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1 Bárbara Behrens 20.1 Tireoide: Eixo Endócrino TRH-TSH: • Os neurônios hipotalâmicos ( parvocelulares ) liberam o hormônio liberador de tireotrofina ( TRH ), um tripeptídeo estimulante, na eminência mediana, que estimula a secreção de um hormônio trófico específico, o hormônio estimulante da tireoide ( TSH ), um hormônio glicoproteico de 28 kDa, pela adeno-hipófise, o qual se liga ao receptor de TSH ( GPCR ligado a Gs ) e cuja glândula alvo específica é o epitélio da tireoide. • O TRH entra num plexo primário de capilares fenestrados e são transportados até um plexo secundário, localizado na parte distal, pelos vasos portais hipotálamo-hipofisários. No segundo plexo capilar, o TRH se liga ao receptor específico, promovendo a liberação do TSH pela adeno-hipófise. • Ao agir em glândulas periféricas específicas, os hormônios tróficos estimulam a liberação de hormônios periféricos ( no caso do TSH, é a Triiodotironina ), o qual age regulando vários aspectos da fisiologia humana e efetuando a retroalimentação negativa sobre a hipófise e o hipotálamo, inibindo a produção e a secreção de hormônios tróficos e hormônios de liberação, respectivamente. Tireotrofos: • Regulam a função da tireoide secretando o hormônio TSH ( tireotrofina ) como parte do eixo hipotálamo-hipófise- tireoide. • TSH é um dos três hormônios glicoproteicos hipofisários, que também incluem FSH e LH. • TSH é um heterodímero composto por uma subunidade alfa, chamada subunidade de alfa-glicoproteína ( alfa-GSU ) e uma subunidade beta ( beta-TSH ). 2 Bárbara Behrens 20.1 ➢ A alfa-GSU é comum a TSH, FSH e LH, enquanto a subunidade beta é específica para o hormônio TSH ( ou seja, beta-TSH, beta-FSH e beta-LH são todas específicas ). • A glicosilação das subunidades aumenta sua estabilidade na circulação e potencializa a afinidade e a especificidade dos hormônios por seus receptores. • As meias-vidas de TSH, FSH E LH ( e do beta- HCG ) são relativamente longas, variando de dezenas de minutos a várias horas. • TSH liga-se ao receptor ( PKA ) nas células de folículo da tireoide e estimula essencialmente todos os aspectos da função tireoidiana. • O TSH tem um efeito trófico potente e estimula a hipertrofia, hiperplasia e sobrevida das células epiteliais da tireoide. • Em regiões geográficas onde a disponibilidade de iodo é limitada ( o iodo é necessário para a síntese de hormônios tireoidianos ), os níveis de TSH estão elevados devido a uma redução da retroalimentação negativa. ➢ Níveis elevados de TSH podem produzir um crescimento notável da tireoide, produzindo um aumento expressivo do tamanho da glândula, que se torna visível no pescoço, o denominado bócio. • O tireotrofo hipofisário é estimulado pelo hormônio liberador de tireotrofina ( TRH ), o qual é produzido por um subgrupo de neurônios hipotalâmicos parvocelulares, é um tripeptídeo com ciclização de uma glutamina em sua terminação N ( piro-Glu ) e uma terminação C amidada. • TRH é sintetizado como um pró-hormônio maior que contêm seis cópias de TRH em sua sequência e liga-se ao receptor de TRH ( PKC ) nos tireotrofos. • Nas células foliculares da tireoide, • Os neurônios de TRH são regulados por vários estímulos mediados no SNC e o TRH é liberado de acordo com um ritmo diurno ( mais alto durante as horas da noite para o dia e mais baixo por volta do horário do jantar ). • A secreção de TRH também é regulada pelo estresse, mas em contraste com o CRH, o estresse inibe a secreção do TRH ( estresse físico, inanição e infecção ). 3 Bárbara Behrens 20.1 • A triiodotironina ( T3 ) e a tiroxina ( T4 ) efetuam uma retroalimentação negativa tanto nos tireotrofos hipofisários quanto nos neurônios produtores de TRH. ➢ Os hormônios tireoidianos reprimem a expressão de beta- TSH e a sensibilidade dos tireotrofos hipofisários a TRH e ao mesmo tempo inibem a produção e a secreção de TRH pelos neurônios parvocelulares. Tireoide: • A glândula tireoide produz o pró-hormônio tetraiodotironina ( T4, também chamado tiroxina ) e o hormônio ativo triiodotironina ( T3 ). A síntese de T3 e T4 requer iodo, o que pode ser um fator limitante em algumas partes do mundo. 4 Bárbara Behrens 20.1 • O T3 também é gerado pela conversão periférica de T4 em T3 e o hormônio tireoidiano age principalmente por meio de um receptor nuclear que regula a transcrição gênica. • T3 é crítica para o desenvolvimento normal do encéfalo e dos ossos e tem amplos efeitos sobre o metabolismo e a função cardiovascular em adultos. Anatomia e Histologia da Glândula Tireoide: • Formada pelos lobos direito e esquerdo, que ficam situados anterolateralmente à traqueia. • A unidade funcional é o folículo tireoidiano, uma estrutura esférica que é cercada por uma única camada de células epiteliais da tireoide e a luz do folículo é preenchida com coloide, que é composto por tireoglobulina, a qual é secretada na luz e iodada pelas células epiteliais da tireoide, servindo como um arcabouço para a produção de hormônios tireoidianos. • No interior, há as células parafoliculares ou células C, fonte de calcitonina. Produção de hormônios tireoidianos: • Os produtos de secreção são as iodotironinas, uma classe de hormônios formados pelo acoplamento de duas moléculas de tirosina iodada. 5 Bárbara Behrens 20.1 • 90% da produção da tireoide consiste em 3,53,5-tetraiodotironina ( tiroxina ou T4 ), a qual é um pró-hormônio. • Aproximadamente 10% consistem em 3,5,3-triiodotironina ( T3 ), que é a forma ativa do hormônio tireoidiano. • Menos de 1% é a T3 reversa ou rT3, que é inativa. • Normalmente, esses três produtos são secretados nas mesmas proporções em que são armazenados na glândula. • Uma vez que o principal hormônio é o T4, mas a forma ativa é o T3, há a necessidade da conversão periférica por meio da ação de desiodases específicas. ➢ A maior parte da conversão de T4 em T3 pela desiodade tipo 1 ( D1 ) ocorre nos tecidos com alto fluxo sanguíneo e rápida troca com plasma, como fígado e os rins. Esse processo supre T3 circulante basal para a captação por outros tecidos nos quais a geração local de T3 seja baixa ou ausente. ➢ D1 também é expressa na tireoide ( onde T4 é abundante ) e tem uma afinidade relativamente baixa para T4. ➢ Os níveis de D1 aumentam no hipertireoidismo e contribuem para a elevação dos níveis circulantes de T3. • O encéfalo mantém os níveis intracelulares constantes de T3 por meio de uma desiodase de alta afinidade ( desiodase tipo 2- D2 ), que é expressa nas células da glia do SNC. ➢ D2 mantém as concentrações intracelulares de T3 mesmo quando T4 circulante cai para níveis baixos. ➢ D2 também está presente nos tireotrofos hipofisários, atuando como “sensor do eixo tireoidiano”, que medeia a capacidade de retroalimentação de T4 circulante sobre a secreção de hormônio estimulante da tireoide ( TSH ). ➢ A secreção de D2 está aumentada durante o hipotireoidismo, o que ajuda a manter os níveis constantes de T3 no encéfalo. • Também existe uma desiodade tipo 3 ( D3 ) inativadora, a qual é de alta-afinidade e converte T4 em rT3 inativa. • A desiodade tipo 3 aumenta durante o hipertireodismo, o que ajuda a amortecer a produção excessiva de T4. • Todas as formas de iodotironinas são desiodadas mais tarde em tironina não iodada. 6 Bárbara Behrens 20.1 Equilíbrio do Iodeto: • Há a necessidade mínima de 150 ug de iodeto para adultos por dia. • No estado de equilíbrio, quando há a ingestão de 400 ug de iodeto por pessoa, a mesma quantidade é excretada na urina. • O iodeto é concentrado na glândula tireoide, glândulas salivares, glândulas gástricas, glândulas lacrimais, glândulas mamárias e plexo corióideo. • Na tireoide, o teor total de iodeto corresponde a uma média de 7500 ug de iodeto, dos quaisquase a totalidade está na forma de iodotironina armazenada na tireoglobulina do coloide. • No estado de equilíbrio, 70 a 80 ug são liberados diariamente e a maioria na forma de hormônio tireoidiano e o restante como iodeto livre. • A grande quantidade armazenada protege contra uma deficiência de iodeto. • Quando a concentração de iodeto no soro diminui, ele é conservado por uma redução acentuada da excreção renal de iodeto. Visão geral da síntese de hormônios tireoidianos: • A síntese de hormônio tireoidiano requer dois precursores: iodeto e tireoglobulina. • O iodeto é transportado pelas células da face basal ( vascular ) para a face apical ( luminal folicular ) do epitélio da tireoide. • A tireoglobulina é sintetizada e secretada pela membrana apical para a luz folicular. • Portanto, a síntese envolve um movimento de basal para apical desses precursores na luz folicular. 7 Bárbara Behrens 20.1 • A síntese real de iodotironinas ocorre por via enzimática no interior da luz folicular, perto da membrana apical das células epiteliais. • A secreção do hormônio tireoidiano envolve a endocitose da tireoglobulina iodada e o movimento de apical para basal das vesículas endocíticas, que se fundem aos lisossomos. • A tireoglobulina é degradada enzimaticamente pelas enzimas lisossomais, resultando na liberação de hormônios da tireoide do arcabouço da tireoglobulina. • Por fim, os hormônios tireoidianos se movem pela membrana basolateral, provavelmente por meio de um transportador específico ( MCT8 ) e, por fim, para o sangue. • Desse modo, a secreção envolve um movimento de apical para basal. • A via se dá através da ligação dos hormônios TSH, LH e FSH a seus receptores ( TSHR, LHR e FSHR ). Quando essa ligação ocorre, há a ativação de uma molécula sinal intracelular, que se liga à proteína Gs e à proteína Gq. Quando se liga à proteína Gs ( na subunidade alfa ), há a ativação da adenilil ciclase, que promove a ligação do GTP ao AMP cíclico. Essa ligação ativa a PKA, que age na regulação de iodo, síntese de NIS, TG e TSHR ( receptores ), reabsorção do coloide , secreção de T3/T4 e proliferação celular. No caso da ligação à proteína Gq ( na subunidade alfa ), essa ligação ativa a fosfolipase C, que quebra o PIP2 em IP3 e diacilglicerol, o qual 8 Bárbara Behrens 20.1 ativa a PKC. A PKC age na geração do H2O2 ( agente oxidante da oxidação do iodeto ) e efluxo de iodo. Síntese de iodotironinas em um arcabouço de tireoglobulina: • O iodeto é transportado ativamente para a glândula contra gradientes químicos e elétricos por um simporter de sódio-iodeto ( NIS ) localizado na membrana basolateral das células epiteliais da tireoide. • NIS é altamente expresso na glândula tireoide, mas também é expresso em níveis mais baixos na placenta, glândulas salivares e mamas em lactação ativa. • Um íon de iodeto é transportado por um movimento ascendente contra um gradiente de iodeto, enquanto dois íons de sódio movem-se para baixo em seu gradiente eletroquímico do líquido extracelular para a célula da tireoide. • A força determinante para este transportador ativo secundário é fornecida pela sódio-potássio-ATPase na membrana plasmática. • A expressão do gene NIS é inibida pelo iodeto e estimulada por TSH. • Após entrar na glândula, o iodeto move-se rapidamente para a membrana plasmática apical das células epiteliais e dali, é transportado para a luz dos folículos por um transportador de iodeto/cloreto independente de sódio chamado pendrina. • O iodeto é imediatamente oxidado e incorporado em resíduos de tirosina no interior da tireoglobulina. ➢ Uma iodação única fornece uma monoiodotirosina ( MIT ) e uma segunda iodação do mesmo resíduo produz diiodotirosina ( DIT ). ➢ Após a iodação, duas moléculas de DIT são acopladas para formar T4. ➢ Uma MIT e uma DIT são acopladas para formar T3. ➢ O acoplamento ocorre entre tirosinas iodadas, que continuam fazendo parte da estrutura primária da tireoglobulina. 9 Bárbara Behrens 20.1 ➢ Toda a sequência de reações é catalisada pela tireoide peroxidase ( TPO ), um complexo enzimático que se espalha pela membrana apical. ➢ O oxidante imediato ( aceptor de elétrons ) para a reação é o peroxido de hidrogênio ( H2O2 ). • Quando a disponibilidade de iodeto é restrita, a formação de T3 é favorecida. Uma vez que o T3 é três vezes mais potente que o T4, essa resposta fornece mais hormônio ativo por molécula de iodeto organificado. • A proporção de T3 também aumenta quando a glândula tireoide é hiperestimulada por TSH ou outros ativadores. Secreção de hormônios tireoidianos: • Quando a tireoglobulina é iodada, ela é armazenada na luz do folículo como coloide. • A liberação de T4 e T3 na corrente sanguínea é iniciada por endocitose da forma coloide a partir da luz folicular pelos processos de macro e micropinocitose. • As vesículas endocitóticas fundem-se então com lisossomos e a tireoglobulina é degradada. • As moléculas de MIT e DIT, que também são liberadas durante a proteólise da tireoglobulina, são rapidamente desiodadas no interior da célula folicular pela enzima iodotirosina desiodase. ➢ Essa enzima é específica para MIT e DIT e não consegue utilizar T4 e T3 como substrato. ➢ O iodeto é então reciclado na síntese de T4 e T3. ➢ Os aminoácidos derivados da clivagem da tireoglobulina podem ser utilizados para síntese proteica. • T4 e T3 liberadas enzimaticamente são transportadas pelo lado basal da célula e entram no sangue. Transporte e metabolismo dos hormônios tireoidianos: 10 Bárbara Behrens 20.1 • T4 e T3 secretadas circulam na corrente sanguínea ligadas de modo quase completo a proteínas. • Normalmente, apenas 0,03% de T4 plasmática total e 0,3% de T3 plasmática total existem na forma livre. • T3 livre é biologicamente ativa e medeia os efeitos do hormônio tireoidiano sobre os tecidos periféricos, além de exercer uma retroalimentação negativa sobre a hipófise e o hipotálamo. • A principal proteína de ligação é a globulina de ligação a tiroxina ( TBG ), que é sintetizada no fígado e liga-se a uma molécula de T4 ou T3. • Aproximadamente 70% de T4 e T3 circulantes são ligados a TBG. • 10% a 15% são ligados a outra proteína de ligação tireoidiana específica chamada transtirretina ( TTR ). • A albumina também se liga a T3 e T4 e uma pequena porção de lipoproteínas se ligam. • Em condições normais, apenas alterações na concentração de TBG alteram de modo significante os níveis plasmáticos totais de T4 ou T3. • As funções da TBG: ➢ Mantém um grande reservatório circulante de T4, capaz de tamponar qualquer alteração aguda da função da glândula tireoide. ➢ A ligação de T4 e T3 plasmáticas a proteínas previne a perda destas moléculas hormonais relativamente pequenas na urina e como consequência ajuda a conservar o iodeto. • TTR transporta T4 no líquido cefalorraquidiano e fornece hormônios tireoidianos ao SNC. ❖ OBS: Os hormônios tireoidianos circulantes retroalimentam a hipófise para diminuir a secreção de TSH, principalmente pela repressão da expressão gênica da subunidade TSH-β. A hipófise expressa D2 de alta afinidade, que converte T4 que entra nestas células em T3. Portanto, a retroalimentação nos tireotrofos, mediada por T3 intracelular, representa uma medida integrada de T4 e T3 livres circulantes. Os hormônios da tireoide também retroalimentam os neurônios 11 Bárbara Behrens 20.1 hipotalâmicos que secretam o hormônio liberador de tireotrofina (TRH). Nesses neurônios, T3 inibe a expressão do gene de pré-pró-TRH. Regulação da função da tireoide: • O regulador mais importante da função e do crescimento da glândula tireoide é o eixo do hormônio liberador da tireoide- hormônio estimulante da tireoide. • TSH estimula todos os aspectos da função tireoidiana. • TSH tem açõesimediatas, intermediárias e de longo prazo sobre o epitélio da tireoide. • As ações rápidas de TSH incluem a pinocitose de gotículas de coloide no citoplasma, que representam tireoglobulina no interior de vesículas endocíticas. • TSH estimula a proteólise de tireoglobulina e a liberação de T4 e T3 da glândula. • A captação de iodeto e a atividade de TPO aumentam. • TSH também estimula a entrada de glicose na via de shunt da hexose monofosfato, que gera dinucleotídeo de nicotinamida adenina fosfato reduzido ( NADPH ) necessário para a reação de peroxidase. • Os efeitos intermediários de TSH sobre a glândula tireoide ocorrem após horas a dias e envolvem a síntese e a expressão de proteínas de numerosos genes, incluindo aqueles que codificam NIS, tireoglobulina e TPO. • O estímulo mantido de TSH provoca efeitos em longo prazo de hipertrofia e hiperplasia das células foliculares. • Os capilares proliferam e o fluxo sanguíneo na tireoide aumenta. Essas ações, que constituem a base dos efeitos promotores do crescimento de TSH sobre a glândula, são favorecidas pela produção local de fatores de crescimento. • Um aumento perceptível da glândula tireoide é chamado de bócio. Efeitos fisiológicos dos hormônios tireoidianos: 12 Bárbara Behrens 20.1 • Atuam essencialmente em todas as células e tecidos, e desequilíbrios da função da tireoide constituem algumas doenças endócrinas mais comuns. ❖ OBS: A doença de Graves é a forma mais comum de hipertireoidismo e é um distúrbio autoimune no qual são produzidos autoanticorpos ativadores contra o receptor de TSH, os quais estimulam uma produção de hormônios tireoidianos. É muitas vezes acompanhado de bócio difuso, resultante da hiperplasia e hipertrofia da glândula. O estado clínico primário é a tireotoxicose- o estado de excesso de hormônio tireoidiano no sangue e tecidos. Nela, há elevação dos níveis séricos de T4 e T3 livres e totais e o TSH é baixo, pois há o feedback negativo do T3 e T4. Efeitos cardiovasculares: • T3 aumenta o débito cardíaco, garantido o fornecimento de O2 suficiente para os tecidos e a frequência cardíaca e o volume sistólico em repouso estão aumentados. • A velocidade e a força das contrações miocárdicas estão aumentadas ( efeitos cronotrópicos e inotrópicos positivos, respectivamente ) e o tempo de relaxamento diastólico está encurtado ( efeito lusitrópico positivo ). • A pressão arterial sistólica está aumentada modestamente e a diastólica, diminuída. • A pressão de pulso ampliada resultante reflete os efeitos combinados do aumento do volume sistólico e redução da resistência vascular sistêmica secundária à dilatação dos vasos sanguíneos na pele, músculos e coração. Esses efeitos são decorrentes, em parte, do aumento da produção tissular de calor e CO2 induzido pelo hormônio tireoidiano. • Além disso, porém, o hormônio tireoidiano diminui a resistência sistêmica ao dilatar as arteríolas na circulação periférica. 13 Bárbara Behrens 20.1 • O volume sanguíneo total aumenta pela ativação do eixo renina-angiotensina- aldosterona consequentemente aumentando a reabsorção de sódio nos túbulos renais. • Os efeitos cardíacos inotrópicos de T3 são diretos e indiretos. ➢ Os indiretos são decorrentes principalmente da maior sensibilidade a catecolaminas. ➢ Os diretos envolvem a regulação de múltiplas proteínas que aumentam a contratibilidade, incluindo um aumento da expressão da cadeia pesada de alfa-miosina e a inibição do trocador de Na/Ca na MP. ➢ A Ca-ATPase de retículo sarcoplasmático ( SERCA ) é aumentada por T3, enquanto fosfolambam é diminuída. Como resultado, o sequestro de cálcio durante a diástole aumenta e o tempo de relaxamento é encurtado. Um aumento dos canais de rianodina Ca do retículo sarcoplasmático promove a liberação de Ca do retículo sarcoplasmático durante a sístole. ❖ OBS: Níveis de hormônio tireoidiano na faixa normal são necessários para um desempenho cardíaco ótimo. Uma deficiência do hormônio tireoidiano em humanos reduz o volume sistólico, a fração de ejeção do VE, o débito cardíaco e a eficiência da função cardíaca. ❖ OBS: O excesso de hormônio tireoidiano potencializa o débito cardíaco ao aumentar tanto a frequência cardíaca quanto o volume sistólico. ❖ OBS: A pressão de pulso é alargada pelo aumento da pressão sistólica e diminuição da pressão diastólica em decorrência da diminuição da resistência vascular sistêmica e a tireotoxicose está associada a palpitações, fibrilação atrial e prolapso da valva mitral. 14 Bárbara Behrens 20.1 Efeitos sobre a taxa metabólica basal e termogênese: • O maior uso de O2 em última análise depende de um maior suprimento de substratos para oxidação. • T3 aumenta a absorção de glicose no trato gastrointestinal e aumenta o metabolismo de glicose ( captação, oxidação e síntese de glicose ). • No tecido adiposo, induz enzimas para a síntese de ácidos graxos ( carboxilase de acetil- CoA e sintase de ácido graxo ) e aumenta a lipólise por meio do aumento de receptores beta-adrenérgicos. Portanto, o metabolismo lipídico está aumentado. • O metabolismo proteico ( liberação de aminoácidos musculares, degradação de proteínas e síntese proteica e formação de ureia ) estão aumentados. • T3 potencializa os efeitos estimulantes da adrenalina, noradrenalina, glucagon, cortisol e GH sobre a gliconeogênese, lipólise, cetogênese e a proteólise do pool de proteínas lábeis. • Os hormônios tireoidianos estimulam a termogênese, afetando a utilização de ATP e a eficiência da síntese de ATP. ➢ A utilização de ATP é aumentada pela suprarregulação de vários processos dependentes de energia, incluindo Na, K- ATPase, e SERCA nos músculos esqueléticos, onde utilizam ATP e geram calor. ➢ A proteína desacopladora 1 ( UCP1 )- termogina – é expressada pela gordura marrom e promove a dissipação do gradiente de prótons na membrana mitocondrial interna como calor. Além disso, a UCP1 é regulada pelo hormônio tireoidiano e a gordura marrom expressa D2, fornecendo a conversão intracelular de T4 em T3. ➢ O hipertireoidismo é acompanhado por intolerância ao calor, enquanto o hipotireoidismo é acompanhado por intolerância ao frio. Efeitos respiratórios: 15 Bárbara Behrens 20.1 • O hormônio tireoidiano estimula a utilização de O2 e aumenta seu fornecimento. • T3 aumenta a frequência respiratória em repouso, o volume- minuto e a resposta ventilatória à hipercapnia e hipóxia, o que mantém uma P02 arterial normal quando a utilização de O2 está aumentada e uma PCO2 normal quando a produção de CO2 está aumentada. • O hematócrito também aumenta discretamente para ampliar a capacidade de transporte de O2, o que resulta da estimulação da produção de eritropoetina nos rins. Efeitos nos músculos esqueléticos: • A função normal requer quantidades ideias de hormônio tireoidiano, o que está relacionada à regulação da produção e armazenamento de energia. • A glicólise e a glicogenólise aumentam, enquanto o glicogênio e a creatinina fosfato diminuem pelo excesso de hormônio tireoidiano. Efeitos sobre o Sistema Nervoso Autônomo e a ação de catecolaminas: • Os hormônios tireoidianos são sinérgicos com catecolaminas para aumentar a taxa metabólica, a produção de calor, a frequência cardíaca, a atividade motora e a excitação do SNC. • T3 pode potencializar a atividade do sistema nervoso simpático por meio de um aumento do número de receptores beta-adrenérgicos nos músculos cardíacos e pela geração de segundos mensageiros intracelulares como AMPc. Efeitos sobre o crescimento e a maturação: • Promove o crescimento e a maturação. 16 Bárbara Behrens 20.1 • É importante para o desenvolvimento neurológico normal e formação óssea adequada no feto. Efeitos sobre os ossos, tecidos duros e derme: • Promove ossificação endocondral, crescimentoósseo linear e maturação dos centros epifisários. • T3 aumenta a maturação e a atividade de condrócitos na placa de crescimento cartilaginosa. • T3 favorece as ações de GH, IGF-I e fatores de crescimento. Efeitos sobre o sistema nervoso: • Regula o momento e o ritmo do desenvolvimento do SNC. • Uma deficiência do hormônio tireoidiano no útero e no início da infância inibe o crescimento do córtex cerebral e cerebelar, a proliferação de axônios e a ramificação de dendritos, a sinaptogênese, a mielinização e a migração celular. Efeitos sobre os órgãos reprodutores e as glândulas endócrinas: • Em homens e mulheres, tem um papel permissivo importante na regulação reprodutora. • O ciclo ovariano normal de desenvolvimento folicular, maturação e ovulação, o processo testicular homólogo da espermatogênese e a manutenção do estado gestacional saudável são todos perturbados por desvios importantes dos níveos de hormônio tireoidiano em relação à faixa normal. 17 Bárbara Behrens 20.1 ❖ OBS: O hipotireoidismo refere-se à produção insuficiente de hormônios da tireoide e pode ocorrer como doença endócrina primária, secundária ou terciária. No hipotireoidismo primário, os níveis de T4 e T3 estão anormalmente baixos e TSH é alto. No hipotireoidismo secundário e terciário, os dois hormônios tireoidianos e TSH são baixos. A resposta de níveis de TSH ao TRH sintético pode ser usada para diferenciar a doença hipofisária da hipotalâmica. ❖ OBS: A causa mais comum do hipotireoidismo em crianças no mundo todo é a deficiência de iodo. ❖ OBS: O hipotireoidismo em adultos que não tenham deficiência de iodeto na maioria das vezes é o resultado de outro distúrbio autoimune conhecido como doença de Hashimoto (anteriormente chamada de tireoidite linfocítica). Em contraste com o efeito estimulante dos autoanticorpos observados na doença de Graves, os autoanticorpos contra tireoide na doença de Hashimoto (contra TPO, tireoglobulina ou receptor de TSH) causam apoptose das células da tireoide e destruição dos folículos da tireoide. T3 tem mais afinidade por receptor e T4 por proteínas. Hormônios tireoidianos promovem anabolismo e catabolismo. O pré é um sinal, que sinaliza a necessidade de clivagem do pró- hormônio no retículo endoplasmático rugoso, onde vai ser formado a proteína ativa ( hormônio ) e há o rearranjo também. Receptor de insulina é do tipo tirosina-quinase, tipo fator de crescimento, sendo composto por um proteína heterotetramérica, a qual é formada por duas subunidades alfa e duas subunidades beta. A ligação da insulina à subunidade alfa, que ocorre no meio extracelular, permite que as subunidades beta adquiram atividade quinase, o que leva a uma alteração conformacional e autofosforilação, aumentando a atividade quinase do receptor 18 Bárbara Behrens 20.1
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