire personalidade? A partir do nascimento com vida - O nascimento com vida ocorre no instante em que principia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório. Ou seja: nascimento + vida = Personalidade da pessoa física Perante o Direito brasileiro, qualquer criatura que venha a nascer com vida será uma pessoa, sejam quais forem as anomalias e deformidades que apresente. Em que muitas vezes é de grande relevância saber se o feto, que morreu durante o parto chegou a respirar, para a compreensão de sua personalidade jurídica. Com isso, o nascituro pode ser instituído herdeiro num testamento. NASCITURO: “O que está por nascer, mas já concebido no ventre materno” Três teorias que procuram explicar e justificar a situação jurídica do nascituro: 1- Natalista: Afirma que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida. 2- Concepcionista: Admite que se adquire personalidade antes do nascimento, ou seja, desde a concepção, ressalvados os direitos patrimoniais decorrentes de herança, legado e doação, que ficam condicionados ao nascimento com vida. 3- Da Personalidade condicional: Sustenta que o nascituro é pessoa incondicional, pois a aquisição da personalidade acha-se sob a dependência de condição suspensiva, o nascimento com vida. OBS: Primeiro norte ao se tratar de nascituro deve estar relacionado à redação do Art. 2°, a qual afirma que a aquisição de personalidade se dá desde o nascimento com vida, colocando a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. CAPACIDADE: Medida Jurídica da personalidade. a) Capacidade de Direito: É uma capacidade genérica, adquirida juntamente com a personalidade, atributo inerente à condição humana. b) Capacidade de fato: É a possibilidade de pessoalmente praticar e exercer os atos da vida civil. Um poder de autodeterminação e discernimento, reunindo capacidades físicas e psíquicas de compreender as consequências de seus atos. É o discernimento, a capacidade de distinguir os lícitos dos ilícitos, direcionando sua vida de acordo com seus interesses. COMEÇO DA PERSONALIDADE NATURAL - Ocorre nascimento a partir do momento em que a criança é separada do ventre da mãe, para nascer com vida há a necessidade de respirar DAS INCAPACIDADES: Alguém é incapaz quando não possui a capacidade de fato, em que a pessoa possui restrições ao exercício pessoal dos atos da vida civil. A incapacidade não atinge nem a capacidade de direito nem a personalidade, pois estas são inerentes à pessoa e impassíveis de mitigação. No Código Civil as incapacidades decorrem de um critério objetivo (cronológico), ou de um fator subjetivo (psicológico ou psíquico) A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. A) Incapacidade absoluta Art. 3° São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Considera que o ser humano até atingir essa idade não tem discernimento suficiente para dirigir sua vida e seus negócios, portanto, deve ser representado por seus pais ou tutores B) Incapacidade relativa Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - Os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - Os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial - A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade. Certos atos, porém, podem praticar sem a assistência de seu representante legal, como ser testemunha, aceitar mandato, fazer testamento, exercer empregos públicos para os quais não for exigida maioridade, casar. IV- É o indivíduo que, por ser portador de um defeito de personalidade, gasta imoderadamente, dissipando o seu patrimônio com o risco de reduzir-se à miséria. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE Art. 5° A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Tornando-se pessoa apta para as atividades da vida civil que não exigirem limite especial, como as de natureza política. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - Pelo casamento; III - Pelo exercício de emprego público efetivo; IV - Pela colação de grau em curso de ensino superior; V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Emancipação: aquisição da capacidade civil antes da idade legal. 1. Emancipação voluntária: É a concedida pelos pais se o menor tiver 16 anos completos. A emancipação voluntária decorre de ato unilateral dos pais, reconhecendo ter seu filho maturidade necessária para reger sua pessoa e seus bens e não necessitar mais da proteção que Estado oferece ao incapaz. Tal espécie de emancipação só não produz, segundo a jurisprudência, o efeito de isentar os pais da obrigação de indenizar as vítimas dos atos ilícitos praticados ilícitos praticados pelo menor emancipado, para evitar emancipações maliciosas. A EMANCIPAÇÃO EM QUALQUER DE SUAS FORMAS É IRREVOGÁVEL. 2. Emancipação judicial: A única hipótese de emancipação judicial, que depende de sentença do juiz, é a do menor sob tutela que já completou 16 anos de idade. 3. Emancipação legal: Decorre de determinados acontecimentos a que a lei atribui esse efeito. Como o CASAMENTO, se a sociedade conjugal logo depois se dissolver pela viuvez ou pela separação judicial, não retornará ele à condição de incapaz. O casamento nulo, entretanto, não produz nenhum efeito. Proclamada a nulidade, ou anulabilidade, o emancipado retorna à situação de incapaz, salvo se o contraiu de boa-fé -A idade mínima para o casamento do homem e da mulher é 16anoa, com autorização dos representantes legais, excepcionalmente, será permitido o casamento dequem não alcançou a idade núbil, mediante suprimento judicial de idade. EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO, se o próprio poder público reconhece no indivíduo a maturidade para representa-lo, ainda que numa área pequena de sua atividade, incompreensível seria continuar trata-lo como incapaz. A COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO DE ENSINO SUPERIOR, e o estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles o menor com 16 anos tenha economia própria. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. MORTE REAL: Responsável pelo término da existência da pessoa natural, sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou por ação declaratória de morte presumida. A morte real ocorre com o diagnóstico de paralisação de atividade encefálica, extingue a capacidade e dissolve tudo, não sendo mais o morto sujeito de direitos e obrigações. MORTE PRESUMIDA: Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A declaração de ausência, o ausente desapareceu de seu domicílio sem dar notícia de paradeiro e sem deixar um representante, produz efeitos patrimoniais. Art. 7° Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. MORTE SIMUTÂNEA OU COMORIÊNCIA: Dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, presume-se simultaneamente mortos Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. MORTE CIVIL: Pessoas vivas tratadas como mortas, herdeiro afastado de herança. Registro Civil público (mais informações na Lei 6.05/73) Art. 9 o Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; OBS.: toda ação que produza efeitos no âmbito jurídico deverá ser levada à registro público Modos de individualização: Nome: Integra a personalidade, individualiza a pessoa não só durante a sua vida como também após a sua morte, e indica a sua procedência familiar. ASPECTO PÚBLICO: O Estado tem interesse em que a pessoa seja perfeita e corretamente identificadas na sociedade. ASPECTO INDIVIDUAL: Direito ao nome. Elementos do nome: prenome + sobrenome = nome IMUTABILIDADE DO NOME I. Retificação do prenome: Artigo 58 da lei dos registros públicos, retificação em caso de erros gráficos e Artigo 55 proíbe nomes que possam expor a pessoa ao ridículo A lei permite o acréscimo de apelidos, caso venham a ser de conhecimento público, ao nome. Também pode haver mudanças no prenome em casos de adoção. MUDANÇAS NO SOBRENOME: Pode ser modificado desde que motivadamente justificado (STF) O nome completo pode também sofrer alterações no casamento e na separação judicial e divórcio, na adoção, no reconhecimento de filho, na união estável e no transexualismo. Pode haver a partilha dos sobrenomes durante o casamento, igualdade, como também a substituição. O cônjuge perde o direito de conservar o sobrenome do outro se o casamento for declarado nulo, divórcio não faz perder o nome acrescido. Dos Direitos da Personalidade Art. 11 a 20 Os Direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana e inalienáveis. São divididos em duas categorias, os INATOS, como a vida e a integridade física e moral, e os ADQUIRIDOS, que decorrem de status individual e existem na extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo. Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: Intransmissibilidade e irrenunciabilidade: Acarretam à indisponibilidade. São direitos que não podem ser transferidos ou renunciados. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. O respeito à dignidade da pessoa humana se encontra em primeiro plano, entre os fundamentos constitucionais pelos quais se orienta o ordenamento jurídico brasileiro na defesa dos Direitos da personalidade. OS ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. O direito à integridade compreende a proteção jurídica à vida, ao próprio corpo vivo ou morto, que na sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes suscetíveis de separação e individualização, quer ainda ao direito de alguém submeter-se ou não a exame e tratamento médico. Princípio do consenso afirmativo. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. A regra obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento perigoso. A sua finalidade é proteger a inviolabilidade do corpo humano. Direito ao nome Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Direito ao nome pertence ao gênero da integridade moral, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. A parte lesada pelo uso não autorizado de sua palavra ou voz, ou de seus escritos, bem como de sua imagem,pode obter ordem judicial interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os prejuízos causados. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. A seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Estado da pessoa -Surge após e registro, constitui a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. É uma situação jurídica resultante de certas qualidades inerentes à pessoa. TRÊS ORDENS DE ESTADO: Individual ou físico, familiar e político. INDIVIDUAL: É o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo e etc, exerce influência sobre a capacidade civil. FAMILIAR: É o que indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco, por consanguinidade ou afinidade (pai, filho, irmão, sogro). POLÍTICO: É a qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) e estrangeiro. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: INDIVISIBILIDADE: não é possível possuir mais de um estado, uno e indivisível. A dupla nacionalidade é uma exceção à regra. INDISPONIBILIDADE: É inalienável e irrenunciável IMPRESCRITIBILIDADE: O estado é elemento integrante da personalidade, nasce com a pessoa e com ela desaparece. Da Ausência Da Curadoria dos Bens do Ausente Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens. Art. 6° CC, declaração de ausência. Proteção em relação ao patrimônio do ausente e dos seus herdeiros. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Fase de curadoria dos bens do ausente- desaparecimento transitório. Também será este nomeado quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Nomeação – arrecadação – edital Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Da Sucessão Provisória Passado um ano: direitos sucessórios – herdeiros – sucessão provisória. Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Com a abertura da sucessão provisória o ausente se torna incapaz. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I - O cônjuge não separado judicialmente; II - Os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III – Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - Os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. § 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1 o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2 o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Da Sucessão Definitiva Ainda há proteção ao ausente Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preçoque os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. Das Pessoas Jurídicas Necessidade de se agrupar para atingir uma finalidade, para atingir uma finalidade, para alcançar um objetivo ou ideal comum, participação da vida jurídica como sujeitos de direitos. EXISTEM DUAS TEORIAS AFIRMATIVAS QUE PROCURAM EXPLICAR ESSE FENÔMENO TEORIAS DA FICÇÃO e TEORIAS DA REALIDADE (que é a abordada no CC) Pessoa Jurídica consiste num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Classificação da pessoa jurídica: Pode se classificar de acordo com a nacionalidade, estrutura interna e função. QUANTO À NACIONALIDADE: Pode ser nacional ou estrangeira QUANTO À ESTRUTURA INTERNA: Pode ser corporação (caracterizada por seu aspecto pessoal) e pode ser fundação (patrimônio personalizado e destinado a determinado fim) -As corporações dividem-se em associações e sociedades, estas podem ser simples e empresárias. -As associações não têm fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos -As fundações constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins determinados QUANTO À FUNÇÃO (ou órbita da sua atuação: De direito público (interno ou externo) e de Direito privado. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Ref. Art. 37, parágrafo 6º CF Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) § 1 o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 2 o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 3 o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Quatro requisitos para a constituição da pessoa jurídica: Vontade humana criadora, elaboração de atos constitutivos O impulso volutivo, coletivo nas associações e sociedades e individual nas fundações, formaliza-se no ato constitutivo, como já dito, que pode ser estatuto ou contrato social, conforme a espécie de pessoa jurídica a ser criada. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. É necessário respeitar tais dados para a criação da pessoa jurídica. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Os direitos e deveres das pessoas jurídicas decorrem dos atos de seus diretores no âmbito dos poderes que lhes são concedidos no ato constitutivo. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. § 5º Não constitui desvio de finalidade amera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. DAS ASSOCIAÇÕES As associações são pessoas jurídicas de Direito privado constituídas de pessoas que reúnem seus esforços para a realização de fins não econômicos, aspecto pessoal. Não há entre os membros da associação direitos e obrigações recíprocos. Deve ser vedado que tais atividades tenham fins lucrativos. Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. A interpretação literal do Art. 59 poderia inviabilizar atividades de associações com grande número de participantes, como os clubes de futebol, por exemplo, que não conseguirão reunir milhares de associados para votar. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. DAS FUNDAÇÕES Fundações podem ser particulares ou públicas, são instituídas pelo Estado, pertencendo seus bens ao patrimônio público, com destinação especial, regendo-se por normas próprias de Direito Administrativo. 2 ELEMENTOS: PATRIMÔNIO E FIM Quatro fases: Ato de dotação ou instituição, Elaboração do estatuto, aprovação do estatuto, e o seu devido registro civil Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável. VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; e Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) § 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio,salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Desconsideração da personalidade Jurídica. Tal teoria permite que o juiz, em casos de fraude e má fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade. Responsabilidade das pessoas jurídicas A responsabilidade jurídica por danos em geral pode ser penal e civil. É importante observar, para fins de judicialização, com quem se vincula a pessoa no momento do ato. RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: No âmbito civil a responsabilidade jurídica pode ser contratual e extracontratual, sendo para esse fim equiparada à pessoa natural. Na órbita contratual essa responsabilidade, de caráter patrimonial, emerge do Art. 389 do CC. Também o Código de Defesa do Consumidor Responsabiliza de forma objetiva as pessoas jurídicas pelo fato e por vício do produto e do serviço. No campo extracontratual a responsabilidade delitual ou aquiliana, provém dos artigos 186 187 e 927, bem como dos artigos 932, III, e 933 do Código Civil que reprimem a prática de Atos ilícitos e estabelecem para o seu autor a obrigação de reparar o prejuízo causado em pondo a todos indiretamente o dever de não lesar a outrem. Toda pessoa jurídica de direito privado tenha ou não fins lucrativos, responde pelos danos causados a terceiros. Qualquer que seja a sua natureza e os seus fins sobreleva a preocupação em não deixar o dano e ressarcido, responde, assim, a pessoa jurídica civilmente pelos atos de seus dirigentes ou administradores bem como de seus empregados ou pressupostos que nessa qualidade causem danos a outrem A responsabilidade das pessoas jurídicas por atos de seus administradores, quer se trate de sociedades, quer de associações, só emerge se o autor da ação demonstrar a culpa da pessoa jurídica. RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: A responsabilidade Civil é objetiva, na modalidade do Risco administrativo, assim a vítima não tem mais o ônus de provar culpa ou dolo do funcionário, mas se admite a inversão do ônus da prova. O estado exonerar-se da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima e força maior ou fato exclusivo de terceiro. Distinção entre caso fortuito e força maior, porque se a força maior decorre de um fator externo estranho ao serviço o caso fortuito provém de seu mal funcionamento de uma causa interna inerente ao próprio serviço admite-se. Por conseguinte a exclusão da responsabilidade no caso de força maior subsistindo, entretanto no caso fortuito por estar incluído neste último risco do serviço. RESPONSABILIDADE POR ATOS OMISSIVOS: Cabe ação contra o Estado mesmo quando não se identifique o funcionário causador do dano, especialmente na hipótese de omissão da administração. Estes casos são chamados de “Culpa anônima”. Extinção da pessoa jurídica A extinção pode ser: Convencional: por deliberação de seus membros, Legal: em razão de motivo determinante na lei, Administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de autorização de poder público e esta é cassada.
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